TCC - Runa PDF
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TCC - Runa PDF
Florianópolis
2023
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
VITÓRIA DEGERING
Florianópolis
2023
VITÓRIA DEGERING
____________________________________
Prof. Orientador Dr. Demétrius Macei, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
____________________________________
Prof. Vilson Leonel, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro para os devidos fins de direito e que se fizerem necessários, que assumo total
responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho,
isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a
Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca desta monografia.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso
de plágio comprovado do trabalho monográfico.
____________________________________
VITÓRIA DEGERING
Dedico este trabalho primeiramente a Deus,
sem ele nada seria possível. Aos meus pais,
irmão, cunhada e ao meu namorado, os
maiores incentivadores da realização dos meus
sonhos que, com muito carinho e apoio, não
mediram esforços para que eu chegasse até
esta etapa de minha vida. Aos amigos e
colegas, pelo incentivo e pelo apoio
constantes.
AGRADECIMENTOS
O presente estudo científico tem por objetivo abordar questão de extrema controvérsia no
ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que dispõe da questão da violência doméstica
empregada contra as mulheres com a disposição de medidas protetivas, que buscam
resguardar essas vítimas. Neste âmbito, o estudo proposto procura contextualizar as regras de
proteção e combate a violência doméstica, todavia visa debater juridicamente a possibilidade
da manutenção do direito de convivência do genitor (agressor) com os filhos oriundos dessa
relação. Com isso, a pesquisa se desenvolverá com o escopo de responder à seguinte
pergunta: Diante da existência de medidas protetivas em face de violência doméstica entre o
casal, qual é o entendimento jurídico acerca do direito de convivência do genitor (agressor)
com os filhos menores? Objetiva-se, portanto, apresentar de forma ampla os dispositivos de
lei que foram implementado a fim de trazer proteção efetiva as mulheres que historicamente
são vítimas de ações criminosas de seus cônjuges e companheiros, como também, aplicar
mecanismos que buscam modificar um panorama que infelizmente faz parte da cultura social
das famílias brasileiras. Outra questão de suma importância a ser levantada são os reflexos
jurídicos que as medidas protetivas de urgência exercem na convivência familiar e a partir
disso poder apresentar reflexão acerca da possibilidade da manutenção ou não do direito de
visita do genitor que comete tal delito criminal. Dessa forma, é função da temática proposta
contribuir para o desenvolvimento de medidas céleres e efetivas contra crimes de violência
doméstica contra as mulheres e, também, na pacificação do entendimento da questão jurídica
que direciona este estudo acadêmico.
The present scientific study aims to address an issue of extreme controversy in the Brazilian
legal system, as it deals with the issue of domestic violence against women and the provision
of protective measures aimed at safeguarding these victims. In this context, the proposed
study seeks to contextualize the rules of protection and combat domestic violence, but also
aims to legally debate the possibility of maintaining the parental (perpetrator) right to
cohabitate with children resulting from such a relationship. Thus, the research will unfold
with the goal of answering the following question: In the presence of protective measures
against domestic violence between couples, what is the legal perspective regarding the
parental (perpetrator) right to visit minor children? The objective is, therefore, to broadly
present the legal provisions that have been implemented to bring effective protection to
women who are historically victims of criminal actions by their spouses and partners.
Additionally, the study aims to apply mechanisms that seek to change a panorama that
unfortunately is part of the social culture of Brazilian families. Another crucial issue to be
raised is the legal impact that emergency protective measures have on family life, and from
this, to reflect on the possibility of maintaining or not the visitation rights of the parent who
commits such a criminal offense. In this way, the proposed theme is intended to contribute to
the development of swift and effective measures against domestic violence crimes against
women and also to the pacification of the legal understanding that guides this academic study.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10
2 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO BRASIL ................................................................. 13
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.................... 14
2.2 CONTEXTO HISTÓRICO DA LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº11.340/06) ......... 16
2.3 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA............................................................ 18
2.4 FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA AS
MULHERES ...................................................................................................................... 20
2.5 MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA .............................................................. 24
3 A RELAÇÃO PATERNO-FILIAL E O DIREITO DE CONVIVÊNCIA NO
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ................................................................ 26
3.1 O DIREITO DE FAMÍLIA E A RELAÇÃO PATERNO-FILIAL ............................ 28
3.2 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR ............................................ 36
3.3 DIREITO DE CONVIVÊNCIA ................................................................................... 29
3.4 GUARDA COMPARTILHADA (LEI Nº 13.058/2014) .............................................. 30
3.4.1 Reflexos das medidas protetivas de urgência na convivência familiar ......................... 32
3.4.2 Meios conflituosos entre as medidas protetivas de urgência e a guarda compartilhada . 34
4 REFLEXÃO ACERCA DO ENTENDIMENTO PREVISTO NO ORDENAMENTO
JURÍDICO BRASILEIRO SOBRE O DIREITO DE CONVIVÊNCIA ENTRE O
GENITOR E OS FILHOS MENORES DIANTE DA EXISTÊNCIA DE MEDIDA
PROTETIVA ORIUNDA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ............................................ 37
4.1 A QUESTÃO DA CONVIVÊNCIA PATERNO-FILIAL E A EXISTÊNCIA DE
MEDIDA PROTETIVA PROVENIENTE DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ................. 39
4.2 ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO SOBRE O TEMA ........................................... 42
4.3 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL SOBRE O TEMA ................................................. 44
4.4 LEI Nº 14.713 ............................................................................................................... 47
5 CONCLUSÃO......................................................................................................................50
REFERÊNCIAS......................................................................................................................53
10
1 INTRODUÇÃO
relacionamento familiar entre pai e filho, visto que o vínculo de parentalidade deve ser
preservado e qualquer afastamento mais prologando, sem qualquer justificativa, não é
aconselhável, pois vem a dificultar a retomada do convívio no futuro. Logo, torna-se evidente
que existem várias facetas que podem ser decisivas ao conceder a guarda a um dos cônjuges
em disputa. No entanto, o princípio do melhor interesse da criança, sua segurança e seu bem-
estar são requisitos sempre analisados pelo judiciário, considerados e fundamentais a qualquer
decisão judicial. É importante ressaltar que cada caso é analisado individualmente, levando
em consideração as circunstâncias específicas e o melhor interesse das crianças. Portanto, o
entendimento jurisprudencial pode variar dependendo do tribunal, das evidências
apresentadas e das particularidades de cada situação.
Nesse contexto, apresenta-se como objetivo central no estudo proposto refletir sobre o
entendimento jurisprudencial do direito de convivência entre o genitor e os filhos incapazes
diante da existência de medida protetiva oriunda de violência doméstica, bem como entender
a evolução da tutela da violência doméstica no Brasil e o atual sistema de proteção à mulher.
