Conhecimento Bancario
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Nesse regime, a meta de inflação é constituída por POLÍTICAS/SITUAÇÕES RESTRITIVAS OU
um centro de meta, que seria o valor ideal entendido POLÍTICAS/SITUAÇÕES EXPANSIONISTAS
pelo governo como uma inflação saudável.
Esse centro tem uma margem de tolerância para As políticas restritivas são resultado de ações
mais e para menos, pois, como em qualquer nota, que de alguma forma reduzem o volume de dinhei-
temos os famosos arredondamentos. É como no colé- ro circulando na economia e, consequentemente, os
gio, quando você tirava 6,5 e o professor arredondava gastos das pessoas gerando uma desaceleração da eco-
para 7, lembra? Isso ajudava muito você na hora de nomia e do crescimento. Mas por que o governo faria
fechar a nota no fim do ano e, para o governo, é do isso? A resposta é simples: faz isso para controlar a
mesmo jeito. É uma “ajudinha” para fechar a nota. inflação, pois quando há muito dinheiro circulando
Veja como foram e como estão as principais mudanças no mercado, o que acontece com os preços dos pro-
referentes a isso no Brasil: dutos? Sobem!
Para conter essa subida, o governo restringe o con-
Meta Central sofre novo corte em 2020 sumo e os gastos para que a inflação diminua. Nesse
caso, você iria ao shopping não para comprar coisas,
6% mas apenas para ver as coisas ou “dar uma voltinha”.
Teto 5,75% Isso representa nosso cenário atual desde 2014.
Teto
5,50%
Teto
5,25% Por outro lado, as políticas expansionistas são
4,50% 4,25% 5%
Meta 4%
Teto
Teto resultado de ações do governo que estimulam os
Meta 3,75% gastos e o consumo, ou seja, em cenário de baixo
Central
Central Meta 3,50%
Meta
Central Central Meta crescimento, o governo incentiva as pessoas a gastar
Central
3% 2,75% 2,50%
e as instituições financeiras, a emprestar. Isso gera
Piso 2,25% 2% um volume maior de recursos na economia, para
Piso Piso Piso Piso que o mercado não entre em recessão. Portanto, esse
resultado faria você gastar mais, endividar-se mais e
investir mais; logo você não iria ao shopping só para
ver as coisas, mas sim para comprar, e comprar mui-
2018 2019 2020 2021 2022 to! Entretanto, devemos ter cuidado, pois com muitos
Fonte: Conselho Monetário Nacional. Infográfico elaborado em: gastos, também alimentamos um crescimento acele-
09/01/2020 rado da inflação. Tivemos esse cenário recentemente
de 2008 a 2013 e hoje sofremos a crise inflacionária
Atenção! Até 31 de dezembro de 2016, a margem devido ao crescimento excessivo do consumo.
de tolerância, ou seja, de variação do centro da meta Resumindo, as políticas econômicas podem ser:
era de 2% para mais (teto) ou para menos (piso). Já a
partir de primeiro de janeiro de 2017 até 31 de dezem- z Expansionistas, quando estimulam os gastos, em-
bro de 2018, a nova margem de tolerância passou a préstimos e endividamentos para aumentar o vo-
ser de 1,5% para mais (teto) ou para menos (piso). lume de recursos circulando no país;
Para o ano de 2019, o centro da meta para a inflação z Restritivas, quando desestimulam ou restringem
será de 4,25%, com intervalo de tolerância de menos os gastos, empréstimos e endividamentos para re-
1,50% e de mais 1,50%. Para o ano de 2020, o centro duzir o volume de recursos circulando no país.
da meta para a inflação será de 4,00%, com intervalo
de tolerância de menos 1,50% e de mais 1,50%. Para o Atenção! Muitas pessoas se questionam por que
ano de 2021, o centro da meta será 3,75% com a mar- o governo, quando busca estimular o consumo e
gem de tolerância de 1,5% para mais ou para menos. aquecer a economia, simplesmente não emite mais
Para 2022, o centro será de 3,50% e para 2023, o cen- dinheiro e, com isso, resolve o “problema da falta de
tro será de 3,25% com margens de tolerância de 1,5% dinheiro”. A resposta é simples e, pelos conhecimen-
para mais e para menos. tos que você adquiriu até aqui, será perfeitamente
Além disso, o Decreto 9.083 de junho de 2017 alte- capaz de responder. Quanto mais dinheiro em circula-
rou a periodicidade de estabelecimento da meta de ção, menor seu valor; com isso, os preços irão sempre
inflação para até 30 de junho de cada terceiro ano tender a subir mais e o “problema” da falta de dinhei-
imediatamente anterior. Parece complicado, mas é ro continuará. Logo, emitir moeda não é uma solução
simples, veja: o centro da meta de inflação do ano de fácil de aceitar, pois ela pode acarretar sérios danos à
2021 foi decidido pelo Conselho Monetário Nacional estabilidade do poder de compra.
três anos antes, ou seja, até 30 de junho de 2018, e Entretanto, existe uma forma não convencional
assim, sucessivamente, o de 2022 deveria ser decidido de emitir moeda para que possamos, eventualmente,
até 30 de junho de 2019, sempre respeitado o limite de suprir a falta exagerada de dinheiro. Entretanto, vale
lembrar que essa forma de emitir é restrita e peculiar,
3 anos de antecedência.
pois o dinheiro será emitido apenas de forma escri-
Todas essas medidas adotadas pelo governo bus-
tural, ou seja, eletrônica, uma vez que o ato de emitir
cam estabilizar nosso poder de compra e nosso bem- papel moeda o torna suscetível a desgastes pela infla-
-estar econômico. Para utilizar essas ferramentas, o ção, já que circula livremente em qualquer lugar do
governo utiliza as famosas políticas econômicas, que país.
nada mais são do que um conjunto de medidas que Essa forma de emissão de moeda chama-se flexi-
busca estabilizar o poder de compra da moeda nacio- bilização quantitativa, quantitative easing ou, ainda,
nal, gerando bem-estar econômico para o país. afrouxamento quantitativo.
As políticas econômicas são estabelecidas pelo Na flexibilização quantitativa, a quantidade de
Governo Federal, tendo como agentes de suporte o moeda criada é chamada de valor expandido. É uma
Conselho Monetário Nacional, como normatizador, e o criação maciça de dinheiro, ou seja, afrouxamento
Banco Central, como executor dessas políticas. As ações monetário. Usualmente, os bancos centrais só impri-
desses agentes resultam em apenas duas situações para mem papel moeda seguindo a demanda de dinheiro,
o cenário econômico, que serão expostas a seguir. ou seja, não há criação espontânea de dinheiro novo.
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Nessa técnica, os bancos centrais usam o dinheiro precisa estimular a economia. Então, a saída é arreca-
eletronicamente criado para comprar grandes quan- dar impostos e, quando estes não forem suficientes, o
tidades de títulos e diversos ativos financeiros no governo se endivida. Quando o governo emite títulos
mercado financeiro e de capitais. Isso não representa públicos federais, ele se endivida, pois os títulos públi-
entrega de dinheiro novo para os bancos empresta- cos são acompanhados de uma remuneração, uma taxa
rem, e sim como reserva bancária – depósitos que os de juros, que recebeu o nome do sistema que adminis-
bancos têm nas contas do Banco Central. tra e registra essas operações de compra e venda. Esse
sistema chama-se Sistema Especial de Liquidação e
DIVISÃO DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS Custódia (SELIC). Esse sistema deu o nome a taxa de
juros dos títulos, chamada de taxa SELIC.
z Política Fiscal: Arrecadações menos despesas do Essa taxa de juros é o famoso juro da dívida públi-
fluxo do orçamento do governo; ca, porque o governo deve considerá-lo como despesa
z Política Cambial: Controle indireto das taxas de e endividamento. Logo, a emissão destes títulos, bem
câmbio e da balança de pagamentos; como o aumento da taxa SELIC, devem ser cautelosos
z Política Creditícia: Influência nas taxas de juros para evitar excessos de endividamento, acarretando
do mercado, através da taxa Selic; dificuldades em fechar o caixa no fim do ano.
z Política de Rendas: Controle do salário mínimo Esse fechamento de caixa pode resultar em duas
nacional e dos preços dos produtos em geral; situações. Uma chamamos de superávit e a outra, de
z Política Monetária: Controle do volume de meio déficit.
circulante disponível no país e controle do poder Resultado fiscal primário é a diferença entre as
multiplicador do dinheiro escritural. receitas primárias e as despesas primárias durante
um determinado período. O resultado fiscal nominal,
Política Fiscal ou resultado secundário, por sua vez, é o resultado
primário acrescido do pagamento líquido de juros.
A política fiscal reflete o conjunto de medidas pelas Assim, fala-se que o governo obtém superávit fiscal
quais o governo arrecada receitas e realiza despe- quando as receitas excedem as despesas em dado
sas de modo a cumprir três funções: a estabilização período; por outro lado, há déficit quando as receitas
macroeconômica, a redistribuição da renda e a alo- são menores do que as despesas.
cação de recursos. A função estabilizadora consiste na No Brasil, a política fiscal é conduzida com alto
promoção do crescimento econômico sustentado, com grau de responsabilidade fiscal. O uso equilibrado dos
baixo desemprego e estabilidade de preços. A função recursos públicos visa a redução gradual da dívida
redistributiva visa assegurar a distribuição equitativa líquida como percentual do PIB, de forma a contri-
da renda. Por fim, a função alocativa consiste no for- buir com a estabilidade, o crescimento e o desenvol-
necimento eficiente de bens e serviços públicos, com- vimento econômico do país. Mais especificamente, a
pensando as falhas de mercado. política fiscal busca a criação de empregos, o aumento
Os resultados da política fiscal podem ser avalia- dos investimentos públicos e a ampliação da rede de
dos sob diferentes ângulos, que podem focar na men- seguridade social, com ênfase na redução da pobreza
suração da qualidade do gasto público, bem como e da desigualdade.
identificar os impactos da política fiscal no bem-estar
dos cidadãos. Política Cambial
Para tanto, o governo se utiliza de estratégias como
elevar ou reduzir impostos, pois, além de sensibilizar
É o conjunto de ações governamentais diretamen-
seus cofres públicos, busca aumentar ou reduzir o
volume de recursos no mercado quando for necessário. te relacionadas ao comportamento do mercado de
A política fiscal consiste em basicamente dois obje- câmbio, inclusive no que se refere à estabilidade rela-
tivos: primeiro, ser uma fonte de receitas ou de gastos tiva das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de
para o governo, na medida em que reduz seus impos- pagamentos.
tos para estimular ou desestimular o consumo. Segun- A política cambial busca estabilizar a balança de
do, quando o governo usa a emissão de títulos públicos pagamentos tentando manter em equilíbrio seus com-
emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional, para ponentes, que são: a conta corrente, que registra as
comercializá-los e arrecadar dinheiro para cobrir entradas e saídas devidas ao comércio de bens e ser-
seus gastos e cumprir suas metas de arrecadação. viços, bem como pagamentos de transferências; e a
O governo tem metas de arrecadação, que muitas conta capital e financeira. Também são componentes
vezes precisam de uma “forcinha” através da comercia- dessa conta os capitais compensatórios: empréstimos
lização de títulos públicos federais no mercado financei- oferecidos pelo FMI e contas atrasadas (débitos venci-
ro. Segundo o art. 164 da Constituição Federal, é vedado dos no exterior).
ao Banco Central financiar o tesouro com recursos pró- Dentro dessa balança de pagamentos, há uma
prios, este busca capitalizar o governo comercializando outra chamada Balança Comercial, que busca esta-
os títulos emitidos pela Secretaria do Tesouro. bilizar o volume de importações e exportações den-
Desta forma, o governo consegue não só arrecadar tro do Brasil. Essa política visa equilibrar o volume de
recursos como, também, enxugar ou irrigar o merca- moedas estrangeiras dentro do Brasil para que seus
do de dinheiro, pois quando o Banco Central vende valores não pesem tanto na apuração da inflação, pois
títulos públicos federais, retira dinheiro de circulação as moedas estrangeiras estão muito presentes em nos-
e entrega títulos aos investidores. Já quando o Banco so dia a dia.
Central compra títulos de volta, devolve recursos ao Como o governo não pode interferir no câmbio
sistema financeiro, além de diminuir a dívida pública brasileiro de forma direta, uma vez que o câmbio bra-
do governo. sileiro é flutuante, o governo busca estimular exporta-
Como isso funciona? O governo vive em uma que- ções e desestimular importações quando o volume de
da de braços constante, pois precisa arrecadar mais moeda estrangeira estiver menor dentro do Brasil. Da
do que ganha, mas não pode deixar de gastar, pois mesma forma, caso o volume de moeda estrangeira
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dentro do Brasil aumente demais, causando sua des- a economia está parada e ninguém consome, produzin-
valorização exagerada, o governo busca estimular do uma estagnação completa do setor produtivo. Com
importações para reestabelecer o equilíbrio. essa medida, o governo espera estimular o consumo e
Mas por que o governo estimularia a valorização gerar mais empregos.
de uma moeda estrangeira no Brasil? Ao estimular Ao contrário, a política monetária contracionista
a valorização de uma moeda estrangeira, atraímos consiste em reduzir a oferta de moeda, aumentan-
investidores, além de tornar o cenário mais salutar do assim a taxa de juros e reduzindo os investimen-
para os exportadores, que são os que produzem rique-
tos. Essa modalidade da política monetária é aplicada
zas e empregos dentro do Brasil. Dessa forma, ao se
quando a economia está sofrendo alta inflação, visan-
utilizar da política cambial, o governo busca estabili-
zar a balança de pagamentos e estimular ou desesti- do reduzir a procura por dinheiro e o consumo cau-
mular exportações e importações. sando, consequentemente, uma diminuição no nível
de preços dos produtos.
Política Creditícia Esta política monetária é rigorosamente elaborada
pelas autoridades monetárias brasileiras, utilizando-
Conjunto de normas ou critérios que cada insti- -se dos seguintes instrumentos, todos regulamentados
tuição financeira utiliza para financiar ou emprestar e executados pelo Banco Central do Brasil:
recursos a seus clientes, mas sobre a supervisão do
governo, que controla os estímulos a concessão de z Mercado Aberto
crédito. Cada instituição deve desenvolver uma políti-
ca de crédito coordenada, para encontrar o equilíbrio Também conhecido como Open Market, operações
entre as necessidades de vendas e, concomitantemen- com títulos públicos são mais um dos instrumentos
te, sustentar uma carteira a receber de alta qualidade. disponíveis de política monetária. Esse instrumento,
Essa política sofre constante influência do poder considerado um dos mais eficazes, consegue equili-
governamental, pois o governo se utiliza de sua taxa brar a oferta de moeda e regular a taxa de juros em
básica de referência, a taxa SELIC, para conduzir as curto prazo.
taxas de juros das instituições financeiras para cima
A compra e venda dos títulos públicos, emitidos pela
ou para baixo.
Secretaria do Tesouro Nacional, se dá pelo Banco Cen-
Se o governo eleva suas taxas de juros, é sinal de
tral através de Leilões Formais e Informais. De acordo
que os bancos em geral seguirão seu raciocínio e ele-
varão suas taxas também, gerando uma obstrução a com a necessidade de expandir ou reter a circulação de
contratação de crédito pelos clientes tomadores ou moedas do mercado, as autoridades monetárias compe-
gastadores. Já se o governo tende a diminuir a taxa tentes resgatam ou vendem esses títulos.
SELIC, os bancos em geral tendem a seguir essa dimi- Se existe a necessidade de diminuir a taxa de juros
nuição, recebendo estímulos a contratação de crédito e aumentar a circulação de moedas, o Banco Central
para os tomadores ou gastadores. compra (resgata) títulos públicos que estejam em cir-
culação. Se a necessidade for inversa, ou seja, aumen-
Política de Rendas tar a taxa de juros e diminuir a circulação de moedas,
o Banco Central vende (oferta) os títulos disponíveis.
A política de rendas consiste na interferência do Portanto, os títulos públicos são considerados
governo nos preços e salários praticados pelo mer- ativos de renda fixa, tornando-se uma boa opção de
cado. No intuito de atender a interesses sociais, o investimento para a sociedade.
governo tem a capacidade de interferir nas forças do Outra finalidade dos títulos públicos é a de captar
mercado e impedir o seu livre funcionamento. É o que recursos para o financiamento da dívida pública, bem
ocorre quando o governo realiza um tabelamento de como financiar atividades do Governo Federal, como
preços com o objetivo de controlar a inflação. por exemplo, Educação, Saúde e Infraestrutura.
Ressaltamos que, atualmente, o governo brasileiro
Os leilões dos títulos públicos são de responsabi-
interfere tabelando o valor do salário-mínimo; entre-
lidade do BACEN, que credencia Instituições Financei-
tanto, quanto aos preços dos diversos produtos no
país, não há interferência direta do governo. ras chamadas de dealers ou líderes de mercado, para
que façam efetivamente o leilão dos títulos. Nesse caso,
Política Monetária temos o leilão informal ou Go Around, pois nem todas
as instituições são classificadas como dealers.
É a atuação de autoridades monetárias sobre a Os leilões formais são aqueles em que todas as
quantidade de moeda em circulação, de crédito e das instituições financeiras, credenciadas pelo BACEN,
taxas de juros controlando a liquidez global do sis- podem participar do leilão dos títulos, mas sempre
tema econômico. Essa é a mais importante política sob o comando deste.
econômica traçada pelo governo. Nela, estão contidas Além dessas formas de o governo participar do
as manobras que surtem efeitos mais eficazmente na mercado de capitais, existe o Tesouro Direto, forma
economia. que o governo encontrou que aproxima as pessoas
A política monetária influencia diretamente a quan- físicas e jurídicas em geral, ou não financeiras, da
tidade de dinheiro circulando no país e, consequente- compra de títulos públicos. O tesouro direto é um sis-
mente, a quantidade de dinheiro no nosso bolso. tema controlado pelo BACEN para que a pessoa física
Existem dois principais tipos de política monetária
ou jurídica comum possa comprar títulos do governo
a serem adotados pelo governo: a política restritiva,
ou contracionista, e a política expansionista. dentro de sua própria casa ou escritório.
A política monetária expansiva consiste em aumen- Os títulos públicos possuem, hoje, 5 tipos diferen-
tar a oferta de moeda, reduzindo a taxa de juros tes com características que lhe concedem rentabilida-
básica e estimulando investimentos. Essa política é des distintas. A seguir, vamos conhecer quais são os
adotada em épocas de recessão, ou seja, épocas em que títulos:
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TÍTTULOS PÚBLICOS FEDERAIS
Os juros semestrais significam que a cada semestre o governo paga a você os juros devidos, mas apenas os
juros, o principal, que é o valor que você investiu, ele só devolve no final do prazo, belezinha?! Esse pagamento de
juros semestrais, nós chamamos de CUPOM.
Outro instrumento de controle monetário é o Redesconto Bancário, no qual o Banco Central concede “emprés-
timos” às instituições financeiras a taxas acima das praticadas no mercado.
Os chamados empréstimos de assistência à liquidez são utilizados pelos bancos somente quando existe
uma insuficiência de caixa (fluxo de caixa), ou seja, quando a demanda de recursos depositados não cobre suas
necessidades.
Quando a intenção do Banco Central é de injetar dinheiro no mercado, ele baixa a taxa de juros para estimular
os bancos a pegar esses empréstimos. Os bancos, por sua vez, terão mais disponibilidade de crédito para oferecer
ao mercado; consequentemente, a economia aquece.
Quando o Banco Central tem por necessidade retirar dinheiro do mercado, as taxas de juros concedidas para
esses empréstimos são altas, desestimulando os bancos a pegá-los. Dessa forma, os bancos que precisam cumprir
com suas necessidades imediatas enxugam as linhas de crédito, disponibilizando menos crédito ao mercado; com
isso, a economia desacelera.
Vale ressaltar que o Banco Central é proibido, pela Constituição Brasileira, de emprestar dinheiro a qualquer
outra instituição que não seja uma instituição financeira. As operações de Redesconto do Banco Central podem
ser:
Intradia, destinadas a atender necessidades de liquidez das instituições financeiras ao longo do dia. É o
chamado Redesconto a juros zero;
De um dia útil, destinadas a satisfazer necessidades de liquidez decorrentes de descasamento de curtíssi-
mo prazo no fluxo de caixa de instituição financeira;
De até quinze dias úteis, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse quarenta e
cinco dias úteis, destinadas a satisfazer necessidades de liquidez provocadas pelo descasamento de curto
prazo no fluxo de caixa de instituição financeira e que não caracterizem desequilíbrio estrutural;
De até noventa dias corridos, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse cento e
oitenta dias corridos, destinadas a viabilizar o ajuste patrimonial de instituição financeira com desequilí-
brio estrutural.
Atenção! Entende-se por operação intradia a compra com compromisso de revenda, em que a compra e a cor-
respondente revenda ocorrem no próprio dia entre a instituição financeira tomadora e o Banco Central.
Todas as operações feitas pelo BACEN são compromissadas, ou seja, a outra parte que contrata com o BACEN
assume compromissos com ele para desfazer a operação assim que o BACEN solicitar.
Sobre a Compra com Compromisso de Revenda, temos algumas observações que aparecem nas provas. Podem
ser objeto de Redesconto do Banco Central, na modalidade de compra com compromisso de revenda, os seguintes
ativos de titularidade de instituição financeira, desde que não haja restrições a sua negociação:
Títulos públicos federais registrados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic, que inte-
grem a posição de custódia própria da instituição financeira;
Outros títulos e valores mobiliários, créditos e direitos creditórios, preferencialmente com garantia real,
e outros ativos.
Importante!
As operações intradia e de um dia útil aceitam como garantia exclusivamente os títulos públicos federais; as
demais podem ter como garantia qualquer título aceito como garantia pelo BACEN.
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z Recolhimento Compulsório Os instrumentos de política monetária citados aci-
ma são importantes armas para execução do quantita-
Um dos instrumentos de Política Monetária utiliza- tive easing ou flexibilidade quantitativa.
do pelo governo para aquecer ou esfriar a economia.
É um depósito obrigatório feito pelos bancos junto ao QUANTITATIVE EASING
Banco Central.
Parte de todos os depósitos que são efetuados à Quantitative easing (QE) pode ser definido como
vista, ou seja, os depósitos das contas correntes, tanto
transações de compra de ativos, tanto públicos quan-
de livre movimentação como de não livre movimen-
to privados, em larga escala, executadas pelo Banco
tação pelo cliente, depósitos a prazo e demais depósi-
Central com o objetivo de estimular a demanda agre-
tos feitos pela população, junto aos bancos, vão para
gada, seja por meio da ampliação das reservas ban-
o Banco Central. O Banco Central fixa essa taxa de
cárias, seja por meio da injeção de liquidez direta no
recolhimento. Essa taxa é variável, de acordo com os
setor privado.
interesses do governo em acelerar ou não a economia.
Após a crise de 2008, o QE ganhou grande espaço
Isso porque, ao reduzir o nível do recolhimen-
na política monetária mundial.
to, sobram mais recursos nas mãos dos bancos para
O quantitative easing tem o objetivo de atuar sobre
serem emprestados aos clientes, com isso, gerando
maior volume de recursos no mercado. Já quando a taxa de juros de longo prazo. Assim, tecnicamente,
os níveis do recolhimento aumentam, as instituições o QE é a compra de títulos de longo prazo pelo Banco
financeiras reduzem seu volume de recursos, liberan- Central com o objetivo de atuar diretamente sobre a
do menos crédito e, consequentemente, reduzindo o taxa de juros de longo prazo.
volume de recursos no mercado. Isso acontece quando o Banco Central perde a
O recolhimento compulsório tem por finalidade capacidade de atuar sobre as taxas de curto prazo
aumentar ou diminuir a circulação de moeda no país. a fim de afetar as de longo prazo com o objetivo de,
Quando o governo precisa diminuir a circulação de assim, gerar algum estímulo na economia.
moedas no país, o Banco Central aumenta a taxa do
compulsório, pois, dessa forma, as instituições finan- ORÇAMENTO PÚBLICO
ceiras terão menos crédito disponível para população;
portanto, a economia acaba encolhendo. Segundo o site do Ministério da Economia:
Ocorre o inverso quando o governo precisa aumen-
tar a circulação de moedas no país. A taxa do compul- O orçamento público é o instrumento de planeja-
sório diminui e, com isso, as instituições financeiras mento que estima as receitas que o governo espe-
fazem um depósito menor junto ao Banco Central. ra arrecadar ao longo do próximo ano e, com base
Assim, os bancos comerciais ficam com mais moe- nelas, autoriza um limite de gastos a ser realizado
da disponível e, consequentemente, aumentam suas com tais recursos.
linhas de crédito. Com mais dinheiro em circulação, há Essa programação orçamentária consta na Lei
o aumento de consumo e a economia tende a crescer. Orçamentária Anual (LOA), elaborada com base
As instituições financeiras podem fazer transferên- nas metas e prioridades do Governo definidas na
cias voluntárias, de recursos oriundos de depósitos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
vista; porém, o depósito compulsório é obrigatório, É a LDO que estabelece a ligação entre o Plano Plu-
porque os valores que são recolhidos ao Banco Cen- rianual (PPA) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
tral são remunerados por ele para que a instituição Ao englobar receitas e despesas, o orçamento é peça
financeira não tenha prejuízos com os recursos para- fundamental para o equilíbrio das contas públicas
dos junto ao BACEN. e indica para a sociedade as prioridades definidas
O recolhimento pode ser feito em espécie (papel pelo governo, como, por exemplo, gastos com edu-
moeda), através de transferências eletrônicas para cação, saúde e segurança pública.
contas mantidas pelas instituições financeiras junto ao
BACEN ou até mesmo através de compra e venda de títu- Ou seja, o que acontece no Brasil não é diferente
los públicos federais. Além disso, o Recolhimento Com- do que acontece em uma família, é necessário definir
pulsório pode variar em função das seguintes situações: o orçamento e planejar os gastos de acordo com suas
prioridades.
� Regiões Geoeconômicas;
z Prioridades de aplicações, ou seja, necessidade do DÍVIDA PÚBLICA
governo;
z Natureza das instituições financeiras. Para entendermos corretamente o conceito de
Dívida Pública, temos que entender o conceito de Défi-
Redação dada pelo Del nº 1.959, de 14/09/82)
cit Público, sendo:
Os valores dos Recolhimentos Compulsórios são
estabelecidos pelo BACEN da seguinte forma: Déficit Público
DETERMINAR COMPULSÓRIO SOBRE DEPÓSITO À O governo, como toda família, possui receitas e
VISTA despesas, e, como toda família, geralmente o gover-
Até 100% no apresenta mais Despesas do que Receitas, dessa
maneira tem-se:
DETERMINAR COMPULSÓRIO SOBRE DEMAIS TÍ-
TULOS CONTÁBEIS E FINANCEIROS
Até 60% Déficit = Gastos - Receitas
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Quanto maior o gasto em relação às receitas, CRESCIMENTO DAS DESPESAS PÚBLICAS
maior o Déficit, de maneira contrária, quanto maior
as Receitas em relação aos gastos, tem-se Superávit. De maneira geral, os gastos públicos podem ser
O Déficit Público tem relação direta com a Dívida subdivididos em quatro categorias, sendo elas:
Pública, sendo assim:
z Consumo do Governo: Salários do Funcionalis-
mo, Consumo Corrente etc;
Quanto Mais Elevado o déficit público, Maior o au-
z Investimento do Governo;
mento da dívida
z Transferências ao Setor Privado: Como Subsídios
às Empresas;
MANEIRAS DE MENSURAÇÃO DO DÉFICIT PÚBLICO z Juros da Dívida.
De maneira geral, existem três maneiras de se De forma geral, a Dívida Pública consiste no esto-
medir o déficit público. Vamos analisar as 3 de forma que total de recursos de terceiros utilizados para
resumida: financiar o déficit público.
Todas as despesas e receitas incorridas pelo gover- São títulos emitidos pelo próprio governo para
no em determinado período. Como o próprio nome angariar recursos, na prática é a forma do governo “te
diz, o cálculo é feito pelo valor nominal, ou seja, não pedir dinheiro emprestado”. Para que você empres-
há o cálculo da inflação. Lembre-se, o Déficit Nomi- te esse recurso ao governo é necessário que o mesmo
nal não considera a inflação do período. te garanta alguma vantagem financeira na forma de
juros.
Déficit Primário Os títulos públicos não possuem garantia do FGC,
porém são considerados muito seguros, pois o gover-
Para se medir o Déficit Primário, os pagamentos e no brasileiro costuma honrar sua dívida atualmente.
recebimentos de juros são excluídos da Medida. Lem- Lembre-se que os Títulos Públicos não contam com a
bre-se, no cálculo do Déficit Primário não se conside- Garantia do FGC.
ram as despesas com juros, amortizações da dívida Entre os títulos públicos existem duas modalida-
pública, entre outras despesas e receitas financeiras. des: os títulos sem cupom e os títulos com cupom.
O principal motivo de retirar as despesas financei- Títulos sem cupom pagam seus juros apenas no
ras é evidenciar de forma concreta a fonte primária de vencimento dos títulos; enquanto títulos com cupom
aumento da dívida pública. É necessário saber que o pagam no vencimento e juros periódicos (trimestrais,
Déficit Primário é a fonte primária da dívida pública. semestrais etc).
Déficit Operacional
Importante!
É o “Déficit Real” por assim dizer, neste cálculo, é Títulos Sem Cupom pagam juros Apenas no ven-
deduzido do déficit efeitos da inflação e do pagamento cimento dos títulos.
de juros da dívida. Lembre-se que o Déficit Operacio-
Títulos Com Cupom pagam juros Periódicos.
nal deduz a Inflação e o Pagamento de Juros de seu
cálculo.
A rentabilidade de títulos com o sem cupom costu-
NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO mam ser bem parecidas, mudando apenas a frequên-
cia de pagamento.
Como uma família, o Brasil também necessita de
financiamento para suas atividades, a maneira mais Títulos sem Cupom
usual de País financiar suas atividades é por meio da
Emissão de Títulos Públicos, em resumo: São títulos públicos sem cupom:
z A maneira mais óbvia de financiar este déficit é z LFT – Letra Financeira do Tesouro (Tesouro Dire-
tomando recursos emprestados do setor privado, to Selic): Pós Fixado, atrelado à SELIC. Por ser pós
por meio da venda de títulos públicos; fixado é recomendado em cenários de alta de SELIC;
z Os títulos públicos não podem ser adquiridos dire- z LTN – Letra do Tesouro Nacional: Pré Fixado, o
tamente pelo BACEN; investidor já sabe no momento da contratação a
z Os Títulos Públicos são referenciados pela taxa rentabilidade do papel;
SELIC; z NTN-B (Principal): Notas do Tesouro Nacional Série
z Quando o governo precisa de financiamento, nor- B. Título atrelado à inflação (IGPM ou IPCA) bom
malmente sobe a taxa SELIC, o que causa um maior para o investidor que quer proteger seu ganho real.
interesse por títulos públicos;
z Um Aumento da Taxa SELIC, tira moeda da Eco- Títulos com Cupom
nomia, já que os investidores tendem a preferir
comprar títulos. São títulos públicos com cupom:
Lembre-se que um aumento da taxa Selic tende a z NTN-B: Atrelada a Inflação (IPCA ou IGPM);
diminuir a inflação e Vice e Versa. z NTN F: Pré-Fixado.
7
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Uma das engrenagens mais importantes, se não a mais importante, para que o mundo seja do jeito que é, é o
dinheiro. Ele compra carros, casas, roupas, título e, segundo alguns, só não compra a felicidade. Sendo o dinheiro
carregado com toda essa importância, cada país, estado e cidade organiza-se de forma a ter seu próprio modo de
ganhar dinheiro. Essa organização, aliás, é formada de um jeito em que a maior quantidade possível de dinheiro
possa ser adquirida. Há muito tempo, o mundo funciona dessa forma. Por isso, todos os países já conhecem muitos
caminhos e atalhos para que sua organização seja elaborada para seu benefício.
Essa organização que busca o maior número possível de riquezas é definida por uma série de importantes
órgãos do estado. No Brasil, esse órgão formador da estratégia econômica do país é chamado de Sistema Finan-
ceiro Nacional. Ele tem, basicamente, a função de controlar todas as instituições que são ligadas às atividades
econômicas dentro do país, e muitas outras funções. Tem também muitos componentes que o formam.
Existem grupos dentro do grupo do Sistema Financeiro Nacional. O mais importante dentro desse sistema é o
Conselho Monetário Nacional. Esse conselho é essencial por tomar as decisões mais importantes para a que o
país funcione de forma eficiente e eficaz.
O Conselho Monetário Nacional tem sob seu comando muitos integrantes que são importantes, cada um na sua
função. No entanto, o mais importante desses membros é o Banco Central do Brasil.
O Banco Central do Brasil é o responsável pela emissão de papel-moeda e de moeda metálica, dinheiro que
circula no país. Ele exerce, junto ao Conselho Monetário Nacional, um trabalho de fiscalização nas instituições
financeiras do país. Além disso, tem diversas utilidades, como realizar operações de empréstimos e cobrança de
créditos junto às instituições financeiras. O Banco Central é considerado o banco mais importante do Brasil, acima
de todos os outros, uma espécie de “Banco dos Bancos”.
O Sistema Financeiro Nacional, então, é uma forma de várias entidades se organizarem de modo a manter
a máquina do governo funcionando. Sua utilidade é o acompanhamento e também a coordenação de todas as
atividades financeiras que acontecem no Brasil. Esse acompanhamento acontece na forma de fiscalização. Já a
coordenação está na parte em que funcionários do Banco Central agem segundo suas responsabilidades, no cená-
rio financeiro.
Esse sistema já sofreu várias mudanças ao longo dos anos. O próprio Banco Central era outra entidade, com
nome diferente: Superintendência da Moeda e do Crédito. A mudança ocorreu por meio do art. 8º da Lei nº
4.595/1964. As moedas do Brasil já mudaram várias vezes ao longo da História brasileira. A modificação de uma
moeda nacional é, em qualquer circunstância, algo que causa muitas mudanças, mas no caso da mudança para a
atual moeda (real), essa transformação foi grandiosa. Em uma época em que a inflação era um grande terror para
economia brasileira, essa mudança, chamada de plano real, conseguiu frear a inflação e normalizar os preços do
comércio interno. Isso, seguido de uma valorização da moeda nacional, resultou em uma recuperação rápida da
economia brasileira.
Quem manuseia dinheiro todos os dias, paga suas contas, recebe seu salário, nem pensa no grande sistema que
há por trás dessas operações. Na verdade, os salários são do valor que são para que a atual quantidade de dinheiro
circule no país, para que a economia brasileira seja como é. Assim, o Sistema Financeiro Nacional toma decisões
todos os dias que são refletidas na nossa realidade.
O Sistema Financeiro Nacional é um conjunto de instituições, órgãos e afins que controlam, fiscalizam e fazem
as medidas que dizem respeito à circulação da moeda e de crédito dentro do país. O Brasil, em sua Constituição
Federal de 1988, em seu art. 192, cita qual o intuito do sistema financeiro nacional: O Sistema Financeiro Nacional,
estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em
todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que
disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
O Sistema Financeiro Nacional pode ser divido em duas partes distintas: subsistema normativo e subsiste-
ma operativo ou operador. O de normas responsabiliza-se por fazer regras para que se definam parâmetros
para transferência de recursos entre uma parte e outra, além de supervisionar o funcionamento de instituições
que façam atividade de intermediação monetária. Já o subsistema operativo ou operador torna possível que as
regras de transferência de recursos, definidas pelo subsistema de supervisão, sejam possíveis.
O subsistema normativo é formado por: Conselho Monetário Nacional, Conselho de Recursos do Sistema
Financeiro Nacional, Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários, Conselho Nacional de Segu-
ros Privados, Superintendência de Seguros Privados, Conselho Nacional da Previdência Complementar e Superin-
tendência da Previdência Complementar.
O outro subsistema, o operativo ou operador, é composto por: Instituições Financeiras Bancárias, Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo, Sistema de Pagamentos, Instituições Financeiras Não Bancárias, Agentes
Especiais, Sistema de Distribuição de TVM. As partes integrantes do subsistema operativo, citadas acima, são
grupo que compreendem instituições que são facilmente achadas em nosso dia a dia. As Instituições Financeiras
Bancárias, por exemplo, representam as Caixas Econômicas, Bancos Comerciais, Cooperativas de Crédito e Bancos
Cooperativos. As instituições Financeiras Não Bancárias são, por exemplo, Sociedades de Crédito ao Microem-
preendedor, Companhias Hipotecárias, Bancos de Desenvolvimento.
As autoridades do Sistema Financeiro Nacional também podem ser divididas em dois grupos: Autoridades
Monetárias e Autoridades de Apoio.
As autoridades monetárias são as responsáveis por normatizar e executar as operações de produção de moe-
da. São elas o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Conselho Monetário Nacional (CMN).
Já as autoridades de apoio são instituições que auxiliam as autoridades monetárias na prática da política
monetária. Um exemplo desse tipo de instituição é o Banco do Brasil. Outro tipo de autoridade de apoio são ins-
tituições que têm poderes de normatização limitada a um setor específico. O exemplo desse tipo de autoridade é
a Comissão de Valores Mobiliários.
8
As instituições financeiras, termo muito usado para definir algumas empresas, são definidas como as pes-
soas jurídicas, públicas ou privadas e que tenham sua função principal ou secundária de guardar, intermediar
ou aplicar os recursos financeiros (tanto dos próprios recursos como recursos de terceiros), que sejam em
moeda de circulação nacional ou de fora do país e também a custódia de valor de propriedade de outras pessoas.
Pessoas físicas que façam atividades paralelas às características acima descritas também são consideradas
instituições financeiras, sendo que essa atividade pode ser de maneira permanente ou não. No entanto, exercer
essa atividade sem a prévia autorização devida do estado pode acarretar ações contra essa pessoa. Essa autorização
deve ser dada pelo Banco Central e, no caso de serem estrangeiras, a partir de um decreto do Presidente da Repú-
blica. Entretanto, em 2020 o presidente editou o Decreto nº 10.029 que delegou ao Bacen o poder de autorizar o
funcionamento de instituições financeiras estrangeiras; todavia, deve-se levar em consideração que se trata de uma
delegação que pode ser avocada a qualquer momento, e trata-se de um decreto, que pode ser, também, revogado.
As decisões tomadas pelo Conselho Monetário Nacional têm total ligação com o estado da economia do país.
Suas mudanças são determinantes para o funcionamento do mercado financeiro. A chamada bolsa de valores
(mercado no qual as mercadorias são ações ou outros títulos financeiros) tem empresas, produtos e ações que
variam de acordo com o que esse sistema faz. Considerando o alto valor de dinheiro investido nesse mercado, a
bolsa de valores é um espelho das grandes proporções com as quais as decisões tomadas por esse sistema podem
afetar a vida de todas as esferas da sociedade.
O Brasil, buscando a melhor forma de servir ao seu povo, conforme ordena a Carta Magna, tem por obrigação
criar um sistema que seja capaz de organizar, de forma eficiente, a circulação de dinheiro e suas formas deriva-
das, buscando a segurança e o desenvolvimento do país. Com isso, vem o art. 192 da nossa Constituição Federal:
Art. 192 O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País
e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas
de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital
estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
A Lei nº 4595/1964 dispõe sobre o sistema que será operado no Brasil, as autoridades monetárias que serão os
agentes responsáveis por garantir que essas operações aconteçam e que sejam seguras e solidas para os agentes
financeiros e seus clientes. Acompanhe o art. 1º:
Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela presente Lei, será constituído:
I - do Conselho Monetário Nacional;
II - do Banco Central do Brasil
III - do Banco do Brasil S. A.;
IV - do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social;
V - demais instituições financeiras públicas e privadas.
O Sistema Financeiro Nacional é ainda composto pela Comissão de Valores Mobiliários (Lei 6385/1976).
É o órgão normativo máximo no SFN. É ele quem dita as normas que serão seguidas pelas instituições finan-
ceiras. Além disso, o CMN é responsável por formular as políticas da moeda e crédito no país, ou seja, é responsá-
vel por coordenar todas as políticas econômicas do país e, principalmente, a política monetária.
9
Suas reuniões ordinárias, ou seja, comuns, são Compete ao Presidente do Conselho deliberar ad
mensais, e ao final de cada reunião é emitida uma referendum do colegiado, nos casos de urgência e de
resolução da qual é lavrada uma ata, cujo extrato é relevante interesse. Perceba que o Presidente não tem
publicado no Diário Oficial da União (DOU) e no Sis- o famoso “voto de minerva”, ou seja, não possui voto de
tema de Informação do Banco Central (SISBACEN), desempate, pois ele pode tomar decisões sozinho, em
excluindo-se os assuntos confidenciais discutidos na casos de urgência, e depois submeter essa decisão à vota-
reunião. ção na reunião ordinária ou extraordinária do colegiado.
O Banco Central do Brasil é a Secretaria-Execu-
DECRETO Nº 1.307, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1994 tiva do CMN e da Comissão Técnica da Moeda e do
Crédito (Comoc). Compete ao Banco Central organi-
Art. 30 As decisões de natureza normativa serão zar e assessorar as sessões deliberativas (preparar,
divulgadas mediante resoluções assinadas pelo assessorar, dar suporte durante as reuniões, elaborar
Presidente do Banco Central do Brasil, veicu- as atas e manter seu arquivo histórico).
ladas pelo Sistema de Informações Banco Central
(SisBacen) e publicadas no Diário Oficial da União. z Objetivos do CMN
Parágrafo único. As decisões de caráter confiden-
cial serão comunicadas somente aos interessados.
Agora, vamos saber o que o CMN faz de fato, qual
[...] sua missão. Para isso, a Lei deu ao CMN objetivos que
Art. 33º [...] são sua missão, o motivo de ele existir. Os objetivos do
§ 1º Após as atas terem sido assinadas por todos os CMN são 9, e as atribuições, que são as armas que o
conselheiros, extratos das atas serão publicados CMN tem para cumprir os objetivos, são 39!
no Diário Oficial da União, excluídos os assun- Você não precisa decorar todos os objetivos e atri-
tos de caráter confidencial. buições do CMN. Basta guardar 4 dos 6 objetivos, pois
são os que mais caem nas provas, e adicionar uma
Resumindo: Tanto as Resoluções quanto os extra- regrinha dos verbos, na qual veremos que tanto os
tos são publicados no DOU e no SISBACEN; entretanto, objetivos quanto as atribuições sempre serão inicia-
se houver algum assunto confidencial, este não será das com verbos de poder, mandar, autoridade.
divulgado a todos publicamente, apenas aos interes- Dos objetivos do CMN, descartamos 2, que são:
sados. Entretanto, a resolução como um todo deve ser Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos
publicada, excluindo-se as partes confidenciais. instrumentos financeiros” e
O CMN é um órgão colegiado, composto por um minis- Estabelecer, para fins da política monetária e
tro, o Presidente do Banco Central e o Secretário Especial cambial, as condições especificas para negociação
de Fazenda do Ministério da Economia, todos indicados de contratos derivativos...
pelo Presidente da República, sendo o Presidente do Bacen
submetido à aprovação do Senado Federal. Esses não são cobrados com frequência em provas,
até por não terem contexto ou conexão com assuntos
dos editais. Sendo assim, ficamos com 4 objetivos e as
Ministro da Economia
(Presidente do Conselho) atribuições. Mais à frente, faremos relações entre as
atribuições e os objetivos do CMN, o que nos ajudará
bastante a lembrar deles na hora da prova.
CMN Vejamos a seguir a sequência dos objetivos do CMN:
Secretário Especial de
Presidente do Banco Central Orientar
Fazenda do Ministério da
do Brasil
Economia
Propiciar
Importante: Em fevereiro de 2021, foi publicada a
Objetivos do CMN
Art. 8º O presidente do CMN poderá convidar Você percebeu algo estranho naquele que está des-
para participar das reuniões do conselho sem tacado? Ele não é um verbo de mandar, mas sim de
direito a voto outros Ministros de Estado, assim fazer, de “colocar a mão na massa”. Essa é a única
como representantes de entidades públicas ou exceção do CMN a regra dos verbos, então, atente-se
privadas. ao verbo zelar, pois ele cai muito em provas, por se
Art. 16 [...] tratar de uma exceção.
§ 1º Poderão assistir às reuniões do CMN: Agora que vimos os verbos vinculados aos objeti-
a) assessores credenciados individualmente pelos vos do CMN, você percebeu que esses verbos indicam
conselheiros; poder, mandar, autoridade. Logo, fica fácil memori-
b) convidados do presidente do conselho. zar as competências o CMN, pois elas sempre serão
§ 2º Somente aos conselheiros é dado o direito de iniciadas por um verbo que indica mandar. Então,
voto. vejamos na íntegra os objetivos:
10
Orientar a aplicação dos recursos das institui- O centro da meta é o que CMN entende que seria
ções financeiras públicas ou privadas, de forma a meta ideal para o cenário econômico do país. Entre-
a garantir condições favoráveis ao desenvolvi- tanto, engessar um número no mercado financeiro
mento equilibrado da economia nacional. não é bom, principalmente um índice que avalia os
preços do mercado; então, o CMN admite uma peque-
É muito importante que o CMN oriente a forma na variação para mais ou para menos. Caso o índice
como as instituições irão investir seus recursos, pois de inflação, IPCA, inflação oficial, esteja dentro des-
sa margem de variação (ou margem de tolerância),
más decisões no mercado financeiro custam mui-
entende-se que o Banco Central cumpriu a meta de
to dinheiro e até a falência de várias instituições. É
inflação estabelecida pelo CMN. O CMN diminuiu, a
importante destacar que ele orienta todas as institui-
partir de 2017, a margem de tolerância de 2% para
ções financeiras, incluindo as públicas.
1,5%, estabelecendo um novo teto e um novo piso.
Por causa dos objetivos, o CMN recebeu da Lei
Zelar pela liquidez e solvência das instituições 4595/64 várias atribuições, ou seja, as armas que ele
financeiras. tem para poder cumprir seus objetivos, das quais desta-
camos algumas que mais frequentes em prova. Podemos
Esse objetivo cai com muita frequência nas provas, conectá-las aos objetivos para nos ajudar a memorizar
pois se trata de uma exceção à regra dos verbos de mais, sem ter de utilizar apenas a regra dos verbos. Veja
mandar. Ele faz com que o CMN sempre tenha como a seguir os principais verbos ligados às atribuições:
preocupação buscar que as instituições financeiras
tenham recursos disponíveis em seu caixa, mantendo- Fixar diretrizes
-se líquidas e honrando seus compromissos para com
Disciplinar
seus credores, mantendo-se solventes.
Estabelecer limites
Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e
Determinar
dos instrumentos financeiros, de forma a tor-
nar mais eficiente o sistema de pagamentos e Regulamentar
Atribuições
Principais
mobilização de recursos;
Outorgar
Estabelecer, para fins da política monetária
e cambial, as condições específicas para nego- Estabelecer
ciação de contratos derivativos, estabelecendo
limites compulsórios, definindo as próprias Regular
características dos contratos existentes e crian- Expedir normas
do novos;
Coordenar as políticas monetária, creditícia, Disciplinar
orçamentária, fiscal e da dívida pública interna Delimitar
e externa.
OBJETIVOS ATRIBUIÇÕES CORRESPONDENTES
É importante destacar que o CMN sempre será
o responsável por formular essas políticas. Como Delimitar, com periodicidade não in-
Zelar pela
vimos, o CMN não costuma fazer coisas, mas apenas ferior a dois anos, o capital mínimo
liquidez e
mandar; então, quando o CMN formula políticas, ele das instituições financeiras privadas,
solvência das
as envia ao Bacen, que as executa. levando em conta sua natureza, bem
instituições
como a localização de suas sedes e
financeiras
Estabelecer a meta de inflação. agências ou filiais
Orientar a
Esse é um dos mais importantes objetivos do CMN, aplicação dos
que aparece com frequência nas provas. O CMN pas- recursos das
sa a ser o responsável por estabelecer um parâmetro instituições
para metas de inflação no Brasil. Ele, com base em financeiras
estudos e avaliações da economia, estabelece uma públicas ou
meta para a inflação oficial, que deverá ser cumpri- privadas, de Regular a constituição, o funcionamen-
da pelo Bacen dentro do ano indicado. Hoje, no Brasil, forma a garan- to e a fiscalização de todas as institui-
temos uma meta de inflação que é dividida da seguin- tir condições ções financeiras que operam no país
te forma até dezembro de 2021: favoráveis
ao desen-
volvimento
Teto de 5,25% a.a
equilibrado
da economia
Parâmetros da Meta de
Coordenar
as políticas
Centro de 3,75% a.a � Disciplinar o crédito e suas moda-
monetária,
lidades e as formas das operações
creditícia,
creditícias
Margem de tolerância de orçamentária,
� Estabelecer limites para a remunera-
1,5% para menos fiscal e da
ção das operações e serviços bancá-
dívida públi-
rios ou financeiros
ca interna e
Piso de 2,25% a.a
externa
11
Existem algumas atribuições do CMN que não I - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no
fizemos conexões, pois são bastante independentes. dia 1º de março do primeiro ano de mandato do
Entretanto, não deixaremos de comentá-las, pois Presidente da República;
caem bastante em provas, logo, merecem nossa aten- II - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no
ção. São elas: dia 1º de janeiro do segundo ano de mandato do
Presidente da República;
z Expedir normas gerais de estatística e contabilida- III – O Presidente do Banco Central e 2 (dois) Direto-
de a serem apreciadas pelas instituições financei- res terão mandatos com início no dia 1º de janeiro
ras. Atente-se a esta atribuição, que costuma cair do terceiro ano de mandato do Presidente da Repú-
em questões mais elaboradas; blica; e
z Disciplinar as atividades das bolsas de valores IV - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início
(define o que é uma bolsa de valores e o que elas no dia 1º de janeiro do quarto ano de mandato do
Presidente da República.
fazem);
z Fixar as diretrizes e normas da política cam-
bial, inclusive quanto a compra e venda de ouro Será admitida uma recondução para o Presiden-
e quaisquer operações em Direitos Especiais de te e para os Diretores do Banco Central do Brasil que
Saque e em moeda estrangeiras; houverem sido nomeados na forma da LC179/2021.
z Outorgar ao Banco Central da República do Bra- Além disso, no exercício dos mandatos, o presiden-
sil o monopólio das operações de câmbio quando te e os demais diretores do Bacen são fixos e estáveis.
ocorrer grave desequilíbrio no balanço de paga- Isso significa que, uma vez investidos nos cargos de
mentos ou houver sérias razões para prever a imi- diretos, eles só podem ser demitidos nas seguintes
nência de tal situação; hipóteses:
z Baixar normas que regulem as operações de câm-
bio, inclusive swaps, fixando limites, taxas, prazos Art. 5º [...]
