Medidas de Impedância
Medidas de Impedância
Medidas de Impedância
Resumo – Os transformadores são submetidos as mais diversas solicitações durante sua vida útil. O
tempo de interrupção do fornecimento de energia é resultado direto da gravidade da ocorrência quando
ocorrem falhas nos transformadores. Deste modo, o conhecimento adequado de alguns sintomas, suas
causas e efeitos são de suma importância, pois permite evitar a evolução de problemas indesejáveis com
prejuízos financeiros elevados. As principais avarias dizem respeito a deformações dos enrolamentos sejam
por má compactação das bobinas, ou deformações causada por estresses de origem elétrica, térmica,
mecânica e química, que podem levar a falhas graves com a indisponibilidade do equipamento, ou mesmo
falhas conseqüentes de curtos circuitos no sistema elétrico de potência. A medida da impedância de curto
circuito é feita como parte do testes de tipo e rotina na fábrica. Este trabalho propõe a utilização desta
medida como método a ser utilizado para diagnosticar o estado dos enrolamentos, agregado ao programa
de manutenção do equipamento. Dessa forma, devemos incorporar além do ensaio de Impedância de Curto
Circuito, a medida de Reatância de Dispersão nos programas de manutenções periódicas de
transformadores.
1 INTRODUÇÃO
Os transformadores de potência são equipamentos muito importantes nos sistemas elétricos de potência, por
isso, a retirada não planejada de operação destes equipamentos, decorrente de falhas, além de causar uma
longa interrupção no fornecimento de energia elétrica, com a conseqüente perda de confiabilidade, ocasiona
grandes prejuízos para as empresas do setor elétrico. Estes prejuízos referem-se aos danos ao equipamento
em si e às conseqüências operacionais que independente da intensidade da falha ocorrida, da demora na
reposição do equipamento e da interrupção do fornecimento de energia, trarão conseqüências sociais
incalculáveis com custos para os consumidores, além de trazer grandes prejuízos a empresa de energia
elétrica, com o pagamento de Parcela Variável em vigor.
Durante o regime normal de operação do transformador, é de vital importância a detecção precoce de todo
processo que pode levar a uma falta iminente na sua isolação elétrica, pois esta fica sujeita a vários tipos de
estresses.
Os mais importantes que podem ser destacados são os de origem elétrica, térmica, mecânica e química. Estes
estresses podem surgir separadamente, ou simultaneamente, levando à deterioração irreversível das várias
características da isolação.
Por estes motivos, diversas técnicas de monitoramento e detecção de faltas incipientes em transformadores
de potência têm sido estudadas e implementadas nos últimos anos, com a finalidade de evitar a ocorrência de
falhas ou mitigar seus efeitos.
A medição da impedância de curto circuito é feita como parte dos testes realizados na fábrica, antes do
equipamento ser enviado para o cliente. A reatância de dispersão pode ser calculada a partir da impedância
de curto circuito. A diferença entre a relação de dispersão medida nas três fases deve estar dentro dos 3% do
valor calculado, a partir do teste em fábrica da impedância de curto circuito. Entretanto, a porcentagem da
impedância de curto circuito não deve variar mais que 1% a partir dos resultados medidos do equipamento
em boa condição.
Sendo:
Pk = medida das perdas no curto circuito, e
Uk = medida da tensão no curto circuito
Com a medida das impedâncias no teste apresentado pode-se obter informações sobre deslocamentos dos
enrolamentos, alterações das distâncias entre os enrolamentos e entre os enrolamentos e núcleo magnético.
O teste da reatância de dispersão é realizado com um curto circuito no enrolamento de baixa tensão, e
aplicando uma tensão teste nos enrolamentos de alta tensão. Esse procedimento é adotado para minimizar os
efeitos da reatância de magnetização [5]. Alterações observadas na reatância de dispersão servem para
indicação de movimento das bobinas e problemas estruturais (cunha deslocada, empeno, etc.). Este teste não
substitui testes de corrente de excitação ou testes de capacitância, porém os complementam nas informações
de diagnóstico e são freqüentemente utilizados em conjunto.
O teste de corrente de excitação conta com a relutância magnética do núcleo enquanto o teste de reatância de
dispersão implica a relutância magnética do canal de dispersão entre os enrolamentos.
(a) (b)
Figura 3 – Disposição física dos enrolamentos (a) e forças geradas em um transformador (b)
Essas forças atuam radialmente para fora nos enrolamento externos e radialmente para dentro nos
enrolamentos internos. Desta forma tendem a separar os enrolamentos de baixa tensão dos enrolamentos de
3
alta tensão. Os enrolamentos de baixa tensão são empurrados na direção do núcleo. O enrolamento de alta
tensão é esmagado sobre si mesmo.