Sendo assim, a discussão sobre a violência doméstica e a convivência dos genitores
com seus filhos incapazes é um tema bastante relevante e delicado a ser tratado, visto que está
sendo discutido sobre o vínculo dos pais com seus filhos, bem como a segurança e o bem-
estar dos descendentes na convivência com o genitor agressor. Perante a importância do tema,
é de extrema necessidade o estudo sobre a evolução de um assunto que é constantemente
discutido no ordenamento jurídico nacional, a fim de achar uma solução para tal questão
pensando no princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.
No tocante a metodologia foi utilizado o método dedutivo, a pesquisa bibliográfica e
exploratória em artigos, sites jurídicos, livros e em legislações referentes ao tema, dando
ênfase ao posicionamento doutrinário e jurisprudencial que fundamental o assuntam.
Cumpre ressaltar, que este trabalho foi dividido em três capítulos, além desta
introdução. No primeiro, será abordado a evolução da legislação que trata sobre violência
doméstica, além disso, busca-se neste capítulo apresentar as formas de violência doméstica e
familiar e as medidas protetivas de urgência disponíveis neste âmbito. No segundo capítulo,
será destinado ao estudo da relação paterno-filial, com destaque às regras do direito de
convivência e os mecanismos de proteção do crescimento adequado do filho menor.
No terceiro e, último capitúlo, será destinado a realização de reflexão acerca do
entendimento jurisprudencial sobre o direito de convivência entre o genitor e os filhos
menores diante da existência de medida protetiva oriunda de violência doméstica, por meio de
12
A violência doméstica vista no Brasil tem relação direta com a forma de colonização
dessa nação, implementada pela cultura dos próprios portugueses de proteger a figura do
homem na sociedade, colocando as mulheres como instrumento de servidão (Ritt; Ritt, 2020,
p.255). Ritt e Ritt (2020, p.255) entendem que este contexto histórico explica os verdadeiros
motivos da exploração feminina no seio das famílias, uma vez que os homens sempre foram
tratados como seres superiores e as mulheres encarregadas de cuidarem de seus lares sendo
submissas aos desmandos de seus cônjuges.
De acordo com obra jurídica realizada por Ritt e Ritt (2020, p.256) essa relação
história de violência contra as mulheres tem como fundamento a visão social de submissão
das mulheres, sendo que por vários momentos da história brasileira as mulheres deveriam se
sujeitar-se primeiramente às ordens de seu pai e, após, do seu esposo. Sendo assim, foi se
criando uma ilusão de que as mulheres possuem sexo frágil e por isso necessitavam de
orientação e proteção, atribuições essas que eram voltadas aos homens (Sanches; Pinto, 2023,
p. 59).
A partir deste tipo de concepção paternalista da sociedade apoiada pelo próprio Estado
brasileiro, foi se estabelecendo um corpo social protecionista ao homem e extremamente
preconceituoso com as mulheres (Sanches; Pinto, 2023, p. 60). Tal contexto explica o
surgimento da violência contra a mulher praticada no ambiente doméstico, tendo como
principal objetivo a punição e o controle sobre as mulheres (Sanches; Pinto, 2023, p. 60)
Essas caracteristicas demonstram um dever de obdiência aos cônjuges no ambiente
domiciliar, como também, vias de discriminação e opressão histórica dentro dos próprios lares
(Sanches; Pinto, 2023, p. 60).
Ritt e Ritt (2020, p. 257) lecionam que essa forma de cultura violenta e discriminatória
tem reflexos na sociedade, haja vista que com o passar dos anos esse tipo de tratamento com
as mulheres foi sendo visto como normal no seio social. Com isso, as próprias normas não
dispunham de regras de combate à violência doméstica aplicada contra as mulheres, pois o
legislador tradicionalista não enxergava a necessidade de criação de leis que punissem atos de
violência contra as mulheres nos lares, principalmente pelo fato de entenderem que essas
ações dos homens faziam parte do seu papel de chefe de família (Ritt; Ritt, 2020, p.257).
Partindo deste contexto paternalista estabelecido com ações violentas contra as
esposas, será abordado no tópico a seguir um apanhado histórico dessa violência empregada
14
contra as mesmas na sociedade, especialmente com as mudanças que o meio social vem
estabelecendo sobre este tema.
A violência aplicada contra as mulheres deve ser vista como um fenômeno social
histórico presente na evolução humana, sendo que em grande parte da história social as
mulheres eram vistas como seres sem expressão pelos quais não poderiam ter vontade própria
no âmbito familiar (Mello, 2007, p. 4). Com isso, as mulheres não podiam sequer expressar
seus pensamentos, sendo obrigadas a cumprirem seus deveres no lar e as ordens dos homens
em seu ambiente familiar (Ritt; Ritt, 2020, p. 258). Mello (2007, p. 4) leciona que:
Mello (2007, p. 5) expõe que este cenário de exploração e violência às mulheres faz
parte da cultura das primeiras sociedades, que trouxeram reflexos significativos à formação
do ambiente familiar no Brasil (Mello, 2007, p. 5). Destaca-se que essa herança de violência
contra a mulher no território brasileiro é cultural direta de uma sociedade escravocrata, que
foi construída por ideologias dos próprios colonizadores (Mello, 2007, p. 5).
Marcondes Filho (2001, p.34) explica que, “o pater famílias expressava o poder
indiscutível de vida e morte do homem sobre todos os membros da família, da qual ele era a
única pessoa plena de direitos, de acordo com a lei”.
No próprio ordenamento jurídico nacional essa postura pode ser observada no texto do
Código Civil 1916 que trazia como redação no artigo 233 “o marido é o chefe da sociedade
conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos
filhos” (Brasil, 1916). Nota-se que historicamente perante a própria legislação que a mulher é
vítima do controle social imposto pelos homens, reflexo do patriarcado que explica os vários
casos de violência doméstica ainda vista na sociedade atualmente (Essy, 2017, p. 17).
Essy (2017, p. 17) expõe:
organização social que tem o patriarca como figura central de uma comunidade
familiar ou econômica, ainda possui grandes reflexos na estrutura social do século
XXI. No decorrer do atual século, a sociedade vem reproduzindo a subordinação da
mulher perante o sexo masculino através da tradição e costumes, e desse modo,
banaliza e naturaliza uma opressão sofrida por décadas e que até hoje reflete em
diversos setores sociais dos quais o sexo feminino esteja presente.
