Fichamento .A Voz Do Passado Thompson - Entrevista

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DO BRASIL – PPGHB

Disciplina História Oral


Docentes: Profª Dra. Cláudia Fontineles/Prof. Dr.Marcelo de Sousa Neto

Aluno: Almerito Francisco Oliveira da Silva


FICHAMENTO
THOMPSON, Paul. A voz do Passado História oral. A entrevista.

“Ser bem-sucedido ao entrevistar exige habilidade. Porém, há muitos estilos diferentes


de entrevista, que vão desde a que se faz sob a forma de conversa amigável e informal
até o estilo mais formal e controlado de perguntar” (p.254)

“Há algumas qualidades essenciais que o entrevistador bem-sucedido deve possuir:


interesse e respeito pelos outros como pessoas e flexibilidade nas reações em relação a
eles; capacidade de demonstrar compreensão e simpatia pela opinião deles; e, acima de
tudo, disposição para ficar calado e escutar” (p.254)

“O primeiro ponto é a preparação de informações básicas, por meio da leitura ou de


outras maneiras. A importância disso varia muito. A melhor maneira de dar início ao
trabalho pode ser mediante entrevistas exploratórias, mapeando o campo e colhendo
idéias e informações.” (p.254)

“Fazer perguntas da melhor maneira é evidentemente importante em toda entrevista.


Contudo, esta é uma questão que pode provocar forte reação entre os historiadores orais.
Pode-se estabelecer uma diferença entre os chamados "questionários" de perguntas
fechadas, cujos padrões lógicos rigidamente estruturados inibem de tal modo a memória
que o "respondeste" — a escolha desse termo é por si só sugestiva — fica reduzido a
respostas monossilábicas, ou muito curtas; e, no outro extremo, não propriamente uma
"entrevista", mas uma "conversa" livre em que a "pessoa", o "portador de tradição", a
"testemunha", ou o "narrador" é "convidado a falar" sobre um assunto de interesse
comum” (p.257)

“Contudo, a entrevista completamente livre não pode existir. Apenas para começar, já é
preciso estabelecer um contexto social, o objetivo deve ser explicado, e pelo menos uma
pergunta inicial precisa ser feita; e isso tudo, juntamente com os pressupostos” (p.258)
“E os informantes variam desde os muito falantes, que precisam de poucas perguntas
apenas para dar o rumo ou, vez por outra, uma pergunta muito específica para esclarecer
algum ponto que esteja obscuro; até os relativamente lacônicos que, mediante estímulo,
E os informantes variam desde os muito falantes, que precisam de poucas perguntas
apenas para dar o rumo ou, vez por outra, uma pergunta muito específica para esclarecer
algum ponto que esteja obscuro; até os relativamente lacônicos que, mediante
estímulo(...)”(p.259/260)

“Há alguns princípios básicos para a elaboração das perguntas, que se aplicam a todo
tipo de entrevista. As perguntas devem ser sempre tão simples e diretas quanto possível,
em linguagem comum. Nunca faça perguntas complexas ou de duplo sentido —em
geral, apenas uma de suas metades será respondida e, em geral, não ficará claro qual
delas. Evite um fraseado que leve a uma resposta indefinida” (p.260)

“Você precisará usar um tipo diferente de fraseado para estabelecer fatos específicos e
para obter urna descrição ou um comentário. Este último exige um tipo de pergunta
"aberta", como "Conte-me a respeito de...", "O que você pensa/acha disso?", ou "Você
pode me falar sobre isso?". Outras palavras-chave para esse tipo de pergunta são
"explicar", "estender-se sobre", "comentar", ou "comparar". Se se trata de um tópico
realmente importante, você pode estimular mais longamente” (p.261)

“Normalmente, deve-se evitar Perguntas diretivas. Se você apresentar suas próprias


opiniões, especialmente logo no início da entrevista, será mais provável que obtenha
respostas que o informante considera que você gostaria de ouvir, e que, por isso, serão
menos confiáveis, ou duvidosas, como evidência” (p.261)

“A maior parte das perguntas deve ser elaborada cuidadosamente para evitar que
sugiram uma resposta. Isto, por si só, pode ser realmente uma arte. Por exemplo, "Você
sentia prazer em seu trabalho'?" é uma pergunta forçada; "Você gostava de seu trabalho,
ou não?" ou "O que você achava de seu trabalho?" são perguntas neutras.” (p.262)

“(...) evite fazer perguntas que levem os informantes a pensar do modo que você pensa,
e não do modo deles. Por exemplo, ao tratar de conceitos como classe social, a
informação obtida será uma evidência muito mais vigorosa se você estimular os
informantes a apresentar os termos que habitualmente utilizam e, a seguir, passar a
utilizá-los na conversa que se seguir. E procure datar os eventos fixando o tempo
relativamente à idade dos informantes, ou a uma etapa de sua vida” (p.262)

“(...) vale a pena pensar sobre a sequência dos tópicos das entrevistas e sobre o fraseado
das perguntas. A estratégia da entrevista não é. responsabilidade do informante, mas
sua. É muito mais fácil orientá-la se você já, tiver um modelo básico em sua mente, de
modo a que você possa passar com naturalidade de uma pergunta para outra. Isso
também toma mais fácil, mesmo quando você faça digressões, lembrar sobre o que você
ainda precisa ficar sabendo. Além disso, na maioria dos projetos, você precisará de
alguns fatos anteriores básicos a respeito de todos os informantes” (p.262)

