Potencialidades Do Uso de Animes No Ensi
Potencialidades Do Uso de Animes No Ensi
Potencialidades Do Uso de Animes No Ensi
Remoto
Diálogo
ENTREMEIOS DA EDUCAÇÃO
CONTEMPORÂNEA
Jenerton Arlan Schütz
Leandro Mayer
(Organizadores)
Jenerton Arlan Schütz
Leandro Mayer
(Organizadores)
ENTREMEIOS DA EDUCAÇÃO
CONTEMPORÂNEA
Editora Ilustração
Cruz Alta – Brasil
2020
Copyright © Editora Ilustração
CATALOGAÇÃO NA FONTE
ISBN 978-65-88362-47-1
DOI: 10.46550/978-65-88362-47-1
2020
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Conselho Editorial
PREFÁCIO.................................................................................................... 13
Jenerton Arlan Schütz
Introdução
Fisiologia humana, como sendo todo o corpo humano; Física, como fórmulas,
e Química, como o modelo atômico-molecular e a tabela periódica. As
interações entre os fenômenos, e destes com diferentes aspectos da cultura, no
momento atual ou no passado, estudadas recentemente com maior ênfase nas
Ciências Naturais, estão ausentes (BRASIL, 1998, p. 27).
Corroborando e atualizando os pressupostos dos PCNs (1998), a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), enquanto atual documento orientador
da educação, ressalta a importância de um Ensino de Ciências contextualizado
no âmbito da Educação Básica, com vistas à preparação para a vivência do
aluno enquanto cidadão. Assim, a BNCC afirma que “[...] aprender ciência
não é a finalidade última do letramento, mas, sim, o desenvolvimento da
capacidade de atuação no e sobre o mundo, importante ao exercício pleno da
cidadania.” (BRASIL, 2017, p. 321).
Nesse sentido, considerando os aspectos culturais e a necessidade de
se pensar numa perspectiva de Ensino de Ciências que vise a compreensão
de outras formas de “ler o mundo”, o presente trabalho possui como tema
a apresentação das potencialidades quanto ao uso de animes no Ensino de
Ciências enquanto possibilidade pedagógica, tendo como objetivo geral
refletir sobre como esse tipo específico de animação tem sido (re)tratado no
âmbito da pesquisa da área. Assim, a partir de uma breve revisão bibliográfica
sobre o tema de interesse, e que se refere à última década, refletimos sobre as
distintas potencialidades, apontadas por pesquisas empíricas e/ou teóricas, a
respeito do uso de animações, mais especificamente de animes, na Educação
em Ciências. Essa abordagem se deve ao fato de partirmos da premissa de que
formas de materialização da linguagem em perspectivas audiovisuais podem
auxiliar práticas docentes e destituir alunos de seu tradicional papel passivo em
sala de aula. Dessa forma, a partir de um movimento descritivo-interpretativo
e analítico-reflexivo, foi delineada a seguinte questão de pesquisa: em que
medida o uso de animes pode corroborar positivamente à prática docente no
âmbito do Ensino de Ciências na Educação Básica?
Nesse contexto é válido discutir as distinções entre os termos: animes
e animações, para o desenvolvimento do trabalho e de modo a justificar o
recorte da pesquisa. Dutra (2006) destaca distinções gráficas, culturais e
temáticas entre as animações e os animes:
Animê são desenhos animados, que em sua grande parte são originados dos
mangás (histórias em quadrinhos japonês) e que possuem um diferencial
notável dos desenhos animados ocidentais, pelo fato de conseguirem expressar
a realidade, os sentimentos dos personagens e os detalhes dos traços dos
desenhos. Outro fator que acentua essa diferença está na questão das histórias
em que os personagens se encontram inseridas, pois os temas tratados vão
desde a ação, romance, comédia, temas históricos aos temas que abordam a
sensualidade (DUTRA, 2006, p. 16).
17
Entremeios da Educação Contemporânea
5 Otaku: termo utilizado no Japão e em outros países para designar os fãs de animes e mangás.
Disponível em: <https://tab.uol.com.br/faq/voce-e-um-otaku-qual-o-significado-do-termo-
e-outras-curiosidades.htm>. Acesso em: 14 nov. 2020. Cosplay: é forma abreviada do termo
costume play e pode ser traduzido como “representação de personagem a caráter”. Mangá é a
palavra usada no Japão para designar “[...] quaisquer histórias em quadrinhos feitas no estilo
japonês”. Disponível em: <https://sites.google.com/site/gabrielmaianogueira/diferenca-de-
anime-cosplay-e-manga> Acesso em: 12 nov. 2020.
18
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
8 Dado que a abrangência das buscas incluem um ano que ainda está em curso, as buscas
consideraram os artigos publicados até o dia 11 de novembro de 2020.
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Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Autor(es) Victor Hugo de Alef Bruno dos Santos Taynara Rúbia Campos
Oliveira Henrique (Universidade Federal do (Universidade Federal de
(Universidade do Rio Grande do Norte) Santa Catarina)
Estado de Mato Fábia Maria Gomes de Dulce Márcia Cruz
Grosso) Meneses (Instituto Federal (Universidade Federal de
do Rio Grande do Norte) Santa Catarina)
Considerações finais
O presente trabalho teve como intuito refletir sobre as potencialidades
do uso de animes no Ensino de Ciências. Para isso, por meio de um movimento
de descrição, interpretação e reflexão, a partir de uma breve revisão de literatura,
apresentamos algumas discussões a respeito da temática. A partir do exposto,
indicamos que tais apontamentos apresentados pelos trabalhos descritos vão
ao encontro da noção da AD de representação e, por extensão, da noção de
formação imaginária, fundamentadas em Orlandi (1996) e Pêcheux (1997),
uma vez que a imagem construída pelos alunos, a partir da linguagem do
anime, lhes permite a produção de efeitos de sentidos particulares.
Nessa forma de compreensão, podemos apontar, por exemplo, o
trabalho de Campos e Cruz (2020), que intencionam retratar a circulação
sanguínea por meio da representação de conceitos científicos expostos no
anime Hataraku Saibou. Movimentos similares são identificados nos outros
dois trabalhos expostos. Assim, podemos dizer que, ao serem comparadas
28
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Referências
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32622014000100004&script=sci_
abstract&tlng=pt>. Acesso em: 14 nov. 2020.
SANTOS, Alef Bruno dos; MENESES, Fábia Maria Gomes de. O anime
pokémon como ferramenta lúdica no processo de ensino e aprendizagem
em ciências (física e química). Revista Eletrônica Ludus Scientiae, Foz do
Iguaçu, v. 3, n. 1, p. 69-86, jan./jul. 2019. Disponível em: https://www.seer.
ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/8595. Acesso em: 14 nov.
2020.
DIAGNOSTICANDO CONCEPÇÕES SOBRE MEIO
AMBIENTE EM UMA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE
ARACAJU/SE
Introdução
Resultados e discussões
Foram pesquisados 42 alunos da escola Dr. Jessé Andrade Fontes, sendo
que 40% dos alunos são do sexo masculino e 60% do sexo feminino. Além
disso, os alunos apresentaram uma faixa etária que variou de 12 a 16 anos.
Quanto ao conhecimento em torno do meio ambiente, houve maior número
de alunos com um bom nível de conhecimentos sobre o tema. Outros ficaram
indecisos em relação à educação ambiental. Os alunos expressaram que o meio
ambiente é um lugar com paisagens naturais, outros que o conhecimento
contribui para o meio ambiente protegendo os seres vivos no lugar onde
vivemos (Fig.1):
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
cultural e, portanto, varia de acordo com cada forma de pensar e agir de cada
comunidade. As soluções possíveis para os problemas ocasionados pelo lixo
só virão a partir desse entendimento (OLIVEIRA, 1992). De acordo com
o autor, ninguém joga fora o lixo somente como uma transferência de lugar
longe dos olhos de alguém, embora perto do “nariz” de alguém e certamente
na natureza.
74% das respostas dos alunos expressaram que os professores trabalham
os temas ambientais com aulas teóricas, 19% expressaram que o professor
trabalha com projetos, 2% expressou com excursões, 5% expressaram com
Feira de Ciências (Fig.3).
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
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Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Fonte: Da autora.
espaço das salas de aula. É lá que a educação realmente acontece e, quer sejam
grandes ou pequenas ações, elas são extremamente necessárias (CARVALHO,
2006, p. 2).
Já, 48% expressaram que é possível resolver os problemas ambientais,
através da preservação do meio ambiente, 26% expressaram não desmatar
a natureza, 14% não poluir o meio ambiente, 12% não opinaram sobre os
problemas ambientais (fig. 6).
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
40
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Fonte: Da autora.
Considerações finais
Através da análise de compreensão sobre as concepções dos alunos do
6º ano sobre o meio ambiente, observou-se que a maior parte dos alunos
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Entremeios da Educação Contemporânea
conceitua o meio ambiente como lugar onde vivem os seres vivos, com
belas de paisagens naturais, relacionando o meio ambiente diretamente com
a natureza. Apenas a minoria ver o homem, a casa e a escola como parte
integrante do meio ambiente.
Todos os alunos afirmaram a existência dos problemas ambientais em
seu povoado, apontado a poluição por lixo como problema mais graves em
sua região como uma das situações mais comuns e como um dos principais
causadores dos problemas ambientais na escola. Percebeu-se, ainda, que houve
um aumento expressivo nessa escola em relação a pesquisa realizada nesta
escola no que se refere à Educação Ambiental.
A grande parte dos alunos já ouviu falar sobre meio ambiente e
educação ambiental, entretanto, poucos sabem como fazê-la. A escola obteve
a maior expressão (92%) desses alunos nas informações citadas e em segundo
lugar a televisão que tem o meio de informações ou de comunicação para toda
sociedade.
A escola exerce um papel fundamental na hora de educar os alunos e a
comunidade em geral sobre os problemas ambientais da região desses alunos.
A escola tem grande necessidade de trabalho com projetos relacionados a
Educação Ambiental e de outros projetos a serem trabalhados nesse povoado
para conscientizar os alunos a diminuir desequilíbrio que está acontecendo no
meio ambiente.
Referências
Introdução
Contexto do relato
Inicia-se um novo ano letivo, onde tudo parecia fluir normalmente,
até que no dia 20 de março de 2020, pela Resolução nº 1.016 - 03/04/2020
- Regime especial - aulas não presenciais, estabelece no âmbito da Secretaria
de Estado da Educação e do Esporte- SEED, o regime especial de oferta de
atividades escolares de forma não presencial, em decorrência da pandemia
causada pela COVID 19.
Esta resolução, no seu artigo 7º, fala que a Secretaria de Estado da
Educação e Esporte disponibilizara videoaulas gravadas pelo professores da
rede de ensino e transmitidas através da TV aberta, do aplicativo “Aula Paraná”,
gratuito para IOS e Android, contendo material das aulas, com possibilidade
de interação em tempo real com um ou mais professores da turma na qual o
aluno encontra-se regularmente matriculado.
1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, com licenciatura em História, e Pós Graduação
em História do Brasil. E-mail: [email protected]
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Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
O Padlet
O Padlet é uma ferramenta virtual ‘web’, gratuita e colaborativa. É
um recurso para construção de mural virtual, online, colaborativo e gratuito.
O recurso possibilita aos usuários curtir, comentar e avaliar as postagens de
materiais publicados no mural, além de compartilhar com demais usuários
para visualização ou edição do mesmo.
Ferramentas como o Padlet, permitem a interação das pessoas, a
difusão de ideias, cultura, a democratização das informações e possibilita uma
aprendizagem em um contexto diferente do presencial, ou seja, da tradicional
sala de aula, é uma ferramenta que proporciona ludicidade ao aprendizado.
Além disso, estimula a criatividade e contribui para a organização das ideias
em murais “postite”.
Este recurso foi escolhido justamente por possibilitar o acompanhamento
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Entremeios da Educação Contemporânea
Conclusão
Este artigo demonstra que mesmo em condições adversas é possível
conduzir um processo de produção de conhecimento, possibilitando a
utilização de tecnologias digitais no ensino de história, que oferecem ao
aluno a possibilidade de ser um parceiro ativo e criativo do conhecimento.
Esta iniciativa contribui para que tenham iniciativa própria, autonomia,
argumentação e defesa de suas ideias.
Com a suspenção das aulas presenciais, pela Resolução nº 1.016
- 03/04/2020, instituindo a oferta de trabalho pedagógico não presencial,
exigiu dos professores, alunos, equipe pedagógica e gestora, muitas horas
de pesquisa, de formação, e um reinventar-se para conseguir dar conta de
trabalhar os conteúdos propostos no plano de trabalho docente.
A proposta conseguiu retirar os sujeitos de uma situação de passividade
e de mesmice, diante do conhecimento, levando-os através das fontes
de pesquisa, a fundamentar suas produções, e superar a condição inicial,
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Entremeios da Educação Contemporânea
Referências
Introdução
1 Mestra em Letras pela UFC, Especialista em Coordenação Pedagógica pela UFC, Especialista
em Gestão da Educação Pública pela UFJF, Especialista em Educação Inclusiva pela UECE,
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela UECE, Especialista em
Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UVA. Graduada em Letras pela UNITINS, Graduada
em Pedagogia pela UVA. Professora de Língua Portuguesa na Escola Municipal Firmino Coelho
e na EEEP José Vidal Alves.
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Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
discussão sobre o que o aluno deve aprender, o que ensinar e como ensinar.
Nessa perspectiva, uma importante política educacional entra em ação:
as formações de professores. Requer, no entanto, que façamos a distinção entre
os tipos de formação, a exemplo da inicial e da continuada. A formação inicial
de professores, segundo Estrela (2002, p.18) pode ser entendida como “o
início institucionalmente enquadrado e formal, de um processo de preparação
e desenvolvimento da pessoa, em ordem ao desempenho e realização
profissional numa escola a serviço de uma sociedade historicamente situada”.