Essa cultura patriarcal aclara a violência doméstica, com grande incidência no Brasil,
estando ligada a alguns outros fatores complementares, como no caso da desigualdade social e
cultural, de preconceito, da discriminação e do abuso de poder do agressor contra à vítima
(Essy, 2017, p. 18). Dessa forma, por questões peculiares como configuração física e
dependência econômica expõe maior vulnerabilidade das mulheres no ambiente familiar
(Lintz, 1987, p. 27).
Ritt e Ritt (2020, p. 259) comenta que:
(...) com relação à desigualdade dos gêneros, observa-se que, ao longo dos tempos,
na história ocidental, a criação inicial de formas estatais e jurídicas muito pouco, ou
praticamente nada, melhorou a condição feminina. A mulher sempre ficou relegada
a um segundo plano, preterida e colocada numa situação de submissão,
discriminação e opressão. Basta lembrar períodos históricos da Antiguidade e
Medieval onde apenas o homem podia ser sujeito de direitos e detentor de poderes.
O mundo antigo girava predominantemente em torno da comunidade, e não do
indivíduo, cuja personalidade era facilmente sacrificada em benefício da totalidade
dos clãs, das cidades e dos feudos. A mulher, nesse período, foi muito vitimizada, e
não apenas pelo homem, sendo o marido, seu pai ou seus irmãos, mas também o era
pelas religiões. Sobre a natureza feminina que era tida como o portal dos pecados,
foram inúmeras as vezes que pesaram acusações de bruxaria e hermetismos
heréticos que as levaram à tortura e à fogueira.
16
Entende-se que a violência sofrida pelas mulheres é cultivada por valores que
incentivam atos dessa natureza pela submissão que a sociedade impôs ao público feminino,
portanto, essa desigualdade relacional gera posturas que apoiam ações violentas em vários
âmbitos, principalmente no ambiente doméstico familiar (Porto, 2007, p. 14).
A partir do apanhado de relatos históricos da violência doméstica contra as mulheres
expostos nas obras de Porto (2007), Essy (2017) e Ritt e Ritt (2020) , há entendimento de que
o panorama visto atualmente tem relação direta com a cultura patriarcal enraizada na
sociedade brasileira e na anuência da realização de atos violentos, preconceituosos e
exploratórios.
novamente violentada com uma tentativa de homocídio, na qual seu ex-marido tentou
eletrocutá-la (Fundo Brasil, 2020).
Com os inúmeros atos de violência e tentativa de ceifar sua vida, a vítima adquiriu
coragem para denunciar seu agressor, mas na época além de não estar vigente as normas de
proteção às mulheres vítimas de violência doméstica, não havia um apelo social para punir os
praticantes de crimes dessa natureza (Fundo Brasil, 2020). À vista disso, Maria da Penha
começou uma luta diária para que seu agressor fosse processado e punido, visto que a justiça
perdurou por muito tempo e os crimes quase foram prescritos (Fundo Brasil, 2020).
No ano de 1994, Maria da Penha lança sua biografia narrando as violências que ela e
suas filhas sofreram de seu ex-esposo, servindo como marco para o desenvolvimento do
debate social sobre este tema e sendo inspiração para que houvesse ingresso de processo sobre
o tema na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) (Fundo Brasil, 2020).
Importante ressaltar que após a divulgação da obra, alguns órgãos internacionais foram
acionados no sentido de trazer apoio jurídico a esta ativista, como no caso do Centro pela
Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino Americano e do Caribe para a
Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) (Fundo Brasil, 2020).
Sendo que, esses órgãos tiveram papel essencial no processo de criação da norma que
foi determinada pela condenação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH),
pois encaminharam os anseios da vítima para Comissão Interamericana de Direitos Humanos
da Organização dos Estados Americanos (Fundo Brasil, 2020).
Neste cenário, no ano de 2002, faltando 6 (seis) meses para que oss crime cometidos
contra a Maria da Penha fossem prescritos, houve a condenação de seu agressor, dado que o
Estado brasileiro foi condenado por ser omisso e negligência neste caso pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos (Fundo Brasil, 2020).
Neste escopo, o Estado deteve que assumir um compromisso de alteração legislativa
no sentido de criar norma específica de combate à violência doméstica e familiar praticada
contra as mulheres (Fundo Brasil, 2020). Destaca-se que, Marco Antônio Heredia esposo de
Maria da Penha foi condenado e cumpriu apenas dois anos de pena pelo fato da alegação de
irregularidades processuais por parte de sua defesa que conseguiu a diminuição da pena
(Fundo Brasil, 2020).
A partir de todo este contexto histórico, no ano de 2006, ocorreua promulgação da
denominada “Lei Maria da Penha” que modificou consideravelmente o ordenamento jurídico
brasileiro, trazendo avanços na garantia da segurança de direitos ao público feminino (Fundo
18
Brasil, 2020). Dentre algumas características relevantes que podem ser destacadas estão o
âmparo amplo as cidadãs que se identificam com o sexo feminino (transexuais, homossexuais
e heterossexuais) (Brasil, 2006).
Outra questão relevante a ser destacada nessa legislação é a necessidade de
comprovação do estado de vulnerabilidade no caso prático da vítima em relação ao seu
agressor, sendo assim, não há regra específica para que seja aplicada essa lei, apenas em
situações em que o agressor seja o companheiro ou cônjuge da vítima (Brasil. 2006)
Ademais, a referida legislação advinda da Convenção de Belem do Pará dispõe de
regras que amparam não apenas atos de violência física, mas também de ações referentes à
violência psicólogica, sexual, patrimonial e moral, uma vez que geralmente os casos de
violência contra as mulheres são realizados com atuação ampla do agressor que gera
consequências em vários âmbitos (Brasil, 2006). Por isso, o legislador implementou um
amparo diversificado para que essas vítimas possam estar protegidas de crimes dessa natureza
(Fundo Brasil, 2020).
As ações punitivas contra os agressores também são um marco dessa legislação em
comento, trazendo meios de prisão do autor com o intuito de gerar penalidade exemplar para
que haja diminuição de casos de violência doméstica contra as mulheres (Brasil, 2006). Entre
as medidas de importante destaque há também a impossibilidade de substituição da pena do
agressor pelas restrivas de direitos (Brasil, 2006).
O auxílio às vítimas também é um importante mecanismo previsto na norma, com a
disponibilidade de canais específicos de atendimento e denúncia sobre violência contra a
mulher (Brasil, 2006). Ressalta-se, ainda, que a Lei nº 11.340/2006 criou o juizado de
violência doméstica e familiar contra a mulher, com intuito de resolução mais célere e eficaz
de processos dessa natureza, por meio de órgão específica do judiciário que esteja preparado
para julgar esse tipo de ação (Fundo Brasil, 2020).
