Victor Nogueira Lima: Dissertação de Mestrado
Victor Nogueira Lima: Dissertação de Mestrado
Victor Nogueira Lima: Dissertação de Mestrado
Dissertação de Mestrado
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2019
Victor Nogueira Lima
Ficha Catalográfica
Palavras-chave
Concreto reforçado com fibra; Fluência; Estabilidade de fissuras
Abstract
displacement rate in FRC specimens. The material was first characterized under
three and four-point bending tests in notched prismatic specimens. For the creep
tests, the specimens were pre-cracked to 0.5 mm, and then tested under constant
load during 45 days. In order to better understand the related mechanisms, creep
tests were also carried on single fibers and in a fiber pullout configuration.
Analyzing the creep tests results, it was verified that the COD rate is an interesting
tool to evaluate the long-term behaviour of the cracked FRC and to define a stability
criterion. In addition, it was found that concrete incorporating macro synthetic
fibers presents higher creep deformations and higher creep rate than concrete
reinforced with steel fibers. This can be explained by the different fiber-matrix bond
characteristics, analyzed by monotonic and sustained load pullout tests, and by the
compression response of the composite. Finally, the residual properties of creep
tested specimens were determined by monotonic flexural tests performed in the
FRC specimens after the creep tests.
Keywords
Fiber Reinforced Concrete; Creep; Crack Growth
Sumário
1. Introdução 21
1.1. Motivação 22
1.2. Objetivos 23
2. Revisão Bibliográfica 24
2.6. Conclusão 60
3.1. Introdução 62
3.2. Programa experimental 62
3.2.5. Fibras 69
3.4. Conclusão 82
4.1. Introdução 84
6. Conclusão 154
Apêndice A 174
Apêndice B 178
Lista de Figuras
Arthur Schopenhauer
1. Introdução
1.1. Motivação
1.2. Objetivos
discretas como reforço de matrizes cimentícias, com ênfase para a aplicação de fibra
de polipropileno e aço em concretos. São destacados trabalhos relacionados à
utilização dessas fibras, o comportamento da interface fibra-matriz, o desempenho
mecânico e o comportamento de longo período de concretos reforçados com fibras
discretas.
O Capítulo 3 apresenta os materiais utilizados para produção dos concretos,
bem como a caracterização da matriz no estado fresco e endurecido. Além disso,
traz a caracterização das fibras em termos da sua resistência à tração e
microestrutura.
O Capítulo 4 descreve o desenvolvimento dos compósitos e a caracterização
mecânica dos concretos reforçados com fibra de aço e polipropileno submetidos à
flexão. Também traz a avaliação da interface fibra-matriz.
No Capítulo 5 são apresentados os resultados experimentais e as discussões
acerca dos ensaios de retração e de fluência em todas as escalas avaliadas.
No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos
futuros.
2. Revisão Bibliográfica
Figura 2.2 – Esquema do comportamento do CRF à tração em comparação com o concreto comum
(com base em [29])
O strain softening, por outro lado, é uma propriedade na qual a tensão de tração
diminui para uma tensão residual de pós-fissuração à medida que a deformação
aumenta, e é caracterizada pela formação de uma única fissura localizada [42]. Estas
duas propriedades podem ser distinguidas pela determinação da fração volumétrica
que define a transição entre os dois fenômenos para um determinado tipo de fibra e
mistura. Esta fração volumétrica de transição é definida como o volume crítico de
fibra (Vcr), e se o volume de fibra (Vf) adicionado à mistura for maior que o volume
crítico de fibra, o strain hardening ocorrerá após o surgimento da primeira fissura.
Se o volume de fibra adicionado à mistura for menor do que o volume crítico, o
strain softening ocorrerá [10,18].
Uma vez que o material tenha atingido a sua resistência máxima de pós
fissuração, ocorre a falha. Como expresso anteriormente, esta falha pode ser devida
a dois fenômenos: ruptura de fibras, como resultado das concentrações de tensão,
ou arrancamento de fibras da matriz. A ruptura da fibra ocorre quando a resistência
da ligação fibra-matriz é maior que a resistência da fibra [43]. A ruptura da fibra é
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geralmente associada ao CRF reforçado com fibras sintéticas, mas também pode
ocorrer em fibras de aço utilizadas em matriz de concreto de alta resistência [44].
A ruptura da fibra é normalmente associada a uma falha frágil. Por outro lado, o
arrancamento da fibra ocorre quando a resistência de ligação entre a fibra e a matriz
circundante é excedida. Neste caso, a resistência à propagação de fissuras é
fornecida por forças de atrito entre as fibras e a matriz de concreto, podendo existir
acréscimos de resistência associados a ancoragem mecânica de algumas fibras. O
arrancamento é normalmente associado à uma falha mais dúctil quando comparada
à ruptura da fibra [18].
Modelos para prever analiticamente a relação tensão-deformação do CRF
submetido a tensão de tração, para diferentes frações volumétricas de fibra, foram
desenvolvidos por alguns pesquisadores: Lim et al. [10], Li et al. [45] e Vrech et
al. [46].
Figura 2.4 – Relação entre a resposta à tração e a resposta à flexão do CRF (baseada em [29])
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(a) (b)
Figura 2.5 – Zona de Transição Interfacial (ITZ): (a) Representação esquemática da zona de
transição (baseada em [29]); e (b) imagem do MEV apresentando a ZTI perto da fibra [29].
Mindess [43] mostraram inclusive que a ZTI pode ser diminuída usando fibras de
diâmetros menores. Isso diminui a formação de vazios e melhora o desempenho do
compósito. A resistência da ZTI pode não só ser melhorada através da aderência e
fricção da matriz circundante da fibra, mas também pode ser melhorada pela
ancoragem mecânica da fibra, alterando a sua forma [43]. Na Tabela 2.1, exemplos
de diferentes formas de fibras são mostradas esquematicamente [55]. A aplicação
de fibras moldadas resulta na utilização de uma dosagem de fibra muito menor do
que com fibras retas, sem reduzir a pseudo-ductilidade ou a tenacidade do CRF
[41].
pela área sob a curva de tensão por abertura de fissura, ver Figura 2.6. A resposta
total da curva de tensão por abertura de fissura é um resultado dos fenômenos
combinados do efeito de intertravamento do agregado e de ponte da fibra.
Nesta seção, os mecanismos por trás do intertravamento do agregado, da
ponte da fibra e a ação combinada são revisados.
Figura 2.6 – Mecanismo de ponte combinada entre fibra e intertravamento do agregado (baseada
em [29,45]).
34
carregamento, etc. [69]. A Tabela 2.2 relaciona os oito fatores aqui listados aos
autores que os abordaram em suas respectivas pesquisas.