I - a pedido;
e outras condições.
II - no caso de acometimento de enfermidade que
Atenção: Nas provas das bancas mais exigentes, incapacite o titular para o exercício do cargo;
é comum aparecer o CMN contextualizado com Con- III - quando sofrerem condenação, mediante deci-
gresso Nacional, Senado Federal e Câmara dos Depu- são transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado, pela prática de ato de improbidade
tados. Então, temos uma regra básica que vai te ajudar
administrativa ou de crime cuja pena acarrete, ain-
em qualquer competência do CMN que possa ser per-
da que temporariamente, a proibição de acesso a
guntada e contextualizada com o Poder Legislativo. cargos públicos;
IV - quando apresentarem comprovado e recorren-
Dica te desempenho insuficiente para o alcance dos obje-
O CMN só se relaciona com o Senado Federal, ou tivos do Banco Central do Brasil.
seja, Câmara dos Deputados, nunca!
Segundo o § 1º do art. 5º da LC, na hipótese acima,
Exceto dois casos em que aparece o Congresso compete ao Conselho Monetário Nacional submeter ao
Nacional na Lei 4595/64: Presidente da República a proposta de exoneração, cujo
aperfeiçoamento ficará condicionado à prévia aprova-
Art. 4º [...] ção, por maioria absoluta, do Senado Federal.
XVI - Enviar obrigatoriamente ao Congresso Nacio- O Bacen é a autarquia executiva central do SFN,
nal, até o último dia do mês subsequente, relatório além de Supervisora, com a missão primária de garan-
e mapas demonstrativos da aplicação dos recolhi- tir a estabilidade do poder de compra da moeda
mentos compulsórios (vetado); nacional, e secundárias de zelar pela estabilidade e
[...] eficiência do SFN, suavizar as flutuações do nível de
§ 6º O Conselho Monetário Nacional encaminhará atividade econômica e fomentar o pleno emprego.
ao Congresso Nacional, até 31 de março de cada Realiza duas reuniões ordinárias semanalmente,
ano, relatório da evolução da situação monetária e
nas quais são lavradas circulares e as atividades de
creditícia do País no ano anterior, no qual descreve-
sua competência privativa; também podem ser emi-
rá, minudentemente as providências adotadas para
tidas resoluções. Sua sede fica em Brasília, e tem
cumprimento dos objetivos estabelecidos nesta
outras 9 representações nas capitais dos estados do
lei, justificando destacadamente os montantes das
emissões de papel-moeda que tenham sido feitas Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro,
para atendimento das atividades produtivas. Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará.
O Bacen tem ainda 4 objetivos:
Banco Central Do Brasil (Bacen)
z Zelar pela adequada liquidez da economia;
O Bacen é uma autarquia colegiada independente z Zelar pela estabilidade e promover o permanente
composta por nove diretorias, incluindo a presidên- aperfeiçoamento do sistema financeiro;
cia. Todos indicados pelo Presidente da República z Manter as reservas internacionais em nível adequado;
com aprovação do Senado Federal, sem vinculação z Estimular a formação de poupança.
a nenhum ministério.
Deverão ser nomeados o Presidente e 8 Diretores Cuidado! Lembre-se que existe um zelar que é
do Banco Central do Brasil, cujos mandatos atende- competência do CMN: Zelar pela liquidez e solvência
rão à seguinte escala, dispensando-se nova aprovação das instituições financeiras. Então, caso apareça um
pelo Senado Federal para os indicados que, na oca- verbo zelar e não for associado ao texto acima, auto-
sião, já estejam no exercício do cargo. Acompanhe os maticamente, será competência do Bacen.
incisos do § 2º do art. 4º da Lei Complementar nº 179, Dentre as várias competências do Bacen, vale
de 24 de fevereiro de 2021: ressaltar:
12
z Emitir papel-moeda e moeda metálica; Não se esqueça de que os verbos relacionados
z Executar os serviços do meio circulante; ao CMN são sempre verbos de autoridade. São ver-
z Determinar a taxa de recolhimento compulsó- bos como: regular, autorizar, estabelecer, coordenar,
rio até 100% dos depósitos à vista e 60% títulos fixar normas, disciplinar, orientar etc.
contábeis das instituições financeiras; Já os verbos empregados ao Bacen são verbos de
z Receber recolhimentos compulsórios e voluntá- ação, ou seja, verbos que indicam “botar as mãos na
rios das instituições financeiras e bancárias; massa” ou apenas supervisionar. São exemplos: execu-
tar, exercer, realizar, controlar, fiscalizar, aplicar etc.
z Realizar e regulamentar operações de redescon-
Entretanto, atente-se, pois o Bacen tem 6 exceções
to e empréstimo às instituições financeiras;
a essa regra. São: 3 regular, 1 estabelecer, 1 autori-
z Regular a execução dos serviços de compensação zar e 1 determinar.
de cheques e outros papéis;
z Regulamentar e efetuar operações de compra e z Regular a compensação de cheques e outros papéis;
venda de títulos públicos federais; z Regular o mercado de câmbio e suas operações e
z Exercer o controle do crédito sobre todas as suas flutuações;
formas; z Regular a concorrência entre as instituições financeiras;
z Exercer a fiscalização das instituições financeiras; z Estabelecer as condições para o exercício de
z Autorizar o funcionamento das instituições finan- cargos de administração/direção das instituições
ceiras no país; financeiras privadas;
z Estabelecer as condições para o exercício de quais- z Autorizar o funcionamento de instituições finan-
quer cargos de administração/direção nas institui- ceiras no país;
ções financeiras privadas; z Determinar a taxa do recolhimento compulsório.
z Vigiar a interferência de outras empresas nos
mercados financeiros e de capitais; O Bacen recebe vários apelidos, devido às várias
z Controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. atividades que realiza. São eles:
Atenção! Autorizar o funcionamento de Institui- � Banco dos Bancos: Quando recebe os depósitos
compulsórios e voluntários das instituições finan-
ções Financeiras Estrangeiras no País, só por Decreto
ceiras, e estes voluntários, apenas oriundos dos
do Poder Executivo.
depósitos à vista;
Lei 4595/1964 z Banqueiro do Governo: Quando centraliza o cai-
xa do governo e administra as reservas internacio-
Art. 18 As instituições financeiras somente pode- nais, bem como as reservas em ouro do Brasil;
rão funcionar no País mediante prévia autorização z Banco Emissor: Quando emite o papel moeda
do Banco Central da República do Brasil ou decreto autorizado pelo CMN e fabricado pela Casa da
do Poder Executivo, quando forem estrangeiras. Moeda do Brasil;
z Emprestador de última Instância: Quando reali-
Conforme dito anteriormente, entretanto, em 2020 za o empréstimo de liquidez, ou redesconto, às ins-
tituições financeiras. Vale lembrar mais uma vez
o presidente editou o Decreto nº 10.029 que delegou
que o Bacen é proibido pela Constituição Federal
ao Bacen o poder de autorizar o funcionamento de
de emprestar dinheiro a qualquer entidade que
instituições financeiras estrangeiras. Reiteramos que
não seja uma instituição financeira.
deve ser levado em consideração que se trata de uma
delegação que pode ser avocada a qualquer momento,
Apenas para relembrar, esse empréstimo, que nós
e de um decreto que pode ser, também, revogado. já conhecemos pelo nome de redesconto do Banco
Não se esqueça de que o Bacen regulamenta o Central e que já explicamos no início da matéria, tem
câmbio (inciso XV do art. 10 da Lei 4595/64), a com- as seguintes modalidades, como vimos antes:
pensação de cheques e outros papéis e a concorrên-
cia entre as instituições financeiras. Acompanhe o § 2º z Intradia, destinado a atender necessidades de li-
do art. 18 da mesma lei: quidez de instituição financeira, ao longo do dia. É
o chamado redesconto a juros zero;
§ 2º O Banco Central da República do Brasil, no
z De um dia útil, destinado a satisfazer necessida-
exercício da fiscalização que lhe compete, regula-
des de liquidez decorrentes de descasamento de
rá as condições de concorrência entre instituições
curtíssimo prazo no fluxo de caixa de instituição
financeiras, coibindo-lhes os abusos com a aplica-
financeira;
ção da pena nos termos desta lei.
z De até quinze dias úteis, podendo ser recontrata-
do desde que o prazo total não ultrapasse quarenta
O CMN orienta a aplicação dos recursos das e cinco dias úteis, destinado a satisfazer necessi-
instituições financeiras. Também regulamenta a dades de liquidez provocadas pelo descasamento
constituição, o funcionamento e a fiscalização das de curto prazo no fluxo de caixa de instituição
instituições financeiras que operam no país. financeira e que não caracterizem desequilíbrio
O Bacen autoriza o funcionamento das institui- estrutural;
ções financeiras e também estabelece as condições z De até noventa dias corridos, podendo ser recon-
para exercer quaisquer cargos de direção nas insti- tratado desde que o prazo total não ultrapasse cen-
tuições financeiras privadas. to e oitenta dias corridos, destinado a viabilizar o
ajuste patrimonial de instituição financeira com
Dica desequilíbrio estrutural.
Zelar pela liquidez e solvência das instituições Entende-se por operação intradia a compra com
financeiras é do CMN. compromisso de revenda em que a compra e a corres-
Zelar pelo resto que aparecer é com o Bacen! pondente revenda ocorrem no próprio dia.
13
FORMAS DE REDESCONTO Vale ressaltar que existe também uma taxa Selic cha-
mada Selic Over, que é a taxa SELIC de um dia especí-
O Bacen só aceita redescontar Títulos Públi- fico, pois o que é traçado pelo Copom é uma meta, mas
Intradia cos Federais
o que acontece diariamente chama-se Selic Over; isso
(Juros Zero)
ocorre porque, como qualquer outro papel que vale
O Bacen só aceita redescontar Títulos Públi- dinheiro, os títulos públicos variam de preço todo dia.
1 dia útil cos Federais Até dezembro de 2017, o Copom podia divulgar
(Há cobrança de juros pelo Bacen)
essa Meta da Taxa Selic com um viés, ou seja, com uma
Qualquer título serve para ser redescontado, tendência de alta ou de baixa. Esse artifício era utili-
Até 15 dias desde que o Bacen entenda que é um título zado para casos extremos de variação econômica nos
úteis seguro e com garantia quais o Presidente do Copom poderia elevar ou abai-
(Há cobrança de juros pelo Bacen)
xar a taxa Selic sem, necessariamente, convocar uma
Qualquer título serve para ser redescontado, reunião extraordinária do colegiado do comitê. Entre-
Até 90 dias desde que o Bacen entende que é um título tanto, em 19 de dezembro de 2017, através da Circular
corridos seguro e com garantia 3868, o Bacen não mais autorizou ao Copom divulgar
(Há cobrança de juros pelo Bacen) Taxa Selic com vieses de alta ou de baixa, para evitar
quaisquer tipos de especulações no mercado.
Comitê de Política Monetária (Copom) As reuniões ordinárias do Copom ocorrem apro-
ximadamente de 45 em 45 dias e dividem-se em dois
Instituído em 20 de junho de 1996, tem como objetivo dias/sessões: geralmente, a primeira sessão às terças-
estabelecer as diretrizes da política monetária e definir -feiras e a segunda, às quartas-feiras.
a taxa de juros básica que será seguida pelos bancos.
O número de reuniões ordinárias foi reduzido para
O Copom é composto pelos membros da Diretoria
oito ao ano a partir de 2006, sendo o calendário anual
Colegiada do Banco Central do Brasil: o presiden-
divulgado até o fim de junho do ano anterior, admitidas
te, que tem o voto de qualidade; e os diretores de
modificações até o último dia do ano da divulgação.
Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão
No primeiro dia das reuniões, os chefes de depar-
de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do
Sistema Financeiro e Controle de Operações do Cré- tamento apresentam uma análise da conjuntura
dito Rural, Política Econômica, Política Monetária, doméstica abrangendo inflação, nível de atividade,
Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento evolução dos agregados monetários, finanças públi-
Institucional e Cidadania. cas, balanço de pagamentos, economia internacional,
Também participam do primeiro dia da reunião os mercado de câmbio, reservas internacionais, mercado
chefes dos seguintes departamentos do Banco Central: monetário, operações de mercado aberto, avaliação
Departamento de Operações Bancárias e de Sistema prospectiva das tendências da inflação e expectati-
de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações vas gerais para variáveis macroeconômicas.
do Mercado Aberto (Demab), Departamento Econô- No segundo dia da reunião, do qual participam
mico (Depec), Departamento de Estudos e Pesquisas apenas os membros do Comitê e o chefe do Depep,
(Depep), Departamento das Reservas Internacionais sem direito a voto, os diretores de Política Monetária
(Depin), Departamento de Assuntos Internacionais e de Política Econômica, após análise das projeções
(Derin) e Departamento de Relacionamento com In- atualizadas para a inflação, apresentam alterna-
vestidores e Estudos Especiais (Gerin). tivas para a taxa de juros de curto prazo e fazem
A primeira sessão dos trabalhos conta ainda com a recomendações acerca da política monetária. Em
presença do chefe de gabinete do presidente, do asses- seguida, os demais membros do Copom fazem suas
sor de imprensa e de outros servidores do Banco Cen- ponderações e apresentam eventuais propostas alter-
tral, quando autorizados pelo presidente. nativas. Ao final, procede-se à votação das propostas,
Destaca-se a adoção, pelo Decreto 3.088, em 21 buscando-se, sempre que possível, o consenso. A deci-
de junho de 1999, da sistemática de metas para a são final – a meta para a Taxa Selic e o viés, se houver
inflação como diretriz de política monetária. Des- – é imediatamente divulgada à imprensa ao mesmo
de então, as decisões do Copom passaram a ter como tempo em que é expedido Comunicado através do Sis-
objetivo cumprir as metas para a inflação definidas tema de Informações do Banco Central (SisBacen).
pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o mes- As atas em português das reuniões do Copom são
mo Decreto, se as metas não forem atingidas, cabe divulgadas às 8h30 da quinta-feira da semana posterior
ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta a cada reunião, dentro do prazo regulamentar de até
Aberta ao Ministro da Economia, os motivos do des- quatro dias úteis após o fim da segunda sessão, sen-
cumprimento, bem como as providências e prazo para do publicadas na página do Banco Central na internet1
o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos. e para a imprensa a partir das 18h30 do dia da segunda
Formalmente, os objetivos do Copom são: sessão. Em inglês, deverão ser publicadas no 7º dia útil.
Ao final de cada trimestre civil, o Copom divulga,
z Implementar a política monetária;
através do Bacen, o documento Relatório de Infla-
z Analisar o Relatório de Inflação divulgado pelo
Banco Central ao final de cada trimestre civil; ção2, que analisa detalhadamente a conjuntura eco-
z Definir a meta para a Taxa Selic, ficando viés nômica e financeira do País, bem como apresenta suas
extinto (Circular 3868/17). projeções para a taxa de inflação. Dentro das políti-
cas monetárias, o CMN e o Bacen, buscando facilitar
A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a Meta a confecção desse relatório de inflação, criaram os
para a Taxa Selic (taxa média dos financiamentos diá- aglomerados monetários, e dentro deles, os meios de
rios, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema pagamento, que são a forma como o dinheiro está pre-
Especial de Liquidação e Custódia – Selic), a qual vigora sente na economia, quer em dinheiro “vivinho” ou em
por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. “papel que vale dinheiro”.
1 Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom
2 Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/ri
14
Comissão De Valores Mobiliários (CVM) Atenção: Estimular a formação de poupança tarefa é
do Bacen, mas estimular a formação de poupança para
z Lei 6.385/1976 e alterações posteriores aplicação em valores mobiliários compete à CVM.
Também é tarefa da CVM promover a expansão e
Apenas em 1976, portanto, 12 anos após a criação
o funcionamento eficiente e regular do mercado de
do SFN, foi criada a CVM, uma autarquia, em regime
ações e estimular as aplicações permanentes em ações
especial, vinculada ao Ministério da Economia, cole-
do capital social das companhias abertas.
giada, independente.
É atribuição da CVM fiscalizar os seguintes valo-
Ela é composta por 5 Diretores, incluindo o pre-
res mobiliários:
sidente, todos indicados pelo Presidente da Repú-
blica e aprovados pelo Senado Federal. Todos têm
mandato fixo e estabilidade; atente-se ao fato de que z Ações (e suas distribuições públicas);
mandato é de 5 anos, proibida a recondução, ou seja, z Debêntures e suas cédulas (e suas distribuições
a “reeleição”, e a cada ano a comissão se renova em públicas);
um quinto, ou seja, sai um dos 5 e entra um novo. z Bônus de subscrição (e suas distribuições públicas)
z Cotas de Fundos de Investimentos;
Dica z Notas promissórias comerciais – commercial pa-
pers (e suas distribuições públicas);
Lembre-se de que a CVM adora o número 5! Qual- z Fundos de investimento;
quer coisa diferente de 5 está errada: z Derivativos, Contratos Futuros e de Opções (Deri-
� 5 diretores; vativos são contratos que derivam a maior parte
� Mandato de 5 anos; de seu valor de um ativo subjacente, taxa de refe-
� Renovados a cada ano e 1/5. rência ou índice).
Suas reuniões ordinárias são semanais, das quais É atribuição da CVM fiscalizar os seguintes merca-
são emitidas Instruções Normativas de vinculação dos de valores mobiliários:
Nacional. A comissão é responsável por regulamen-
tar, desenvolver, controlar e fiscalizar o Mercado de
z Mercado de balcão;
Valores Mobiliários do país. A CVM sempre vai ter
z Bolsas de valores.
suas atribuições ligadas aos termos “Valores Mobiliá-
rios” ou “Mercado de Capitais”.
Acompanhe o art. 3º da Lei 6.385/1976: Cabe ao CMN disciplinar as atividades das Bolsas
de Valores. Também compete ao CMN estabelecer,
Art. 3º Compete ao Conselho Monetário Nacional: para fins da política monetária e cambial, condições
I - definir a política a ser observada na organiza- específicas para negociação de contratos de derivati-
ção e no funcionamento do mercado de valores vos, independentemente da natureza do investidor.
mobiliários; Não são títulos de responsabilidade da CVM:
II - regular a utilização do crédito nesse mercado;
III - fixar, a orientação geral a ser observada pela z Títulos Públicos (Federais, Estaduais e Municipais);
Comissão de Valores Mobiliários no exercício de
z Títulos Cambiais.
suas atribuições;
IV - definir as atividades da Comissão de Valores
Mobiliários que devem ser exercidas em coordena- Estes são competência do Banco Central. Compete
ção com o Banco Central do Brasil. ao Bacen fiscalizar o Mercado de Capitais quando de
V - aprovar o quadro e o regulamento de pessoal da títulos de valores mobiliários não contemplados pela
Comissão de Valores Mobiliários Lei 6.385/76. Logo, o BACEN fiscaliza tudo o que a CVM
VI - estabelecer, para fins da política monetária não fiscalizar no Mercado de Capitais.
e cambial, condições específicas para negociação
de contratos derivativos, independentemente da
natureza do investidor (Incluído pela Lei nº 12.543,
de 2011)
§ 1o Ressalvado o disposto nesta Lei, a fiscaliza- INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
ção do mercado financeiro e de capitais con-
tinuará a ser exercida, nos termos da legislação SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: ESTRUTURA
em vigor, pelo Banco Central do Brasil. (Incluído DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; ÓRGÃOS
pela Lei nº 12.543, de 2011) NORMATIVOS E INSTITUIÇÕES SUPERVISORAS,
EXECUTORAS E OPERADORAS
Ou seja, tudo que não for dado como responsabi-
lidade da CVM, será do Bacen. Assim, a CVM e o CMN
Ótimo, agora sabemos tudo sobre quem normatiza
exercem as funções de:
e quem fiscaliza as instituições financeiras, mas quem
Assegurar o funcionamento eficiente e regular são de fato estas instituições financeiras?
dos mercados de bolsa e de balcão;
Proteger os titulares de valores mobiliários; Lei 4.595/1964
Evitar ou coibir modalidades de fraude ou
manipulação no mercado; Art. 17 Consideram-se instituições financeiras,
Assegurar o acesso do público a informações para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas
sobre valores mobiliários negociados e sobre as jurídicas públicas ou privadas, que tenham
companhias que os tenham emitido; como atividade principal ou acessória a cole-
Assegurar a observância de práticas comerciais ta, intermediação ou aplicação de recursos
equitativas no mercado de valores mobiliários; financeiros próprios ou de terceiros, em moeda
Estimular a formação de poupança e sua apli- nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
cação em valores mobiliários. propriedade de terceiros.
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Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legis- O resultado desta equação chama-se spread. Este
lação em vigor, equiparam-se às instituições termo nada mais é do que a diferença entre a receita
financeiras as pessoas físicas que exerçam das taxas de juros que o banco recebe, e as despesas
qualquer das atividades referidas neste arti- que o banco tem para captar os recursos que serão
go, de forma permanente ou eventual. emprestados.
Art. 18 As instituições financeiras somente
poderão funcionar no País mediante prévia
autorização do Banco Central da República do
Juro pago ao Juro pago pelo
Brasil ou decreto do Poder Executivo, quando banco por seus banco a seus
SPREAD
BANCÁRIO
forem estrangeiras. devedores credores
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duráveis, emprestar sob garantia de penhor indus- em empresas nacionais através da subscrição de ações
trial e caução de títulos, bem como tem o monopólio e debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de
do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob con- fundamental importância, na execução de sua política
signação e tem o monopólio da venda de bilhetes de de apoio, a observância de princípios ético-ambientais
loteria federal. Além de centralizar o recolhimento e assume o compromisso com os princípios do desen-
e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do volvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), inte- e os programas do BNDES atendem às necessidades
gra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo de investimentos das empresas de qualquer porte
(SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). e setor, estabelecidas no país. A parceria com ins-
tituições financeiras, com agências estabelecidas em
todo o país, permite a disseminação do crédito, pos-
Banco do Brasil S/A
sibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES.
O BB é uma S/A, Múltipla, Pública, de capital
Operações Passivas de uma Instituição Financeira
aberto, onde o Governo Federal é o acionista majori-
tário, portanto é uma Sociedade de Economia Mista,
z Depósitos à vista ou depósitos em conta corren-
onde existe capital público e privado, juntos. te ou depósitos a Custo Zero:
É o principal executor da política oficial de cré-
dito rural. São a captação de recursos junto ao público em
Tem algumas funções atípicas, pois ainda é um geral, pessoas físicas e jurídicas. Os depósitos à vis-
grande parceiro do Governo Federal, são elas: ta têm como características não são remunerados
e permanecem no banco por prazo indeterminado,
z Executar e administrar os serviços da câmara de sendo livres as suas movimentações.
compensação de cheques e outros papéis; Para o banco, geram fundos (funding) para lastrear
z Efetuar os pagamentos e suprimentos necessários operações de créditos de curto prazo, porém, uma
à execução do Orçamento Geral da União; parte deve ser recolhida ao BACEN, como depósito
z Aquisição e financiamento dos estoques de produ- compulsório, servindo portando como instrumento
ção exportável; de política monetária. Outra parte destina-se ao cré-
z Agenciamento dos pagamentos e recebimentos dito contingenciado, conforme parâmetros definidos
fora do País; pelo CMN, e o restante são os recursos livres para
z Operador dos fundos setoriais, como Pesca e aplicações, pelo banco.
Reflorestamento; A movimentação das contas correntes, cujos recur-
z Captação de depósitos de poupança, com direcio- sos são de livre movimentação pelos seus titulares,
namento para o crédito rural, e operacionalização são movimentadas por meio de depósitos, cheques,
do FCO – Fundo Constitucional do Centro-Oeste; ordens de pagamento, documentos de créditos (DOC),
transferências eletrônicas disponíveis (TED) e outros.
z Execução dos preços mínimos dos produtos
A abertura e movimentação de contas correntes
agropastoris;
são normatizadas pelo CMN, por meio das Resoluções
z Execução dos serviços da dívida pública consolidada;
n. 2025 e 2.747 e dispositivos complementares.
z Realizar, por conta própria, operações de compra De regra todo depósito é feito no Caixa do Banco,
e venda de moeda estrangeira e, por conta do que recebe o dinheiro e autentica a ficha de depósito,
BACEN, nas condições estabelecidas pelo CMN; que vale como prova de que foi feito o depósito e que
z Arrecadação dos tributos e rendas federais, a o cliente entregou tal dinheiro ao Banco.
critério do Tesouro Nacional; As fichas de depósitos devem ser preenchidas pelo
z Executor dos serviços bancários para o Gover- cliente ou por funcionário do Banco, constando, espe-
no Federal, e suas autarquias, bem como de todo cificamente, os valores em cheque e em dinheiro, sen-
os Ministérios e órgãos acessórios. do que uma das vias da ficha será entregue ao cliente
e a outra será o documento contábil do caixa.
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento O depósito tanto pode ser feito em dinheiro cor-
Econômico e Social rente, como em cheques, que serão resgatados pelo
Banco depositário junto ao serviço de compensação
Criado em 1952 como autarquia federal, foi enqua- de cheques, ou pelo serviço de cobrança.
drado como uma empresa pública federal, com Os depósitos em dinheiro produzem o imediato
personalidade jurídica de direito privado e patri- crédito na conta corrente em que foi depositado, mas
mônio próprio, pela Lei 5.662, de 21 de junho de os depósitos em cheque só terão o crédito liberado
1971. O BNDES é uma Empresa Pública vinculada ao após seu resgate.
Ministério da Economia e tem como objetivo: Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO
z Apoiar empreendimentos que contribuam para o É importante mencionar que o depósito à vista é
desenvolvimento do país. uma das principais formas que as Instituições Finan-
ceiras têm de criar moeda escritural, ou seja, moedas
Suas linhas de apoio contemplam financiamentos que são dados em um computador, que não existem
de longo prazo e custos competitivos, para o desen- materialmente. Logo, só os captadores de depósito à
volvimento de projetos de investimentos e para vista criam moeda escritural.
a comercialização de máquinas e equipamentos
novos, fabricados no país, bem como para o incre- z Depósito a prazo ou depósito a prazo fixo:
mento das exportações brasileiras. Contribui, tam-
bém, para o fortalecimento da estrutura de capital das São depósitos em que o cliente dá ao banco um
empresas privadas e desenvolvimento do mercado de prazo para sacar o dinheiro, ou seja, o cliente não
capitais. A BNDESPAR, subsidiária integral, investe poderá sacar sem prévio aviso ao banco. Com isso, o
17
banco fica mais seguro para emprestar esse dinheiro Caderneta de Poupança
captado, portanto, paga uma remuneração, em forma
de taxa de juros, pelo prazo que o dinheiro permane- As instituições financeiras captadoras de poupan-
cer aplicado. ça são geralmente as que aplicam em financiamen-
Com esses valores o banco empresta-os para os tos habitacionais, ou seja, pegam o valor arrecadado
deficitários e nesta ponta realiza uma operação ativa, na poupança e emprestam boa parte do valor em
pois está em posição superior, uma vez que o cliente financiamentos habitacionais. Existem, no entanto,
agora deverá devolver o dinheiro ao banco. as poupanças rurais que são captadas pelos bancos
comerciais, para empréstimos no setor rural.
As instituições que captam poupança no País são:
Importante Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI), Associações
de Poupança e Empréstimo (APE) e a Caixa Econômica
Se sua prova pedir para você definir se tal opera- Federal (CEF), além de outras instituições que queiram
ção é ativa ou passiva, atente para um referencial captar, mas deverão assumir o compromisso de empres-
que a questão estiver indicando, caso contrário, tar parte dos recursos em financiamentos habitacionais.
poderá se confundir. Nosso referencial acima foi A caderneta de poupança constitui um instrumen-
o BANCO. to de aplicação de recursos muito antigo, que visa,
entre outras coisas, a aplicação com uma rentabilidade
razoável para o cliente. Esta rentabilidade é composta
Os Depósitos a Prazo Mais Comuns São o CDB e o por duas parcelas sendo uma básica e a outra variá-
RDB vel. A parcela básica chamamos de TR ou Taxa de refe-
rência, que nada mais é do que a média das Letras do
O CDB e o RDB nada mais são do que, como vimos Tesouro Nacional (tipo de título público federal pré-fi-
xado) negociadas no mercado secundário e registradas
acima, o cliente superavitário emprestando dinheiro
na Selic. Já a parcela Variável é a remuneração adicio-
ao banco, para que este empreste dinheiro aos defi-
nal, que pode ser de 0,5% ao mês, aproximadamente
citários. O CDB – Certificado de Depósito Bancário é
6,17% ao ano; ou 70% da Meta da taxa Selic.
materializado quando o cliente faz um depósito, em
um banco comercial e o banco entrega um certificado
de que o cliente depositou aquele dinheiro, e pagará
uma remuneração em forma de taxa de juros, geral-
mente atrelada a outro certificado de depósito, cha-
mado CDI – Certificado de Depósito Interfinanceiro.
A vantagem deste papel é que pode ser “passa-
do para frente”, ou seja, pode ser endossado (para
quem nunca viu este termo, nada mais é do que poder
passar para frente). O CDB possui duas modalidades:
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z 2ª O crédito dos rendimentos será efetuado: Caixas Econômicas
I - mensalmente, na data de aniversário da conta, A Caixa Econômica Federal, criada em 1.861, está
para os depósitos de pessoa física e de entidades regulada pelo Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de
sem fins lucrativos; e 1969, como empresa pública vinculada ao Ministé-
II - trimestralmente, na data de aniversário no últi- rio da Economia. Trata-se de instituição assemelhada
mo mês do trimestre, para os demais depósitos. aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à
vista, realizar operações ativas e efetuar prestação
Resumindo, para você receber o rendimento da de serviços. Uma característica distintiva da Caixa é
sua poupança, é preciso deixar o recurso depositado que ela prioriza a concessão de empréstimos e finan-
até a data de aniversário da poupança, e no aniversá- ciamentos a programas e projetos nas áreas de assis-
rio dela quem ganha o presente (os juros) é você! Note tência social, saúde, educação, trabalho, transportes
urbanos e esporte. Pode operar com crédito direto ao
que para isso você deve deixar o valor depositado até
consumidor, financiando bens de consumo durá-
que o valor complete o aniversário, mas há, neste pon-
veis, emprestar sob garantia de penhor industrial
to, uma confusão entre a interpretação da lei e ques-
e caução de títulos. Conta, também, com o monopólio
tões de prova, pois a lei é bem clara ao afirmar que a do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob con-
data de aniversário é o dia da abertura da conta e não signação e tem o monopólio da venda de bilhetes de
o dia do depósito do recurso. loteria federal. Além de centralizar o recolhimento
Entretanto, as bancas examinadoras de concursos de e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do
bancos vêm afirmando que a conta poupança pode ter Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), inte-
28 aniversários, ou seja, um para cada dia de depósitos, gra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
uma vez que posso realizar depósitos todo dia, e que os (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
depósitos nos dias 29,30 e 31 são contabilizados como
efetivamente realizados no dia 01 do mês seguinte. Cooperativas de Crédito
Desta forma, para conciliar os dois pensamen-
tos, podemos consolidar que a poupança só rende- A cooperativa de crédito é uma instituição financei-
rá se completar aniversário, e este aniversário é do ra formada por uma associação autônoma de pessoas
mês corrido para pessoas físicas e entidades sem fins unidas voluntariamente, com forma e natureza jurí-
dica próprias, de natureza civil, sem fins lucrativos,
lucrativos; e para os demais será o trimestre corrido.
constituída para prestar serviços a seus associados.
Para pessoas físicas e pessoas jurídicas sem
Deve Constar a expressão “cooperativa de crédito”.
fins lucrativos, não há incidência de tributação de
imposto de renda, entretanto devem ser declarados z Singulares: mínimo de 20 PF (algumas PJ podem
no imposto de renda; mas declarar é diferente de desde que sejam de atividades correlatas, pareci-
pagar imposto, ok? para as pessoas jurídicas com das, e que não tenham fins lucrativos)
fins lucrativos há incidência de imposto de renda
nos rendimentos trimestrais da poupança, a alíquo- Resolução 4.434/2015 As cooperativas de crédito
ta a ser cobrada será de 22,5% sobre os rendimen- singulares passam a ser classificadas nas seguintes
tos. categorias:
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Operações mais comuns: INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO MONETÁRIAS
OU NÃO BANCÁRIAS
Captam depósitos à vista e a prazo somente de
associados, sem emissão de certificado – “RDB”, São instituições que não captam depósitos à vis-
além de poderem, desde 2020, captar Caderne- ta, ou seja, não abrem contas correntes e não criam
ta de Poupança e realizar operações de finan- moeda escritural. Estas instituições não lidam com
ciamento habitacional; dinheiro em espécie, mas sim com papéis que valem
Obter empréstimos ou repasses de instituições dinheiro e saldos eletrônicos, que representam valo-
financeiras nacionais ou estrangeiras, inclusive res em dinheiro.
por meio de depósitos interfinanceiros. (Reso-
lução 3.859/2010); Bancos de Investimento
Receber recursos de fundos oficiais;
Doações; Os bancos de investimento são instituições
Conceder empréstimos e financiamentos ape- financeiras privadas especializadas em operações
nas aos associados; de participação societária de caráter temporário, de
Aplica no mercado financeiro. financiamento da atividade produtiva para supri-
mento de capital fixo e de giro e de administração
Banco Cooperativo de recursos de terceiros. Devem ser constituídos
sob a forma de sociedade anônima e adotar, obri-
Banco comercial ou banco múltiplo constituído, gatoriamente, em sua denominação social, a expres-
obrigatoriamente, com carteira comercial. É uma são “Banco de Investimento”. Não possuem contas
sociedade anônima e se diferencia dos demais por ter correntes e captam recursos via depósitos a prazo,
como acionistas controladores as cooperativas CEN- repasses de recursos externos, internos e venda de
TRAIS de crédito, as quais devem deter no mínimo cotas de fundos de investimento por eles adminis-
51% das ações com direito a voto (Resolução 2.788/00). trados. As principais operações ativas são financia-
Principais características: mento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou
aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos
z Captam depósitos à vista e a prazo (CDB e RDB) interfinanceiros e repasses de empréstimos externos
somente de associados; (Resolução CMN 2.624, de 1999).
z Captam recursos dentro do país e no exterior atra-
vés de empréstimos; z Podem ter Conta desde que: não remunerada e não
z Os recursos por eles captados ficam na região onde movimentada por cheque nem por meio eletrôni-
o Banco atua, e onde os recursos foram gerados; cos pelo cliente;
z Emprestam através de linhas de crédito em geral z Administra fundos de investimento;
somente aos associados; z São Agentes Underwriters e auxiliam na oferta
z Prestam serviços também aos não cooperados. pública inicial de papéis de companhias abertas.
Note que não há obrigatoriedade de a constitui- Bancos Múltiplos com Carteira de Investimentos
ção do Banco Cooperativo ser uma S/A fechada, pois a Para fixar, relembremos a definição de Bancos
Resolução cita apenas uma S/A, deixando a critério da
Múltiplos citada anteriormente: Os bancos múltiplos
instituição essa decisão.
são instituições financeiras privadas ou públicas que
realizam as operações ativas, passivas e acessórias
Bancos Múltiplos com Carteira Comercial
das diversas instituições financeiras, por intermédio
das seguintes carteiras: comercial, de investimento
Os bancos múltiplos são instituições financeiras
e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário,
privadas ou públicas que realizam as operações ati-
de arrendamento mercantil e de crédito, financia-
vas, passivas e acessórias das diversas instituições
mento e investimento.
financeiras, por intermédio das seguintes carteiras:
Essas operações estão sujeitas às mesmas normas
comercial, de investimento e/ou de desenvolvimen-
legais e regulamentares aplicáveis às instituições sin-
to, de crédito imobiliário, de arrendamento mer-
cantil e de crédito, financiamento e investimento. gulares correspondentes às suas carteiras. A carteira
Essas operações estão sujeitas às mesmas normas de desenvolvimento somente poderá ser operada
por banco público. O banco múltiplo deve ser cons-
legais e regulamentares aplicáveis às instituições sin-
tituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma
gulares correspondentes às suas carteiras. A carteira
delas, obrigatoriamente, comercial ou de investi-
de desenvolvimento somente poderá ser operada
mento, e ser organizado sob a forma de sociedade
por banco público. O banco múltiplo deve ser cons-
anônima. As instituições com carteira comercial
tituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma
podem captar depósitos à vista. Na sua denomina-
delas, obrigatoriamente, comercial ou de investi-
ção social deve constar a expressão “Banco” (Resolu-
mento, e ser organizado sob a forma de sociedade
ção CMN 2.099, de 1994).
anônima. As instituições com carteira comercial
podem captar depósitos à vista. Na sua denomina- Bancos de Desenvolvimento
ção social deve constar a expressão “Banco” (Resolu-
ção CMN 2.099, de 1994). Constituídos sob a forma de sociedade anônima,
Como você percebe, este banco múltiplo tem tudo com sede na capital do Estado que detiver seu con-
a ver com Banco Comercial, e mais na frente você per- trole acionário, devendo adotar, obrigatória e priva-
ceberá que existe o Banco de Investimentos, que é não tivamente, em sua denominação social, a expressão
monetário, e que também forma um Banco Múltiplo, “Banco de Desenvolvimento”, seguida do nome do
mas sem carteira comercial, ou seja, não poderá cap- Estado em que tenha sede (Resolução CMN 394, de
tar depósitos à vista. 1976).
20
Empréstimos direcionados principalmente para interfinanceiros e empréstimos externos. Os deposi-
Empresas do setor Privado. Exemplos: BDMG, BRDE. tantes dessas entidades são considerados acionistas da
Bancos de desenvolvimento são exclusivamente associação e, por isso, não recebem rendimentos, mas
bancos públicos. O BNDES não é um banco de desen- dividendos. Os recursos dos depositantes são, assim,
volvimento, é uma empresa pública. classificados no patrimônio líquido da associação e não
no passivo exigível (Resolução CMN 52, de 1967).
Sociedades de Crédito, Financiamento e
Investimento Sociedade Civil sem fins Lucrativos;
Os clientes que abrem poupança tornam-se asso-
Constituídas sob a forma de sociedade anônima e ciados e recebem dividendos (remuneração da
na sua denominação social deve constar a expressão poupança).
“Crédito, Financiamento e Investimento”. Tais enti-
dades captam recursos por meio de aceite e colocação z Captação: Poupança; Letra de Crédito Hipotecá-
de Letras de Câmbio (Resolução CMN 45, de 1966), ria; Letra Financeira; Repasse da Caixa Econômica
Certificados de Depósitos Bancários e Recibos de Federal e de outras instituições financeiras cap-
Depósitos Bancários (Resolução CMN 3.454, de 2007). tadoras de poupança que não desejam operar no
São as famosas financeiras, geralmente ligadas SFH
a algum Banco Comercial. Têm capacidade para rea-
lizar operações até 12 vezes o seu patrimônio e prati- Sociedades de Crédito Imobiliário
ca altas taxas de juros devido à alta inadimplência de
São instituições financeiras criadas pela Lei 4.380,
suas operações. Exemplo: Fininvest, Losango.
de 21 de agosto de 1964, para atuar no financiamento
Sociedades de Arrendamento Mercantil habitacional. Constituem operações passivas dessas
instituições os depósitos de poupança, a emissão de
Sociedade de arrendamento mercantil (SAM) rea- letras e cédulas hipotecárias e depósitos interfinan-
liza arrendamento de bens móveis e imóveis adquiri- ceiros. Suas operações ativas são: financiamento para
dos por ela, segundo as especificações da arrendatária construção de habitações, abertura de crédito para
(cliente), para fins de uso próprio desta. Assim, os con- compra ou construção de casa própria, financiamen-
tratantes deste serviço podem usufruir de determina- to de capital de giro a empresas incorporadoras, pro-
do bem sem serem proprietários dele. dutoras e distribuidoras de material de construção.
Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central do Devem ser constituídas sob a forma de sociedade
Brasil e realizem operações com características de um anônima, adotando obrigatoriamente em sua deno-
financiamento, as sociedades de arrecadamento mer- minação social a expressão “Crédito Imobiliário”.
cantil não são consideradas instituições financeiras, mas (Resolução CMN 2.735, de 2000).
sim entidades equiparadas a instituições financeiras.
Constituídas sob a forma de sociedade anônima, AS Sociedades Corretoras de Títulos e Valores
devendo constar obrigatoriamente na sua denomina- Mobiliários (CTVM)
ção social a expressão “Arrendamento Mercantil”.
São constituídas sob a forma de sociedade anôni-
Operam na forma Ativa:
ma ou por quotas de responsabilidade limitada.
z Leasing – Locação de bens Móveis, nacionais ou Dentre seus objetivos estão: operar em bolsas
estrangeiros e Bens Imóveis adquiridos pela enti- de valores, subscrever emissões de títulos e valores
dade arrendadora para fins de uso próprio do mobiliários no mercado; comprar e vender títulos e
arrendatário; valores mobiliários por conta própria e de terceiros;
z Captação: captam através de empréstimos em outras encarregar-se da administração de carteiras e da
instituições financeiras nacionais ou estrangeiras. custódia de títulos e valores mobiliários; exercer
funções de agente fiduciário; instituir, organizar e
Como sua principal atividade ativa é o Leasing ou administrar fundos e clubes de investimento; emitir
arrendamento mercantil (aluguel), passa a ser conside- certificados de depósito de ações; intermediar opera-
rada uma prestadora de serviços, logo sobre suas opera- ções de câmbio; praticar operações no mercado de
ções não incide o Imposto sob Operações Financeiras câmbio; praticar determinadas operações de conta
(IOF), mas sim Imposto Sob prestação de Serviços. margem; realizar operações compromissadas; pra-
Dentro do SFN funciona um subsistema dos cap- ticar operações de compra e venda de metais pre-
tadores de poupança que direcionam estes recursos ciosos, no mercado físico, por conta própria e de
para financiamentos habitacionais, o SISTEMA BRA- terceiros; operar em bolsas de mercadorias e de futu-
SILEIRO DE POUPANÇA E EMPRESTIMOS (SBPE). Nele ros por conta própria e de terceiros. São supervisio-
operam a Caixa (CEF), as Associações de Poupança e nadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN
Empréstimo (APE) e as Sociedades de Crédito Imo- 1.655, de 1989).
biliário (SCI) e as demais instituições que desejem
captar poupança para emprestar em financiamentos As Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores
habitacionais. Mobiliários (DTVM)
Associações de Poupança e Empréstimos: São constituídas sob a forma de sociedade anô-
São constituídas sob a forma de sociedade civil, nima ou por quotas de responsabilidade limitada,
sendo de propriedade comum de seus associados. devendo constar na sua denominação social a expres-
Suas operações ativas são, basicamente, direcionadas são “Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários”.
ao mercado imobiliário e ao Sistema Financeiro Algumas de suas atividades: intermedeiam a oferta
da Habitação (SFH). As operações passivas são cons- pública e distribuição de títulos e valores mobiliá-
tituídas de emissão de letras e cédulas hipotecárias, rios no mercado; administram e custodiam as car-
depósitos de cadernetas de poupança, depósitos teiras de títulos e valores mobiliários; instituem,
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organizam e administram fundos e clubes de inves- Por outro lado, a Política de Crédito de um banco é
timento; operam no mercado acionário, comprando, um assunto de extrema importância para o concessor
vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliá- de crédito, pois fornece instrumentos que auxiliam
rios, inclusive ouro financeiro, por conta de tercei- na hora da decisão de emprestar ou não, funcionando
ros; fazem a intermediação com as bolsas de valores como orientadores da concessão.
e de mercadorias; efetuam lançamentos públicos de
E como a literatura técnica define crédito?
ações; operam no mercado aberto e intermedeiam
operações de câmbio. São supervisionadas pelo Ban-
co Central do Brasil (Resolução CMN 1.120, de 1986). Crédito é todo ato de vontade ou disposição de
alguém de destacar ou ceder, temporariamen-
z Fiscalizadas pelo BACEN e CVM; te, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a
z São intermediadores. (investidor – Bolsa); expectativa de que esta parcela volte a sua posse
z Intermediam operações de câmbio até o limite de integralmente, após decorrido o tempo estipula-
100 mil dólares por operação, nas operações de do. (Wolfgang Kurt Schrickel)
compra e venda de moeda à vista (cambio pronto);.
z São, juntamente com os Bancos de Investimento, Em outras palavras: “crédito é a expectativa gera-
os underwriters. da através da disponibilidade de uma quantia em
dinheiro para uma pessoa, dentro de um espaço de
Importante! tempo limitado”.
Para uma instituição financeira, a palavra crédito
O acordo BACEN CVM nº17 autorizou a DTVM a é sinônima de confiança. A atividade bancária funda-
operar no ambiente da Bolsa de Valores, acaban- menta-se nesse princípio, que envolve a instituição
do, assim, com uma grande diferença existente propriamente dita, seu universo de clientes, empre-
entre as CTVM e DTVM. gados e o público em geral. Afinal, confiança é um
sentimento, uma convicção que se constrói ao longo
do tempo, através de acontecimentos e experiências
Bolsas de Valores e Bolsas de Mercadorias e de
reais, da lisura, probidade, pontualidade, honestidade
Futuros
de propósitos, cumprimento de regulamentos e com-
As bolsas de valores são um mercado organi- promissos assumidos.
zado que pode ser constituído sob a forma de Socie- O banco, no exercício da sua função principal, que
dade Civil sem fins lucrativos, ou S/A Com fins é a de intermediar recursos de terceiros, promover a
lucrativos, estas bolsas têm por finalidade oferecer captação de riquezas e poupanças, apoia-se nos prin-
um ambiente seguro para que os investidores rea- cípios da segurança e confiança para consolidação de
lizem suas operações de compra e venda de capitais, um relacionamento construtivo.
gerando fluxo financeiro no mercado futuro. São 3 os elementos fundamentais do crédito,
As bolsas de Mercadorias e de Futuros são ins- sendo eles: Montante; Prazo e Prêmio ou Juros.
tituições que viabilizam a negociação de contratos
futuros, opções de compra, derivativos e o mer-
z Montante (é a “bufunfa” de fato, é o R$ que a ins-
cado a termo. Neste segmento operam investidores
interessados nas variações futuras de preços dos tituição vai liberar para você)
produtos e ativos.
Atualmente no Brasil, estas duas bolsas se uni- É o capital ou dinheiro do crédito. É o valor que
ram formando a BM&F Bovespa, que é uma fusão das irá receber emprestado para a satisfação das suas
atividades das duas bolsas anteriores, ou seja, hoje necessidades que, posteriormente, terá que devolver
a BM&F Bovespa, opera tanto no mercado à vista de à Entidade Financiadora, o banco.
ações ou no mercado de balcão, como no mercado a No entanto, são as necessidades ou finalidades
termo ou de futuros. que determinam o montante do crédito, pois, não
Em 2016 a BM&F Bovespa comprou todos os direi-
é aceitável, solicitar um crédito de montante elevado
tos e carteiras da maior administradora de mercado
de balcão do Brasil, a CETIP S/A, que estudaremos para comprar um carro.
mais à frente, desta forma a atual BM&F Bovespa é É igualmente aceitável que o risco que a Entidade
uma S/A com fins lucrativos, e recebe o nome de B3 Financeira está disposta a correr pela concessão de
(Bolsa, Brasil, Balcão), visando o lucro através da determinado montante seja condicionado a um cola-
prestação de serviços gerando um ambiente salutar teral ou garantia que lhe proporcionará a segurança
para as negociações do mercado de capitais, que pode ou conforto para disponibilização desse montante.
ser um ambiente físico onde ocorrem as negociações, Assim sendo, o montante, de grosso modo, está con-
ou um ambiente Eletrônico onde ocorrem os Pregões. dicionado pela finalidade, risco e garantias associadas.
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De igual modo, a garantia do crédito surge nova- PRINCIPAIS MODALIDADES DE CRÉDITO
mente como variável determinante na definição
do prazo do empréstimo, pois, oferece-se como cola- Para nossa prova consideramos mercado de crédito
teral o penhor de um depósito a prazo, então pode- tudo relacionado a crédito, entretanto vamos salientar
rá negociar o prazo do seu crédito permitindo maior os tipos que nossa banca mais gosta de cobrar. Lem-
flexibilidade. brando que quando uma instituição financeira está
Assim sendo, o prazo apresenta-se flexível e rela- liberando recursos, ela se encontra na posição Ativa,
ciona-se com a finalidade do crédito e a garantia ou seja, está liberando dinheiro para um deficitário e
associada. este deficitário deverá devolver o recurso ao banco,
acrescentando uma taxa de juros pactuada entre as
z Prêmio ou Juros (é o famoso pagamento que partes. As principais operações ativas são:
você dá à instituição para ela te emprestar o
dinheiro) z O CDC – Crédito Direto ao Consumidor
Surge como compensação pela antecipação do Esta modalidade de crédito é a mais comum, pois é
montante necessário para a satisfação das necessida- direcionada para diversas áreas, como: Automático,
des de consumo ou bem-estar. Do ponto de vista das Turismo, Salário/ Consignação (30% da renda, debi-
Entidades Financiadoras ou Bancos é considerado o tado do contracheque) e o CDC para bens de consu-
lucro, ou a variável que carrega a parte dos lucros. mo duráveis: carros, motos etc.