A partir deste apanhado histórico da “Lei Maria da Penha”, cabe apresentar os termos
conceituais da violência doméstica de acordo com a previsão legal e os apontamentos
disponíveis pela doutrina.
(...) definimos violência doméstica como sendo a agressão contra mulher, num
determinado ambiente (doméstico, familiar ou de intimidade), com finalidade
específica de objetá-la, isto é, dela retirar direitos, aproveitando da sua
hipossuficiência.
Demonstra-se que a conceituação apresentada por esses ilustres juristas vai também na
corrente ampla prevista no texto da lei, o que para alguns estudiosos apresenta interpretação
muito aberta. Nucci (2015, p. 87), por exemplo, entende que essa forma de conceituar
violência doméstica contra as mulheres caracteriza a ação de violência aplicada em qualquer
ambiente, entendendo que isso foge de interpretação mais restritiva que deveria estar presente
no ordenamento jurídico nacional.
Já na exposição feita por Lima (2016, p. 115):
Neste escopo, fica claro que no entendimento exposto pelo autor para haver a
ocorrência da violência doméstica é necessário que o ato tenha sido realizado no ambiente
domiciliar, familiar, ou onde haja a relação íntima de afeto entre agressor e vítima (Lima,
2016, p. 115). Por isso, nessa via de posicionamento não basta apenas que a agressão tenha
ocorrido nas hipóteses previstas no artigo 5º da Lei nº 11.340/2006.
Antes de ser feita análise a respeito dos termos conceituais que definem a violência
doméstica de acordo com a visão da doutrina, é fundamental apresentar o que o próprio texto
de lei traz a respeito do conceito de violência doméstica.
Dessa forma, o conceito de violência doméstica previsto na Convenção do Belém do
Pará dispõe que “para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher
qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico,
sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” (Convenção
de Belém do Pará, 1994).
20
A regra prevista no inciso III é entendida por grande parte da doutrina como forma do
legislador possibilitar que seja caracterizada a violência doméstica contra mulher em qualquer
relação íntima de afeto (Brasil, 2006). Com isso, na prática em relação a sentimentos
amorosos com a finalidade familiar poderá ser empregado tal dispositivo de forma
interpretativa.
Portanto, nota-se os mecanismos amplos de conceituação e aplicação da violência
doméstica contra a mulher, método esse que traz maior segurança jurídica às vítimas.
visando diretamente lesionar fisicamente essa vítima. Destaca-se que neste tipo de violência o
resultado final pode ser a morte da mulher violentada, pois o agressor quando inicia este tipo
de prática não se controla com apenas lesões corporais (Lima, 2015, p. 112).
Para Sanches e Pinto (2023, p. 92) “desse modo, ofende a integridade ou a saúde
corporal da vítima, deixando ou não marcas aparentes, naquilo que se denomina,
tradicionalmente, vis corporalis”.
Lima (2015, p. 917) ensina ainda que:
A violência física consiste na conduta que atinge o corpo da mulher ou agrava uma
situação pré-existente, produzindo algum tipo de lesão como fraturas, hematomas,
escoriações, queimaduras entre outras. Já a violência que ofende a saúde corporal é
aquela que causa na vítima perturbação no funcionamento dos órgãos ou da
atividade cerebral
Sendo assim, tais condutas estão tipificadas na legislação nacional, como no caso dos
artigos 129 e 121, §2º, VI, do Código Penal, que configuram lesão corporal e feminicídio
respectivamente, como também, no artigo 21 da Lei das Contravenções Penais no delito de
vias de fato. Importante ressaltar que na Lei 13.104/15 “Lei do Feminicídio” o legislador
implementou incidência de qualificadora nos casos em que há resultado morte oriunda de
violência em razão da condição do sexo feminino (Sanches; Pinto, 2023, p.93).
Ademais, essa forma de violência física contra as mulheres realizada por seus
companheiros são forma sistêmica que é transmitida pela sociedade, sendo via enraizada na
cultura machista em violentar constantemente as suas esposas como demonstração de
superioridade (Melo; Teles, 2002, p.78).
Melo e Teles (2002, p.79) apresentam este posicionamento em sua obra:
Basicamente, tem sido o primeiro tipo de violência em que o ser humano é colocado
em contato direto. A partir daí, as pessoas aprendem outras práticas violentas. E ela
torna-se de tal forma arraigada no âmbito das relações humanas que é vista como se
fosse natural, como se fizesse parte da natureza humana. A sociedade legítima tais
condutas violentas e, ainda, nos dias de hoje é comum ouvir que “mulheres gostam
de apanhar”.
Outra questão relevante é que essa forma de violência dispõe de via punitiva na
legislação em vigor, por onde no Código Penal brasileiro em seu artigo 147-B, há um tipo
penal específico da violência psicológica contra as mulheres de modo geral. Tal regra foi
implementada no Código Penal por meio da Lei nº 14.188/2021 com a seguinte redação:
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer
outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui
crime mais grave (BRASIL,2021).
Dessa forma, é notório a gravidade que a violência psicológica pode ocasionar na vida
da vítima, com isso este tipo de violência doméstica é razão direta para que a vítima ingresse
com o pedido de afastamento do agressor do lar (Sanches; Pinto, 2023, p.97).
Já a violência sexual prevista no artigo 7º, III, da Lei 11.340/06, determina que essa
forma de conduta é oriunda do ato de constranger a mulher a presenciar, a manter, ou mesmo,
de participar de relação sexual sem que a vítima deseja. Neste caso, o agressor se utiliza de
intimidação, ameaças, coação e/ou uso de força (Sanches; Pinto, 2023, p. 97).
Importante ressaltar que a violência sexual empregada contra as mulheres no âmbito
domiciliar poderá conferir alguns crimes tipificados na legislação penal, como, por exemplo,
o crime de estupro e nos crimes envoltos contra a liberdade sexual da vítima (Sanches; Pinto,
2023, p. 105). Todavia, para que seja aplicada a Lei Maria da Penha nestes casos, é necessário
que o delito seja cometido na unidade doméstica, ou mesmo, por qualquer integrante que
tenha relação íntima com a vítima (Sanches; Pinto, 2023, p. 106).
24
A partir da vigência da Lei Maria da Penha, o varão que subtrair objetos da sua
mulher pratica violência patrimonial (art. 7º VI); Diante da nova definição de
violência doméstica, que compreende a violência patrimonial, quando a vítima é
mulher e mantém com o autor da infração vínculo de natureza familiar, não se
aplicam as imunidades absoluta ou relativa dos artigos 181 e 182 do Código Penal.