Fatores Referências
Gokoz e Naaman [70]; Banthia e Trottier [71]; Yang
Tipo de fibra
e Li [72];
Orientação da fibra
et al. [82]; Robins et al. [44]; Htut [78];
Figura 2.9 – Resposta típica do arrancamento de fibras retas e com ancoragem (com base em [88])
inclinação elevados, e para fibras frágeis (por exemplo, fibras de carbono) a carga
diminui para todos os ângulos de inclinação [29].
Figura 2.10 – Ilustração esquemática do atrito local (snubbing effect) (baseado em [41]).
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Figura 2.11 – Ilustração esquemática do processo de fragmentação do concreto por ação da fibra
(baseado em [41])
Existem alguns fatores que influenciam a ligação entre fibra e matriz, e estes
fatores podem ser classificados da seguinte forma: a adesão física e/ou química
entre fibra e matriz, a resistência friccional, o componente mecânico (dependente
da geometria de fibra) e o intertravamento fibra-a-fibra [29]. Após o início do
arrancamento, duas zonas interfaciais surgirão, uma zona de ligação e outra zona
de descolagem, veja a Figura 2.12(a). Existem vários modelos para descrever o
comportamento de arrancamento da fibra: Stang e Shah [89], Desarmot e Favre
[90], Gorbatkina [91], Scheer e Nairn [92] e Nairn [93].
39
Figura 2.12 – (a) Diferentes modelos de perda de adesão para arrancamento de fibra (com base em
[57]) e (b) diferentes relações para descrever o processo de atrito-deslizamento (com base em
[29,43]).
mecânica foram desenvolvidos por Alwan et al. [76], Cunha et al. [55] e Ghoddousi
et al. [88].
depende da tensão máxima de ponte das fibras, parâmetro descrito pelo ensaio de
arrancamento e pelos efeitos adicionais causados por fibras orientadas
aleatoriamente [29]. Durante o processo de fratura do CRF, haverá um efeito
combinado de intertravamento do agregado e de ponte da fibra, consulte a Figura
2.13. Na fissura, o intertravamento do agregado tem um intervalo de ação
relativamente curto em comparação com a ponte das fibras. Quando uma única
fissura é observada, três zonas distintas podem ser identificadas (veja a Figura
2.13): uma zona livre de tração, que ocorre em aberturas de fissuras relativamente
grandes; uma zona de ponte, onde as tensões são transferidas por extração da fibra
e ponte de agregado e uma zona de microfissuras.
A resposta da tensão por abertura de fissura (ver Figura 2.13) começa com
uma parte descendente (C-D) para pequenas aberturas de fissuras (w <0,1 mm) [29].
A ponte de fibra só começa a ter uma grande influência quando uma abertura de
fissura de pelo menos 0,05 mm é alcançada, veja a Figura 2.6. Dependendo das
características da fibra, a curva diminuirá lentamente com um aumento no
arrancamento da fibra (ou abertura da fissura) até se tornar zero (D-E). Para o caso
das fibras com ancoragem mecânica, o comportamento passa primeiro por uma
parte ascendente na a qual a tensão aumenta à medida que a fibra é deformada
41
Figura 2.13 – Descrição esquemática do efeito da ponte de fibra no processo de fratura em tensão
uniaxial (com base em [29])
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Figura 2.14 – Diagrama dos estágios e tipos de retração (com base em [97])
ocorre devido ao fato de que para uma matriz com uma menor proporção do fator
a/c seja formada uma microestrutura mais densa, composta de poros menores e um
volume de poro mais baixo em comparação com uma mistura padrão. Isso resultará
em uma redução na retração por secagem.
Figura 2.15 – Distribuição de sólidos e poros em pasta de cimento hidratada (com base em [101]).
resultado das reações entre cimento e água, pois os produtos desta reação possuem
menor volume [98,99]. A reação química do cimento Portland é muito complexa
para ser simplificada em apenas uma equação química. Uma das reações mais
comuns que ocorrem durante a hidratação quando o cimento e a água são
adicionados é:
Figura 2.16 – Reações de hidratação de cimento causando retração química e autógena (baseado
em [97]); C = cimento não hidratado, A = água não hidratada, Hy = produtos de hidratação e V =
vazios gerados pela hidratação.
2.4.2.2. Recuperação
Figura 2.19 – Ilustração esquemática da fluência devido à infiltração de água e sua redistribuição
quando sob estresse (com base em [110,112]).
49
Figura 2.20 – Ilustração esquemática da fluência devido ao fluxo viscoso da pasta de cimento,
causada pelo deslizamento ou cisalhamento das partículas do gel (com base em [110,112]).
Pesquisas têm mostrado que existe uma relação entre o conteúdo agregado e
a deformação do concreto, e se o conteúdo agregado é aumentado, uma diminuição
na fluência é encontrada [100,107].
51
Figura 2.21 – (a) Deformação de fluência em relação à razão tensão/resistência e (b) deformação
específica de fluência em relação à razão tensão/resistência (com base em [99]).
desconhecido, e códigos de modelo existentes, por exemplo o fib Model Code [42],
não incluem o comportamento dependente do tempo do CRF. Antes que este
material possa ser considerado como um material de construção usual, o
comportamento dependente do tempo precisa ser incorporado nas diversas normas
existentes. Nesta seção, o comportamento dependente do tempo da CRF é discutido
com base na literatura publicada nesta área.
A fluência do concreto comum tem sido bem estudada e quantificada por
muitos anos. A investigação feita por Davis e Davis [121] foi um dos primeiros e
mais extensos estudos realizados sobre a fluência do concreto sob a ação de cargas
sustentadas. Por outro lado, a quantidade de literatura disponível sobre a fluência
do CRF é ainda insuficiente. O que diferencia o CRF do concreto comum é que,
mesmo depois de fissurar, as fibras agem em efeito de ponte estabilizando a abertura
de fissuras. Entretanto, com o tempo, a largura da fissura pode aumentar devido ao
arrancamento da fibra [23]. Nesta seção, pesquisas anteriores feitas sobre a fluência
do CRF são discutidas em nível estrutural, macroscópico e de fibra individual.
2.6. Conclusão
problema, de modo que possam ser incorporados a essas diretrizes e, então, ser
usados para prever e minimizar os possíveis problemas patológicos.
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3. Desenvolvimento e caracterização dos materiais
3.1. Introdução
a matriz.
Neste capítulo, são apresentadas as propriedades dos materiais que compõem
as matrizes, assim como as propriedades das matrizes nos estados fresco e
endurecido e as características das fibras de aço e de polipropileno.
Tabela 3.1 – Ensaios de compressão para o lote de cimento utilizado na pesquisa de acordo com o
fabricante.
Média Especificação da
Ensaio Unidade
(Desvio) norma 11578/91
Resistência a 13,4
MPa não aplicável
compressão (1 dia) (1,65)
Resistência a 22,5
MPa >=10
compressão (3 dias) (1,05)
Resistência a 27,6
MPa >=20
compressão (7 dias) (1,25)
Resistência a 34,9
MPa >=32
compressão (28 dias) (1,05)
Tabela 3.2 – Ensaios químicos para o lote de cimento utilizado na pesquisa de acordo com o
fabricante.