Regra geral, a taxa de juro pode ser fixa ou variá- Admite garantias reais ou fidejussórias, ou até
vel sendo que a primeira permite maiores níveis de mesmo sem garantias. Obs.: Existe ainda o CDC-I (Cré-
segurança para o consumidor, pois permite saber dito Direto ao Consumidor com Interveniência) que é
antecipadamente o valor de todos os reembolsos. Já a realizado quando o vendedor é o fiador ou avalista do
segunda reflete a evolução do mercado, sendo que, o cliente na operação, ou seja, o banco fornece crédito
consumidor terá ganhos, se a variação for para menos ao cliente, pois o vendedor está assumindo o risco da
e terá gastos adicionais se a variação for para mais. operação junto ao banco, para que este libere o recur-
De igual modo, a finalidade e garantia associada so parcelado ao cliente.
ao pedido de crédito define o prêmio ou juros que
terá de suportar, pois, considera-se que o crédito ao z Hot Money
consumo ou crédito de consumo, como os cartões de
crédito ou crédito pessoal, possuem maiores taxas de Inicialmente uma aplicação financeira de curto
juro que os créditos hipotecários para compra de casa, prazo, com alta rentabilidade. Trazido para o Brasil,
denominados créditos habitacionais. ganhou fama por ser uma linha de crédito destinada
Assim sendo, o prêmio ou os juros surgem como a Pessoas Jurídicas.
as variáveis determinantes do valor do dinheiro no Prazo de 1 até 29 dias, mas normalmente se con-
tempo, pois permite atualizar e compensar as Enti- trata por até 10 dias.
dades financiadoras do custo em conceder o crédito Para sanar problemas momentâneos de fluxo de
em detrimento de outras opções de investimento. caixa.
O prêmio ou juros está igualmente condicionado Adaptável às mudanças bruscas nas taxas de
à finalidade e garantia da operação, pois este será tão juros por ter como principal característica o curto
elevado quanto menor a importância da necessidade, prazo.
menor o valor da garantia ou maior nível de risco da
operação. z Vendor Finance
É da conjugação destes três elementos que surge a
prestação do crédito, pois esta é a junção do capital, É uma operação de financiamento de vendas
prazo e os juros. baseadas no princípio da cessão de crédito, que per-
A prestação terá maior ou menor valor a depender mite a uma empresa vender seu produto a prazo e
da taxa de juros e o tempo do empréstimo, mantendo- receber o pagamento à vista.
-se o capital constante. A operação de Vendor supõe que a empresa com-
Em outras palavras, o reembolso do montante pradora seja cliente tradicional da vendedora, pois
financiado pode ser efetuado mediante o pagamento será esta que irá assumir o risco do negócio junto ao
de prestações que serão determinadas em função do banco.
tempo e do prazo. A empresa vendedora transfere seu crédito ao
Fonte: http://www.artigonal.com/credito-artigos/3-elementos- banco e este, em troca de uma taxa de intermediação,
fundamentais-do-credito-3840068.html paga o vendedor à vista e financia o comprador.
A principal vantagem para a empresa vendedora é
Tendo por base a confiança, a concessão de crédito a de que, como a venda não é financiada diretamente
também é baseada em dois elementos fundamentais: por ela, a base de cálculo para a cobrança de impostos,
comissões de vendas e royalties, no caso de licença de
z A vontade do devedor de liquidar suas obrigações fabricação, torna-se menor.
dentro das normas contratuais estabelecidas; É uma modalidade de financiamento de vendas
z A habilidade do devedor de assim fazê-lo, ou seja, para empresas na qual quem contrata o crédito é
de pagar. o vendedor do bem, mas quem paga o crédito é o
comprador. Assim, as empresas vendedoras deixam
A vontade de pagar pode ser colocada sob o título de financiar os clientes, elas próprias, e dessa forma
Caráter, enquanto que a habilidade para pagar pode param de recorrer aos empréstimos de capital de giro
ser nominada tanto como Capacidade, quanto como nos bancos ou aos seus recursos próprios para não se
Capital e Condições. descapitalizarem e/ou pressionarem seu caixa.
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Como em todas as operações de crédito, ocorre a “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam,
incidência do IOF, sobre o valor do financiamento, de um lado, um banco ou sociedade de arrenda-
que é calculado proporcionalmente ao período do mento mercantil, o arrendador, e, de outro, o clien-
financiamento. te, o arrendatário.
A operação é formalizada com a assinatura de um
convênio, com direito de regresso entre o banco e a O objeto do contrato é a aquisição, por parte do
empresa vendedora (fornecedora), e de um Contrato arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário
de Abertura de Crédito entre as três partes (empresa para sua utilização. O arrendador é, portanto, o
vendedora, banco e empresa compradora). proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto,
durante a vigência do contrato, são do arrendatário.
z Compror Finance Residindo aí a principal vantagem do leasing, pois o
arrendatário, ou seja o cliente que irá usar o bem, o
Existe uma operação inversa ao Vendor, denomi- utilizará sem necessariamente ter sua propriedade, o
nada Compror, que ocorre quando pequenas indús- que em um financiamento comum não será possível,
trias vendem para grandes lojas comerciais. Neste pois o cliente estaria comprando o bem e não apenas
caso, em vez de o vendedor (indústria) ser o fiador alugando. Desta forma, o Leasing é um serviço e, por
do contrato, o próprio comprador é que funciona isso, não incide sobre suas operações o IOF, mas sim o
como tal. Imposto Sobre Serviço, o ISS.
O contrato de arrendamento mercantil pode pre-
Trata-se, na verdade, de um instrumento que dila-
ver ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do
ta o prazo de pagamento de compra sem envolver o
bem de propriedade do arrendador. Esta opção deve
vendedor (fornecedor).
ser indicada no momento da contratação.
O título a pagar funciona como “lastro” para o
Caso o cliente deseje/almeje ficar com o bem no final,
banco financiar o cliente que irá lhe pagar em data
deverá pagar ao Arrendador o Valor Residual Garantido
futura pré-combinada, acrescido de juros e IOF, sem
(VRG) que nada mais é do que um valor de mercado do
incidência imediata da CPMF no empréstimo. Como o
bem. Este VRG pode ser diluído nas parcelas do aluguel
Vendor, este produto também exige um contrato mãe
durante todo o contrato se assim for pactuado.
definido as condições básicas da operação que será
Duas das principais vantagens do Leasing são:
efetivada quando do envio ao banco dos contratos-fi-
lhos, com as planilhas dos dados dos pagamentos que z A não incidência de IOF, e sim de ISS, o que torna
serão financiados. a operação mais barata;
z A possibilidade, para as Pessoas Jurídicas, de
z Adiantamentos ou Descontos deduzir do Imposto de Renda como despesa ope-
racional as parcelas do Leasing.
Consistem basicamente em adiantar ao cliente
ou credor, um valor referente a um crédito que este Como nos Empréstimos Normais é Possível Quitar o
receberá somente em uma data futura. Logo, aquele Leasing Antes do Prazo Definido no Contrato?
crédito já contará no caixa do cliente ou da empresa.
Sim. Caso a quitação seja realizada após os prazos
O banco, por não ser mãe do cliente, cobra uma taxa
mínimos previstos na legislação e na regulamenta-
de juros, que dimunui do valor de face do título, ou
ção (art. 8º do Regulamento anexo à Resolução CMN
valor nominal.
2.309, de 1996), o contrato não perde as caracterís-
Exemplo: Um cliente possui um título, que tem
ticas de arrendamento mercantil. Entretanto, caso
valor de face, valor escrito, de R$ 1.000,00. De posse
realizada antes dos prazos mínimos estipulados, o
desse título o cliente vai até o banco e solicita ao ban-
contrato perde sua caracterização legal de arrenda-
co que adiante a ele o valor referente àquele título. O
mento mercantil e a operação passa a ser classifica-
banco cobra uma taxa de juros que diminui do valor da como de compra e venda a prazo (art. 10 do citado
de face do título um determinado valor, exemplo: o Regulamento).
banco irá cobrar R$200,00 pela antecipação. Logo, o Nesse caso, as partes devem arcar com as conse-
banco faz o crédito na conta do cliente no valor de quências legais e contratuais que essa descaracteriza-
R$800,00. O banco fica com a custódia do papel, e ção pode acarretar.
quando o devedor pagar o título, o banco ficará com
o valor de R$1.000,00. Lucrando, assim, R$200,00 na
operação.
Bem objeto do
Esses títulos podem ser boleto, cartões de cré- leasing
dito, cheques pré-datados, duplicatas e notas
promissórias.
Quando falamos de desconto de duplicatas, che-
ques ou notas promissórias, temos alguns detalhes:
Caso os títulos não sejam pagos pelo devedor, o
Arrendatário
banco tem direito de regresso contra o credor, ou Arrendador (Banco)
(Cliente)
cedente. Ou seja, se o devedor não pagar o banco vai Proprietário
Usuário
atrás do cliente (credor), para que este efetue o paga-
mento ao banco.
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QUADRO RESUMO
Leasing financeiro Leasing operacional
2 anos para bens com vida útil < 5 anos
Prazo mínimo de duração do leasing 90 dias
3 anos para bens com vida útil > 5 anos
Valor residual garantido - VRG Permitido Não permitido
Pactuada no início do contrato, normalmente
Opção de compra Conforme valor de mercado
igual ao VRG
Por conta do arrendatário ou da
Manutenção do bem Por conta do arrendatário (cliente)
arrendadora
Total dos pagamentos, incluindo o VRG, deve- O somatório de todos os paga-
rá garantir à arrendadora o retorno financeiro mentos devidos no contrato não
Pagamentos
da aplicação, incluindo juros sobre o recurso poderá exceder 90% do valor do
empregado para a aquisição do bem bem arrendado
Valor pré-fixado no contrato para exercer a opção de compra (Fonte: Banco Central)
OBS. 1: Os bens que podem ser arrendados são móveis ou imóveis, nacionais ou estrangeiros. Para os estran-
geiros é necessário que estes estejam em uma lista elaborada pelo CMN.
OBS. 2: Sale and Leaseback (Apenas para bens Imóveis): tipo de Leasing em que o dono de um imóvel o
vende para uma Sociedade de Arrendamento, e no mesmo contrato a Sociedade de Arrendamento arrenda o bem
para o vendedor, entretanto esta modalidade só é possível no leasing financeiro e só para Pessoas Jurídicas.
OBS. 3: Os bens objetos de arrendamento mercantil – Leasing, não podem ser arrendados ao próprio fabricante do
bem, ou seja, por exemplo: A Embraer que fabrica aviões no Brasil, não pode arrendar seus aviões para si.
Consórcio
Consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídicas em grupo, com prazo de duração e número de cotas
previamente determinados, promovida por administradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a seus
integrantes, de forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços, por meio de autofinanciamento.
A administradora de consórcios é a pessoa jurídica prestadora de serviços com objeto social principal voltado
à administração de grupos de consórcio, constituída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima.
A adesão de um consorciado a um grupo de consórcio se dá mediante assinatura de contrato de participação.
Nesse contrato, devem estar previstos os direitos e os deveres das partes, tais como a descrição do bem a que o
contrato está referenciado e seu respectivo preço (que será adotado como referência para o valor do crédito e
para o cálculo das parcelas mensais do consorciado). No contrato deve haver, ainda, as condições para concorrer
à contemplação por sorteio, bem como as regras da contemplação por lance.
O interesse do grupo de consórcio prevalece sobre o interesse individual do consorciado. Os grupos de consór-
cio caracterizam-se como sociedade não personificada com patrimônio próprio, o qual não deve ser confundido
com o patrimônio dos demais grupos nem com o da administradora.
Contemplação no consórcio:
O Banco Central (BC) é responsável pela normatização, autorização, supervisão e controle das atividades do
sistema de consórcios, com foco na eficiência e solidez das administradoras e cumprimento da regulamentação
específica.
As questões inerentes às relações de consumo entre clientes e usuários das instituições financeiras e das admi-
nistradoras de consórcio estão sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor, cabendo aos órgãos integrantes do
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC) fazer a mediação dessas questões.
As administradoras de consórcio devem remeter periodicamente ao BC informações contábeis e não-contábeis
sobre as operações de consórcio.
Fonte: bcb.gov.br
CRÉDITOS ROTATIVOS
Os créditos rotativos nada mais são do que operações em que o devedor pode reutilizar o valor liberado pelo
banco sempre que liquidar a operação anterior.
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Conta Garantida
Caracteriza-se por um valor disponibilizado pelo banco ao cliente em uma conta de não livre movimentação,
onde o mesmo só pode movimentá-la por cheque ou transferência.
Resumindo, é um saldo em uma conta que, caso o cliente não tenha fundos na sua conta corrente de livre
movimentação, esta conta cobre a emissão de cheques e outros compromissos, desde que haja aviso prévio do
pedido de movimentação, além da provável exigência de garantias para a liberação do recurso solicitado.
Cheque Especial
Crédito de caráter rotativo que se destina a cobrir emissão de cheques de clientes PF ou PJ que não tenham
saldo disponível em sua conta. Estes valores ficam disponíveis para o cliente movimentá-los com seus cheques,
cartões, TED e DOC. Os juros são mensais e não há necessidade de amortização mensal do saldo devedor, bastando
o cliente pagar os juros e IOF do período utilizado.
Para conta de depósitos à vista titulada por pessoas naturais, ou seja, pessoas físicas e por microempreen-
dedores individuais (MEI), as taxas de juros remuneratórios cobradas sobre o valor utilizado do cheque especial
estão limitadas a, no máximo, 8% (oito por cento) ao mês.
É vedado à instituição financeira impor limite superior a R$500,00 (quinhentos reais), se o cliente optar pela
contratação de limite mais baixo, ou seja, se o cliente disser que quer o menor limite possível, o banco não pode
exigir que sejam 500 reais, pode ser menor.
A alteração de limites, quando não realizada por iniciativa do cliente, deve ser feita da seguinte forma:
z No caso de redução, ser precedida de comunicação ao cliente, com no mínimo trinta dias de antecedência;
z No caso de majoração, ser condicionada à prévia autorização do cliente, obtida a cada oferta de aumento de
limite.
Os limites podem ser reduzidos sem observância do prazo da comunicação prévia, desde que verificada dete-
rioração do perfil de risco de crédito do cliente, conforme critérios definidos na política de gerenciamento do
risco de crédito.
Cartão de Crédito
Consistem, basicamente, em uma linha de crédito rotativo, onde o cliente compra com o cartão e pode pagar
de uma só vez ou parcelado.
Conforme for pagando as faturas, o crédito vai sendo liberado novamente e pode ser reutilizado.
As atividades de emissão de cartão de crédito exercidas por instituições financeiras estão sujeitas à regula-
mentação baixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central do Brasil, nos termos dos arts.
4º e 10 da Lei 4.595, de 1964. Todavia, nos casos em que a emissão do cartão de crédito não tem a participação
de instituição financeira, não se aplica a regulamentação do CMN e do Banco Central.
Vale lembrar que existem as instituições de pagamento, que nada mais são do que instituições não financei-
ras que operam recebendo e processando os pagamentos dos cartões dos clientes. Estas instituições se submetem
a regulamentação do CMN e do Bacen.
Hoje no Brasil prevalece a Circular 3.885/2018 que exige solicitação de autorização para funcionamento de
instituições de pagamento, que incluem as administradoras de cartões de crédito, apenas se ultrapassarem o
parâmetro de 500 milhões de reais em transações comuns ou 50 milhões em transações pré-pagas.
Desta forma, não há uma regra que o Bacen autoriza funcionamento de administradoras de cartão, ficando
obrigatório apenas as que ultrapassarem os parâmetros acima.
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Tipos de Cartão de Crédito Todas essas tarifas devem estar previstas em con-
trato e são cobradas exclusivamente pela administra-
Existem duas categorias de cartão de crédito: dora do cartão.
básico e diferenciado. O cartão básico é aquele uti-
lizado somente para pagamentos de bens e servi-
ços em estabelecimentos credenciados. Já o cartão Importante!
diferenciado é aquele cartão que, além de permitir
a utilização na sua função clássica de pagamentos de Atualmente não existe valor mínimo para paga-
bens e serviços, está associado a programas de bene- mento de fatura de cartão de crédito, ficando as
fício e/ou recompensas, ou seja, oferece benefícios instituições financeiras livres para decidir qual
adicionais, como programas de milhagem, seguro de o valor mínimo para o pagamento das faturas
viagem, desconto na compra de bens e serviços, aten- pelos clientes.
dimento personalizado no exterior etc.
O cartão de crédito básico é de oferecimento
obrigatório pelas instituições emissoras de cartão Vale destacar que caso o cliente não pague a fatu-
de crédito, quando possuem o produto cartão de cré- ra por completo, o saldo devedor será financiado pelo
dito em seu portifólio. Esse cartão básico pode ser Banco e não pela administradora do cartão, e cabe
nacional ou internacional, mas o valor da anuidade ao Banco oferecer ao cliente opções de parcelamen-
do cartão básico deve ser menor do que o valor da to alternativas mais baratas que os juros cobrados no
anuidade do cartão diferenciado, por este motivo o rotativo do cartão. Da mesma forma, caso o cliente
cartão básico não tem direito a participar de pro- queira parcelar uma fatura, pois está incapaz de efe-
gramas de recompensas oferecidos pela instituição tuar o pagamento total, quem parcelará será o Ban-
emissora. co e não a administradora do cartão, pois estas estão
Existem ainda os Retailer Cards, que são cartões proibidas pelo Bacen a realizarem tal operação.
de loja que só podem ser usados na rede da loja espe-
cifica, por exemplo: Renner e Riachuelo. E os Co-Bran- Na verdade, os financiamentos são feitos por ban-
ded Cards, que são cartões de crédito que fazem cos, pois administradoras de cartão de crédito são
parcerias com outras empresas de grande nome no proibidas de financiar seus clientes. Nesses casos,
mercado, exemplo: Itaú TAM fidelidade. o detentor do cartão de crédito aparecerá no SCR
Além dessas classificações, o Banco Central, atra- como cliente do banco, que é o real financiador da
operação intermediada pela administradora de
vés da resolução CMN nº 4.549, adicionou uma outra
cartão de crédito.
classificação quanto ao pagamento dos valores das
faturas que são: cartão com rotativo regular e cartão Fonte: FAQ Sistema de Informação de Crédito – BACEN
com rotativo não regular.
O rotativo regular: Pagamento apenas do míni- Com base nisto que aprendemos, é bom saber que
mo e não parcela o restante, situação em que adere para que o cartão funcione, é preciso uma estrutura
ao crédito rotativo regular, em que se sujeita o titu- completa de instituições financeiras, credenciadores,
lar do cartão ao pagamento dos juros e dos encargos bandeiras e estabelecimentos. Mas quem é quem?
financeiros previstos em contrato, sendo vedada a Instituições Financeiras ou Emissor: É o banco
cobrança de juros adicionais punitivos (comissão de ou uma instituição não bancária que fornece o car-
permanência). tão de crédito e/ou débito para o cliente (titular do
O rotativo não regular: Pagamento de valor infe- cartão). É quem se relaciona com o titular do cartão,
rior ao mínimo, sem parcelamento: cliente fica ina- estabelecendo os limites de crédito, enviando o cartão
dimplente, podendo ser aplicados os procedimentos para utilização, emitindo as faturas e aprovando as
previstos no contrato para situações de inadimple- compras realizadas nas lojas.
mento: juros do crédito rotativo (por dia de atraso Credenciador: Responsável pela filiação dos esta-
sobre a parcela vencida ou sobre o saldo devedor não belecimentos comerciais para uso de cartões nas ope-
liquidado); multa de 2% sobre o principal; e juros de rações de venda. É responsável pelo fornecimento e
mora de 1% ao mês. Atenção! O prazo máximo de uti- manutenção dos equipamentos de captura, a trans-
lização de crédito rotativo é de 30 dias, até o venci- missão dos dados das transações eletrônicas e os cré-
mento da fatura subsequente. ditos em conta corrente do estabelecimento comercial.
Estabelecimento Credenciado: Empresa de qual-
Tarifas Cobradas quer porte, incluindo o empreendedor individual ou
profissional autônomo que aceita o sistema de cartões
Os bancos só podem cobrar 5 tarifas, considera- com suas respectivas bandeiras nas vendas de bens
das prioritárias, referentes à prestação de serviços de ou serviços.
cartão de crédito: anuidade, emissão de segunda via Bandeira: É quem licencia a marca para o emissor
do cartão, tarifa para uso na função saque (nacional e para o credenciador e coordena o sistema de apro-
ou internacional), para uso do cartão no pagamento vação, compensação e liquidação dos créditos. A Visa,
de contas e no pedido de avaliação emergencial do Mastercard, Diners Club e American Express são exem-
limite de crédito. plos de bandeiras internacionais e a Hipercard, Elo,
Podem ser cobradas ainda tarifas pela contrata- Sorocred, Sicred são bandeiras nacionais ou regionais
ção de serviços de envio de mensagem automática
relativa à movimentação ou lançamento na conta Cartão BNDES
de pagamento vinculado ao cartão de crédito, pelo
fornecimento de plástico de cartão de crédito em O Cartão BNDES é um produto que, baseado no
formato personalizado, e ainda pelo fornecimen- conceito de cartão de crédito, visa financiar os inves-
to emergencial de segunda via de cartão de crédi- timentos dos Micro Empreendedores Individuais
to. Esses serviços são considerados “diferenciados” (MEI), Micro Empresas e das micro, pequenas e
pela regulamentação. médias empresas de controle nacional.
27
Podem obter o Cartão BNDES as MPMEs (com fatu- Tarifa de Abertura de Crédito (TAC): Os bancos estão
ramento bruto anual de até R$ 300 milhões), (caso autorizados a cobrar a TAC desde que esta não exceda
a empresa pertença a grupo ou conglomerado, o fatu- 2% do limite de crédito concedido. OF (Imposto sob
ramento bruto total de todas as participantes deve ser Operação Financeira) no cartão BNDES agora pode ser
somado e não pode exceder o limite de 300 milhões), cobrado, devido ao Decreto Nº 8.511 de agosto de 2015.
sediadas no País, de controle nacional, que exer-
çam atividade econômica compatíveis com as Políti- Crédito Rural
cas Operacionais e de Crédito do BNDES e que estejam
em dia com o INSS, FGTS, RAIS e tributos federais. É uma linha de crédito barata, com taxas determi-
O cartão BNDES Agro é também um produto nadas por legislação que buscam ajudar aos produ-
baseado no conceito de cartão de crédito, entretanto é tores rurais e suas cooperativas em suas atividades.
voltado apenas para pessoas físicas e visa financiar Beneficiários:
investimentos em produtos rurais em seus negócios.
O portador do Cartão BNDES poderá comprar
z Produtor rural (pessoa física ou jurídica);
exclusivamente os itens expostos no Portal de Ope-
z Cooperativa de produtores rurais;
rações do Cartão BNDES (www.cartaobndes.gov.br)
z Pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo
por fornecedores previamente credenciados.
As 11 Instituições financeiras emissoras atuais do produtor rural, dedique-se a uma das seguintes
Cartão BNDES são: atividades:
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Não controlados: todos os demais. O banco capta Para a comercialização o valor máximo será libera-
se quiser e empresta como quiser. do de acordo com a garantia ofertada que poderá ser de
até 4,5 milhões se as garantias forem de Nota Promis-
Quais são as modalidades da operação? Resolução sória Rural ou uma Duplicata Rural, podendo chegar
a 25 milhões para Financiamento Especial de Estoca-
CMN 4.899/21
gem (FEE) de sementes, com recursos controlados.
Para o crédito de industrialização limite do cré-
Custeio: destina-se a cobrir despesas normais dos dito para as operações de industrialização, ao ampa-
ciclos produtivos como aquisição de bens e insumos, ro dos recursos controlados, é de R$1.500.000,00 (um
suplemento do capital de trabalho, além de atender às milhão e quinhentos mil reais) por tomador, em cada
pessoas dedicadas à extração de produtos vegetais. (é ano agrícola e em todo o SNCR, onde, no mínimo, 50%
comprar insumos para plantar grãos, vegetais, etc.). (cinquenta por cento) da produção a ser beneficiada
ou processada deve ser de produção própria do pro-
Investimentos: destina-se às aplicações em bens
dutor rural, da cooperativa de produção ou de asso-
ou serviços, cujo desfrute se estenda por vários ciados; podendo chegar a 400 milhões, com recursos
períodos de produção. (Modernização) dos fundos constitucionais, se tomado por cooperati-
Comercialização: destina-se a assegurar ao pro- vas de produção agropecuárias
dutor ou cooperativas os recursos necessários à
colocação de seus produtos no mercado, podendo O que é Nota Promissória Rural?
compreender a pré-comercialização, os descontos
de Nota Promissória Rural, Duplicatas Rurais e o Título de crédito, utilizado nas vendas a prazo
Empréstimo do Governo Federal (EGF). de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril,
Crédito de industrialização: destina-se a pro- quando efetuadas diretamente por produtores rurais
dutor rural para industrialização de produtos agro- ou por suas cooperativas; nos recebimentos, pelas
pecuários em sua propriedade rural, desde que, no cooperativas, de produtos da mesma natureza entre-
gues pelos seus cooperados, e nas entregas de bens de
mínimo, 50% (cinquenta por cento) da produção a ser
produção ou de consumo, feitas pelas cooperativas
beneficiada ou processada seja de produção própria;
aos seus associados. O devedor é, geralmente, pessoa
e a cooperativas, na forma definida no Manual do Cré- física.
dito Rural, desde que, no mínimo, 50% (cinquenta por
cento) da produção a ser beneficiada ou processada O que é Duplicata Rural?
seja de produção própria ou de associados.
Nas vendas a prazo de quaisquer bens de nature-
Taxa de Juros za agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetuadas
diretamente por produtores rurais ou por suas coo-
A taxa de juros máxima admitida no crédito rural perativas, poderá ser utilizada também, como título
é de 6% a.a. (seis por cento), podendo ser reduzidas a do crédito, a duplicata rural. Emitida a duplicata rural
critério da instituição financeira e escalonada confor- pelo vendedor, este ficará obrigado a entregá-la ou a
me origem dos recursos dos Fundos Constitucionais remetê-la ao comprador, que a devolverá depois de
(FNE, FNO e FCO). assiná-la. O devedor é, geralmente, pessoa jurídica.
Quais são os limites de financiamento? Como pode ser liberado o crédito rural?
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z Desenvolver atividades florestais e pesqueiras; z Crédito de investimento para construções, refor-
z Estimular a geração de renda e o melhor uso da mas ou ampliações de benfeitorias: até a conclusão
mão-de-obra na agricultura familiar. do cronograma de execução, previsto no projeto;
z Demais financiamentos: até 60 (sessenta) dias após
As garantias da operação: cada utilização, para comprovar a realização das
obras, serviços ou aquisições.
z Penhor agrícola, pecuário, mercantil, florestal ou
cedular; Cabe ao fiscal verificar a correta aplicação dos
z Alienação fiduciária; recursos orçamentários, o desenvolvimento das ati-
z Hipoteca comum ou cedular; vidades financiadas e a situação das garantias, se
z Aval ou fiança; houver.
z Seguro rural ou ao amparo do Programa de Garan-
tia da Atividade Agropecuária (Proagro); (Isento de FINANCIAMENTOS À EXPORTAÇÃO E
IOF) IMPORTAÇÃO – BNDES
z Proteção de preço futuro da commodity agrope-
cuária, inclusive por meio de penhor de direitos, Financiamentos à importação - são linhas de
contratual ou cedular; crédito captadas no exterior para financiamento aos
z Outras que o Conselho Monetário Nacional admitir. importadores por um prazo negociado com o banco.
Podem ser obtidas pelo importador com o banqueiro
A que tipo de despesas está sujeito o crédito rural? no exterior ou com o banco brasileiro.
Financiamentos à exportação - são linhas de cré-
z Remuneração financeira (taxa de juros); dito que podem ser com recursos do BNDES (Banco
z Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e dos bancos nacionais e do Tesouro Nacional, já que é
Valores Mobiliários (IOF); de interesse do país que ocorra a exportação para que
z Custo de prestação de serviços; ocorra a entrada de divisas no país.
z As previstas no Programa de Garantia da Ativida- Entre as linhas de financiamento, podemos citar:
de Agropecuária (Proagro);
1. ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio - For-
O Proagro é o Programa de Garantia da Atividade ma de antecipação de receita para exportadores que
Agropecuária. É um programa do governo federal que já tenha fechado o contrato de venda e que, portan-
garante o pagamento de financiamentos rurais quan- to, já tenham uma data prevista para o embarque das
do a lavoura sofrer danos provocados por eventos cli- mercadorias e posterior ingresso das divisas.
máticos adversos ou causados por doenças e pragas
sem controle. O contrato de câmbio será negociado com um
banco local, que adianta ao exportador os reais equi-
z Prêmio de seguro rural, observadas as normas valentes ao valor da exportação. O contrato de câmbio
divulgadas pelo Conselho Nacional de Seguros pode ser encerrado, também, sem liquidação financei-
Privados; ra. É quando o ACC vira um ACE.
z Sanções pecuniárias, as famosas MULTAS por
descumprimento de normas, que acabam virando 2. ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues -
recursos para o crédito rural. Com o embarque das mercadorias e a entrega dos
z Prêmios em contratos de opção de venda, do mes- documentos, o ACC poderá ser contabilmente trans-
mo produto agropecuário objeto do financiamento formado em ACE ou, no caso do exportador não ter
de custeio ou comercialização, em bolsas de merca- feito ACC, o ACE pode ser solicitado em até 60 dias
dorias e futuros nacionais, e taxas e emolumentos após o embarque.
referentes a essas operações de contratos de opção.
ACE é, portanto, um financiamento após o embar-
Nenhuma outra despesa pode ser exigida do mutuá- que das mercadorias com a entrega de documentos
rio, salvo o exato valor de gastos efetuados à sua conta e depende da necessidade do exportador em esten-
pela instituição financeira ou decorrente de expressas der o prazo de pagamento para seus compradores
disposições legais. Cuidaso! A Alíquota do IOF é zero, (importadores).
mas existe um IOF adicional de 0,38% sobre o Cré-
dito Rural. GARANTIAS DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
Quando deve ser realizada a fiscalização do crédito As Garantias de operações de crédito existem como
rural? uma forma de proteção para os bancos e credores em
geral que querem garantir o pagamento, por parte do
Deve ser efetuada nos seguintes momentos: devedor, de compromissos assumidos por este para
com os credores. As garantias possuem dois grandes
z Crédito de custeio agrícola: antes da época previs- grupos: Fidejussórias e as Reais.
ta para colheita; As garantias Fidejussórias são relacionadas a pes-
z Empréstimo do Governo Federal (EGF): no curso soas, ou seja, a garantia passa a ser uma pessoa física
da operação; ou jurídica. Já as garantias Reais envolvem bem ou
z Crédito de custeio pecuário: pelo menos uma vez direitos que são dados em garantia do cumprimento
no curso da operação, em época que seja possível de alguma obrigação, por exemplo: veículos, imóveis,
verificar sua correta aplicação; títulos de crédito e até direitos de crédito.
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Garantias Fidejussórias A fiança pode ser dada por qualquer pessoa capaz
física ou jurídica. Quando o fiador, pessoa física for
Do prefixo latino “fides”, fé, sinceridade, crença, casado, é obrigatório o consentimento do cônjuge.
confiança, crédito, esse tipo de garantia está baseada Na avaliação dos bens do(s) fiador (es) não se conta
na fidelidade do garantidor em cumprir a obrigação, o bem de família – único imóvel residencial – por for-
caso o devedor não o faça e, de outro lado, na confian- ça da impenhorabilidade prevista na Lei 8.009/90 e no
ça do credor, no retorno de seu crédito, seja por parte Código Civil. Esse bem de família somente pode respon-
do devedor ou por parte do garantidor. der pela dívida se for recebido em garantia hipotecária.
Nessa garantia, a assinatura do garantidor será a Fiança Bancária: Nada mais é do que um contra-
garantia do cumprimento das obrigações assumidas to por meio do qual o banco, que é o fiador, garante
pelo devedor, ou até mesmo os bens pessoais do o cumprimento da obrigação de seus clientes (afian-
garantidor respondem pelo cumprimento da dívida çado) e poderá ser concedido em diversas modalida-
do devedor. Nesta categoria, estão o aval e a fiança. des de operações e em operações ligadas ao comércio
internacional.
A fiança nada mais é do que uma obrigação escri-
z Aval: Ato pelo qual alguém, pela aposição de sua
ta, acessória, assumida pelo banco, e que, por se tratar
assinatura no verso ou anverso de um título de
de uma garantia e não de uma operação de crédito,
crédito, declara-se responsável solidariamente
está isenta do IOF.
com o devedor pelo pagamento da quantia expres-
Os Bancos somente poderão prestar fiança que
sa no título. tenha perfeita caracterização do valor em moeda
nacional e vencimento, ou seja, o prazo de validade
Ou seja, o Aval é uma garantia dada em Títulos de da fiança.
Crédito e é solidária, ou seja, tanto o devedor como Além disso, os bancos não poderão contratar fian-
seu garantidor, o avalista, podem ser executados pelo ças que acumulem valor superior a 5 vezes o montan-
credor na ordem que este preferir. Desta forma, dize- te dos seus capitais realizados e reservas livres, bem
mos que o aval é avacalhado, ou seja, bagunçado e como as fianças não poderão, isoladamente, superar
sem ordem de execução. a metade da soma dos recursos livres e dos capitais
O novo Código Civil exige a autorização do cônju- realizados.
ge, casado sob o regime de comunhão parcial e total É vedado aos bancos:
de bens, para a prestação de aval, sob pena de invali-
dade das respectivas garantias. z A assunção de responsabilidades por aval ou
No aval, o garantidor promete pagar a dívida, caso outorga de aceite;
o devedor não o faça. Vencido o título, o credor pode z A concessão de fiança ou qualquer outra garantia
cobrar indistintamente do devedor ou do avalista. que possa, direta ou indiretamente, ensejar aos
O aval é uma garantia tipicamente cambiária, ou seja, favorecidos a obtenção de empréstimos em geral,
não vale em contrato, somente pode ser passado ou o levantamento de recursos junto ao público;
em títulos de crédito e o avalista se responsabiliza z A concessão de aval ou fiança em moeda estran-
apenas pelo valor expresso no título avalizado. geira ou que envolva risco de variação de taxas
Fiança Pessoal: É um contrato por meio do qual de câmbio, exceto quando se tratar de operações
alguém, chamado fiador, garante o cumprimento da ligadas ao comércio exterior.
obrigação do devedor, caso este não o faça, ou garante
o pagamento de uma indenização ou multa pelo não A prestação de fiança pela Caixa Econômica Fede-
cumprimento de uma obrigação de fazer ou de não ral depende de prévia e expressa autorização deste
fazer do afiançado. A fiança é uma garantia dada em Banco Central, em cada caso. As Sociedades de Crédi-
contratos, ou seja, diferentemente do aval, a fiança to, Financiamento e Investimentos não poderão pres-
exige um contrato para ser formalizada. tar fiança nem aval.
Na fiança, existem três figuras distintas: As informações anteriores não se aplicam aos ban-
cos privados de investimento ou de desenvolvimento,
os quais ficam regulados, no particular, pela Resolu-
z O Fiador: aquele que se obriga a cumprir a obriga-
ção nº 18, de 18 de fevereiro de 1966. As demais Insti-
ção, caso o devedor não o faça;
tuições Financeiras, inclusive Cooperativas de Crédito
z O Afiançado: é o devedor principal da obrigação
e Seção de Crédito das Cooperativas Mistas, não pode-
originária da fiança,
rão outorgar aceite, fiança ou aval.
z O Beneficiário: é o credor, aquele a favor do qual
a obrigação deve ser cumprida. Garantias Reais
A fiança, em relação ao crédito, representa uma Como vimos na garantia pessoal, os bens gerais do
obrigação subsidiária, ou seja, ela só existe até o garantidor asseguram o cumprimento da obrigação.
limite estabelecido e somente pode ser cobrada Já na garantia real (do latim res=coisa), o devedor ou
caso o devedor não pague a dívida afiançada. garantidor destaca um bem específico que garantirá
A fiança é subsidiária, o que permite o direito o ressarcimento do credor, na hipótese de inadim-
de ordem na execução da dívida, ou seja, o fiador, plência do devedor. Diante da hipótese de inadimple-
ou codevedor, só efetivamente será executado após mento do devedor, o credor pode oferecer à venda o
cobrança ao devedor principal. bem onerado, pagando-se com o preço obtido, devol-
Para ser solidária, ou seja, para que o fiador possa vendo ao devedor a diferença entre o valor da dívida
ser compelido a pagar, independentemente de o deve- e o preço alcançado na venda. Caso o preço da venda
dor já ter ou não sido acionado para fazê-lo, deverá não baste para a liquidação da dívida, o devedor
conter cláusula específica. continua obrigado ao pagamento da diferença.
31
O credor com garantia real não necessita habilitar- Hipoteca – Direito real de garantia, constituído
-se em concordata do devedor, visto que o bem garan- sobre imóvel do devedor ou de terceiros, sem tirá-
tidor da operação já está destacado em sua garantia. -lo da posse direta do proprietário, objetivando sujei-
Na hipótese de falência, vendido o objeto garantidor, tá-lo ao pagamento da dívida.
primeiramente o credor é pago e, restando algum Ou seja, diferentemente da alienação fiduciária,
valor, é esse distribuído entre os credores quirogra- aqui o devedor dá o bem em garantia, mas continua
fários. Se o valor da venda não for suficiente para o o dono dele, ou seja, não há transferência de pro-
ressarcimento do credor, esse deverá habilitar-se no priedade do devedor para o credor, mas apenas a
processo de falência pela diferença, na qualidade de sinalização de que aquele imóvel é uma garantia de
credor quirografário. uma operação de crédito e, caso ele seja vendido, o
valor arrecadado será voltado preferencialmente a
Penhor quitação da dívida contraída.
A hipoteca pode ser formalizada em um Instru-
Penhor Mercantil – Contrato acessório e formal, mento à parte ou por cláusula adjeta a contratos de
em que o devedor, ou outra pessoa por ele, entrega empréstimos, mas em qualquer caso é obrigatória a
ao credor um ou vários bens móveis, como garantia averbação na matrícula do imóvel junto ao Cartório
de obrigação. de Registro de Imóveis.
Quando o imóvel for de propriedade de pessoa
física casada, é obrigatório o comparecimento de seu
Importante! cônjuge na hipoteca.
Finalmente, convém salientar que toda garan-
O bem, objeto dessa garantia, obrigatoriamente
tia é acessória de uma obrigação principal e que,
fica na posse do banco ou de quem este indi-
portanto, com a extinção da obrigação principal, a
car como fiel depositário. A Propriedade é do garantia deixa de existir. Por outro lado, a garantia
devedor! se prende somente à obrigação garantida, não poden-
do, por ato unilateral do credor se estender a outra
O contrato lastreado por garantia de penhor mer- obrigação, ainda que as partes sejam as mesmas.
cantil é levado a registro no Cartório de Títulos e
Documentos, para que surta os efeitos legais contra FUNDO GARANTIDOR DO CRÉDITO
terceiros. A origem/propriedade do bem a ser penho-
rado é comprovada através de documentação hábil. Em agosto de 1995, através da Resolução 2.197,
De acordo com o Código Civil, extingue-se o penhor: de 31/08/1995, o Conselho Monetário Nacional - CMN
autoriza a “constituição de entidade privada, sem fins
z Extinguindo-se a obrigação; lucrativos, destinada a administrar mecanismos de
z Perecendo a coisa; proteção a titulares de créditos contra instituições
z Renunciando o credor; financeiras”.
z Confundindo-se na mesma pessoa as qualidades Em novembro de 1995, o Estatuto e Regulamento
de credor e de dono da coisa; da nova entidade são aprovados. Cria-se, portanto,
z Dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a o Fundo Garantidor de Créditos - FGC, associação
venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou civil sem fins lucrativos, com personalidade jurí-
por ele autorizada. dica de direito privado, através da Resolução 2.211,
de 16/11/1995.
Alienação Fiduciária: É a garantia representa- O FGC tem por objetivos prestar garantia de crédi-
da pela transferência da propriedade resolúvel tos contra instituições dele associadas, nas situações
do bem móvel para o credor fiduciante, ficando o de:
devedor fiduciário na posse direta desse bem, na
condição de fiel depositário, até o cumprimento total z Decretar da intervenção ou da liquidação extraju-
das obrigações. dicial de instituição associada;
Essa garantia veio resolver o problema das Socie- z Reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil,
dades Financeiras que, ao financiar a aquisição de do estado de insolvência de instituição associada
bens móveis, utilizava-se de institutos obsoletos para que, nos termos da legislação em vigor, não estiver
garantir o pagamento da obrigação. Esta garantia é sujeita aos regimes referidos no item anterior.
típica em financiamento de bens duráveis.
Para o credor, esse tipo de garantia trouxe a novi- Integra também o objeto do FGC, consideradas
dade de, caso o devedor não liquide sua obrigação as finalidades de contribuir para a manutenção da
no vencimento, poderá requerer a ação de busca e estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e pre-
apreensão do bem alienado e, após se apossar des- venção de crise sistêmica bancária, a contratação de
se, vendê-lo a terceiros, aplicando o valor de venda operações de assistência ou de suporte financeiro,
no pagamento de seu crédito, ou seja, com a alienação incluindo operações de liquidez com as instituições
fiduciária, o bem pode ser executado sem o tramite associadas, diretamente ou por intermédio de empre-
judicial completo, bastando o devedor ser declara- sas por estas indicadas, inclusive com seus acionistas
do irremediavelmente insolvente, ou seja, não vai controladores.
pagar de jeito nenhum.
No entanto, convém salientar que o credor não Critérios para Pagamento
pode ficar com o bem objeto da garantia, devendo
vendê-lo, utilizando-se do valor da venda na liquida- O pagamento é realizado por CPF/CNPJ e por insti-
ção da operação. tuição financeira ou conglomerado.
32
Limite de Cobertura Ordinária
COMO ERA
Até R$250.000,00 por CPF, por conta ou conglome- Garantia de até R$ 250 mil por CPF/CNPJ e conglo-
rado financeiro. Se a conta possuir mais de um titular, merado financeiro, em depósitos cobertos pelo Fundo
o valor de 250 mil será dividido pelo número de titu- Garantidor de Créditos e emitidos por instituições as-
lares, ou seja, não são 250 mil por cada, mas sim por sociadas à entidade.
todos, ok? Não havia teto para garantia paga pelo FGC por CPF ou
CNPJ em qualquer período.
Adesão Compulsória
Investidores não-residentes não contavam com a ga-
rantia do FGC.
A adesão das instituições financeiras e as associa-
ções de poupança e empréstimo em funcionamento COMO FICOU
no País - não contemplando as cooperativas de crédito
Limite permanece inalterado.
e as seções de crédito das cooperativas, é realizada de
forma compulsória. As autorizações do Banco Central Teto de R$ 1 milhão por CPF ou CNPJ, a cada período
do Brasil para funcionamento de novas instituições de 4 anos, para a garantia paga pelo FGC.
financeiras estão condicionadas à adesão ao FGC. Investidores não-residentes passam a contar com a ga-
O FGC possui norma legal que explicita os critérios rantia, para investimentos elegíveis.
e limites de proteção ao Sistema Financeiro Nacional
- Resolução 4.222, de 23 de maio de 2013.
O FGCOOP – Fundo Garantidor do Cooperativismo
Depósitos Garantidos
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou
resolução que estabelece a forma de contribuição
z Depósitos à vista (contas correntes) das instituições associadas ao Fundo Garantidor do
z Depósitos de poupança; Cooperativismo de Crédito (FGCoop), bem como
z Depósitos a prazo CDB e RDB; aprova seu estatuto e regulamento. Conforme previs-
z Depósitos mantidos em contas não movimentáveis to na Resolução nº 4.150, de 30/10/2012, esse fundo
por cheques destinadas a salários; terá como instituições associadas todas as cooperati-
z Letras de câmbio; vas singulares de crédito do Brasil e os bancos coo-
perativos integrantes do Sistema Nacional de Crédito
z Letras hipotecárias;
Cooperativo (SNCC).
z Letras de crédito imobiliário; De acordo com seu estatuto, o FGCoop tem por
z Letras de crédito do agronegócio (LCA); objetivo prestar garantia de créditos nos casos de
z Operações compromissadas que têm como objeti- decretação de intervenção ou de liquidação extraju-
vo títulos emitidos após 8 de março de 2012 por dicial de instituição associada, até o limite de R$250
empresa ligada. mil reais por pessoa, bem como contratar operações
de assistência, de suporte financeiro e de liquidez com
Para que o fundo possua recursos, são necessárias essas instituições.
A contribuição mensal ordinária das instituições
contribuições MENSAIS das instituições que fizeram
associadas ao Fundo será de 0,01% dos saldos das
adesão ao FGC.
obrigações garantidas, que abrangem as mesmas
A contribuição ordinária é de 0,01% e as espe- modalidades protegidas pelo Fundo Garantidor de
ciais, para garantir os DPGEs (Depósitos a Prazo com Créditos dos bancos, o FGC.
Garantia Especial) de 0,02% com garantias reais e
0,03% sem garantias reais. Essas garantias reais, são
bens ofertados em garantia pela instituição financeira Importante!
para cobrir eventuais problemas de liquidez. As Cooperativas de Crédito e os Bancos Coope-
Atenção, pois as Letras Imobiliárias não são mais rativos não fazem mais parte do FGC, apenas
garantidas pelo FGC. fazem parte do FGCOOP. O FGCOOP (Fundo
A regra padrão é que o FGC garante os depósitos Garantidor do Cooperativismo) que tem as mes-
até 250 mil reais por CPF/conta ou conglomerado mas coberturas do FGC, mesmos critérios e
financeiro, entretanto para o DPGE – Depósitos a Pra- mesmos objetivos.
zo com Garantia Especial do FGC – a garantia é de até
40 milhões de reais, o que o torna especial. Vale des-
tacar que nesta modalidade de investimentos não se
PRODUTOS E SERVIÇOS BANCÁRIOS
admite conta conjunta, mas apenas individual, desta
forma não há de se falar em dividir os 40 milhões para SISTEMA DE SEGUROS PRIVADOS
2 ou mais pessoas na mesma conta.
Essa modalidade de depósitos exige valor míni- O Subsistema Normativo
mo inicial de 1 milhão de reais e prazo mínimo de 12 Dentro do sistema de seguros privados, nós temos,
meses e máximo de 24 meses. assim como no sistema financeiro que vimos anterior-
Algumas mudanças que ocorreram no FGC em mente, uma estrutura composta por órgão normativo,
2017. entidade supervisora e os operadores.
33
Neste sistema, nós temos como órgão normativo o O Subsistema Operador do Sistema de Seguros
Conselho Nacional de Seguros Privados, o CNSP, res- Privados
ponsável por fixar as diretrizes e normas da política
de seguros privados. Ele é composto pelo Ministro da As instituições a seguir são subordinadas ao CNSP
Economia (Presidente), representante do Ministério e a SUSEP, que regulamentam seu funcionamento e
da Justiça, representante da Secretaria da Previdência fiscalizam suas atuações neste mercado.
Social, Superintendente da Superintendência de Segu-
ros Privados, representante do Banco Central do Brasil Sociedades de Capitalização
e representante da Comissão de Valores Mobiliários.
São atribuições do CNSP: Constituídas sob a forma de sociedades anô-
nimas, elas negociam contratos (títulos de capita-
z Fixar diretrizes e normas da política de seguros lização) que têm por objeto o depósito periódico de
privados; prestações pecuniárias pelo contratante, o qual terá,
z Regular a constituição, organização, funcionamen- depois de cumprido o prazo contratado, o direito de
to e fiscalização dos que exercem atividades subor- resgatar parte dos valores depositados corrigidos por
dinadas ao Sistema Nacional de Seguros Privados, uma taxa de juros estabelecida contratualmente; con-
bem como a aplicação das penalidades previstas; ferindo, ainda, quando previsto, o direito de concor-
z Fixar as características gerais dos contratos de rer a sorteios de prêmios em dinheiro.
seguro, previdência privada aberta, capitalização
e resseguro; O Título de Capitalização (Circular 569/2028)
z Estabelecer as diretrizes gerais das operações de
resseguro; É um produto em que parte dos pagamentos reali-
z Conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB; zados pelo subscritor (adquirente) e usado para for-
z Prescrever os critérios de constituição das Sociedades mar um capital mínimo, segundo cláusulas e regras
Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdên- aprovadas e mencionadas no próprio título (Condições
cia Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos Gerais do Título), e que, além disso, será pago em moe-
limites legais e técnicos das respectivas operações; da corrente nacional em um prazo máximo esta-
z Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão belecido no contrato, dando também ao adquirente/
de corretor. subscritor o direito a participação em sorteios.
Os prazos dos títulos de capitalização são:
Para auxiliar o CNSP, foi criada a SUSEP (Superin-
tendência de Seguros Privados) que é a autarquia z Prazo de Pagamento: é o período durante o qual o
responsável pelo controle e fiscalização dos mercados Subscritor compromete-se a efetuar os pagamen-
de seguro, previdência privada aberta, capitalização tos que, em geral, são mensais e sucessivos. Outra
e resseguro. A autarquia, vinculada ao Ministério da possibilidade, como colocada acima, é a de o título
Economia, foi criada pelo Decreto-lei nº 73, de 21 de ser de Pagamento Periódico (PP) ou de Pagamento
novembro de 1966, e sua missão é desenvolver os Único (PU);
mercados supervisionados, assegurando sua estabili- z Prazo de Vigência: é o período durante o qual o
dade e os direitos do consumidor. Título de Capitalização está sendo administrado pela
São atribuições da SUSEP: Sociedade de Capitalização, sendo o capital relativo
ao título, em geral, atualizado monetariamente pela
z Fiscalizar a constituição, organização, funciona- TR e capitalizado pela taxa de juros informada nas
mento e operação das Sociedades Seguradoras, de Condições Gerais. É o prazo que compreende o iní-
Capitalização, Entidades de Previdência Privada cio e o fim do título, ou seja, o prazo em que o cliente
Aberta e Resseguradores, na qualidade de execu- ou subscritor concorre aos sorteios;
tora da política traçada pelo CNSP; z Prazo de Carência: é o período em que o subscri-
z Atuar no sentido de proteger a captação de pou- tor (cliente) não pode solicitar o resgate da capita-
pança popular que se efetua através das operações lização, mesmo com perdas. Esse prazo é máximo
de seguro, previdência privada aberta, de capitali- de 24 meses em qualquer modalidade.
zação e resseguro; Formas de pagamento:
z Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores
dos mercados supervisionados; z Por Mês (PM)
z Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos
instrumentos operacionais a eles vinculados, com É um título que prevê um pagamento a cada mês
vistas à maior eficiência do Sistema Nacional de Segu- de vigência do título.
ros Privados e do Sistema Nacional de Capitalização;
z Promover a estabilidade dos mercados sob sua z Por Período (PP)
jurisdição, assegurando sua expansão e o funcio-
namento das entidades que neles operem; É um título em que não há correspondência entre
z Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que o número de pagamentos e o número de meses de
integram o mercado; vigência do título.
z Disciplinar e acompanhar os investimentos daque-
las entidades, em especial os efetuados em bens z Pagamento Único (PU)
garantidores de provisões técnicas;
z Cumprir e fazer cumprir as deliberações do É um título em que o pagamento é único (realiza-
CNSP e exercer as atividades que por este forem do uma única vez), tendo sua vigência estipulada na
delegadas; proposta. (no mínimo 12 meses). Note que nem sem-
z Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. pre os prazos de vigência e pagamento vão coincidir.