Compreende-se que não se pode facilitar o desenvolvimento daquilo que não se
teve a oportunidade de aprimorar em si mesmo. Ninguém consegue promover
a aprendizagem de conteúdos que não domina, a constituição de significados
que não compreende nem a autonomia que não pôde construir, segundo
Mello (2000). Desta forma, a formação inicial é entendida como componente
estratégico da melhoria da qualidade da educação básica, define-se como uma
política pública. Embora não seja necessário que o poder público a execute
diretamente, é indispensável que ele estabeleça critérios de financiamento,
padrões de qualidade e mecanismos de avaliação e acompanhamento.
Os processos de formação inicial, tão significativos para a qualidade
da educação, devem levar em consideração aspectos como as competências a
serem constituídas na educação básica, os princípios pedagógicos estabelecidos
nas normas curriculares nacionais (a interdisciplinaridade, a transversalidade,
a contextualização, e a integração de áreas em projetos de ensino). Nas
formações iniciais, deve-se ainda levar em consideração a diversidade curricular
que dê conta de sua complexidade cultural, social e econômica, tendo como
referência os planos curriculares e os projetos pedagógicos dos sistemas de
ensino públicos e privados e, sempre que possível, das próprias escolas. Isso
poderá estimular o surgimento de vários modelos de formação de professores,
com maior adequação às necessidades e características das regiões e dos alunos.
Entende-se a formação continuada, de uma maneira mais ampla,
como o alargamento dos conteúdos adquiridos durante a formação inicial, são
conhecimentos necessários à prática pedagógica, levando-se em consideração
a realidade em que o professor está inserido. No entanto, com o advento
de discussões sobre a realidade educacional e as necessidades da sociedade,
ficaram evidenciadas que devem constituírem-se em representações e valores
que filtram os conhecimentos que lhes chegam. Os conhecimentos adquirem
sentido quando são tratados não apenas do ponto de vista cognitivo, mas,
socioafetivo e cultural., conforme Gatti (2003). Essa é uma das razões pelas
quais tantos programas que visam a mudanças cognitivas, de práticas, de
posturas, mostram-se ineficazes. Neste sentido, Nóvoa (2009, p.25) afirma
que: “A formação não se constrói por acumulação de cursos, conhecimentos
ou técnicas, mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as
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Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
a necessidade cada vez mais recorrente do uso das tecnologias em sala de aula,
dado tanto pela recorrência dessa prática na perspectiva do processo de ensino
e de aprendizagem da sociedade contemporânea, quanto pela necessidade
do trabalho pedagógico em função do cenário pandêmico, conforme a
orientação de documentos norteadores, a exemplo da BNCC (2018) e a sua
clara indicação para o processo de curadoria da informação tendo em vista
a dinâmica já apresentada. Como vimos, há uma clara orientação quanto
à necessidade para o desenvolvimento de habilidades por parte dos alunos,
quanto à busca pela confiabilidade da informação, o combate à proliferação
de fake news, da manipulação de fatos e opiniões tem destaque e muitas das
habilidades se relacionam com a comparação e análise de notícias em diferentes
fontes e mídias, com análise de sites e serviços com o exercício da curadoria,
estando previsto o uso de ferramentas digitais. Nessa perspectiva, a nosso ver,
a formação continuada seria um dos principais mecanismos para que isso
aconteça, possibilitando ao educador de língua portuguesa, contemplar em
suas aulas, processos em que ele mesmo se torne curador de informações.
Considerações finais
As reflexões trazidas apontam para a necessidade de mudanças nas
formações continuadas em um cenário pós-pandêmico, uma vez que não se
pode ter as mesmas orientações e metodologias levando em consideração
num contexto diferenciado. São necessárias novas abordagens nas formações
continuadas para que estas consigam dar conta da constituição de um professor
curador, ou seja, aquele que não somente saiba utilizar-se de recursos tecnológicos
na sua prática, mas sobretudo que consiga selecionar, organizar e hierarquizar
ferramentas e materiais tecnológicos que favoreçam o processo de ensino e
aprendizagem, levando em consideração o contexto pós-pandêmico. Diante
disso, entendemos não ser mais possível dissociar a aprendizagem dos recursos
tecnológicos daqui para frente. Desta forma, compete uma análise quanto
aos aspectos relacionados aos saberes e práticas docentes que se constituem
a partir destas formações continuadas. Para que seja possível constituirmos
as características das formações em questão, faz-se necessário apropriar-se do
contexto que envolve a tríade: professor, formador e a formação.
Outro ponto importante a ser levado em consideração para a
constituição das formações continuadas para os professores curadores em
um cenário pós-pandêmico, são as orientações da BNCC (2018) para os
professores da disciplina de língua portuguesa, percebendo a menção ao uso
das tecnologias em sala de aula, apontando para a necessidade do processo de
curadoria da informação. Faz-se necessário, portanto, tornar-se um professor
curador a partir do momento em que se necessita selecionar, hierarquizar
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Entremeios da Educação Contemporânea
Referências
MELLO, Guimar Namo de. Professores para a educação básica: uma (re)
visão radical. São Paulo Perspec. v.14 n.1 São Paulo jan./mar. 2000.
1 Introdução
PERGUNTA RESPOSTAS %
uma forma de ensinar o aluno a sintetizar,
argumentar, expor e defender seus pontos 78,2%
de vista
uma forma de fazer o aluno aprender mais
60,5%
1 - Para você, realizar uma sobre o assunto da aula
pesquisa seria um modo de ajudar o aluno a melhorar
3,2%
sua nota
outros 5,6%
um trabalho que demanda muito tempo e
0,0%
traz pouco resultado
PERGUNTA ALTERNATIVAS %
escolhendo um tema dentro do assunto que está sendo
55,6%
tratado na aula
aproveitando as dúvidas dos alunos e propondo que en-
46,0%
contrem soluções para as mesmas
2 - Como
você apre- antes de iniciar um assunto novo, sugerindo que os alu-
43,5%
sentaria uma nos façam uma pesquisa e tragam as informações
proposta de propondo várias perguntas sobre o assunto que está es-
23,4%
pesquisa para tudado
seus alunos? sugerindo problemas a serem resolvidos pelos alunos 20,2%
esperando que os alunos definam sobre o que querem
10,5%
pesquisar dentro do assunto tratado em aula
outras 5,6%
PERGUNTA ALTERNATIVAS %
colocaria como um desafio fazer com que o aluno bus-
que mais e mais respostas para suas dúvidas, aprovei-
63,7%
tando ao máximo todas as possibilidades que a pesquisa
pode oferecer
incitaria o aluno a buscar informações em diversas fon-
53,2%
tes disponíveis
buscaria fazer com que o aluno se sinta seguro, confiante
50,0%
3 – Em caso de e motivado para iniciá-la
indicação de uma ficaria atento às novidades descobertas, às dúvidas, as
pesquisa, você trocas de informação e aos registros que vão acontecen- 42,7%
do concomitantemente
traria material seu para a sala de aula e o disponibiliza
29,8%
aos alunos
outros 4,0%
apenas indicaria o tema, não interferindo em nenhuma
0,8%
outra etapa do processo de pesquisa
PERGUNTA ALTERNATIVAS %
internet 90,3%
entrevistas com pessoas de uma determinada área 73,4%
4 – Que fontes
você em geral você livros didáticos e/ou paradidáticos 67,7%
indicaria para que jornais 62,9%
os alunos realizas- revistas 60,5%
sem uma pesquisa?
vídeos/filmes 59,7%
nenhuma fonte 0,0%
PERGUNTA ALTERNATIVAS %
5 – Qual a sua
percepção do tra- é importantíssimo, o aluno se sentirá mais confiante,
91,9%
balho de acom- motivado e seguro com a presença do professor
panhamento por
parte do professor
durante todo o o professor deve dar as primeiras informações e o
12,9%
processo de pes- aluno deve se responsabilizar pelo resto
quisa?
PERGUNTA ALTERNATIVAS %
avaliar juntamente com o aluno quais os
6 – No momento da 92,7%
aprendizados com a pesquisa
avaliação da pesquisa
realizada pelo aluno, você a forma como o aluno apresentou a pesquisa 26,6%
consideraria importante?
o número de páginas apresentadas 0,0%
recuperação de nota.
Corroborando na perspectiva do uso da pesquisa escolar para uma
avaliação apenas classificatória Carvalho (2003, on-line) também constata que:
Qualquer trabalhinho serve desde que se cumpra com as exigências do trabalho:
introdução, desenvolvimento e conclusão. Muitas vezes as introduções e as
conclusões não dizem nada, mas são avaliadas. Na verdade, o aluno só está
mesmo é interessado na nota. Vale até enganar o professor, pagando a outras
pessoas para fazerem os “chamados trabalhos de pesquisa”. Essa prática,
repetida ao longo do tempo, tem prejudicado os alunos, principalmente,
porque eles ingressam na universidade sem nenhuma noção de pesquisa, e
isso tem comprometido, de certa forma, os professores que trabalham com o
ensino médio, como também tem gerado muita polêmica em torno da escola,
no que diz respeito à forma como vem ensinando a seus alunos a tornarem-se
sujeitos de seus próprios conhecimentos. (CARVALHO, 2003, p. 2).
Por fim, Demo (2015) menciona que é preciso, por parte do professor,
rever as proposições acerca da avaliação no momento em que se propõe usar o
ensino com pesquisa, abarcando outras maneiras de avaliar alternativamente,
para compreender o processo avaliativo como uma forma acompanhamento
do aluno constantemente.
Considerações finais
Este estudo ao seu final conseguiu averiguar que os docentes
compreendem a pesquisa na sala de aula como recurso benéfico às práticas
docentes, fazendo com que os alunos tenham vivência com projetos e
atividades relacionados a práticas investigativas. As experiências concretizadas
em sala interferem no ensino-aprendizagem trazendo mudanças significativas
em aspectos atitudinais ou cognitivos, especialmente porque o trabalho com a
pesquisa proporciona sentido às práticas escolares e possibilita a aprendizagem
de forma mais lúdica. Além disso, os professores entendem que esses
educandos, ao se sentirem motivados para o processo de pesquisa, realizam as
atividades escolares com maior interesse para buscar por novas informações ou
novos conhecimentos.
Durante o mapeamento, ficou evidenciado pelos professores que a
pesquisa contribui para o desenvolvimento de atitudes mais críticas, curiosas
e reflexivas na interpretação da realidade, por meio dos questionamentos que
emergem de assuntos contextualizados pelos docentes. Possuem uma visão
eficiente da relação entre professor e aluno no processo de ensino, promovendo
um ambiente escolar desafiador, em que a formação de habilidades e
competências do próprio aluno são pontos primordiais na construção de sua
autonomia. Apontaram que o acompanhamento é um fator preponderante
durante a realização de práticas investigativas pelo aluno.
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Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Referências
BAGNO, M. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 22. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2008.
Primeiros escritos
Faz alguns dias que não escrevo porque eu quis, antes de tudo, pensar neste
diário. É estranho uma pessoa como eu manter um diário; não apenas por
falta de hábito, mas porque me parece que ninguém — nem eu mesma —
poderia interessar-se pelos desabafos de uma garota de treze anos. Mas que
importa? Quero escrever e, mais do que isso, quero trazer à tona tudo o que
está enterrado bem fundo no meu coração.
3 Instrução refere-se ao ensino como atividade dinâmica e não como simples reprodução de
saberes prontos e acabados. Traduções contemporâneas do russo para o inglês têm utilizado o
termo instrução para ressaltar o caráter dialético entre os processos de ensinar e aprender.
84
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Vinheta 5
Não sei direito, mas eu achei que seria divertido, afinal eu gosto muito de escrever, ainda
que não sobre mim, mas acho que tomei a biografia, principalmente por ser toda em inglês,
como um desafio para mim mesma.
Suas primeiras impressões antes de iniciar a autobiografia revelam
uma mistura de incerteza com a sensação de diversão. Ao se descrever como
alguém que gosta de escrever, é possível perceber uma aluna que se realiza na
atividade, uma vez que ela vai ao encontro de seus interesses, ainda que falar
de si mesma seja algo relativamente novo para ela. Outro fator é a forma como
encarou a tarefa escrita, como um desafio para uma aluna de Letras que gosta
de escrever. Mais detalhes de como ela lidava com essa tarefa são mostrados
a seguir, nas diferentes etapas que fizeram parte do processo de escrita da
narrativa biográfica em língua inglesa.
Vinheta 6
Eu começava sempre delimitando o que eu queria contar, os acontecimentos, depois eu
repassava as cenas do que havia acontecido e começava a escrever já em inglês usando um
tradutor para palavras desconhecidas e a tabela de verbos, por último eu fazia uma rápida
correção e mudava algumas coisas necessárias.
A organização da escrita de Kitty envolvia a seleção dos eventos que
seriam narrados, em seguida, ela reorganizava a sequência e a forma como
seriam apresentados. A escrita seguia o próximo passo diretamente na língua
inglesa, sendo mediada pelo uso de um tradutor e uma lista de verbos em
língua inglesa. Como se sabe, o uso de tradutores em atividades de escrita em
uma nova língua são cada vez mais frequentes pela maneira como facilitam
o acesso à tradução de termos e trechos mais longos. Mesmo não sendo algo
recomendado, especialmente para alunos em fase inicial de escrita na nova
língua, Kitty cita o uso do tradutor, mas não detalha de que forma ele estava
presente ou com que frequência ela o utilizava. Como a correção não envolvia
apenas sugestões sobre aspectos linguísticos, mas também sobre os temas
abordados por Kitty, a produção escrita era incentivada, pelos comentários do
professor, priorizando a escrita criativa, ou seja, evitando recursos tradutórios
como aplicativos e sites. Ao ponderar sobre a versão completa de sua
autobiografia, a aluna faz outro relato acerca do texto que produziu ao longo
da disciplina.
Vinheta 7
Eu fiquei feliz com o resultado porque consegui passar principalmente os sentimentos e
sensações pelas palavras (eu acho), mas apesar disso eu acho que deveria ter falado sobre mais
acontecimentos, pois me pareceu que a biografia ficou muito breve.