Um roteiro desse tipo pode ser vantajoso, desde que seja utilizado com flexibilidade e
imaginação; pois, em princípio, quanto mais claro estiver para você o que vale a pena
perguntar e qual a melhor maneira de perguntar, mais você conseguirá obter de qualquer
tipo informação” (...) “Certas outras decisões precisam ser tomadas antes da entre vista.
Em primeiro lugar, que equipamento deve ser utilizado? Numa pequena parte de
contextos, a melhor resposta é: nenhum. O simples ato de tomar notas, para não falar no
uso do gravador, pode despertar a suspeita em algumas pessoas. O temor dos gravadores
é bastante comum entre profissionais cuja ética de trabalho dá grande ênfase à
confidencialidade e ao segredo, tais como funcionários públicos, ou gerentes de
bancos." Por razões diversas, pode ser encontrado também entre pessoas muito velhas,
que são hostis à nova tecnologia; entre minorias que sofreram perseguições e que
temem que qualquer informação gravada possa cair nas mãos da polícia ou de
autoridades” (p.263)

“Ao utilizar um gravador é importante não chamar atenção para o aparelho, nem
distrair-se ocupando-se dele. Se for um gravador novo, não deixe de ler o manual que o
acompanha, de pedir a alguém que mostre como funciona, e de treinar instalá-lo e fazê-
lo funcionar. Antes de sair para a entrevista, verifique se está funcionando e se você tem
não só todos os componentes e fitas de que precisa, como também pilhas e adaptadores
para tomadas” (p.264)

“A seguir, onde deve ser feita a entrevista? Deve ser um lugar em que o informante se
sinta à vontade. Em geral, o melhor lugar será sua própria casa(...)Quase sempre, o
melhor é ficar sozinho com o informante. A completa privacidade proporcionará uma
atmosfera de total confiança em que a franqueza se torna muito mais possível(...)”
(p.265)

“Uma vez que as decisões preliminares tenham sido tomadas, você tem que fazer
contato com o informante que escolheu. Pode escrever-lhe (anexando um envelope
sobrescritado e selado para resposta), ou às vezes procurá-lo pessoalmente ou por
telefone. Será sempre mais fácil se você puder dizer que foi uma outra pessoa das
relações sociais do informante quem o recomendou. Você precisa explicar sucintamente
o objetivo da pesquisa. Sugira uma data possível para uma primeira visita, mas sempre
permita que o informante possa propor outra” (p.267)
“Alguns historiadores orais julgam que o primeiro encontro deve ser utilizado como
uma visita exploratória, curta, para preparar e conhecer um informante, sem usar o
gravador. O inconveniente disso é que, mesmo ao se procurar obter os fatos básicos a
respeito dos antecedentes do informante, é difícil não penetrar na essência da memória.
Você pode voltar aos mesmos dados numa segunda visita, mas provavelmente as
mesmas coisas serão apresentadas de maneira muito mais bombástica.” (p.268)

“Para uma gravação realmente boa, da qualidade exigida para ic-n programa de rádio,
você deveria chegar com um bom equipamento e utilizá-lo adequadamente.
Infelizmente, as mudanças técnicas fundamentais que a gravação digital de áudio
implica significam que, por alguns anos mais, as escolhas serão difíceis, uma vez que
um equipamento caro pode tornar-se rapidamente obsoleto.” (p.268)

“E há algumas regras elementares que tornarão melhor a qualidade das gravações feitas
com qualquer gravador. Em primeiro lugar, procure utilizar um cômodo tranquilo em
que você não seja perturbado por vozes de outras pessoas e onde não haja outros ruídos
fortes ou problemas acústicos causados por superfícies rígidas.” (p.269)

“A seguir, pense onde colocar o gravador e o microfone. Nunca os coloque muito perto
um do outro, senão você gravará o ruído do próprio aparelho. O melhor lugar para o
gravador é no chão, fora da vista do informante mas onde você o possa observar,
olhando-o de vez em quando para ver se a fita está perto de terminar, sem chamar
atenção para Isso. o microfone não deve ser colocado sobre uma superfície rígida,
vibrante, nem muito distante de quem vai falar.”(p.270)

“Uma entrevista não é um diálogo, ou uma conversa. Tudo o que interessa é fazer o
informante falar. Você deve manter-se o mais possível em segundo plano, apenas
fazendo algum gesto de apoio, mas não introduzindo seus próprios comentários ou
histórias. Essa não é ocasião para você demonstrar seus conhecimentos ou seu charme.
E não se deixe perturbar com as pausas” (p.271)

“Continue a mostrar-se interessado durante toda a entrevista. Em vez de ficar sempre


repetindo "sim" — o que soará tolo na gravação — é muito fácil aprender a fazer a
mímica da palavra, balançando a cabeça, sorrindo, erguendo as sobrancelhas, olhando
para o informante de modo encorajador.” (p.271)

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