34
Modalidades: Só pode ser estruturado na forma PU (pagamento
único), vigência mínima de 60 dias e para resgate ape-
z Modalidade Tradicional: nas após 60 dias contados da aplicação.
Define-se como Modalidade Tradicional o Título de
Capitalização que tem por objetivo restituir ao titular, Categoria Instantânea
ao final do prazo de vigência, no mínimo, o valor
total dos pagamentos efetuados pelo subscritor A famosa raspadinha agora pode ser atrelada a
(cliente), desde que todos os pagamentos previstos título de capitalização. Este procedimento já era feito
tenham sido realizados nas datas programadas. há anos no Brasil, mas não era regulamentado pela
Deve possuir prazo de vigência mínimo de 12
SUSEP, o que mudou após a publicação da Circular
meses e tem carência mínima de 30 dias para resgate.
569/2018. É importante frisar que Categoria Instantâ-
z Modalidade Compra-Programada: nea não pode ser confundida com modalidade.
Define-se como Modalidade Popular o Título de z Cota de Capitalização: parte que é destinada a
Capitalização que tem por objetivo propiciar a partici-
acumulação do capital, corrigira monetariamente
pação do titular em sorteios, sem que haja devolução
integral dos valores pagos. Tem vigência mínima de por um índice fixado no contrato. Deve ser maior
12 meses e carência mínima de 60 dias para resgate. que as demais cotas;
A Tele Sena é um ótimo exemplo desta modalidade. z Cota de sorteio: parte destinada ao pagamento
dos prêmios aos sorteados;
z Modalidade Incentivo: z Cota de Carregamento: parte destinada as despe-
Entende-se por Modalidade Incentivo o Título de sas administrativas da sociedade de capitalização
Capitalização que está vinculado a um evento promo- com a administração do título.
cional de caráter comercial instituído pelo Subscritor
para alavancar as vendas de seus produtos ou servi- Os valores dos pagamentos são fixos?
ços ou para fidelizar seus clientes. Nos títulos com vigência igual a 12 meses, os paga-
O subscritor neste caso é a empresa que compra o mentos são obrigatoriamente fixos. Já nos títulos com
título e o cede total ou parcialmente (somente o direi- vigência superior, é facultada a atualização dos paga-
to ao sorteio) aos clientes consumidores do produto
mentos, a cada período de 12 meses, por aplicação de
utilizado no evento promocional.
Tem prazo de vigência mínimo de 60 dias e prazo um índice oficial estabelecido no próprio título.
de 60 dias de carência para resgate.
O resgate é sempre inferior ao valor total que foi
z Modalidade de instrumento de garantia: pago?
Permite que o título de capitalização seja utilizado
como uma garantia ou caução. Com isso, o título de capi- Não. Alguns títulos possuem ao final do prazo de
talização passa a ser uma alternativa ao seguro garan- vigência um percentual de resgate igual ou até mesmo
tia e à fiança à locação ou obrigação com terceiros. superior a 100%, isto é, se fosse, por exemplo 100%,
O título só poderá ser resgatado pelo terceiro, caso significaria que o titular receberia ao final do prazo
o contrato seja quebrado pelo subscritor/adquirente de vigência, tudo o que pagou, além da atualização
do título, desta forma não se fala de carência para res- monetária, que é o caso do produto Tradicional.
gate. O subscritor/ adquirente poderá resgatar o título
durante a vigência, entretanto, só poderá fazê-lo com
ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA
a anuência do terceiro.
A vigência mínima será de 6 meses. COMPLEMENTAR
35
Os Planos de Previdência Complementar Abertos Os planos denominados PGBL E VGBL, durante o
período de diferimento, terão como critério de remu-
Os planos são comercializados por bancos e segu- neração da provisão matemática de benefícios a con-
radoras, e podem ser adquiridos por qualquer pessoa ceder, a rentabilidade da carteira de investimentos
física ou jurídica. O órgão do governo que fiscaliza e do Fundo de Investimentos Exclusivo (FIE), instituí-
dita as regras dos planos de Previdência Privada é a do para o plano, ou seja, DURANTE O PERÍODO DE
Susep (Superintendência de Seguros Privados), que é DIFERIMENTO NÃO HÁ GARANTIA DE REMUNE-
ligada ao Ministério da Economia. RAÇÃO MÍNIMA, ou seja, pode render negativo.
Os dois planos mais comuns são PGBL e VGBL. PGBL ou VGBL, como avaliar os dois tipos de pla-
PGBL significa Plano Gerador de Benefício Livre e nos de previdência.
VGBL quer dizer Vida Gerador de Benefício Livre.
São planos previdenciários que permitem que PGBL X VGBL
você acumule recursos por um prazo contratado.
Durante esse período, o dinheiro depositado vai sen- Abatimento das Tratamento Durante o período
do investido e rentabilizado pela seguradora ou banco contribuições no Fiscal de acumulação, os
escolhido. Imposto de Renda recursos aplicados
Tanto no PGBL como no VGBL, o contratante passa (até o limite de estão isentos de
12% da Renda tributação sobre
por duas fases: o período de investimento e o período
Bruta anual) du- os rendimentos.
de benefício. O primeiro normalmente ocorre quando
rante o período de Somente no mo-
estamos trabalhando e/ou gerando renda. Esta é a fase
acumulação. So- mento do recebi-
de formação de patrimônio. Já o período de benefício
bre os valores de mento de renda ou
começa a partir da idade que você escolhe para come- resgate e rendas resgate haverá a
çar a desfrutar do dinheiro acumulado durante anos haverá a incidên- incidência de Im-
de trabalho. A maneira de recebimento dos recursos é cia de tributação posto de Renda
você quem escolhe. É possível resgatar o patrimônio
acumulado e/ou contratar um tipo de benefício (ren-
da) para passar a receber, mensalmente, da empresa Mais atraente Para quem Para quem é isento,
seguradora. para quem de- é indicado declara Imposto de
É importante lembrar que tanto o período de clara Imposto de Renda simplificado
investimento quanto o período de benefício não preci- Renda completo, ou tem previdência
sam ser contratados com a mesma seguradora. Desta podendo aprovei- complementar e/
forma, uma vez encerrado o período de investimento, tar o abatimento ou já abate o limite
o participante fica livre para contratar uma renda na da Renda Bruta máximo de 12% da
instituição que escolher. anual na fase de Renda Básica anual
contribuição
Diferença entre PGBL e VGBL
3 Fonte: http://www.susep.gov.br/menu/informacoes-ao-publico/planos-e-produtos/previdencia-complementar-aberta#duvidasfaq
36
z Antecipada: incide no momento do aporte. Esta A Alíquota Regressiva
taxa é decrescente em função do valor do aporte
e do montante acumulado. Ou seja, quanto maior Esta alíquota indica que o imposto será cobrado na
forma inversa a Progressiva, ou seja, começará alto,
o valor do aporte ou quanto maior o montante
em 35%, e terminará em 10% ao fim de dez anos, ou
acumulado, menor será a taxa de carregamento
seja, a alíquota reduz com o tempo. Logo, esta modali-
antecipada.
dade é mais indicada para aqueles que desejam ficar no
z Postecipada: incide somente em caso de porta- plano de previdência por muito tempo, e que queiram
bilidade ou resgates. É decrescente em função do utilizar a aplicação como benefício futuro de aposenta-
tempo de permanência no plano, podendo chegar doria. Indicada para aqueles clientes que estão pensan-
a zero. Ou seja, quanto maior o tempo de perma- do em muito longo prazo. Deve, também, ser escolhida
nência, menor será a taxa. com atenção, pois esta escolha entre progressiva ou
z Híbrida: a cobrança ocorre tanto na entrada (no Regressiva é irretratável, ou seja, você não pode mudar.
ingresso de aportes ao plano), quanto na saída (na Tome cuidado, pois existe a possibilidade de troca
ocorrência de resgates ou portabilidades). Como de regime tributário de Progressivo para Regressivo, e
você pode ver, existem produtos que extinguem a isso encontra amparo na Lei 11.053. Embora a lei não
cobrança dessa taxa após certo tempo de aplica- seja muito clara, ela faz menção ao fato de que o clien-
ção. Outros atrelam esse percentual ao saldo inves- te que tenha uma previdência na moralidade tributária
progressiva possa migrar para a alíquota regressiva,
tido: quanto maior o volume aplicado, menor a
mas isso só pode ser feito uma única vez e é irreversível.
taxa. Nos dois casos, não deixe de pesquisar antes
Da mesma forma, em 2015 a SUSEP e a PREVIC
de escolher seu plano de previdência. assinaram um acordo em março daquele ano para
que fosse possível a migração entre previdência
Alíquotas do Imposto de Renda (IR) complementar aberta para fechada e vice-versa,
entretanto o acordo não especifica como e em que ter-
A alíquota do imposto de renda serve para tributar mo essa migração é feita, ficando clara apenas a auto-
a renda que você receberá ao final do plano, quando rização para migração.
for gozar o benefício de forma parcelada ou de uma
única vez. Claro que a receita federal não ficaria de PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA
fora desse seu dinheiro, não é? Logo, esta alíquota
Como vimos anteriormente, além das Sociedades
pode ser cobrada de duas formas de acordo com a de Capitalização, das seguradoras e das Entidades
escolha do cliente. Abertas de Previdência Complementar, existem as
Entidades Fechadas de Previdência complemen-
A Alíquota Progressiva tar. Entretanto, estas não são subordinadas ao CNSP
nem, tampouco, são fiscalizadas pela SUSEP. Vejamos:
Esta forma de tributação é ideal para quem não
declara imposto de renda ou se declara como isento, CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA
pois o imposto cobrado na previdência no momento COMPLEMENTAR
do resgate será de 15%, independente do prazo. Conselho Nacional de Previdência Complementar
Entretanto, caso sua renda passe a ser tributável, ou (CNPC) é um órgão colegiado que integra a estrutura do
seja, você passe a ganhar o suficiente para pagar impos- Ministério da Economia, reunindo-se trimestralmen-
to de renda, a tributação que era 15% passa a acompa- te, e cuja competência é regular o regime de previdên-
nhar a tributação do seu salário, e quando você efetuar cia complementar operado pelas entidades fechadas de
o resgate, terá de fazer um ajuste no seu imposto de previdência complementar (fundos de pensão).
renda para mais ou para menos, a depender o valor do O CNPC é o novo órgão com a função de regular
seu salário e da alíquota cobrada, por isso o nome Pro- o regime de previdência complementar operado
gressiva, pois aumenta conforme seu salário progride. pelas entidades fechadas de previdência comple-
Por exemplo, eu ganho 10 mil reais por ano, por- mentar, nova denominação do Conselho de Gestão da
tanto não preciso declarar imposto de renda, e se eu Previdência Complementar.
declarar não preciso pagar imposto, logo minha pre- SUPERINTENDÊNCIA DE PREVIDÊNCIA
vidência está sujeita a imposto de 15% e quando você COMPLEMENTAR (PREVIC)
efetuar o resgate e for cobrado o imposto, como você
não deve pagar imposto de renda, pode receber o Lei nº 12.154, de 23 de dezembro de 2009
valor cobrado de volta como restituição.
Art. 1º Fica criada a Superintendência Nacional de
Agora um outro exemplo: Ganho 70 mil reais por
Previdência Complementar - PREVIC, autarquia de
ano, logo, devo declarar imposto de renda e devo natureza especial, dotada de autonomia administra-
pagar imposto, ou esse pode ser retido no meu salá- tiva e financeira e patrimônio próprio, vinculada ao
rio pelo meu empregador se eu for assalariado. Para Ministério da Economia, com sede e foro no Distri-
quem ganha 70 mil reais por ano o imposto devido é de to Federal e atuação em todo o território nacional.
27,5%, ou seja, minha previdência sairá de um imposto Parágrafo único. A Previc atuará como entidade
de 15% para um imposto de 27,5%. Desta forma você de fiscalização e de supervisão das atividades das
entidades fechadas de previdência complementar
deverá pagar imposto a mais por ela e não receberá
e de execução das políticas para o regime de pre-
nada de volta a título de restituição. vidência complementar operado pelas entidades
Por isso, essa forma de tributação deve ser escolhi- fechadas de previdência complementar, observadas
da com cuidado, e com o pensamento no fato de que as disposições constitucionais e legais aplicáveis.
se sua renda subir demais você pagará mais imposto. Art. 2º Compete à Previc:
37
I - proceder à fiscalização das atividades das enti- O Seguro
dades fechadas de previdência complementar e
de suas operações; Contrato mediante o qual uma pessoa denomina-
II - apurar e julgar infrações e aplicar as penali- da Segurador, se obriga, mediante o recebimento de
dades cabíveis; um prêmio, a indenizar outra pessoa, denominada
III - expedir instruções e estabelecer procedimen- Segurado, do prejuízo resultante de riscos futuros,
tos para a aplicação das normas relativas à sua previstos no contrato. (Circular SUSEP 354/07).
área de competência, de acordo com as diretrizes Ou seja, o Segurador assume o risco do segurado
do Conselho Nacional de Previdência Complemen- e em troca disto recebe um prêmio em dinheiro, logo,
tar, a que se refere o inciso XVIII do art. 29 da Lei no cabe ao Segurador decidir se aceita ou não o risco do
10.683, de 28 de maio de 2003; segurado.
IV - autorizar:
Para se proteger as seguradoras se valem de pes-
a) a constituição e o funcionamento das enti-
quisas e questionários sobre o segurado para buscar
dades fechadas de previdência complementar,
calcular a probabilidade de um evento acontecer ou
bem como a aplicação dos respectivos estatutos e
regulamentos de planos de benefícios;
não. Estes eventos são os fatos geradores ou, simples-
mente, sinistros. Quando estes sinistros ocorrem o
Entidades Fechadas de Previdência Complementar segurador deve indenizar o segurado conquanto que
o sinistro esteja previsto no contrato firmado entre os
As entidades fechadas de previdência complemen- dois. Este contrato chamamos de apólice.
tar (fundos de pensão) são organizadas sob a forma
As partes da proposta de seguro:
de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos
e são acessíveis, exclusivamente, aos empregados z Apólice: proposta formal aceita pela seguradora;
de uma empresa ou grupo de empresas ou aos ser-
z Endosso: poder que se tem de mudar o bem em
vidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e
garantia ou características do bem garantido;
dos Municípios, entes denominados patrocinadores
z Prêmio: prestação paga periodicamente pelo
ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de
caráter profissional, classista ou setorial, denomina- segurado;
das instituidores. z Sinistro: prejuízo causado a um bem segurado;
As entidades de previdência fechada devem seguir z Indenização: valor que segurado recebe caso o
as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Mone- sinistro ocorra;
tário Nacional, por meio da Resolução 3.121, de 25 z Franquia: contribuição do segurado para libera-
de setembro de 2003, no que tange à aplicação dos ção da indenização, é a coparticipação do segura-
recursos dos planos de benefícios. do no prejuízo.
38
Para garantir com precisão um risco aceito, as próprio período (e às demais despesas da seguradora).
seguradoras usualmente repassam parte dele para Isso implica em que o prêmio cobrado é calculado de
uma resseguradora que concorda em indenizá-las por forma que corresponda à importância necessária para
eventuais prejuízos que venham a sofrer em função cobrir o valor das indenizações relativas aos sinistros
da apólice de seguro que vendeu. O contrato de resse-
esperados. Não há, assim, a possibilidade de devolu-
guro pode ser feito para cobrir um determinado risco
isoladamente ou para garantir todos os riscos assumi- ção ou resgate de prêmios e contribuições capitali-
dos por uma seguradora em relação a uma carteira ou zadas ao segurado, ao beneficiário ou ao estipulante,
ramo de seguros. O seguro dos riscos assumidos por como nos casos de planos de previdência.
uma seguradora é definido por meio de um contrato Tipicamente, esse regime se aplica aos planos pre-
de indenização. videnciários ou de seguro de vida em grupo, em situa-
Os Resseguradores fornecem proteção a varia- ções em que a massa de participantes é estacionária e
dos riscos, inclusive para aqueles de maior vulto e as despesas com pagamento de benefícios são estáveis
complexidade que são aceitos pelas seguradoras. Em e de curta duração. É usado também na previdência
contrapartida, a cedente (segurador direto) paga um
social estatal (INSS e regimes próprios do Estado),
prêmio de resseguro, comprometendo-se a fornecer
informações necessárias para análise, fixação do pre- porém, sem a condição de estabilidade mencionada.
ço e gestão dos riscos cobertos pelo contrato. É o caso também dos seguros de vida em grupo, de
Resumindo, a seguradora fica com medo de dar seguros de automóveis, de saúde etc.
um problema sério na apólice de seguro, ou o valor a Ocorrido o sinistro, o segurado recebe uma
indenizar ser alto demais, e acaba por tentar diminuir indenização pré-estabelecida independentemente
o risco, dividindo com uma resseguradora. É o seguro do valor que pagou. No mercado de seguros, entre-
do Seguro. tanto, para garantia da solvência das empresas, a
legislação impõe a formação de provisões de prêmios
O Cosseguro não ganhos, de oscilação de riscos e de sinistros, devi-
damente atestadas pelos atuários em Nota Técnica e
O cosseguro nada mais é do que pegar uma apólice
Avaliação Anual.
de seguro e distribuí-la para mais de uma seguradora,
ou seja, quando o risco é alto demais, as seguradoras O regime de repartição de capitais de cobertura é
dividem, entre elas, o risco daquela apólice, pois caso o método em que há formação de reserva apenas para
haja algum problema, o sinistro, o prejuízo é dirimido garantir os pagamentos das indenizações e benefí-
entre elas. cios iniciados no período, ou seja, arrecada-se apenas
Aqui há algumas características dos seguros: o necessário e suficiente para formação de reserva
Os seguros podem ser classificados em seguros garantidora do cumprimento dos benefícios futuros
individuais ou em grupo. que se iniciam neste período.
O seguro individual é uma relação entre uma pes-
Em outras palavras, há formação de um fundo
soa ou uma família e uma seguradora. A seguradora,
evidentemente, terá de aferir corretamente o risco correspondente ao valor atual dos benefícios de pres-
segurado e pulverizá-lo, colocando-o numa carteira tação continuada iniciados no período em questão.
onde existem diversos riscos semelhantes, mas inde- Nesse regime, há a obrigação de constituição de pro-
pendentes entre si. visão de benefícios concedidos.
O seguro em grupo é o seguro de um conjunto O regime de capitalização é o método que con-
de pessoas ligadas entre si de modo que se estabelece siste em determinar a contribuição necessária para
uma relação triangular entre a seguradora, o segura- atender determinado fluxo de pagamento de benefí-
do e o grupo a que ele pertence. cios, estabelecendo que o valor da série de contribui-
O grupo pode ser constituído por uma empresa,
ções efetuadas ao longo do tempo seja igual ao valor
por uma organização sem fins lucrativos, por uma
associação profissional, ou por uma pessoa física. Os da série de pagamentos de benefícios que se fará no
seguros contratados por empresas são chamados de futuro.
empresariais ou corporativos. É um seguro em gru- Esse modelo de financiamento constitui reservas
po, formalizado por uma única apólice que garante tanto para os participantes assistidos, como para os
coberturas estabelecidas de acordo com um critério ativos e obviamente pressupõe a aplicação das con-
objetivo e uniforme, não dependente exclusivamente tribuições nos mercados financeiros, de capitais e
da vontade do segurado. imobiliários a fim de adicionar valor à reserva que se
A seguradora, com base nos contratos de adesão ao está constituindo. A capitalização é dividida em duas
seguro, emite para cada segurado um documento que
fases distintas: a primeira denominada “fase contri-
comprova a inclusão no grupo (Certificado de Seguro).
Nesse documento constam a identificação do segura- butiva” e a segunda “fase do benefício”.
do e a designação dos seus beneficiários. A legislação vigente torna obrigatória a utilização
Os seguros diferem também segundo o regime de do regime financeiro de capitalização para os bene-
financiamento, ou seja, a técnica atuarial que deter- fícios de pagamento em prestações que sejam pro-
mina a forma de financiamento das indenizações e gramadas e continuadas. Nesse regime, obriga-se a
benefícios integrantes do contrato. empresa a constituir provisão de benefícios concedi-
Os regimes se dividem em repartição e capitali- dos, como no caso anterior, e provisão de benefícios
zação. O regime de repartição, por sua vez, se divide a conceder. Assim, no regime de capitalização, o obje-
entre repartição simples e repartição de capitais de
tivo não é apenas pagar indenização ou benefício
cobertura.
No regime de repartição simples, todos os prêmios pré-estabelecido, mas permitir ao segurado ou par-
pagos pelos segurados em determinado período for- ticipante retirar ao final do contrato uma poupança
mam um fundo que se destina ao custeio de indeniza- que, idealmente, cubra os riscos de morte, invali-
ções a serem pagas por todos os sinistros ocorridos no dez, aposentadoria etc.
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RAMOS DE SEGUROS
Seguros contra indenizações por danos materiais ou lesões corporais a terceiros por
3 Responsabilidades
culpa involuntária do segurado
8 Crédito em (“run off”) Seguros de crédito à exportação e contra riscos comerciais e políticos
Seguros coletivos de vida e acidentes pessoais, vida com cobertura para risco de so-
9 Pessoas Coletivo
brevivência, prestamista e educacional
10 Habitacional Seguros contra riscos de morte e invalidez do devedor e de danos ao imóvel financiado
Seguros individuais de vida e acidentes pessoais, vida com cobertura para risco de
13 Pessoa Individual
sobrevivência, prestamista e educacional
Fonte: Susep
Bom pessoal, muitos de nós já fomos a algum banco, alguma vez, para abrir, ou assistir alguém abrir uma con-
ta. A conta que abrimos no banco nada mais é do que um contrato, e como tal precisa de regras e de orientações
sobre sua forma.
Lembrando que esse contrato é composto por uma ficha-proposta e um cartão de assinatura.
A ficha-proposta deve conter no mínimo: Qualificação do depositante, endereço residencial e comercial
completos, telefone com DDD, referencias pessoais, data da abertura da conta e o número dessa conta, e a assina-
tura do depositante.
Estas orientações estão contidas na Resolução CMN nº 4753/2019, que dita às regras básicas que devem nor-
tear as Instituições Financeiras quando da Abertura e manutenção de contas de depósito.
Então vamos ver o que o CMN e o BACEN têm dito sobre isso:
z Documento de identificação (carteira de identificação ou equivalente, como, por exemplo, a carteira nacional
de habilitação, passaporte, CTPS, carreiras de órgão de classe);
z Inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF);
z Comprovante de residência.
Para que exista uma pessoa física, basta que esta nasça com vida. Ela se extingue com a morte do indivíduo.
40
z Documentos que qualifiquem e autorizem os Veremos com mais detalhes mais a frente.
representantes, mandatários ou prepostos a movi- Sobre as tarifas que podem ser cobradas na sua
mentar a conta. conta veja: Quando se fala em serviços do Banco, lem-
z Para que uma Pessoa Jurídica de direito Privado bramos que são 4 categorias de serviços:
exista é necessário que o contrato social seja regis-
trado na JUNTA COMERCIAL do Estado onde a z Serviços essenciais: aqueles que não podem ser
empresa se situa. cobrados
z Nos casos de Partidos Políticos deve-se registrar
o estatuto no TSE – Tribunal Superior Eleitoral. Emissão da primeira via do cartão de débito.
(estes são pessoas jurídicas de direito privado).
(segundas vias, exceto nos casos decorrentes de
z As pessoas jurídicas podem ser também de direito
perda, roubo, furto, danificação e outros moti-
Público Interno: União, Estados, Distrito Federal e
vos não imputáveis a Instituição emitente);
Municípios; Autarquias e Fundações Públicas. (são
4 saques durante o mês. (No caso de poupança
criados por Lei)
z Existem ainda as de Direito Público Externo: que são 2 saques por mês);
são os territórios e entidades governamentais no Até 10 folhas de cheque durante o mês;
exterior. 2 extratos por mês;
Até dia 28 de fevereiro de cada ano o banco
A pessoa jurídica extingue-se com a dissolução deve enviar ao cliente um extrato consolida-
desta, mediante acordo entre os sócios ou por decreto do, mostrando seus rendimentos no ano ante-
judicial, exceto para as públicas, que serão por meios rior, geralmente para fins de Imposto de Renda;
específicos. 2 Transferências entre contas da mesma insti-
Além disso, a instituição financeira pode estabe- tuição por mês. (No caso da poupança 2 transfe-
lecer critérios próprios para abertura de conta de rências entre contas de mesma titularidade);
depósito, desde que seguidos os procedimentos pre- Consultas via internet;
vistos na regulamentação vigente (Resolução CMN Prestação de qualquer serviço por meios eletrô-
4753/2019). nicos, no caso de contas cujos contratos prevejam
Ou seja, as instituições Financeiras podem exigir utilizar exclusivamente meios eletrônicos;
outros documentos ou termos para abrir esta conta, Compensação de cheques.
mas desde que não firam a resolução acima.
Ex.: Depósito Inicial e comprovante de rendimentos.
z Serviços prioritários: O banco é obrigado a for-
Vamos compreender sobre a ficha-proposta agora.
necer um pacote básico destes serviços priori-
Esta deve conter no mínimo:
tários, que são aqueles relacionados a contas de
z Condições para fornecimento de talonário de depósitos, transferências de recursos, operações
cheques; de crédito e de arrendamento mercantil, cartão
z Necessidade de comunicação pelo depositante, de crédito básico e cadastro, somente podendo ser
por escrito, de qualquer mudança de endereço ou cobrados os serviços constantes da Lista de Servi-
número de telefone ou no cadastro; ços da Tabela I anexa à Resolução CMN 3.919, de
z Condições para inclusão do nome do depositante 2010, devendo ainda ser observados a padroni-
no Cadastro de Emitentes de Cheque sem Fundos zação, as siglas e os fatos geradores da cobrança,
(CCF); também estabelecidos por meio da citada Tabela I;
z Informação de que os cheques liquidados, uma z Serviços especiais: aqueles cuja legislação e
vez microfilmados, poderão ser destruídos; regulamentação específicas definem as tarifas
(estas microfilmagens devem permanecer por no e as condições em que aplicáveis, a exemplo
mínimo 10 anos no arquivo); dos serviços referentes ao crédito rural, ao Siste-
z Tarifas de serviços, incluindo a informação sobre ma Financeiro da Habitação (SFH), ao Fundo de
serviços que não podem ser cobrados; Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), ao Fundo
z Saldo médio mínimo exigido para manutenção PIS/PASEP, às chamadas “contas-salário”, bem
da conta se houver essa exigência. como às operações de microcrédito de que trata a
Resolução CMN 4.000, de 2011;
Importante! z Serviços diferenciados: aqueles que podem ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou ao
A Ficha-Proposta somente poderá ser microfil- usuário as condições de utilização e de pagamento.
mada depois de transcorridos no mínimo cinco
anos, a contar do início do relacionamento com No encerramento da conta é necessário tomar
o cliente. alguns cuidados:
É facultado à instituição financeira abrir, man- z Pode ser encerrada por ambas as partes, cliente ou
ter ou encerrar contas de depósito caso o cliente banco, desde de que acompanhada de aviso prévio,
esteja inscrito no CCF – Cadastro de Emitente de Che- por meio de carta registrada ou meio eletrônico;
ques sem Fundos. z Informar se há cheques a serem compensados,
O cliente será incluído no CCF nas seguintes pois havendo, o banco pode ser negar encerrar
condições: a conta, sem a devida comprovação de que eles
foram liquidados;
z Devolução de cheque sem provisão de fundos na z Devolver as folhas de cheque restantes ou decla-
segunda apresentação; rar que as inutilizou;
z Devolução de cheque por conta encerrada; z Deixar depositado na conta valores para com-
z Devolução de cheque por pratica espúria. (práti- pensar débitos e compromissos assumidos na
cas ilegais). relação do cliente com o banco.
41
Atente para algumas informações: ao sacado. Caso não realize o pagamento, o banco
pode lançar o nome do sacado em protesto ou até
z Pessoas Físicas com idade entre 16 e 18 anos, não mesmo aos órgãos de proteção ao crédito.
emancipadas, podem ter conta de depósitos, e
acesso a crédito também, desde que na abertura Ainda sobre cobrança, existe um evento chamado
ou na assinatura do contrato sejam assistidas por float, que nada mais é do que quando o banco recebe
seus responsáveis legais!; um título de cobrança (boleto) a favor do cedente X,
z Já as Pessoas Físicas com idade inferior a 16 anos, porém só repassa a quantia correspondente depois
podem ter contas de depósitos, e devem ser repre- de 3 dias. Durante esse período (float) o Banco perma-
sentadas por seus representantes legais; nece com o recurso, a custo zero, investe a quantia.
z Pessoas Físicas com Deficiência Visual podem Para que isso existe deve estar previsto no contrato da
ter contas de depósitos, e até firmar contratos de
prestação do serviço. Geralmente essa liberdade dada
empréstimo, desde que sejam assistidas por duas
ao banco deixa as tarifas de cobrança mais baratas.
testemunhas e que o contrato seja lido em voz alta;
z Os residentes e domiciliados no exterior podem
ter conta no Brasil, mas as movimentações ocor-
Cedente Mercadoria Sacado
ridas em tais contas caracterizam ingressos ou saí-
das de recursos no Brasil e, quando em valor igual Credor Devedor
ou superior a R$10 mil, estão sujeitas a comprova-
ção documental, registro no sistema informatizado Aceita A
do Banco Central e identificação da proveniência
e destinação dos recursos, da natureza dos paga-
mentos e da identidade dos depositantes e dos
beneficiários das transferências efetuadas. (Lem- Banco
brando que só instituições autorizadas a operar Cobrador
com câmbio podem ter esse tipo de conta).
COBRANÇA
FUNDOS DE INVESTIMENTOS
Um dos serviços mais desenvolvidos pelos bancos
Um fundo de investimento é uma comunhão de
atualmente é a cobrança, um serviço indispensável para
recursos, captados de pessoas físicas ou jurídicas, com
qualquer banco comercial. Com este instrumento, os
o objetivo de obter ganhos financeiros a partir da
bancos estreitaram seu relacionamento com os clien-
aplicação em títulos e valores mobiliários. Um fun-
tes, PF e PJ, e engordaram as aplicações com recursos
do é organizado sob a forma de condomínio, e seu
transitórios em títulos. Vamos ver como isso acontece.
patrimônio é dividido em cotas, cujo valor é calcu-
Quando um cliente vende algo para alguém, bem
lado diariamente por meio da divisão do patrimô-
ou serviço, emite um boleto ou bloqueto, estes pos-
nio líquido pelo número de cotas em circulação.
suem código de barras, logo podem transitar pelos
Em outras palavras é como um condomínio que reúne
serviços de compensação, sem sua movimentação físi-
recursos de um conjunto de investidores (cotistas),
ca. Vimos, inclusive, que estes boletos transitam pelo
com o objetivo de obter ganhos financeiros a partir da
SILOC, até o VLB 25mil. Boletos de valor igual ou supe-
aquisição de uma carteira de títulos ou valores mobi-
rior ao VLB 250 mil transitam diretamente no STR.
liários. Se o gestor do fundo fizer um bom trabalho, o
Nesta história nós temos três personagens:
patrimônio do fundo aumentará, aumentando o valor
z O Credor ou cedente – cliente do banco que irá das cotas do fundo.
emitir ou contratar os serviços de emissão boletos Quando este fundo dá um bom resultado, ou seja,
de cobrança; lucro, este valor é distribuído proporcionalmente ao
z O Banco – instituição que disponibiliza o programa número de cotas de cada participante.
para emissão destes boletos, e que pode realizar a É a comunhão de recursos sob a forma de condo-
cobrança de duas formas: simples¹ ou registrada². mínio em que os cotistas têm os mesmos interesses
z O devedor ou sacado – cliente do credor que adqui- e objetivos ao investir no mercado financeiro e de
riu produto ou serviço, e pagará o boleto emitido. capitais, ou seja, todos têm os mesmos direitos, e o
valor das cotas é igual para todos.
A cobrança como falamos anteriormente, é um Funciona exatamente como um condomínio de
produto de relacionamento entre banco e cliente apartamentos, em que cada condômino é dono de
(cedente). Com isso o cedente possui conta no banco uma cota (um apartamento) e paga a um terceiro para
e os valores resultantes da cobrança são creditados administrar e coordenar as tarefas do prédio (o síndi-
diretamente na conta do cedente, em D+0 ou D+1, a co). Nele são estabelecidas as regras de funcionamen-
depender do que for pactuado. to (horário de funcionamento da piscina, do salão de
Graças ao sistema de compensação, o sacado festas, de música alta nas dependências dos aparta-
(devedor) pode pagar o título em qualquer praça, até mentos, entre outras). Essas regras são seguidas por
a data do vencimento. Após o vencimento, somente na todos os moradores, sem exceção.
agencia bancaria do cedente ou emissor do título. Um fundo de investimento funciona da mes-
ma forma. Os cotistas (os moradores) compram uma
z A cobrança simples é a mera emissão dos boletos. quantidade de cotas ao aplicar, e pagam uma taxa
O cedente preenche, emite, envia e especifica o ban- de administração a um terceiro (o Gestor, o síndico)
co onde deve ser pago, tudo isso sem aviso prévio ao para coordenar as tarefas do fundo e gerenciar seus
banco. Quando do pagamento, o banco envia uma recursos no mercado. Ao comprar cotas de um deter-
informação ao cliente e credita em sua conta; minado fundo, o cotista está aceitando suas regras
z A cobrança registrada é mais completa, pois o ban- de funcionamento (aplicação, resgate, horários, cus-
co vai processar a emissão dos títulos, com base em tos etc.), e passa a ter os mesmos direitos dos demais
informações previamente enviadas pelo cedente, e cotistas, independentemente da quantidade de cotas
vai processar inclusive a cobrança do pagamento que cada um possui.
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Agora, imagine que você não mora num prédio, O formulário de informações complementares é
portanto está fora do condomínio, e precisa escolher documento de natureza virtual, que deve ser disponibi-
quem vai fazer a manutenção da piscina e da quadra lizado pelo administrador e pelo distribuidor do fundo
esportiva ou quem vai contratar os seguranças. Pro- em seus sites. Trata-se de um documento de caracterís-
vavelmente, terá mais trabalho para encontrar esses tica mais dinâmica, que fornece informações comple-
prestadores de serviços e gastará mais. Se estivesse mentares sobre o fundo, contendo, entre outras:
num condomínio, essa seria uma tarefa para o sín-
dico, com a vantagem de poder ratear com os outros z Local, meio e forma de divulgação de informações
condôminos esses custos. do fundo;
Situação semelhante poderia acontecer com você, z Local, meio e forma de solicitação de informações
caso estivesse sozinho no mercado financeiro. Cabe- pelo cotista;
ria a você escolher os ativos para compor uma car- z Exposição dos fatores de riscos inerentes à compo-
teira de investimento. Isso significa analisar com sição da carteira do fundo;
frequência riscos, nível de endividamento e expecta- z Descrição da tributação aplicável ao fundo e a seus
tiva de resultados de cada empresa da qual você com- cotistas, contemplando a política a ser adotada
prou ação ou de cada banco do qual você adquiriu um pelo administrador quanto ao tratamento tributá-
CDB. Isso daria muito trabalho, logo, você entrando rio perseguido;
em um grupo, este grupo terá um gestor, e esse gestor z Descrição da política de administração de risco;
se preocupará com isso para você. z Política de distribuição de cotas, inclusive no que
se refere à descrição da forma de remuneração
Fonte: XP Investimentos dos distribuidores.
Quando o investidor vai aderir a um fundo, ou con- Lâmina de Informações Essenciais
domínio, ele deve atestar, mediante termo apropriado, A instrução CVM 522, de 08 de maio de 2012,
que recebeu o Regulamento, e que tomou ciência da que promoveu alterações na instrução 409, trouxe
política de investimentos e dos riscos do produto, modificações na Lâmina de Informações Essenciais,
além disso deve ser disponibilizado para eletronicamen- documento já utilizado no mercado para a venda de
te o Formulário de Informações Complementares. fundos de investimento para investidores de varejo. A
Caso o investidor que comprou parte desse fun- ideia é padronizar o material utilizado, de forma que
do queira vender, ele pode? os investidores possam melhor comparar os fundos.
Nas mudanças, a lâmina passa a conter as informa-
Isso vai depender. Existem dois tipos de fundos: ções mais importantes em formato simples e sempre
Abertos e Fechados. na mesma ordem. Além das informações sobre taxas
Os Fundos Abertos permitem que o investidor res- e despesas, a lâmina traz uma tabela com os retornos
gate o valor aplicado a qualquer momento, ou seja, dos últimos cinco anos, que enfatiza a existência, caso
ele pode reaver seu dinheiro, logo, será um fundo de exista, de anos com rentabilidade negativa, além de
alta liquidez. O resgate será feito com base no valor outras mudanças, conforme disposto na instrução.
em que a cota estiver valendo no mercado. Embora A lâmina deve ser atualizada mensalmente até o
existam fundos que pedem prazo de carência para res- dia 10 (dez) de cada mês com os dados relativos ao
gate, por exemplo: 30 ou 60 dias após a aplicação; os mês imediatamente anterior, e enviá-la imediatamen-
fundos são considerados como tendo alta liquidez. te à CVM. O administrador deve entregar a lâmina ao
Já os Fundos Fechados não permitem o resgate futuro cotista antes do seu ingresso no fundo e divul-
antecipado, ou seja, se você comprar vai ter de ficar gar, em lugar de destaque na sua página na internet, e
com as cotas até o fim do prazo estabelecido. Entre- sem proteção de senha, a lâmina atualizada.
tanto, como nada é eterno, você pode vender as cotas É importante saber que, todo cotista, ao ingressar
para outra pessoa, mas como elas já foram comer- no fundo, deve atestar, por meio de termo próprio,
cializadas a primeira vez com você, você terá de ven- que recebeu o regulamento e o prospecto (a partir de
dê-las no mercado secundário, ou seja, na bolsa de 1º de janeiro de 2013, a lâmina), que tomou ciência dos
valores ou no mercado de balcão. riscos envolvidos e da política de investimentos, como
também da possibilidade de ocorrência de patrimônio
ESTRUTURAS PRESENTES NOS FUNDOS DE negativo e de sua responsabilidade por contribuições
INVESTIMENTOS adicionais de recursos, quando for o caso. Por isso,
Mas o que são esse Regulamento e o Formulário de atenção ao ler esses documentos, pois neles o inves-
Informações Complementares? tidor vai encontrar informações muito importantes.
O Regulamento é o documento de constituição do Os Papéis das Pessoas
fundo. Nele estão estabelecidas todas as informações e
as regras essenciais relacionadas, entre outras estabele- z O investidor: cliente que tem recursos disponí-
cidas no capítulo IV da instrução CVM 409: (i) à adminis- veis para aplicar em fundos de investimentos,
tração; (ii) à espécie, se aberto ou fechado; (iii) ao prazo muitas vezes atraído por ganhos superiores ao de
de duração, se determinado ou indeterminado; (iv) à investimentos tradicionais como poupança, CDB e
gestão; (v) aos prestadores de serviço; (vi) à política de RDB e que foge de risco elevados como os investi-
investimento, de forma a caracterizar a classe do fun- mentos diretos em ações;
do; (vii) à taxa de administração e, se o caso, às taxas z O investidor Qualificado: pessoas físicas ou jurí-
de performance, entrada e saída; (ix) às condições de dicas que tem notório conhecimento sobre inves-
aplicação e resgate de cotas. As alterações no regula- timentos ou que tem volumes elevados aplicados
mento dependem de prévia aprovação da assembleia em investimentos e que estão dispostas a aplicar
geral de cotistas e devem ser comunicadas à CVM. É de forma diferenciada.
importante saber que as alterações feitas no regulamen-
São considerados investidores qualificados:
to do Fundo de Investimento implicam modificações
nas condições de funcionamento do Fundo. Portanto, o I – instituições financeiras;
cotista deve analisar as modificações propostas de acor- II – companhias seguradoras e sociedades de
do com seus interesses como investidor. capitalização;
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III – entidades abertas e fechadas de previdência complementar;
IV – pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor
qualificado mediante termo próprio.
V – fundos de investimento destinados exclusivamente a investidores qualificados;
VI – administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus
recursos próprios;
VII – regimes próprios de previdência social instituídos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
por Municípios. IN CVM 450.
Atenção! Existem também os investidores Profissionais, que são pessoas físicas ou jurídicas que possuam
investimentos financeiros em valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) e que, adicionalmente,
atestem por escrito sua condição de investidor profissional mediante termo próprio.
z Os Administradores dos Fundos: São Instituições Financeiras, autorizadas pela CVM, que serão os responsá-
veis legais pelo Fundo, e pode, inclusive, atuar como distribuidor das cotas do Fundo;
z O Gestor: este é o cara que põe a mão na massa, ou seja, é o profissional que acompanha o mercado financei-
ro, mede o risco do fundo diariamente, analisa e avalia o cenário econômico, toma decisão sobre quais ativos
comprar ou vender, obedecendo as diretrizes legais e a política de investimentos do fundo;
z Os distribuidores são aqueles que fazem a distribuição das cotas, como falamos anteriormente, pode ser o
próprio administrador, ou outra instituição que integre o sistema de distribuição de valores mobiliários;
z O custodiante é a instituição que irá guardar, ou seja, custodiar o título, para que o mesmo esteja disponível
quando for utilizado. Pode ser o próprio administrador, ou caso não seja credenciado pela CVM para essa atri-
buição, uma instituição contratada.
Custodiante
Controlador
Escriturador
Auditor Independente
44
A POLÍTICA DE INVESTIMENTOS
É a essência do Fundo, ou seja, é através dela que o investidor ira saber como o administrador irá conduzir o
Fundo, se procura retorno de curto ou longo prazo, no que irá aplicar e qual o tipo de risco que ele está disposto
a correr na compra dos papeis.
Essa política pode ser ativa ou passiva:
z Ativa: quando o Fundo estabelece um índice de referência, exemplo CDI, e tenta ultrapassar esse índice;
z Passiva: quando o Fundo estabelece um índice de referência, exemplo CDI, e tenta acompanhar esse fundo,
mas apenas acompanhar.
z Benchmark: É o indicador de mercado usado para medir a performance do Fundos. É a referência para
saber se o fundo está rendendo bem ou não. Para os fundos de renda fixa p mais usado é o CDI e para os de
renda variável são o IBOVESPA e o IBX – Índice Brasil;
z Taxa de Administração: é a taxa cobrada pela empresa administradora pelo serviço de gerenciamento do
fundo. É um percentual fixo, calculado sobre patrimônio líquido e são cobrados diariamente. Esses recur-
sos servem para remunerar o administrador, ou seja, é o salário do administrador;
z Taxa de Performance: é a taxa cobrada por alguns fundos quando estes ultrapassam seu benchmark, ou seja,
rende mais do que o esperado. Ocorre quando o administrador faz o dever de casa muito bem, e por isso
ganha uma recompensa;
z Taxa de entrada ou de saída: É uma taxa que poderá ser cobrada do investidor quando da aquisição de cotas
do fundo (taxa de entrada ou de carregamento) ou quando o investidor solicita o resgate de suas cotas. Nesse
caso a taxa de entrada ou de saída não está computada no patrimônio do fundo, portanto o valor da cota do
fundo divulgado pelo administrador não contém essa taxa. Como todas as demais taxas, essa também deverá
estar definida no regulamento e no prospecto do fundo;
z Chinese Wall: Embora cada fundo de investimentos tenha seu CNPJ próprio, os recursos do administrador
poderiam, eventualmente, se misturar com os recursos dos investidores, para isso, esse termo foi criado para
separar estes recursos, ou seja, o dinheiro do administrador não pode ficar junto ao dinheiro do investidor,
para evitar que o dinheiro dos investidores fosse utilizado pelo administrador em proveito próprio.
Agora que você sabe sobre quase todos os termos de Fundos de Investimentos vamos ver o que pode haver
dentro deles.
Dentro dos fundos nos temos papeis que valem dinheiro, e esses papeis pode ser de Renda Fixa ou de Renda
Variável.
z Renda Fixa: Rendimento pactuado no momento da emissão do título. Podem ser pré ou pós-fixados. Os pré-fi-
xados são aqueles que temos uma remuneração determinada no momento da contratação, já os pós-fixados são
aqueles em que atrelamos a um índice pactuado previamente (TR, IPCA, IGP-M etc.);
z Renda Variável: quando a taxa de rentabilidade não pode ser avaliada na emissão, podendo ao final gerar
ganhos ou prejuízos, ou seja, o mercado dirá quando aquele papel irá valer no futuro. O maior exemplo que
temos são as ações.
Curto Prazo
Os fundos de investimento de curto prazo têm por objetivo reproduzir as variações das taxas de juros e das
taxas pós-fixadas, investindo seus recursos em títulos públicos federais ou em títulos privados de baixo risco de
crédito com prazo médio de cada ativo de até 365 dias.
Longo Prazo
Os fundos de investimento classificados como de longo prazo são aqueles que têm uma carteira de títulos com
prazo médio acima de 365 dias.
z Renda Fixa: Os fundos dessa categoria possuem a sua carteira de investimentos (80%) composta por títulos de
renda fixa pré ou pós-fixados. Principalmente títulos públicos e títulos privados de bancos de baixo risco de
crédito. Este fundo não pode ter taxa de performance, exceto se for um fundo exclusivo para investidor qua-
lificado. Na modalidade renda fixa existe um segundo nível chamada fundos simples que nada mais são do
que os antigos fundos referenciados que têm por objetivo de rentabilidade, proporcionar uma rentabilidade
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atrelada a um indexador financeiro, e a sua carteira de investimento deverá ser composta por, no mínimo,
95% da carteira em títulos públicos e títulos de bancos com risco igual ou superior ao do governo. Os
fundos simples também têm a comunicação com os investidores feita de forma eletrônica apenas, e eles não
podem cobrar taxas de performance, o que reduz custos e aumenta seu potencial de retorno;
z Cambial: Os fundos dessa categoria têm a sua carteira de investimentos composta por (80%) títulos de renda
fixa que tenham como objetivo de rentabilidade proporcionar a variação de preços de uma determinada
moeda estrangeira;
z Multimercados: Os fundos dessa categoria obtêm sua rentabilidade, fundamentalmente, a partir de várias
operações arriscadas. Os derivativos financeiros são contratos que visam a simular um conjunto de opera-
ções de modo a permitir que o gestor do fundo possa alavancar o patrimônio do fundo em uma determinada
estratégia de investimento. A alavancagem é a possibilidade que o gestor tem de poder aplicar o patrimônio
do fundo em papeis mais arriscados como ações de empresas alavancadas, derivativos, e títulos de variação
de preços elevadas;
z Ações: Os fundos dessa categoria têm a sua carteira de investimentos composta por 67% (no mínimo) em
ações de empresas negociadas em Bolsa de Valores.
Tributação (IR) – 15%, incidente no resgate, ou seja, não tem come cotas e IOF é zero.
Atenção! Os fundos de renda fixa, ações e multimercados também ganharam uma nova categoria, que entra
no segundo nível de divisão: investimento no exterior, na qual são incluídos os fundos com carteiras que têm
mais de 40% dos ativos alocados em papéis internacionais.
Regulação Regulação
Simples Simples
Indexados Índice
Ativos
Soberano
z Duração Baixa
Renda Fixa Grau de Investimento
z Duração Média
Crédito Livre
z Duração Alta
z Duração Livre
Investimento no Exterior
Investimento no Exterior
Dívida Externa
Balanceados
Flexível
Macro
Alocação Trading
Long and Short - Direcional
Multimercados Por Estratégia Long and Short - Neutro
Juros e Moedas
Investimento no Exterior Livre
Capital Protegido
Estratégia Específica
Investimento no Exterior
Indexados índices
Valor/Crescimento
Setoriais
Dividendos
Ações Ativos Small cap
Sustentabilidade/Governança
índice Ativo
Livre
Fonte: comoinvestir.com.br
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Outros Tipos de Fundos
z Direitos Creditórios: A carteira de investimento desses fundos é composta em sua totalidade por títulos que
representam operações realizadas nos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de arrenda-
mento mercantil e de prestação de serviços. Esses títulos são conhecidos como recebíveis. Esses fundos pos-
suem uma regulamentação própria (Instruções CVM 356/2001 e 399/2003 e suas modificações);
z Fundos de Previdência: São fundos de investimento destinados a acolher os recursos captados pelo plano
gerador de benefícios livres (PGBL e VGBL);
z Imobiliário: São fundos de investimento fechados, cujos recursos são destinados para empreendimentos
imobiliários e possuem uma regulamentação própria (Instruções CVM 205/1994 e 206/1994 e suas modifica-
ções). (Isentos de Imposto de Renda.);
É a probabilidade de não se obter o que se esperava. Em se tratando de fundos de investimento temos duas
dimensões para o risco:
z Risco de Crédito: É a probabilidade de que o emissor do título que compõe a carteira do fundo não pague o
valor do título no seu vencimento;
z Risco de Estratégia ou Mercado: É a probabilidade de que a estratégia de investimento do gestor do fundo
não produza os resultados esperados, o risco de estratégia poderá resultar em patrimônio negativo e se
isso ocorrer o cotista será obrigado a aplicar mais recursos de tal forma a zerar o patrimônio negativo;
z Risco de Liquidez: Ocorre quando os fundos encontram dificuldade para liquidar as vendas de cotas dos
cotistas por desinteresse do mercado ou por deficiência de caixa do fundo.
Portanto é primordial que o investidor em fundos de investimento tenha a exata noção dos riscos que está cor-
rendo ao investir em um fundo de investimento.
