Texto - Unidade 4
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Texto - Unidade 4
do câncer
DE EDUCAÇÃO
na Atenção
PERMANENTE Primária à Saúde
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA
UNIDADE 4
Câncer de colo
uterino
Câncer de colo uterino
Nesta unidade, abordaremos o câncer de colo de útero, sua epidemiologia no Brasil, rastre-
amento, diagnóstico e o papel da Atenção Básica na atenção a esse agravo.
Por ser um dos mais frequentes e de melhor prognóstico, quando detectado precocemente,
o câncer de colo de útero deve ser amplamente conhecido pelas equipes da atenção básica.
Começamos esta aula mostrando alguns dados sobre a incidência do câncer de colo uterino.
Infográfico 3
A patologia tem como etiologia a infecção crônica causada pelo vírus do papiloma humano
(HPV), que é um fator necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento do câncer do
colo do útero (BRASIL, 2013).
Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou
probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras.
Entre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos
de câncer do colo do útero (SMITH et al., 2007).
Detecção precoce
A detecção precoce pode ser realizada por meio de duas estratégias, a saber:
As duas estratégias têm como base o exame citopatológico do colo do útero, também conhe-
cido como Exame Preventivo ou Papanicolau. A coleta para o dito exame pode e deve ser
realizada pelos profissionais da APS.
Quando diagnosticado em seu início, o câncer do colo do útero tem sua chance de cura
aproximada a 100%. Portanto, é fundamental que saibamos a técnica, as possibilidades de
resultados e as condutas.
Abordagem do câncer na Atenção Primária à Saúde
Câncer de colo uterino 40
Vamos relembrar a nossa situação problema? Carlos e Amélio estavam preocupados com
uma mulher cujo resultado do preventivo não foi bom. Ainda bem que ela foi diagnosticada
e vai poder iniciar o seguimento, não é mesmo?
É necessário que o consultório da unidade de saúde seja equipado conforme figura a seguir,
em que também é possível ver o material utilizado para coleta.
Escova endocervical
Lápis
Espátulas de Ayre
Humanização do atendimento
• É necessário entender que, para muitas mulheres, o exame ginecológico ou simplesmente
a coleta do Papanicolau ainda causa constrangimento e preocupação.
• Muitas mulheres se confundem com o que deve ser feito após o exame. Umas acham que
“basta retirar o material e tudo estará resolvido”, outras associam todo o resultado anormal
ao diagnóstico de câncer.
• É fácil entender: no primeiro caso, a paciente não acha que tenha algo a retirar, e no segun-
do, a preocupação é excessiva, e infundada, pois a maior parte dos diagnósticos é negativa
para câncer.
• Ambas situações precisam ser esclarecidas, pois são conceitos errôneos que comprome-
tem todo o Programa e afastam as pacientes dos benefícios da detecção precoce e cura das
doenças diagnosticadas.
Tenha sempre em mente que um clima descontraído, construído por uma relação de res-
peito e compreensão, cercado de informações simples e objetivas, é fundamental para que
se consiga uma amostra ideal e o cumprimento de todas as orientações (SÃO PAULO, 2015).
Abordagem do câncer na Atenção Primária à Saúde
Câncer de colo uterino 43
Preenchimento do formulário
Ainda nesse contexto, devemos mencionar a importância do preenchimento do formulário
de requisição de citologia oncótica, bem como da identificação do exame. Falhas na identi-
ficação podem acarretar troca de exames, comprometendo por completo o trabalho (SÃO
PAULO, 2015).
Identificação da lâmina
É obrigatório o uso de lâmina com bordas lapidadas e extremidades foscas. O uso de lâmina
sem extremidade fosca dificulta sua identificação, requerendo lápis diamante ou marcador
de azulejo, o que torna a rotina pouco prática (SÃO PAULO, 2015).
- Perguntar se já teve filhos por parto normal (via vaginal). Se não, usar espéculo pequeno.
- Perguntar se está grávida ou suspeita estar. Caso afirmativo, não colher material endocer-
vical.
3 - Em seguida, peça que ela retire a parte inferior da roupa, dando-lhe o avental
ou um lençol para que se cubra, indicando o biombo para a troca da roupa ou
outro local reservado.
7 - Colocação do espéculo:
A dificuldade para localizar o colo pode estar na escolha errada do tamanho do espéculo.