Especificação norma
Ensaios NBR Unidade Média
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NBR 11578/91
PF 950ºC NM18/12 % 5,83 <=6,5
SO3 NM16/12 % 2,4 <=4
RI NM22/04 % 1,38 <-2,5
CaOlivre NM13/13 % 1,67 não aplicável
MgO NM14/12 % 1,81 <=6,5
PF 950ºC – ensaio para caracterizar a perda ao fogo (entre 900ºC e 1000ºC).
SO3 – determinação do teor de trióxido de enxofre na composição.
RI – cálculo da porcentagem de resíduo insolúvel na composição.
CaOlivre – determinação do teor de óxido de cálcio livre na composição.
MgO – determinação do teor de óxido de magnésio na composição.
(a)
67
(b)
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(c)
Figura 3.2 – Tronco de cone, haste e placa base para ensaio de abatimento. (a) Dimensões em mm
dos objetos. (b) Descrição do setup e do processo de medição de acordo com a NBR NM 67. (c)
Resultado obtido em um dos ensaios de abatimento realizado.
68
(a) (b)
Figura 3.3 – Máquina controls modelo MCC8 utilizada para os ensaio de compressão. (a)
Disposição da amostra. (b) Disposição do setup e LVDTs.
3.2.5. Fibras
As fibras de aço, por sua vez, são fibras fabricadas pela Belgo Bekaert. O
comprimento da fibra de aço é de 35 mm, possuindo uma razão de aspecto de 65.
Além disso, destaca-se que as fibras de aço utilizadas são da família Dramix 3D,
70
que significa que elas possuem um gancho nas suas extremidades para conferir
ancoragem mecânica à matriz cimentícia. As principais características destas
macrofibras, segundo informações fornecidas pelo fabricante, são apresentadas na
Tabela 3.5. Na Figura 3.4 é possível visualizar o aspecto físico das duas fibras
utilizadas.
3.2.5.1. Microestrutura
(a) (b)
Figura 3.5 – Máquinas utilizadas para microscopia. (a) Microscópio estereoscópico. (b)
Microscópio eletrônico de varredura.
desse valor, obtém-se o fator de forma da fibra, que é a relação entre o comprimento
e o diâmetro equivalente. A fibra de polipropileno possui fator de forma
característico de 45,64 ± 5,06 e a fibra de aço de 65, sendo a fibra de aço 1,42 vezes
maior em fator de forma. Bentur e Mindess [43] afirmam que a melhoria do
comportamento do concreto reforçado com fibras é mais evidente com fibras de
maior fator de forma [155]. Entretanto, pode haver efeitos adversos na
trabalhabilidade do concreto no estado fresco [156–158].
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Fibra de polipropileno
Amostra Área da fibra (mm2 )
CP1 0,754
CP2 0,506
CP3 0,732
CP4 0,784
CP5 0,705
CP6 0,703
CP7 0,590
CP8 0,771
CP9 0,489
CP10 0,422
CP11 0,563
CP12 0,513
CP13 0,498
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CP14 0,513
CP15 0,589
Média 0,609
Desvio Padrão 0,121
Figura 3.7 – Formato aproximado da seção transversal da fibra de polipropileno proposto pelo
fabricante.
𝑡 2
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜𝐹𝑎𝑏𝑟𝑖𝑐𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝜋 ( ) + (𝑤 − 𝑡)𝑡 (Eq. 3.1)
2
74
(a)
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(b)
Figura 3.8 – Micrografia da superfície lateral da fibra de polipropileno para uma escala de 0,5 mm
(a) e para uma escala de 10 m (b).
e com o ensaio de tração direta, foi checado o valor da resistência da fibra, já que
este valor é de fundamental importância para o estudo da fluência. Por serem fibras
com comportamentos diferentes, foi necessário o desenvolvimento de metodologias
próprias para cada tipo.
Ambos os ensaios foram realizados em uma máquina universal de ensaios
mecânicos MTS 810, com capacidade de carga de 250 kN e equipado com célula
de carga de 2,5 kN. A diferença foi o setup utilizado para cada fibra.
O arranjo experimental para o ensaio de tração das fibras de polipropileno
passou por alguns testes prévios antes de ser definido. Primeiramente, foi utilizado
as recomendações da norma ASTM C1557 [159] com algumas modificações. As
modificações foram atar um nó nas extremidades da fibra e colar em uma moldura
de fixação em papel cartão para incrementar a ancoragem mecânica, pois as fibras
de polipropileno apresentam carga de ruptura elevada (em torno de 200 N), e a
fixação da fibra na moldura apenas com cola poderia não ser suficiente para fixá-la
de forma eficiente, ver Figura 3.9. Esta primeira tentativa foi falha, visto que mesmo
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obtidos não foram condizentes com o esperado, e uma possível causa pode ter sido
o descolamento da fibra em regiões abaixo do nó, como pode ser visto no esquema
da Figura 3.11. Desta forma, utilizou-se uma régua para medir o deslocamento entre
dois pontos marcados na fibra, ver Figura 3.12.
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Figura 3.10 – Arranjo experimental utilizado para ensaio de tração na fibra de polipropileno.
(a) (b)
Figura 3.13 – Representação do arranjo experimental utilizado para as fibra de aço (a) e zoom para
detalhar a posição da fibra (b).
especificada são apresentados na Tabela 3.7. Foram realizadas três séries de ensaios
para a matriz, sendo destacados os valores correspondente à média e ao desvio
padrão dos resultados dos três ensaios.
80
Concreto comum 75
70
Média 75
Desvio padrão 5
Figura 3.14 – Curva tensão versus deformação obtidas a partir do ensaio de compressão da matriz.
(a) (b)
Tabela 3.8 – Resumo dos dados obtidos nos ensaios de tração direta das fibras.
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3.4. Conclusão
elasticidade adotado foi de 210 GPa, valor especificado pelo fabricante. Apesar da
divergência entre os valores encontrados para a fibra de polipropileno e os valores
fornecidos pelo fabricante, os resultados foram compatíveis com os reportados na
literatura.
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4. Desenvolvimento e caracterização do compósito
4.1. Introdução
Ensaios de Polipropileno 10 mm PP 10 mm
arrancamento Aço 9 mm ACO 9 mm
3
10 kg/m C PP 10
Polipropileno
Ensaios de compressão 6 kg/m3 C PP 6
uniaxial 30 kg/m3 C ACO 30
Aço
15 kg/m3 C ACO 15
10 kg/m3 P PP 10
Polipropileno
Ensaios de flexão 6 kg/m3 P PP 6
3
monotônicos 30 kg/m P ACO 30
Aço 3
15 kg/m P ACO 15
3
10 kg/m P PP 10
Polipropileno
Ensaios de flexão 6 kg/m3 P PP 6
cíclicos 30 kg/m3 P ACO 30
Aço
15 kg/m3 P ACO 15
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(a) (b)
Figura 4.1 – Formas metálicas utilizadas para moldagem dos corpos de prova prismáticos (a) e
corpos de prova após finalização do procedimento de moldagem (b).