A Marcação a Mercado
Como o próprio nome diz, marcação a mercado significa atualizar para o valor do dia o preço. Ou seja, mes-
mo que um papel (ou qualquer outro ativo de renda fixa) tenha uma taxa determinada (prefixada ou pós-fixada),
é necessário que, diariamente, seu valor seja atualizado.
O risco de crédito, essencialmente, está vinculado aos preços definidos pelo mercado, e se faz necessário, a
cada momento, definir o valor do título em função das novas taxas vigentes em relação ao rendimento definido
na sua origem.
A marcação a mercado é mais apropriada para os negócios em fundos de investimento e carteiras admi-
nistradas, que negociam frequentemente títulos de acordo com a sua necessidade de caixa ou de seleção de novas
modalidades de aplicação financeira para suas carteiras.
Para definir o valor de negociação em uma data qualquer, o mercado define a taxa do momento composta da
taxa básica (sem risco) e do spread adicional definido pelas variáveis de risco que envolvem o título negociado.
Por este fato dizemos que mesmo os fundos de renda fixa podem ter volatilidade.
A tributação nos fundos ocorre de duas formas, a primeira é o Come Cotas, evento que diminui o número de
cotas do investidor no fundo, por isso o nome; e o segundo é o imposto de renda cobrado no momento do resgate
da aplicação.
O Come Cotas ocorre em 2 meses do ano, maio e novembro, o que dá uma distancia de 6 meses entre um e
outro, então podemos afirmar que o come cotas ocorre semestralmente.
Para os fundos de curto prazo o come cotas é de 20% e para os de longo prazo será de 15%, exceto os fundos de
ações que não sofrem com o come cotas.
O imposto de renda no resgate será cobrado, obviamente, quando o cliente resgata seus valores, sendo descon-
tado o que já foi cobrado no come cotas.
IOF
O IOF nas operações de fundos de investimentos começa com alíquota de 96%, chegando a zero no 30º dia após
a aplicação. Os fundos de ações não sofrem cobrança de IOF.
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MERCADO DE CAPITAIS
O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de propor-
cionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É constituído pelas
bolsas de valores, sociedades corretoras distribuidoras e outras instituições financeiras autorizadas.
Anteriormente, quando falamos de autoridades monetárias, vimos uma delas como principal supervisora e
reguladora do mercado de valores mobiliários, a CVM.
A CVM é a principal autarquia responsável por garantir o adequado funcionamento do mercado de valores
mobiliários. Logo, para que qualquer companhia possa operar nesse mercado, dependerá de autorização prévia
da CVM para realizar suas atividades.
Para que Serve o Mercado de Valores Mobiliários?
Em alguns casos, o mercado de crédito não é capaz de suprir as necessidades de financiamento dos agentes ou
das empresas. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando um determinado agente, em geral uma empresa, deseja
um volume de recursos muito superior ao que uma instituição poderia, sozinha, emprestar. Além disso, pode
acontecer de os custos dos empréstimos no mercado de crédito, em virtude dos riscos assumidos pelas instituições
nas operações, serem demasiadamente altos, de forma a inviabilizar os investimentos pretendidos. Surgiu, com
isso, o que é conhecido como Mercado de Capitais, ou Mercado de Valores Mobiliários.
No Mercado de Valores Mobiliários, em geral, os investidores emprestam recursos diretamente aos agentes defi-
citários, como as empresas. Caracteriza-se por negócios de médio e longo prazo, nos quais são negociados títulos
chamados de Valores Mobiliários. Como exemplo, podemos citar as ações, que representam parcela do capital
social de sociedades anônimas, e as debêntures, que representam títulos de dívida dessas mesmas sociedades.
Nesse mercado, as instituições financeiras atuam, basicamente, como prestadoras de serviços, assessorando
as empresas no planejamento das emissões de valores mobiliários, ajudando na colocação deles para o público in-
vestidor, facilitando o processo de formação de preços e a liquidez, assim como criando condições adequadas pa-
ra as negociações secundárias. Elas não assumem a obrigação pelo cumprimento das obrigações estabelecidas e
formalizadas nesse mercado. Assim, a responsabilidade pelo pagamento dos juros e principal de uma debênture,
por exemplo, é da emissora, e não da instituição financeira que a tenha assessorado ou participado do processo
de colocação dos títulos no mercado. São participantes desse mercado, como exemplo, os Bancos de Investimento,
as Corretoras e Distribuidoras de títulos e Valores Mobiliários, as entidades administradoras de mercado de bolsa
e balcão, além de diversos outros prestadores de serviços.
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são:
O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com direitos e recibos de subscrição de valores mobiliá-
rios, certificados de depósitos de ações e demais derivados autorizados à negociação pela CVM.
Esses títulos são papéis que valem dinheiro, ou seja, são uma forma de uma empresa ou companhia arrecadar
dinheiro, na forma de aquisição de novos sócios ou credores. Isso decorre do fato de que, muitas vezes, arrecadar
dinheiro através da emissão de títulos é mais barato para a empresa do que contratar empréstimos em institui-
ções financeiras.
EMPRESAS E COMPANHIAS
As Companhias são as empresas que são emissoras dos papéis negociados no mercado de capitais. Essas
empresas têm um objetivo em comum: captar recursos em larga escala e de forma mais lucrativa. Para que isso
ocorra, as empresas devem solicitar à CVM autorização para emitir e comercializar seus papéis.
Essas empresas são chamadas Sociedades Anônimas ou, simplesmente, S/A. Ao adotarem esse tipo de consti-
tuição, elas passam a ter uma quantidade de sócios maior do que teriam se fossem empresas de responsabilidade
limitada – LTDA, por exemplo.
Estas S/As podem ser constituídas de forma aberta ou fechada. Vejamos as diferenças:
As S/A abertas admitem negociação dos seus títulos nos mercados abertos, como Bolsa e Balcão Organizado;
já as fechadas só podem ter seus papéis negociados restritamente entre pessoas da própria empresa ou próximas
à empresa.
COMPANHIAS
Abertas Fechadas
Características
Atuam nas bolsas de valores ou mercados de bal- Nº de cotistas limitados a 20 patrimônio pequeno não operam em
cão organizados bolsas de valores ou balcões organizados
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NEGOCIAÇÕES DE PAPÉIS do registro para ofertas de até R$ 2.400.000,00 (Dois
milhões e quatrocentos mil reais) em cada período de
Para as Companhias Abertas, que admitem nego- 12 meses, desde que observadas as condições estabe-
ciação de seus papéis no mercado público, há distri- lecidas nos §§ 4º ao 8º, do art. 5º, da instrução CVM
buição em dois tipos de mercados: o primário e o 400/03.
secundário. As ofertas públicas devem ser realizadas por inter-
Oferta pública de distribuição, primária ou médio de instituições integrantes do sistema de dis-
secundária, é o processo de colocação, junto ao públi- tribuição de valores mobiliários, como os bancos
co, de certo número de títulos e valores mobiliários de investimento, corretoras ou distribuidoras. Essas
para venda. Envolve desde o levantamento das inten- instituições poderão se organizar em consórcios com
ções do mercado em relação aos valores mobiliários o fim específico de distribuir os valores mobiliários no
ofertados até a efetiva colocação junto ao público, mercado e/ou garantir a subscrição da emissão, sem-
incluindo a divulgação de informações, o período de pre sob a organização de uma instituição líder, que
subscrição, entre outras etapas. assume responsabilidades específicas. Para participar
As ofertas podem ser primárias ou secundárias. de uma oferta pública, o investidor precisa ser cadas-
Quando a empresa vende novos títulos e os recursos trado em uma dessas instituições.
dessas vendas vão para o caixa da empresa, as ofer- Essas instituições integrantes do Sistema de Dis-
tas são chamadas de primárias. tribuição de Valores Mobiliários são os chamados
Por outro lado, quando não envolvem a emissão
agentes subscritores ou agentes underwhiters. Esses
de novos títulos, caracterizando apenas a venda de
agentes realizam a subscrição dos títulos, ou seja, assi-
ações já existentes – em geral dos sócios que querem
nam embaixo atestando a procedência dos papéis, por
“desinvestir” ou reduzir a sua participação no negócio
isso o nome underwhiting.
– e os recursos vão para os vendedores e não para o
Esse evento pode ser dividido em 3 tipos:
caixa da empresa, a oferta é conhecida como secun-
dária (block trade).
Além disso, quando a empresa está realizando a z Underwhiting Firme: Modalidade de lançamen-
sua primeira oferta pública, ou seja, quando está to na qual a instituição financeira, ou consórcio
abrindo o seu capital, a oferta recebe o nome de ofer- de instituições, subscreve a emissão total, encar-
ta pública inicial ou IPO (do termo em inglês, Inicial regando-se, por sua conta e risco, de colocá-la
Public Offer). no mercado junto aos investidores individuais
Quando a empresa já tem o capital aberto e já rea- (público) e institucionais. Nesse tipo de operação,
lizou a sua primeira oferta, as emissões seguintes são no caso de um eventual fracasso, a empresa já
conhecidas como ofertas subsequentes ou, no termo recebeu integralmente o valor correspondente às
em inglês, follow on. ações emitidas. O risco é inteiramente do under-
writer (intermediário financeiro que executa uma
z Mercado Primário operação de underwriting).
Oferta Pública Inicial – IPO (títulos novos); O fato de uma emissão ser colocada por meio de
Sensibilizam o caixa da empresa; underwriting firme oferece uma garantia adicional ao
Pode ter valor nominal ou valor de mercado. investidor, porque, se as instituições financeiras do
consórcio estão dispostas a assumir o risco da opera-
z Mercado Secundário ção, é porque confiam no êxito do lançamento, uma
Negociação dos títulos já emitidos anterior- vez que não há interesse de sua parte em imobilizar
mente; recursos por muito tempo;
Não sensibiliza o caixa da empresa;
z Underwhiting Best Efforts (Melhores Esforços):
Os papéis terão seu valor apenas pelo valor de
Modalidade de lançamento de ações na qual a
mercado.
instituição financeira assume apenas o compro-
misso de fazer o melhor esforço para colocar o
A Lei 6385/1976, que disciplina o mercado de capi-
máximo de uma emissão junto à sua clientela, nas
tais, estabelece que nenhuma emissão pública de
melhores condições possíveis e em um determina-
valores mobiliários poderá ser distribuída no mer-
cado sem prévio registro na Comissão de Valores do período de tempo. As dificuldades de colocação
Mobiliários, apesar de lhe conceder a prerrogativa de das ações irão se refletir diretamente na empresa
dispensar o registro em determinados casos, e delega emissora. Nesse caso, o investidor deve proceder a
competência para a CVM disciplinar as emissões. uma avaliação mais cuidadosa, tanto das perspec-
Além disso, exemplifica algumas situações que tivas da empresa quanto das instituições financei-
caracterizam a oferta como pública, por exemplo: a ras encarregadas do lançamento;
utilização de listas ou boletins, folhetos, prospectos ou z Residual ou stand-by underwriting: Nessa for-
anúncios destinados ao público; a negociação feita em ma de subscrição pública, a instituição financeira
loja, escritório ou estabelecimento aberto ao público, não se responsabiliza, no momento do lançamen-
entre outros. to, pela integralização total das ações emitidas.
Em regra, toda oferta pública deve ser registrada Há um comprometimento, entre a instituição e a
na CVM. Porém, o registro poderá ser dispensado empresa emitente, de negociar as novas ações jun-
considerando as características específicas da ofer- to ao mercado durante certo tempo findo, no qual
ta em questão, como, por exemplo, a oferta pública poderá ocorrer a subscrição total, por parte da ins-
de valores mobiliários de emissão de empresas tituição, ou a devolução, à sociedade emitente, das
de pequeno porte e de microempresas, assim defi- ações que não foram absorvidas pelos investidores
nidas em lei, que são dispensadas automaticamente individuais e institucionais.
49
Aspectos Operacionais do underwriting: A Tradicionalmente, o Mercado de Balcão é um
decisão de emitir ações, seja pela oferta pública, seja mercado de títulos sem local físico definido para
para abertura ou aumento do capital, pressupõe que a realização das transações que são feitas por tele-
a sociedade ofereça certas condições de atratividade fone entre as instituições financeiras. Ele é chamado
econômica, bem como supõe um estudo da conjuntu- de Organizado quando se estrutura como um sistema
ra econômica global a fim de evitar que não obtenha de negociação de títulos e valores mobiliários, poden-
êxito por falta de senso de oportunidade. É preciso do estar organizado como um sistema eletrônico de
que se avaliem, pelo menos, os seguintes aspectos: negociação por terminais, que interliga as institui-
existência de um clima de confiança nos resultados da ções credenciadas em todo o Brasil, processando suas
economia, estudo setorial, estabilidade política, infla- ordens de compra e venda e fechando os negócios
ção controlada, mercado secundário e motivações eletronicamente.
para oferta dos novos títulos. O Mercado de Balcão Organizado é um ambien-
te administrado por instituições autorreguladoras,
MERCADOS DE ATUAÇÃO DAS COMPANHIAS que propiciam sistemas informatizados e regras
para a negociação de títulos e valores mobiliários.
No mercado organizado de valores mobiliários, Essas instituições são autorizadas a funcionar pela
temos a criação de mecanismos, sistemas e regulamen- CVM e por ela são supervisionadas.
tos que propiciam a existência de um ambiente segu- Atualmente, a maior administradora de balcão
ro para que os investidores negociem seus recursos e organizado do país era a CETIP. Atualmente, ela foi
movimentem a economia do país. No Brasil, existem comprada pela BM & F Bovespa e, hoje, compõe a
dois tipos de mercado organizado, que são as Bolsas B3 (Brasil, Bolsa, Balcão).
de Valores e os Balcões Organizados de negociação.
Quais os Títulos Negociados no Mercado de Balcão
� Bolsas de Valores: Organizado?
Ambiente no qual se negociam os papéis das O Mercado de Balcão Organizado pode admitir a
S/A abertas; negociação somente as ações de companhias aber-
Podem ser Sociedades civis sem fins lucrativos
tas com registro para negociação em mercado de
ou S/A com fins lucrativos;
balcão organizado. As debêntures de emissão de
Opera via pregão eletrônico, não havendo mais
companhias abertas podem ser negociadas simulta-
o pregão viva voz, que era chamado presen-
neamente em Bolsa de Valores e Mercado de Bal-
cial. Agora, as transações são feitas por telefone
cão Organizado desde que cumpram os requisitos de
através dos escritórios das instituições finan-
ambos os mercados.
ceiras autorizadas;
Conforme vimos, antes de ter seus títulos nego-
Registra, supervisiona e divulga as execuções
ciados no mercado primário, a companhia deverá
dos negócios e as suas liquidações.
requerer o registro de companhia aberta junto à
CVM e, neste momento, deverá especificar onde seus
Em resumo, as Bolsas de Valores compreendem
um ambiente que pode ser físico ou eletrônico. títulos serão negociados no mercado secundário, se
Nele, são realizadas negociações entre investidores e em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.
entre companhias e investidores. Entretanto, pelo fato Essa decisão é muito importante, pois, uma vez
de as empresas que operam na Bolsa serem grandes concedido o registro para negociação em mercado
demais e possuírem uma tradição, aquelas que estão de balcão organizado, este só pode ser alterado com
começando têm dificuldade para serem tão atrativas um pedido de mudança de registro junto à CVM.
quanto elas. A companhia aberta é responsável por divulgar
Pensando nisso, a CVM autorizou a criação de para a entidade administradora do Mercado de Bal-
Mercados de Balcão, que são, também, ambientes cão Organizado todas as informações financeiras e
virtuais nos quais empresas menores podem nego- atos ou fatos relevantes sobre suas operações. A enti-
ciar seus títulos com mais facilidade. Vale dizer que dade administradora do Mercado de Balcão Organi-
o Mercado de Balcão pode ser Organizado ou Não zado, por sua vez, irá disseminar essas informações
Organizado. através de seus sistemas eletrônicos ou impressos
para todo o público.
No Mercado de Balcão Organizado, a companhia
Organizado Não Organizado aberta pode requerer a listagem de seus títulos atra-
vés de seu intermediário financeiro ou este poderá
requerer a listagem independentemente da vontade
Utiliza da companhia. Por exemplo, se o intermediário pos-
exclusivamente o Não existe sistema
Sistema Eletrônico padrão
suir uma grande quantidade de ações de uma deter-
de Negociação minada companhia, ele poderá requerer a listagem da
mesma e negociar esses ativos no Mercado de Balcão
Supervisiona a Não existe padrão Organizado. Nesse caso, a entidade administradora do
Liquidação dos na supervisão dos Mercado de Balcão Organizado disseminará as infor-
papéis papéis
mações que a companhia aberta tiver encaminhado
à CVM.
Em resumo, o Mercado de Balcão Organizado tem Além de ações e debêntures, no mercado de balcão
normas e é bastante confiável. Já o Não Organizado é organizado, são negociados diversos outros títulos,
uma verdadeira bagunça. tais como:
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z Bônus de subscrição; O fundo de garantia é mantido pelas bolsas com a
z Índices representativos de carteira de ações; finalidade exclusiva de assegurar aos investidores o
z Opções de compra e venda de valores mobiliários; ressarcimento de prejuízos decorrentes de execução
z Direitos de subscrição; infiel de ordens por parte de uma corretora membro,
z Recibos de subscrição; entrega de valores mobiliários ilegítimos ao investi-
z Quotas de fundos fechados de investimento, dor, decretação de liquidação extrajudicial da corre-
incluindo os fundos imobiliários e os fundos de tora de valores, entre outras.
investimento em direitos creditórios; Uma segunda diferença refere-se aos procedi-
z Certificados de investimento audiovisual; mentos especiais que as bolsas de valores devem
z Certificados de recebíveis imobiliários. adotar no caso de variação significativa de preços
ou no caso de uma oferta, representando uma quanti-
Sistemática do Mercado Organizado dade significativa de ações. Nesses casos, as bolsas de
valores devem interromper a negociação do ativo.
1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa Para as companhias, a regra para se tornar uma
companhia aberta é a mesma, independentemente de
A empresa decide Busca autorização A empresa decide buscar uma listagem em bolsa de valores ou no mer-
tornar-se Companhia junto à CVM, para em qual mercado de
– se S/A aberta ou entrar nos mercados atuação deseja estar cado de balcão organizado.
S/A fechada de atuação
Importante!
CVM Autoriza Mercado de Balcão
Se S/A Aberta
Organizado
ou não
Não pode haver negociação simultânea de uma
mesma ação de uma mesma companhia em bol-
sa de valores e em instituições administradoras
Vale destacar que a companhia pode trocar de do Mercado de Balcão Organizado.
mercado. Todavia, como se trata de uma grande buro-
cracia que envolve recomprar todos os papéis em
circulação em um mercado para poder migrar para MERCADO DE AÇÕES
o outro, a CVM editou a IN CVM 400, a qual dita as
regras para a mudança de mercado de atuação. Dentro do Mercado de Capitais, está o mercado
Para as ações, é proibida a comercialização em mais procurado e utilizado, que é o Mercado de Ações.
ambos os mercados simultaneamente. Já para as Nele, são comercializados os papéis mais conhecidos
debêntures, é permitida a negociação simultânea nos no mundo dos negócios, os quais tornam o seu possui-
dois mercados. dor um sócio da companhia emitente.
O mercado de ações consiste na negociação, em
Qual a diferença entre uma Bolsa de Valores e as mercado primário ou secundário, das ações geradas
entidades que administram o Mercado de Balcão por empresas que desejam captar dinheiro de uma
Organizado? forma mais barata. Neste sentido, ação pode ser
entendida como a menor parcela do capital social
As Bolsas de Valores também são responsáveis por das companhias ou sociedades anônimas. É, por-
administrar o mercado secundário de ações, debêntu- tanto, um título patrimonial e, como tal, concede aos
res e outros títulos e valores mobiliários. Na verdade, seus titulares, os acionistas, todos os direitos e deve-
ainda que não haja nenhum limite de quantidade ou res de um sócio no limite das ações possuídas.
tamanho de ativos para uma companhia abrir o capi- Uma ação é um valor mobiliário expressamente
tal e listar seus valores para negociação em bolsas de previsto no inciso I, do art. 2º, da Lei 6.385/1976. No
valores, em geral, as empresas listadas em bolsas de entanto, apesar de todas as companhias ou socieda-
valores são companhias de grande porte.
des anônimas terem o seu capital dividido em ações,
Isso prejudica a “visibilidade” de empresas de
somente as ações emitidas por companhias registra-
menor porte e, de certa forma, a própria liquidez dos
das na CVM, chamadas companhias abertas, podem
ativos emitidos por essas companhias. Por isso, em
ser negociadas publicamente no mercado de valores
muitos países, há segmentos especiais e/ou mercados
mobiliários.
segregados especializados para a negociação de ações
Atualmente, as ações são predominantemente
e outros títulos emitidos por empresas de menor porte.
Ao mesmo tempo, no Brasil, no Mercado de Balcão escriturais, mantidas em contas de depósito, em nome
Organizado é admitido um conjunto mais amplo de dos titulares, sem emissão de certificado, em instituição
intermediários do que em Bolsas de Valores, o que contratada pela companhia para a prestação desse ser-
pode aumentar o grau de exposição de companhias viço, em que a propriedade é comprovada pelo “Extra-
de médio porte ou novas empresas ao mercado. to de Posição Acionária”. As ações devem ser sempre
Assim, o objetivo da regulamentação do mercado nominativas, não mais sendo permitida a emissão e a
de balcão organizado é ampliar o acesso ao mer- negociação de ações ao portador ou endossáveis.
cado para novas companhias, criando um segmento
voltado à negociação de valores emitidos por empre- Espécies de Ações
sas que não teriam, em bolsas de valores, o mesmo
grau de exposição e visibilidade. As ações podem ser de diferentes espécies, con-
Para os investidores, a principal diferença entre forme os direitos que concedem a seus acionistas. O
as operações realizadas em bolsas de valores e aque- Estatuto Social das Companhias, que é um conjunto de
las realizadas no mercado de balcão organizado é regras que deve ser cumprido pelos administradores
que, nesse último, não existe um fundo de garantia e acionistas, define as características de cada espécie
que respalde suas operações. de ações, que podem ser:
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z Ação Ordinária (sigla ON – Ordinária Nominativa)
Sua principal característica é conferir ao seu titular o direito a voto nas Assembleias de acionistas;
Normalmente, o Estatuto retira dessa espécie de ação o direito de voto. Em contrapartida, concede outras
vantagens, tais como prioridade na distribuição de dividendos ou no reembolso de capital, podendo, ainda,
possuir prioridades específicas se admitidas à negociação no mercado.
As ações preferenciais podem ser divididas em classes, tais como, classe “A”, “B” etc. Os direitos de cada classe
constam do Estatuto Social.
As ações preferenciais têm o direito de receber dividendos ao menos 10% a mais que as ordinárias. Vale
observar que, em regra, elas não possuem direito a voto ou, quando o tem, ele é restrito. Isso porque existem dois
casos em que as ações preferenciais adquirem direito a voto temporário, quais sejam:
z Quanto ao valor:
z Quanto à forma:
Obs.: ações ao portador não são mais permitidas no Brasil desde 1999, pois eram alvo de muita lavagem de
dinheiro.
Importante!
Termo que pode aparecer na prova:
� Blue Chips: Ações de primeira linha, de grandes empresas e, por isso, possuem muita segurança e tradição.
São ações usadas como referência para índices econômicos.
Dividendos: compreendem a parcela do lucro líquido que, após a aprovação da Assembleia Geral Ordi-
nária, será alocada aos acionistas da companhia. O montante dos dividendos deverá ser dividido entre as
ações existentes, para sabermos quanto será devido aos acionistas a cada ação por eles detida.
Para garantir a efetividade do direito do acionista ao recebimento de dividendos, a Lei das S.A. prevê o sistema
do dividendo obrigatório, de acordo com o qual as companhias são obrigadas a, havendo lucro, destinar parte
dele aos acionistas a título de dividendo. Porém, a referida Lei confere às companhias liberdade para estabelecer,
em seus estatutos sociais, o percentual do lucro líquido do exercício, que deverá ser distribuído anualmente aos
acionistas, desde que o faça com “precisão e minúcia” e não sujeite a determinação do seu valor ao exclusivo
arbítrio de seus administradores e acionistas controladores.
Caso o Estatuto seja omisso, os acionistas terão direito a recebimento do dividendo obrigatório equiva-
lente a 50% do lucro líquido ajustado nos termos do art. 202, da Lei das S.A;
52
Ganhos de Capital: Ocorrem quando um inves- Dividendos fixos são aqueles cujo valor se encon-
tidor compra uma ação por um preço baixo e tra devidamente quantificado no Estatuto, seja em
vende a mesma ação por um preço mais alto, ou montante certo em moeda corrente, seja em percen-
seja, realiza um ganho; tual certo do capital, do valor nominal da ação ou,
Bônus de Subscrição: Quando alguém adquire ainda, do valor do patrimônio líquido da ação. Nessa
ações, passa a ser titular de uma fração do capi- hipótese, tem o acionista direito apenas a tal valor, ou
tal social de uma companhia. Todavia, quando o seja, uma vez atingido o montante determinado no
capital é aumentado e novas ações são emitidas, Estatuto, as ações preferenciais com direito ao divi-
as ações até então detidas por tal acionista pas- dendo fixo não participam dos lucros remanescentes,
sam a representar uma fração menor do capital, que serão distribuídos entre ações ordinárias e prefe-
ainda que o valor em moeda seja o mesmo. renciais de outras classes se houver.
Dividendo mínimo é aquele também previamen-
Para evitar que ocorra essa diminuição na partici- te quantificado no Estatuto, seja com base em montan-
pação percentual detida pelo acionista no capital da te certo em moeda corrente, seja em percentual certo
companhia, a Lei assegura a todos os acionistas, como do capital, do valor nominal da ação ou, ainda, do
um direito essencial, a preferência na subscrição valor do patrimônio líquido da ação. Porém, ao con-
das novas ações que vierem a ser emitidas em um trário das ações com dividendo fixo, as que fazem jus
aumento de capital (art. 109, inciso IV, da Lei das S.A.), ao dividendo mínimo participam dos lucros remanes-
na proporção de sua participação no capital, anterior- centes após assegurado às ordinárias dividendo igual
mente ao aumento proposto. ao mínimo. Assim, após a distribuição do dividendo
Da mesma forma, os acionistas também terão mínimo às ações preferenciais, às ações ordinárias
direito de preferência nos casos de emissão de títu- caberá igual valor. O remanescente do lucro distribuí-
los conversíveis em ações, tais como debêntures do será partilhado entre ambas as espécies de ações
conversíveis e bônus de subscrição. em igualdade de condições.
Neste período, o acionista deverá manifestar sua O dividendo fixo ou mínimo assegurado às ações
intenção de subscrever as novas ações emitidas no preferenciais pode ser cumulativo ou não. Sendo cumu-
âmbito do aumento de capital ou dos títulos conver- lativo, no caso de a companhia não ter obtido lucros
síveis em ações, conforme o caso. Caso não o faça, o durante o exercício em montante suficiente para pagar
integralmente o valor dos dividendos fixos ou mínimos,
direito de preferência caducará.
o valor faltante será acumulado para os exercícios poste-
Alternativamente, caso não deseje participar do
riores. Essa prerrogativa depende de expressa previsão
aumento, o acionista pode ceder seu direito de prefe-
estatutária.
rência (art. 171, § 6º, da Lei das S.A.). Da mesma forma
No caso das companhias abertas que tenham ações
que as ações, o direito de subscrevê-las pode ser livre-
negociadas no mercado, as ações preferenciais deve-
mente negociado, inclusive em Bolsa de Valores;
rão conferir aos seus titulares ao menos uma das
vantagens a seguir (art. 17, § 1º, da Lei 6.404/1964,
Bonificação: Ao longo das atividades, a Com- Lei das S/A.):
panhia poderá destinar parte dos lucros sociais
para a constituição de uma conta de “Reservas”
� Direito a participar de uma parcela correspon-
(termo contábil). Caso a companhia queira, em
dente a, no mínimo, 25% do lucro líquido do
exercício social posterior, distribuir aos acio-
exercício, sendo que, desse montante, garante-
nistas o valor acumulado na conta de Reservas,
-se um dividendo prioritário de, pelo menos, 3%
poderá fazê-lo na forma de Bonificação, poden- do valor do patrimônio líquido da ação e, ainda,
do efetuar o pagamento em espécie ou com a o direito de participar de eventual saldo desses
distribuição de novas ações. É importante des- lucros distribuídos, em igualdade de condições
tacar que, atualmente, as empresas não mais com as ordinárias, depois de ter sido assegurado a
distribuem bonificação na forma de dinheiro, elas dividendo igual ao mínimo prioritário;
pois preferem fidelizar ainda mais os sócios, z Direito de receber dividendos, pelo menos, 10%
dando-lhes mais ações. maiores que os pagos às ações ordinárias;
z Direito de serem incluídas na oferta pública em
Ações Preferenciais e Distribuição de Dividendos decorrência de eventual alienação de controle.
A Lei das S.A. permite que uma sociedade emita ações Com relação aos direitos dos acionistas, existem
preferenciais, que podem ter seu direito de voto suprimi- algumas situações que as bancas de concursos gostam
do ou restrito por disposição do estatuto social da compa- de cobrar em prova e, por isso são importantes.
nhia. Em contrapartida, tais ações deverão receber uma Quando a empresa realiza Sobra no Caixa, ou seja,
vantagem econômica em relação às ações ordinárias. Lucro, ela pode comprar ações de acionistas mino-
Além disso, a Lei permite que as companhias aber- ritários, pois, assim, concentrará mais o valor das
tas tenham várias classes de ações preferenciais, que ações. A esse evento chamamos de amortização de
conferirão a seus titulares vantagens diferentes entre ações. O personagem que mais ganha nessa história é
si. Nesse caso, os titulares de tais ações poderão com- o Controlador, pois, como ele detém 51% das ações,
parecer às Assembleias Gerais da companhia, bem seu poder ficará maior, já que o número de acionistas
como opinar sobre as matérias objetos de deliberação, ou de ações diminui, aumentando seu percentual.
mas não poderão votar. A CVM, vendo esse aumento de poder do contro-
As vantagens econômicas a serem conferidas às lador, baixou a Instrução Normativa nº 10, que, em
ações preferenciais em troca dos direitos políticos outras palavras, diz que a recompra de ações, uma
suprimidos, conforme dispõe a Lei, poderão consistir vez feita, finda por aumentar o poder do controlador
em prioridade de distribuição de dividendo, fixo ou da empresa. Entretanto, essas ações que foram recom-
mínimo, prioridade no reembolso do capital, com prê- pradas devem permanecer em tesouraria por, no
mio ou sem ele, ou a cumulação dessas vantagens (art. máximo, 90 dias e, depois, devem ser revendidas
17, caput e incisos I a III, da Lei das S.A.). ou canceladas.
53
Ou seja, a CVM está limitando esse aumento de poder do controlador, para evitar que os acionistas mino-
ritários percam sua participação na administração da empresa.
Quanto à mudança de controlador – o acionista majoritário, que detém 51% das ações – a CVM também edita
norma que regula essa troca, para evitar prejuízos aos acionistas minoritários. É a IN CVM 400 que diz que, para a
troca do controlador, o novo controlador deve garantir que, caso queira fechar o capital da S/A, deverá comprar
as ações dos minoritários por, ao menos, 80% do valor pago pelas ações do controlador anterior. Fazendo
isso, a CVM garante que os acionistas minoritários não terão prejuízos, pois o novo controlador poderia comprar
as ações a um preço bem mais baixo do que pagou pelas do controlador anterior. É preciso dizer que, para que
isso ocorra, deve haver uma concordância mínima entre os acionistas gerais. A esse princípio chamamos de
tag along.
Existem, ainda, manobras que o mercado de capitais faz, as quais geram impacto sobre o valor das ações no
mercado e sua capacidade de comercialização. Vejamos:
z Desdobramento ou Split
É uma estratégia utilizada pelas empresas com o principal objetivo de melhorar a liquidez de suas ações.
Acontece quando as cotações estão muito elevadas, o que dificulta a entrada de novos investidores no mercado.
Imagine que uma ação é cotada ao valor de R$ 150, com lote padrão de 100 ações. Para comprar um lote des-
sas ações, o investidor teria que desembolsar R$ 15.000, que é uma quantia considerável para a maior parte dos
investidores (pessoa física).
Desdobrando suas ações na razão de 1 para 3, cada ação dessa empresa seria multiplicada por 3. Assim, quem
possuísse 100 ações, passaria a possuir 300 ações. O valor da cotação seria dividido por 3, ou seja, passaria de R$
150 para R$ 50.
Na prática, o desdobramento de ações não altera, de forma alguma, o valor do investimento ou o valor da
empresa. É apenas uma operação de multiplicação de ações e divisão dos preços, para aumentar a liquidez das
ações. Agora, depois do desdobramento, o investidor que quisesse adquirir um lote de ações da empresa, gastaria
apenas R$ 5.000. Note que o investidor que possuía 100 ações cotadas a R$ 150, com um valor total de R$ 15.000,
ainda possui os mesmos R$ 15.000, porém distribuídos em 300 ações cotadas a R$ 50.
Com as ações mais baratas, mais investidores se interessam em comprá-las. Isso pode fazer com que as cota-
ções subam em curto prazo, devido à maior entrada de investidores no mercado, porém não há como prever se
isso irá ou não acontecer. A companhia também pode utilizar os desdobramentos como parte de sua estratégia de
governança corporativa, para mostrar atenção e facilitar a entrada de novos acionistas minoritários.
Os desdobramentos podem acontecer em qualquer razão. No entanto, as mais comuns são de 1 para 2, de 1
para 3 e de 1 para 4 ações.
z Grupamento ou Inplit
Exatamente oposto ao desdobramento, o grupamento serve para melhorar a liquidez e os preços das ações
quando estão cotadas a preços muito baixos no mercado.
Imagine uma empresa com ações cotadas na bolsa a R$ 10, com lote padrão de 100 ações. A empresa julga,
baseada em seu histórico e seu posicionamento estratégico, que suas ações estão cotadas por um valor muito bai-
xo no mercado e aprova, em assembleia geral, que fará um grupamento na razão de 5 para 1. Ou seja, cada cinco
ações passarão a ser apenas uma ação e os preços serão multiplicados por 5.
Antes do grupamento, o investidor que possuísse 100 ações cotadas a R$ 10 teria o valor total de R$ 1.000. Após
o grupamento, o mesmo investidor passaria a ter 20 ações (100/5) cotadas a R$ 50, ou seja, continuaria possuindo
os mesmos R$ 1.000 investidos. O grupamento, assim como o desdobramento, não altera em absolutamente nada
o valor do investimento.
Um dos objetivos do grupamento de ações é tentar diminuir a volatilidade dos ativos. Assim, R$ 1,00 de varia-
ção em um ativo cotado a R$ 10,00 significa 10% de variação. Já em um ativo cotado a R$ 50,00, representa apenas
2%. É importante ressaltar que nada garante se isso irá ou não acontecer.
Outro objetivo do grupamento pode estar atrelado ao planejamento estratégico da companhia e a suas práticas
de governança corporativa. As cotações de suas ações podem estar intimamente ligadas à percepção de valor da
empresa por parte dos investidores.
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Mercado à Vista de Ações
O mercado à vista de ações é aquele no qual ocorrem as negociações deste papel de forma imediata, ou seja,
nele, você pode comprar e vender uma ação no mesmo dia. O comprador realiza o pagamento (liquidação
financeira) e o vendedor entrega as ações objeto da transação (liquidação física) em D+2 (dois dias) – liqui-
dação física e financeira –, ou seja, no segundo dia útil após a realização do negócio. Nesse mercado, os preços
são formados em pregão em negociações realizadas no sistema eletrônico de negociação.
No mercado à vista de ações, temos:
Hoje, o mercado à vista de ações é coordenado pela B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Dentro dele, temos a compra
e venda de ações quase que instantaneamente, pois é nele que ocorrem as negociações diárias do mercado de
capitais.
Durante o dia, temos o pregão que, atualmente, é eletrônico, funcionando das 10h às 18h. Ele nada mais é do
que a B3 coordenando a compra e venda dessas ações.
Após seu fechamento, que ocorre às 18h, não se pode mais realizar nenhuma transação no ambiente.
Importante!
Até 2019, existia o After Market, que era um curto espaço de tempo em que os investidores poderiam realizar
negociações fora do horário regular da Bolsa. Todavia, com a modificação do horário de fechamento para
18h, em 2020, o After Market foi extinto.
Quando funcionava, o After Market era uma reabertura para que as pessoas que não pudessem negociar no
mercado no horário regular conseguissem participar, assegurando práticas equitativas ao mercado. Das 17h30
às 17h45, ocorria a pré-abertura desse mercado, no qual só podiam ser canceladas operações feitas no horário
normal. Das 17h45 às 18h, podiam ser feitas transações no mercado, mas somente com papéis que já haviam
sido comercializados no dia, então não se podia lançar títulos novos no After Market.
Existia, ainda, um limite máximo e mínimo para as operações – 2% para mais ou para menos, além de limite
de valor. Nele, eram executadas ordens simples tais como compra e venda, execução ou cancelamento de compra
ou venda, além de dar ordem a mercado.
As ordens podiam ser dadas:
z A Mercado: quando especifica a quantidade e as características do que vai ser comprado ou vendido (exe-
cutar na hora);
z Limitada: executar a preço igual ou melhor do que o especificado;
z Administrada: a mesma a mercado, mas, nesse caso, fica a critério da intermediadora decidir o melhor
momento;
z ON-STOP: define o nível de preço a partir do qual a ordem deve ser executada;
z Casada: ordem de venda de um e compra do outro (ambas executadas ao mesmo tempo).
DÁ A ORDEM
� Investidor
EXECUTA A ORDEM
� CTVM
� DTVM
� Banco de Investimentos
REALIZA A ORDEM
� After Market
� Sistema de negociação eletrônico
As ordens diurnas que estivessem no sistema pendentes, sujeitavam-se aos limites de negociação do After
Market. O sistema rejeitava ordens de compra superiores ao limite e ordens de venda a preço inferior ao limite.
A variação permitida era de 2% para mais ou para menos, além de ter um limite de operações de R$ 100 mil por
investidor (já somado ao que ele havia feito no pregão regular).
55
Os negócios feitos na B3 devem ser divulgados em D+1. A liquidação física das compras e vendas de ações
deve ser até D+2, a qual ocorre quando o vendedor entrega as ações à Câmara de liquidação de ações.
A liquidação financeira das ações compradas ou vendidas é, também, em D+2. Esta ocorre quando é feito o
débito na conta do comprador e, ao mesmo tempo, é entregue a ação fisicamente ao comprador.
São valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazo, que asseguram a seus detentores
(debenturistas) o direito de crédito contra a companhia emissora. Essa companhia emissora pode ser uma S/A
aberta ou fechada, mas somente as abertas podem negociar suas debêntures no mercado das bolsas ou bal-
cão, pois nas fechadas, as debêntures nem precisam de registro na CVM, pois é algo fechado, restrito. Lembre-
-se de que, para operar na Bolsa ou no Mercado de Balcão, as coisas precisam vir a público. Então, uma empresa
fechada não tem vontade de vir a público, somente as abertas.
Até agora, você já sabe que existem duas pessoas nesse processo de debêntures.
Vejamos:
Agente underwritter
Para essa debênture ter validade, ela precisa apresentar alguns requisitos legais, pois, acima de tudo, se trata
de um contrato e, como tal, precisa de algumas especificações. Vejamos quais são elas:
Real: a mais valiosa, pois a garantia existe fisicamente (hipoteca, penhor, caução, bens determinados);
Flutuante: não existe um bem específico; a garantia é uma parte do patrimônio da empresa (até 70% do
valor do capital social);
Quirografária: nenhuma garantia ou privilégio (a garantia em caso de falência será o que sobrar e se
sobrar alguma coisa);
Subordinada: em caso de falência, oferece preferência apenas sobre o crédito dos acionistas.
Agora, você já sabe o que é necessário para fazer uma debênture, quem pode emitir e quais as garantias que
podem ser usadas ou não. Porém, de que forma é possível materializar, ou seja, transformar essa debênture
em algo que se possa ver? Existem duas formas para isso. Vejamos o esquema a seguir:
z Nominativas
Título físico;
Registrado na CETIP;
Emite o certificado;
Registro no Livro de Registro de Debêntures Nominativas.
z Nominativas Escriturais
Informação Eletrônica;
CETIP registra e custodia;
Não emite certificado;
Registro no Livro de Registro de Debêntures Nominativas.
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z Simples: Um simples direito de crédito contra a
Importante! emissora ou empresa;
z Conversíveis: podem ser trocadas por ações da
� A escritura da debênture é obrigatória, mas a
empresa emitente das debêntures;
emissão do certificado é facultativa;
z Existe prazo máximo para que o debenturista
� Não é comum o debenturista solicitar o certifi-
decida se irá querer converter em ações ou não e,
cado da debênture, mas, se solicitá-lo, a empre- nesse prazo, a empresa não pode mudar nada nos
sa deve emiti-lo; seus papéis;
� As Debêntures só podem ser emitidas por ins- z Permutáveis ou não conversíveis: é a opção que
tituições que não sejam instituições financeiras. o debenturista tem de trocar as debêntures por
ações de outras companhias, depois de haver
passado um prazo mínimo.
Quanto aos prazos das debêntures, que devem
constar na escritura da emissão, podem ser: Já quanto à remuneração, pode-se ter:
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São títulos de curto prazo, que têm prazo míni- Cabe destacar que apenas os Bancos e a CEF,
mo de 30 dias e máximo de 360 dias, emitidos por exceto os Bancos de Desenvolvimento, podem operar
instituições não financeiras, ou seja, as instituições livremente nele. Já algumas instituições operam com
financeiras estão fora, pois podem captar recursos restrições, ou seja, não podem fazer qualquer opera-
de outras maneiras. Então, o Commercial Paper serve ção, mas somente as especificadas pelo BACEN. São
para captar recursos no mercado interno, pois cons- elas:
titui uma promessa de pagamento na qual incidem
juros a favor do investidor. z Bancos de Desenvolvimento;
z Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento;
z Agências de Fomento.
Importante!
Com exceção dessas três, as demais podem reali-
As debêntures podem ser emitidas para fora
zar todas as operações do Mercado de Câmbio, embo-
do país com garantia real de bens situados no ra algumas tenham restrições de valor, mas não de
Brasil. Já os Commercial Papers não podem. operações. As sociedades corretoras de títulos e valo-
Eles podem ser emitidos apenas para dentro do res mobiliários, as sociedades distribuidoras de títu-
Brasil. los e valores mobiliários e as sociedades corretoras de
câmbio têm algumas restrições quanto ao valor das
operações:
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z Compra e venda de moeda estrangeira em espécie, É dispensado o respaldo documental das opera-
cheque ou cheque de viagem, bem como carga de ções de valor até o equivalente a US$ 10 mil, preser-
moeda estrangeira em cartão pré-pago, limitada ao vando-se, no entanto, a necessidade de identificação
valor equivalente a US$ 3 mil dólares dos Estados do cliente.
Unidos, por operação e em espécie 1 mil dólares;
z Recepção e encaminhamento de propostas de Banda Cambial no Brasil
operações de câmbio.
Uma Banda Cambial é a forma como um país defi-
ne suas taxas de câmbio, quer sejam fixas ou livres,
A ECT – Empresa de Correios e Telégrafos do Bra-
ou, até mesmo, flutuantes. Até 2005, existiam duas
sil – também é autorizada pelo Banco Central a rea-
bandas cambiais, a Livre e a Flutuante. A primeira,
lizar operações com vales postais internacionais,
por exemplo, vinha dos empréstimos e envios de
emissivos e receptivos, destinadas a atender compro-
dinheiro do Brasil para fora e vice-versa.
missos diversos, tais como: manutenção de pessoas
No entanto, operar com duas bandas cambiais era
físicas, contribuições previdenciárias, aposentadorias
muito burocrático, pois cada uma tinha suas especi-
e pensões, aquisição de medicamentos para uso parti-
ficações. Então, em 2005, ficou instituída, no Brasil, a
cular, pagamento de aluguel de veículos, multas, doa- banda cambial, que foi resultante da junção das ban-
ções. Por meio dos vales postais internacionais, a ECT das Livre e Flutuante. Aqui, vale lembrar que, como
também pode dar curso a recebimentos ou pagamen- o Governo intervém indiretamente no mercado, com-
tos conduzidos sob a sistemática de câmbio simplifi- prando e vendendo moeda, essa flutuação recebeu o
cado de exportação ou de importação, observado o nome de flutuação suja.
limite de US$ 50 mil, ou seu equivalente em outras
moedas, por operação. As Operações no Mercado de Câmbio
Art. 8º As pessoas Físicas e Jurídicas podem Taxa de Câmbio nominal x Taxa de Câmbio Real
comprar e vender moeda estrangeira ou realizar
A Taxa de Câmbio Nominal indica o preço do ati-
transferências internacionais em reais, de qualquer
natureza, sem limitação de valor, sendo contra-
vo financeiro, enquanto que a Taxa de Câmbio Real
parte na operação agente autorizado a operar indica o preço relativo entre duas moedas, o que per-
no mercado de cambio, observada a legalidade da mite medir a competitividade relativa entre os dois
transação, tendo como base a fundamentação eco- países em questão.
nômica e as responsabilidades definidas na respec- Em resumo, a taxa nominal é o preço de um ativo
tiva documentação. limpo e seco, sem nenhuma interferência. Já o valor
real é o preço do ativo comparado entre duas moedas
Neste sentido, pode-se dizer que qualquer pessoa – dessa forma, é possível saber quanto aquele deter-
minado ativo vale em um país e noutro.
física ou jurídica pode comprar e vender moeda
estrangeira desde que a outra parte na operação de A Forma de Materializar as Operações de Câmbio: O
câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a Contrato de Câmbio
operar no Mercado de Câmbio (ou seu corresponden-
te para tais operações) e que seja observada a regu- Contrato de câmbio é o documento que forma-
lamentação em vigor, incluindo a necessidade de liza a operação de compra ou de venda de moeda
identificação em todas as operações. estrangeira.
59
Nele, são estabelecidas as características e as con- Após o embarque dos bens, o exportador entrega
dições sob as quais se realiza a operação de câmbio, os documentos da exportação e as cambiais (saques)
revelando informações relativas à moeda estrangeira da operação ao banco e celebra um contrato de câm-
que um cliente está comprando ou vendendo, à taxa bio para liquidação futura. Então, o exportador pede
contratada, ao valor correspondente em moeda nacio- ao banco o adiantamento do valor, em reais, corres-
nal e aos nomes do comprador e do vendedor. Os con- pondente ao contrato de câmbio. Assim, além de obter
tratos de câmbio devem ser registrados no Sistema um financiamento competitivo para conceder prazo
Câmbio pelo agente autorizado a operar no mercado de pagamento ao importador, o exportador também
de câmbio. fixa a taxa de câmbio da sua operação.
Nas operações de compra ou de venda de moeda O ACE pode ser contratado com prazo de até 390
estrangeira de até US$ 10 mil, ou seu equivalente em dias após o embarque da mercadoria. A liquidação
outras moedas estrangeiras, não é obrigatória a for- da operação ocorre com o recebimento do pagamen-
malização do contrato de câmbio. O agente do merca- to efetuado pelo importador, acompanhado do paga-
do de câmbio deve identificar seu cliente e registrar a mento dos juros devidos pelo exportador.
operação no Sistema Câmbio.
O Contrato de Câmbio deve conter alguns requisitos
ACC ACE
legais para ter validade, devendo ser registrado no
Adiantamento Sob Contrato Adiantamento Sob Contrato
SISBACEN, constando: de Câmbio de Exportação
60
Obs.: essa é a modalidade mais completa de habi- pronta ou futura. Neste sentido, temos a possibilida-
litação, a qual permite aos operadores realizar qual- de de realizar operações com vencimento futuro, ou
quer tipo de operação. Quando o volume de suas seja, a operação só será finalizada em uma data pre-
operações for incompatível com a capacidade econô- viamente acordada entre as partes.
mica e financeira evidenciada, a empresa estará sujei- Ocorre que, no caso de operações interbancárias,
ta a procedimento especial de fiscalização. a termo (contrato), as partes devem observar que, nas
operações para liquidação pronta ou futura, a taxa de
z Habilitação simplificada: destinada às pessoas câmbio deve refletir exclusivamente o preço da moe-
físicas, às empresas públicas e às sociedades de da negociada para a data da contratação da operação
economia mista – entidades sem fins lucrativos; de câmbio, sendo facultada a pactuação de prêmio
z Habilitação especial: destinada aos órgãos da ou bonificação nas operações para liquidação futura.
Administração Pública direta, autarquias, fun- Esse prêmio a que o Banco Central se refere no Capí-
dações públicas, órgãos públicos autônomos e tulo 1, da série “Regulamento do Mercado de Câmbio
organismos internacionais; e Capitais Internacionais”, é o Prêmio de Risco. Ele
z Habilitação restrita: destinada à pessoa física ou nada mais é que um viés (uma tendência) entre a taxa
jurídica que tenha operado anteriormente no de câmbio no mercado futuro e a esperança do câm-
comércio exterior exclusivamente para realização bio no futuro.
de consulta ou retificação de declaração. Por fim, vale lembrar que podemos analisar o Prê-
mio de Risco, comparando a paridade coberta dos
No mercado de Câmbio temos, também, as ope- juros à paridade descoberta destes.
rações de Remessas. As remessas são operações de
envio de recursos para o exterior, por meio de ordens
de pagamento (cheque, ordem por conta, fax, internet,
cartões de crédito). Em suma, são formas de enviar CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO/
dinheiro para fora do país através de instituições.
Existem remessas do Exterior para o Brasil e vice- CAPITAIS E LEGISLAÇÕES
-versa. Elas podem ser:
LEI N° 9.613/1998 (LEI DE PREVENÇÃO À LAVAGEM
z Em espécie: por Instituição Financeira ou pelo DE DINHEIRO)
ECT; Também conhecida como Lei de Lavagem de
z Via cartão de crédito: seguem a mesma lógica da Capitais, a Lei nº 9.613/98 visa combater a ocultação
remessa em espécie, entretanto o pagamento é fei- ou dissimulação de bens ou valores que tenham sido
to por cartão de crédito. obtidos de forma ilícita (frutos de infrações penais).