O espéculo de tamanho pequeno deve ser utilizado em mulheres que não tiveram parto
vaginal (normal), muito jovens, menopausadas e em mulheres muito magras.
O espéculo de tamanho grande pode ser o indicado para as mulheres multíparas e para as
obesas. Condições intermediárias ou em caso de dúvida, use o de tamanho médio.
- Não lubrifique o espéculo com qualquer tipo de óleo, glicerina, creme ou vaselina.
90º
- Se mesmo após essas manobras não conseguir visualizar o colo, não insista, peça auxílio à
enfermeira ou ao médico. A paciente pode ter sofrido alguma intervenção cirúrgica no colo
ou uma histerectomia. Abordagem do câncer na Atenção Primária à Saúde
Câncer de colo uterino 46
Coleta das amostras
O colo uterino não é igual em todas as mulheres, seu tamanho, forma e posição podem
variar.
Devido à sua localização e função, está sujeito a traumatismos por parto, abortos e cureta-
gens, assim como processos inflamatórios e infecciosos diversos.
O orifício interno do colo uterino das mulheres que nunca tiveram parto vaginal é puntifor-
me, e das que já tiveram, é em fenda transversa.
Lâmina de microscópio
a ser preparada
360º
Fixação do Material
A fixação do esfregaço deve ser procedida imediatamente após a coleta, sem nenhuma
espera. Visa conservar o material colhido, mantendo as características originais das células,
preservando-as de dessecamento, o que impossibilitará a leitura do exame.
1 - Polietilenoglicol.
2 - Álcool a 95%.
3 - Propinilglicol.
Conclusão do procedimento
- Feche o espéculo.
- Retire-o delicadamente.
- Oriente a paciente para que venha retirar o exame conforme a rotina da sua Unidade de
Saúde.
Agora que aprendemos sobre a coleta do exame preventivo, vamos estudar sobre o segui-
mento pela APS, que é justamente o que está faltando para resolver o problema da paciente
dona Gerusa, que o enfermeiro Carlos e o ACS Amélio estavam discutindo.
Para dar o diagnóstico e seguimento de câncer em colo do útero, é fundamental que conhe-
çamos a história natural da doença.
Você conhece o vírus HPV? Sabe a sua relação com o câncer de colo uterino?
O que é NIC?
A Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) não é câncer, e sim uma lesão precursora, que,
dependendo de sua gravidade, poderá ou não evoluir para câncer.
NIC I é a alteração celular que acomete as camadas mais basais do epitélio estratificado do
colo do útero (displasia leve). Cerca de 80% das mulheres com esse tipo de lesão apresen-
tarão regressão espontânea.
NIC II é a existência de desarranjo celular em até três quartos da espessura do epitélio, pre-
servando as camadas mais superficiais (displasia moderada).
As lesões precursoras de alto grau (NIC II e III) são encontradas com maior frequência na fai-
xa etária de 35 a 49 anos, especialmente entre as mulheres que nunca realizaram o exame
citopatológico (Papanicolau).
Nos resultados compatíveis com NIC II ou NIC III, recomenda-se o encaminhamento imedia-
to para a colposcopia, para confirmação histopatológica de que não há invasão do tecido
conjuntivo (BRASIL, 2013).
Útero
Colo Tecido de
Tecido de câncer
uterino
câncer
Vagina Sangramento
Sob esses diagnósticos, estão incluídos os casos com ausência de alterações celulares que
possam ser classificadas como Neoplasia Intraepitelial Cervical, porém com alterações cito-
patológicas que merecem melhor investigação e acompanhamento (BRASIL, 2013).
Espera-se a regressão espontânea das lesões (ASCUS, AGUS, NIC I e efeito citopático compa-
tível com HPV) em torno de 80% dos casos (BRASIL, 2013).
FINALIZANDO...
Olá, cursista! Chegamos ao final do módulo de Câncer na APS, esperamos que você tenha
aprendido um pouco mais sobre rastreamento, detecção e diagnóstico precoces e segui-
mentos pela APS.
Vimos a importância de evitar intervenções desnecessárias, que nem sempre servem para
rastreamento. Esperamos que este módulo tenha ajudado a lidar com os principais tipos de
câncer: pele, próstata, mama e colo uterino. Não deixe de passar essas informações para a
sua equipe em sua unidade de saúde! Até a próxima!