(a) (b)
Figura 4.2 – Detalhe da preparação do ensaio de arrancamento: disposição (a) e arranjo final dos
corpos de prova após moldagem (b).
máquina de ensaios do tipo MTS, modelo 810, com célula de carga de 1 kN. O
controle do ensaio foi feito por deslocamento, com taxa de 1,5 mm/min. Os corpos
de prova foram fixados em garras, caracterizando uma condição de contorno fixa.
A Figura 4.3 apresenta a configuração do ensaio.
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(a) (b)
Figura 4.3 – Configuração do ensaio de arrancamento (a) e detalhe da fixação do corpo de prova
(b).
A tensão cisalhante máxima (máx) foi obtida a partir dos valores de carga dos
ensaios, seguindo a relação:
𝑃𝑚á𝑥
𝜏𝑚á𝑥 = (Eq. 4.1)
2𝜋𝑟𝐿𝑐
sendo Pmáx a carga máxima, r o raio equivalente obtido a partir da área da seção
transversal da fibra (pois tratam-se de fibras não circulares) e Lc o comprimento de
embebimento.
28 dias, de acordo com as normas NBR 5739 [153] e NBR 8522 [154], repetindo
os mesmo processos de moldagem e cura.
Os ensaios também foram realizados em uma máquina de ensaios da
fabricante Controls, modelo MCC8, servo-controlada, com capacidade de carga de
2000 kN e velocidade de carregamento de 0,35 MPa/s.
prismas. Para moldagem dos corpos de prova, a mistura do concreto foi realizada
em betoneira com capacidade de 400 l, seguindo o procedimento descrito no item
4.3. A Figura 4.4 apresenta a configuração final do corpo de prova prismático com
suas dimensões.
Para montagem do aparato de ensaio, primeiramente posicionavam-se os
roletes de apoio. Os roletes possuíam 37 mm de diâmetro, e distavam 500 mm entre
si e 25 mm das bordas dos prismas. Os roletes possuíam liberdade de movimento
horizontal, entretanto o rolete esquerdo apresentava liberdade de movimento
transversal e menor liberdade de movimento horizontal. Essa liberdade para
deslocamentos horizontais evita a indução de reações horizontais nos apoios e,
consequentemente, o aparecimento de força normal excêntrica no elemento
estrutural, que provocaria alteração na distribuição de tensões.
90
(a)
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(b)
Figura 4.4 – Detalhes e dimensões (em milímetros) do ensaio de flexão em três pontos (a) e do
ensaio de flexão em quatro pontos (b).
91
abertura de fissura de 0,1 mm, e depois a uma taxa de 0,2 mm/min até uma abertura
de fissura de 4 mm. Os dados foram aquisitados com frequência de 5 Hz.
Como resultado dos ensaios, é possível plotar as curvas de tensão versus
CMOD, sendo os valores de tensão obtidos a partir da Equação 4.2. O termo P
refere-se à carga, S ao vão de ensaio, b a largura do corpo de prova, e hsp a distância
entre o topo do entalhe e a face superior do prisma.
3𝑃𝑆
𝜎= (Eq. 4.2)
2 𝑏 ℎ𝑠𝑝 2
(a) (b)
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(c) (d)
Figura 4.5 – Pórtico rígido com atuador hidráulico para ensaio de três pontos (a) e para ensaio de
quatro pontos (b), detalhe do arranjo do ensaio de flexão em três pontos (c) e do ensaio de flexão
em quatro pontos (d).
tensões residuais que são referentes às aberturas de fissura de 1,5 e 3,5 mm,
chamadas de fR,2 e fR,4.
Tabela 4.2 – Intervalos de classificação da relação fR,3/fR,1 que são obtidas pelo ensaio EN 14651
(adaptado de [42]).
Classificação Condição
a 0,5 < fR,3/fR,1 ≤ 0,7
b 0,7 < fR,3/fR,1 ≤ 0,9
c 0,9 < fR,3/fR,1 ≤ 1,1
d 1,1 < fR,3/fR,1 ≤ 1,3
e 1,3 < fR,3/fR,1
3𝑃𝑚á𝑥 𝑆
𝑀𝑂𝑅 = (Eq. 4.3)
2𝑡(𝑑 − 𝑎0 )2
(a)
95
(b)
Figura 4.7 – Parâmetros experimentais da mecânica da fratura em um ciclo típico (a) e desenho
esquemático das dimensões dos corpos de prova prismáticos (b).
Além disso, V() é calculado pela relação da Equação 4.5, onde 0 é o comprimento
de entalhe normalizado, definido como a0/d.
6𝑆𝑎0 𝑉(𝛼0 )
𝐸= (Eq. 4.4)
𝐶𝑖 𝑑 2 𝑡
0,66
𝑉(𝛼) = 0,76 − 2,28𝛼 + 3,87𝛼 2 − 2,04𝛼 3 + (Eq. 4.5)
(1 − 𝛼)2
𝐸𝐶𝑢 𝑑 2 𝑡
𝑎𝑐 = (Eq. 4.6)
6𝑆𝑉(𝛼𝑐 )
96
onde,
1,99 − 𝛼𝑐 (1 − 𝛼𝑐 )(2,15 − 3,93𝛼𝑐 + 2,7𝛼𝑐 2 )
𝐹(𝛼𝑐 ) = 3⁄ (Eq. 4.8)
√𝜋(1 + 2𝛼𝑐 )(1 − 𝛼𝑐 ) 2
𝐶𝑇𝑂𝐷𝑐
6𝑃𝑚á𝑥 𝑆𝑎𝑐 𝑉(𝛼𝑐 ) (Eq. 4.9)
= √(1 − 𝛽0 )2 + (1,081 − 1,149𝛼𝑐 )(𝛽0 − 𝛽0 2 )
𝐸𝑑 2 𝑡
𝐾𝐼𝐶 2
𝐺𝐼𝐶 = (Eq. 4.10)
𝐸
concreto de fluir no estado fresco [178]. Portanto, a mistura de concreto deve ser
projetada para acomodar as fibras.
(a) (b)
Figura 4.8 – Curvas típicas de força de arrancamento versus deslizamento para os dois tipos de
fibra utilizadas: (a) fibra de polipropileno e (b) fibra de aço.
(a) (b)
Figura 4.9 – Curvas de tensão de aderência versus deslizamento para os dois tipos de fibra
utilizadas: (a) fibra de polipropileno e (b) fibra de aço.
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Figura 4.10 – Identificação do segundo pico em uma curva típica de arrancamento da fibra de aço
com ancoragem mecânica.
Tabela 4.4 – Resultados dos ensaios de arrancamento para as duas fibra utilizadas.