As deformações sofridas pelos enrolamentos devido às forças que atua neles podem afetar a trajetória do
fluxo de dispersão, as quais por sua vez podem dar como resultado uma mudança na reatância de dispersão
medida.
3.1 Correlação entre Faltas e Parâmetros de Transformadores de Potência
Um transformador, ao sofrer uma falta grave, é possível que haja alteração nos seus parâmetros físicos,
principalmente capacitâncias e indutâncias.
Um modelo proposto por ISLAM [2] pode ser utilizado para entendermos melhor os principais parâmetros
que compõe o enrolamento de transformadores de potência. A Figura 4 mostra o modelo proposto com os
componentes do circuito.
Onde:
Cs – Capacitância Série
Cg – Capacitância Shunt ou geométrica
L – Indutância própria e mútua
R – Resistência de entrada e saída do instrumento de teste
Cb – Capacitância das Buchas
V – Sinal de Excitação do instrumento de teste.
4
Como mencionado anteriormente, o transformador ao sofrer uma falta, seja de natureza elétrica ou mecânica,
pode modificar significativamente seus parâmetros. A tabela 1 mostra os principais parâmetros que são
modificados devido a algumas faltas de natureza elétrica e mecânica [2], [3] e [4].
O diagrama de equivalente da função de transferência pode ser visto na figura 6, onde Rac(f) é a parcela
resistiva dependente da freqüência.
5
Figura 6 – Diagrama do circuito equivalente
7
Figura 10 – Resultado da medida de resistência variando a freqüência para transformador com defeito na
fase C
No entanto, de acordo com o registrado no procedimento proposto e depois de inspecionar o defeito da fase
C, tem-se a ocorrência de sobreaquecimento em dois locais onde a fiação é transposta e onde agora se vê um
curto circuito. A figura 11 mostra o enrolamento medido.
7 REFERÊNCIAS
[1] M. E. C. Paulino, M. Krüger, “Dianóstico de Transformadores – a Experiência Prática utilizando
Métodos Simples com Medida de Resistência de Enrolamento, Testes do Comutador sob Carga, de
Relação, da Reatância de Dispersão, da Capacitância e da Medida de Fator de Dissipação”. Anais do
SENDI 2004 - XVI Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica , Brasília, DF, Brasil, 2004.
[2] ISLAM, S. M. Detection of Shorted Turns and Winding Movements in Large Power Transformers
Using Frequency Response Analysis. In: IEEE POWER ENGINEERING SOCIETY WINTER
MEETING. [S.1], v. 3, p. 2233-2238, 2000.
[3] HERSZTERG, K. S. Desenvolvimento de um Modelo Matemático para Enrolamentos de
Transformadores: Uma Abordagem Analítica da Resposta em Freqüência. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Elétrica) – COPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
[4] RYDER, S. Diagnosing Transformer Faults Using Frequency Response Analysis. IEEE Electrical
Insulation Magazine, v. 19 n. 2, p. 16-22, 2003.
[5] LACHMAN, M. F. Doble Engineering, Y. N. Shafir, ZTZ Service Company, “Low Voltage Single-
Phase Leakage Reactance Measuremente on Transformers – Influence of Magnetizing Reactance, Parte
II”.
8
[6] Manual de Referência CPTD1- CPC100TD1.PR.1 - OMICRON electronics GmbH.
8 SOBRE OS AUTORES
Marcelo Paulino é Engenheiro Eletricista pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá – EFEI. Atualmente é Gerente
Técnico da Adimarco Representações e Serviços LTDA. É instrutor certificado pela OMICRON eletronics. Instrutor
convidado do Curso de Especialização em Proteção de Sistemas Elétricos CEPSE e Curso de Especialização em
Manutenção de Sistemas Eletricos CEMSE, ambos da UNIFEI-Itajubá. Coordenador do GT B5 32 – Functional
Testing of IEC 61850 based Systems do CE B5 do Cigré-Brasil. Secretário do CE 03:057-10 (COBEI / ABNT) -
Comunicação entre Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (IED) e módulos de dados associados.
Antonio Nunes é Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Especialista em Manutenções de
Equipamentos de Subestações de Extra Alta Tensão. Especialização em Sistemas de Potência UNB. Possui 30 anos
de experiência em empresa de energia elétrica, atuando na manutenção de equipamentos, montagem e
comissionamentos de subestações seccionadoras e abaixadoras de energia elétrica.
Vanessa Beltrão é Engenheira Eletricista pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Atualmente é engenheira -
Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A e instrutora da Universidade Corporativa Eletronorte. Tem experiência na
área de Transmissão da Energia Elétrica, atuando principalmente nos temas de Gerenciamento da Manutenção,
Ensaios Elétricos, Análise de Ocorrências e Pesquisa de Novas Metodologias para Diagnóstico em Equipamentos de
Subestação.