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teoria e questões
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques
AULA 01
JURISDIÇÃO E AÇÃO
Sumário
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 2
2 - Jurisdição e Ação........................................................................................................ 2
2.1 - Jurisdição ............................................................................................................ 4
2.2 - Ação ................................................................................................................. 17
3 - Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional ........................................ 34
3.1 - Limites da Jurisdição Nacional .............................................................................. 34
3.2 - Cooperação Internacional .................................................................................... 40
4 – Questões ................................................................................................................ 46
4.1 - Questões sem Comentários ................................................................................. 46
4.2 - Gabarito ........................................................................................................... 56
4.3 - Questões com Comentários ................................................................................. 56
4.4 - Lista de Questões de Aula ................................................................................... 76
5 - Destaques da Legislação ........................................................................................... 79
6 - Súmulas e Jurisprudência Correlatos........................................................................... 80
7 - Resumo .................................................................................................................. 82
8 - Considerações Finais ................................................................................................ 88
Para Fredie Didier Jr.1, por exemplo, a relação entre Direito Processual Civil e
Direito Civil é circular. Entende o autor que há reciprocidade e relação de
complementariedade entre ambas as disciplinas. Cássio Scarpinella Bueno2,
por sua vez, vai um pouco além e defende que estamos no quarto estágio de
evolução do Direito Processual Civil. Para o autor, esse quarto estágio agrega os
juristas neoconcretistas. Em sentido semelhante a Fredie Didier Jr., ele entende
que o Direito Processual Civil e Direito Civil estão muito próximos um do
outro, o Direito Processual Civil tem um único sentido, o de prestar a tutela
jurisdicional a quem fizer jus a ela no plano material.
É partir dessa evolução retratada acima que são identificados os três principais
institutos do Direito Processual Civil, quais sejam: jurisdição, ação e processo.
2.1 - Jurisdição
O estudo da jurisdição passa pela análise de vários conceitos importantes,
frequentemente cobrados em prova. Vamos ver o conceito de jurisdição, a
distinção da jurisdição em relação aos denominados “equivalentes jurisdicionais”,
as características e espécies da jurisdição e, por fim, vamos tratar um pouco
sobre a tutela jurisdicional.
Todos esses elementos que vamos estudar refletem o art. 16, do NCPC:
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em TODO o território
nacional, conforme as disposições deste Código.
Vamos lá!
1
DIDER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao Direito Processual Civil,
Parte Geral e Processo de Conhecimento. Vol. 1, 18ª edição, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora
JusPodvim, 2016, p. 41.
2
BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil., Volume Único. 2ª Edição,
São Paulo: Editora Saraiva, 2016, p. 77.
A alternativa A está incorreta, pois o art. 723, parágrafo único, do NCPC, prevê
que o juiz não é obrigado a observar o critério de legalidade estrita, podendo
adotar, em cada caso, a solução que considerar mais conveniente ou oportuna.
A alternativa B está incorreta, pois, como vimos, o juiz exerce a direção do
processo e, em face disso, poderá determinar a produção de provas.
A alternativa C está incorreta. Não tratamos diretamente da autodefesa, pois é
uma técnica comum aos Juizados especiais que permite às partes atuar sem
advogado, e, portanto, ocorrerá no curso do processo, não havendo possibilidade
se configurar antes do processo. Se ela falasse em autocomposição ficaria correta
a alternativa.
A alternativa D está correta, pois, na arbitragem as partes poderão escolher,
livremente, as regras de direito que serão aplicadas, desde que não haja violação
aos bons costumes e à ordem pública.
A alternativa E está incorreta, pois a carta precatória é ato de cooperação e não
delegação de competência. Pede-se auxílio para praticar um ato para o qual o
Juiz não detém competência.
Sigamos!
Princípios/Características
Esse é um tema aberto, mas que é frequente em questões de prova. Aberto
porque cada doutrinador adota, em maior ou menor grau, um conjunto de
princípios e características próprios.
Vamos, dada a amplitude que podemos observar em concursos jurídicos, analisar
os princípios mais comuns da jurisdição. Esse rol de princípios tem por finalidade
facilitar a compreensão do que é a jurisdição. São eles:
E a carta precatória?