Não mais chancelando o furto nas relações afetivas, cabe o processo e a condenação
sujeitando-se o réu ao agravamento da pena (CP, art. 61, II).
Já a grave ameaça constitui forma típica de violência moral; é vis compulsiva, que
exerce uma força intimidativa e inibitória da vontade e o querer da ofendida, a fim
de, inviabilizar eventual resistência da vítima. Só é considerada grave ameaça se a
ameaça em questão efetivamente impor temor na vítima, a ponto de opor sua
liberdade de querer e de agir. A concretização da violência moral pode se dar através
em gestos, palavras, atos, escritos, ou qualquer outro meio simbólico
Dessa forma, a violência moral também é um meio de atuação, forma atual dos
agressores em vários âmbitos visando causar sofrimento à vítima, pois tal conduta contribui
para que as mulheres sejam violentadas no tocante à sua moralidade perante a sociedade
(Bitencourt, 2013, p. 218).
Pelo exposto, após apresentar as formas de violência prevista na legislação em vigor
contra as mulheres, cabe destacar no tópico a seguir as medidas protetivas presentes no
ordenamento jurídico nacional como instrumento de proteção às mulheres que são vítimas
dessa vasta forma de atuação de seus agressores.
Há ainda outra corrente doutrinária que entende que as medidas protetivas de urgência
possuem caráter de tutela inibitória, Didier Júnior e Oliveira (2008, p. 129) que defendem este
posicionamento, expõem que estes mecanismos têm como intuito de proteger a vítima e
afastar o agressor para que não haja repetição de agressões.
De acordo com Marinoni (2004, p. 2) “A tutela inibitória é prestada por meio de ação
de conhecimento, e assim não se liga instrumentalmente a nenhuma ação que possa ser dita
principal. Trata-se de “ação de conhecimento” de natureza preventiva, destinada a impedir a
prática, a repetição”.
Outra questão relevante são os pressupostos para a concessão das medidas protetivas
de urgência, uma vez que para serem decretadas o magistrado não poderá utilizar de modo
automático, devendo ser observado no caso prático os elementos do fumus comissi delicti
(possibilidade do direito de punir e periculum libertatis (possibilidade da tutela não ser mais
eficiente) (Habib, 2015, p. 104).
Cumpre ressaltar que o artigo 226 traz também como regra a família como base da
sociedade brasileira, tendo como direito a proteção estatal em sua integralidade. Neste
sentido, em complementação às determinações constitucionais está o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), criado em 1990, por meio da Lei nº 8.069/1990 que dispõe em seu artigo
4º a respeito da responsabilidade da família, da sociedade e do Estado em garantir os direitos
das crianças e adolescentes, sendo que um dos mais relevantes à convivência familiar (Brasil,
28
1990). Gagliano e Pamplona Filho (2023, p. 209) lecionam em sua obra que a garantia dos
direitos das crianças e dos adolescente se trata de responsabilidade solidária entre os
familiares, a sociedade e garantido pelo Estado brasileiro.
Destaca-se que o direito de convivência familiar está previsto também no artigo 19, do
ECA com a seguinte redação: “Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”
(Brasil, 1990).
Nota-se a preocupação do legislador em garantir em pleno direito à convivência
familiar das crianças e adolescentes como forma de contribuir para o seu desenvolvimento.
Essas regras são oriundas de normas internacionais, como, por exemplo, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) (1948) em seu artigo 16 e a Convenção sobre os
Direitos da Criança (CDC) (1989) em seu artigo 20 (Cardoso, 2019, p. 102).
Entende-se a partir da análise da legislação prevista no ordenamento jurídico nacional,
que a convivência familiar é um direito que se sobrepõe a qualquer outro tipo de condição
(Cardoso, 2019, p. 102). Cardoso (2019, p. 103) ensina ainda que “o direito da criança à
convivência familiar é superior a qualquer condição alheia ao seu interesse e que a impeça de
estar com ambos os pais, ou com um deles, em sua rotina diária”.
Neste diapasão, há vários dispositivos que garantem o direito à convivência familiar,
como no caso da previsão do Código Civil brasileiro, em seu artigo 1632, expondo que nos
casos em que houver separação judicial, divórcio e a dissolução da união estável, não poderá
ocorrer mudanças na relação entre pais e filhos. Sendo mais uma regra que protege o direito
de convivência nas hipóteses de dissolução conjugal (Brasil, 2002).
Entretanto, o direito de convivência poderá ser perdido por um dos genitores na
hipótese da supressão do poder familiar por ações que gerem faltas graves cometidas pelos
pais. O artigo 1638 do Código Civil apresenta os motivos que levam à perda do poder
familiar:
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar
imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos
contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas
previstas no artigo antecedente. V - entregar de forma irregular o filho a terceiros
para fins de adoção (BRASIL, 2002).
Ademais, outra norma que pode ser mencionada como regra que garante à preservação
dos vínculos familiares é a Lei nº 12.010/2009, legislação essa que trata da adoção por meio
29
Nesse diapasão, utilizando a brilhante obra de Cardoso (2019, p. 161) sobre o tema,
realizou algumas entrevistas com pais para que se tenha a realidade das consequências da
aplicação das medidas protetivas de urgência no tocante à relação paterno-filial. Na referida
pesquisa o autor concluiu que:
fundamentais para vida dos filhos que são os que mais sofrem nessas situações (Cardoso,
2019, p. 164).
O princípio em análise sem sombra de dúvida é uma das principais fontes jurídicas
aplicadas na proteção das crianças e adolescentes, pois possibilita que na disposição do caso
prático seja escolhido as melhores oportunidades para o desenvolvimento do menor (Zapater,
2023, p. 129). Deste modo, o objetivo do princípio do melhor interesse do menor é sempre
garantir as melhores condições possíveis.
De acordo com Colucci (2014, p. 39): “a origem do melhor interesse da criança adveio
do instituto inglês parens patriae que tinha por objetivo a proteção de pessoas incapazes e de
seus bens”. Mediante isto, cumpre ressaltar que apesar de não estar expressamente previsto na
legislação nacional há algumas menções interpretativas que fazem este princípio ser tão
presente na garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Como na Constituição Federal
em seu artigo 227, caput, que menciona os deveres da família em face dos menores, o próprio
Código Civil brasileiro reconhece este princípio por meio da referência em seu texto sobre a
guarda do menor (Dias, 2020, p. 209).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº 8.069/1990 também dispõe de
regras sucessivas que colocam o melhor interesse do menor em posição superior, reforçando o
posicionamento da Carta Magna nacional (Zapater, 2023, p. 130). Com isso, Zapeter (2023,
p.130) afirma que o princípio em questão é amplamente aplicado nas decisões para que sejam
resguardados na integralidade os direitos dos menores.