A descrição de sua autobiografia reflete duas questões distintas.
Enquanto ela se sentiu satisfeita pela maneira como se expressou ao longo
88
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
de seu texto (sentimentos e sensações), sentiu que sua produção final estava
breve, ou seja, a sensação de que ela poderia ter contado outras histórias,
narrado outros eventos. Na vinheta oito, a estudante faz outras considerações
sobre falar da própria história.
Vinheta 8
Sim, para mim foi uma ótima experiência então eu gostaria de repassar para que outros
alunos pudessem ter a sensação que eu tive ao escrever sobre meu passado.
Nessas ponderações, Kitty conclui que foi capaz de cumprir todas as
etapas, sem desconsiderar suas dificuldades ao longo do caminho. Como citou
anteriormente, a produção da autobiografia envolveu diferentes sensações e
despertou nela diferentes momentos, das lembranças mais antigas até os dias
atuais quando observa suas dificuldades enquanto aprende língua inglesa. Em
seu relato, Kitty menciona que gostaria que outras pessoas (e outros alunos
de Letras) tivessem a mesma oportunidade de escrever um pouco da própria
história, vivenciando algumas das sensações que ela relatou, salientando suas
impressões da atividade realizada.
Outras escritas
A análise dos relatos na sessão anterior considerou apenas um recorte
na trajetória de uma pessoa que ainda continua escrevendo nas diferentes
situações e nos diferentes contextos em que interage. Enquanto uma categoria
dinâmica, o sentido sobre escrever pode se transformar, mesmo assim, o
estudo desse aspecto subjetivo possibilita compreender a dinâmica entre o
agir e o pensar das pessoas. Do ponto de vista da escrita, a análise revela a
importância do engajamento para que escrever faça sentido.
A proposta pedagógica apresentada teve sua introdução a partir de uma
obra que ressalta o valor da escrita pessoal, de caráter subjetivo e de registro
biográfico. Uma obra que transcende o relato pessoal e dialoga com um período
marcante da história em sociedade. Os primeiros traços do sentido sinalizam
o entendimento da escrita com valor para si, o sentido de autoconhecimento.
A temática envolve e preenche as ações da estudante que pensa nas próprias
histórias, seleciona fatos e, posteriormente passa a reorganizar esses relatos em
uma nova língua, com palavras novas e distintas, parte de sua aprendizagem
da língua inglesa.
Nessa perspectiva, a atividade sugere o sentido de retrospectiva, revela
uma tonalidade afetiva que adquire mais cor nas memórias de infância e
adolescência. Essa atividade escrita, no entanto, não se resumiu em apenas
reviver momentos, pois a atividade também foi atravessada pela sensação de
insegurança ao perceber que ainda estava em fase inicial de aprendizagem.
89
Entremeios da Educação Contemporânea
Ser capaz de produzir seu texto nas diferentes etapas de escrita e reescrita, no
entanto, fortalecem o sentido de que o objeto de sua atividade foi alcançado,
apesar das dificuldades relatadas e que são compreensíveis no processo de
aprender.
Escrever, em seu ponto de vista, torna-se um desafio que a aluna
aceita e encontra propósito. Ela articula diferentes operações (condições) para
sua atividade (seleciona exemplos mentalmente, esboça em inglês algumas
ideias, utiliza recursos para mediar a falta de vocabulário em inglês, dentre
outros exemplos). Ao final da disciplina, ela descreve satisfação em produzir
sua autobiografia em língua inglesa e a recomendação que outros aprendizes
vivenciassem o mesmo processo. A atividade revela seus propósitos, a aluna
percebe o objeto da atividade e a partir de diferentes motivos elabora seu
texto em uma nova língua. Seu relato revela ainda a satisfação de conseguir
comunicar sentimentos e sensações que fizeram parte daqueles momentos,
tanto no presente de escrever histórias quanto no passado de relembrar cada
uma delas.
Para o ensino de línguas em geral, a perspectiva do sujeito sobre sua
escrita, durante sua prática de escrever textos, é uma oportunidade potencial
para compreender não apenas as eventuais dificuldades, mas também as forças
energizantes (motivos) e as operações que são mobilizadas para alcançar um
objetivo centrado na escrita em uma nova língua. Para o professor, no entanto,
não basta apenas a identificação ou o reconhecimento dos elementos que fazem
parte do processo, não basta apenas reconhecer que existem, por exemplo,
dificuldades. Uma das contribuições é que esse tipo de atividade favorece uma
dimensão subjetiva que nem sempre fica evidente ou disponível ao professor
enquanto os alunos produzem seus textos. É preciso incentivar que os alunos
comuniquem suas impressões e suas vivências ao longo do processo da escrita.
O estudo do sentido pode contribuir na direção de planejamento e
reorganização das propostas didáticas, uma vez que a partir disso é possível
considerar quais os fatores essenciais para propiciar uma escrita engajada.
Este estudo forneceu alguns exemplos como o papel da temática, de forma
que o sujeito estabeleça alguma identificação. Todavia, quando este não
for o caso, que os alunos desenvolvam também o entendimento que sua
escrita também envolve questões distantes de sua realidade imediata, e que
aprendam as complexidades de outros gêneros, de outros temas e outros tipos
de conhecimento. E que no processo dinâmico de desenvolvimento da escrita,
todos esses desafios possam encontrar seu espaço nas mais variadas propostas
didáticas pensadas por diferentes professores.
90
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Referências
LIMA, F.S. Histórias que nossos alunos contam: relatos de pesquisa narrativa
e aprendizagem de línguas. In: BONFIM, D.A.; SCHÜTZ, J.A; MAYER,
L. (Orgs.). Diálogos Plurais em Educação. Editora Ilustração: Cruz Alta,
2020b. p.259-269.
Herlan Smith1
dos Orixás abordados nas histórias e através de uma votação espontânea alguns
alunos os receberam, com a promessa simbólica e alusiva de que a partir de
então seriam “guardiães” da natureza.
Contudo, tanto a escola, como os pais de alguns discentes reagiram
negativamente em relação à atividade desenvolvida e os amuletos tiveram
que ser recolhidos dias depois. A partir desse episódio, Nascimento (2019)
concluiu que a escola analisada, como representação da educação pública
brasileira, está limitada a enfrentar as desigualdades raciais, uma vez que as
reproduz como reproduziu ao negligenciar um caso de racismo.
Em todos esses três exemplos citados, a criação da Lei 10.639/2003
não foi impedimento para que casos de racismos pudessem acontecer dentro
das escolas públicas de educação básica do país. A lei, portanto, está em um
campo legal que nem sempre ou na maioria das vezes pode ser materializada
na realidade da educação pública brasileira. A persistência do racismo, nem
sempre velado, que aparece nos trabalhos de Senna (2018), Guedes (2018)
e Nascimento (2019) comprovam os desencontros entre os marcos legais e
o corpo negro como marca identitária invisibilizada na educação. Isso não
significa dizer que a existência e a criação da lei citada não sejam importantes,
mas pressupõe reconhecer que a sua aplicabilidade necessita ser mais eficaz e
que o estado brasileiro, como instância responsável e que reconhece o racismo
em sua agenda, precisa criar mecanismos que fomentem a operacionalização
das ações afirmativas, principalmente dentro das instituições de ensino básico
e públicas do país.
Todavia, essa posição estatal não é e nem pode ser efetivada, haja
vista os próprios moldes de configuração atual do estado, centrado em uma
configuração neoliberal, onde a escola, segundo a ótica de Menezes e Lavergne
(2018), através dessa conjuntura esbarra no que as autoras chamam de o
“paradoxo do imperativo da inclusão”, que reflete a uma maneira de “incluir”
“excluindo” as diferenças, como as raciais, por exemplo. De acordo com a
argumentação das autoras, abraçar as diferentes diferenças somente através
da criação de ações afirmativas legais, se constitui na “[...] forma política e
economicamente mais barata de prestar contas com um povo que até os fins
do século XX permanecia sem os direitos sociais mais básicos.” (MENEZES e
LAVERGNE, 2018, p. 110).
Dentro dessa perspectiva, a hipótese aqui defendida para pensar
a persistência das violências racistas nas instituições públicas de ensino
básico remonta as tramas do próprio estado neoliberal, que no ato de se
desresponsabilizar das políticas públicas, enfraquece a materialização efetiva
das próprias leis que cria, como a Lei 10.639/2003, como se apenas criar
marcos regulatórios pudesse ser capaz de aniquilar com problemas estruturais
101
Entremeios da Educação Contemporânea
Considerações finais
Como vimos, no decorrer deste ensaio, o fenômeno do racismo é
estrutural e seu combate, portanto, também deve ser multifacetado, como nos
sugere Moore (2007), no entanto, essas são algumas estratégias de intervenção
a partir do Ensino de História. À vista disso, pressupomos que a Educação
através do ensino de História e direcionada para essas estratégias possa
produzir reflexos nas relações escolares e sociais futuras, que serão vividas
por sujeitos que terão novos olhares ou olhares mais atentos para as questões
raciais, entendendo minimamente como as dinâmicas do racismo afetam suas
vivências e partir disso, lutando para transformar não o mundo, mas os locais
em que vivem.
Vimos inicialmente como os vestígios africanistas, como a narrativa de
Ananse, foram primordiais para a população negra pudesse se reconstruir pós
diáspora, pós escravidão, tendo na memória, um mecanismo para continuar
lutando para recontar histórias. As estratégias acima citadas, nessa relação
com a linguagem mitológica, podem ser ações vitais para que através do
ensino de História os “herdeiros de Ananse” possam em contato com práticas
anticoloniais, possam continuar contando suas narrativas, mas, de fato,
não mais sob a perspectiva dos dominadores. Assim, é possível sanar os não
encontros entre as leis as identidades negras na educação.
Referências
Ananindeua-PA, 2018.
Introdução
Encaminhamento metodológico
Como encaminhamento metodológico, recorreu-se, então, a pesquisa
do tipo documental e de campo na modalidade descritiva. A pesquisa foi
realizada no ano de 2017, em uma escola pública do interior do Estado de
São Paulo.
A pesquisa documental teve como base a legislação de formação
docente para a inclusão escolar, sendo as Diretrizes Curriculares para a
Educação Especial, tendo como foco as atribuições do professor capacitado; e
a Resolução nº 02/2015, que apregoa as Diretrizes para a formação docente.
Para Fonseca (2002, apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 37) “[...] a
pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem
tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios,
documentos oficiais, cartas, filmes [...]”.
A pesquisa de campo na modalidade descritiva “[...] pretende descrever
fatos e fenômenos de determinada realidade” (TRIVIÑOS, 1987 apud
GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 35).
Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado para este tipo de
pesquisa à entrevista e o questionário.
A entrevista foi realizada a partir de questões estruturadas com relação
à organização do município para a inclusão escolar, o trabalho desenvolvido
pelo professor especialista do AEE com os alunos público-alvo da Educação
Especial na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) e o trabalho do professor
108
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Resultados e discussão
alvo da Educação Especial, não justifica que todos devem ser matriculados
na mesma escola, sendo que cada escola deve ser responsável por seu aluno
e lhe oferecer as condições necessárias as suas necessidades aprendizagem. A
inclusão na visão de Mantoan (2015, p. 62) é uma:
[...] inovação que implica um esforço de modernizar e reestruturar a natureza
atual da maioria de nossas escolas. Isso acontece à medida que as instituições
de ensino assumem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles,
mas resultam, em grande, do modo como o ensino é ministrado e de como
aprendizagem é concebida e avaliada.
A partir da entrevista, o PAEE apresentou o percentual de alunos público-
alvo da Educação Especial presente em cada instituição de anos iniciais do
Ensino Fundamental do município. Isto representa a descentralização de
matrículas que era realizada anteriormente em apenas uma escola por aqueles
alunos público-alvo da Educação Especial. Para visualização desses dados, a
seguir apresenta-se uma tabela com o percentual de alunos público-alvo da
Educação Especial nessas escolas:
enquanto que outros buscam seu aperfeiçoamento para trabalhar com os alunos”,
ou seja, aceitam o desafio da inclusão educacional no contexto do ensino
regular. A dificuldade para os professores, de acordo com o PAEE, é a quantidade
de alunos considerados por ele de “inclusão” em cada sala de aula, e somado a
isso, esta a estrutura do município em ter apenas um docente que atende estes
alunos na SRM e oferece (“tenta”) apoio pedagógico aos professores.
Com base na entrevista e nos dados apresentados pelo PAEE, o
questionário foi aplicado com 7 (sete) professores da Escola 1 que, por sua vez,
apresenta atualmente o maior percentual de alunos público-alvo da Educação
Especial em uma perspectiva inclusiva (6,5%).
Dentre os 7 (sete) professores participantes desta pesquisa têm se como
experiência profissional no exercício do magistério em média 10 anos, sendo 7
(sete) anos o menor tempo e 19 (dezenove) anos o maior tempo na docência.
No que diz respeito à formação inicial, 6 (seis) docentes são licenciados em
Pedagogia e um (1) professor licenciado em Educação Física.
P7: “Sim”.
Nos relatos indicados acima, evidencia-se a preocupação dos professores
em buscar cursos de formação continuada para os desafios da inclusão escolar.
A partir das questões sobre os cursos de capacitação e de formação especialista
na área de Educação Especial, é perceptível que os professores optam por
realizar cursos de formação continuada, pois atuam em classes comuns com
alunos com NEE, dentre eles alunos público-alvo da Educação Especial.
A formação continuada é um dos pré-requisitos para a transformação
do professor, que de acordo com Fernandes (2013, p. 215), deve possibilitar
“[...] situações de análise e reflexão sobre suas próprias condições de trabalho e
suscite novas possibilidades de mediação no que se refere à prática pedagógica
com diferenças e deficiências, em movimento que não dissocie teorias e
práticas”.