A expedição de carta precatória não constitui exceção ao princípio da
indelegabilidade, mas ato de cooperação processual. Em razão das regras
de competência territorial, o Juiz deprecante (quem expede a carta) não tem
competência para a prática do ato. Quem possui a competência é o Juiz
deprecado (quem recebe a carta). Portanto, o magistrado pede auxílio ao juiz
verdadeiramente compete para a prática de um ato processual que possa instruir
o processo. Veja que, ao contrário do que podemos ser levados a crer, a carta
precatória confirma o princípio da indelegabilidade.
Princípio da inevitabilidade
Também relevante, o princípio da inevitabilidade aplica-se em dois momentos
distintos:
1º momento: vinculação das partes ao processo judicial.
A parte tem a prerrogativa de ingressar com a ação judicial, demovendo o Poder Judiciário
da inércia. Uma vez provocado e formada a relação jurídico processual não é possível
negar (evitar) a decisão judicial, ainda que a parte ou as partes não concordem com a
decisão.
Princípio da inafastabilidade
O princípio da inafastabilidade da atuação jurisdicional informa o instituto da
jurisdição e está prescrito no art. 5º, XXXV, da CF, além de estar exposto no
NCPC como uma normal fundamental, prescrita no art. 3º.
Portanto, a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça de lesão a direito.
Cumpre aqui apenas ressaltar que o princípio da inafastabilidade é
complementado por dois aspectos:
1º aspecto: relação entre contencioso judicial e administrativo.
Muito embora seja possível buscar administrativamente a solução de determinado conflito,
essa via não é necessária, muito menos impeditiva do acesso ao Poder Judiciário.
Assim, a pessoa interessada poderá ou não se valer da via administrativa e, além disso,
após a decisão administrativa, poderá decidir pelo ingresso para rediscussão da mesma
matéria na esfera judicial.
Há, contudo, duas exceções: 1ª) necessidade de esgotamento administrativo na Justiça
Desportiva em face da exceção prevista no art. 217, §1º, da CF; e 2ª) admissibilidade do
habeas data apenas após a caracterização da recusa administrativa (Súmula STJ 2).
2º aspecto: acesso à ordem jurídica justa.
Somente será considerado inafastável a atuação jurisdicional se a tutela prestada for
satisfativa, ou seja, se a atuação do Poder Judiciário for efetivamente capaz de tutelar o
interesse da parte.
(TJ-AM/Juiz Substituto/2016)
Acerca da jurisdição e dos princípios informativos do processo civil, assinale a opção correta.
a) No âmbito do processo civil, admite-se a renúncia, expressa ou tácita, do direito atribuído
à parte de participar do contraditório.
b) A jurisdição voluntária se apresenta predominantemente como ato substitutivo da
vontade das partes.
c) A carta precatória constitui exceção ao princípio da indeclinabilidade da jurisdição.
d) A garantia do devido processo legal se limita à observância das formalidades previstas
no CPC.
e) O princípio da adstrição atribui à parte o poder de iniciativa para instaurar o processo
civil.
A alternativa A está correta, pois o art. 9º, do NCPC, é expresso em afirmar que
não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente
ouvida. Contudo, a parte intimada a se manifestar não é obrigada a fazê-lo,
podendo renunciar o direito de se manifestar.
Para o autor:
não há mais que se falar na expressão “condições da ação”;
“possibilidade jurídica do pedido” é hipótese que gera a improcedência do pedido; e
legitimidade e interesse passam a constituir pressuposto processual.
5
DIDER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao Direito Processual Civil,
Parte Geral e Processo de Conhecimento. Vol. 1, 18ª edição, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora
JusPodvim, 2016, p. 308.
