Utilização Da Simulação de Monte Carlo Na Gestão de Estoques
Utilização Da Simulação de Monte Carlo Na Gestão de Estoques
Utilização Da Simulação de Monte Carlo Na Gestão de Estoques
10.37885/200801053
RESUMO
REVISÃO DE LITERATURA
Nesta seção é apresentada a revisão bibliográfica dos principais temas abordados no trabalho:
Tomada de decisão, o processo de simulação e o método de Monte Carlo.
Tomada de decisão
O processo de simulação
Podem-se enumerar muitas razões para justificar o uso da simulação. Entre elas destacam-se:
a) Por ser impossível ou muito oneroso observar diretamente certos processos no mundo real.
Por exemplo, o estudo da sincronização de sinais de trânsito de uma certa via poderia ser
realizado de maneira experimental, ajustando-se sucessivamente os semáforos e verifican-
do-se as consequências em termos de congestionamento, acidentes etc. É evidente que esse
processo não pode ser implementado na prática e a alternativa é criar modelos das situações
reais (número e características das vias, intensidade e tipo de trânsito etc.) para testes em
Uma das vantagens claras na utilização da simulação é a conseguir alterar determinados pa-
râmetros do sistema e observar o resultado, servindo, ao final, como auxílio na tomada de decisão
sobre futuras alterações no sistema real.
Do ponto de vista de Law e Kelton (2000), as vantagens da simulação são as seguintes:
- Sistemas complexos que contenham elementos estocásticos que não conseguem ser trata-
dos adequadamente por técnicas analíticas podem ser, na maioria das vezes, estudados por
simulação;
- Fornece um controle melhor sobre as condições experimentais do que seria possível na
experimentação no sistema real;
Autores como Chung (2004) destacam outras vantagens na utilização do modelo por simulação:
- A experimentação pode ocorrer em um curto período de tempo, em virtude do apoio com-
putacional;
- Menor necessidade de análise, uma vez que os pacotes de softwares disponíveis no mercado
facilitam a análise dos dados;
- Facilidade da demonstração dos modelos, em virtude da alta capacidade gráfica dos pacotes
de softwares disponíveis no mercado para a simulação.
Desvantagens da simulação
Durante o processo de simulação do sistema, deve-se ter uma atenção redobrada para que
o modelo seja o mais fiel possível. Caso isso não aconteça, os resultados encontrados não serão
confiáveis. Robinson (2004) descreve outras desvantagens:
- Custo elevado, uma vez que o software tem um alto custo de aquisição;
Características do método
METODOLOGIA
De acordo com Chwif & Medina (2007), o desenvolvimento de um modelo de simulação com-
põem-se de três grandes etapas:
a) Concepção ou formulação do modelo. Nesta etapa tem-se o entendimento do sistema a
ser simulado. É necessário discussões do problema com os especialistas do setor e então
ocorre a definição do escopo. Neste momento são também coletados os dados de entrada,
certificando-se da importância que a qualidade destes tem em todo o modelo. Faz-se então
a representação do Modelo Abstrato (que está na mente do analista) utilizando técnicas ade-
quadas. Esta representação trará um Modelo Conceitual;
b) Implementação do modelo. Neste momento, através do Modelo Conceitual é desenvolvido o
Modelo Computacional utilizando um software de simulação comercial. O modelo computacional
deve então ser comparado frente ao modelo conceitual para sua avaliação, ou seja, se o mo-
delo está condizente com o sistema real. Durante este procedimento são feitas as validações
(relativo ao modelo) e as verificações (relativo ao comportamento do modelo no computador);
c) Análise dos resultados do modelo. Nesta etapa o modelo computacional está pronto para
a) Formulação do problema
Uma empresa revendedora de pneu trabalha com certo tipo de pneu, cuja demanda diária é
de 40 unidades, com distribuição dada pela figura 2.
O contrato do revendedor com o fabricante garante uma entrega semanal de 240 unidades
(semanas de 6 dias úteis). Porém, o fabricante está tendo dificuldades de transporte, o que acarreta
possíveis atrasos aleatórios na entrega. A experiência tem mostrado que o atraso médio é de dois
dias, com uma distribuição de probabilidades mostrada na figura 3.
A implementação
Simulações
A partir do modelo conceitual, foi desenvolvido um modelo computacional. A planilha para si-
mulação da demanda pode ser construída conforme a figura 5. Observa-se que foi construída uma
função cumulativa de probabilidades que é utilizada para a simulação dos valores da demanda.
No exemplo, foi gerado a demanda para 10 dias. A função PROCV, que está carregada em
todas as células da coluna “Simulação da Demanda” na figura 5, toma um número aleatório e procura
localizar o valor na terceira coluna da “Matriz_tabela”.
Com o auxílio dessas tabelas, pode-se aplicar o método de Monte Carlo ao problema de esto-
que. Vamos considerar, nesse exemplo, que o estoque inicial seja de 240 pneus. Como o fabricante
entrega a cada 6 dias, as datas finais de entrega seguem a seguinte lógica:
A figura 8 mostra a simulação das datas reais de entrega dos pneus encomendados, levando
em conta os atrasos aleatórios. A partir desses dados, foi feita a simulação dos custos de estocagem
e falta, como pode ser observado na figura 8.
Como foi realizada a simulação de demanda para os 50 dias (figura 6), basta verificar o dia em
específico para buscar o valor da demanda diária (presente na planilha da figura 9).
O nível de estoque será calculado seguindo a regra:
Nível de estoque = Estoque inicial + Estoque anterior – demanda diária
(cálculo do nível de estoque – eq. II)
Os custos relativos aos elementos do estoque já foram informados no enunciado e seguem os
Na figura 9, é possível observar os resultados obtidos ao alteramos o estoque inicial (tabela 1).
Neste caso, é possível observar que, à medida que alteramos o estoque inicial, o custo de
estocagem e de falta de estoque sofrem os reajustes. Portanto, existem situações onde o custo de
estocagem é maior do que o custo de falta de estoque e casos inversos. O ideal é que se encontre
um meio termo para que uma tomada de decisão seja realizada.
A questão que a empresa quer decidir é a quantidade de pneus que o fabricante deve entregar
a cada 6 dias.
Na planilha da figura 9 são simuladas duas variáveis aleatórias: a demanda diária e os dias de
atraso na entrega (que determinam a data efetiva de entrega).
No caso, foram realizadas 50 simulações com o objetivo de calcular o “Custo de estoque”,
quando há estoque positivo e o “Custo de falta”, quando o estoque torna-se negativo.
As simulações possibilitam calcular os “Custos Médios Diários”, conforme é mostrado na figura 10.
Pela análise da figura 11, é possível concluir que a melhor política para a empresa é receber
250 pneus a cada 6 dias, por ser a política que resulta no custo total mínimo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo demonstrou a aplicação da simulação como uma técnica que proporciona aos
seus usuários maior embasamento na tomada de decisões. Por meio da simulação é possível prever
as consequências de certas alterações nos processos e, dessa forma, analisar a viabilidade destas
sem ter de testá-las no sistema real, o que aumenta a probabilidade de se fazer a melhor escolha.
REFERÊNCIAS
CHUNG, A. A. Modeling Handbook: A practical approach. Boca Raton: CRC Press, 2004.
LAW, A. M. & KELTON, W. D. Simulation modeling and analysis. 3. Ed. McGraw-Hill Higher Edu-
cation, 2000.
ROBINSON, STEWART. Simulation: the practice of model development and use. Chichester: John
Wiley & Sons, 2004.