Ao perguntar aos professores sobre formação especializada em
Educação Especial, 3 (três) professores relataram ter especialização nessa
área. O P2 possui curso de Especialização em Educação Especial Inclusiva
com ênfase na Dificuldade Intelectual e, P4 e o P6 curso de Especialização
em Psicopedagogia. Nessa questão cabe ressaltar que o fato de possuírem
especialização na área de educação inclusiva, não quer dizer que não possuem
dificuldades no trabalho com alunos com NEE em suas classes comuns.
Em relação à importância de os cursos de formação docente ofertarem
disciplinas de educação inclusiva, todos os professores avaliaram como
relevante, mediante a demanda de alunos público-alvo da Educação Especial,
bem como com NEE, nas classes comuns do ensino regular. O quadro a
seguir, apresenta as avaliações dos professores quanto à inserção de disciplinas
nos cursos de formação docente.
113
Entremeios da Educação Contemporânea
P2: “acho ótimo pois assim os demais alunos podem conviver com os alunos e
trazer isso a sua realidade”.
116
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
P4: “[...] que se inclua as crianças, mas que se tenha profissionais capacitado
para trabalhar com elas. Enfim minha opinião é que as crianças com NEEs,
continue sendo incluídas e tratadas como elas merecem”.
P5: “acredito que o aluno deva ter um profissional da área especial para
acompanhar o seu desenvolvimento durante as aulas, incentivando a
autonomia e de participar de todas as atividades possíveis juntamente com os
demais alunos, dependendo da necessidade especial que ela possua”.
Já para os professores/participantes P3 e P7 relatam incertezas com
a proposta de inclusão devido à falta de estrutura das escolas públicas,
acreditando ser uma proposta “utópica”.
P3: “algo difícil de opinar devido aos inúmeros casos de inclusão, acredito
que para a inclusão, alguns casos precisam de maiores cuidados adaptativos,
diferentes do que temos hoje”.
Considerações finais
Este capítulo teve por objetivo apresentar a percepção dos professores
dos anos iniciais do Ensino Fundamental sobre a formação inicial e continuada
para a inclusão de alunos público-alvo da Educação Especial em classes
comuns do ensino regular.
No que tange ao professor capacitado, é importante que esteja
preparado para atender as necessidades de aprendizagem dos alunos,
respeitando o processo de ensino-aprendizagem independentemente de suas
diferenças e que o ensino seja sem exclusões. A formação inicial do professor
capacitado ao abranger os conteúdos gerais da educação especial não deve ser
algo superficial, é fundamental proporcionar conteúdos em que os professores
consigam desenvolver metodologias e procedimentos pedagógicos para
trabalhar como todos os alunos.
Com base nas respostas dos professores questionários, evidenciou-
se a carência dos cursos de formação de professores para a inclusão escolar,
em que apontam dificuldades em desenvolver procedimentos pedagógicos
e metodológicos para as necessidades dos alunos público-alvo da Educação
Especial.
Assim, identificou-se o quão é necessário repensar a grade curricular
dos cursos de formação inicial de docentes, como também os cursos de
formação continuada para os que já atuam com alunos público-alvo da
Educação Especial em classes comuns do ensino regular. A formação inicias
e continuada necessita ser reformulada com conteúdos referente à educação
inclusiva, porque compreende um dos principais pilares para a efetivação e
êxito da inclusão escolar dos alunos, independentemente das suas dificuldades
e diferenças.
Referências
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como
Fazer?. São Paulo: Summus, 2015.
Introdução
Considerações finais
O educador é responsável por enriquecer a vida do aluno através das
obras lidas e ações educativas intencionais. Ele precisa observar e proporcionar
aos educandos a leitura de diversos textos com assuntos diferentes e então
descobrir quais são os temas que mais atraem esses leitores. A descoberta do
assunto que mais aproxima os leitores vai depender da realidade em que estão
inseridos, do seu contexto social e faixa etária. O professor deve estar sempre
preparado para interagir sempre com os alunos de uma forma onde todos
participem e possam expressar.
Para Freire, (1987) “ninguém ensina nada a ninguém e ninguém
aprende nada sozinho”, ele diz que só se aprende consociando uns com os
126
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
outros, inspirados pelo mundo que nos cerca, isto é, somos capazes de ensinar
para os adultos e para as crianças se formos capazes de aprender, sendo um
professor disposto a buscar o novo, aprender todos os dias, e não aquele que
acha que sabe. Segundo Freire o bom professor é aquele que se coloca junto
com o educando e procura superar com o aluno o seu não saber e as suas
dificuldades, com uma relação de trocas onde ambos aprendem.
Para ocorrer à aprendizagem é necessário o enfrentamento de situações
desafiadoras propiciando aos alunos elaborados conhecimentos. Educar
é um ato político, um ato de criação e recriação. O diálogo é fundamental
na construção da educação do sujeito, para compreensão da estrutura social
de conscientização e de transformação. O alfabetizar não é aprender a ler e
escrever através de repetição de palavras, mas sim dizer sua palavra criadora de
sua própria cultura.
Referências
Introdução
Desenvolvimento da pesquisa
Para o desenvolvimento deste estudo, adotamos os encaminhamentos
preconizados pela metodologia de pesquisa da revisão sistemática com bases
em Sampaio e Mancini (2007), Senra e Lourenço (2016). De tal modo,
evidenciamos que este tipo de pesquisa possibilita caracterizar evidências
científicas frente a um tema, possibilita sistematizar os resultados obtidos e
identificar o que já foi desenvolvido e as lacunas a serem preenchidas referentes
ao objeto de estudo (SENRA; LOURENÇO, 2016).
Conforme Senra e Lourenço (2016), organizamos os encaminhamentos
das quatro primeiras etapas, apresentadas no quadro 1.
130
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
interesse nesta revisão sistemática. De tal modo, esta etapa possibilitou fixar os
12 estudos que atenderam os critérios de inclusão para esta revisão sistemática.
Posteriormente, na sétima etapa, montamos uma pasta com as
produções científicas encontradas e elaboramos um quadro contendo dados
das pesquisas: referência, referencial teórico, tipo de pesquisa, participantes
(amostra), procedimentos/instrumentos de coleta e análise dos dados e
resultados principais.
Em seguida, na oitava etapa, avaliamos e sintetizamos de maneira
quantitativa os resultados atingidos buscando compreender o número de
pesquisas relevantes sobre o assunto e ano de maior publicação. A distribuição
do número de publicações das produções encontradas foram lineares,
apontando duas em 2013, 2014, 2017 e 2018, e uma para os anos de 2010,
2011, 2015, 2016, sendo que em 2009 e 2019 não foram localizadas pesquisas
relacionadas a implementação do DUA na prática pedagógica.
Após isso, na nona etapa, realizamos uma avaliação e síntese qualitativa
para integração dos resultados e possíveis intervenções do fenômeno de
interesse, e assim classificamos as pesquisas em duas categorias pela forma de
abordagem do tema. No quadro a seguir detalhamos as pesquisas que foram
contempladas em cada categoria.
Quantidade Quantidade
Categoria Autor(es) e ano
(nº) (%)
Johnson-Harris e
b) na inclusão de alunos
Mundschenk (2014);
com Transtornos Globais
Micghie–Richmond e Sung 3 20%
do Desenvolvimento
(2011); Morningstar et al
(TGD)
(2015)
c) na inclusão de alunos
Katz (2013); Fuelberth e
com dificuldades de 2 15%
Todd (2017)
aprendizagem
Messinger-Willian e Marino
d) na inclusão de alunos (2010); Tomas, Cross e
com deficiência física e Campbell (2018); Miller e 4 40%
com deficiência intelectual Satsangi (2018); Taunton,
Brian e True (2017);
Fonte: Dados de nossa pesquisa
132
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Resultados e discussões
Nesta seção explicamos que ao analisar as 12 produções científicas
selecionadas para esta revisão sistemática, foram identificadas dez tipos de
pesquisas adotados pelos autores. Das 12 produções científicas três adotaram
o estudo de caso e três estudos descritivos e para os demais tipos localizados
foram uma produção científica em cada um.
Com base nos conteúdos abordados nas pesquisas selecionadas,
organizamos os dados em quatro categorias que serão a seguir apresentadas e
analisadas.
- Os resultados abrangem a
Avaliar os efeitos do modelo de participação de 650 alunos, 50
três blocos (KATZ, 2013) na professores e 15 administradores
Katz e compreensão de aprendizagem, de escolas de Manitoba (Canadá)
Análise de
Sokal processo de aprendizagem indicaram ganhos significativos na
método
(2016) e engajamento escolar em atividade dos alunos e engajamento,
alunos com deficiência e com positivo crescimento na percepção
dificuldade de aprendizagem. do clima da turma e em suas
interações sociais.
Apresentar alguns casos de
- o DUA promove aprendizagem
Sherlock- atletas com deficiência em que
Análise do entre os atletas através da oferta
Shangraw foram empregados os princípios
discurso flexibilizada de instruções e de
(2013) do DUA para a qualificação da
métodos de treinamento.
aprendizagem.
Fonte: Elaborado pelos autores (2020).
Considerações finais
Evidenciamos que, por meio desta revisão sistemática, 12 produções
científicas em língua inglesa sobre a implementação do DUA associada à
inclusão dos alunos que apresentam NEE apresentam impactos qualitativos
para o aprimoramento da prática pedagógicas dos docentes e favorecimento
138
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Referências
KATZ, J. The Three Block Model of Universal Design for Learning (UDL):
Engaging Students in Inclusive Education. Canadian Journal of Education,
v. 36, n.1, p.153-194, 2013.
Introdução
Metodologia
Este estudo caracteriza-se por ser de cunho qualitativo, neste “o
pesquisador busca descrever a reação de cada aluno ou do grupo de alunos
segundo sua percepção ou segundo as palavras dos alunos, descrevendo o
145
Entremeios da Educação Contemporânea
Idade: ____________
Gênero: ____________
Residente: ( ) Rural ( ) Urbano
Resultados e discussão
Esta investigação é parte de um estudo mais amplo (PEREIRA;
COUTINHO; IDALGO, 2019), o qual parte da necessidade de identificar as
compreensões prévias dos estudantes e a pertinência da temática (MORENO,
2019). Posteriormente a essa análise, foi desenvolvida uma sequência didática,
que buscava discutir as implicações dos agrotóxicos sobre o meio ambiente
e saúde, bem como demonstrar a viabilidade dos métodos alternativos
de produção (PEREIRA; COUTINHO; IDALGO, 2019). Por isso, essa
investigação foi utilizada para estruturar as problematizações e conhecimentos
que seriam abordados (MORENO, 2019). Esta etapa, não substituiu,
obviamente, as provocações e problematizações desenvolvidas na intervenção.
Da análise dos resultados, identificou-se que do total de estudantes, 19
residem na área urbana e sete na área rural. Já na pergunta que visava verificar
se os estudantes conheciam alguém que fazia o uso de agrotóxicos, obteve os
seguintes resultados:
Gráfico 1: Resultados obtidos a partir da pergunta: “Você conhece alguém que faz o uso
de agrotóxicos?”
Venenos 12
Substâncias protetoras 10
Produtos para conservação da planta 4
Acho que sim, pois os agrotóxicos eliminam os vestígios não comestíveis das
verduras e alimentos, ajudam matar os insetos e outras impurezas. (Estudante
5).
Como pode ser visto acima, a maioria dos estudantes compreendem
que os agrotóxicos são indispensáveis na produção de alimentos. Interpreta-se
que os animais que causam prejuízos às plantações são vistos como inimigos,
e, por isso, devem ser mortos. Percebe-se também, em muitos momentos, que
não é atribuído valor ambiental a estes organismos. Isto pode ser visualizado
quando os estudantes utilizam os termos “coisas ruins”, “vestígios não
comestíveis”, “impurezas” ao se referir a estes seres. Os resultados desta pesquisa
assemelham-se aos obtidos pelos pesquisadores Cruz, Messias e Ribeiro
(2020) em que os estudantes do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola
do Mato Grosso, consideraram os agrotóxicos como produtos necessários
para defender as plantações de pragas ou insetos. É notável, infelizmente,
que a percepção dos estudantes dos diferentes estados é semelhante quanto
a necessidade do agrotóxico para eliminação de insetos e sem considerar a
importância ecológica desses organismos.
Entretanto, se analisar do ponto de vista que muitos pais e mães dos
estudantes sobrevivem da agricultura familiar, é compreensível que haja essa
percepção, porque quando há um alto índice de insetos nas plantas, estes
acabam prejudicando a colheita e por consequência a renda do agricultor.
Contudo, é necessário, ao mesmo tempo discutir que as espécies possuem um
papel ecológico essencial na natureza e que os agrotóxicos podem afetar a sua
sobrevivência. A exemplo disso, muitas espécies de abelhas, estão ameaçadas
de extinção em função do uso excessivo e inadequado de agrotóxicos. Esses
animais são responsáveis por grande parte da polinização, contribuindo
significativamente na preservação da vida vegetal, na variabilidade genética
149
Entremeios da Educação Contemporânea
e até mesmo ser a fonte da renda familiar. Fernandes e Stuani (2015, p. 758)
indicam:
A possível compreensão que o uso de agrotóxico para combater pragas é um
dos responsáveis pelo aumento da produção de alimentos e consequentemente
do aumento da renda familiar do agricultor pode gerar dificuldades na
aceitação dos estudantes acerca dos efeitos negativos oriundos da utilização
desses defensivos agrícolas. No entanto, mesmo frente a novas dificuldades, a
abordagem de tal temática é de fundamental importância.
Partindo da afirmação acima, as pesquisadoras supracitadas destacam
que a dificuldade de aceitação e relação com os malefícios dos agrotóxicos
é devido o contexto de alguns estudantes, vinculados a base financeira das
famílias, mas mesmo diante da realidade dos educandos a temática é iminente
no ensino.