(TJ-AM/Juiz Substituto/2016)
A respeito da ação e dos pressupostos processuais, assinale a opção correta.
a) Segundo a teoria da asserção, a análise das condições da ação é feita pelo juiz com base
nas alegações apresentadas na petição inicial.
b) Na ação de alimentos contra o pai, o menor de dezesseis anos de idade tem legitimidade
para o processo, mas não goza de legitimidade para a causa.
c) O direito a determinada prestação jurisdicional se esgota com o simples exercício do
direito de ação.
d) Conforme a teoria concreta da ação, o direito de agir é autônomo e independe do
reconhecimento do direito material supostamente violado.
e) Na hipótese de legitimidade extraordinária, a presença e a higidez dos pressupostos
processuais serão examinadas em face da parte substituída.
não se fala mais em condições da ação, embora, como dito, isso ainda é
discutível.
“possibilidade jurídica do pedido” não é mais retratada no NCPC, constituindo
temática a ser analisada no julgamento do feito. Não pode nem mesmo ser
classificada como pressuposto processual.
Incorreta a assertiva, portanto.
Interesse e legitimidade
Assim disciplina o art. 17, do NCPC:
Art. 17. PARA POSTULAR EM JUÍZO é necessário ter interesse e legitimidade.
Interesse
O interesse refere-se à necessidade e utilidade da tutela jurisdicional
pedida pelo demandante6. O autor deve demonstrar que o provimento
pretendido é capaz de melhorar a sua situação fática a ponto de justificar o
dispêndio de tempo, energia e dinheiro no processo.
6
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado. 2ª edição, rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 172.
Apenas para esclarecer, os §§ do art. 63, acima referidos, trazem algumas regras
para a cláusula de eleição de foro, que devem ser observadas no art. 25:
A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir
expressamente a determinado negócio jurídico.
O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz
de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do
réu.
Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na
contestação, sob pena de preclusão.
Por exemplo, se lei estrangeira previr uma regra de que todos os bens
estrangeiros serão conferidos com exclusividade aos filhos estrangeiros, essa
norma, se aplicada é mais benéfica porque, na prática, excluiria da divisão dos
bens os filhos estrangeiros. Portanto, deixaríamos de aplicar a lei brasileira, que
prevê igualdade entre brasileiro e estrageiro, para beneficiar nossos nacionais.
Em face da possibilidade aplicar a legislação estrangeira na sucessão, surge a
seguinte dúvida:
Há conflito entre o art. 23, II, do NCPC, e o art. 5º, XXXI, da CF?
Não temos um conflito, porque a regra prevista no art. 5º, XXXI, da CF não fixa
a jurisdição brasileira, mas delimita a competência da jurisdição brasileira. No
caso, o magistrado brasileiro competente (veja, a jurisdição é nacional) irá aplicar
a lei estrangeira, porque é mais benéfica. Portanto, é hipótese de
extraterritorialidade nas regras de competência interna.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem
ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o
Estado brasileiro.
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
Dos incisos citados, é importante destacar o inc. VI, que traz uma regra aberta.
Prevê o dispositivo que qualquer medida judicial ou extrajudicial não proibida pela
lei brasileira poderá ser objeto de cooperação internacional. Em outras palavras,
TODOS os atos processuais que podem ser praticados no bojo do
processo civil brasileiro poderão ser praticados em cooperação
internacional.
Auxílio Direto
O auxílio direto, de acordo com a doutrina11, “constitui técnica de cooperação
internacional que torna dispensável a expedição de carta rogatória para viabilizar
não só a comunicação, mas também a tomada de providência solicitadas entre
Estados”.
O auxílio direto tem sido cada vez mais utilizado no direito internacional, devido
a agilidade que o procedimento propicia. Antes do NCPC tínhamos apenas a carta
rogatória como instrumento de cooperação internacional.
O auxílio direto pode ser ativo ou passivo.
11
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil. Volume Único. 2ª edição,
rev., atual. e ampl., São Paulo: Editora Saraiva, 2016, p. 121.
b) mandamental
c) inibitória
d) preventiva
e) repressiva
b) passiva;
c) ativa;
d) mista;
e) extraordinária.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Segundo a teoria da
asserção, a presença das condições da ação deve ser analisada pelo juiz com os
elementos fornecidos pelo autor na petição inicial, sem qualquer desenvolvimento
cognitivo.
A alternativa B está incorreta. O menor de 16 anos tem legitimidade ad
causam para propor ação contra seu suposto pai, mas não tem legitimidade ad
processum, por não ter capacidade para estar em juízo, devendo ser
representado.