Tabela 4.5 – Resumo dos resultados obtidos a partir do ensaio de compressão axial.
revisão bibliográfica, são áreas críticas. Já para as amostras reforçadas com 6 kg/m3
de polipropileno, os resultados obtidos estiveram relativamente próximos do que
foi encontrado para o concreto comum. Por fim, para ambas as concentrações de
fibra de aço, 30 kg/m3 e 15 kg/m3, foram obtidos valores cerca de 115% maiores do
que os do concreto comum. Uma possível explicação é o fato de as fibras
funcionarem como pontes para as microfissuras e por ser uma baixa concentração
volumétrica, as zonas de interface não são expressivas para o corpo como um todo.
No que diz respeito ao módulo de elasticidade, notou-se diferenças expressivas nas
amostras reforçadas com 10 kg/m3 de polipropileno e 15 kg/m3 de aço quando
comparadas com as amostras do concreto comum, sendo respectivamente 69%
menor e 114% maior.
Condição
PLOP LOP CMODLOP fr,1 fr,2 fr,3 fr,4
Amostra de
(kN) (MPa) (mm) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
contorno
(a) (b)
Figura 4.11 – Gráficos de tensão versus CMOD do ensaio de flexão em 3 pontos da matriz (a) e
em 4 pontos (b).
(a) (b)
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(c) (d)
Figura 4.12 – Influência da adição de fibras discretas na reposta a flexão em 3 pontos de amostras
de concreto. Gráfico tensão-CMOD para concreto reforçado com fibras discretas de 40 mm de
polipropileno, com dosagem de 10 kg/m3 (a) e 6 kg/m3 (b) e Gráfico tensão-CMOD para concreto
reforçado com fibras discretas de 35 mm de aço, com dosagem de 30 kg/m3 (c) e 15 kg/m3 (d).
105
(a) (b)
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(c) (d)
Figura 4.13 – Influência da adição de fibras discretas na reposta a flexão em 4 pontos de amostras
de concreto. Gráfico tensão-CMOD para concreto reforçado com fibras discretas de 40 mm de
polipropileno, com dosagem de 10 kg/m3 (a) e 6 kg/m3 (b) e Gráfico tensão-CMOD para concreto
reforçado com fibras discretas de 35 mm de aço, com dosagem de 30 kg/m 3 (c) e 15 kg/m3 (d).
ensaio em 3 pontos, ver Tabela 4.6. A redução na resistência última da matriz pode
ser atribuída à dificuldade de adensamento do concreto quando havia presença de
fibras, o que pode resultar em maior porosidade e, consequentemente, redução da
sua capacidade resistente. Por outro lado, um aumento da resistência última pode
ser atribuído aos mecanismos de ponte das fibras para impedir o desenvolvimento
de microfissuras [43,143,167,181]. Estas justificativas estão coerentes com os
resultados obtidos, visto que a dosagem de fibra de polipropileno foi alta, cerca de
1% em volume para um grupo de amostras e de 0,6% para o outro, e dificultou o
processo de moldagem por perda de trabalhabilidade do concreto. Além disso, para
o caso dos compósitos com fibra de aço, as fibras possuem boa resistência ao
arrancamento, como pode ser visto na seção do ensaio de arrancamento, e sua
ancoragem mecânica permite que estas fibras sejam efetivas no mecanismo de
transferência de carga do compósito.
Em geral, apesar do comportamento pré-fissuração ter sido similar, o
comportamento pós-fissuração variou de acordo com a dosagem e tipo de fibra.
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Para ambos os tipos de fibra, quanto maior foi o teor de fibra incorporada, menor
foi a redução na tensão pós-fissuração, com maiores níveis de tensão residual. O
mesmo comportamento foi observado por diferentes pesquisadores para reforço
com fibras discretas de polipropileno [142,181–183] e aço [14,51,126,185,187–
189].
Para concretos reforçados com 6 kg/m3 de polipropileno, a tensão se manteve
num mesmo nível com a abertura da fissura na região pós-fissuração, sendo em
torno de 1,17 MPa para os ensaios de flexão em 3 pontos e 1,3 MPa para os ensaios
de flexão em 4 pontos (Figuras 4.12 e 4.13). Entretanto, para 10 kg/m3 de
polipropileno houve um pequeno acréscimo da tensão residual conforme o
desenvolvimento da abertura da fissura. Já para as amostras reforçadas com fibra
de aço, por se tratar de dosagens baixas em termo de volume, à medida em que a
abertura de fissura aumentava, a tensão residual diminuía, sem a formação de um
patamar estável de tensões residuais.
A Tabela 4.7 apresenta as relação entre as tensões residuais equivalentes ao
valor de cada abertura de fissura pré-definida e a tensão última do compósito
(fR,i/LOP), definida como resistência residual relativa. Considera-se que, quanto
maior é o valor dessa relação, maior é a capacidade do compósito em manter a sua
resistência após o aparecimento da primeira fissura. A avaliação desses valores
107
principais, a tensão fR,1 e a relação fR,3/fR,1, assim como apresentado no item 4.5.3.
A Tabela 4.8 apresenta a classificação para os compósitos avaliados. Observa-se
que todos os compósitos atenderam ao critério fR,3/fR,1 > 0,5, com exceção das
amostras reforçadas com 15 kg/m3 de fibra de aço que não atenderam ao critério
fR,1/LOP. Exceto o compósito reforçado com 15 kg/m3 de fibra de aço, os
compósitos apresentaram resistência residual no estado limite último (fR,3) de pelo
menos a metade da resistência residual no estado limite de serviço (fR,1). Dessa
forma, considera-se adequada a utilização de fibras de polipropileno, 6 e 10 kg/m3,
e fibras de aço, 30 kg/m3, como reforço com fins estruturais.
Tabela 4.8 – Resumo da classificação dos concretos reforçados com fibras de acordo com
recomendações do fib Model Code.
Amostra Arranjo fR,3/fR,1 fR,3/fR,1 > 0,5 fR,1/LOP fR,1/LOP > 0,4 Classificação
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proporcional à abertura da fissura, ou seja, quanto maior foi o CMOD, menor foi
essa inclinação [143,171,190–192]. Esse fato indica que há uma degradação da
capacidade do corpo em resistir as deformações, que está relacionada com uma
dissipação de energia durante o processo de carregamento e descarregamento
[143,191]. Com o desenvolvimento do carregamento, as fissuras se desenvolvem e
os danos nos corpos de prova são gradualmente acumulados, enquanto a rigidez
diminui [143,190,191].
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(a) (b)
(c) (d)
Tabela 4.9 – Resumo dos parâmetros da mecânica da fratura obtidos a partir dos ensaios cíclicos.