Ademais, entende-se que a relação paterno-filial e o direito de convivência deve ser
garantido como forma direta de atuação do melhor interesse do menor, haja vista que
reconhecidamente este tipo de vínculo mútuo com os genitores preserva as melhores
condições possíveis na criação deste indivíduo e, por isso, precisa ser respeitado em qualquer
caso referente ao Direito de Família nacional (Zapeter, 2023, p. 131).
claro de trazer democracia na criação dos filhos, dividindo direitos e deveres aos genitores ou
responsáveis legais (Ramos 2016, p. 112).
Por isso, o instituto da guarda compartilhada deve ser compreendido como uma
ferramenta jurídica em que aplica o dever dos genitores em participar conjuntamente da
criação dos filhos, sendo por meio das decisões mútuas, do tempo de convívio e, também, do
cumprimento das responsabilidades econômicas (Rosa, 2015, p. 121). Rosa (2015, p. 121)
comenta em sua obra que a guarda compartilhada não se trata de apenas obrigação dos pais,
mas, também, de um direito inerente às crianças e adolescentes.
Maria Berenice Dias (2010, p. 5) explica que “a finalidade da guarda compartilhada é
consagrar o direito da criança. A guarda conjunta garante de forma efetiva, a permanência da
vinculação mais estrita de ambos os pais na formação e educação do filho”.
No tocante a análise da Lei nº13.058/2014 é importante destacar que o legislador ao
alterar o artigo 1583 do Código Civil condiciona que o tempo de convívio dos genitores com
seus filhos deve ser dividido de forma equânime dentro da realidade dos pais e dos interesses
dos filhos. Outra questão relevante disposta na norma é que a cidade base para moradia do
filho será aquela em que melhor atender seus interesses, respeitando neste caso o princípio do
melhor interesse do menor (Rosa, 2015, p.128).
Além disso, o instituto da guarda unilateral de acordo com o texto normativo Lei nº
13. 058/2014 em seu artigo 1.583, §5º, determina que ambos os pais devem ter acesso às
34
informações referentes aos seus filhos em assuntos que dizem respeito à educação, à saúde
física e mental (Brasil, 2014).
Nos casos em que não houver acordo entre os pais, deverá ser aplicado os mecanismos
da guarda compartilhada, a partir do auxílio técnico de profissionais que o orientem a respeito
das condições de cada genitor. Ressalta-se que neste caso é possível que algum dos genitores
possa declarar que não deseja ter a guarda da criança ou do adolescente (Rosa, 2015, p. 130).
Outrossim, há possibilidade também de acordo com a legislação em comento do
magistrado verificando que a criança ou adolescente não tenha condições de ficar com pai ou
mãe, estabelecer outra pessoa para exercer essa guarda. Nesse contexto, é de preferência que a
escolha seja feita observando o grau de parentesco para que haja o cumprimento do direito à
convivência familiar (Rosa, 2015, p. 131).
Por fim, é de suma importância destacar a implementação do artigo 1.634 do Código
Civil, que dispõe do pleno exercício do poder familiar aos genitores por meio das situações
previstas em seus dispositivos, que são:
Nota-se, que tais dispositivos são fonte de direção para criação de crianças e
adolescentes dando um norte aos genitores para exercer o pleno exercício do poder familiar
(Rosa, 2015, p. 131). Portanto, cabe ressaltar que esses direitos possibilitam o
desenvolvimento dos filhos a partir da condução da criação e educação dos seus filhos,
possibilitando dessa forma que haja um respeito mútuo e que os pais possam exercer esses
direitos de forma conjunta visando sempre o melhor interesse da criança ou adolescente
(Rosa, 2015, p. 132).
Partindo da exposição dos direitos previstos no ordenamento jurídico brasileiro sobre
o direito de convivência familiar e do instituto da guarda compartilhada, cabe apresentar de
35
forma criteriosa os reflexos que as medidas protetivas de urgências previstas na Lei Maria da
Penha trazem ao direito amplamente apresentado da convivência familiar.
Dessa forma, para Mendonça (2018, p. 6) no caso prático o julgador deve analisar de
forma criteriosa e pormenorizada a aplicação das medidas protetivas de urgência,
especialmente para que não venha restringir o direito do pai de conviver com seus filhos.
Neste sentido apresenta-se o posicionamento da ilustre Desembargadora Kárin Liliane de
Lima Emmerich e Mendonça (2018, p. 6) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG),
publicado na revista de direito do Instituto de Ciências Penais:
Nota-se que a magistrada destaca a importância da Lei Maria da Penha na proteção das
vítimas de violência doméstica no Brasil, entretanto pondera que não é função do
representante do Poder Judiciário aplicar a lei restringindo um direito fundamental do cidadão
que se encontra em processo de formação. Portanto, entende-se que os reflexos jurídicos das
medidas protetivas de urgência na convivência familiar são relevantes, com destaque aos
casos em que os mecanismos jurídicos interferem na relação paterno-filial. Sendo assim, é
dever do judiciário brasileiro atuar na proteção das mulheres vítimas de violência doméstica
sem atingir os direitos das crianças e adolescentes no convívio familiar com ambos os
genitores.
norma legal que estipula as condições do compartilhamento da guarda do menor nestes casos
(Duarte, 2020, p. 101).
Nesse diapasão, Duarte (2020, p. 101) traz o debate jurídico em sua obra no sentido de
que a “Lei Maria da Penha” diverge claramente do entendimento basilar proposto na guarda
compartilhada, uma vez que como já destacado esse instituto jurídico entende que a guarda
deve ser dividida de forma equânime pelos genitores em qualquer situação. Por outro lado, na
atuação das medidas protetivas de urgência há o afastamento do genitor (agressor) da vítima,
dos familiares e principalmente dos filhos oriundos dessa relação.
Para Ribeiro (2023, p. 48), quando há casos de dissenso entre o ex-casal
automaticamente não se cumpre aquilo previsto na Lei da Guarda Compartilhada, pois o pai
fica afastado das responsabilidades inerentes à criação de seus filhos, como também, do
convívio igualitário que são regras basilares na condução do instituto da guarda
compartilhada.
É importante ressaltar que o não cumprimento das diretrizes legais previstas na
legislação em comento gera consequências negativas no desenvolvimento da criança ou
adolescente, haja vista que os preceitos da guarda compartilhada condicionam a proteção
integral do menor à luz de circunstâncias que visem o seu melhor interesse (Duarte, 2020, p.