Na quinta pergunta era questionado “Você conhece alguma alternativa
sustentável de produção que não faz o uso de agrotóxicos? Se sim, cite exemplos:”,
apenas sete estudantes responderam que sim, isto é, que existem formas
alternativas de produzir sem utilizar agrotóxico. No entanto, 19 estudantes
destacaram que não conheciam ou não existiam alternativas para a produção
agrícola. Os sete estudantes que afirmaram que conheciam métodos
alternativos de produção, citaram os produtos transgênicos, a agricultura
orgânica, e a produção hidropônica, contudo, nesta última também há o
uso, em muitos casos, de produtos químicos. Por isso, salienta-se para o fato
de que somente um dos estudantes mencionou a produção orgânica como
possibilidade, porém, sem fazer menção às técnicas utilizadas na produção.
Desta maneira, é possível constatar que há conhecimentos equivocados,
embora, não estejam totalmente incorretos. Pois, há também uso de agrotóxicos
nas plantas geneticamente modificadas (transgênicas). Um exemplo disso, é
o caso de um tipo de soja transgênica, que foi alterada geneticamente para
ser resistente ao glifosato. Reflexo dessa situação, é um aumento no uso
desses produtos, sem afetar a germinação e desenvolvimento inicial da planta,
seguindo assim a mesma lógica da agricultura convencional (LONDRES,
2011). Atualmente, no Rio Grande do Sul, áreas nativas estão sendo convertidas
para cultivo de soja, devido a expansão massiva na sua produção. Reflexo
disso, é o aumento do uso de glifosato e, concomitantemente, resultando no
aumento de plantas resistentes a esse produto. Por isso, estão sendo utilizada
uma mistura produzida a partir do glifosato e do 2,4- diclorofenoxiacético -
um herbicida sistêmico, classificado como altamente tóxico (TAKANO, et
al., 2013). Por este motivo, essas discussões representam um problema local
vivenciado pelos sujeitos da turma, demonstrando novamente a importância
de discutir a temática no contexto escolar.
Na questão de número seis “Em sua opinião, os agrotóxicos devem
152
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
em seus riscos e como poderia ser prejudicial, tanto para a saúde como para o
meio ambiente como um todo (Estudante 3).
Sim, porque sempre dizem que são importantes, mas eu gostaria de saber se é
realmente necessário o uso deles (Estudante 17).
Por fim, a partir da análise identifica-se que há uma percepção de que
os agrotóxicos são necessários para a produção de alimentos. Além disso,
percebeu-se que aparentemente não há preocupação com as espécies animais
e vegetais que são afetadas pelos agrotóxicos. Portanto, tendo em vista a
importância ecológica de diversas espécies, torna-se importante a abordagem
dessa temática na escola. Isso, pode gerar reflexões sobre o uso destes produtos,
bem como contribuir na compreensão de conteúdos de biologia e de outras
áreas, quando se trabalhado numa lógica interdisciplinar.
Estudos demonstram a potencialidade da temática em se trabalhar
diversos conhecimentos científicos. Exemplo disso, é favorecer a compreensão
das relações ecológicos, cadeia/teia alimentar, mutação, fotossíntese, dentre
outros (PEREIRA; COUTINHO; IDALGO, 2019). Ademais, Moreno
(2019) seleciona conteúdos que podem ser trabalhados interdisciplinarmente
a partir da temática, demonstrando possibilidades a partir da área das Ciências
da Natureza (ex: ciclos biogeoquímicos, trocas de cátions, energia, reações
químicas, etc.) e da Ciências Humanas (ex: Revolução Verde, Distribuição de
Alimentos, Produção Orgânica, etc.). Fernandes e Stuani (2015) enfatizam
em suas pesquisas com licenciandos da Educação do Campo a compreensão
dos professores em formação em abordar a temática de agrotóxicos sob olhar
interdisciplinar, rompendo apenas aspectos conceituais.
A importância da abordagem interdisciplinar é defendida por Auler
(2007b) quando explicita que os temas devem ser trabalhados a partir de diversos
olhares disciplinares para que possam ser efetivamente compreendidos, visto
que, apresentam conhecimentos que perpassam mais de uma disciplina. Em
corroboração a isso, os autores Marques, Drehmer-Marques e Brancher (2020)
apontam que as temáticas ambientais devem ser abordadas nos diferentes
componentes curriculares e nos diversos níveis e modalidades de ensino, uma
vez que os temas aparecem com maior frequência nas disciplinas de ciências
e biologia, sendo necessário um debate amplo das questões ambientais e
sociais nas diferentes áreas do conhecimento. É preciso refletir sobre o ensino
de ciências e a importância de temáticas ambientais como a discutida neste
trabalho, além do campo conceitual da área das ciências da natureza, mas
repensar de uma forma holística e interdisciplinar com as demais áreas do
conhecimento quanto a questões sociais, econômicas e políticas. Desta forma
busca-se um ensino significativo contextualizado com abordagem de temas
atuais e pertinentes, contribuindo além dos conteúdos conceituais e sim
contribuindo com a formação de estudantes críticos, reflexivos e cidadãos
154
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Considerações finais
A análise das percepções dos estudantes acerca da temática agrotóxicos
demonstra que esses sujeitos ainda compreendem ingenuamente que esses
produtos são indispensáveis para a produção agrícola, embora, percebam
que causam prejuízos ao meio ambiente e a saúde. Além disso, um outro
resultado observado é a ausência dessas discussões na Educação Básica, o
que também pode ocorrer em outras escolas. Embora as discussões sejam
tímidas neste contexto, os estudantes demonstram interesse em aprofundar os
conhecimentos acerca da temática.
Por tudo isso, salienta-se a importância de se utilizar a temática
agrotóxicos dentro dos espaços educativos, no intuito de desenvolver nos
educandos uma sensibilização sobre a preservação ambiental. Além disso,
considera-se importante a utilização desta temática, considerando que para
além de favorecer uma sensibilização, pode contribuir na compreensão de
conteúdos de biologia, pois aproxima o conhecimento escolar sistematizado
aos conhecimentos da realidade dos estudantes.
Espera-se através deste estudo contribuir para a abordagem da temática
agrotóxicos no contexto escolar, além de servir como indicativo da existência
de compreensões equivocadas acerca de suas finalidades, implicações e uso.
Sugere-se ainda o uso de propostas interdisciplinares, pois a temática de
agrotóxicos deve ir além da abordagem em somente um componente curricular
como o caso da biologia, a temática deve extrapolar fronteiras disciplinares
e ser debatida amplamente sobre diferentes perspectivas e contribuições de
diversas áreas do conhecimento.
Referências
Introdução
Fundamentação teórica
A consciência de que a matemática é tomada como uma disciplina com
alto índice de dificuldade não é novidade. Porém, precisamos nos posicionar
frente a esta questão na busca de explicações e ações que tentem responder
por que os alunos sentem tamanha dificuldade em aprender matemática e os
161
Entremeios da Educação Contemporânea
Aspectos metodológicos
A metodologia se ancora na pesquisa bibliográfica a partir de autores
citados no referencial teórico. Nesse tipo de pesquisa, a principal vantagem é
que ela permite
ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla
do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna
particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados
muito dispersos pelo espaço. (GIL, 2008. p. 50)
A abordagem tem caráter qualitativo onde há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, estabelecendo uma indissociabilidade entre o
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito (CHIZZOTTI, 2006).
O jogo “Trilhas cem por cento” foi aplicado em uma Escola Municipal
do Rio de Janeiro com uma turma de 20 alunos do 6º ano. As ações e práticas
com a atividade do jogo foram descritas na forma como se deve jogar ” A Trilha
Cem por Cento” e no relato de experiência, onde, por meio de observações
e ações participantes, percorremos, em coletividade, os caminhos para que
os alunos desse segmento apreendessem conceitos e conhecimentos sobre o
objeto de conhecimento porcentagem.
164
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Resultados e discussão
Apresentaremos, nas linhas que se seguem, informações sobre o jogo,
a forma de confeccioná-lo, a sua dinamização e o relato da experiência no
campo, tendo no eixo temático os números e no objeto de conhecimento a
porcentagem, itens inscritos na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,
2017) para a o sexto ano do ensino fundamental.
operação estava ou não correta. Com isso, sentávamos no chão junto com
eles e discutíamos a dúvida em questão. Percebemos, neste momento, que
houve grande entrosamento da turma. Os alunos ficaram entusiasmados
com as atividades desenvolvidas. Percebemos também que quanto mais nos
afastamos de uma visão puramente tradicional de ensino e atribuímos ênfase
a metodologias lúdicas como o jogo e a brincadeira, mais induzimos a criança
a pensar e a refletir sobre suas próprias ações, possibilitando, assim, um
imensurável aprendizado (KRAMER, 2006).
Durante a dinâmica apresentada, era perceptível o interesse da turma
na aula. Vale ressaltar que escolhemos o jogo “Trilha Cem por Cento” por ser
de fácil acesso e nos permitir observar os alunos mais de perto, além de aguçar
o raciocínio lógico e a imaginação deles. Esta aula foi bastante proveitosa,
pois não somente desenvolvemos a atividade que havíamos planejado, como
também conseguimos o interesse e a participação ativa dos alunos envolvidos
na dinâmica da atividade proposta. Depois que obtivemos um ganhador de
cada grupo, recolhemos todos os rascunhos usados por eles ao decorrer da
atividade.
Neste último momento de nosso encontro, pedimos para que os
discentes, ainda sentados em grupo, respondessem quatro questões que
seriam expostas no quadro. Informamos que não mais poderiam contar com a
ajuda do professor; cada grupo deveria responder o seu próprio questionário.
Pedimos que eles analisassem as perguntas e as solucionassem em uma única
folha, por grupo, com o nome de todos os participantes. As questões foram:
1) Se seu marcador está na casa 100, que número deverá sair no dado,
na próxima jogada para você ganhar o jogo? 2) Invente uma regra para a
casa 60, que garanta a vitória de quem alcançá-la. 3) Quem “andaria” mais
casas: quem estivesse na casa 20 e a ordem fosse avançar 25% do caminho
percorrido ou quem estivesse na casa 25 e a ordem fosse avançar 20% do
caminho percorrido? Justifique sua resposta. 4) Em que casa você preferiria
“cair”: 16 ou 48. Por quê?
Estas perguntas foram o registro final da atividade. A resposta dada a
cada pergunta, por cada grupo, foi o que guiou a análise final sobre o jogo
proposto. Por fim, antes de liberar os alunos, abrimos uma roda, todos nós
sentados no chão, para que os mesmos pudessem se pronunciar com relação ao
jogo e também para que houvesse uma socialização e discussão dos resultados
encontrados através do questionário respondido ao final da atividade.
Considerações finais
Após o estudo teórico realizado junto a intervenção prática da
dinamização do jogo “A Trilha Cem por Cento”, percebemos que a
utilização de atividades lúdicas podem favorecer o aprendizado de conceitos
matemáticos, podendo ser utilizados dentro e até mesmo fora de sala de aula.
Recomendamos a utilização de atividades lúdicas nos mais variados objetos
de conhecimentos para o ensino de matemática que compõem o currículo
escolar, pois tal fato corrobora para o progresso no ensino e no aprendizado
de tal ciência.
Comprovamos os aspectos positivos da utilização do lúdico para as
aulas de matemática. É perceptível, quando se trabalha com esta perspectiva,
que há aceitação por parte dos alunos, transformando, assim, a matemática
mais acessível, prazerosa e estimulante. Os alunos se envolvem pelo aspecto do
brincar, do lúdico da atividade, em contrapartida nós professores conseguimos
abstrair de um simples jogo uma finalidade educativa, cujo objetivo é ampliar
os conhecimentos e desenvolver e aprimorar habilidades e competências no
aluno.
A Instituição Escolar, com a finalidade de se desenvolver junto com os
seus estudantes, pode incentivar o uso dos jogos, incorporando-os aos projetos
pedagógicos, de modo que seus professores possam valorizá-los como ponto
de partida para o desenvolvimento e aprendizagens de posteriores conceitos
ou mesmo como um meio de revisão de objetos de conhecimentos.
Cabe ressaltar que não existe um método infalível para ensinar
matemática, nem podemos engessá-la, mas promover caminhos para
aprendizagens significativas e próximas da realidade do aluno. Com a
atividade do jogo “Trilha cem por cento” conseguimos aproximar alunos do
objeto cognoscível.
Concluímos, deixando caminhos abertos para discussões, estudos
e atividades práticas referentes ao objeto de conhecimento porcentagem
desenvolvida no sexto ano do ensino fundamental. Estamos cientes de que
é necessário analisar os alunos, suas competências, suas habilidades, medos
e dificuldades para então procurarmos a melhor forma de compartilhar
conhecimentos que culminam em aprendizagens.
171
Entremeios da Educação Contemporânea
Referências
CUNHA, M. I. da. O Bom Professor e sua Prática. 10. ed. Campinas, SP:
Papirus, 2000.
Introdução
permaneceu tal qual foi formulado e o quanto foi alterado e, se o foi, por
quais razões? Outra questão é, se o modelo sofreu alterações pode-se dizer
que o modelo de educação realizado e seus objetivos constituem já em outro
modelo, em outra educação, uma Educação Brasileira? Para responder a essas
questões, passa-se a analisar o cotidiano colonial e a educação jesuítica a partir
do trabalho de pesquisa de José Maria de Paiva (2000) acerca da educação
jesuítica no Brasil Colonial.
Paiva (2000) apresenta inicialmente as condições de vida dos colonos
portugueses e indígenas escravizados ou não como uma luta pela vida que
abrange as necessidades de cada grupo.
Havia floretas virgens, os bichos, vazio. Havia as distâncias, a rarefação de
população, a falta de recursos de toda ordem. E nessa situação, a premência
de produzir riqueza. [...] Por precisarem de terras e por precisarem de braço
indígena, puseram-se em guerra contra os nativos. Sujeitados ou amigos, os
nativos estavam ali para trabalhar como escravos.[...] A vida cotidiana se fazia
de ataque e defesa. Tinham de sair a campo e lutar contra os índios e sabiam que
isso era por a vida em risco [...] era uma ameaça permanente, fosse do ponto
de vista da segurança, fosse do ponto de vista da cultura. [...] Os brasileiros
se ressentiam da mudança geral que a nova situação lhes causava. A primeira,
ao menos para os portugueses e índios, dizia respeito à posse tranquila da
terra. Para os primeiros isso significava a expulsão dos índios e consequente
escravização (PAIVA, 2000, p. 45-46).
