Resenha Crítica - Documentário Pierre Bourdieu
Resenha Crítica - Documentário Pierre Bourdieu
Resenha Crítica - Documentário Pierre Bourdieu
Além do seu destaque como filósofo e antropólogo, Pierre Bourdieu é um dos nomes
mais importantes da sociologia moderna. Francês, nasceu em família camponesa e foi
responsável por uma abrangente e notável produção acadêmica. Sua sociologia é fundada na
crítica e observação dos fenômenos sociais, é uma sociologia que interpreta inteligentemente
o jogo de poder das distinções econômicas e culturais de uma sociedade hierarquizada e
desigual. Nesse contexto promoveu discussões e estudos em campos diversos como a cultura,
política, comunicação, artes, educação e literatura.
No seu trabalho é fácil notar sua vontade na superação dos falsos paradoxos
envolvidos na tradição da Sociologia: objetivismo e subjetivismo, indivíduo e sociedade,
interpretação e explicação, etc. Bourdieu fez uso de sua produção acadêmica e intelectual
como uma arma política e deu a sociologia uma postura mais engajada, compromissada com a
denúncia dos mecanismos de dominação em uma sociedade injusta e repleta de desigualdades,
adotando uma postura relacional e quebrando o senso comum. Defendia que para a pesquisa
era necessário manter uma visão além do objeto estudado logo as respostas seriam apenas
encontradas nas formas mais amplas da estrutura social.
Por vir de um contexto social diferente do das pessoas vindas da classe burguesa da
França, Bourdieu teve que aprender os mecanismos de capital e reprodução simbólica, algo
que já era natural a essa pessoas por conta de sua posição social mais elevada, contexto em
que nasceu e o nível de escolaridade. Ao aprender, ele pode refletir sobre a escolha, a
artificialidade, e o caráter ideológico daquele sistema no qual ele estava inserido, e, portanto,
desenvolver seus estudos.
1. Capital econômico: Menção ao conjunto de bens, patrimônios e renda ligados ao capital ou exercício
profissional.
2. Capital simbólico: Menção ao quantitativo de honra, de status, inserido no contexto quantitativo de capital
cultural, social ou simbólico.
3. Capital social: Menção ao conjunto de relações, contatos, amizades, obrigações, utilizadas pelo indivíduo ou
pelo grupo na vida em sociedade.
4. Capital simbólico: menção ao conjunto de costumes e crenças ligados a honra e ao reconhecimento,
conferidos pelo crédito e autoridade do agente, diretamente relacionado à posse quantitativa dos outros
capitais antes mencionados.
Ao ingressar numa escola, o individuo de uma classe menos favorecida, é
automaticamente imerso em um contexto onde ele acaba sendo desvalorizado em virtude
daqueles “bem nascidos” que, de certa forma, já estão preparados por vir de uma cultura
letrada. Num local onde as classes e origens sociais de um indivíduo deveriam ser
preocupações secundárias, e de preferência, extintas no momento de aprendizagem, a escola
acaba por privilegiar aqueles que já têm um privilégio por vir de classe social mais elevada.
Pierre Bourdieu tem propriedade para falar desse assunto não só por seu vasto
conhecimento acadêmico, mas por ter sofrido esse preconceito por parte da elite francesa, já
que ele veio de uma família humilde, mas ingressou nos melhores centros de educação da
França. Esse contexto de exclusão é uma boa definição para a violência simbólica por ele
estudada.
Uma teoria é classificada como morta quando ela vira só teoria, ou seja, a teoria morre
quando ela não é mais aplicada em investigações e em pesquisas concretas. No caso do
Bourdieu, ele estimulou a utilização dos seus conceitos de campo, de habitus, de capital
simbólico em pesquisas concretas sobre quase tudo. Ele foi um intelectual corajoso que até o
final esteve do lado das lutas sociais, ao mesmo tempo em que era respeitadíssimo do ponto
de vista acadêmico. Em suma, isso tudo explana e expõe a suma importância e poder de
influência dos estudos e intervenções do camponês francês e mestre da sociologia moderna