101).
Com isso, torna-se difícil o compartilhamento da guarda dos filhos em situações de
violência doméstica e da atuação das medidas protetivas de urgência, especialmente pelo fato
do agressor e da vítima não poderem ter qualquer tipo de contato para que possam tomar
decisões a respeito da criação deste menor. Por isso, é de suma importância que o legislador
crie mecanismos legais que regulamente de forma específica essa situação, pois de acordo
com as regras atuais o afastamento do agressor aos filhos se torna automático, influenciando
em situações que são preponderante ao desenvolvimento da prole (Ribeiro, 2023, p. 49).
Outra postura que pode contribuir para resolução da aplicação dos dois institutos
jurídicos e para que os direitos dos filhos sejam resguardados é a mediação especializada
proporcionada pelo Estado por meio da atuação do Poder Judiciário (Duarte, 2020, p. 102).
Duarte (2020, p. 102) comenta em sua obra:
A aplicação dos dois institutos conjuntamente traz conflitos sérios, os quais não
deveriam existir, já que esses conflitos ferem diretamente direitos constitucionais,
quais sejam, o direito do pai em estar próximo do filho para cumprir seu papel no
anseio familiar e o direito da criança de ter próximo o seu genitor. É imprescindível
que o Estado adote as medidas alternativas como a mediação para a busca da
solução dos conflitos gerados pelos institutos, uma vez que se aplicado os métodos
38
Outra questão importante a ser abordada neste capítulo final que contribui na
fundamentação sobre a garantia do direito de convivência familiar é como os juristas
nacionais estão se posicionando sobre a matéria, com destaque a ala doutrinária que entende
que os direito básicos das crianças e adolescentes precisam ser preservados visando o melhor
interesse do menor. Sendo assim, tanto a doutrina como a jurisprudência está voltada a
garantir, por exemplo, o direito da convivência familiar , enquanto não houver norma que
estabeleça as bases da guarda compartilhada nos casos de existência de medida protetiva
proveniente de violência doméstica.
Por conseguinte, é função também deste último capítulo contextualizar a situação
legislativa dos Projetos de Lei que se encontram em tramitação no Congresso Nacional com
intuito de regulamentar especificamente a matéria. Entende-se, neste sentido, que o caminho
que trará maior segurança jurídica tanto para as vítimas de violência doméstica, como para os
filhos menores, será a implementação de lei que trate sobre o assunto a partir da criação de
alternativas que tragam novas opções jurídicas a estes casos que são sem sombra de dúvida
envolvidos em questões sensíveis do Direito de Família.
Neste escopo, acredita-se que nos casos em que não há bom relacionamento entre os
genitores responsáveis pela criação dos filhos é difícil haver meios para disposição dos
mecanismos da guarda compartilhada e da relação paterno-filial mútua (Madaleno, 2015, p.
475).
No tocante aos casos de estar em vigor medida protetiva de urgência de violência
doméstica é coerente que estes genitores não possuam qualquer via consensual de relação. Por
isso nos casos de existência das medidas protetivas afasta a possibilidade do convívio do
agressor com a prole que está totalmente atingida pelos atos que não violentam apenas a
vítima, mas o núcleo familiar como um todo (Monteiro, 2020, p. 65).
De acordo com Leal (2017, p. 82):
tentam intervir no episódio e acabam sendo alvos diretos da violência”. Neste sentido,
leciona de forma semelhante a psicóloga Larissa Corrêa (2021, p. 7):
complexa, visto que os agressores podem utilizar-se da manutenção do convívio com os filhos
incapazes para realizarem novos atos de violência, que podem chegar ao resultado de morte
(feminicídio), os órgãos julgadores devem analisar de forma pormenorizada o caso prático e
aplicar meios que primeiramente venham proteger a vida da vítima e dos filhos,
posteriormente dispor de mecanismos que resguardem o melhor interesse do menor
(Monteiro, 2020, p. 81).
Todavia, pela exposição apresentada, nota-se que a criança ou adolescente também
sofre agressões, se tornando ainda mais difícil a disposição dos mecanismos da guarda
compartilhada e do direito da convivência familiar, sendo assim é essencial a atuação de
dispositivos legais que possam contribuir ao magistrado no momento da aplicação jurídica
nestes casos complexos do Direito de Família (Monteiro, 2020, p. 82).
Nota-se por parte da doutrina como no caso de Bianchini (2017, p. 90) a preocupação
na relação das ações de violência doméstica que podem causar aos filhos, pois é
reconhecidamente comprovado o comprometimento de crianças e adolescentes que
presenciam a violência doméstica, estes cidadãos crescem traumatizados com consequências
que podem perdurar por toda vida.
Importante ressaltar que para estes doutrinadores a aplicação do instituto da guarda
compartilhada nos casos de violência doméstica é totalmente descabido, uma vez que nestes
casos o genitor (agressor) se demonstra incapaz de conviver de forma harmoniosa no
ambiente familiar, portanto, no resguardo dos direitos à vida da vítima e, também, visando o
melhor interesse do menor é entendido que o melhor caminho está no respeito integral das
medidas protetivas de urgências que podem beneficiar tanto a mãe (vítima) como os filhos
que presenciaram os atos de violência.
Para Lencarelli (2018):
Uma criança não pode se sentir bem e ter estabilidade emocional dentro do ambiente
do agressor da mãe. É impossível essa conciliação, ou seja, a obrigatoriedade da
guarda compartilhada em situação de litígio. É “ilusório” pensar que a guarda
compartilhada irá aproximar os cônjuges que estão em litígio.
Por outro lado, há doutrinadores que entendem que a separação do genitor (agressor)
com seus filhos pode ocasionar prejuízo no desenvolvimento da criança ou adolescente,
principalmente na disposição do direito da convivência familiar. Como já destacado no
45
presente estudo alguns juristas orientam que o mais coerente seria a disponibilidade de
medidas judiciais complementares, como no exemplo do acompanhamento das visitas via
mediação profissional (Carvalho, 2023, p. 89).
Para Tartuce (2014, p. 307) em situações em que há violência doméstica familiar é
fundamental a utilização de mediação em conjunto com acompanhamento psicológico de
todos os envolvidos, visando evitar consequências mais graves e danosos, o autor entende que
a disposição de medidas dessa natureza podem evitar questões como a alienação parental, por
exemplo.