Ao analisar as condições cotidianas e a educação realizada nos colégios
jesuítas, Paiva (2000), escreve que essas condições não abalaram o currículo, o
Ratio Studiorum permaneceu intocável, onde afirma que
Os jesuítas achavam natural nessas condições, acompanhando as expedições,
ainda que para tentar, com boas palavras, trazer os índios para o serviço dos
portugueses. [...] a guerra penetrava o colégio jesuítico. Mas não abalava o
currículo nem a disciplina. A vida no colégio parecia continuar, impávida,
como se não estivesse envolvida pelo mesmo ambiente colonial. [...] A educação
e o ensino se pautavam por princípios que, ipsis litteris, não prevaleciam extra
muros. [...] Eles, no entanto, viviam a naturalidade dos comportamentos e
das justificações. Intra ou extra muros, a linguagem e a interpretação eram as
mesmas. [...] Extra muros a vida era feita de pecados” (PAIVA, 2000, p. 47).
A esse fato, Paiva (2000, p. 48), categoriza como “formalismo
pedagógico”, contratante e contraditório, “resultado do contraste entre prática
e princípios” que, segundo o autor não “deve ser atribuído ao estilo jesuítico”,
mas pela sociedade colonial como “formalismo cultural”. Do excerto e das
categorias colocadas por Paiva (2000), pode-se afirmar que, pelo menos, os
objetivos iniciais de uma educação jesuítica no Brasil Colonial, não se realizou
conforme se propunha inicialmente, pois no conjunto da vida social, e o
modelo educacional a ser realizado pelos jesuítas a partir da Retórica deveria
ser realizado, também, além dos muros colégio.
180
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Referências
HANSEN, João Adolfo. A civilização pela palavra. In: LOPES, Eliane Marta
Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive. 500
anos de Educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000 pp. 19-39
PAIVA, José Maria. Educação Jesuíta no Brasil. In: LOPES, Eliane Marta
Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive. 500
anos de Educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000 pp. 42-59
APRENDIZAGEM EM TEMPOS DE AULAS
REMOTAS: LEITURA E PRODUÇÃO A PARTIR DO
GÊNERO TEXTUAL MEMES
Introdução
O mundo contemporâneo está marcado por diversas mudanças,
sobretudo com os avanços na comunicação e informatização. Com isso, vemos
a quebra de paradigmas, o surgimento de novos e tantas outras transformações
nas esferas tecnológicas, científicas e humanas. E enquanto professores nos
deparamos, dia após dia, com desafios que nos fazem repensar a nossa prática
docente. Neste sentido, observamos que o formato da sala de aula tradicional
e toda a dinâmica que permeia esse espaço, já não suprem as necessidades
educacionais dos nossos alunos, que estão inseridos num contexto tecnológico
e dinâmico da vida social, todavia, entender seu papel ativo na sociedade e
construir saberes compreendendo que “a escola é disputada na correlação de
forças sociais, políticas e culturais”. (ARROYO, 3013, p.13).
Ao pensarmos na Língua Portuguesa, mais especificamente, no ensino
de leitura e produção textual, percebemos a necessidade do uso de novas
metodologias e ferramentas para favorecer a aprendizagem dos alunos. Para
4 “O meme é uma expressão cultural típica da cibercultura. Sua criação se dá de forma colaborativa
e seu crescimento é espontâneo. Por isso mesmo, eles costumam surgir em redes sociais.”
CANDIDO; GOMES,( 2015, p. 129).
5 As Escolas Cidadãs foram implantadas em 2016, a princípio com 8 unidades, diante do bom
desempenho e aceitação por parte da comunidade escolar, em 2017 o número foi ampliado para
33 Escolas Cidadãs Integrais. Estas escolas trazem em seu modelo inovações e propostas que
buscam fazer um divisor de águas na história da educação do estado e tem como objetivo formar
cidadãos 4-autônomos, solidários e competentes, indivíduos protagonistas, agentes sociais e
produtivos, que possam contribuir com o mundo atual e suas necessidades. Com o objetivo de
cumprir o PNE (plano Nacional de Educação) e o PEE (Plano Estadual de Educação), em 2018
o governo do estado está ampliando de 33 para 102 Escolas Cidadãs Integrais, contemplando
assim todas as Regionais de Ensino.
185
Entremeios da Educação Contemporânea
remoto com o gênero meme, tem desafios quando motivam os alunos de forma
individual e coletiva a construir significados e compreenderem sua realidade,
levando em consideração que para ler fluentemente e de forma compreensiva o
aluno necessita de um contato intenso com o texto. “As práticas do letramento
ultrapassam os muros da escola, assim estas estão relacionadas com os diversos
usos da linguagem em diferentes espaços e culturas”. (SOUZA;SANTOS,
2019, p. 40).
Para o trabalho da formação aos estudos do gênero meme precisam ser
também adotados pelos educadores, uma vez que é a escola a responsável pela
transformação do ser humano, usando mecanismos suficientes à superação
dos desafios propostos pela estrutura educacional atual. O grande desafio é
aprimorar as aulas de linguagem e envolver todos os alunos na dinâmica do
ler e escrever com significado.
Proposta didática
Nessa proposta de trabalho, utilizamos aulas virtuais em caráter remoto,
com o uso de uma plataforma digital oferecida pelo governo do estado da
Paraíba, em uma das turmas do primeiro ano do ensino médio, utilizando
a plataforma Classroom do Google, que está atuando a serviço da Secretaria
da Educação de Estado da Paraíba. Nessa perspectiva, focamos nas aulas de
leitura, análises de vídeos e produções textuais, para criação de memes, com o
propósito de divulgação em redes sociais utilizadas pelos alunos. Foi sugerido
o uso de temáticas sociais discutidas na atualidade. Freire (1996) reforça a
necessidade da reinvenção, sobretudo na relação entre educando e educador
para busca de autonomia. Destacamos que em todo o processo foi usado
apoio da rede social Whatsapp, meio de comunicação presente no cotidiano
atual das sociedades, consequentemente dos nossos alunos.
Nesse caminhar, as pesquisas na Internet contribuíram para que os
alunos se tornassem protagonistas de suas aprendizagens, num processo
ativo-metodológico, dinâmico e criativo. Através da realização das pesquisas
bibliográficas, o aluno se apropriou de conhecimentos necessários ao
embasamento das suas produções, neste caso, ”os textos tornam-se fontes
dos temas a serem pesquisados”. ( SEVERINO, 2015, p. 122 ), dando
prosseguimento às novas produções de textos multimodais - memes foi
realizado, objetivando sua divulgação nos canais on-line, ou seja, os espaços
virtuais, focando nos gêneros textuais memes.
Para tanto, utilizamos os seguinte recursos: computadores próprios,
telefones móveis, a Internet, dentre outros materiais que se fizerem necessários
para esta construção. Os temas abordados foram variados e atuais. Portanto:
188
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
ETAPAS PROCEDIMENTOS
Considerações finais
Essa proposta de trabalho com o gênero meme se configura de grande
valor, inovador e estimulante para esses alunos, jovens dessa era digital,
fomento para busca constante de inúmeras possibilidades e caminhos no que
faz menção à docência e seus usos e métodos. Portanto, a presente proposta
objetivou contribuir com as práticas de leitura e escrita, uma vez que os alunos
participantes da turma de 1º ano do ensino médio, estão iniciando seus trajetos
neste nível de ensino e sua participação nas atividades sugeridas tornou-se
essenciais para o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, reflexivas e
interacionais, refletindo com relevância nesta etapa de ensino e também para
os anos seguintes, levando assim ao melhoramento das destrezas, necessária
para aprendizagem significativa, evidenciando práticas bem sucedidas de
leitura e produção relevante para o protagonismo do aluno na escola atual.
Referências
Introdução
3 Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) o
estudo demonstra que mulheres brasileiras com idade entre 25 a 49 anos ganham em média
20,5% menos que os homens no país. Os dados, relativos ao quarto trimestre de 2018
demonstram avanço significativo no número de mulheres ocupadas entre 2012 e 2018,
entretanto, continuam ganhando menos em relação aos homens. Nas ocupações selecionadas
para o estudo realizado, as mulheres ganham menos em todos os segmentos de trabalho. Além
disso, a nível nacional, apenas 4,5% das mulheres estão e cargos altos em comparação com 6,1%
dos homens.
199
Entremeios da Educação Contemporânea
Dificuldade para [...] “Agora está estabilizado, mas foi bem difícil. Nunca Bruna
dormir tive insônia antes” [...].
anota, tarefa, [...] “Eu comecei a fazer o que falava para meus alunos Patrícia
data, lista fazerem” [...].
[...] “Ela diz que toda semana anota em uma folha Jornalista dizendo
das datas da semana e o que precisa fazer naquele dia sobre Patrícia
em cada período. Ela deixa essa lista acessível e vai
riscando as tarefas que for finalizando” [...].
organizar, [...] “Para organizar a rotina, o que ajudou Bruna Jornalista dizendo
horário, foi estabelecer horários para tudo: para trabalhar, sobre Bruna
tarefa, tempo, tarefas da casa, acompanhar a filha nas aulas remotas
imprevisto e reservar um tempo para passar com a família. Se
manter nesses horários é um desafio (é preciso também
estar aberto aos imprevistos), mas tentar respeitá-los
pode ajudar a fechar a equação horas disponíveis e
tarefas por fazer” [...].
Panorama elaborado pela pesquisadora. Os relatos bem como a
identificação das professoras foram retirados do site Nova escola por meio
das entrevistas concedidas pelas mesmas a jornalista Paula Salas. A matéria
foi publicada em 20 de julho de 2020 e é intitulada por “O malabarismo
de ser mãe e professora na quarentena”. Fonte: https://novaescola.org.br/
conteudo/19529/dupla-jornada-os-desafios-das-professoras-que-sao-maes-
durante-a-quarentena. Acesso em: 12 de novembro de 2020.
A partir do panorama exposto, podemos identificar uma série de
estratégias utilizadas pelas professoras como forma de minimizar os efeitos
negativos que a pandemia tem trazido. Em geral, as docentes utilizaram
recursos diversos com um mesmo fim: organizar os dias e horários para que
pudessem sentir que não estavam perdidas em relação as tarefas demandadas
pelo ensino remoto. Além disso, se organizaram para se localizarem melhor
em qual dia da semana estavam (já que a pandemia faz com que nós fiquemos
sem noção do espaço-tempo).
Essas estratégias que as professoras fizeram uso, são dotadas de aspectos
cognitivos, pois como aponta Boruchovitch (1999), as estratégias cognitivas
são ensaios, elaborações e organizações que os sujeitos elaboram para se
ajustar ao ambiente. Assim, tendem a utilizar diversos métodos e recursos
como: repetir, organizar, sublinhar textos e palavras, anotar, resumir, criar,
estabelecer metas etc. E foi justamente isso que as professoras têm feito, criam,
renovam e organizam métodos e formas para se ajustarem ao meio conflituoso
que estão inseridas.
Materiais usados pelas docentes foram destacados também, como a
folha de papel, agendas e cadernos, estes por sua vez, serviram para que elas
pudessem anotar suas questões, suas dúvidas, as datas importantes e horários
a serem lembrados e cumpridos.
Considerações finais
Diante das questões suscitadas pelas considerações acima, à guisa de
conclusão, percebemos que as professoras têm sido resilientes em relação ao
205
Entremeios da Educação Contemporânea
Referências
Crítica, p. 361-376.
Introdução
Um caminho possível
Berber e Samaras (2004) explanam a acerca do Self Study (S.S) ser o
autoestudo, capazes de possibilitar aos educadores, por meio da reconstrução
dos eventos significativos de vivencias, que agregue à sua relação teórico-
prática. Esta abordagem de pesquisa convida a fazer o autoestudo das
práticas pedagógicas, na consciência de que aquilo que se é como pessoa tem
consequências no processo de aprendizagem dos alunos, conforme iluminam
as autoras.
Unindo-se a esta discussão Lima (1998), esclarece que quando
214
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Considerações finais
O presente texto não teve a pretensão de fazer uma panaceia do
autoestudo na relação docente e discente com filiação adotiva. Mas crê que
este possa um caminho possível junto aos teóricos e pesquisa apresentados.
Por esta razão, prestou a reflexão da formação docente pensando a adoção
numa perspectiva da autoeducação.
Esta perspectiva se põe como via para pensar a formação de professores
que contemple educandos com filiação por meio da adoção, pois ela une
possíveis potências do mediador em sala de aula aos educandos, num passo no
qual professor parte do autoestudo e crê na plena capacidade dos envolvidos
sem julgamentos ou conceitos pré-concebidos. Nas palavras de (BACH, 2010,
p. 1) “Essa ênfase na participação ativa do ser humano pode ser resumida em:
conhecer o mundo para mudá-lo e com a mudança realizada, ser transformado
por ele”
Acredita-se junto aos autores que o autoestudo oferta aos profissionais
da educação o autoconhecimento, capaz de possibilitar uma autogestão no seu
espaço-tempo, conhecer o seu educando e se conectar ao seu universo, afim
de que a educação se paute no encontro respeitoso de mundos que possuem
inúmeros encontros e desencontros possíveis de serem potências se mapeados
pelo autoconhecimento e aplicado na prática docente.
Referências
40602010000100018.
Introdução
Desenvolvimento
Contemplando os estudos em Leitura dialógica, este artigo tem como
premissa maior discutir a recepção literária do público juvenil no período de
isolamento social da COVID 19.
Estudar Literatura, sobretudo em um período de quarentena imposta
pela crise sanitária global, quando não há livre acesso aos lugares, incluindo
a livrarias e bibliotecas, pode ser um trabalho prazeroso, ação que permite ao
leitor privado de circular, que transite pelo mundo literário, em contato direto
com a narrativa e as personagens, por vezes inusitadas, criadas pelo autor.
