Resenha Noções de Direito Administrativo

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Curso: Pós-graduação em Direito Administrativo

Disciplina: Direito e Atos da Administração Pública Direta e Indireta

Resenha: Noções do Direito Administrativo

O conceito do Direito Administrativo veio, ao longo dos anos, evoluindo,


cada vez mais se aperfeiçoando e englobando toda as nuances que cabem
àquele, passando pelo enfoque na função administrativa, no objeto e nas
relações jurídico-administrativas. De uma forma resumida, pode-se dizer que o
conceito do direito administrativo precisa se basilar em três pontos principais:
trata-se de um ramo do direito público; trata-se de um conjunto de normas e
princípios; visa regulação do exercício da função público. No tocante ao objeto
deste ramo do direito, é caracterizado pelo critério funcional (também conhecido
por escola funcional), tendo como objeto a disciplina normativa da função
administrativa.

Ainda no campo da conceituação, pode-se dizer que Administração


Pública seria o conjunto de órgãos e funções que exercem a atividade do Estado,
atuando com o fim de fazer com que os objetivos governamentais possam ser
alcançados. A administração pública pode ser dividida em direta e indireta.

A administração pública direta é o próprio ente da Federação, com toda


sua máquina estatal, fazendo parte desta estrutura temos a União, os estados,
o Distrito Federal e os municípios, abrigando apenas pessoas jurídicas de direito
público. Já a administração pública indireta tem seus entes descritos no Decreto-
Lei nº 200/67, em seu art. 4º, II, sendo eles: as autarquias; as empresas públicas;
as sociedades de economia mista; as fundações públicas. Esta segunda abarca
não somente pessoas jurídicas de direito público, mas também de direito privado.

Diz-se por fontes de um direito, os fatos jurídicos que originam as normas


jurídicas, sendo fato jurídico todo acontecimento de origem humano ou natural
que gera consequências jurídicas. As fontes podem ser divididas em
primárias/diretas e secundárias/indiretas, no Direito Administrativo a Lei (em
sentido amplo) é a fonte direta, já quanto as fontes indiretas, tem-se a doutrina,
a jurisprudência e os costumes.
Os princípios, como fonte valiosa do Direito Administrativo, acabam por
se tornarem de suma importância, visto que é um ramo que não é codificado,
ficando os princípios responsáveis pela função sistematizadora e unificadora das
leis administrativas. Os princípios possuem dupla função, quais sejam: função
hermenêutica, na qual são utilizados para esclarecerem conteúdos de
determinada norma; função integrativa, no sentido em que também servem para
suprir lacunas normativas (na falta de legislação expressa). Pode-se elencar dois
supraprincípios no Direito Administrativo, visto que estes são basilares e deles
derivam todos os outros princípios aplicados a este ramo do direito, refletindo a
dualidade permanente no exercício da função administrativa (Poderes da
Administração X Direitos dos administrados), sendo eles: a supremacia do
interesse público (sobre o interesse privado), onde os interesses da coletividade
são mais importantes que os interesses individuais, e a indisponibilidade do
interesse público, que é materializada através dos agentes públicos, sendo
vedado a renúncia destes poderes, bem como transacioná-los em juízo.

Além dos supraprincípios, importante elencar alguns outros princípios do


Direito Administrativo que são de extrema valia, quais sejam: o princípio da
Legalidade, o da Impessoalidade, o da Moralidade, o da publicidade e o da
Eficiência, todos previstos no Art. 37, caput, da Constituição Federal. Estes
princípios devem ser seguidos pela administração pública direta ou indireta, de
qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios.

O princípio da Legalidade dispõe que a ação do administrador público


deve estar pautada, obrigatoriamente, na lei, não podendo agir ou se omitir sem
um respaldo legal. O princípio da Impessoalidade impõe que a administração
pública deve ser neutra em relação a população, não podendo ajudar ou
prejudicar qualquer indivíduo. O princípio da Moralidade traz a obrigatoriedade
em seguir as regras e as normas de conduta, definidas pela legislação. O
princípio da Publicidade visa garantir a transparência da administração pública,
fazendo com que todos os seus atos praticados e todas as informações nos
bancos de dados sejam devidamente publicados. Por fim, o princípio da
Eficiência presa pela qualidade do serviço prestado pela administração pública,
evitando desperdícios e atingindo metas.
Apesar da tentativa de se aplicar o modelo gerencial na Administração
Pública no Brasil, tem-se por certo que o modelo predominante em nosso país é
o burocrático, sendo caracterizado pela existência de relações hierarquizadas de
órgãos e agentes, seleção baseada em critérios técnicos, estrito seguimento a
legalidade, dando ênfase aos processos e aos ritos.

Os atos administrativos são as declarações jurídicas do Estado ou de seus


representantes legais, onde, a Administração pública, busca, de forma unilateral,
se manifestar para resguardar, adquirir, transferir, extinguir, modificar ou declarar
direitos, ou ainda, impor obrigações a si ou aos seus administrados. Um ato
administrativo pleno precisa ter cinco requisitos básicos, quais sejam:
competência, que diz respeito a quem está praticando tais atos, precisando ser
um agente público que possua poder legal para desempenhar aquela conduta;
finalidade, onde a busca do interesse público deve ser o norte para a feitura do
ato administrativo; forma, visto que os atos administrativos devem ser formais,
em regra de forma escrita e pública; motivo, sendo esta a situação que
determinou a necessidade ou possibilidade da criação do ato; objeto, que trata-
se do conteúdo do ato, sendo a alteração jurídica que o ato causará. A falta de
um destes requisitos pode acarretar na anulação ou revogação do ato. Ademais,
os atos administrativos tem como características a presunção de legitimidade, a
imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade.

O Direito Administrativo se mostra relevante no dia-a-dia de todos os


cidadãos, sendo necessário para manter organização em nossa sociedade. Já
na seara jurídica, vem a se relacionar com vários ramos do Direito, como: direito
processual civil, econômico, urbanístico, ambiental, empresarial, internacional,
tributário, financeiro, direito penal, processual penal, do trabalho e, em especial,
com o Direito Constitucional.

São dois os sistemas de administrativos, o sistema de jurisdição uma


(também conhecido por modelo inglês) e o sistema de contencioso
administrativo (também conhecido por modelo francês). No Brasil, o sistema
aplicado é o modelo Inglês, onde todas as causas são julgadas pelo judiciário,
incluindo as causas de interesse da Administração Pública, tendo previsão legal
no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.
A codificação da legislação passa por três estágios, quais sejam:
legislação esparsa, a consolidação e, por fim, a codificação em si. O direito
administrativo brasileiro encontra-se no primeiro estágio, na legislação esparsa,
onde as normas são distribuídas em várias leis, onde não há uma
sistematização. A busca por uma codificação visa uma maior segurança jurídica,
previsibilidade de decisões e um melhor controle na atuação estatal. Em regra,
a competência para legislar em matéria de Direito administrativo é concorrente
entre a União, Estados, DF e Municípios.

A função administrativa pode ser conceituada como a atividade que é


exercida preponderantemente pelo Poder Executivo, sendo esta sua função
típica, de caráter infralegal, com a utilização de prerrogativas instrumentais. Tal
função não pode ser confundida com a Função de Governo, atividade esta que
é diretiva do Estado, ou seja, atividade utilizada na condução de altos interesses
da coletividade, sendo um ato político, advindo diretamente da Carta Magna.

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