Entende-se que ainda não há posicionamento pacificado a respeito sobre o direito de
convivência familiar nos casos em que houve violência doméstica com aplicação das medidas
protetivas de urgência. Visto que, por se tratar de tema sensível é fundamental o amparo
judicial nos casos práticos, haja vista que é dever do Estado proteger a vítima de violência
doméstica em consonância com a garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Por isso,
as medidas mais plausíveis se direcionam na disposição de mecanismos que façam a
mediação do contato do agressor com os filhos por auxílio de tratamento psicológico.
Por fim, cabe apresentar julgado expedido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e Territórios (TJDFT) pelo qual apresenta a possibilidade de manutenção da convivência
familiar do genitor (agressor) com os filhos, desde que acompanhado com terceira pessoa
indicada pela própria genitora (vítima). Essa condição de demonstra uma via importante, pois
mantém o convívio dos filhos com este pai acompanhado de pessoa de confiança da mãe
vítima de violência doméstica, servindo dessa forma de exemplo para que outros tribunais
possam adotar medidas alternativas como essas que possibilitam o melhor interesse do menor
através de visitas monitoradas:
modelos previstos de guarda dos filhos de casais que possuem relatos de violência doméstica
ou estão sob risco de condutas dessa natureza (Senado Notícias, 2023).
Na alteração prevista no artigo 1.584, §2º, do Código Civil, determina que nos casos
em que não houver acordo entre os genitores a respeito da guarda do filho, ficam aptos os dois
a exercerem o poder familiar e que neste caso será aplicado o instituto da guarda
compartilhada. Entretanto, se algum dos pais declarar que não deseja a guarda do menor ou
mesmo quando houver elementos mínimos que caracterizem a probabilidade de violência
doméstica ou familiar essa guarda compartilhada não será exercida (Brasil, 2023).
Sendo assim, entende-se que essa regra automaticamente proíbe o uso dos mecanismos
da guarda compartilhada quando houver risco de violência doméstica ou familiar por parte de
algum dos genitores, sendo uma forma efetiva que o legislador encontrou de primeiramente
proteger a vítima (proibindo o acesso do agressor ao filho), como também, aplicando o
melhor interesse do menor que a partir de agora ficará estabelecido sem o contato com o
pai/mãe agressor. Cumpre frisar que essa regra soluciona os pontos de divergência jurídica
amplamente debatidos no presente estudo, pois define que a guarda compartilhada não pode
ser empregada em casos em que há violência doméstica ou apenas o risco destes atos.
Outrossim, o dispositivo que implementou o artigo 699-A no Código de Processo
Civil traz em seu escopo a necessidade de que nas ações de guarda antes de iniciar a audiência
de mediação e conciliação o magistrado deve obrigatoriamente indagar tanto as partes como
ao parquet (Ministério Público) sobre o risco de violência doméstica ou familiar, com fixação
de prazo de 5 (cinco) dias para a apresentação das provas pertinentes (Brasil, 2023). Neste
caso, se houver prova de risco de violência doméstica ou familiar é concedido a guarda
unilateral ao genitor (vítima).
Tal regra é de suma importância pelo fato de possibilitar que o julgador tenha
conhecimento da realidade fática antes de aplicar o instituto da guarda compartilhada o
representante do Poder Judiciário ficará a par da situação, havendo risco de violência
doméstica ou familiar por meio de conjunto probatório estará estabelecido a guarda unilateral.
Sendo assim, é mais um mecanismo processual importante para resguardar o direito à vida da
vítima e proteger o núcleo familiar como um todo.
De acordo com o autor do Projeto de Lei Senador Rodrigo Cunha (2023):
5 CONCLUSÃO
compartilhada nos casos em que houve violência doméstica e familiar ou mesmo em casos
que tenham risco comprovado de violência por parte de algum dos genitores.
Mediante isto, o mais coerente é preservar a vida da vítima em consonância com a
garantia dos direitos inerentes ao filho menor como no caso das diretrizes do melhor interesse
do menor. Nestes casos, entende-se que a postura mais coerente por parte do Poder Judiciário
é apresentar mecanismos mais humanizados que possam disponibilizar visitas assistida do
genitor (agressor) com seu filho sem a presença da vítima, pois findar esse convívio com o pai
e sua família pode prejudicar o sentido de identidade que o menor tem no seu
desenvolvimento como ser humano.
Destaca-se, ainda, que com a promulgação da Lei nº 14.713/2023 o direito da
convivência familiar por meio da guarda compartilhada será extinguido pelas regras da
legislação em comento, haja vista que nos casos de agressão o autor será afastado do convívio
familiar e consequentemente a vítima terá o direito da guarda unilateral dos filhos.
Essa legislação tende a ser mais uma ferramenta para coibir atos violentos no ambiente
familiar, uma vez que a partir de agora o cenário será diferente com mais rigidez contra a
violência doméstica punindo o agressor no sentido de afastá-lo do contato com os filhos.
Reconhece-se que a norma em comento é totalmente positiva pelo fato de repreender autores
de violência doméstica com vias que restringem de exercerem a criação dos filhos.
Outrossim, a partir da elaboração de regras que encorpam a proteção às vítimas de
violência doméstica e consequentemente os direitos dos menores o ordenamento jurídico
nacional irá apresentar meios mais seguros que possam modificar este panôrama de alta
incidência de casos de violência doméstica e familiar que muitas vezes chegam como
resultado o crime de feminicídio.
Compreende-se que nas famílias em que a violência doméstica está presente é
essencial que todos os envolvidos sejam acompanhados de ajuda profissional, pois os traumas
advindos dessas ações trazem consequências que podem perdurar por toda vida. Com isso,
além de reprimir e punir tais atos o Estado deve disponibilizar meios de tratamentos para
todas as partes para que não haja novos relatos com resultados ainda mais graves.
Portanto, com o debate jurídico levantado neste estudo, comprovou-se de maneira
enfática que é papel do ente estatal criar mecanismos jurídicos que possam ainda mais
proteger as vítimas de violência doméstica e familiar e seus filhos que são violentados quando
os casos acontecem. Todavia, é fundamental a manutenção do convívio dos filhos com o
genitor (agressor) desde que com visitas acompanhada de profissional, pois separar este
53
indivíduo do seu filho pode gerar outras consequência, como, por exemplo, a alienação
parental. Oportunizar a mudança do agressor também é função social do Estado que nestes
casos deve atuar de maneira ampla por se tratar de uma tema extremamente sensível que faz
parte do cotidiano das famílias brasileiras.
Ao final, cabe reconhecer a importância da oportunidade em desenvolver estudo
científico sobre matéria relevante no âmbito do Direito de Família, visto que, o trabalho em
questão trouxe enriquecimento acadêmico/profissional voltado à formação de excelência neste
segmento.
54
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