A alternativa C está incorreta. O direito de ação não pode ser apenas
contemplado como direito ao exercício da função jurisdicional. Lembre-se da
noção de satisfatividade do processo hodierno.
A alternativa D está incorreta. A teoria concreta afirma que o direito de agir é
autônomo, mas depende do reconhecimento do direito material supostamente
violado. Apenas na teoria abstrata é que se postula total distinção.
A alternativa E está incorreta. Como a parte que substitui é quem titulariza o
direito de ação, os pressupostos processuais serão analisados em face dela.
Comentários
O interesse do autor da ação pode se limitar à declaração da inexistência de
relação jurídica, ainda que tenha ocorrido a violação do direito, conforme art. 19
e 20 do NCPC.
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação
do direito.
Comentários
Se estiverem ausentes as “condições da ação” (leia-se, o interesse e a
legitimidade), mas o réu nada alegar em contestação, o juiz deve conhecer da
matéria de ofício, em qualquer grau de jurisdição, e extinguir o processo sem
resolução de mérito.
Vejamos o art. 485, VI, §3º, do NCPC.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer
tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
Comentários
A assertiva está incorreta. O interesse de agir e a legitimidade das
partes são considerados expressamente como pressupostos processuais, cuja
falta leva à improcedência do pedido.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Não viola o princípio de juiz natural criação em
tribunais de justiça, de câmaras para julgamento de ações no período de recesso
forense, pois constitui mera técnica de organização judiciária.
A alternativa B está incorreta. Na teoria da asserção, a análise das condições
da ação é feita pelo juiz com base nas alegações apresentadas na petição inicial.
A alternativa C está incorreta. O substituto processual é aquele que defende o
direito alheio em nome próprio.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. É possível a propositura
de ação de cunho declaratório para interpretar decisão judicial.
A alternativa E está incorreta. Todos os sujeitos que participarem do processo
devem comportar-se de acordo com a boa-fé, conforme art. 5º, do NCPC.
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé
Comentários
Aqui temos uma questão um pouco mais aprofundada, mas é sempre bom estar
atento!
A alternativa A está incorreta. Não há preclusão do direito de ação, o que há
preclusão é a pretensão.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o art. 485, IX
do NCPC.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição
legal;
A alternativa E está incorreta. O juiz não pode extinguir o feito sem resolver o
mérito antes de dar à parte a oportunidade de regularizar a situação, conforme
previsto no art. 76 do NCPC.
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o
vício.
Comentários
Vamos analisar cada um dos itens.
O item I está incorreto. A lide pode ser solucionada por diversas formas, inclusive
por meios não jurisdicionais, como é o caso das instâncias administrativas não
mencionadas na assertiva.
O item II está correto. O princípio da indeclinabilidade ou da inafastabilidade da
jurisdição está previsto no art. 5º, XXXV da CF, e afirma que a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Assim, não pode o
juiz eximir-se de julgar a lide nem mesmo diante da ausência de lei ou de lacuna,
hipóteses em que deverá decidi-la com base na analogia, nos costumes e nos
princípios gerais de direito, conforme art. 140 do NCPC.
O item III está correto. O princípio da inevitabilidade da jurisdição, do qual
decorre o poder de coerção, afirma a vinculação das partes ao processo e ao
estado de sujeição delas aos efeitos da decisão judicial proferida.
Comentários
Sim, porque a atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza
jurisdicional.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça "É possível a existência de conflito de
competência entre juízo estatal e câmara arbitral. Isso porque a atividade
desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza jurisdicional" 12.
Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.
12
STJ, 2ª Seção, CC 111230, j. 08/05/2013.
d) faculdade da ação.
e) litisconsórcio.
Comentários
Adaptamos essa questão para torná-la adequada ao que prevê o NCPC. Como
dissemos em aula, o termo “condições da ação” foi abolido do Código de Processo
Civil. Dessa forma, o interesse de agir, que se refere- à necessidade e utilidade
da tutela jurisdicional pedida pelo demandante, passa a ser visto como um
pressuposto processual e não mais como uma condição da ação.
A alternativa C está correta e é p gabarito da questão.