Número de ciclos 8 8 8 8
Módulo de ruptura aparente 4,49 4,09 4,93 4,37
MOR (MPa) (0,16) (0,13) (0,26) (0,41)
30,44 33,13 31,56 30,22
Módulo de elasticidade (GPa)
(1,46) (3,17) (2,63) (3,38)
Comprimento efetivo crítico da 45 50,54 46,1 43,51
fissura ac (mm) (0,78) (1,11) (0,79) (4,91)
Fator de intensidade de tensão 38,96 39,04 43,58 36,81
crítico KIC (MPa.mm0,5) (1,87) (1,77) (2,8) (1,6)
19,51 21,09 21,99 17,58
CTOD crítico (m)
(0,58) (0,51) (3,72) (1,28)
Taxa crítica de liberação de 49,85 46,09 60,98 45,14
energia (N/mm) (2,51) (1,43) (12,72) (4,76)
𝑃2 𝑑𝐶𝑈 𝑃 𝑑𝛿𝑖𝑛
𝐺𝑅 = + (Eq. 4.11)
2𝑡 𝑑𝑎 2𝑡 𝑑𝑎
Figura 4.15 – Curva R dos compósitos reforçados com fibra de polipropileno e fibra de aço
submetidos a carregamento cíclico.
112
(a) (b)
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(c) (d)
Figura 4.16 – Curva R dos compósitos reforçados com fibra de polipropileno 10 kg/m 3 (a) e 6
kg/m3 (b) e com fibra de aço 30 kg/m3 (c) e 15 kg/m3 (d).
4.7. Conclusão
de aderência máxima, os valores obtidos para a fibra de aço foram ainda maiores
do que os de polipropileno, pois a seção transversal da fibra de aço é menor, sua
carga máxima de arrancamento é maior, assim como a sua aderência também é
maior, caracterizada pela interação físico-química entre a fibra e a matriz [193].
Para os ensaios de compressão dos compósitos, no caso do concreto reforçado
com 10 kg/m3 de polipropileno percebeu-se uma queda na resposta a compressão
quando comparado com os resultados da matriz. Esta diferença pode estar
relacionada à grande quantidade de zonas de transição interfacial, aumentando a
porosidade, como já afirmado na revisão bibliográfica. Já para as amostras
reforçadas com 6 kg/m3 de polipropileno, os resultados obtidos estiveram
relativamente próximos do que foi encontrado para o concreto comum. Por fim,
para ambas as concentrações de fibra de aço, 30 kg/m3 e 15 kg/m3, foram obtidos
valores cerca de 115% maiores do que os do concreto comum. Uma possível
explicação é o fato de as fibras funcionarem como pontes para as microfissuras,
retardando a formação de fissuras instáveis, e por ser uma baixa concentração
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volumétrica, as zonas de interface não são expressivas para o corpo como um todo.
No que diz respeito ao módulo de elasticidade, notou-se diferenças expressivas nas
amostras reforçadas com 10 kg/m3 de polipropileno e 15 kg/m3 de aço, quando
comparadas com as amostras do concreto comum. Estas concentrações de fibras
são respectivamente a concentração de fibra mais alta e mais baixa utilizada neste
trabalho.
Os ensaios de flexão em três pontos mostraram uma diferença de
comportamento mecânico considerável entre a matriz sem reforço e o compósito
reforçado com as fibras. Em todos os casos, a presença de fibra proporcionou ao
concreto um comportamento pseudo-dúctil, com tensão residual após o
aparecimento da primeira fissura, neste caso deflection softening. Como a carga
máxima corresponde à resistência a fissuração da matriz, compósitos de mesma
matriz apresentaram resistência máxima com valores semelhantes. Porém,
percebeu-se que no caso dos compósitos reforçados com fibra de aço esse valor de
carga máxima foi superior ao encontrado nos ensaios da matriz e do compósito
reforçado com polipropileno, como pôde ser visto também nos ensaios de
compressão uniaxial. Devido à baixa concentração de fibras de aço e devido ao fato
de estas fibras possuírem ancoragem mecânica, pode-se atribuir este
comportamento de maior resistência ao efetivo controle de microfissuras do
114
concreto. Entretanto, o valor da carga residual variou tanto com o tipo de fibra
quanto com a dosagem, sendo que quanto maior foi a dosagem, maior foi o valor
da tensão residual. No geral, os valores de tensões residuais das amostras com fibras
de polipropileno foram maiores, e esta diferença ficava mais clara a medida em que
a largura do entalhe aumentava. Além disso, a partir da avaliação de acordo com o
fib Model Code [42], observou-se que concretos reforçados com fibras de
polipropileno e aço foram considerados adequados para utilização com fins
estruturais, considerando as dosagens avaliadas neste trabalho.
De maneira geral foi observada compatibilidade entre os resultados obtidos
pelos ensaios de arrancamento e flexão, já que os compósitos reforçados com fibra
de aço, mesmo contendo uma concentração volumétrica de fibra inferior,
resultaram em respostas a flexão próximas do que foi encontrado para as altas
concentrações de polipropileno. Em outras palavras, os compósitos reforçados com
um baixo volume de fibra de aço apresentaram um comportamento pós-pico
relativamente compatível com o que foi encontrado para os compósitos reforçados
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5.1. Introdução
Figura 5.1 – Ensaios realizados para caracterizar as propriedades de longa duração de compósitos
cimentícios reforçados com fibras de aço e de polipropileno.
(a) (b)
Figura 5.2 – Arranjo experimental utilizado nos ensaios de fluência na fibra (a) e esquema
representativo de cada componente do arranjo (b).
foi possível realizar ensaios de fluência na fibra de aço para cargas superiores a
50% da resistência da fibra de aço, pois a eficiência das garras era prejudicada.
O sistema de aquisição utilizado para coleta dos resultados foi o HBM 1615
com o auxílio do software catmanEasy, a uma frequência de aquisição de 1 dado a
cada 50 segundos (ver Figura 5.3). Para obter a deformação especifica de cada
amostra, antes do início de cada ensaio, media-se o L0 com um paquímetro e
utilizava este valor para o cálculo.
(a) (b)
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Figura 5.3 – Hardware HBM 1615 utilizado para aquisitar os dados (a) e interface gráfica do
catmanEasy (b).
(a)
(b)
Figura 5.4 – Arranjo experimental utilizado nos ensaios de fluência no arrancamento da fibra (a) e
esquema representativo de cada componente do arranjo (b).
120
Figura 5.5 – Pórtico utilizado para a medição das amostras de retração por secagem.
As leituras foram realizadas uma vez por dia desde a primeira medição até
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chagar os 28 dias de idade. A partir daí, as medições passavam a ser semanais. Além
disso, as amostras foram pesadas a cada leitura para posterior análise da influência
da perda de massa. Um relógio comparador da Digimess, com precisão de 0,001
mm e cursor de 12 mm, foi acoplado na parte superior do suporte para efetuar a
leitura do comprimento dos prismas. Foram plotados gráficos de deformação versus
tempo para comparação entre as diferentes misturas desta pesquisa.