Para Walty (1996, p.47), no livro O que é ficção, o estudo da ficção
pode ser revolucionário: “A ficção pode ser a saída, a libertação, a absoluta
denúncia ou a reduplicação do real a que está submetida”.
Por vezes, o aprofundamento nos estudos literários, assume uma função
crítica, como por exemplo, conduzir o leitor a explorar as entrelinhas inseridas
pelo autor em sua obra, que figura sobre o tema não somente narrando, mas
sugerindo ao leitor acreditar que algumas das situações apresentadas por ele
são reais, abrindo espaço para debates sobre a realidade social atual.
Desta forma, a Literatura pode ser vista como fonte de inspiração para
introdução à reflexão sobre a importância do ensino presencial, do contato
social e da leitura dialógica.
Sobre o tema, - e que pode-se encaixar a Literatura como base para
estudos sobre a formação do leitor -, sobretudo neste momento, Costa defende
na obra Ficção, Comunicação e Mídias, que:
Estudar a ficção é mais do que pesquisar os produtos que, inspirados por ela, se
consagraram como suas formas de expressão. Trata-se de perscrutar as relações
que, através das narrativas ficcionais, sob diferentes veículos e linguagens,
se estabelecem entre os agentes envolvidos e entre eles e a realidade que os
circunda e contextualiza. (COSTA, 2002, p. 30).
Walty (1986, p. 50), sugere que: “O texto não diz apenas o que seu
autor quis dizer, diz muito mais e, lendo-o criticamente, podemos até virá-lo
pelo avesso, quando passará a dizer o contrário do que pretendia”.
De acordo com Aristóteles (2005, p.43), em sua constatação na obra
221
Entremeios da Educação Contemporânea
Considerações finais
Este artigo intitulado “Literatura na pandemia: a formação do leitor e
os desafios da leitura dialógica no ensino remoto” visa contribuir com os estudos
voltados à Literatura e à vida social,
A modalidade remota será investigada nos mais diversos âmbitos da
Educação, no período de pandemia global da COVID 19, buscando indicar
as lacunas geradas pela interrupção do ensino presencial.
Tratar sobre o ensino da Literatura na pandemia faz-se necessário
para poder abordar sua transição ao ensino remoto, para que assim, seja
possível apontar os desafios enfrentados no período de isolamento social, e
as superações alcançadas, bem como valorizar o papel do professor no ensino
presencial após a experiência remota, sobretudo como mediador da leitura
dialógica, incluindo as projeções futuras, para a fase pós-pandemia, que
certamente trará subsídios para novos debates sobre transformação da visão
de mundo do aluno, os prejuízos e as possibilidades positivas no processo
de ensino-aprendizagem diante do isolamento social na pandemia, e qual a
repercussão a função social da Literatura na formação do leitor.
Portanto, a Literatura pode ser uma ponte, através da comunicação
expressiva que a leitura dialógica pode proporcionar aos leitores. De acordo
com Bosi (1996, p.49): “A chave dos significados não está, pois, nos meios de
comunicação, mas na estrutura da sociedade que criou esses meios e que os
tornou significantes. É a sociedade que significa”. E cabe ao professor auxiliar
o leitor na busca pela ressignificação da sociedade.
Referências
Pâmela Pongan1
Introdução
dos documentos para a qual o especialista deveria estar atento. Nesse contexto,
os jornais pareciam pouco adequados para a recuperação do passado, uma vez
que essas “enciclopédias do cotidiano” continham registros fragmentários do
presente, realizados sob o influxo de interesses, compromissos e paixões. Em
vez permitirem captar o ocorrido, dele forneciam imagens parciais, distorcidas
e subjetivas. (LUCA, 2005, p. 112).
No Brasil, na primeira metade do século XX, os historiadores adotaram
duas posturas diante do jornal quando fonte/documento histórico: “Com
desprezo, ao considerar os periódicos como fontes suspeitas, portanto sem
validade; ou com enaltecimento, ao encarar o jornal como repositório da
verdade, considerando as notícias como relatos fidedignos dos acontecimentos
registrados” (CAPELATO, 1988, p. 18). Estas posições passaram a ser
criticadas ainda na segunda metade do século XX, entrando em decadência
junto com a “noção de documento como espelho da realidade, da verdade e
da objetividade” (CAPELATO, 1988, p.19).
Nos anos 70 a fonte jornalística recebeu novas perspectivas por meio
dos olhares advindos das novas concepções e métodos consequentes da
Nova História, que direcionaram os novos conhecimentos da historiografia
modificando não só a forma de fazer história, mas também transformando
os métodos de análise crítica sobre os documentos, ampliando desse modo os
horizontes documentais.
A partir da terceira geração dos Annales, do pensamento marxista e
fundamentalmente as contribuições de Michel Foucault, a historiografia
abriu-se a uma nova gama de propostas e objetivos. problemas e abordagens.
De acordo com Luca (2005), essa interação juntamente com outras
ciências humanas e a expansão do campo de possibilidades de pesquisa dos
historiadores, tornou-se fruto dessa transformação temática trazendo assim
contribuições metodológicas de fundamental importância para história, além
de fazer com que os historiadores repensem sem as fronteiras de sua disciplina
bem como a própria concepção e análise crítica dos documentos.
Conforme Burke (2008), se os historiadores estão mais preocupados
do que seus antecessores com uma maior variedade de atividades humanas,
devem examinar uma variedade maior de evidências. Esta ampliação das
temáticas e abordagens contribuiu para a expansão do universo das fontes, e
a imprensa que antes era tida como fonte suspeita e sem credibilidade, passou
a ser considerada como um material de pesquisa valioso e uma das principais
fontes de informação e pesquisa histórica. O estudo da fonte jornalística
permitiu ampliar os horizontes para novas reflexões e problemáticas nos
conhecimentos sobre as sociedades do passado.
A imprensa oferece amplas possibilidades para isso. A vida cotidiana nela
registrada em seus múltiplos aspectos, permite compreender como viveram
230
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Considerações finais
No atual contexto escolar, a utilização de mídias como recurso
pedagógico, principalmente o periódico impresso, desenvolve no aluno sua
capacidade crítica, considerando que os veículos de comunicação apresentam
diversas informações, que devem ser analisadas, questionadas, debatidas e
refletidas pelos sujeitos sociais.
Como não há imparcialidade por parte do jornalismo, além de
interesses financeiros ter voto de peso na escolha do que será e como será
noticiado em várias redações por aí, é de suma importância apresentar ao
aluno a possibilidade de desenvolver seu olhar crítico mediante atividades
práticas em sala de aula, que lhe permitam analisar a técnica, os discursos e a
organização dos jornais.
Neste sentido, o docente tem em seu alcance uma excelente ferramenta
para revigorar suas aulas através da ampliação de horizontes e apropriação
de conhecimento histórico-crítico. Através da utilização do jornal em sala de
aula, o professor pode, juntamente com o aluno, identificar as vertentes que
compõem o discurso jornalístico e analisadas, sendo a linguagem (forma de
escrita) e a notícia (o que está sendo informado).
Em sala de aula, o processo de ensino-aprendizagem permite que
professor e aluno, através de metodologias específicas, estipulem como lidar
com a notícia, pois o texto escrito propicia ao leitor uma melhor compreensão
da sua realidade social contribuindo para que o mesmo aja dentro dela.
Assim, podemos concluir que é possível utilizar o jornal como
meio auxiliar na educação em sala de aula. Sabemos que existem algumas
dificuldades para esse tipo de atividade, porém também podemos salientar
que este método desde que tomado os devidos cuidados é perfeitamente
possível de ser trabalhado.
O professor é a peça chave nessa forma de atividade devido ao fato de
partir do mesmo a iniciativa de implantação dessa atividade e em seu dia a dia
na sua prática pedagógica dentro de sala de aula que se definirá os objetivos
que se almejam
Segundo Lemos (2009), é possível perceber a partir das tecnologias
o novo caminho e os novos aliados no processo de ensino-aprendizagem se
compreendemos que os mesmos produzem e disseminam conhecimento
diversas vezes de modo até mais atrativo que o modelo até então utilizado
tradicionalmente. Não devido ao fato de serem fontes múltiplas de
saberes que trabalham na mesma sintonia do perfil do aluno que temos
contemporaneamente na sociedade pós-moderna, mas buscando um ponto
de equilíbrio entre essa sistematização dos alunos e recursos tecnológicos se
236
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Referências
ABUD, Katia Maria. A História nossa de cada dia: saber escolar e saber
acadêmico na sala de aula. In: MONTEIRO, A. M. F. C.; GASPARELLO,
M. S. M. (Orgs.). Ensino da História: sujeitos, saberes e práticas. Rio de
Janeiro: Mauad; FAPERJ, 2007. p. 107-117.
LUCA, Tânia Regina. A história dos, nos e por meio dos periódicos. In:
PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto,
2005.
237
Entremeios da Educação Contemporânea
PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Novos temas nas aulas de história. São
Paulo: Contexto, 2009.
Introdução
Desenvolvimento
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) caracteriza-se por indivíduos
que apresentam sinais peculiares com prejuízos em três importantes áreas
“habilidades socioemocionais, atenção compartilhada e linguagem. Atualmente
a ciência fala não só de um tipo de autismo, mas de muitos tipos diferentes,
que se manifestam de uma maneira única em cada pessoa” (TISMOO, 2020).
Ester Orrú, em artigo publicado sobre as contribuições que a
abordagem histórico-cultural de Vygotsky, nos ideários marxistas, pode trazer
para estudantes com autismo, tema decorrente de sua tese, traz interessante
conceituação acerca da etiologia do termo, a saber:
[...] Autismo é uma palavra de origem grega que significa por si mesmo. É
um termo usado, dentro da psiquiatria, para denominar comportamentos
humanos que se centralizam em si mesmos, voltados para o próprio indivíduo.
É comum, também, a utilização de adjetivos para se denominar o autismo,
tais como, autismo puro, núcleo autístico, autismo (primário no caso de
não-associação com outras patologias), autismo secundário, autismo de alto
funcionamento, autismo de baixo funcionamento, entre outros. (ESTER
ORRÚ, 2010, p. 4).
241
Entremeios da Educação Contemporânea
Referências
Introdução
Internet;
Acredita-se que a opção por fazer esse registro por escrito se deu por
essa modalidade de uso da língua ser a mais utilizada e, consequentemente,
mais trabalhada pelos professores de língua materna durante as suas aulas,
o que gera um maior grau de segurança ao fazê-lo, já que se trata de uma
produção a qual o autor do texto tem a possibilidade de rever e recompor seu
discurso, sem que as marcas desses processos apareçam no texto. Tanto nos
registros orais quanto nos escritos, observa-se uma manutenção no que se
diz respeito à organização linear dos fatos, conforme aparecem na narrativa.
Durante seus relatos, os alunos destacaram algumas características presentes
na velhice de alguns idosos, como a baixa estima e abandono familiar. Porém,
observa-se que todos os alunos realizaram o reconto de partes específicas da
narrativa, não contemplando todos os fatos relevantes para a constituição
textual da versão original, embora fossem produções que continham início,
meio e fim, como pôde ser visto no texto do A2 expresso acima.
Para sistematizar o trabalho voltado para o enredo da narrativa, foi
solicitada a resolução da ficha de leitura sugerida pelo autor da literatura,
presente no livro em discussão. À medida que iam cumprindo essa atividade,
os 17 alunos foram fotografando suas fichas já respondidas e postando-as no
grupo Whatsapp, conforme imagens abaixo:
Considerações finais
O presente trabalho é a materialização de um projeto para o Ensino
Remoto, o qual fez uso de aparelho celular, por meio do aplicativo de whatsapp,
como recurso tecnológico capaz de manter a interação professor-aluno e
aluno-aluno, dando continuidade às aulas do ensino regular no período de
pandemia em que nos encontramos e que impossibilita encontros presencias
nas escolas.
De acordo com os resultados, a interação dos alunos com a proposta das
aulas remotas foi positiva e muito enriquecedora, uma vez que quase 100% da
turma realizou as atividades propostas de maneira eficaz, já que demonstraram
uma compreensão coerente da literatura estudada e conseguiram estabelecer
aprendizagens diversas, o que foi perceptível quando observamos as relações
estabelecidas entre a literatura lida e os contextos reais de existência de cada
aluno, aguçando, inclusive, sentimentos pessoais através das experiências
relatadas.
Além disso, percebe-se que o engajamento prazeroso da turma também
se deu pelo fato de os alunos utilizarem uma ferramenta de seu uso cotidiano
para a realização das atividades propostas. Porém, pudemos apresentá-la com
263
Entremeios da Educação Contemporânea
Referências
BACICH, Lilian & MORAN, José (Orgs.). Metodologias ativas para uma
educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso,
2018.
Introdução
6 Essa formação continuada propôs como objetivo analisar as ações de formação em ambiente
formativo híbrido e mobilizar os participantes a instituir processos interativos de criação/autoria
colaborativa a partir da apropriação e utilização pedagógica das tecnologias digitais próprios da
Cibercultura e das Redes Sociais. Esse projeto teve sua institucionalização, junto à Pró-Reitoria
de Extensão e Cultura (PROEC), mediante a Portaria nº 1710/2019.
267
Entremeios da Educação Contemporânea
8 “[...] essa linguagem atravessa as telas e incorpora-se na própria fala dos jogadores – sem users,
na vida real [...] ao citar”GG”, “noob” ou “rage”. Disponível em: https://e-arena.com.br/
vocabulario-gamer-parte-1/, acesso em: 22 de Jul. de 2020.
9 Como afirma Lévy (1999, p.17), o ciberespaço é “o novo meio de comunicação que surge da
interconexão mundial de computadores”. A partir disso, seria possível identificar a internet como
270
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
contexto, a produção desse jogo pode ser viabilizada por meio de imagens,
sons e textos de forma a possibilitar o interesse natural dos estudantes, uma
vez que favorece as interações entre eles. Além disso, conhecer vocabulários
novos e estimular o raciocínio lógico por meio de conteúdos familiarizados
contribui, significativamente, para iniciação da aprendizagem dos estudantes
de formação científica.