O termo lavagem diz respeito à necessidade de se
O que é Posição de Câmbio? dar aparência de legalidade — “lavar” o dinheiro ili-
citamente obtido (“sujo”). A expressão tem origem no
A posição de câmbio é representada pelo saldo direito estadunidense, “money laundering”, com a des-
das operações de câmbio (compra e venda de moeda coberta de que criminosos, na década 1920, usavam
estrangeira, de títulos e documentos que os represen- lavanderias para esconder a origem criminosa de
tem e de ouro-instrumento cambial) prontas ou para bens (alguns países utilizam a expressão “branquea-
liquidação futura realizadas pelas instituições autori- mento de capitais”, mas seu uso não é muito aceito,
zadas pelo Banco Central do Brasil a operar no merca- tendo em vista a conotação racista).
do de câmbio. Um exemplo de lavagem é a compra de obras de
arte para revenda com dinheiro obtido por meio do
O que é Posição de Câmbio Comprada? tráfico ilícito de drogas.
Uma das grandes novidades trazidas pela Lei nº
A posição de câmbio comprada é o saldo em moe- 9.613/98 é que, antes dela, apenas o tráfico de drogas
da estrangeira registrado em nome de uma instituição poderia configurar um crime antecedente que pudes-
autorizada que tenha efetuado compras, prontas ou se gerar a lavagem de dinheiro. Com sua entrada em
para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu- vigência, outros crimes podiam ser antecedentes da
los e documentos que as representem e de ouro-ins- lavagem. Em 2012, a Lei nº 12.683/12 alterou a Lei nº
trumento cambial em valores superiores às vendas. 9.613/98, de modo que, hoje, qualquer infração penal
(crime ou contravenção, como, por exemplo, o jogo do
O que é Posição de Câmbio Vendida? bicho) podem ser considerados crimes antecedentes
para a lavagem.
A posição de câmbio vendida é o saldo em moeda
estrangeira registrado em nome de uma instituição CONCEITO E FORMAS DE LAVAGEM
autorizada que tenha efetuado vendas, prontas ou
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, ori-
para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu-
gem, localização, disposição, movimentação ou
los e documentos que as representem e de ouro-ins- propriedade de bens, direitos ou valores prove-
trumento cambial em valores superiores às compras. nientes, direta ou indiretamente, de infração
penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
O que é Prêmio de Risco?
Pena – reclusão, de 3 a 10 anos, e multa.
Para melhor explicar isso, retomaremos alguns O art. 1º traz o conceito de lavagem de dinheiro (ou
conceitos já estudados. capitais). De maneira simples, temos que a lavagem
Sabemos que a taxa de câmbio é livremente pactua- de dinheiro consiste no ato ou atos praticados com a
da entre os agentes autorizados a operar no mercado finalidade de dar aparência lícita a bens, direitos ou
de câmbio ou entre estes e seus clientes, podendo as valores que tenham origem na prática de uma infra-
operações de câmbio ser contratadas para liquidação ção penal (crime ou contravenção).
61
Veja que os núcleos do tipo (verbos) são ocultar e O art.1º, § 4º traz uma causa de aumento de pena
dissimular. Se o agente pratica os dois, dentro do mes- (de 1/3 a 2/3) se os crimes previstos na Lei de Lavagem
mo contexto, responde por um único crime. forem cometidos:
A lavagem é chamada de “crime parasitário”.
Observe bem que a lavagem (que é crime) tem relação z De forma reiterada; ou
com a prática de uma infração (crime ou contraven- z Por intermédio de organização criminosa.
ção) anterior. De acordo com o art. 1º, o julgamento
independe do processo e do julgamento das infrações Dica
penais antecedentes.
Neste sentido, para que seja punível a lavagem, O conceito de organização criminosa se encon-
deve haver um fato típico e ilícito anterior. No entan- tra na Lei nº 12.850/13.
to, não é necessária a condenação no crime anterior,
somente será excluída a lavagem. Ou seja, se a infra- Já vimos que existe hipótese de aumento de pena
ção penal antecedente foi atípica (fato inexistente) e, nos crimes de lavagem. E será que existe alguma hipó-
por isso, não constituir infração penal, ou, ainda, se tese de diminuição? Sim, ela se encontra prevista no
houve causa que excluísse a ilicitude, não há como o art. 1º, § 5º da Lei nº 9.613/98.
agente responder por lavagem de dinheiro.
Seguindo com o nosso estudo, incorrerá na mes- COLABORAÇÃO PREMIADA
ma, pena prevista no caput do art. 1º, quem pratica as
condutas que estão no art. 1º, § 1º: § 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois
terços e ser cumprida em regime aberto ou
§ 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar
semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-
ou dissimular a utilização de bens, direitos ou
-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena res-
valores provenientes de infração penal
tritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe
I - os converte em ativos lícitos;
colaborar espontaneamente com as autoridades,
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou
prestando esclarecimentos que conduzam à apu-
recebe em garantia, guarda, tem em depósito,
ração das infrações penais, à identificação dos
movimenta ou transfere;
autores, coautores e partícipes, ou à localização
III - importa ou exporta bens com valores não
dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
correspondentes aos verdadeiros.
O inciso I trata da hipótese de a lavagem dar-se Para ser beneficiado pela colaboração premiada, o
com a conversão dos bens, direitos ou valores em ati- indivíduo deve colaborar, a qualquer tempo (ou seja, na
vos lícitos, como, por exemplo, ações na Bolsa. Por esse fase investigatória ou processual), de uma das três formas
viés, pode-se falar na chamada “lavagem em cadeia” previstas (basta uma; os requisitos não são cumulativos):
(lavagem da lavagem), que é a ocultação ou dissimu-
I - conduzir à apuração das infrações penais;
lação de bens, dinheiro ou valores, provenientes de
II - conduzir à identificação de autores, coautores
lavagens anteriores (neste caso, o delito antecente é
e partícipes; ou
outra lavagem). Um exemplo da lavagem em cadeia III - conduzir à localização dos bens, direitos ou
seria a aplicação, na Bolsa de Valores, de rendimentos valores objeto do crime.
obtidos numa lavagem anterior.
O inciso II trata da figura do receptador dos bens, z Formas de colaboração (alternativas) (art. 1º, §
direitos ou valores. Já o inciso III cuida da hipótese espe- 5º, Lei nº 9.613/98)
cífica de lavagem por meio de operações de importação
e exportação. O parágrafo 2º do artigo 1º apresenta
outras hipóteses equiparadas à lavagem de dinheiro: Apuração de infrações
62
Esses benefícios aplicam-se somente à colaboração Medidas Assecuratórias
premiada nos crimes de lavagem de dinheiro.
Existem outras formas de colaboração premiada z Sequestro:
previstas em outras leis (como a Lei de Organizações
Criminosas por exemplo), que oferecem ao colabora- É a decisão judicial, bem como a consequente
dor outros “prêmios” (como o não oferecimento de retenção por depósito da coisa litigiosa em mãos de
denúncia). terceiros estranhos à lide, com o fim de preservar o
direito sobre ela (Mirabete).
AÇÃO CONTROLADA E INFILTRAÇÃO DE AGENTES Na esfera penal, o sequestro é a retenção de bem
imóvel ou móvel, havido com os proventos da infra-
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este ção, com o fim de assegurar as obrigações civis deste
artigo, admite-se a utilização da ação controlada - (Magalhães Noronha).
e da infiltração de agentes.
z Hipoteca Legal:
A fim de efetivar a apuração do crime de lavagem
de dinheiro, a Lei admite a utilização dos meios espe- Art. 134 A hipoteca legal sobre os imóveis do indi-
ciais de investigação da ação controlada (situação ciado poderá ser requerida pelo ofendido em qual-
excepcional na qual o flagrante, que deve ser imedia- quer fase do processo, desde que haja certeza da
to, é retardado para que se consiga descobrir outros infração e indícios suficientes da autoria.
sujeitos envolvidos na prática do delito, reunindo-se
provas mais robustas ou, ainda, recuperando-se o pro- O dispositivo recai sobre os bens imóveis e serve
duto ou proveito do crime — é chamado de flagrante para assegurar a reparação do dano.
prorrogado, retardado ou diferido) e da infiltração
de agentes (prevista no art. 10 da Lei de Organiza- z Arresto:
ções Criminosas, que tem como objetivo permitir que
policiais ingressem legalmente em organizações cri- Art. 137 Se o responsável não possuir bens imó-
minosas, utilizando-se de identidades falsas, a fim de veis ou os possuir de valor insuficiente, poderão
investigar suas atividades). ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora,
Uma das formas de ação controlada é a conhecida nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos
“entrega vigiada”, prevista no Decreto nº 5.015/04, que imóveis. Recai sobre o patrimônio lícito ou ilíci-
consiste na permissão de remessas internacionais ilíci- to do sujeito e tornam indisponível. Ou seja, se o
tas ou suspeitas, feitas com o conhecimento e controle investigado com o lucro obtido por meio da prática
das autoridades com o objetivo de permitir a colheita de crime de contrabando, adquiriu um veículo, este
pode ser sequestrado.
de mais provas e a identificação dos envolvidos.
A partir do art. 2º, a Lei nº 9.613/98 passa a tra- O art. 7º estabelece alguns efeitos da condenação
tar de disposições que se aplicam ao proceso criminal por crimes de lavagem, além dos que constam no
da lavagem de dinheiro. Veremos, a seguir, os pontos Código Penal:
mais relevantes.
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos
O primeiro ponto que merece destaque diz respei-
previstos no Código Penal:
to à competência. Os crimes de lavagem, via de regra,
I - a perda, em favor da União - e dos Estados,
são de competência da Justiça Estadual.
nos casos de competência da Justiça Estadual -, de
Excepcionalmente, a competência será da Justiça todos os bens, direitos e valores relacionados,
Federal, nas hipóteses do inciso III do art. 2°, quais direta ou indiretamente, à prática dos crimes
sejam: previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados
para prestar a fiança, ressalvado o direito do
z Crimes praticados contra o sistema financeiro e a lesado ou de terceiro de boa-fé;
ordem econômico-financeira; II - a interdição do exercício de cargo ou fun-
z Crimes praticados em detrimento de bens, serviços ção pública de qualquer natureza e de diretor, de
ou interesses da União ou de suas entidades autár- membro de conselho de administração ou de
quicas ou empresas públicas; gerência das pessoas jurídicas referidas no art.
z Quando a infração penal antecedente for de com- 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de
petência da Justiça Federal. liberdade aplicada.
§ 1º A União e os Estados, no âmbito de suas com-
Por sua vez, o art. 4º prevê a possibilidade de o juiz, petências, regulamentarão a forma de destinação
dos bens, direitos e valores cuja perda houver sido
de ofício, a requerimento ou mediante represen-
declarada, assegurada, quanto aos processos de
tação do delegado de polícia (ouvido o Ministério
competência da Justiça Federal, a sua utilização
Público), desde que haja indícios suficientes de infra- pelos órgãos federais encarregados da prevenção,
ção penal, decretar, em 24 horas, medidas assecura- do combate, da ação penal e do julgamento dos cri-
tórias de bens direitos ou valores do investigado mes previstos nesta Lei, e, quanto aos processos de
ou acusado, ainda que estejam em nome de terceiros, competência da Justiça Estadual, a preferência dos
se constituam instrumento, produto ou proveito dos órgãos locais com idêntica função.
crimes de lavagem ou de crimes antecedentes. § 2º Os instrumentos do crime sem valor econômi-
As medidas assecuratórias são aquelas que asse- co cuja perda em favor da União ou do Estado for
guram o direito do ofendido e a responsabilização decretada serão inutilizados ou doados a museu
pecuniária do criminoso. As medidas assecuratórias criminal ou a entidade pública, se houver interesse
possíveis são o sequestro, a hipoteca legal e o arresto. na sua conservação.
63
O art. 7º estabelece, como efeito da condenação, z Resumidamente, essa política de prevenção deve
a perda de todos os bens e valores ligados direta ou contemplar, conforme disposição do art. 3º:
indiretamente aos crime de lavagem, preservando o z Diretrizes para definir responsabilidades, proce-
direito do lesado ou terceiro de boa-fé. Por exemplo, dimentos, avaliação interna do risco, promoção da
se o crime antecedente for um roubo, o bem ou valor cultura organizacional, seleção correta de funcio-
é devolvido ao legítimo dono. nários etc.;
O dispositivo estabelece, ainda, que, se os condena- z Diretrizes para implementar procedimentos de
dos forem funcionários públicos ou diretores, mem- coleta, verificação, registro, monitoramento, comu-
bros de conselho de administração ou de gerente das nicação ao Conselho de Controle de Atividades
pessoas jurídicas elencadas no art. 9º (Bolsa de Valo- Financeiras (COAF), entre outras.
res, seguradoras, administradoras de cartão de crédi-
to, empresas de leasing etc), estes ficarão interditados Segundo o inciso III do art. 3º, é necessário o com-
de exercerem seus cargos ou funções pelo dobro de prometimento da alta administração com a efetivi-
tempo da pena privativa de liberdade imposta. dade e a melhoria contínua da política.
Vamos fazer alguns exercícios agora? De acordo com o art. 4º, admite-se a adoção de polí-
tica de prevenção à lavagem de dinheiro e ao finan-
CIRCULAR 3.978/2020 ciamento do terrorismo única por conglomerado
prudencial e por sistema cooperativo de crédito. Essa
A presente circular lista procedimentos de com- política de prevenção deve ser:
pliance, ou seja, de controles internos para que se
previna o crime de lavagem de dinheiro. De maneira z Documentada, aprovada pelo Conselho ou Direto-
geral, temos que a circular: ria e mantida atualizada;
z Divulgada aos envolvidos em linguagem
Dispõe sobre a política, os procedimentos e os compreensível.
controles internos a serem adotados pelas insti-
tuições autorizadas a funcionar pelo Banco Central Nos termos literais dos arts. 6º e 7º:
do Brasil visando à prevenção da utilização do
sistema financeiro para a prática dos crimes Art. 6º A política referida no art. 2º deve ser divul-
de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e gada aos funcionários da instituição, parceiros e
valores de que trata a Lei nº 9.613, de 3 de março de prestadores de serviços terceirizados, mediante lin-
1998, e de financiamento do terrorismo, previsto na guagem clara e acessível, em nível de detalhamento
Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016. compatível com as funções desempenhadas e com a
sensibilidade das informações.
Lembre-se de que todas as instituições autori- Art. 7º A política referida no art. 2º deve ser:
zadas a funcionar pelo Banco Central devem adotar I - documentada;
II - aprovada pelo conselho de administração ou, se
esta circular. Trata-se de uma circular extensa, com
inexistente, pela diretoria da instituição; e
muito detalhamento técnico. Nosso objetivo neste
III - mantida atualizada.
tópico será extrair desse documento os pontos que
mais acreditamos que possam ser cobrados em prova. DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À
Então, vamos lá: LAVAGEM DE DINHEIRO
Art. 1º Esta circular dispõe sobre a política, os Art. 8º As instituições mencionadas no art. 1º devem
procedimentos e os controles internos a serem dispor de estrutura de governança visando a assegu-
adotados pelas instituições autorizadas a fun- rar o cumprimento da política referida no art. 2º e
cionar pelo Banco Central do Brasil visando à dos procedimentos e controles internos de preven-
prevenção da utilização do sistema financeiro para ção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do
a prática dos crimes de “lavagem” ou ocultação terrorismo previstos nesta circular.
de bens, direitos e valores, de que trata a Lei nº
9.613, de 3 de março de 1998, e de financiamento
do terrorismo, previsto na Lei nº 13.260, de 16 de
Dica
março de 2016. Governança tem a ver com boas práticas
Parágrafo único. Para os fins desta circular, os cri- administrativas.
mes referidos no caput serão denominados generi-
camente “lavagem de dinheiro” e “financiamento As instituições devem indicar formalmente ao
do terrorismo”. Banco Central do Brasil diretor responsável, nos ter-
mos do art. 9º. Esse diretor pode desempenhar outras
POLÍTICA DE PREVENÇÃO funções na instituição, contanto que isso não gere
Art. 2º As instituições mencionadas no art. 1º conflito de interesses.
devem implementar e manter política formulada
AVALIAÇÃO INTERNA DE RISCO
com base em princípios e diretrizes que busquem
prevenir a sua utilização para as práticas de lava- Art. 10 As instituições referidas no art. 1º devem
gem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. realizar avaliação interna com o objetivo de iden-
tificar e mensurar o risco de utilização de
A política de prevenção ao crime de lavagem de seus produtos e serviços na prática da lavagem de
dinheiro, de acordo com o parágrafo único do art. 2º dinheiro e do financiamento do terrorismo.
desta Circular, deve ser adequada ao perfil:
Sem segredos, a avaliação interna:
z Dos clientes, da instituição e dos funcionários, par-
ceiros e prestadores; z Deve considerar o perfil das operações e das pes-
z Das operações, transações, produtos e serviços. soas envolvidas;
64
z Deve ser documentada e aprovada; A qualificação do cliente deve ser reavaliada e
z As categorias de risco devem ser definidas para sempre atualizada.
maior possibilidade de mitigação;
z Pode ser realizada de forma centralizada em ins- z Pontos de Atenção na Qualificação
tituição do conglomerado prudencial e do sistema
Nos termos do art. 19, os procedimentos de qua-
cooperativo de crédito, nos termos do art. 11.
lificação devem incluir a verificação da condição do
PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER OS cliente como:
CLIENTES
Pessoa politicamente exposta: Detentores de
Art. 13 As instituições mencionadas no art. 1º mandato, ocupantes de cargos de natureza espe-
devem implementar procedimentos destinados a cial, tais como ministros e altas autoridades
conhecer seus clientes, incluindo procedimentos públicas;
que assegurem a devida diligência na sua identifi- Familiar: Parentes até o segundo grau;
cação, qualificação e classificação Estreito colaborador: Pessoa conhecida por
§ 1º Os procedimentos referidos no caput devem ser ter qualquer tipo de estreita relação com pessoa
compatíveis com: exposta politicamente.
I - o perfil de risco do cliente, contemplando medi-
das reforçadas para clientes classificados em cate- Para esses clientes, devem ser adotados procedi-
gorias de maior risco, de acordo com a avaliação mentos de qualificação compatíveis com sua condição.
interna de risco referida no art. 10;
II - a política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao Classificação dos Clientes
financiamento do terrorismo de que trata o art. 2º; e
III - a avaliação interna de risco de que trata o art. 10. Art. 20 As instituições mencionadas no art. 1º
devem classificar seus clientes nas categorias de
É importante notar que os procedimentos devem risco definidas na avaliação interna de risco men-
ser formalizados em manual específico, que deve ser cionada no art. 10, com base nas informações obti-
das nos procedimentos de qualificação do cliente
aprovado pela diretoria da instituição e mantido atua-
referidos no art. 18.
lizado, de acordo com os parágrafos 2º e 3º do art. 13.
Parágrafo único. A classificação mencionada no
Identificação dos Clientes caput deve ser:
I - realizada com base no perfil de risco do cliente e
Art. 16 As instituições referidas no art. 1º devem na natureza da relação de negócio;
adotar procedimentos de II - revista sempre que houver alterações no per-
identificação que permitam verificar e validar a fil de risco do cliente e na natureza da relação de
identidade do cliente. negócio.
§ 1º Os procedimentos referidos no caput devem
incluir a obtenção, a verificação As instituições devem classificar seus clientes:
e a validação da autenticidade de informações de
z Nas categorias de risco definidas na avaliação
identificação do cliente, inclusive, se
interna de risco;
necessário, mediante confrontação dessas infor-
mações com as disponíveis em bancos de dados de
z Usando como base as informações obtidas nos pro-
caráter público e privado. cedimentos de qualificação.
§ 2º No processo de identificação do cliente devem
Essa classificação deve ser revista sempre que
ser coletados, no mínimo:
houver alterações no perfil do cliente.
I - o nome completo, o endereço residencial e o
número de registro no Cadastro
Segundo o art. 23, é vedado às instituições iniciar
de Pessoas Físicas (CPF), no caso de pessoa natu- relação de negócios sem que os procedimentos de iden-
ral; e tificação e de qualificação do cliente estejam concluídos.
II - a firma ou denominação social, o endereço Admite-se, por um período máximo de 30 dias, o
da sede e o número de registro no início da relação de negócios em caso de insuficiên-
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), cia de informações relativas à qualificação do clien-
no caso de pessoa jurídica. te, desde que não haja prejuízo aos procedimentos de
monitoramento e seleção, de acordo com o parágrafo
Se o cliente for do exterior, desobriga-se o CPF. Se a único do mesmo artigo.
empresa for com sede no exterior, desobriga-se o CNPJ.
Identificação e da Qualificação do Beneficiário Final
Qualificação dos Clientes Art. 24 Os procedimentos de qualificação do cliente
pessoa jurídica devem incluir a análise da cadeia de
Art. 18 As instituições mencionadas no art. 1º participação societária até a identificação da pes-
devem adotar procedimentos que permitam quali- soa natural caracterizada como seu beneficiário
ficar seus clientes por meio da coleta, verificação e final, observado o disposto no art. 25. [...]
validação de informações, compatíveis com o perfil
de risco do cliente e com a natureza da relação de É também considerado beneficiário final o repre-
negócio. sentante, inclusive o procurador e o preposto, que
exerça o comando sobre as atividades da pessoa jurí-
As instituições deverão avaliar sempre: dica. Esse procedimento não é necessário em relação
às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de com-
z A capacidade financeira do cliente; panhia aberta ou entidade sem fins lucrativos e as
z O perfil de risco. cooperativas.
65
Art. 25 As instituições mencionadas no art. 1º devem IV - oficiais-generais e membros de escalões supe-
estabelecer valor mínimo de referência de participa- riores do Poder Judiciário;
ção societária para a identificação de beneficiário V - executivos de escalões superiores de empresas
final. públicas; ou
§ 1º o valor mínimo de referência de partici- VI - dirigentes de partidos políticos.
pação societária de que trata o caput deve ser
estabelecido com base no risco e não pode ser REGISTRO DE OPERAÇÕES
superior a 25% (vinte e cinco por cento), consi-
derada, em qualquer caso, a participação dire- Disposições Gerais
ta e a indireta.
§ 2º o valor de referência de que trata o caput As instituições devem manter registros de todas
deve ser justificado e documentado no manual as operações realizadas, produtos e serviços contrata-
de procedimentos referido no art. 13, § 2º. dos, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos,
recebimentos e transferências de recursos, nos ter-
Qualificação como Pessoa Exposta Politicamente mos do art. 28 desta Circular:
Art. 28 [...]
Art. 27 As instituições mencionadas no art. 1º devem
implementar procedimentos que permitam qualifi- § 1º os registros referidos no caput devem conter,
car seus clientes como pessoa exposta politicamente. no mínimo, as seguintes informações sobre cada
operação:
I - tipo;
Consideram-se pessoas expostas politicamente, entre
II - valor, quando aplicável;
outros:
III - data de realização;
IV - nome e número de inscrição no cpf ou no cnpj
Art. 27 [...] do titular e do beneficiário da operação, no caso de
§ 1º Consideram-se pessoas expostas politicamente: pessoa residente ou sediada no país; e
I - os detentores de mandatos eletivos dos Poderes V - canal utilizado.
Executivo e Legislativo da União;
II - os ocupantes de cargo, no Poder Executivo da Registro de Operações Envolvendo Pessoa do
União, de: Exterior
a) Ministro de Estado ou equiparado;
b) Natureza Especial ou equivalente; Art. 28 [...]
c) presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalen- § 2º No caso de operações envolvendo pessoa natu-
tes, de entidades da administração pública indireta; e ral residente no exterior desobrigada de inscrição
d) Grupo Direção e Assessoramento Superiores no cpf, na forma definida pela secretaria da receita
(DAS), nível 6, ou equivalente; federal do brasil, as instituições devem incluir no
III - os membros do Conselho Nacional de Justi- registro as seguintes informações:
ça, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais I - nome;
Superiores, dos Tribunais Regionais Federais, dos II - tipo e número do documento de viagem e respec-
Tribunais Regionais do Trabalho, dos Tribunais tivo país emissor; e
Regionais Eleitorais, do Conselho Superior da Jus- III - organismo internacional de que seja represen-
tiça do Trabalho e do Conselho da Justiça Federal; tante para o exercício de funções específicas no
IV - os membros do Conselho Nacional do Ministério país, quando for o caso.
Público, o Procurador-Geral da República, o Vice- § 3º No caso de operações envolvendo pessoa jurí-
-Procurador-Geral da República, o Procurador-Geral dica com domicílio ou sede no exterior desobrigada
do Trabalho, o Procurador-Geral da Justiça Militar, de inscrição no cnpj, na forma definida pela secre-
os Subprocuradores-Gerais da República e os Procu- taria da receita federal do brasil, as instituições
radores Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito devem incluir no registro as seguintes informações:
Federal; I - nome da empresa; e
V - os membros do Tribunal de Contas da União, o Pro- II - número de identificação ou de registro da
curador-Geral e os Subprocuradores-Gerais do Minis- empresa no respectivo país de origem.
tério Público junto ao Tribunal de Contas da União;
VI - os presidentes e os tesoureiros nacionais, ou Registro de Operações de Pagamento, Recebimento
equivalentes, de partidos políticos; e Transferência de Recursos
VII - os Governadores e os Secretários de Estado e
do Distrito Federal, os Deputados Estaduais e Dis- Art. 30 No caso de operações relativas a pagamen-
tritais, os presidentes, ou equivalentes, de entidades tos, recebimentos e transferências de recursos, por
da administração pública indireta estadual e distri- meio de qualquer instrumento, as instituições refe-
tal e os presidentes de Tribunais de Justiça, Tribu- ridas no art. 1º devem incluir nos registros men-
nais Militares, Tribunais de Contas ou equivalentes cionados no art. 28 as informações necessárias à
dos Estados e do Distrito Federal; e identificação da origem e do destino dos recursos.
VIII - os Prefeitos, os Vereadores, os Secretários
Municipais, os presidentes, ou equivalentes, de enti- As instituições devem incluir nos registros:
dades da administração pública indireta municipal
e os Presidentes de Tribunais de Contas ou equiva- z Identificação da origem;
lentes dos Municípios. z Identificação do destino dos recursos.
§ 2º São também consideradas expostas politica-
mente as pessoas que, no exterior, sejam: § 3º Para fins do cumprimento do disposto no caput,
I - chefes de estado ou de governo; devem ser incluídas no registro das operações, no
II - políticos de escalões superiores; mínimo, as seguintes informações, quando couber:
III - ocupantes de cargos governamentais de esca- I - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ
lões superiores; do remetente ou sacado;
66
II - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ Atenção: é vedado postergar saques em espécie de
do recebedor ou beneficiário; contas de depósitos à vista de valor igual ou inferior a
III - códigos de identificação, no sistema de liquida- R$5.000,00, admitida a postergação para o expediente
ção de pagamentos ou de transferência de fundos, seguinte de saques de valor superior ao estabelecido.
das instituições envolvidas na operação; e
IV - números das dependências e das contas envol- MONITORAMENTO, SELEÇÃO E ANÁLISE DE
vidas na operação OPERAÇÕES E SITUAÇÕES SUSPEITAS
67
f) os clientes e as operações em relação aos quais I - ser fundamentada com base nas informações
não seja possível identificar o beneficiário final; contidas no dossiê mencionado no art. 43, § 2º;
g) as operações oriundas ou destinadas a países ou II - ser registrada de forma detalhada no dossiê
territórios com deficiências estratégicas na imple- mencionado no art. 43, § 2º; e
mentação das recomendações do Grupo de Ação III - ocorrer até o final do prazo de análise referido
Financeira (Gafi); no art. 43, § 1º.
h) as situações em que não seja possível manter atua- § 2º A comunicação da operação ou situação
lizadas as informações cadastrais de seus clientes; e suspeita ao Coaf deve ser realizada até o dia útil
II - as operações e situações que possam indicar seguinte ao da decisão de comunicação.
suspeitas de financiamento do terrorismo.
O prazo referido no inciso III do art. 48 será de
Em suma, podemos destacar que as instituições 45 dias da operação. A comunicação da operação ou
devem implementar procedimentos em operações situação suspeita ao Coaf deve ser realizada até o dia
que possam indicar suspeitas, especialmente: útil seguinte ao da decisão de comunicação.
z Operações atípicas que envolvam valor suspeito
ou forma de operacionalização suspeita, tais como Comunicação de Operações em Espécie
depósitos e saques fracionados;
z Operações de depósito ou saque em espécie que Art. 49 As instituições mencionadas no art. 1º
apresentem indícios de ocultação ou dissimulação; devem comunicar ao Coaf:
I - as operações de depósito ou aporte em espécie
z Operações com pessoas expostas politicamente
ou saque em espécie de valor igual ou superior a
de nacionalidade brasileira e estrangeira;
r$50.000,00 (cinquenta mil reais);
z Clientes e operações em relação aos quais não seja
II - as operações relativas a pagamentos, recebi-
possível identificar o beneficiário final; mentos e transferências de recursos, por meio de
z Operações oriundas ou destinadas a países ou qualquer instrumento, contra pagamento em espé-
territórios com deficiências estratégicas na imple- cie, de valor igual ou superior a r$50.000,00 (cin-
mentação das recomendações do Grupo de Ação quenta mil reais); e
Financeira (Gafi). III - a solicitação de provisionamento de saques em
espécie de valor igual ou superior a r$50.000,00
O período para a execução dos procedimentos de (cinquenta mil reais) de que trata o art. 36.
monitoramento e de seleção das operações e situações
suspeitas não pode exceder o prazo de 45 dias, contados a
partir da data de ocorrência da operação ou da situação. Dica
Todas as instituições, nos termos do art. 40, devem A Circular deixa como “gatilho” o valor de R$
assegurar que os sistemas utilizados no monitoramento 50.000,00 em variadas situações.
e na seleção de operações e situações suspeitas conte-
nham informações detalhadas das operações. As institui- A comunicação da operação ou situação suspeita
ções também devem manter documentação detalhada ao Coaf deve ser realizada até o dia útil seguinte ao da
Os procedimentos de monitoramento e seleção ocorrência da operação. As comunicações alteradas
podem ser realizados de forma centralizada em insti- ou canceladas após o quinto dia útil seguinte ao da
tuição do conglomerado prudencial e do sistema coo- sua realização devem ser acompanhadas de justifica-
perativo de crédito. tiva da ocorrência.
Procedimentos de Análise de Operações e Situações
Art. 53 As comunicações referidas nos arts. 48 e 49
Suspeitas
devem especificar, quando for o caso, se a pessoa
Art. 43 As instituições referidas no art. 1º devem objeto da comunicação:
implementar procedimentos de análise das opera- I - é pessoa exposta politicamente ou representante,
ções e situações selecionadas por meio dos proce- familiar ou estreito colaborador dessa pessoa;
dimentos de monitoramento e seleção de que trata II - é pessoa que, reconhecidamente, praticou ou
o art. 39, com o objetivo de caracterizá-las ou não tenha intentado praticar atos terroristas ou deles
como suspeitas de lavagem de dinheiro e de finan- participado ou facilitado o seu cometimento; e
ciamento do terrorismo. III - é pessoa que possui ou controla, direta ou indi-
retamente, recursos na instituição, no caso do inci-
Esquematicamente: so II.
z As instituições devem implementar procedimentos As instituições que não tiverem efetuado comu-
de análise das operações e situações selecionadas nicações ao Coaf em cada ano civil deverão prestar
por meio dos procedimentos de monitoramento e declaração, até dez dias úteis após o encerramento do
seleção. O prazo para essa análise é de 45 dias con- referido ano, atestando a não ocorrência de operações
tados da operação; ou situações passíveis de comunicação.
z É vedada a contratação de terceiros para a reali-
zação da análise. PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER
FUNCIONÁRIOS, PARCEIROS E PRESTADORES DE
PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO AO COAF
SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
Art. 48 As instituições referidas no art. 1º devem
comunicar ao Coaf as operações ou situações sus- Art. 56 As instituições mencionadas no art. 1º
peitas de lavagem de dinheiro e de financiamento devem implementar procedimentos destinados a
do terrorismo. conhecer seus funcionários, parceiros e prestado-
§ 1º A decisão de comunicação da operação ou res de serviços terceirizados, incluindo procedi-
situação ao Coaf deve: mentos de identificação e qualificação.
68
Nos termos do art. 60, as instituições, na celebração z Depósitos para troca de grandes quantidades de
de contratos com terceiros não sujeitos à autorização cédulas de pequeno valor;
para funcionar do Banco Central do Brasil, participan- z Depósitos em espécie relevantes em contas de servi-
tes de arranjo de pagamento do qual a instituição tam- dores públicos ou pessoas politicamente expostas.
bém participe, devem:
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES
Art. 60 [...] EM ESPÉCIE E CARTÕES PRÉ-PAGOS EM MOEDA
I - obter informações sobre o terceiro que permitam ESTRANGEIRA
compreender a natureza de sua atividade e a sua
reputação; Essas situações são extremamente similares àque-
II - verificar se o terceiro foi objeto de investigação las em moeda nacional, sendo:
ou de ação de autoridade supervisora relacionada
z Depósitos atípicos em relação à atividade econô-
com lavagem de dinheiro ou com financiamento do
terrorismo;
mica do cliente ou incompatíveis com a sua capa-
III - certificar que o terceiro tem licença do institui- cidade financeira;
dor do arranjo para operar, quando for o caso; z Movimentações em espécie por clientes que nor-
IV - conhecer os controles adotados pelo terceiro malmente não depositam em espécie;
relativos à prevenção à lavagem de dinheiro e ao z Fragmentação de depósitos, saques em espécie,
financiamento do terrorismo; e que possam burlar o valor total da operação;
V - dar ciência do contrato ao diretor mencionado z Negociações de moeda estrangeira, realizadas por
no art. 9º. diferentes pessoas, não relacionadas entre si, que
informem os mesmos dados de origem/destino;
DISPOSIÇÕES FINAIS z Negociações envolvendo taxas de câmbio com va-
riação significativa em relação às praticadas pelo
As disposições finais estão dispostas no capítu- mercado;
lo XII desta circular nº 3.078. Podemos sintetizar as z Utilização de diversas fontes de recursos para car-
informações mais importantes nos itens seguintes: ga e recarga de cartões pré-pagos;
z Depósitos com cédulas em mal estado de conservação;
z Percebe-se que toda a circular é repetitiva no sen- z Depósitos para troca de grandes quantidades de
tido de que os procedimentos devem ser contro- cédulas de pequeno valor.
lados sempre para evitar as ocorrências que a
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM A
circular se destina a prevenir;
IDENTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE CLIENTES
z Devem ser adotadas medidas de avaliação da efe-
tividade dos controles previstos nesta circular.
Aqui, são situações relativas ao fornecimento de
dados pelos clientes para sua identificação e qualifi-
CIRCULAR 4.001/2020
cação, tais como:
Esta é uma circular de texto repetitivo, pois trata-
-se de uma lista de operações e situações que podem z Resistência ao fornecimento de informações neces-
configurar indícios de ocorrência dos crimes de “lava- sárias para o início de relacionamento ou para a
gem” ou ocultação de bens, direitos e valores. atualização cadastral;
Esta circular possui apenas dois artigos, sendo o art. z Oferecimento de informação falsa ou de difícil
1º responsável por listar as operações e situações descri- verificação;
tas acima. Não é interessante incluir todas as disposições z Abertura, movimentação de contas ou realização
do artigo; deste modo, selecionamos as mais pertinentes de operações por detentor de procuração ou de
para sua prova e a simplificamos, sem que se perca o sen- qualquer outro tipo de mandato;
tido original e sem suprir as informações necessárias. z Cadastramento de várias contas em uma mesma
Por ser uma lista, o mais importante é compreen- data, ou em curto período, com depósitos de valo-
der sua essência, que busca citar quais operações res idênticos ou aproximados;
podem ser consideradas suspeitas, entendendo que a z Operações em que não seja possível identificar o
“relação” apresentada na circular é exemplificativa. beneficiário final;
z Incompatibilidade da atividade econômica ou fa-
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES turamento informados com o padrão apresentado
EM ESPÉCIE COM A UTILIZAÇÃO DE CONTAS DE por clientes com o mesmo perfil.
DEPÓSITOS OU PAGAMENTO
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES DE
z Depósitos atípicos em relação à atividade econô- INVESTIMENTO NO PAÍS
mica do cliente ou incompatíveis com a sua capa-
cidade financeira; z Operações ou conjunto de operações de compra ou
z Movimentações em espécie por clientes que nor- de venda de ativos financeiros a preços incompa-
malmente não depositam em espécie; tíveis com os praticados no mercado;
z Fragmentação de depósitos, saques em espécie, z Operações atípicas que resultem em elevados
que possam burlar o valor total da operação; ganhos para os agentes intermediários, em despro-
z Depósitos ou aportes em espécie em contas de clien- porção com a natureza dos serviços efetivamente
tes que exerçam atividade comercial relacionada prestados;
com negociação de bens de luxo ou alto valor; z Investimentos significativos em produtos de baixa
z Depósitos com cédulas em mal estado de rentabilidade e liquidez;
conservação; z Resgates de investimentos no curtíssimo prazo.
69
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES DE SITUAÇÕES RELACIONADAS A CAMPANHAS
CRÉDITO NO PAÍS ELEITORAIS
70
Comunicação Eficiente: fornecer informações z O Sistema de Autorregulação poderá ajudar a
de forma precisa, adequada, clara e oportuna, resolver algum problema pessoal/individual
proporcionando condições para o consumidor que o consumidor venha experimentando junto
tomar decisões conscientes e bem informadas; a algum dos bancos signatários?
a comunicação com o consumidor, por qual-
Sim. Caso autorizado pelo consumidor, o Sistema de
quer veículo, pessoalmente ou mediante ofer-
Autorregulação Bancária enviará a demanda ao canal
tas ou anúncios publicitários, deve ser feita de de atendimento responsável do próprio banco signatá-
modo a informá-lo sobre os aspectos relevantes rio reclamado. A Instituição reclamada será responsá-
do relacionamento com a Signatária; vel por responder diretamente o caso em até 15 dias.
Melhoria Contínua: aperfeiçoar padrões de con-
duta, elevar a qualidade dos produtos, níveis de z Quando eu identificar que algum banco não
segurança e a eficiência dos serviços. está cumprindo as regras, eu posso noticiar o
Sistema quanto a isso? Como me manifestar?
Nesse Sistema, os bancos estabelecem uma série
Sim. Você não apenas pode se manifestar como,
de compromissos de conduta que, em conjunto com as
na verdade, é esperado que você o faça. Esses regis-
diversas outras normas aplicáveis às suas atividades, con-
tros não serão individualmente respondidos, nem isso
tribuirão para que o mercado funcione de forma ainda gerará, de imediato ou necessariamente, alguma san-
mais eficaz, clara e transparente, em benefício não só do ção ao(s) banco(s) apontado(s). No entanto, eles serão
próprio setor, mas de todos os envolvidos nesse processo uma fonte preciosa de monitoramento da atuação de
– os consumidores e a sociedade como um todo. cada agente do Sistema, para que possamos melhor
conferir se, de fato, as normas da Autorregulação
z Como esse Sistema vai interferir no relaciona- estão sendo corretamente cumpridas.
mento entre bancos e consumidores? Dentre os vários normativos que a FEBRABAN
editou a respeito da Autorregulação Bancária, desta-
O propósito maior do Sistema de Autorregulação camos alguns pontos que podem ser abordados nas
Bancária é promover a melhoria contínua da qualida- suas provas.
de do relacionamento entre os bancos signatários do Vejamos:
Sistema e os consumidores (pessoa física). Assim, ao CÓDIGO DE AUTO-REGULAÇÃO BANCÁRIA
contribuir para um melhor funcionamento do setor,
os consumidores deverão ser diretamente beneficia- Art. 2º As normas da auto regulação não se
dos por esse processo. sobrepõe, mas se harmonizam à legislação vigente,
destacadamente ao código de Defesa do Consumi-
z Como será monitorada e avaliada a conduta dos dor, às leis e normas especificamente direcionadas
bancos, para que se saiba quem está, de fato, ao sistema bancário e à execução de atividades dele-
cumprindo as normas do Sistema? gadas pelo setor público a instituições financeiras.
Art. 3º As normas da auto regulação abrangem
O monitoramento das condutas dos bancos, para todos os produtos e serviços ofertados ou dispo-
que se avalie e assegure sua efetiva adequação a todas nibilizados pelas Signatárias a qualquer pessoa
as normas da autorregulação será feito pela Diretoria física, cliente ou não cliente (o “consumidor”).
de Autorregulação – criada pelo próprio Código de
Autorregulação Bancária, na estrutura da Febraban, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
para essa finalidade específica.
Para cumprir essa sua missão, a Diretoria de Autor- https://www.autorregulacaobancaria.com.br/.
regulação trabalhará com os seguintes procedimentos: Acesso em 4 de jul. 2021.
71
XI - bolsas de valores e de mercadorias e futuros; O sigilo não pode justificar que o Banco Central do
XII - entidades de liquidação e compensação; Brasil deixe de supervisionar o sistema financeiro.
XIII - outras sociedades que, em razão da natureza
de suas operações, assim venham a ser considera- § 2º As comissões encarregadas dos inquéritos a
das pelo Conselho Monetário Nacional. que se refere o inciso II do § 1º poderão examinar
quaisquer documentos relativos a bens, direi-
Perceba que este primeiro artigo apenas lista as tos e obrigações das instituições financeiras,
entidades que são definidas como instituições finan- de seus controladores, administradores, membros
ceiras, sem complicações até aqui. de conselhos estatutários, gerentes, mandatários e
É importante salientar que as empresas de fomen- prepostos, inclusive contas correntes e operações
to comercial ou factoring obedecerão às normas com outras instituições financeiras.
aplicáveis às instituições financeiras.
De acordo com o § 2º, o Banco Central tem acesso
NÃO VIOLAÇÃO DO DEVER DE SIGILO irrestrito, em regra, à supervisão do SFN.
De acordo com o § 3º do art. 1º, não constitui viola- § 3º O disposto neste artigo aplica-se à Comissão
ção do dever de sigilo: de Valores Mobiliários, quando se tratar de fis-
calização de operações e serviços no mercado
z Troca de informações entre instituições financei- de valores mobiliários, inclusive nas instituições
ras, para fins cadastrais; financeiras que sejam companhias abertas.
z Fornecimento de informações constantes de cadas-
tro de emitentes de cheques sem provisão de fun- Da mesma forma, a CVM, como entidade supervi-
dos e de devedores inadimplentes, a entidades de sora, tem as mesmas prerrogativas do Banco Central,
proteção ao crédito; relativas a sua área de atuação.
z Fornecimento das informações de identificação de
contribuintes à Receita Federal; § 4º O Banco Central do Brasil e a Comissão de
z Comunicação, às autoridades competentes, da prá- Valores Mobiliários, em suas áreas de competên-
tica de ilícitos penais ou administrativos; cia, poderão firmar convênios:
z Revelação de informações sigilosas com o consen- I - com outros órgãos públicos fiscalizadores de
timento expresso dos interessados; instituições financeiras, objetivando a realização
z Fornecimento de dados financeiros e de pagamen- de fiscalizações conjuntas, observadas as respecti-
tos, relativos a operações de crédito e obrigações vas competências;
de pagamento adimplidas, para formação de his- II - com bancos centrais ou entidades fiscaliza-
tórico de crédito. doras de outros países, objetivando:
a) a fiscalização de filiais e subsidiárias de
QUEBRA DE SIGILO instituições financeiras estrangeiras, em funciona-
mento no Brasil e de filiais e subsidiárias, no exte-
Art. 1º [...] rior, de instituições financeiras brasileiras;
§ 4º A quebra de sigilo poderá ser decretada, b) a cooperação mútua e o intercâmbio de
quando necessária para apuração de ocorrência informações para a investigação de atividades ou
de qualquer ilícito, em qualquer fase do inqué- operações que impliquem aplicação, negociação,
rito ou do processo judicial, e especialmente nos ocultação ou transferência de ativos financeiros e
seguintes crimes: de valores mobiliários relacionados com a prática
I - de terrorismo; de condutas ilícitas.
II - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes
ou drogas afins; Note que podem ser firmados convênios para
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições supervisão.
ou material destinado a sua produção;
IV - de extorsão mediante seqüestro;
SIGILO JUDICIAL
V - contra o sistema financeiro nacional;
VI - contra a Administração Pública;
VII - contra a ordem tributária e a previdência social; Art. 3º Serão prestadas pelo Banco Central do Bra-
sil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelas
VIII - lavagem de dinheiro ou ocultação de bens,
instituições financeiras as informações ordena-
direitos e valores;
das pelo Poder Judiciário, preservado o seu
IX - praticado por organização criminosa.
caráter sigiloso mediante acesso restrito às
Art. 2º O dever de sigilo é extensivo ao Banco Central do
partes, que delas não poderão servir-se para
Brasil, em relação às operações que realizar e às infor-
fins estranhos à lide.
mações que obtiver no exercício de suas atribuições.
Outras Especificações Sobre o Sigilo A “quebra de sigilo” será efetuada apenas para
assuntos relacionados à lide
Art. 2º [...]
§ 1º O sigilo, inclusive quanto a contas de depósitos, § 1º Dependem de prévia autorização do Poder
aplicações e investimentos mantidos em institui- Judiciário a prestação de informações e o for-
ções financeiras, não pode ser oposto ao Banco necimento de documentos sigilosos solicita-
Central do Brasil: dos por comissão de inquérito administrativo
I - no desempenho de suas funções de fiscalização, destinada a apurar responsabilidade de servidor
compreendendo a apuração, a qualquer tempo, de público por infração praticada no exercício de suas
ilícitos praticados por controladores, administra- atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
dores, membros de conselhos estatutários, gerentes, ções do cargo em que se encontre investido.
mandatários e prepostos de instituições financeiras; § 2º Nas hipóteses do § 1º, o requerimento de que-
II - ao proceder a inquérito em instituição financei- bra de sigilo independe da existência de pro-
ra submetida a regime especial. cesso judicial em curso.
72
Não é necessário processo judicial em curso para XV - quaisquer outras operações de natureza seme-
que possa ser autorizada a quebra de sigilo para pro- lhante que venham a ser autorizadas pelo Banco
cesso administrativo. Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários
ou outro órgão competente.
§ 3º Além dos casos previstos neste artigo o Banco
Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobi- O artigo apenas lista quais operações devem ser
liários fornecerão à Advocacia-Geral da União as disponíveis aos órgãos de Administração Tributária.
informações e os documentos necessários à defesa Não se incluem entre as informações as operações
da União nas ações em que seja parte. financeiras efetuadas pelas administrações direta e
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
Para inquérito administrativo, o poder judiciário
deve autorizar a prestação de informações. Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tribu-
tários da União, dos Estados, do Distrito Federal
INFORMAÇÕES AO PODER LEGISLATIVO e dos Municípios somente poderão examinar
documentos, livros e registros de instituições
Art. 4º O Banco Central do Brasil e a Comissão de financeiras, inclusive os referentes a contas de
Valores Mobiliários, nas áreas de suas atribuições, depósitos e aplicações financeiras, quando hou-
e as instituições financeiras fornecerão ao Poder ver processo administrativo instaurado ou
Legislativo Federal as informações e os docu- procedimento fiscal em curso e tais exames
mentos sigilosos que, fundamentadamente, se sejam considerados indispensáveis pela autoridade
fizerem necessários ao exercício de suas respecti- administrativa competente.
vas competências constitucionais e legais. Parágrafo único. O resultado dos exames, as
§ 1º As comissões parlamentares de inquérito, informações e os documentos a que se refere este
no exercício de sua competência constitucional e artigo serão conservados em sigilo, observada a
legal de ampla investigação, obterão as informa- legislação tributária.
ções e documentos sigilosos de que necessita-
rem, diretamente das instituições financeiras, ou Ou seja, a Administração Tributária necessita de
por intermédio do Banco Central do Brasil ou da um processo em curso para examinar dados financei-
Comissão de Valores Mobiliários. ros sigilosos.
§ 2º As solicitações de que trata este artigo deve-
rão ser previamente aprovadas pelo Plenário Art. 7º Sem prejuízo do disposto no § 3º do art. 2º,
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, a Comissão de Valores Mobiliários, instaura-
ou do plenário de suas respectivas comissões parla- do inquérito administrativo, poderá solicitar
mentares de inquérito. à autoridade judiciária competente o levan-
tamento do sigilo junto às instituições finan-
O poder legislativo, para suas atribuições institu- ceiras de informações e documentos relativos a
cionais, tem acesso aos dados financeiros protegidos bens, direitos e obrigações de pessoa física ou jurí-
dica submetida ao seu poder disciplinar.
por sigilo.
Parágrafo único. O Banco Central do Brasil e a
Comissão de Valores Mobiliários, manterão
INFORMAÇÕES À ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA permanente intercâmbio de informações acer-
ca dos resultados das inspeções que realizarem, dos
Art. 5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive inquéritos que instaurarem e das penalidades que
quanto à periodicidade e aos limites de valor, os aplicarem, sempre que as informações forem neces-
critérios segundo os quais as instituições finan- sárias ao desempenho de suas atividades.
ceiras informarão à administração tributária
da União, as operações financeiras efetuadas pelos SIGILO EM CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA
usuários de seus serviços.
§ 1º Consideram-se operações financeiras, para os Art. 9º Quando, no exercício de suas atribuições, o
efeitos deste artigo: Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores
I - depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta Mobiliários verificarem a ocorrência de crime
de poupança; definido em lei como de ação pública, ou indícios
II - pagamentos efetuados em moeda corrente ou da prática de tais crimes, informarão ao Ministé-
em cheques; rio Público, juntando à comunicação os documentos
III - emissão de ordens de crédito ou documentos necessários à apuração ou comprovação dos fatos.
assemelhados; § 1º A comunicação de que trata este artigo será efe-
IV - resgates em contas de depósitos à vista ou a tuada pelos Presidentes do Banco Central do Brasil
prazo, inclusive de poupança; e da Comissão de Valores Mobiliários, admitida
V - contratos de mútuo; delegação de competência, no prazo máximo de
VI - descontos de duplicatas, notas promissórias e quinze dias, a contar do recebimento do processo,
outros títulos de crédito; com manifestação dos respectivos serviços jurídicos.
VII - aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou
variável; Nesses casos, a comunicação ao MP será feita em
VIII - aplicações em fundos de investimentos; até 15 dias.