Comentários
A legitimidade do Ministério Público na demanda é a extraordinária, quando o
legitimado não coincide com o titular do direito, portanto, será legitimado para
agir em nome próprio defendendo interesse alheio.
O NCPC, prevê a legitimidade extraordinária no art. 18.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado
pelo ordenamento jurídico.
Lembre-se:
Legitimidade ordinária: quando a lei atribui legitimidade ao titular da relação jurídica em questão,
ou seja, a parte corresponde com o legitimado.
Legitimidade passiva: refere-se à aquele que suporta os efeitos da ação e contra quem é pleiteado
o pedido.
Legitimidade ativa: Só poderá propor uma ação quem for parte legítima.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O ordenamento jurídico não admite a
justaposição de competências. Todos os órgãos jurisdicionais são portadores de
jurisdição, mas cada um deve exercer dentro de uma determinada esfera de
atuação, delimitada pela distribuição de competência.
A alternativa B está incorreta. Não há previsão de controle externo da
atividade jurisdicional no ordenamento jurídico brasileiro. O controle das
decisões judiciais é realizado no próprio âmbito do Poder Judiciário,
internamente, de modo que a decisão de um juízo inferior possa ser anulada ou
reformada por um juízo superior.
A alternativa C está incorreta. A possibilidade de realização do direito objetivo
não é traço caracterizador apenas da jurisdição. O direito objetivo também pode
ser assegurado administrativamente, sem necessidade de se recorrer ao Poder
Judiciário.
A alternativa D está incorreta. A jurisdição conhece, sim, limites. A atuação
do juiz é limitada pela própria lei e por seus critérios de interpretação, não
podendo o ato decisório ser considerado completamente livre.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão, pois está de acordo com
o art. 5º, XXXVII e LIII da CF, onde aborda o princípio do juiz natural, postulado
derivado do direito fundamental de não ser processado por juízo ou Tribunal de
exceção, mas, somente, pela autoridade competente.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O reconhecimento da ausência do interesse de
agir da legitimidade levará à extinção do processo sem julgamento de mérito,
conforme art. 485, VI, do NCPC.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme o art. 2º, do
NCPC.
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial,
salvo as exceções previstas em lei.
Comentários
O Princípio do Juiz Natural, previsto no art. 5º, XXXVII e LIII, CF, nada mais é do
que uma garantia decorrente do devido processo legal. Segundo ele, não haverá
tribunal de exceção, e a decisão será proferida pela autoridade competente.
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O objeto material do
processo se refere a pretensão do autor ao propor a ação. Trata-se do conteúdo
pelo qual foi ingressado com a ação para solicitar a tutela jurisdicional.
Comentários
A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão, por violação do princípio
da inércia da jurisdição.
Comentários
Vamos analisar cada um dos itens.
O item I está correto. Havendo conflito, a atividade jurisdicional sempre será
substitutiva. A jurisdição é substitutiva da vontade das partes porque ao exercê-
la o juiz afasta a vontade das partes pela vontade do Estado. Diante da existência
de conflito acerca da titularidade de um direito não pode uma parte invadir a
esfera de direitos da outra para ter sua pretensão satisfeita.
O item II está incorreto. O caráter substitutivo da jurisdição está presente em
todas as hipóteses em que esta é exercida, não havendo diferença acerca de
Comentários
Os elementos da ação são as partes, a causa de pedir e o pedido, os quais se
destinam a individualizá-la e a identificá-la, distinguindo-a das demais.
Assim, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.
Vejamos o esquema dado em aula sobre a teoria da asserção.
Comentários
Este conceito é verdadeiro embora pareça falso. Para acertar a questão você não
pode confundir capacidade processual com capacidade postulatória.
A afirmativa se refere ao art. 70 do NCPC, que diz respeito a capacidade
processual.
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para
estar em juízo.
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A Teoria Eclética é a
predominante no direito brasileiro. Vejamos o esquema de aula que resume a
Teoria Eclética da Ação.
Comentários
A alternativa A está correta. A doutrina afirma que a jurisdição tem caráter
substitutivo porque, ao exercê-la, o juiz substitui a vontade das partes pela
vontade do Estado, produzindo, por meio da força, o efeito jurídico que as
próprias partes poderiam ter alcançado voluntariamente se uma delas não tivesse
resistido à pretensão da outra.