O cálculo da variação de comprimento dos prismas foi feito de acordo com a
ASTM C490 [196], da seguinte forma:
(𝐿𝑗 − 𝐿𝑖 )
𝐿= 𝑥100 (Eq. 5.1)
𝐺
onde,
𝐿= mudança no comprimento na idade j, %,
𝐿𝑗= leitura comparativa do corpo de prova na idade j menos leitura comparativa
da barra de referência na idade j, mm,
𝐿𝑖= leitura inicial do corpo de prova menos leitura da barra de referência no
mesmo instante, mm, e
𝐺= leitura nominal da barra de referência, estabelecida em 250mm.
122
foram testadas. O período de aplicação dessa carga foi de 24 dias, e após este
intervalo de tempo deixou-se as amostras em recuperação por 10 dias. No total, 3
amostras foram moldadas e ensaiadas para cada mistura, cujo arranjo experimental
está representado na Figura 5.6. Para garantir uma distribuição de carga uniforme,
rótulas foram utilizadas.
Figura 5.6 – Pórtico utilizado para o ensaio de fluência a compressão em amostras cilíndricas.
123
Figura 5.7 – Metodologia utilizada para o ensaio de fluência a flexão de corpos prismáticos.
124
Variáveis Variações
Polipropileno
Tipo de fibra
Aço
6
10
Massa de fibra (kg/m3)
15
30
1 (Topo)
Posição da amostra 2
3 (Base)
suportes, até que uma abertura de fissura pré-definida de 0,5 mm seja alcançada. A
carga residual correspondente a essa abertura de fissura é armazenada e a amostra
é então totalmente descarregada com aquisição dos dados.
As amostras pré-fissuradas são recarregadas e submetidas a condições de
carga sustentada de acordo com a configuração de teste mostrada na Figura 5.8. As
amostras são testadas em colunas de três para racionalizar os requisitos de tempo e
espaço. A estrutura de fluência e todos os seus componentes, em particular os
componentes e suportes de carga, foram concebidos para serem rígidos o suficiente
para evitar movimentos indesejáveis e bruscos, bem como fricção nos suportes, de
modo a não interferir nas deformações por fluência. Isto, juntamente com a carga
aplicada no torque das porcas do pórtico, garante a aplicação de uma carga
aproximadamente constante. Desta forma, todas as três amostras são carregadas de
acordo com o teste de flexão de quatro pontos e a carga é mantida constante por um
determinado período de tempo. No caso desta pesquisa, este intervalo de tempo foi
de 30 dias, com mais 15 dias de recuperação. Considerando que a maior parte da
deformação por fluência de amostras de concreto reforçado com fibra submetidas a
cargas sustentadas de flexão ocorre nos primeiros 2 meses [109], os dados obtidos
foram significativos para as análises realizadas.
125
(a) (b)
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(c)
Figura 5.8 – Arranjo experimental utilizado nos ensaios de fluência no arrancamento da fibra (a)-
(b) e esquema representativo de cada componente do arranjo (c).
Figura 5.9 – Curva carga de flexão versus CMOD idealizada para o processo do ensaio de
fluência, baseado em [126].
𝑤𝑝 − 𝑤𝑝𝑟
𝑟= (Eq. 5.2)
𝑤𝑝
𝑤𝑐𝑑 (𝑗)
φ(j) = (Eq. 5.3)
𝑤𝑐𝑖
(a) (b)
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(c) (d)
(e)
Figura 5.10 – Gráficos deformação versus tempo para fibras de polipropileno carregadas com 15%
(a), 25% (b), 30% (c), 50% (d) e 75% (e) da sua resistência última.
130
(a) (b)
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(c) (d)
Figura 5.11 – Gráficos deformação versus tempo para fibras de aço carregadas com 25% (a), 30%
(b), 40% (c) e 50% (d) da sua resistência última.
Figura 5.12 – Gráfico compliance () versus tempo para as fibras de polipropileno, abordando os
níveis de carregamento utilizados.
Além da fase de fluência secundária, uma das amostras carregadas com 75%
da resistência máxima apresentou fase terciária, que é caracterizada por uma taxa
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Figura 5.13 – Curva deformação versus tempo da amostra de polipropileno que rompeu após
estágio terciário de fluência.
132
(a) (b)
Figura 5.14 – Gráficos deslocamento versus tempo para fibras de polipropileno carregadas com
50% (a) e 75% (b) da sua carga resistente de arrancamento.
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(a) (b)
Figura 5.15 – Gráficos deslocamento versus tempo para fibras de aço carregadas com 50% (a) e
75% (b) da sua carga resistente de arrancamento.
zona do gancho (ver Figura 5.16), que induz uma deformação por fluência a
compressão da matriz de concreto. Isto provoca um movimento entre a fibra e a
matriz circundante, que foi definida como deslizamento por fluência (δfluência).
𝛿𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑡)
𝜑𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑡) = (Eq. 5.3)
𝛿𝑖𝑛𝑠𝑡
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Tabela 5.2 – Tabela resumo dos parâmetros calculados no ensaio de arrancamento sob carga
sustentada.
δfluência fluência
Amostra Nível de carga δinst 2 dias 4 dias 6 dias 2dias 4 dias 6 dias
PP 1 50% 0,181 0,026 0,035 0,051 0,146 0,193 0,284
PP 2 50% 0,199 0,030 0,039 0,045 0,149 0,198 0,227
PP 3 50% 0,183 0,005 0,006 0,007 0,025 0,034 0,039
PP 4 75% 0,205 0,041 - - 0,198 - -
PP 5 75% 0,379 0,311 0,421 0,485 0,819 1,110 1,280
PP 6 75% 0,211 0,198 1,568 2,176 0,942 7,446 10,333
ACO 1 50% 0,059 0,013 0,015 0,016 0,215 0,250 0,271
ACO 2 50% 0,057 0,019 0,025 0,029 0,333 0,441 0,507
ACO 3 50% 0,069 0,015 0,020 0,023 0,224 0,295 0,338
ACO 4 75% 0,121 0,038 0,042 0,045 0,314 0,350 0,371
ACO 5 75% 0,161 0,034 0,046 0,052 0,214 0,284 0,326
ACO 6 75% 0,186 0,050 0,060 0,067 0,270 0,325 0,359
arrancamento mais expressiva do que a fibra de aço e, esta diferença fica mais
evidente com o aumento da carga aplicada.
(a) (d)
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(b) (e)
(c) (f)
Figura 5.17 – Gráficos deslocamento por fluência versus nível de carga para fibras de
polipropileno em 2 dias (a), 4 dias (b) e 6 dias (c) e para fibras de aço em 2 dias (d), 4 dias (e) e 6
dias (f).
137
(a) (b)
138
(c) (d)
Figura 5.18 – Influência da adição de fibras discretas na reposta de retração por secagem. Gráficos
retração por secagem versus tempo para as amostras de concreto reforçado com fibra de
polipropileno 10 kg/m3 (a) e 6 kg/m3 (c) e com fibra de aço 30 kg/m3 (b) e 15 kg/m3 (d).