IX - aquisições de moeda estrangeira;
X - conversões de moeda estrangeira em moeda § 2º Independentemente do disposto no caput des-
nacional; te artigo, o Banco Central do Brasil e a Comis-
XI - transferências de moeda e outros valores para são de Valores Mobiliários comunicarão aos
o exterior; órgãos públicos competentes as irregularida-
XII - operações com ouro, ativo financeiro; des e os ilícitos administrativos de que tenham
XIII - operações com cartão de crédito; conhecimento, ou indícios de sua prática, anexan-
XIV - operações de arrendamento mercantil; e do os documentos pertinentes.
73
DISPOSIÇÕES FINAIS FUNDAMENTOS
Art. 10 A quebra de sigilo, fora das hipóteses Art. 2º a disciplina da proteção de dados pessoais
autorizadas nesta Lei Complementar, constitui tem como fundamentos:
crime e sujeita os responsáveis à pena de reclu- I - o respeito à privacidade;
são, de um a quatro anos, e multa, aplicando- II - a autodeterminação informativa;
-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de III - a liberdade de expressão, de informação, de
comunicação e de opinião;
outras sanções cabíveis.
IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da
imagem;
Lembre-se de que a quebra de sigilo, fora das hipó- V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a
teses estudadas, constitui crime, com pena de reclu- inovação;
são de 1 a 4 anos e multa. VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa
do consumidor; e
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento
omitir, retardar injustificadamente ou prestar da personalidade, a dignidade e o exercício da cida-
falsamente as informações requeridas nos ter- dania pelas pessoas naturais.
mos desta Lei Complementar.
Art. 11 O servidor público que utilizar ou viabi- Perceba que os fundamentos estão ligados aos
lizar a utilização de qualquer informação obti- direitos dos cidadãos e das empresas de manterem o
da em decorrência da quebra de sigilo de que sigilo de seus dados.
trata esta Lei Complementar responde pes-
soal e diretamente pelos danos decorrentes, sem PRINCÍPIOS
prejuízo da responsabilidade objetiva da entidade
pública, quando comprovado que o servidor agiu de Os princípios, os quais devem ser observados nas
acordo com orientação oficial. atividades de tratamento de dados pessoais, nor-
teiam-se pela boa-fé e precisam atender aos demais
princípios elencados no art. 6º. Vejamos:
74
IX - não discriminação: impossibilidade de rea- III - realizado para fins exclusivos de:
lização do tratamento para fins discriminatórios a) segurança pública;
ilícitos ou abusivos; b) defesa nacional;
X - responsabilização e prestação de contas: c) segurança do Estado; ou
demonstração, pelo agente, da adoção de medidas d) atividades de investigação e repressão de
eficazes e capazes de comprovar a observância e infrações penais; ou
o cumprimento das normas de proteção de dados IV - provenientes de fora do território nacional e
pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas. que não sejam objeto de comunicação, uso compar-
tilhado de dados com agentes de tratamento brasilei-
ÁREA DE ATUAÇÃO ros ou objeto de transferência internacional de dados
com outro país que não o de proveniência, desde que o
Aplica-se a qualquer operação, independentemen- país de proveniência proporcione grau de proteção de
te do meio, do país de sua sede ou do país onde este- dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei.
jam localizados os dados, desde que:
75
A regra é de que os dados pessoais devem ser tra- § 1º A determinação do que seja razoável deve levar
tados apenas quando necessário. em consideração fatores objetivos, tais como cus-
to e tempo necessários para reverter o processo de
§ 4º É dispensada a exigência do consentimento anonimização, de acordo com as tecnologias dispo-
previsto no caput deste artigo para os dados torna- níveis, e a utilização exclusiva de meios próprios.
dos manifestamente públicos pelo titular, resguar- § 2º Poderão ser igualmente considerados como dados
dados os direitos do titular e os princípios previstos pessoais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados para
nesta Lei. formação do perfil comportamental de determinada
pessoa natural, se identificada.
É dispensada a exigência do consentimento para os
dados tornados manifestamente públicos pelo titular. Os dados anonimizados (relativos a determinado
titular que não possa ser identificado) não serão con-
§ 5º O controlador que obteve o consentimento refe-
siderados dados pessoais, salvo quando o processo de
rido no inciso I do caput deste artigo que necessitar
anonimização ao qual foram submetidos for revertido.
comunicar ou compartilhar dados pessoais com
outros controladores deverá obter consentimento
específico do titular para esse fim, ressalvadas as
TRATAMENTO DE DADOS DE CRIANÇAS E
hipóteses de dispensa do consentimento previstas ADOLESCENTES
nesta Lei.
Art. 14 O tratamento de dados pessoais de crian-
Cabe ao controlador o ônus da prova de que o ças e de adolescentes deverá ser realizado em seu
consentimento foi obtido em conformidade com o dis- melhor interesse, nos termos deste artigo e da legis-
posto dessa Lei. lação pertinente.
O titular tem direito ao acesso facilitado às infor- Art. 15 O término do tratamento de dados pessoais
mações sobre o tratamento de seus dados. ocorrerá nas seguintes hipóteses:
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de
LEGÍTIMO INTERESSE DO CONTROLADOR que os dados deixaram de ser necessários ou perti-
nentes ao alcance da finalidade específica almejada;
Art. 10 O legítimo interesse do controlador somen-
II - fim do período de tratamento;
te poderá fundamentar tratamento de dados pes-
III - comunicação do titular, inclusive no exercício
soais para finalidades legítimas, consideradas a
de seu direito de revogação do consentimento con-
partir de situações concretas, que incluem, mas não
forme disposto no § 5º do art. 8º desta lei, resguar-
se limitam a:
dado o interesse público; ou
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e
IV - determinação da autoridade nacional, quando
II - proteção, em relação ao titular, do exercício houver violação ao disposto nesta lei.
regular de seus direitos ou prestação de serviços
que o beneficiem, respeitadas as legítimas expecta-
ELIMINAÇÃO DOS DADOS
tivas dele e os direitos e liberdades fundamentais,
nos termos desta Lei.
Art. 16 Os dados pessoais serão eliminados após o
Quando o tratamento for baseado no legítimo inte- término de seu tratamento, no âmbito e nos limites
resse do controlador, somente os dados pessoais estri- técnicos das atividades, autorizada a conservação
para as seguintes finalidades:
tamente necessários para a finalidade pretendida
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória
poderão ser tratados, nos termos do § 1º, do art. 10.
pelo controlador;
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre
TRATAMENTO DE DADOS SENSÍVEIS
que possível, a anonimização dos dados pessoais;
De acordo com o art. 11, o tratamento de dados pes- III - transferência a terceiro, desde que respeitados
os requisitos de tratamento de dados dispostos nes-
soais sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes
ta Lei; ou
hipóteses:
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu aces-
z Quando o titular ou seu responsável legal consen- so por terceiro, e desde que anonimizados os dados.
tir, de forma específica e destacada (I, art. 11);
z Sem fornecimento de consentimento do titular, DIREITOS DO TITULAR
apenas para situações emergenciais, tais como: pro-
teção da vida e incolumidade física (II, art. 11). Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade
de seus dados pessoais e garantidos os direitos funda-
TRATAMENTOS DE DADOS ANÔNIMOS mentais de liberdade, de intimidade e de privacidade.
Art. 12 Os dados anonimizados não serão conside- Art. 18 O titular dos dados pessoais tem direito a
rados dados pessoais para os fins desta Lei, salvo obter do controlador, em relação aos dados do titu-
quando o processo de anonimização ao qual foram lar por ele tratados, a qualquer momento e median-
submetidos for revertido, utilizando exclusivamen- te requisição:
te meios próprios, ou quando, com esforços razoá- I - confirmação da existência de tratamento;
veis, puder ser revertido. II - acesso aos dados;
76
III - correção de dados incompletos, inexatos ou Art. 23 [...]
desatualizados; I - sejam informadas as hipóteses em que, no exer-
IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados cício de suas competências, realizam o tratamento
desnecessários, excessivos ou tratados em descon- de dados pessoais, fornecendo informações claras e
formidade com o disposto nesta Lei; atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os
V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de procedimentos e as práticas utilizadas para a exe-
serviço ou produto, mediante requisição expres- cução dessas atividades, em veículos de fácil aces-
sa, de acordo com a regulamentação da autorida- so, preferencialmente em seus sítios eletrônicos;
de nacional, observados os segredos comercial e III - seja indicado um encarregado quando realiza-
industrial; rem operações de tratamento de dados pessoais,
VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o nos termos do art. 39 desta Lei; e
consentimento do titular, exceto nas hipóteses pre-
vistas no art. 16 desta Lei; Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mis-
VII - informação das entidades públicas e privadas ta que explorem atividade econômica terão o mes-
com as quais o controlador realizou uso comparti- mo tratamento que particulares.
lhado de dados;
Art. 26 O uso compartilhado de dados pessoais
VIII - informação sobre a possibilidade de não for-
pelo Poder Público deve atender a finalidades espe-
necer consentimento e sobre as consequências da
cíficas de execução de políticas públicas e atribui-
negativa;
ção legal pelos órgãos e pelas entidades públicas,
IX - revogação do consentimento, nos termos do §
respeitados os princípios de proteção de dados pes-
5º do art. 8º desta Lei.
soais elencados no art. 6º desta Lei.
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a enti-
dades privadas dados pessoais constantes de
Importante! bases de dados a que tenha acesso, exceto:
É garantido ao titular dos dados a portabilidade I - em casos de execução descentralizada de ativida-
de pública que exija a transferência, exclusivamente
a outro fornecedor.
para esse fim específico e determinado, observado
o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
2011 (Lei de Acesso à Informação);
CONFIRMAÇÃO DE EXISTÊNCIA OU ACESSO AOS
II – Vetado;
DADOS
III - nos casos em que os dados forem acessíveis
Art. 19 A confirmação de existência ou o acesso publicamente, observadas as disposições desta Lei.
a dados pessoais serão providenciados, mediante IV - quando houver previsão legal ou a transferên-
requisição do titular: cia for respaldada em contratos, convênios ou ins-
I - em formato simplificado, imediatamente; ou trumentos congêneres;
V - na hipótese de a transferência dos dados obje-
Perceba que, em formato simplificado, é de forma tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
imediata. irregularidades, ou proteger e resguardar a segu-
rança e a integridade do titular dos dados, desde
II - por meio de declaração clara e completa, que que vedado o tratamento para outras finalidades.
indique a origem dos dados, a inexistência de
registro, os critérios utilizados e a finalidade do O Poder Público poderá transferir os dados pes-
tratamento, observados os segredos comercial e soais constantes de bases de dados a entidades priva-
industrial, fornecida no prazo de até 15 (quinze) das somente:
dias, contado da data do requerimento do titular.
z Em casos de execução descentralizada de ativida-
Nessa hipótese, o prazo é de 15 dias do requerimento. de pública que exija a transferência;
z Em casos em que os dados forem acessíveis publi-
OUTRAS DISPOSIÇÕES camente;
z Quando houver previsão legal ou a transferência
z O titular dos dados tem direito a solicitar a revi- for respaldada em contratos, convênios ou instru-
são de decisões tomadas unicamente com base em mentos congêneres;
tratamento automatizado de dados pessoais que z Na hipótese de a transferência dos dados obje-
afetem seus interesses (art. 20); tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
z Os dados pessoais referentes ao exercício regular irregularidades.
de direitos pelo titular não podem ser utilizados
em seu prejuízo (art. 21); RESPONSABILIDADE
z A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares
Art. 31 Quando houver infração a esta Lei em decor-
de dados poderá ser exercida em juízo individual
rência do tratamento de dados pessoais por órgãos
ou coletivamente (art. 22).
públicos, a autoridade nacional poderá enviar infor-
me com medidas cabíveis para fazer cessar a violação.
TRATAMENTO DE DADOS PELO PODER PÚBLICO
Perceba que são citadas apenas “Medidas Cabí-
De acordo com o art. 23, o tratamento de dados
veis”, sem maiores detalhamentos.
pessoais pelas pessoas jurídicas de direito público
deverá ser realizado para o atendimento de sua fina- Art. 32 A autoridade nacional poderá solicitar a
lidade pública, à persecução do interesse público, agentes do poder público a publicação de relatórios
com o objetivo de executar as competências legais ou de impacto à proteção de dados pessoais e sugerir a
cumprir as atribuições legais do serviço público, des- adoção de padrões e de boas práticas para os trata-
de que: mentos de dados pessoais pelo poder público.
77
TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS
PESSOAIS
Art. 33 A transferência internacional de dados pes-
soais somente é permitida nos seguintes casos: O controlador deverá indicar encarregado pelo tra-
I - para países ou organismos internacionais que tamento de dados pessoais. Esse encarregado terá sua
proporcionem grau de proteção de dados pessoais identidade e as informações divulgadas publicamente.
adequado ao previsto nesta lei;
II - quando o controlador oferecer e comprovar Art. 41 O controlador deverá indicar encarregado
garantias de cumprimento dos princípios, dos direi- pelo tratamento de dados pessoais.
tos do titular e do regime de proteção de dados pre- § 1º A identidade e as informações de contato do
vistos nesta lei, na forma de: encarregado deverão ser divulgadas publicamen-
a) cláusulas contratuais específicas para determi- te, de forma clara e objetiva, preferencialmente no
nada transferência; sítio eletrônico do controlador.
b) cláusulas-padrão contratuais; § 2º As atividades do encarregado consistem em:
c) normas corporativas globais; I - aceitar reclamações e comunicações dos titula-
d) selos, certificados e códigos de conduta regular- res, prestar esclarecimentos e adotar providências;
mente emitidos; II - receber comunicações da autoridade nacional e
III - quando a transferência for necessária para a adotar providências;
cooperação jurídica internacional entre órgãos III - orientar os funcionários e os contratados da
públicos de inteligência, de investigação e de per- entidade a respeito das práticas a serem tomadas
secução, de acordo com os instrumentos de direito em relação à proteção de dados pessoais; e
internacional; IV - executar as demais atribuições determina-
IV - quando a transferência for necessária para a das pelo controlador ou estabelecidas em normas
proteção da vida ou da incolumidade física do titu- complementares.
lar ou de terceiro;
V - quando a autoridade nacional autorizar a Responsabilidade e do Ressarcimento de Danos
transferência;
Art. 42 O controlador ou o operador que, em razão
do exercício de atividade de tratamento de dados
pessoais, causar a outrem dano patrimonial, moral,
Importante!
individual ou coletivo, em violação à legislação de
Sendo autorizada pela autoridade, a transferên- proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo.
cia pode ser executada. § 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao
titular dos dados:
I - o operador responde solidariamente pelos
VI - quando a transferência resultar em compromis- danos causados pelo tratamento quando descum-
so assumido em acordo de cooperação internacional; prir as obrigações da legislação de proteção de
VII - quando a transferência for necessária para a dados ou quando não tiver seguido as instruções
execução de política pública ou atribuição legal do lícitas do controlador, hipótese em que o opera-
serviço público, sendo dada publicidade nos termos dor equipara-se ao controlador, salvo nos casos de
do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; exclusão previstos no art. 43 desta lei;
VIII - quando o titular tiver fornecido o seu con- II - os controladores que estiverem diretamente
sentimento específico e em destaque para a trans- envolvidos no tratamento do qual decorreram
ferência, com informação prévia sobre o caráter danos ao titular dos dados respondem solida-
internacional da operação, distinguindo claramen- riamente, salvo nos casos de exclusão previstos no
te esta de outras finalidades; ou art. 43 desta lei.
IX - quando necessário para atender as hipóteses
previstas nos incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei. NÃO RESPONSABILIZAÇÃO
AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS Art. 43 Os agentes de tratamento só não serão res-
ponsabilizados quando provarem:
I - que não realizaram o tratamento de dados pes-
Controlador e Operador soais que lhes é atribuído;
II - que, embora tenham realizado o tratamento de
Art. 37 O controlador e o operador devem manter dados pessoais que lhes é atribuído, não houve vio-
registro das operações de tratamento de dados pes- lação à legislação de proteção de dados; ou
soais que realizarem, especialmente quando basea- III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do
do no legítimo interesse. titular dos dados ou de terceiro.
Quando em legítimo interesse, essa necessidade é O tratamento de dados pessoais será irregular
reforçada. quando deixar de observar a legislação ou quando
não fornecer a segurança que o titular deles espera.
Art. 38 A autoridade nacional poderá determinar
ao controlador que elabore relatório de impacto à SEGURANÇA E BOAS PRÁTICAS
proteção de dados pessoais, inclusive de dados sen-
síveis, referente a suas operações de tratamento de Art. 46 Os agentes de tratamento devem adotar
dados, nos termos de regulamento, observados os medidas de segurança, técnicas e administrativas
segredos comercial e industrial. aptas a proteger os dados pessoais de acessos não
autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de
O Operador deverá realizar o tratamento segundo destruição, perda, alteração, comunicação ou qual-
as instruções fornecidas pelo controlador. quer forma de tratamento inadequado ou ilícito. [...]
78
Art. 47 Os agentes de tratamento ou qualquer Composição
outra pessoa que intervenha em uma das fases
do tratamento obriga-se a garantir a segurança Art. 55-C A ANPD é composta de:
da informação prevista nesta Lei em relação aos I - conselho diretor, órgão máximo de direção;
dados pessoais, mesmo após o seu término. II - conselho nacional de proteção de dados pes-
soais e da privacidade;
Art. 48 O controlador deverá comunicar à autori-
III - corregedoria;
dade nacional e ao titular a ocorrência de incidente
Iv - ouvidoria;
de segurança que possa acarretar risco ou dano
V - órgão de assessoramento jurídico próprio; e
relevante aos titulares.
VI - unidades administrativas e unidades especiali-
zadas necessárias à aplicação do disposto nesta lei.
Cabe frisar que deverão ser adotadas boas práticas
de governança na proteção dos dados. As regras de O Conselho Diretor da ANPD será composto por 5
boas práticas e de governança deverão ser publicadas (cinco) Diretores – incluindo o Diretor Presidente –,
e atualizadas periodicamente e poderão ser reconhe- todos eles com mandato de 4 (quatro) anos. Os mem-
cidas e divulgadas pela autoridade nacional. bros serão escolhidos pelo Presidente da República e
por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal.
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Competências
Art. 52 Os agentes de tratamento de dados, em Art. 55-J Compete à ANPD: (Incluído pela Lei nº
razão das infrações cometidas às normas previstas 13.853, de 2019)
nesta Lei, ficam sujeitos às seguintes sanções admi- I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos
nistrativas aplicáveis pela autoridade nacional: da legislação;(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
(Vigência) II - zelar pela observância dos segredos comercial e
I - advertência, com indicação de prazo para ado- industrial, observada a proteção de dados pessoais
ção de medidas corretivas; e do sigilo das informações quando protegido por
II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do lei ou quando a quebra do sigilo violar os funda-
faturamento da pessoa jurídica de direito privado, mentos do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº
grupo ou conglomerado no Brasil no seu último 13.853, de 2019)
exercício, excluídos os tributos, limitada, no total, III - elaborar diretrizes para a Política Nacional
a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade;
infração; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de trata-
III - multa diária, observado o limite total a que se
mento de dados realizado em descumprimento à
refere o inciso II;
legislação, mediante processo administrativo que
IV - publicização da infração após devidamente
assegure o contraditório, a ampla defesa e o direito
apurada e confirmada a sua ocorrência; de recurso; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a V - apreciar petições de titular contra controlador
infração até a sua regularização; após comprovada pelo titular a apresentação de
VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere reclamação ao controlador não solucionada no
a infração; prazo estabelecido em regulamentação; (Incluído
X - suspensão parcial do funcionamento do banco pela Lei nº 13.853, de 2019)
de dados a que se refere a infração pelo período VI - promover na população o conhecimento das
máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual normas e das políticas públicas sobre proteção de
período, até a regularização da atividade de trata- dados pessoais e das medidas de segurança; (Incluí-
mento pelo controlador; do pela Lei nº 13.853, de 2019)
XI - suspensão do exercício da atividade de trata- VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas
mento dos dados pessoais a que se refere a infração nacionais e internacionais de proteção de dados pes-
pelo período máximo de 6 (seis) meses, prorrogável soais e privacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
por igual período; VIII - estimular a adoção de padrões para serviços
XII - proibição parcial ou total do exercício de ativi- e produtos que facilitem o exercício de controle dos
titulares sobre seus dados pessoais, os quais deve-
dades relacionadas a tratamento de dados
rão levar em consideração as especificidades das
atividades e o porte dos responsáveis; (Incluído
As sanções poderão ser agravadas em decorrência pela Lei nº 13.853, de 2019)
de reincidência, má-fé, entre outras situações. IX - promover ações de cooperação com autorida-
des de proteção de dados pessoais de outros paí-
AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS ses, de natureza internacional ou transnacional;
(ANPD) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
X - dispor sobre as formas de publicidade das ope-
Disposições Gerais rações de tratamento de dados pessoais, respeita-
dos os segredos comercial e industrial; (Incluído
Art. 55-A Fica criada, sem aumento de despesa, a pela Lei nº 13.853, de 2019)
XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD),
do poder público que realizem operações de trata-
órgão da administração pública federal, integrante
mento de dados pessoais informe específico sobre o
da Presidência da República.
âmbito, a natureza dos dados e os demais detalhes
do tratamento realizado, com a possibilidade de
z A natureza jurídica da ANPD é transitória; emitir parecer técnico complementar para garan-
z É assegurada autonomia técnica e decisória à tir o cumprimento desta Lei; (Incluído pela Lei nº
ANPD. 13.853, de 2019)
79
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de Promover e elaborar estudos sobre as práti-
suas atividades; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) cas nacionais e internacionais de proteção de
XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre dados pessoais e privacidade;
proteção de dados pessoais e privacidade, bem
Ouvir os agentes de tratamento e a sociedade
como sobre relatórios de impacto à proteção de
dados pessoais para os casos em que o tratamen- em matérias de interesse relevante e prestar
to representar alto risco à garantia dos princípios contas sobre suas atividades e planejamento;
gerais de proteção de dados pessoais previstos nes- Garantir que o tratamento de dados de idosos
ta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) seja efetuado de maneira simples, clara, acessí-
XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade vel e adequada ao seu entendimento;
em matérias de interesse relevante e prestar con-
Comunicar aos órgãos de controle interno o
tas sobre suas atividades e planejamento; (Incluído
pela Lei nº 13.853, de 2019)
descumprimento do disposto nessa Lei por
XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no órgãos e entidades da Administração Pública
relatório de gestão a que se refere o inciso XII do Federal.
caput deste artigo, o detalhamento de suas receitas
e despesas; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) É recomendável a leitura do art. 55-J, o qual dispõe
XVI - realizar auditorias, ou determinar sua rea- sobre as competências da ANPD.
lização, no âmbito da atividade de fiscalização de
que trata o inciso IV e com a devida observância do
CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
disposto no inciso II do caput deste artigo, sobre o
tratamento de dados pessoais efetuado pelos agen- PESSOAIS E DA PRIVACIDADE
tes de tratamento, incluído o poder público; (Incluí-
do pela Lei nº 13.853, de 2019) Composição
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso
com agentes de tratamento para eliminar irregulari- O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais
dade, incerteza jurídica ou situação contenciosa no e da Privacidade é composto de 23 representantes.
âmbito de processos administrativos, de acordo com
o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro
de 1942; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
XVIII - editar normas, orientações e procedimentos Importante!
simplificados e diferenciados, inclusive quanto aos pra- Acreditamos não ser necessário saber a compo-
zos, para que microempresas e empresas de pequeno
porte, bem como iniciativas empresariais de caráter sição completa para fins de prova. No entanto,
incremental ou disruptivo que se autodeclarem star- caso queira conhecê-la, ela está disposta no art.
tups ou empresas de inovação, possam adequar-se a 58-A da lei em estudo.
esta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos
seja efetuado de maneira simples, clara, acessível e Competências
adequada ao seu entendimento, nos termos desta Lei
e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto Art. 58-B Compete ao Conselho Nacional de Prote-
do Idoso); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ção de Dados Pessoais e da Privacidade:
XX - deliberar, na esfera administrativa, em cará-
I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsí-
ter terminativo, sobre a interpretação desta Lei, as
dios para a elaboração da Política Nacional de Pro-
suas competências e os casos omissos; (Incluído
pela Lei nº 13.853, de 2019) teção de Dados Pessoais e da Privacidade e para a
XXI - comunicar às autoridades competentes as atuação da ANPD;
infrações penais das quais tiver conhecimento; II - elaborar relatórios anuais de avaliação da exe-
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) cução das ações da Política Nacional de Proteção
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o de Dados Pessoais e da Privacidade;
descumprimento do disposto nesta Lei por órgãos e III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
entidades da administração pública federal; (Incluí- IV - elaborar estudos e realizar debates e audiên-
do pela Lei nº 13.853, de 2019) cias públicas sobre a proteção de dados pessoais e
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras da privacidade; e
públicas para exercer suas competências em seto-
V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de
res específicos de atividades econômicas e governa-
mentais sujeitas à regulação; e (Incluído pela Lei nº dados pessoais e da privacidade à população.
13.853, de 2019)
XXIV - implementar mecanismos simplificados,
inclusive por meio eletrônico, para o registro de
reclamações sobre o tratamento de dados pessoais LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO
em desconformidade com esta Lei.
LEI N° 12.846/2013
A Lei prevê várias competências à ANPD. No en-
tanto, listaremos, a seguir, aquelas que julgamos mais
pertinentes para fins de prova. Vejamos: A Lei Anticorrupção dispõe sobre a responsabiliza-
ção administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prá-
z Compete à ANPD tica de atos contra a administração pública, em âmbito
nacional ou estrangeiro. Foi criada para combater mais
Zelar pela proteção dos dados pessoais, nos ter- atos lesivos praticados por empresas aos entes públi-
mos da legislação; cos, especialmente em licitações e contratos.
80
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada inde-
Importante! pendentemente da responsabilização individual
das pessoas naturais referidas no caput.
A Lei prevê a responsabilização objetiva admi-
nistrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática Segundo o § 2º do art. 3º, os dirigentes ou admi-
de atos contra a administração pública, nacional nistradores somente serão responsabilizados por atos
ou estrangeira, nos termos do art. 1º. ilícitos na medida da sua culpabilidade.
81
z Atentem contra o patrimônio público nacional ou Segundo o § 2º do art. 5º, equiparam-se à adminis-
estrangeiro; tração pública estrangeira as organizações públicas
z Atentem contra princípios da administração pública; internacionais.
z Atentem contra os compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil. AGENTE PÚBLICO ESTRANGEIRO
82
Lembre-se de que as sanções podem ser aplicadas estendidos todos os efeitos das sanções apli-
isolada ou cumulativamente. cadas à pessoa jurídica aos seus administra-
dores e sócios com poderes de administração,
Art. 6º [...] observados o contraditório e a ampla defesa.
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo
será precedida da manifestação jurídica ela- Dica
borada pela Advocacia Pública ou pelo órgão
de assistência jurídica, ou equivalente, do ente Lembre-se de que muitas “empresas alvo” des-
público. ta lei são grandes conglomerados dotados de
muita influência e poder econômico. Logo, a
Segundo o § 3º do art. 6º, a aplicação das sanções possibilidade de a personalidade jurídica ser
previstas não exclui a obrigação da reparação inte- desconsiderada, em caso de abuso de seu poder,
gral do dano causado. garante maior lisura ao processo.
AGRAVANTES E ATENUANTES DAS SANÇÕES COMISSÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
Art. 7º Serão levados em consideração na aplica- Art. 10 O processo administrativo para apuração
ção das sanções: da responsabilidade de pessoa jurídica será con-
I - a gravidade da infração; duzido por comissão designada pela autoridade
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; instauradora e composta por 2 (dois) ou mais
servidores estáveis.
A vantagem pretendida com o ato ilícito, mesmo § 1º O ente público, por meio do seu órgão de represen-
que não tenha se efetivado, será considerada como tação judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a
“tentativa”. que se refere o caput, poderá requerer as medidas judi-
ciais necessárias para a investigação e o processamen-
III - a consumação ou não da infração; to das infrações, inclusive de busca e apreensão.
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; § 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à
V - o efeito negativo produzido pela infração; autoridade instauradora que suspenda os efeitos do
VI - a situação econômica do infrator; ato ou processo objeto da investigação.
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apura-
ção das infrações; Em suma, para efetuar seus trabalhos, a comissão
VIII - a existência de mecanismos e procedimen- poderá:
tos internos de integridade, auditoria e incentivo
à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva z Requerer medidas judiciais necessárias para a
de códigos de ética e de conduta no âmbito da pes- investigação;
soa jurídica; z Requerer procedimentos como busca e apreensão;
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa z Propor medidas cautelares que suspendam os efei-
jurídica com o órgão ou entidade pública lesados; tos do ato ou processo objeto da investigação.
83
COMPETÊNCIA DA CONTROLADORIA GERAL DA PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
UNIÃO
Art. 19 [...]
Art. 8º [...] § 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública
§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Con- ou órgão de representação judicial, ou equivalente,
troladoria-Geral da União - CGU terá competência do ente público poderá requerer a indisponibili-
concorrente para instaurar processos adminis- dade de bens, direitos ou valores necessários à
trativos de responsabilização de pessoas jurí- garantia do pagamento da multa ou da repara-
dicas ou para avocar os processos instaurados ção integral do dano causado, conforme previsto
com fundamento nesta Lei, para exame de sua regu- no art. 7º, ressalvado o direito do terceiro de boa-fé.
laridade ou para corrigir-lhes o andamento.
Essas previsões tratam-se de medidas cautelares
A CGU terá competência concorrente, podendo para garantir que os danos sejam reparados e a multa,
avocar os processos no âmbito do Poder Executivo paga.
Federal
Também é válido salientar que compete à Contro- DECRETO N° 8420
ladoria-Geral da União (CGU) a apuração, o processo e
o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta Lei prati- O Decreto nº 8.420/15 regulamenta a Lei Anticor-
cados contra a administração pública estrangeira. rupção, apresentando-a de modo detalhado, porém,
Nos termos do art. 9º: sem inovar no ordenamento jurídico. Trata-se de um
“decreto seco”, ou seja, não há tanta doutrina ou juris-
prudência envolvida.
Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União
Ademais, como decretos costumam ser técnicos e
- CGU a apuração, o processo e o julgamento dos
muito literais, é de suma importância, para um melhor
atos ilícitos previstos nesta Lei, praticados contra
aproveitamento de seus estudos, que você possua
a administração pública estrangeira, observado o
conhecimentos a respeito da Lei nº 12.846/2013.
disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Comba-
te da Corrupção de Funcionários Públicos Estran-
geiros em Transações Comerciais Internacionais, RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
promulgada pelo Decreto nº 3.678, de 30 de novem-
bro de 2000. A apuração da Responsabilidade Administrativa
será efetuada por meio de Processo Administrativo de
RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL Responsabilização (PAR) nos termos do art. 6º desse
Decreto.
Como as esferas são independentes, cabe lembrar
Competência (Art. 3º)
que a responsabilização na esfera administrativa não
afasta a possibilidade de sua responsabilização na
A competência para a instauração e julgamento
esfera judicial.
do PAR é:
São sanções da esfera judicial:
z Da autoridade máxima da entidade em face da
Art. 19 [...] qual foi praticado o ato lesivo;
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que z Em caso de órgão da administração direta, do seu
representem vantagem ou proveito direta ou indi- Ministro de Estado.
retamente obtidos da infração, ressalvado o direito
do lesado ou de terceiro de boa-fé;
A competência será exercida de ofício ou median-
te provocação e poderá ser delegada, sendo vedada a
É ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de subdelegação.
boa-fé.
Instauração
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; Art. 4º a autoridade competente para instauração
do par, ao tomar ciência da possível ocorrência de
Esta será determinada quando a pessoa jurídica, ato lesivo à administração pública federal, em sede
de forma habitual, facilitar, promover, ocultar ou dis- de juízo de admissibilidade e mediante despacho
simular ato ilícito. fundamentado, decidirá:
I - pela abertura de investigação preliminar;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, II - pela instauração de par; ou
subvenções, doações ou empréstimos de órgãos III - pelo arquivamento da matéria.
ou entidades públicas e de instituições financeiras
públicas ou controladas pelo poder público, pelo Esquematicamente, podemos definir que a autori-
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) dade competente, ao tomar ciência, decidirá pelo(a):
anos.
z Abertura da investigação preliminar
As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada
ou cumulativa. A investigação preliminar terá caráter sigiloso e
A condenação torna certa a obrigação de reparar, não punitivo e será conduzida por comissão composta
integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor por dois ou mais servidores efetivos, ou empregados
será apurado em posterior liquidação, se não constar públicos (§ 1º, Art. 4º). O prazo da investigação será de
expressamente da sentença. 60 dias, prorrogáveis por mais 60 (§ 4º, Art. 4º);
84
z Instauração do PAR COMPETÊNCIAS DA CGU
85
Neste sentido, caso não seja possível utilizar o cri-
Importante! tério do valor do Faturamento Bruto, será utilizado o
valor do faturamento do ano corrente caso não haja
Lembre-se de que a multa pode variar de acordo faturamento no exercício anterior:
com o valor do contrato ou da situação.
z Sobre o montante total de recursos recebidos pela
pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano em que
Da multa, serão subtraídas porcentagens no caso de:
ocorreu o ato lesivo;
z Sobre o faturamento estimável nas demais hipóteses.
Art. 18 [...]
I - um por cento no caso de não consumação da
infração;
Nessas hipóteses, o valor será limitado entre R$
II - um e meio por cento no caso de comprova- 6.000,00 (seis mil reais) e R$ 60.000.000,00 (sessenta
ção de ressarcimento pela pessoa jurídica dos milhões de reais).
danos a que tenha dado causa; Com a assinatura do Acordo de Leniência, a mul-
III - um por cento a um e meio por cento para o ta aplicável será reduzida, conforme a fração nele
grau de colaboração da pessoa jurídica com a pactuada, observados os limites legais. (Art. 23)
investigação ou a apuração do ato lesivo, inde-
pendentemente do acordo de leniência; Publicação Extraordinária da Decisão Administrativa
IV - dois por cento no caso de comunicação espon- Sancionadora
tânea pela pessoa jurídica antes da instaura-
ção do PAR acerca da ocorrência do ato lesivo; e Art. 24 A pessoa jurídica sancionada administrativa-
V - um por cento a quatro por cento para compro- mente pela prática de atos lesivos contra a adminis-
vação de a pessoa jurídica possuir e aplicar tração pública, nos termos da Lei nº 12.846, de 2013,
um programa de integridade, conforme os parâ- publicará a decisão administrativa sancionadora na
metros estabelecidos no Capítulo IV. forma de extrato de sentença, cumulativamente:
I - em meio de comunicação de grande circulação
na área da prática da infração e de atuação da pes-
Na ausência de fatores ou se a subtração resultar
soa jurídica ou, na sua falta, em publicação de cir-
em 0% ou menos, mesmo assim, haverá multa, nos culação nacional;
termos do art. 19, na razão de: II - em edital afixado no próprio estabelecimento
ou no local de exercício da atividade, em localidade
z 0,1% do Faturamento Bruto do Último Exercício; que permita a visibilidade pelo público, pelo prazo
z R$ 6.000,00 caso não seja possível utilizar o Fatu- mínimo de trinta dias; e
ramento Bruto. III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo de trinta dias
e em destaque na página principal do referido sítio.
z Limites da Multa (Art. 20, § 1º)
Dica
Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá
A sanção, aqui, é “envergonhar” a empresa, fazen-
como limite:
do-a admitir o seu ato de corrupção. A publica-
ção será feita às expensas da pessoa jurídica
z Mínimo: 0,1% ou R$ 6.000 – o que for maior;
sancionada.
z Máximo: 20% do Faturamento ou 3x o Valor da
Vantagem auferida ou pretendida.
Cobrança da Multa Aplicada
Impossibilidade de Auferir o Faturamento
A multa aplicada ao final do PAR será integralmen-
te recolhida pela pessoa jurídica sancionada no prazo
Art. 22 Caso não seja possível utilizar o critério do
30 dias. Caso não seja paga, esta será inscrita em dívi-
valor do faturamento bruto da pessoa jurídica no ano
da ativa (Art. 25).
anterior ao da instauração ao PAR, os percentuais
dos fatores indicados nos art. 17 e art. 18 incidirão:
ACORDO DE LENIÊNCIA
I - sobre o valor do faturamento bruto da pessoa
jurídica, excluídos os tributos, no ano em que ocor-
Art. 28 O acordo de leniência será celebrado com
reu o ato lesivo, no caso de a pessoa jurídica não
as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos
ter tido faturamento no ano anterior ao da instau-
atos lesivos previstos na Lei nº 12.846, de 2013, e dos
ração ao PAR;
ilícitos administrativos previstos na Lei nº 8.666, de
II - sobre o montante total de recursos recebidos
1993, e em outras normas de licitações e contratos,
pela pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano em
com vistas à isenção ou à atenuação das respec-
que ocorreu o ato lesivo; ou tivas sanções, desde que colaborem efetivamente
III - nas demais hipóteses, sobre o faturamento com as investigações e o processo administrati-
anual estimável da pessoa jurídica, levando em vo, devendo resultar dessa colaboração:
consideração quaisquer informações sobre a sua I - a identificação dos demais envolvidos na infra-
situação econômica ou o estado de seus negócios, ção administrativa, quando couber; e
tais como patrimônio, capital social, número de II - a obtenção célere de informações e documentos
empregados, contratos, dentre outras. que comprovem a infração sob apuração.
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas no caput, Art. 29 Compete à Controladoria-Geral da União
o valor da multa será limitado entre R$ 6.000,00 celebrar acordos de leniência no âmbito do Poder
(seis mil reais) e R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões Executivo federal e nos casos de atos lesivos contra
de reais). a administração pública estrangeira.
86
Deveres da Pessoa Jurídica A negociação do Acordo de Leniência deve ser con-
cluída em até 180 dias, prazo que pode ser prorrogado
Art. 30 A pessoa jurídica que pretenda celebrar a critério da CGU.
acordo de leniência deverá:
I - ser a primeira a manifestar interesse em coope- Art. 33 Não importará em reconhecimento da
rar para a apuração de ato lesivo específico, quan-
prática do ato lesivo investigado a proposta
do tal circunstância for relevante;
de acordo de leniência rejeitada, da qual não se
II - ter cessado completamente seu envolvimento
no ato lesivo a partir da data da propositura do fará qualquer divulgação, ressalvado o disposto no
acordo; § 1º do art. 31.
III - admitir sua participação na infração administrativa Art. 34 A pessoa jurídica proponente poderá
IV - cooperar plena e permanentemente com as desistir da proposta de acordo de leniência a
investigações e o processo administrativo e compa- qualquer momento que anteceda a assinatura
recer, sob suas expensas e sempre que solicitada, do referido acordo.
aos atos processuais, até o seu encerramento; e
V - fornecer informações, documentos e elementos Até a celebração do Acordo de Leniência pelo
que comprovem a infração administrativa.
Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da
União, a identidade da pessoa jurídica signatária do
A proposta do Acordo de Leniência poderá ser
feita até a conclusão do relatório a ser elaborado no Acordo não será divulgada ao público, salvo se autori-
PAR. Vejamos a íntegra do art. 31: zada sua divulgação.
87
Vejamos: VIII - o fato de ser qualificada como microempresa
ou empresa de pequeno porte.
Art. 42 [...]
I - comprometimento da alta direção da pessoa jurí- Na avaliação de microempresas e empresas de
dica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio pequeno porte, serão reduzidas as formalidades, bem
visível e inequívoco ao programa; como algumas não serão exigidas.
II - padrões de conduta, código de ética, políticas e
procedimentos de integridade, aplicáveis a todos os CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS
empregados e administradores, independentemen- E SUSPENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE
te de cargo ou função exercidos; EMPRESAS PUNIDAS
III - padrões de conduta, código de ética e políticas
de integridade estendidas, quando necessário, a Art. 43 O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas
terceiros, tais como, fornecedores, prestadores de e Suspensas - CEIS conterá informações referentes
serviço, agentes intermediários e associados; às sanções administrativas impostas a pessoas físi-
IV - treinamentos periódicos sobre o programa de cas ou jurídicas que impliquem restrição ao direito
integridade; de participar de licitações ou de celebrar contratos
V - análise periódica de riscos para realizar adapta- com a administração pública de qualquer esfera
ções necessárias ao programa de integridade; federativa, entre as quais:
VI - registros contábeis que reflitam de forma com- I - suspensão temporária de participação em lici-
pleta e precisa as transações da pessoa jurídica; tação e impedimento de contratar com a adminis-
VII - controles internos que assegurem a pronta ela- tração pública, conforme disposto no inciso III do
boração e confiabilidade de relatórios e demonstra- caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993;
ções financeiros da pessoa jurídica; II - declaração de inidoneidade para licitar ou
VIII - procedimentos específicos para prevenir frau- contratar com a administração pública, conforme
des e ilícitos no âmbito de processos licitatórios, disposto no inciso IV do caput do art. 87 da Lei nº
na execução de contratos administrativos ou em 8.666, de 1993;
qualquer interação com o setor público, ainda que III - impedimento de licitar e contratar com União,
intermediada por terceiros, tal como pagamento de Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme
tributos, sujeição a fiscalizações, ou obtenção de disposto no art. 7º da Lei nº 10.520, de 17 de julho
autorizações, licenças, permissões e certidões; de 2002;
IX - independência, estrutura e autoridade da instân- IV - impedimento de licitar e contratar com a União,
cia interna responsável pela aplicação do programa Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme
de integridade e fiscalização de seu cumprimento; disposto no art. 47 da Lei nº 12.462, de 4 de agosto
X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e de 2011;
amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e V - suspensão temporária de participação em lici-
de mecanismos destinados à proteção de denuncian- tação e impedimento de contratar com a adminis-
tes de boa-fé; tração pública, conforme disposto no inciso IV do
XI - medidas disciplinares em caso de violação do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de novembro
programa de integridade;
de 2011; e
XII - procedimentos que assegurem a pronta inter-
VI - declaração de inidoneidade para licitar ou
rupção de irregularidades ou infrações detectadas
contratar com a administração pública, conforme
e a tempestiva remediação dos danos gerados;
disposto no inciso V do caput do art. 33 da Lei nº
XIII - diligências apropriadas para contratação e,
12.527, de 2011.
conforme o caso, supervisão, de terceiros, tais como,
fornecedores, prestadores de serviço, agentes inter- Dos incisos do art. 43, podemos extrair as seguintes
mediários e associados;
informações:
XIV - verificação, durante os processos de fusões,
aquisições e reestruturações societárias, do cometi- z Suspensão temporária de participação em licita-
mento de irregularidades ou ilícitos ou da existência
ção e impedimento de contratar com a Adminis-
de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas envolvidas;
tração Pública;
XV - monitoramento contínuo do programa de inte-
gridade visando seu aperfeiçoamento na prevenção, z Declaração de inidoneidade para licitar ou contra-
detecção e combate à ocorrência dos atos lesivos tar com a Administração Pública;
previstos no art. 5º da lei nº 12.846, de 2013; e z Suspensão temporária ou impedimento de partici-
XVI - transparência da pessoa jurídica quanto a pação em licitação e de contratar com a Adminis-
doações para candidatos e partidos políticos. tração Pública.
§ 1º na avaliação dos parâmetros de que trata
este artigo, serão considerados o porte e espe- CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS
cificidades da pessoa jurídica, tais como: (CNEP)
I - a quantidade de funcionários, empregados e
colaboradores; Art. 45 O Cadastro Nacional de Empresas Punidas -
II - a complexidade da hierarquia interna e a quan- CNEP conterá informações referentes:
tidade de departamentos, diretorias ou setores; I - às sanções impostas com fundamento na Lei
III - a utilização de agentes intermediários como nº 12.846, de 2013; e
consultores ou representantes comerciais; II - ao descumprimento de acordo de leniência
IV - o setor do mercado em que atua; celebrado com fundamento na Lei nº 12.846, de
V - os países em que atua, direta ou indiretamente; 2013.
VI - o grau de interação com o setor público e a Parágrafo único. As informações sobre os acordos
importância de autorizações, licenças e permissões de leniência celebrados com fundamento na Lei nº
governamentais em suas operações; 12.846, de 2013, serão registradas no CNEP após a
VII - a quantidade e a localização das pessoas jurí- celebração do acordo, exceto se causar prejuízo às
dicas que integram o grupo econômico; e investigações ou ao processo administrativo.
88
Exclusão do Cadastro II - sistema cooperativo de crédito.
§ 3º As instituições que não constituírem política de
Art. 47 A exclusão dos dados e informações cons- segurança cibernética própria em decorrência do
tantes do CEIS ou do CNEP se dará: disposto no § 2º devem formalizar a opção por essa
I - com fim do prazo do efeito limitador ou faculdade em reunião do conselho de administração
impeditivo da sanção; ou ou, na sua inexistência, da diretoria da instituição.
II -mediante requerimento da pessoa jurídica
interessada, após cumpridos os seguintes requisi-
tos, quando aplicáveis: O porte, perfil de risco e modelo
A POLÍTICA DE SEGURANÇA
COMPATÍVEL COM
SEGURANÇA CIBERNÉTICA: A natureza das operações e a
RESOLUÇÃO Nº 4.658, DE 26 DE ABRIL complexidade dos produtos,
serviços, atividades e processos
DE 2018 da instituição
A Resolução nº 4.658/2018 dispõe sobre a política
de segurança cibernética e sobre os requisitos para
a contratação de serviços de processamento e arma- A sensibilidade dos dados
zenamento de dados e de computação em nuvem a e das informações sob
serem observados pelas instituições financeiras e responsabilidade da instituição
demais instituições autorizadas a funcionar pelo Ban-
co Central do Brasil. Em outras palavras, a Resolução
O art. 3º, por sua vez, trata dos requisitos míni-
estabelece certas exigências que as instituições finan-
mos que a política de segurança cibernética deve
ceiras e outras instituições autorizadas deverão seguir
contemplar:
quanto ao seu ambiente tecnológico e de prevenção
aos ataques cibernéticos.
O art. 1º dispõe a respeito do objeto e do âmbito de Art. 3º A política de segurança cibernética deve
aplicação desta Resolução. Vejamos: contemplar, no mínimo:
I - os objetivos de segurança cibernética da
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a política de instituição;
segurança cibernética e sobre os requisitos II - os procedimentos e os controles adotados para
para a contratação de serviços de processamen- reduzir a vulnerabilidade da instituição a
to e armazenamento de dados e de computação em incidentes e atender aos demais objetivos de segu-
nuvem a serem observados pelas instituições finan- rança cibernética;
ceiras e demais instituições autorizadas a funcio- III - os controles específicos, incluindo os volta-
nar pelo Banco Central do Brasil. dos para a rastreabilidade da informação, que bus-
quem garantir a segurança das informações
sensíveis;
ESTA RESOLUÇÃO DEVERÁ SER OBSERVADA POR:
IV - o registro, a análise da causa e do impacto,
Instituições Financeiras bem como o controle dos efeitos de incidentes rele-
vantes para as atividades da instituição;
Instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central V - as diretrizes para:
do Brasil (Bacen) a) a elaboração de cenários de incidentes conside-
rados nos testes de continuidade de negócios;
As instituições mencionadas no art. 1º velarão pela b) a definição de procedimentos e de controles
implementação e manutenção das políticas de segu- voltados à prevenção e ao tratamento dos inci-
rança cibernética e deverão sempre observar os prin- dentes a serem adotados por empresas presta-
cípios e as diretrizes norteadoras. Vejamos: doras de serviços a terceiros que manuseiem
dados ou informações sensíveis ou que sejam
Art. 2º As instituições referidas no art. 1º devem relevantes para a condução das atividades ope-
implementar e manter política de segurança ciber- racionais da instituição;
nética formulada com base em princípios e diretri- c) a classificação dos dados e das informações
zes que busquem assegurar a confidencialidade, quanto à relevância; e
a integridade e a disponibilidade dos dados e d) a definição dos parâmetros a serem utilizados na
dos sistemas de informação utilizados. avaliação da relevância dos incidentes;
§ 1º A política mencionada no caput deve ser com- VI - os mecanismos para disseminação da cul-
patível com:
tura de segurança cibernética na instituição,
I - o porte, o perfil de risco e o modelo de negócio
incluindo:
da instituição;
a) a implementação de programas de capacita-
II - a natureza das operações e a complexidade dos
produtos, serviços, atividades e processos da insti- ção e de avaliação periódica de pessoal;
tuição; e b) a prestação de informações a clientes e usuários
III - a sensibilidade dos dados e das informações sobre precauções na utilização de produtos e servi-
sob responsabilidade da instituição. ços financeiros; e
§ 2º Admite-se a adoção de política de segurança c) o comprometimento da alta administração com
cibernética única por: a melhoria contínua dos procedimentos relaciona-
I - conglomerado prudencial; e dos com a segurança cibernética; e
89
VII - as iniciativas para compartilhamento de informações sobre os incidentes relevantes, mencionados no inciso IV,
com as demais instituições referidas no art. 1º.
§ 1º Na definição dos objetivos de segurança cibernética referidos no inciso I do caput, deve ser contemplada a capa-
cidade da instituição para prevenir, detectar e reduzir a vulnerabilidade a incidentes relacionados com o ambiente
cibernético.
§ 2º Os procedimentos e os controles de que trata o inciso II do caput devem abranger, no mínimo, a autenticação, a
criptografia, a prevenção e a detecção de intrusão, a prevenção de vazamento de informações, a realização periódica
de testes e varreduras para detecção de vulnerabilidades, a proteção contra softwares maliciosos, o estabelecimento
de mecanismos de rastreabilidade, os controles de acesso e de segmentação da rede de computadores e a manuten-
ção de cópias de segurança dos dados e das informações.
Autenticação
Criptografia
Mecanismos de rastreabilidade
§ 3º Os procedimentos e os controles citados no inciso II do caput devem ser aplicados, inclusive, no desenvolvimento
de sistemas de informação seguros e na adoção de novas tecnologias empregadas nas atividades da instituição.
§ 4º O registro, a análise da causa e do impacto, bem como o controle dos efeitos de incidentes, citados no inciso IV
do caput, devem abranger inclusive informações recebidas de empresas prestadoras de serviços a terceiros.