A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. A doutrina classifica a
jurisdição, quanto ao organismo que a exerce, como comum e especial. A
jurisdição comum é exercida pela justiça federal em conjunto com a estadual,
enquanto a jurisdição especial é exercida pelas justiças eleitoral, trabalhista e
militar. A justiça federal e a justiça estadual compõem apenas o que se classifica
como jurisdição comum, não havendo que se falar em prevalência ou em
existência de relação de hierarquia de uma sobre a outra.
A alternativa C está correta. Afirma-se que a competência é a medida da
jurisdição porque embora sejam todos os órgãos jurisdicionais portadores de
jurisdição, a lei determina que cada um somente pode exercê-la dentro de uma
determinada esfera de atuação, sendo esta a sua esfera de competência.
A alternativa D está correta, pois se refere ao art. 5º, XXXV da CF, a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
A alternativa E está correta. Refere-se ao princípio da vedação. Uma vez
provocado o Poder Judiciário, este tem o dever de apreciar a demanda que lhe
for submetida. Sendo a lei omissa e entendendo o juiz não haver comando
legal aplicável ao caso concreto, deve ele decidir o caso com base na analogia,
nos costumes e nos princípios gerais de direito, não podendo escusar-se de julgá-
lo.
Gabarito: INCORRETA
(TJ-AM/Juiz Substituto/2016)
Acerca da jurisdição e dos princípios informativos do processo civil, assinale a opção correta.
a) No âmbito do processo civil, admite-se a renúncia, expressa ou tácita, do direito atribuído
à parte de participar do contraditório.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Gabarito: ALTERNATIVA E
Gabarito: ALTERNATIVA B.
Gabarito: ALTERNATIVA D
(TJ-AM/Juiz Substituto/2016)
A respeito da ação e dos pressupostos processuais, assinale a opção correta.
a) Segundo a teoria da asserção, a análise das condições da ação é feita pelo juiz com base
nas alegações apresentadas na petição inicial.
b) Na ação de alimentos contra o pai, o menor de dezesseis anos de idade tem legitimidade
para o processo, mas não goza de legitimidade para a causa.
c) O direito a determinada prestação jurisdicional se esgota com o simples exercício do
direito de ação.
d) Conforme a teoria concreta da ação, o direito de agir é autônomo e independe do
reconhecimento do direito material supostamente violado.
e) Na hipótese de legitimidade extraordinária, a presença e a higidez dos pressupostos
processuais serão examinadas em face da parte substituída.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Gabarito: ALTERNATIVA B
Gabarito: INCORRETA
Gabarito: INCORRETA
Gabarito: CORRETA
5 - Destaques da Legislação
art. 17, do NCPC:
Art. 17. PARA POSTULAR EM JUÍZO é necessário ter interesse e legitimidade.
13
REsp 796.533/BA, Rel. Min. Paulo Furtado, DJe 24/02/2010.
14
EREsp 609.266/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJ 11/09/2006.
7 - Resumo
Jurisdição e Ação
ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO:
primeiro estágio: imanentistas, para os quais o processo civil é visto como parte
integrante do Direito Civil.
segundo estágio: autônoma, que possui regras e princípios próprios e está
TOTALMENTE desvinculada do Direito Civil.
terceiro estágio: instrumentalistas, que defendem a reaproximação do direito
processual do direito material.
NEOCONCRETISTAS: o Direito Processual Civil e Direito Civil estão muito próximos um do
outro, o Direito Processual Civil tem um único sentido, o de prestar a tutela jurisdicional a
quem fizer jus a ela no plano material.
JURISDIÇÃO: Jurisdição constitui parcela do Poder Estatal, voltada para a função jurisdicional,
que é executada como uma atividade, composta por um complexo de atos para a prestação
efetiva da tutela jurisdicional.
JURISDIÇÃO É PODER, FUNÇÃO E ATIVIDADE:
JURISDIÇÃO COMO PODER - Poder Estatal de interferir na esfera jurídica dos
jurisdicionados.