(a) (b)
139
(c) (d)
Figura 5.19 – Influência da adição de fibras discretas no comportamento de retração por secagem
no período do ensaio de fluência a compressão. Gráficos retração por secagem versus tempo após
28 dias para as amostras de concreto reforçado com fibra de polipropileno 10 kg/m3 (a) e 6 kg/m3
(c) e com fibra de aço 30 kg/m3 (b) e 15 kg/m3 (d).
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504
PP 6 6%
(72,33)
485,33
ACO 30 2%
(41,63)
516
ACO 15 8%
(31,75)
140
Figura 5.20 – Gráfico redução de massa versus tempo das amostras do ensaio de retração total.
Tabela 5.4 – Tabela resumo das propriedades determinadas através do ensaio de fluência a
compressão, considerando o início da aplicação de carga aos 28 dias e o período de recuperação
após 52 dias.
Figura 5.22 – Gráfico deformação instantânea versus volume de fibra para verificar influência das
fibras na deformação instantânea.
(a) (b)
145
(c) (d)
Tabela 5.6 – Parâmetros calculados para representar os dados obtidos no ensaio de fluência.
P ACO 15 #10 30% 0,46 0,65 0,16 0,02 0,01 1,34 1,40 1,43
P ACO 15 #11 25% 0,49 0,72 0,18 0,03 0,02 1,37 1,44 1,48
P ACO 15 #12 32% 0,49 0,81 0,25 0,05 0,03 1,50 1,60 1,66
P ACO 30 #10 32% 0,41 0,73 0,27 0,03 0,01 1,66 1,73 1,76
P ACO 30 #11 30% 0,39 0,66 0,23 0,03 0,01 1,58 1,66 1,70
P ACO 30 #12 35% 0,4 0,62 0,16 0,03 0,02 1,41 1,48 1,54
*wci e wcd em milímetros.
(a) (b)
Figura 5.25 – Plano fissurado de amostras reforçadas com 10 kg/m3 de polipropileno (a) e com 30
kg/m3 de aço (b), apresentando a quantidade de fibras na seção.
(a) (b)
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(c) (d)
Figura 5.26 –Curvas tensão versus CMOD comparativas entra o ensaio monotônico e o processo
de fluência para 10 kg/m3 de polipropileno (a), 30 kg/m3 de aço (b), 6 kg/m3 de polipropileno (c) e
15 kg/m3 de aço.
A partir da Tabela 5.7 e da Figura 5.26, nota-se que não houve alteração
significativa das propriedades mecânicas da amostra, concluindo-se que, para o
nível de carregamento de 30% e abertura de pré-fissura de 0,5 mm, não ocorre perda
de resistência por conta do carregamento sustentado. Pode-se perceber apenas no
caso das amostras reforçadas com 30 kg/m3 de fibra de aço que as resistências
residuais foram superiores, levando a concluir que este resultado pode estar ligado
ao processo de moldagem e a quantidade de fibras interligando o plano fissurado.
Deve-se ainda considerar que o ensaio de ruptura ocorreu 73 dias após a moldagem,
e que, durante o ensaio de fluência as partículas de cimento não hidratadas reagiram
149
Tabela 5.7 – Dados da manutenção das tensões de pico para as amostras do ensaio monotônico e
para as amostras do ensaio de fluência.
fluência
Ruptura pós
P PP 6 #12 0,47 0,45 0,43 0,41
fluência
Ruptura pós
P PP 10 #10 0,50 0,51 0,58 0,68
fluência
Ruptura pós
P PP 10 #11 0,61 0,64 0,69 0,70
fluência
Ruptura pós
P PP 10 #12 0,55 0,58 0,63 0,64
fluência
Ruptura pós
P ACO 15 #10 0,38 0,35 0,29 0,26
fluência
Ruptura pós
P ACO 15 #11 0,38 0,33 0,27 0,23
fluência
Ruptura pós
P ACO 15 #12 0,41 0,40 0,36 0,32
fluência
Ruptura pós
P ACO 30 #10 0,57 0,52 0,41 0,35
fluência
Ruptura pós
P ACO 30 #11 0,74 0,78 0,73 0,64
fluência
Ruptura pós
P ACO 30 #12 0,81 0,66 0,58 0,51
fluência
(a) (b)
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(c) (d)
Figura 5.27 – Influência da adição de fibras discretas no comportamento de fluência a flexão com
os dados do carregamento sobrepostos.
(a) (b)
152
(c) (d)
Figura 5.28 – Contribuição da zona comprimida e da zona tracionada nos ensaios de fluência a
flexão a partir dos gráficos linha neutra versus tempo para as reforçadas com 10 kg/m3 de fibra de
polipropileno (a), 30 kg/m3 de fibra de aço (b), 6 kg/m3 de fibra de polipropileno (c) e 15 kg/m3 de
fibra de aço.
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5.4. Conclusão
A partir dos ensaios de carga sustentada na fibra foi visto que as deformações
da fibra de polipropileno tendem a aumentar com o decorrer do tempo. Já a fibra de
aço se mostrou estável a deformações de longo prazo, apresentando apenas a
deformação instantânea em seu comportamento. Além disso, analisando a curva
compliance versus tempo, notou-se que para carregamentos de até 30% da carga
resistente da fibra de polipropileno o comportamento dependente do tempo é
correspondente em termo de taxa de deformação.
Para o ensaio de arrancamento sob carga sustentada, percebeu-se que as fibras
de polipropileno deslocaram mais quando submetidas a carregamentos de 50% e
75% da resistência ao arrancamento. A justificativa encontrada para tal resposta foi
a fraca aderência de interface fibra matriz e a propriedade viscosa da fibra, que
resulta em grandes deformações com o tempo. Já no caso das fibras de aço, notou-
se que a grande porção do seu deslocamento se restringe ao deslizamento
instantâneo, relacionado ao momento da aplicação do carregamento, e no decorrer
do tempo a ancoragem mecânica se encarrega de transferir os esforços para a matriz
circundante, deixado que o deslocamento por fluência dependa muita mais da
deformação da matriz do que do próprio deslizamento da fibra.
153
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(a) (b)
(c) (d)
175
(e) (f)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1712775/CA
(g) (h)
(i) (j)
Figura A.1 – Curvas de força de arrancamento versus deslizamento da fibra de polipropileno com
comprimento de embebimento de 10 cm.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1712775/CA
(e)
(c)
(a)
(f)
(b)
(d)
176
177
(g) (h)
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(i) (j)
Figura A.2 – Curvas de força de arrancamento versus deslizamento da fibra de aço com
comprimento de embebimento de 9 cm.
Apêndice B
(a) (b)
(c) (d)
Figura B.1 – Gráficos deformação versus tempo para todas as amostras avaliadas no ensaio de
fluência a compressão considerando reforço com (a) 10 kg/m3 e (b) 6 kg/m3 de fibra de
polipropileno e (c) 30 kg/m3 e (d) 15 kg/m3 de fibra de aço como reforço.