§ 5º As diretrizes de que trata o inciso V, alínea «b», do caput devem contemplar procedimentos e controles em níveis
de complexidade, abrangência e precisão compatíveis com os utilizados pela própria instituição.
Art. 4º A política de segurança cibernética deve ser divulgada aos funcionários da instituição e às empresas presta-
doras de serviços a terceiros, mediante linguagem clara, acessível e em nível de detalhamento compatível com
as funções desempenhadas e com a sensibilidade das informações.
Art. 5º As instituições devem divulgar ao público resumo contendo as linhas gerais da política de segurança
cibernética.
As instituições deverão estabelecer um plano de ação e de resposta a incidentes; para isso, deverão observar
um mínimo de requisitos previstos no parágrafo único do art. 6º. Vejamos a íntegra dos artigos:
Art. 6º As instituições referidas no art. 1º devem estabelecer plano de ação e de resposta a incidentes visando à
implementação da política de segurança cibernética.
Parágrafo único. O plano mencionado no caput deve abranger, no mínimo:
I - as ações a serem desenvolvidas pela instituição para adequar suas estruturas organizacional e operacional aos
princípios e às diretrizes da política de segurança cibernética;
II - as rotinas, os procedimentos, os controles e as tecnologias a serem utilizados na prevenção e na resposta a
incidentes, em conformidade com as diretrizes da política de segurança cibernética; e
III - a área responsável pelo registro e controle dos efeitos de incidentes relevantes.
Para esse plano de ação e de resposta, as instituições deverão determinar um diretor responsável pela sua
execução e pela política de segurança cibernética:
Art. 7º As instituições referidas no art. 1º devem designar diretor responsável pela política de segurança cibernética
e pela execução do plano de ação e de resposta a incidentes.
Parágrafo único. O diretor mencionado no caput pode desempenhar outras funções na instituição, desde que não
haja conflito de interesses.
As instituições devem, também, realizar anualmente um relatório sobre a implementação do plano menciona-
do. Esse relatório deverá incluir, no mínimo, os pontos elencados no § 1º do art. 8º:
90
Art. 8º As instituições referidas no art. 1º devem d) a sua aderência a certificações exigidas pela
elaborar relatório anual sobre a implementação do instituição para a prestação do serviço a ser
plano de ação e de resposta a incidentes, mencio- contratado;
nado no art. 6º, com data-base de 31 de dezembro. e) o acesso da instituição contratante aos relatórios
§ 1º O relatório de que trata o caput deve abordar, elaborados por empresa de auditoria especializada
no mínimo: independente contratada pelo prestador de serviço,
I - a efetividade da implementação das ações relativos aos procedimentos e aos controles utiliza-
descritas no art. 6º, parágrafo único, inciso I; dos na prestação dos serviços a serem contratados;
II - o resumo dos resultados obtidos na imple- f) o provimento de informações e de recursos de
mentação das rotinas, dos procedimentos, dos gestão adequados ao monitoramento dos serviços
controles e das tecnologias a serem utilizados na a serem prestados;
prevenção e na resposta a incidentes descritos no g) a identificação e a segregação dos dados dos
art. 6º, parágrafo único, inciso II; clientes da instituição por meio de controles físicos
III - os incidentes relevantes relacionados com o ou lógicos; e
ambiente cibernético ocorridos no período; e h) a qualidade dos controles de acesso voltados à
IV - os resultados dos testes de continuidade de proteção dos dados e das informações dos clientes
negócios, considerando cenários de indisponibi- da instituição.
lidade ocasionada por incidentes. § 1º Na avaliação da relevância do serviço a ser
§ 2º O relatório mencionado no caput deve ser: contratado, mencionada no inciso I do caput, a
I - submetido ao comitê de risco, quando exis- instituição contratante deve considerar a cri-
tente; e ticidade do serviço e a sensibilidade dos dados e
II - apresentado ao conselho de administração das informações a serem processados, armazena-
ou, na sua inexistência, à diretoria da instituição dos e gerenciados pelo contratado, levando em con-
até 31 de março do ano seguinte ao da data-base. ta, inclusive, a classificação realizada nos termos
Art. 9º A política de segurança cibernética refe- do art. 3º, inciso V, alínea “c”.
rida no art. 2º e o plano de ação e de resposta a § 2º Os procedimentos de que trata o caput, inclusi-
incidentes mencionado no art. 6º devem ser apro- ve as informações relativas à verificação menciona-
vados pelo conselho de administração ou, na da no inciso II, devem ser documentados.
sua inexistência, pela diretoria da instituição. § 3º No caso da execução de aplicativos por meio da
Art. 10 A política de segurança cibernética e o internet, referidos no inciso III do art. 13, a institui-
plano de ação e de resposta a incidentes devem ção deve assegurar que o potencial prestador dos
ser documentados e revisados, no mínimo, serviços adote controles que mitiguem os efeitos de
anualmente. eventuais vulnerabilidades na liberação de novas
versões do aplicativo.
Os próximos artigos trataram do foco principal da § 4º A instituição deve possuir recursos e competên-
Resolução nº 4.658/2018. O Capítulo III dessa Resolu- cias necessários para a adequada gestão dos servi-
ção traz o importante ponto da contratação de ser- ços a serem contratados, inclusive para análise de
viços de processamento e armazenamento de dados informações e uso de recursos providos nos termos
e de computação em nuvem. Usualmente, as bancas da alínea «f» do inciso II do caput.
examinadoras dos certames atrelam-se à cobrança Art. 13 Para os fins do disposto nesta Resolução,
literal dos dispositivos; deste modo, os artigos serão os serviços de computação em nuvem abran-
inseridos na íntegra, com destaques para facilitar o gem a disponibilidade à instituição contratan-
seu estudo. Acompanhe a seguir: te, sob demanda e de maneira virtual, de ao
menos um dos seguintes serviços:
Art. 11 As instituições referidas no art. 1º devem I - processamento de dados, armazenamento de
assegurar que suas políticas, estratégias e estrutu- dados, infraestrutura de redes e outros recursos
ras para gerenciamento de riscos previstas na regu- computacionais que permitam à instituição contra-
lamentação em vigor, especificamente no tocante tante implantar ou executar softwares, que podem
aos critérios de decisão quanto à terceirização de incluir sistemas operacionais e aplicativos desen-
serviços, contemplem a contratação de servi- volvidos pela instituição ou por ela adquiridos;
ços relevantes de processamento e armazena- II - implantação ou execução de aplicativos desen-
mento de dados e de computação em nuvem, no volvidos pela instituição contratante, ou por ela
País ou no exterior. adquiridos, utilizando recursos computacionais do
Art. 12 As instituições mencionadas no art. 1º, pre- prestador de serviços; ou
viamente à contratação de serviços relevantes de III - execução, por meio da internet, dos aplicativos
processamento e armazenamento de dados e de implantados ou desenvolvidos pelo prestador de
computação em nuvem, devem adotar procedi- serviço, com a utilização de recursos computacio-
mentos que contemplem: nais do próprio prestador de serviços.
I - a adoção de práticas de governança corporativa Art. 14 A instituição contratante dos serviços men-
e de gestão proporcionais à relevância do serviço a cionados no art. 12 é responsável pela confiabili-
ser contratado e aos riscos a que estejam expostas; e dade, pela integridade, pela disponibilidade, pela
II - a verificação da capacidade do potencial presta- segurança e pelo sigilo em relação aos serviços
dor de serviço de assegurar: contratados, bem como pelo cumprimento da legis-
a) o cumprimento da legislação e da regulamenta- lação e da regulamentação em vigor.
ção em vigor; Art. 15 A contratação de serviços relevantes de
b) o acesso da instituição aos dados e às informa- processamento, armazenamento de dados e de
ções a serem processados ou armazenados pelo computação em nuvem deve ser previamente
prestador de serviço; comunicada pelas instituições referidas no art. 1º
c) a confidencialidade, a integridade, a disponibili- ao Banco Central do Brasil.
dade e a recuperação dos dados e das informações § 1º A comunicação de que trata o caput deve con-
processados ou armazenados pelo prestador de ter as seguintes informações:
serviço; I - a denominação da empresa a ser contratada;
91
II - os serviços relevantes a serem contratados; b) exclusão dos dados citados no inciso I pela empre-
e sa contratada substituída, após a transferência dos
III - a indicação dos países e das regiões em cada dados prevista na alínea “a” e a confirmação da inte-
país onde os serviços poderão ser prestados e os gridade e da disponibilidade dos dados recebidos;
dados poderão ser armazenados, processados V - o acesso da instituição contratante a:
e gerenciados, definida nos termos do inciso III do a) informações fornecidas pela empresa con-
art. 16, no caso de contratação no exterior. tratada, visando a verificar o cumprimento do dis-
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ser posto nos incisos I a III;
realizada, no mínimo, sessenta dias antes da con- b) informações relativas às certificações e aos
tratação dos serviços. relatórios de auditoria especializada, citados no
§ 3º As alterações contratuais que impliquem modifi- art. 12, inciso II, alíneas “d” e “e”; e
cação das informações de que trata o § 1º devem ser c) informações e recursos de gestão adequados
comunicadas ao Banco Central do Brasil, no míni- ao monitoramento dos serviços a serem prestados,
mo, sessenta dias antes da alteração contratual. citados no art. 12, inciso II, alínea “f”;
Art. 16 A contratação de serviços relevantes de VI - a obrigação de a empresa contratada noti-
processamento, armazenamento de dados e de ficar a instituição contratante sobre a subcon-
computação em nuvem prestados no exterior tratação de serviços relevantes para a instituição;
deve observar os seguintes requisitos: VII - a permissão de acesso do Banco Central
I - a existência de convênio para troca de infor- do Brasil aos contratos e aos acordos firmados
mações entre o Banco Central do Brasil e as para a prestação de serviços, à documentação e às
autoridades supervisoras dos países onde os informações referentes aos serviços prestados, aos
serviços poderão ser prestados; dados armazenados e às informações sobre seus
II - a instituição contratante deve assegurar que a processamentos, às cópias de segurança dos dados
prestação dos serviços referidos no caput não e das informações, bem como aos códigos de acesso
cause prejuízos ao seu regular funcionamento aos dados e às informações;
nem embaraço à atuação do Banco Central do VIII - a adoção de medidas pela instituição contra-
Brasil; tante, em decorrência de determinação do Banco
III - a instituição contratante deve definir, previa- Central do Brasil; e
mente à contratação, os países e as regiões em IX - a obrigação de a empresa contratada man-
cada país onde os serviços poderão ser presta- ter a instituição contratante permanentemen-
dos e os dados poderão ser armazenados, proces- te informada sobre eventuais limitações que
sados e gerenciados; e possam afetar a prestação dos serviços ou o cum-
IV - a instituição contratante deve prever alterna- primento da legislação e da regulamentação
tivas para a continuidade dos negócios, no caso em vigor.
de impossibilidade de manutenção ou extinção do Parágrafo único. O contrato mencionado no caput
contrato de prestação de serviços. deve prever, para o caso da decretação de regime
§ 1º No caso de inexistência de convênio nos ter- de resolução da instituição contratante pelo Banco
mos do inciso I do caput, a instituição contratante Central do Brasil:
deverá solicitar autorização do Banco Central do I - a obrigação de a empresa contratada conceder
Brasil para a contratação, observando o prazo e as pleno e irrestrito acesso do responsável pelo regi-
informações requeridas nos termos do art. 15 desta me de resolução aos contratos, aos acordos, à docu-
Resolução. mentação e às informações referentes aos serviços
§ 2º Para atendimento aos incisos II e III do caput, prestados, aos dados armazenados e às informa-
as instituições deverão assegurar que a legislação ções sobre seus processamentos, às cópias de segu-
e a regulamentação nos países e nas regiões em rança dos dados e das informações, bem como aos
cada país onde os serviços poderão ser prestados códigos de acesso, citados no inciso VII do caput,
não restringem nem impedem o acesso das institui- que estejam em poder da empresa contratada; e
ções contratantes e do Banco Central do Brasil aos II - a obrigação de notificação prévia do responsável
dados e às informações. pelo regime de resolução sobre a intenção de a empre-
§ 3º A comprovação do atendimento aos requisitos sa contratada interromper a prestação de serviços,
de que tratam os incisos I a IV do caput e o cumpri- com pelo menos trinta dias de antecedência da data
mento da exigência de que trata o § 2º devem ser prevista para a interrupção, observado que:
documentados. a) a empresa contratada obriga-se a aceitar even-
Art. 17 Os contratos para prestação de serviços tual pedido de prazo adicional de trinta dias para a
relevantes de processamento, armazenamen- interrupção do serviço, feito pelo responsável pelo
regime de resolução; e
to de dados e computação em nuvem devem
b) a notificação prévia deverá ocorrer também na
prever:
situação em que a interrupção for motivada por
I - a indicação dos países e da região em cada
inadimplência da contratante.
país onde os serviços poderão ser prestados e os
Art. 18 O disposto nos arts. 11 a 17 não se aplica
dados poderão ser armazenados, processados e
à contratação de sistemas operados por câmaras,
gerenciados;
por prestadores de serviços de compensação e de
II - a adoção de medidas de segurança para a
liquidação ou por entidades que exerçam ativida-
transmissão e armazenamento dos dados cita-
des de registro ou de depósito centralizado.
dos no inciso I;
III - a manutenção, enquanto o contrato estiver Quanto às disposições gerais desta Resolução, o
vigente, da segregação dos dados e dos controles de Capítulo IV aponta:
acesso para proteção das informações dos clientes;
IV - a obrigatoriedade, em caso de extinção do Art. 19 As instituições referidas no art. 1º devem
contrato, de: assegurar que suas políticas para gerenciamen-
a) transferência dos dados citados no inciso I ao to de riscos previstas na regulamentação em
novo prestador de serviços ou à instituição contra- vigor disponham, no tocante à continuidade de
tante; e negócios, sobre:
92
I - o tratamento dos incidentes relevantes relacionados com o ambiente cibernético de que trata o art. 3º, inciso IV;
II - os procedimentos a serem seguidos no caso da interrupção de serviços relevantes de processamento e armazenamen-
to de dados e de computação em nuvem contratados, abrangendo cenários que considerem a substituição da empresa
contratada e o reestabelecimento da operação normal da instituição; e
III - os cenários de incidentes considerados nos testes de continuidade de negócios de que trata o art. 3º, inciso V,
alínea “a”.
Art. 20 Os procedimentos adotados pelas instituições para gerenciamento de riscos previstos na regulamentação
em vigor devem contemplar, no tocante à continuidade de negócios:
I - o tratamento previsto para mitigar os efeitos dos incidentes relevantes de que trata o inciso IV do art. 3º e
da interrupção dos serviços relevantes de processamento, armazenamento de dados e de computação em nuvem
contratados;
II - o prazo estipulado para reinício ou normalização das suas atividades ou dos serviços relevantes interrompidos,
citados no inciso I; e
III - a comunicação tempestiva ao Banco Central do Brasil das ocorrências de incidentes relevantes e das interrup-
ções dos serviços relevantes, citados no inciso I, que configurem uma situação de crise pela instituição financeira,
bem como das providências para o reinício das suas atividades.
Art. 21 As instituições de que trata o art. 1º devem instituir mecanismos de acompanhamento e de controle
com vistas a assegurar a implementação e a efetividade da política de segurança cibernética, do plano de
ação e de resposta a incidentes e dos requisitos para contratação de serviços de processamento e armazenamen-
to de dados e de computação em nuvem, incluindo:
I - a definição de processos, testes e trilhas de auditoria;
II - a definição de métricas e indicadores adequados; e
III - a identificação e a correção de eventuais deficiências.
§ 1º As notificações recebidas sobre a subcontratação de serviços relevantes descritas no art. 17, inciso VI, devem ser
consideradas na definição dos mecanismos de que trata o caput.
§ 2º Os mecanismos de que trata o caput devem ser submetidos a testes periódicos pela auditoria interna, quando
aplicável, compatíveis com os controles internos da instituição.
AS INSTITUIÇÕES DEVEM
Art. 22 Sem prejuízo do dever de sigilo e da livre concorrência, as instituições mencionadas no art. 1º devem desen-
volver iniciativas para o compartilhamento de informações sobre os incidentes relevantes de que trata o
art. 3º, inciso IV.
§ 1º O compartilhamento de que trata o caput deve abranger informações sobre incidentes relevantes recebidas de empresas
prestadoras de serviços a terceiros.
§ 2º As informações compartilhadas devem estar disponíveis ao Banco Central do Brasil.
Os artigos seguintes, consonantes às disposições finais da Resolução 4.658/2018, tratam especificamente dos pra-
zos estabelecidos pelo Banco Central para cada etapa de implementação da Resolução em comento:
Art. 23 Devem ficar à disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo de cinco anos:
I - o documento relativo à política de segurança cibernética, de que trata o art. 2º;
II - a ata de reunião do conselho de administração ou, na sua inexistência, da diretoria da instituição, no
caso de ser formalizada a opção de que trata o art. 2º, § 2º;
III - o documento relativo ao plano de ação e de resposta a incidentes, de que trata o art. 6º;
IV - o relatório anual, de que trata o art. 8º;
V - a documentação sobre os procedimentos de que trata o art. 12, § 2º;
VI - a documentação de que trata o art. 16, § 3º, no caso de serviços prestados no exterior;
VII - os contratos de que trata o art. 17, contado o prazo referido no caput a partir da extinção do contrato; e
VIII - os dados, os registros e as informações relativas aos mecanismos de acompanhamento e de
controle de que trata o art. 21, contado o prazo referido no caput a partir da implementação dos citados
mecanismos.
Art. 24 O Banco Central do Brasil poderá adotar as medidas necessárias para cumprimento do disposto nesta
Resolução, bem como estabelecer:
I - os requisitos e os procedimentos para o compartilhamento de informações, nos termos do art. 22;
II - a exigência de certificações e outros requisitos técnicos a serem requeridos das empresas contratadas, pela
instituição financeira contratante, na prestação dos serviços de que trata o art. 12;
III - os prazos máximos, de que trata o art. 20, inciso II, para reinício ou normalização das atividades ou dos
serviços relevantes interrompidos; e
IV - os requisitos técnicos e procedimentos operacionais a serem observados pelas instituições para o
cumprimento desta Resolução.
Art. 25 As instituições referidas no art. 1º que, na data de entrada em vigor desta Resolução, já tiverem con-
tratado a prestação de serviços relevantes de processamento, armazenamento de dados e de computação em
nuvem devem apresentar ao Banco Central do Brasil, no prazo máximo de cento e oitenta dias, contados a
partir da data de entrada em vigor desta Resolução, cronograma para adequação:
93
I - ao cumprimento do disposto no art. 16, incisos I, II, IV e § 2º, no caso de serviços prestados no exterior; e
II - ao disposto nos arts. 15, § 1º, e 17.
Parágrafo único. O prazo previsto no cronograma para adequação mencionado no caput não pode ultrapas-
sar 31 de dezembro 2021.
[...]
Art. 27 O Banco Central do Brasil poderá vetar ou impor restrições para a contratação de serviços de pro-
cessamento e armazenamento de dados e de computação em nuvem quando constatar, a qualquer tempo,
a inobservância do disposto nesta Resolução, bem como a limitação à atuação do Banco Central do Brasil,
estabelecendo prazo para a adequação dos referidos serviços.
O ponto inicial desta matéria precisa de uma distinção que comumente passa batido: a diferença de ética e
moral. Você precisa de certezas firmes e objetivas para realizar a sua prova.
Ética é uma área da filosofia. É um estudo amplo, universal e atemporal. Seu objeto de estudo são princípios
fundamentais das ações e do comportamento humano. A moral, por sua vez, é uma construção social. Sendo assim,
está condicionada a sociedade que a cerca, que a contém. A moral tem um aspecto muito mais objetivo e representa
um momento e uma cultura.
Alguns autores trazem ética e moral como sinônimos, mas você precisa ter muito cuidado pois, apesar de
serem semelhantes e abordarem a “mesma coisa” por perspectivas diferentes, as bancas dos concursos estabele-
cem distinções entre esses termos.
Pronto! Temos uma distinção clara:
Princípios
Universal,
ÉTICA atemporal
fundamentais ações
do comportamento
Construção Representa um
MORAL social, ligada a momento e uma
sua sociedade cultura
A ética tem um caráter científico, por isso, suas mudanças e aplicações ocorrem de outra forma. Sua estabilida-
de é muito maior e suas aplicações alcançam uma universalidade. Em algum momento espera-se que mudanças
em conceitos éticos ocorrerão, mas para execução de provas de concurso o conceito de universalidade e estabili-
dade é adequado.
Agora que já conseguimos separar algumas caraterísticas de moral e ética, vamos aproveitar o êxito e nos
aprofundar um pouco nos seus conceitos. Para fazer isso vamos usar um pouco de etimologia.
É conveniente analisar no estudo da Ética sua etimologia. Assim, ética é uma palavra que vem do termo grego
ethos, que quer dizer “modo de ser”, “costume” ou “hábito”. A origem da palavra nos remete instantaneamente para
o cerne de seu conceito que, apesar da dificuldade de estabelecer um significado único, nos envia a um conjunto
de princípios morais ou valores que dão condição a convivência humana em sociedade. Em seguida temos a origem
do termo moral, que tem origem no latim e seria “mos” que tem o mesmo significado de ethos e que deu origem à
palavra “moral”.
A Moral varia no tempo, a depender da conjuntura social. Até o Século XIX, por exemplo, considerava-se nor-
mal que crianças trabalhassem em fábricas. Hoje, além de temos uma legislação especial (Estatuto da Criança e do
Adolescente) que protege essas crianças, a sociedade entendeu a necessidade de tratamento diferenciado a esse
grupo vulnerável.
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Feitas essas distinções e estabelecidos alguns conceitos simples, vamos preparar uma tabela bastante objetiva
que vai ajudar nas revisões sobre esse ponto cobrado nas provas.
ÉTICA MORAL
Não encontra limitações no tempo ou no espa- Seu alcance está condicionado ao local em que se
ALCANCE
ço. É um estudo filosófico e científico. aplica e ao período cultural em que é observada.
As provas de concurso costumam cobrar essa matéria com questões que trazem expressões como: “bom compor-
tamento”, “boa conduta” ou “o bem”, e que acabam confundido o candidato na hora de definir se estão tratando de
ética ou moral pois, apesar das distinções que já estudamos, o limiar de diferenças é tênue.
Assim, certifique-se de qual concepção está sendo cobrada com base nos fundamentos apresentados nas ques-
tões, lembrando que a moral se funda nos costumes e tradições, enquanto a ética se baseia na razão e na reflexão.
REFERÊNCIAS
OS PRINCÍPIOS
Podemos conceber os princípios como sendo alicerces, base para formação dos valores que tem sua origem
nos aspectos econômicos, políticos e sociais. Então, podemos os definir como juízos de valor.
Eles são abstratos e possuem indefinição, mas orientam a intepretação da regra. Vejamos um exemplo que a
Constituição apresenta:
Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
A Constituição, no caput de seu artigo 37, elenca princípios, mas não apresenta uma medida para cumpri-
mento de cada princípio. A norma, nesse momento, não define quais os limites da legalidade, impessoalidade,
publicidade ou eficiência. Por isso, os princípios são abstratos. Esse papel de definir “os limites de aplicação” dos
princípios e de apresentá-los como valores será exercido em um nível seguinte por meio das regras ou normas a
serem estabelecidas.
Nas palavras de Francisco Amaral (2017):
[...] são pensamentos diretores de uma regulamentação jurídica, critérios para a ação e para a constituição de normas e de
institutos jurídicos [...] Como diretrizes gerais e básicas, servem também para fundamentar e dar unidade a um sistema ou
a uma instituição.
Dica
Regras são prescrições de conduta claras e objetivas. Já os princípios são juízos abstratos de valor que orientam a
interpretação e a aplicação das regras.
A distinção entre princípios e regras traduz uma distinção entre dois tipos de normas.
VALORES E VIRTUDES
O Direito recepciona em nosso ordenamento jurídico os valores éticos e morais apontando-os como diretrizes impor-
tantes e como meios de aplicação das normas. Assim, o direito deve ser interpretado muito além das chamadas normas
jurídicas, devendo incorporar a moral em voga naquele momento ao ordenamento jurídico.
Os valores podem ser facilmente exemplificados, mas sua definição é mais complexa. Por exemplo, a vida é um
valor muito importante em nossa sociedade, juntamente com a liberdade e a propriedade. Se vocês repararem,
verão que existe uma relação entre os princípios e as expressões valor, direito, norma e regra.
Inicialmente estabelecemos um princípio: impessoalidade, por exemplo. Em seguida temos que impessoalidade é
a igualdade no tratamento dos cidadãos. A igualdade é um valor e vamos respeitá-lo. Nesse momento só nos faltaria
determinar uma norma de conduta, uma regra para seguirmos. Essa definição de valor é feita informando as pessoas
dos riscos em descumprir a impessoalidade. Ou seja, trazendo esses conceitos para a prática, desrespeitar a impes-
soalidade é uma improbidade administrativa, que configura crime e possui pena. Nesse momento temos um prin-
cípio consistente, um valor definido e uma norma apresentada.
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Impessoalidade é um princípio.
Igualdade é um valor.
= descumprir a impessoalidade é
improbidade administrativa. Disso
Lei de improbidade
Impessoalidade:
Administrativa:
Princípios
garantia de princípio
Pronto! Definimos os conceitos de princípios e valores e relacionamos esses pontos ao Direito que é o campo
onde vamos aplicá-los.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2017.
Primeiramente, vale destacar que “Ética” é uma palavra originária do grego “Ethos”, que acarreta a noção de
caráter. Para os gregos antigos, este termo carregava a noção de uma percepção individual, no qual devia ser clara
e confortável, guiando o Homem no “Bem agir”.
Já a ética empresarial, ou ainda ética das organizações, é o comportamento da empresa referente à sua condu-
ta ética, ou seja, quando ela age em conformidade aos princípios morais preconizados na sociedade.
Neste sentido, inferimos que a ética empresarial funciona como os pilares morais e de relacionamento defini-
dos dentro da organização para o seu modo de atuação no mercado, diante de seus clientes, funcionários, parcei-
ros e até mesmo concorrentes. Assim, a atuação ética empresarial é aquela na qual está de acordo com os valores
estabelecidos.
Desse modo, a orientação humanística da ética empresarial é caracterizada por um conjunto de ações, projetos e
valores tendo como valor principal a vida humana, ou seja, ao bem estar social do ser humano.
O debate da ética empresarial abrange e questiona inúmeros aspectos da administração das organizações e
de suas relações com a sociedade.
De forma didática, podemos classificar a sua abrangência em quatro categorias (ou níveis):
96
Atualmente, devido à complexidade das relações
ABRANGÊNCIA DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO
entre as partes envolvidas, o termo Compliance, ine-
Nível Social Nível do Stakeholder rente à ética empresarial, vem ganhando destaque.
O termo compliance tem sua origem no verbo no
Na administração e políti- idioma inglês to comply, que significa agir de acor-
Nível Individual
cas internas do com as diretrizes estabelecidas, especificações ou
legislação, ou seja, a organização deve empenhar-
z Nível Social da Ética -se em cumprir e fazer cumprir as regras internas e
externas na qual regem suas atividades.
As questões éticas relacionam-se com o papel e os Na prática, cada vez mais é exigido das organiza-
efeitos das organizações na sociedade em geral. ções uma conduta ética, transparente e responsável
São exemplos das questões éticas envolvidas nesse perante toda a sociedade, não sendo mais aceitas ati-
nível:
tudes e ações sem a devida integridade.
É justo os altos executivos terem seus salários mui-
to maiores do que os trabalhadores operacionais?
Pode-se aceitar a influência das empresas pri- Importante!
vadas nos pleitos eleitorais? Estar em compliance é estar em conformidade
z Nível do Stakeholder com as leis e regulamentos (externos e inter-
nos), com o objetivo de evitar fraudes, ilícitos e
Stakeholder (ou em português, parte interessa- desvios de conduta.
da) são pessoas associadas diretamente ou indi-
retamente à organização ou que sofrem alguma
influência em suas decisões. Certamente, você aluno, deve estar se indagando
São exemplos das questões éticas envolvidas neste que esses conceitos inerentes à ética são abstratos e
nível: de difícil aplicação no dia a dia da organização. Como,
então, aplicar isso no cotidiano da empresa? A respos-
Quais são as obrigações da organização com rela- ta se dá por meio do famoso Código de Ética, nosso
ção ao impacto ambiental sobre as comunidades? próximo assunto!
Quais são as obrigações da empresa em infor-
mar os riscos de seus produtos para o consumi- A GESTÃO DA ÉTICA NAS EMPRESAS PÚBLICAS E
dor final? Ex.: tabaco. PRIVADAS
z Ética na administração e política internas
O principal mecanismo para implantar a gestão
Neste nível, a discussão sobre a ética tem seu foco da ética de modo eficiente, tanto nas empresas priva-
especialmente nas relações entre a organização e das, tanto nas empresas públicas é com a elaboração e
seus empregados. implantação do Código de Ética e/ou conduta.
São exemplos das questões éticas envolvidas neste Como sabemos: documentar é preciso! Assim, o
nível: código de ética é o documento utilizado para tradu-
zir o comportamento esperado de todos os funcio-
Quais são as obrigações da empresa com seu nários, inclusive de dirigentes, gerentes, parceiros
funcionário? comerciais.
Que participação os empregados devem ter nas Aliás, o código de ética do Banco do Brasil é maté-
decisões que afetam a empresa? ria de seu concurso! Caro aluno e futuro funcionário
z Nível Individual do BB, dessa maneira, a instituição ao cobrar o código
de ética no concurso de admissão, pretende que todos
No plano individual, as questões éticas dizem respei- os aprovados já ingressem conhecendo os seus direi-
to de como as pessoas devem tratar-se uma as outras. tos, deveres e o comportamento desejado.
São exemplos das questões éticas envolvidas neste De forma simples, o código de ética estabelece
nível: regras essenciais que devem ser observados por todos,
sem exceção, além de poder prever sanções para os
Quais os direitos as pessoas têm como trabalha- funcionários que o infringirem.
dores e seres humanos? Em regra, inicia-se com uma mensagem da auto-
Que normas de conduta devem orientar as deci- ridade máxima (o presidente), e posteriormente
sões que envolvem e afetam outras pessoas? encontra-se os princípios e valores adotados pela
Afinal, todo este debate sobre a abrangência da éti- organização, além do estabelecimento de direitos,
ca na Administração, tem como objetivo a transforma- deveres, obrigações e vedações, abordando diversos
ção da empresa em uma organização íntegra. outros tópicos relevantes, tais como: responsabilidade
E o que é uma organização íntegra? social, conflito de interesses, políticas de proteção de
O professor Marcelo Coimbra nos ensina que: dados, diversidade e inclusão, etc.
“uma organização íntegra é aquela que consegue Normalmente, as organizações optam por produ-
manter, em cada uma das suas decisões, atividades zir códigos de ética sucintos e de fácil compreensão,
ou ações uma coerência com a sua identidade, nun- favorecendo assim a sua difusão, leitura e aplicação.
ca perdendo de vista os valores que a inspiram e os Na tabela abaixo, trazemos algumas característi-
objetivos que ela deve perseguir, transformando-os cas essenciais na elaboração de um código de ética e/
em ação concreta”. ou conduta:
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SUGESTÕES PARA ELABORAÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA
A maioria das ações inerentes à gestão da ética nas empresas privadas são compatíveis com as empresas
estatais (empresa pública e sociedade de economia mista). Dessa maneira, a principal diferença não está nas fer-
ramentas, e sim no modo como são formalizadas.
Na gestão privada é possível implantar as políticas de integridade de forma mais célere, aplicando as ações
necessárias para empresa. Já na gestão pública, respeitando o princípio da legalidade, as ações não podem ser
pautadas pela vontade da administração ou dos agentes públicos, mas sim deve-se obrigatoriamente respei-
tar a vontade da Lei.
É importante ressaltar que, o princípio da legalidade impõe que o agente público observe, fielmente, todos os
requisitos expressos na Lei.
Nessa lógica, na Administração Pública, a conduta ética é objeto de diversos dispositivos legais, por exemplo:
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
Decreto nº 1.171/1994
O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somen-
te entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas prin-
cipalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
Federal.
Lei nº 13.303/2016
Art. 9º § 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e Integridade, que disponha sobre:
I - princípios, valores e missão da empresa pública e da sociedade de economia mista, bem como orientações sobre
a prevenção de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude;
II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação do Código de Conduta e Integridade;
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de denúncias internas e externas relativas ao descumprimento
do Código de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e obrigacionais;
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias;
V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código de Conduta e Integridade;
VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre Código de Conduta e Integridade, a empregados e
administradores, e sobre a política de gestão de riscos, a administradores.
Outro assunto que entrou para a agenda empresarial, e assim também pode ser cobrado em sua prova, é o
debate da responsabilidade social da empresa.
A responsabilidade social empresarial consiste no conjunto de iniciativas que objetiva o desenvolvimento
sustentável, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista social e ambiental.
Nesta perspectiva, é de suma importância o foco na dimensão ética de suas relações com as partes envol-
vidas, bem como a qualidade dos impactos da organização sobre a sociedade e o meio ambiente.
Para facilitar o entendimento, esquematizamos os principais pontos na figura a seguir:
� Econômico
Desenvolvimento � Social
Sustentável � Ambiental
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Outro assunto já cobrado em concursos, é sobre o modelo inicial de responsabilidade social empresarial
desenvolvido por Carroll, no qual se estabelecem as dimensões da responsabilidade social empresarial em for-
ma de uma pirâmide:
Responsabilidade
Discricionária
Responsabilidade Ética
Responsabilidade Legal
Responsabilidade
Econômica
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Carroll apud Machado Filho (2020).
Atualmente, com os inúmeros casos de corrupção tanto na iniciativa privada quanto na esfera pública, o com-
portamento ético tornou-se central nos debates nas organizações.
Dessa maneira, a tendência é que as organizações (públicas e privadas) mais transparentes tenham mais cre-
dibilidades em seus relacionamentos sociais e empresariais.
Com isso, a criação e a manutenção de um ambiente ético nas organizações contribuem para o fomento de
uma cultura focada na integridade, na qual permite a participação de todos os atores envolvidos, buscando elimi-
nar possíveis fraudes e corrupções.
Por fim, inferimos, que para o sucesso da organização é fundamental o alinhamento de sua estrutura organiza-
cional, a fim de atender a princípios éticos e com respeito à legislação nacional, de modo a que a função social da
organização seja efetivamente cumprida.
HORA DE PRATICAR!
1. (CESGRANRIO – 2013) O Banco do Brasil é considerado um agente financeiro especial do Governo Federal, devido a algu-
mas atividades que desempenha, como a(o):
99
2. (CESGRANRIO – 2015) A autonomia operacional do c) Situação política corrente no Brasil.
Banco Central (BC) tem sido um tema de debate entre os d) Piora das condições macroeconômicas no Brasil.
economistas. Nesse sentido, muitos analistas conside- e) Incerteza futura e maior percepção de risco por parte
ram que a condução da política monetária, atribuição do dos investidores.
BC, pode eventualmente sofrer interferência de instân-
cias superiores do governo, em especial, no estabeleci- 5. (CESGRANRIO – 2018) Para um investidor interessado
mento da meta inflacionária. em aplicar seus recursos financeiros no mercado de
Tal conclusão deriva do fato de que o estabelecimento ações, sua rentabilidade será positivamente afetada
dessa meta é atribuição: pela tendência de valorização das ações na bolsa de
valores. O Ibovespa, índice que acompanha a variação
a) Unicamente do presidente do BC, que pode sofrer média das cotações das ações negociadas na BM&F
pressões para estimular uma meta mais elevada. Bovespa, é um dos mais importantes indicadores do
b) Do Conselho Monetário Nacional (CMN), formado comportamento do mercado acionário brasileiro, sen-
pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, Orça- do utilizado como indicador do comportamento médio
mento e Gestão e pelo presidente do BC. do mercado.
c) Da equipe econômica definida pelo presidente da Considerando-se que o Ibovespa venha mostrando
República, que anualmente se reúne para fixar a meta tendência média de alta nos últimos meses, o evento
inflacionária, e o BC que deve persegui-la através da que, supondo tudo o mais constante, poderia represen-
política de juros. tar uma reversão abrupta dessa tendência e desenca-
d) Do presidente do BC e dos bancos públicos, dentre dear resultados negativos no índice nos movimentos
eles o Banco do Brasil, que definem as taxas de infla- seguintes é a(o):
ção para um prazo de dois anos.
e) Do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a) Aumento da lucratividade média das companhias bra-
sileiras de capital aberto.
a meta inflacionária anualmente e a meta da taxa de
b) Aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, para
juros a ser alcançada para que a taxa de inflação con-
níveis superiores aos esperados pelo mercado.
virja para sua meta.
c) Continuidade do processo de recuperação econômica
3. (CESGRANRIO – 2013) Nos últimos anos, observou- brasileira.
-se que o mercado bancário teve elevado crescimen- d) Redução das taxas de desemprego no Brasil.
to e forte acirramento entre as instituições bancárias e) Redução das taxas de juros reais no Brasil.
no desenvolvimento de suas atividades, aumentando,
6. (CESGRANRIO – 2015) Admita que um empresário
dessa forma, a competição bancária.
brasileiro, acionista majoritário de uma empresa em
Um dos fatores que impulsionaram essa disputa merca-
situação pré-falimentar, venha a ser acusado pelos
dológica, entre as instituições bancárias, surgiu com a:
acionistas minoritários de uso de informação privile-
a) Ausência de interesse nas compras de folhas de giada e manipulação de preços das ações negociadas
pagamento. na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São
b) Redução de taxas de juros dos Títulos Públicos Federais. Paulo (BM&F Bovespa).
O órgão responsável pelo eventual julgamento do pro-
c) Alta das taxas SELIC.
cesso administrativo contra o empresário é o(a):
d) Redução dos níveis de crédito.
e) Falta de garantia do chamado crédito consignado.
a) Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
4. (CESGRANRIO – 2018) A reação dos mercados de b) Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo
câmbio ontem deu uma boa sinalização de qual pode (BM&F Bovespa).
ser o caminho caso Washington intensifique o tom em c) Supremo Tribunal Federal (STF).
relação às relações comerciais dos Estados Unidos d) Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
com o restante do mundo. As moedas emergentes e) Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
recuaram a mínimas em dez dias, segundo dados do
Deutsche Bank, sob peso da queda de divisas corre- 7. (CESGRANRIO – 2018) Os agentes econômicos bem
informados, sejam empresas ou consumidores, estão
lacionadas às matérias-primas – como o rand sulafri-
sempre atentos às decisões do Comitê de Política
cano e o real brasileiro [...]. No Brasil, o dólar fechou
Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, com
em alta de 0,90%, para R$3,290, no maior nível desde o
respeito à fixação da taxa de juros básica de curto
último 9 de fevereiro. Na máxima, a cotação beirou os
prazo (a taxa Selic), porque esta influencia as demais
R$3,30 ao tocar R$3,2966. taxas de juros da economia como um todo. De agos-
CASTRO, J. Dólar deve subir no curto prazo, dizem analistas. Valor to de 2016 a março de 2018, a taxa Selic foi reduzida
Econômico, 15 mar. 2018, p.C2. Adaptado. de 14,25% a.a. para 6,50% a.a., o que, descontada a
inflação anual, significou maior convergência entre as
Em países que adotam o regime de câmbio flutuante, taxas de juros reais brasileiras e internacionais.
as mudanças diárias observadas nas taxas de câmbio Tendo em vista a determinação das taxas de juros
estão relacionadas a diversos fatores. Considerando- básicas de curto prazo num país que adota um regime
-se, no entanto, exclusivamente, a matéria jornalística, de metas de inflação, como o Brasil, os dois fatores
o principal fator que explica a desvalorização do real que justificam a contínua e significativa redução da
brasileiro no movimento diário do mercado de câmbio taxa Selic no país, desde agosto de 2016, foram a(o):
descrito no texto foi a(o):
a) Queda da inflação ao consumidor (IPCA) e o baixo
a) Aumento da oferta de divisas no mercado de câmbio. nível de desemprego no Brasil.
b) Forte intervenção do Banco Central do Brasil no mer- b) Enorme volatilidade do Ibovespa e o ambiente de
cado de câmbio. incerteza nos mercados globais.
100
c) Rápida recuperação em curso da economia brasileira 12. (CESGRANRIO – 2015) Sr. X é gerente de uma agência
e o cenário econômico externo favorável. bancária. Ele recebe o cliente, Sr. W, conhecido empre-
d) Significativo crescimento econômico doméstico e a sário do ramo da construção civil, com inúmeras aplica-
recuperação dos preços das commodities exportadas ções financeiras na agência. Com o passar do tempo,
pelo Brasil. gerente e cliente tornam-se amigos e confidentes. Em
e) Convergência das expectativas de inflação para as determinado dia, o empresário lhe confidencia ter rece-
metas de inflação anuais e os níveis elevados de capa- bido uma proposta de um conhecido para legalizar valo-
cidade ociosa da economia brasileira. res que ele recebia, sem declarar à Receita Federal, e
que adviriam de atividades não autorizadas pela lei.
8. (CESGRANRIO – 2018) No Brasil, quando o Comitê de Diante desse fato, o gerente adverte seu cliente de que,
Política Monetária do Banco Central do Brasil fixa a caso acolhesse a proposta, estaria realizando, em termos
meta anual para a taxa de juros básica de curto prazo de lavagem de dinheiro, o que caracteriza a etapa de:
da economia, tal meta é perseguida mediante compra
e venda de títulos públicos por parte da autoridade a) Ocultação.
monetária, cujo processamento é efetivado pelo (a): b) Conclusão.
c) Multiplicação.
a) Sistema de Compensação Bancária. d) Integração.
e) Manutenção.
b) Sistema Brasileiro de Pagamentos.
c) Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos
13. (CESGRANRIO – 2013) Um gerente participa de pro-
Privados.
cesso de treinamento sobre títulos de créditos e
d) Sistema Especial de Liquidação e Custódia.
garantias do Sistema Financeiro Nacional. Durante
e) Sistema Geral do Mercado Aberto.
a avaliação dos itens abordados no treinamento, o
gerente, que se dedicou com afinco aos estudos, res-
9. (CESGRANRIO – 2015) As instituições financeiras não
ponde, apropriadamente, que o aval, nos termos do
bancárias são aquelas que não podem criar moeda
Código Civil:
escritural, mas são relevantes no sistema financeiro
nacional. Entre elas, encontram-se as seguintes:
a) Gera direito de regresso contra o avalizado em caso de
pagamento pelo avalista.
a) Sociedade de Fomento Mercantil e Banco de Câmbio. b) É garantia típica dos contratos bancários.
b) Companhias Hipotecárias e Banco de Desenvolvimento. c) Pode ser parcial quando firmado em título de crédito.
c) Cooperativas de Crédito e Bancos de Investimentos. d) Pode ser considerado até declaração judicial quando
d) Banco de Investimento e Caixa Econômica. cancelado.
e) Sociedade de Arrendamento Mercantil e Sociedades e) Deve ser subscrito exclusivamente no anverso do
Seguradoras e de Capitalização. título.
10. (CESGRANRIO – 2013) No Brasil, a condução e a ope- 14. (CESGRANRIO – 2015) Sr. W, após longa carreira no
ração diárias da política monetária, com o objetivo de Banco Z&Z S.A., passa a chefiar uma equipe numero-
estabilizar a economia, atingindo a meta de inflação e sa de colaboradores, sendo instado pelas altas ins-
mantendo o sistema financeiro funcionando adequa- tâncias da instituição financeira a aumentar o nível
damente, são uma responsabilidade do(a): de produtividade individual. Com esse objetivo, ele
realiza pesquisas sobre as necessidades e os desejos
a) Caixa Econômica Federal. dos funcionários e realiza diversas sessões de trei-
b) Comissão de Valores Mobiliários. namento. Ao aplicar os conhecimentos nas relações
c) Banco do Brasil. concretas, resolve criar um ritual, ao final de cada
d) Banco Central do Brasil. expediente laboral, elegendo o funcionário mais pro-
e) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e dutivo e o mais improdutivo do dia. Para o vitorioso
Social. funcionário, outorga uma barra de chocolate fino; para
o outro, a inclusão em quadro de avisos, com o seu
11. (CESGRANRIO – 2015) O Pacto Global das Nações nome em letras garrafais. Sra V, após um mês sendo
Unidas (UNGC) desempenha um relevante papel para classificada em último lugar, começa a chorar, causan-
estabelecer parâmetros centrais para o desenvolvi- do comiseração nos seus colegas, que passam a cri-
mento de ações relacionadas à gestão da sustentabi- ticar o método do gerente e levam o caso à Comissão
lidade, dentre outras dimensões. de Ética do Banco.
É um princípio do UNGC, para as empresas, relaciona- Nesse caso, de acordo com o código de Ética do Ban-
do à dimensão sustentabilidade o(a): co do Brasil, tais fatos são:
a) Combate à corrupção em todas as suas formas, inclu- a) Adequados, uma vez que é assegurada às chefias
sive extorsão e propina. completa liberdade para utilização de métodos que
b) Respeito à proteção de direitos humanos reconheci- levem aos objetivos preconizados.
dos internacionalmente. b) Adequados, uma vez que propiciaram aos funcioná-
c) Eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou rios treinamento e motivação, elementos que inte-
compulsório. gram o rol das atividades próprias da instituição sem
d) Apoio à liberdade de associação e de negociação limitações.
coletiva. c) Essenciais para um adequado desenvolvimento do
e) Incentivo ao desenvolvimento e à difusão de tecnolo- trabalho, uma vez que haja uma Comissão de Ética
gias ambientalmente amigáveis. externa.
101
d) Inadequados, uma vez que são repudiadas as ativida- Não sendo a instituição integrante de um conglome-
des de qualquer natureza que caracterizem assédio no rado financeiro, não poderá o diretor, nos termos da
ambiente de trabalho. citada Circular, exercer função relativa à:
e) Inadequados, uma vez que analisar os atos sob a pers-
pectiva empresarial revela-se essencial para aferir a a) Gerência de contas de pessoas jurídicas.
sua regularidade. b) Comissão governamental.
c) Avaliação de recursos humanos.
15. (CESGRANRIO – 2014) O Banco Y, motivado por pes- d) Administração de recursos de terceiros.
quisas internacionais, lança no mercado brasileiro um e) Participação em entes associativos.
produto que se destaca pelo pioneirismo em propor-
cionar lucro acima da média para a instituição finan- 19. (CESGRANRIO – 2013) O Fundo Garantidor de Cré-
ceira e, também, para o cliente que resolver aportar dito foi criado para, dentre outras finalidades, pro-
recursos.
teger depositantes e investidores no âmbito do
sistema financeiro, até os limites estabelecidos pela
Tal iniciativa estaria em conformidade com o Código
regulamentação.
de Ética do Banco do Brasil por propiciar ao cliente um
produto:
Tal fundo é pessoa jurídica caracterizada como:
a) Inovador.
b) Lucrativo. a) Sociedade por ações.
c) Gerenciado. b) Sociedade de economia mista.
d) Disputado. c) Autarquia especial.
e) Necessário. d) Associação civil.
e) Empresa financeira.
16. (CESGRANRIO – 2014) Um casal possui contas sepa-
radas em uma mesma agência bancária. A mulher, 20. (CESGRANRIO – 2015) Ao chegar à sua agência, um
curiosa quanto aos gastos do marido, segundo ela, cliente percebe que há muitas filas nos caixas. Enquan-
excessivos, procura o gerente do Banco para pedir to aguarda o gerente, ouve reclamações de outros dois
informações sobre a movimentação financeira do côn- clientes que também esperam atendimento. Ambos
juge. O gerente, no entanto, aduz que somente pode comentam que, em dias de forte movimento, o serviço
permitir-lhe o acesso aos dados bancários mediante prestado na agência fica péssimo. Ele tem a sensação
autorização do correntista titular. de que a atenção recebida não é a mesma de outras
experiências naquele banco. Um dos motivos é que, ape-
Nos termos do Código de Ética do Banco do Brasil, o sar de cortês, o gerente é direto e rápido em seu atendi-
gerente estaria: mento, sem conversar tanto como nas vezes anteriores.
a) Protegendo o direito de imagem do correntista diante A experiência desse cliente é um exemplo de como as
da curiosidade da esposa. características dos serviços influenciam o atendimen-
b) Burlando o dever de cortesia que permite o acesso to bancário, pois demonstra que a:
preconizado pela cliente.
c) Violando a lei que permite o acesso de familiares às a) Percepção do cliente é afetada pela variabilidade dos
contas de todos os membros da família. serviços, causada pela irregularidade da demanda.
d) Perdendo uma oportunidade de negócios, deixando de
b) Simultaneidade do atendimento e do recebimento dos
agradar à cliente.
serviços provoca o aumento da demanda nas agências.
e) Assegurando o sigilo da operação bancária, que deve
c) Agência foi influenciada pelo gerente, que não admi-
ser protegido no caso.
nistrou o atendimento de maneira eficaz e eficiente.
d) Intangibilidade dos serviços é um fator que dificulta o
17. (CESGRANRIO – 2015) O combate à lavagem de
atendimento aos clientes em dias de movimento.
dinheiro tem se disseminado no mundo, tendo o rápi-
do desenvolvimento de sofisticadas organizações e) Perecibilidade dos serviços sempre provocará impac-
criminosas que utilizam o sistema financeiro para legi- tos negativos na visão dos clientes bancários.
timar as suas atuações originariamente ilícitas.
9 GABARITO
De acordo com a Lei Federal nº 9.613/1998, o crime
de lavagem, atualmente, caracteriza-se, entre outras
ações, por ocultar valores decorrentes de atos consubs- 1 C
tanciados como:
2 B
a) Infrações administrativas. 3 B
b) Infrações penais.
c) Multas mobiliárias. 4 E
d) Sanções do Banco Central.
e) Ilícitos civis. 5 B
6 E
18. (CESGRANRIO – 2015) Sr. Q é diretor executivo do
Banco LX & T, tendo sido designado para ser respon- 7 E
sável pela implementação das medidas previstas na
Circular do Bacen no 3.461/2009, bem como pelas 8 D
comunicações aos órgãos nela indicados para a pre- 9 B
venção da lavagem de dinheiro.
102
10 D
11 E
12 A
13 A
14 D
15 A
16 E
17 B
18 D
19 D
20 A
103