JURISDIÇÃO COMO FUNÇÃO - Encargo atribuído pela CF ao Poder Judiciário (em regra).
JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE - Conjunto de atos praticados pelos agentes estatais
investidos de jurisdição.
CARACTERÍSTICAS:
e) Caráter substitutivo - caracteriza-se a jurisdição por substituir a vontade da parte pela
vontade da Lei aplicada ao caso concreto, como forma de por fim ao conflito.
f) Lide – caracteriza-se a jurisdição por atuar quando há um conflito de interesses em
decorrência de uma pretensão resistida.
g) Inércia – caracteriza-se a jurisdição por ficar subordinada à provocação pela parte
(princípio da demanda); e
h) Definitividade – caracteriza-se a jurisdição por decidir o conflito de interesses de forma
incontestável, definitiva e imutável.
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
autônomos: transação, reconhecimento jurídico do pedido, renúncia
heterônomo: tribunais administrativos e arbitragem.
Sem necessidade de maior aprofundamento, é relevante ter em mente alguns conceitos:
AUTOTUTELA: Solução de conflitos pelo uso da força, por intermédio do qual a parte
vencedora sacrifica o interesse da outra.
CONCILIAÇÃO: Solução de conflitos pela vontade das partes, por intermédio da
conciliação (transação), da submissão ou da renúncia.
Partes
Parte processual: aquela que está em uma relação jurídica processual, que exerce o
contraditório, atua com parcialidade e pode sofrer consequências com a decisão.
Parte material: é o sujeito da relação jurídica discutida em Juízo, podendo (legitimação
ordinária) ou não (legitimação extraordinária) ser parte processual.
Causa de pedir
causa de pedir remota (ou fática)- constitui a descrição do fato que deu origem a lide
causa de pedir próxima (ou jurídica)
o é o próprio direito, aplicado a partir da descrição fática
o envolve a concretização da norma, conferindo substância ao pedido do autor
Teoria da Individuação X Teoria da Substanciação
TEORIA DA INDIVIDUAÇÃO: a) causa de pedir composta tão somente pela relação jurídica
afirmada pelo autor; b) caráter meramente histórico.
TEORIA DA SUBSTANCIAÇÃO: a) causa de pedir formada apenas pelos fatos jurídicos
narrados pelo autor; b) aplicada ao Direito Processual Civil brasileiro.
Pedido: objeto da ação, consiste na pretensão do autor que é levada ao Estado-Juiz, que irá
prestar a tutela jurisdicional sobre essa pretensão.
pedido imediato: a) aspecto processual; b) espécie de tutela jurisdicional.
pedido mediato: a) aspecto material; b) bem da vida
ESPÉCIES DE AÇÃO
Classificação segundo a natureza da relação jurídica discutida: real e pessoal
ação real: envolve relação jurídica de direito real
ação pessoal: envolve relação jurídica de direito pessoal
Classificação segundo o objeto do pedido mediato: mobiliária e imobiliária
ação mobiliária: envolve bens móveis.
ação imobiliária: envolve bens imóveis.
Classificação segundo o tipo de tutela jurisdicional: conhecimento, cautelar e
executiva (ações sincréticas)
ação de conhecimento - certificação de direito
ação de execução - efetivação de direito
ação cautelar - proteger a efetivação de um direito
Classificação de conhecimento: condenatórias, constitutivas e declaratórias
ação condenatória: aquela em que se afirma a titularidade de um direito a uma prestação
e pela qual se busca a certificação e a efetivação desse mesmo direito, com a condenação
do réu ao cumprimento da prestação devida.
ações constitutivas: aquela que tem por objetivo obter uma certificação e efetivação de
um direito potestativo.
ações declaratórias: aquela que tem o objetivo de certificar a existência, a inexistência ou
o modo de ser de uma relação jurídica.
Além das classificações acima, dois outros conceitos são importantes:
a) ação executiva em sentido amplo: é aquela pela qual se afirma um direito e se busca a
efetivação e certificação desse direito por intermédio de medidas de coerção direta.
b) ação mandamental: é aquela pela qual se afirma um direito e se busca a efetivação e
certificação desse direito por intermédio de medidas de coerção indireta.