Com essa preocupação, elaboramos uma das etapas do projeto
pensando na autoria do professor na construção desse material pedagógico,
no sentido de provocar um pensamento crítico que esteja em consonância
com os conhecimentos interdisciplinares.
Para essa produção, consideramos o uso Powerpoint que é um editor
de apresentação empregado na criação/edição e exibição de apresentações
gráficas, visto que o processo de autoria de materiais didáticos, com objetivos
bem definidos contribui para o ensino significativo e, no que concerne a práxis
docente, delinear ponderações que garantam resultados ao se pensar a criação
de estratégias de ações interativas propiciadas pelas TDIC.
Isto posto, oportunizar práticas formativas em que esses profissionais
possam empoderar-se de atividades que deem significados a práxis docente,
com vistas à construção de um repertório de conhecimentos aliados à pesquisa,
ocasiona transformações na realidade escolar. Em conformidade com Estrela
e Estrela (2006, p. 75).
O conjunto de atividades institucionalmente enquadradas que, após a
formação inicial, visam o aperfeiçoamento profissional, pessoal do professor,
[...] remetendo para o desenvolvimento profissional o conjunto de processos
de mudança da pessoa em relação com o trabalho, operados ao longo da
carreira e que decorrem de uma pluralidade de fatores.
Nessa perspectiva, para atingirmos o proposto da atividade formativa
projetada pelas professoras-formadoras, a problemática mobilizadora foi a
construção do projeto de letramentos e a experiência relatada neste artigo
como: o processo de gamificação aliado às questões de autoria e uso das TDIC
pode ser viabilizado nas práticas pedagógicas pelos professores-pesquisadores?
Inicialmente apresentamos o game jogo da memória com a temática
os animais domésticos e silvestres em forma de tutorial em pdf e também em
vídeo10, ensinando passo-a-passo como montar o jogo.
Frente a essa indagação solicitamos como uma das atividades, que consta
sendo esse novo meio levando a conclusão de que são as mesmas coisas. Contudo existe uma
diferença fundamental a ser considerada. “As grandes tecnologias digitais surgiram, então, como
a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e
de transição, mas também novo mercado de informação e do conhecimento”.
10 Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1Vnm_esDsUvtYIdEwLXbbne7zP3pISBWr/
view?usp=sharing
271
Entremeios da Educação Contemporânea
Fonte: https://classroom.google.com/c/ODQ3NTE5MzQwNjRa
Wild Não apresenta Turn each square and find its partner. Não apresenta
Animals Every time you guess the right pictures,
you get a hug.
Are you prepared??
Let’s start!!!
Animais Não apresenta Não apresenta Não apresenta
domésticos
Memorizar O jogo da memória pode ser jogado por
imagens de um único jogador ou vários jogadores.
forma rápida Alunos
desenvolvendo Escolha dois quadradinhos e verifica as 1ºano Ensino
e aperfeiçoando figuras; Fundamental I
Corona o raciocínio,
vírus principalmente
para as crianças, Se não formar a figura escolha outro
que criam relações quadradinho;
entre as imagens
e a sequência no Vai abrindo as figuras até encontrar seu
tabuleiro. par;
Vegetação Com grande Vamos testar seus conhecimentos sobre Não apresenta
Brasileira extensão territorial a vegetação brasileira?
e variação Para jogar basta você ler o tipo de
climática, o Brasil vegetação no topo da tela e clicar na
abriga vários tipos imagem;
de vegetação, com Se você acertar, automaticamente o jogo
destaque para a avança;
Caatinga, Campos Se você errar, poderá fazer nova
ou pampas, tentativa;
Cerrado,
Floresta
Amazônica,
Mangues, Mata
Atlântica, Floresta
de Araucária,
Floresta de
Cocais e Pantanal.
a qualidade no ensino.
Frente a essas ponderações, as TDIC desencadearam novos rumos
no processo educacional, por isso adaptar jogos físicos como o da memória,
que são conhecidos das crianças, para jogar/brincar ludicamente, através da
interface digital, potencializou o conhecimento cultural e histórico como
foram os desenvolvidos pelos grupos de professores que participaram do
Projeto Cibercultura e Rede Social. E como proposta motivacional avaliativa,
solicitou-se que escolhessem um tema na execução da criação através de tutoria
do jogo da memória, os temas escolhidos foram os do folclore, das fábulas, dos
animais domésticos e selvagens e do coronavírus.
Quanto ao tema do folclore, salienta-se a feliz escolha em enaltecer
e prestigiar a riqueza da cultura evidenciada nos saberes populares, que se
originaram da cultura africana, portuguesa e indígena. O Brasil é um país vasto
territorialmente, e com uma propulsão de estórias místicas, que se manifestam
na oralidade na contação de estórias narradas de geração em geração, e que
povoam o imaginário popular, pois estas manifestações populares, são
permeadas da cultural identitária de cada região do Brasil, sendo manifestada
por elementos que representam o modo de agir , pensar e sentir do nosso
povo.
12 Disponível em:https://drive.google.com/file/d/18DOGQoIRUE9gldcFAguLAPmCkt67nl_N/
view
13 Instituto Lico Kaesemodel oferece pistas visuais para que as crianças com X Frágil e Autismo
não percam a rotina, disponível em: https://www.eudigox.com.br/noticias/cuidado-com-as-
criancas-com-necessidades-especiais-em-epoca-de-pandemia/. Acesso em 23 de Jul. de 2020.
279
Entremeios da Educação Contemporânea
Considerações finais
Os dados da pesquisa demonstram, com relação aos recursos
tecnológicos, que os desafios são grandes quando se pensa na viabilidade do
ensino na aplicação da técnica de gamificação como recurso metodológico,
uma vez que exigem um planejamento que possibilite uma aprendizagem
relevante para o estudante.
As análises realizadas dos games14, que foram desenvolvidos pelos
professores-pesquisadores, utilizaram-se de alguns elementos que são
importantes no uso da gamificação em sala de aula, no entanto, nem todos
estavam de acordo com a perspectiva de ensino pautada na gamificação,
pois não apresentaram objetivos, regras instrucionais e faixa etária a qual se
destinaria. A falta destes elementos acarreta a perda da essência no trabalho
pedagógico desenvolvido por essa metodologia.
Compreendemos, portanto, que o estudo promoveu aos professores-
pesquisadores apropriarem-se de práticas pedagógicas híbridas que
potencializam o ensino mais atraente que se utiliza de recursos tecnológicos na
construção de atividades pedagógicas. Além de empoderar-se com autonomia
de sua práxis construindo um repertório de conhecimentos propiciados pela
produção e autoria do jogo da memória.
14 “A grande diferença entre game e gamificação é onde eles acontecem. Enquanto os jogos vão
exigir do jogador o cumprimento de objetivos num mundo virtual (sem motivação direta no
mundo real), a gamificação é criada para aumentar o engajamento de funcionários, clientes e
estudantes em tarefas reais, como bater metas, consumir e estuda.” Disponível em: https://saga.
art.br/diferencas-entre-game-e-gamificacao/ . Acesso em: 24 de Jul. de 2020.
280
Jenerton Arlan Schütz | Leandro Mayer
Referências
Introdução
(FRANCO, 2019).
Por bens patrimoniais imateriais compreendem-se as manifestações
intangíveis, relacionadas a tradições orais, artes, saberes tradicionais, práticas
sociais e rituais, expressões orais e o conhecimento cultural transmitido por
meio da oralidade (UNESCO, 2009).
A definição de patrimônio cultural brasileiro está contemplada na
Constituição Federal de 1988: art. 216: “Constituem patrimônio cultural
brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (BRASIL,
2019, p. 171).
A Carta Magna, na referência do mesmo artigo, define a competência do
Poder Público, com colaboração da comunidade, na promoção e proteção do
parimônio cultural brasileiro, ordenando para tanto que estados, municípios
e o Distrito Federal estabeleçam leis próprias de incentivos à produção e ao
conhecimento de bens e valores culturais; a punição, na forma da lei, aos
danos e ameaças ao patrimônio cultural; e o tombamento de documentos
e sítios que detenham as reminiscências históricas dos antigos quilombos
(BRASIL, 2019).
Por fim, vale destacar ainda a importância dada ao papel da educação
como processo fundamental de consciência e conhecimento da significância e
relevância do patrimônio cultural para o indivíduo e para a coletividade, assim
como a responsabilidade e dever de proteção e preservação do patrimônio.
Considerações finais
A educação é um processo amplo. A cada dia, ao mesmo tempo que em
que se afirma a importãncia da escola, também se vê a influência desta última
a se dividir entre outras fontes de aprendizado, todavia permeadas pela cultura
de massa, que aliena e nega a diversidade cultural e identitária em nome de
uma homogeneização de condutas e comportamentos acríticos e afirmadores
da lógica mercantil globalizada. Nesse contexto, aumenta a importância da
escola na construação de uma formação cidadã, assim como isso se torna um
crescente desafio.
A cultura é uma construção social, fundada nos legados sociais
das gerações passadas e que mantêm um legado significativos para uma
comunidade ou povo. Essa herança cultural dá sentido próprio e identidade
individual e coletiva.
A inclusão da educação patrimonial no currículo escolar pode assegurar
o reconhecimento do patrimônio cultural brasileiro, em sua rica diversidade,
promovendo a cidadania democrática, sustentada principalmente por uma
consciência crítica e pelo fortalecimento das identidades locais ou regionais.
Por tudo isso, coloca-se como direito fundamental a participação dos
cidadãos na definição de diretrizes e orçamentos relativos às políticas culturais
pois seu efeito é a garantia de acesso à produção cultural, patrimônio de todos.
Referências
Introdução
Considerações finais
A questão do déficit habitacional é antiga, pois a falta de moradia
apresenta-se como problemática urbana desde os primórdios da humanidade.
Fica evidente que ainda existem muitos desafios e obstáculos no
desenvolvimento da sociedade como um todo, de forma especial, à temática
299
Entremeios da Educação Contemporânea
Referências
Jaíne Karal1
Tatiane Maiara Hammes2
Introdução
Considerações finais
Ao estudar mais sobre a relação entre família e escola pode-se constatar
variados pontos onde cabem acontecer alterações, sendo questões que na
teoria, deveriam ser de fácil mudança, como o desenvolvimento de novos
hábitos e rotina.
No entanto, sabe-se também que a relação família e escola por muitos
anos foi construída e desenvolvida na ideia de apenas resolver problemas e ser
contatada para esses fins. Porém, tal pensamento atrasa e dificulta o avanço em
desenvolver crianças e adolescentes ativos, pensantes e presentes na sociedade,
sendo isto totalmente o oposto ao que se é esperado.
Dessa forma, ao mudar os eixos dessa relação, fortalecendo o vínculo
entre família e escola, ter-se-á crianças mais proativas, desenvolvidas, com maior
capacidade pensante e ativa, com poder de autocrítica e auto amadurecimento,
crianças mais preparadas para a vida adulta e consequentemente as
responsabilidades que a mesma impõe.
No cenário atual em que estamos vivendo, notou-se que apesar de
todos os obstáculos e incertezas que surgiram em decorrência da pandemia
do Coronavírus, o ser humano possui uma capacidade incrível de se adaptar
as novas situações que acontecem ao seu redor. Acreditamos assim, que esta
mesma capacidade é fundamental para o desenvolvimento de ambos os eixos
(família – escola), para que ocorra uma melhor compreensão sobre as situações
e funções que cada um possui na vida dos educandos.
Conclui-se então, que muitas vezes o que é preciso é parar, fazer uma
pausa, refletir acerca da situação, e consequentemente recapacitar-se diante
dos novos acontecimentos que na maior parte do tempo, não estão inclusos
no planejamento, e isto não é algo negativo, pelo contrário, nos instiga a
buscar alternativas e consequentemente nossa própria evolução.
Referências
Introdução
Possibilidadses de UGR
Considerações finais
Percebe-se que a UGR é uma fonte alternativa e efetiva de renda
contribuindo verdadeiramente para a inclusão social, pois promove a inserção
do público no meio social fomentando a empregabilidade e levando melhores
oportunidades de vida a todos. Torna-se evidente que a UGR fomenta
possibilidades de renda e de inclusão social à diferentes comunidades que
necessitavam de alguma ação para melhorar a qualidade de vida e resgatar
aspectos fundamentais de cidadania.
É imprescindível a criação de políticas públicas para facilitar o diálogo
entre os agentes (incentivadores) e os usuários (população de baixa ou
nenhuma renda), como uma forma de estudo e coleta de dados para que seja
possível fazer apontamentos a respeito das comunidades e, com isso, buscar
uma UGR que seja condizente com as características da população local.
A UGR possui papel fundamental na vida da população, pois fica claro
o benefício dela à toda uma parcela da sociedade que é excluída do mercado de
trabalho pela falta de qualificação. Com as diversas e diferentes possibilidades
de UGR é possível analisar variados métodos de ensino e de aprendizagem
social-cidadã, haja visto, que a UGR é essencial para a formação, concretização
e permanência de grupos sociais em suas comunidades, fomentando o
empreendedorismo social local, promovendo mão de obra qualificada,
aumentando renda dos cidadãos e, propiciando à estes, a possibilidade de
inserção no tão competitivo mercado do trabalho.
Referências
ENTREMEIOS DA EDUCAÇÃO
CONTEMPORÂNEA
Educar é transmitir marcas simbólicas que possibilitem ao pequeno sujeito
gozar um lugar de enunciação no campo da palavra e da linguagem, a partir do
qual lhe seja possível lançar-se às empresas impossíveis do desejo. O
desdobramento de uma educação, de uma filiação simbólica de humanização e
familiarização pressupõe que o adulto receba a criança como se fosse um
estrangeiro, passível de se tornar mais ou menos familiar, mas nunca totalmente
familiar (Leandro de Lajonquière - Educação e infanticídio).