Dois Caminhos Do Metodismo

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DOIS CAMINHOS DIFERENCIADOS

METODISMO NO RIO GRANDE DO SUL & NA AMAZÔNIA E NORDESTE


Prof. José Carlos de Souza
 Coube à Igreja Metodista Episcopal do Sul (EUA) retomar a ação missionária no Brasil,
estabelecendo-se inicialmente na região sudeste (RJ. SP, & MG).
 Porém, a Igreja Metodista Episcopal (do Norte dos EUA) foi a responsável por duas
significativas iniciativas:
 No Rio Grande do Sul
 Na Amazônia e no Nordeste
Do Uruguai aos pampas gaúchos
 Depois da visita de Pitts, o metodismo foi estabelecido em Montevidéu pelo Rev. John
Dempster (1836).
 Porém, o período de maior expansão do metodismo no Rio da Prata foi entre os anos 1860
a 1890, sob liderança de John F. Thompson e Thomaz B. Wood.
 O Rev. Wood era Superintendente Geral da Missão nessa região quando, por seu
intermédio, João da Costa Corrêa converteu-se ao Evangelho.
Primeiro pregador metodista brasileiro
 João da Costa Corrêa – nascido em Jaguarão, RS, prestou serviços nos hospitais de sangue
na Guerra do Paraguai.
 Em Montevidéu, casou-se e veio a se converter à fé metodista, tornando-se “colportor” e,
posteriormente, agente da Sociedade Bíblica Americana.
 Em 1875, realiza a sua primeira viagem ao Rio Grande do Sul, divulgando a Bíblia.
 Em sua segunda viagem, em 1877, encontra-se com Ransom e conversam sobre a missão
metodista no RS.
Metodismo em Porto Alegre
 Já como ministro da IME, em 1885, Corrêa é enviado para dar início à missão metodista
em Porto Alegre.
 Em 27 de setembro de 1885, funda uma congregação com seis membros.
 Em 19 de outubro, inaugura, com a professora Carmen Chaccon, o Colégio Americano
para meninos e meninas.
 Depois do 1º ano de funcionamento, os três alunos iniciais eram 187.
 Também no mesmo ano fundaram uma escola para mulheres pobres (84 alunas).
Avanço Missionário
 1888 – Surge a 2ª igreja metodista no RS, Bento Gonçalves (então Dna Isabel).
 1888 – o Rev. Carlos Lazzare é nomeado para pastorear o circuito das Serras gaúchas
 Em 15 de novembro de 1889, falece, aos 21 anos, Carmen Chaccon.
 1892 – o Rev. Matheus Donatti atende à comunidade em Forqueta do Caí, fundada neste
ano.
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Transferência para a IMES


 1899 – Missão no RS é confiado aos cuidados da IMES
 1901 – A igreja de Porto Alegre homologa a transferência
 1904 – É fundado o jornal O Testemunho, órgão oficial do metodismo gaúcho.
 1906 – Missão no RS se transforma em distrito da Conferência Anual da Missão
Brasileira da IMES.
 1910 – Constitui-se a Conferência Anual Sul Brasileira
Metodismo no Nordeste e Amazônia
 Rev. William Taylor e as “missões de sustento próprio”
 Justus Henry Nelson  Belém do Pará, de 1880 a 1925
 George Benjamin Nind  Recife, Pernambuco, de 1882 a 1992.
 Ambos se ocuparam com a tradução de hinos, conforme indicado nos quadros abaixo:
HE Hinos de Justus Henry Nelson
082 Onipotente Rei
121 Exaltai o Senhor
130 Saudai o nome
HE Hinos de George Benjamin Nind
265 Perdão
149 O Culto Dominical
286 O Lírio dos Vales
341 Que Segurança tenho em Jesus
295 Constância
388 Não sei por que de Deus o amor
453 Da Linda Pátria
457 Ó Bela terra de fulgor
Entre êxitos e dificuldades
 Desde junho de 1880, Nelson dá aulas de inglês e inicia cultos também em língua inglesa.
Em janeiro de 1881, abre o Colégio Americano ao qual se juntam outros professores
vindos dos EUA. Dificuldades em manter o corpo docente (professores morrem com febre
amarela), obrigam-no a feclar o colégio.
 Visando assegurar seu sustento, emprega-se numa companhia de comércio americana, R.
F. Sears & Company, mas, três ou quatro meses depois, pede demissão por discordar do
lema implícito do estabelecimento: “Make money – honestly, if you can, but – make
money” [Faça dinheiro honestamente, se puder, mas faça dinheiro]. Após o episódio,
sobrevive dando aulas particulares de inglês e outras disciplinas (cf. REILY, D. A. (Comp.).
Metodismo na Amazônia, 1982, p. 9-11).
 1883 – Tendo iniciado as pregações em português, Nelson funda em Belém a 1ª Igreja
Metodista na região da Amazônia.
 1886 – Rev. Marcus E. Carver se estabelece em Manaus, mas posteriormente rompe com
o metodismo (1889), formando a Igreja Evangélica Amazonense (cf. REILY, D. A.
(Comp.). Metodismo na Amazônia, 1982, p. 13-15).
 1890-1910 – Nelson edita um periódico semanal: O Apologista Cristão Brasileiro, cujo
lema era: “Saibamos e pratiquemos a verdade, custe o que custar”.
 Enfrentando a oposição: ‘nosso jornal’ “combatia a maçonaria, o jogo, as loterias, o
álcool, o tabaco, o espiritismo, a arbitrariedade da predestinação, etc., do calvinismo, o
monopólio aquático do reino de Deus, açambarcamento das chaves de São Pedro...”.
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Luta pela liberdade religiosa


 Polêmica religiosa: “Na data da re-inauguração da Catedral do Pará, publiquei uma lista
de ‘perguntas respeitosas’, indagando de quando, onde e como Maria, mãe de Jesus, foi
constituída ‘padroeira’ da Amazônia”.
 Processo e condenação à prisão por 4 meses, 8 dias e 12 horas que Nelson fez questão de
cumprir para esmagar o Art. 185 do Código Penal.
 1894 – Frank R. Spaulding restabelece a igreja metodista em Manaus, porém, após 3 anos
regressa aos EUA. Sem pastor, “nossa igreja. Foi enxaguada em águas do Rio Negro”.
 Nelson manteve por iniciativa própria um trabalho social significativo. Graças a um
conhecimento básico de medicina, obtido quando se preparava para vir ao Brasil, e ao
curso de enfermagem prática, realizado em Belém, “me foi permitido atender aos pobres
gratuitamente. Ajudei pessoas indiferentes a credo, raça ou caráter moral e graciosamente”
(cf. Reily, D. A. História Documental do Protestantismo no Brasil, 2003, p. 199-200).
Fim da Missão metodista na Amazônia
 Quando a Igreja Metodista Episcopal confiou a missão no Brasil à Igreja Metodista
Episcopal do Sul (IMES), Nelson decidiu não abandonar a sua comunidade em Belém
assim se justificando: “O motivo principal de eu não pôr-me ao dispor da Igreja Metodista
do Sul, era que essa Igreja não cogitava em estabelecer missões na Amazônia, havendo
falta de pastores no sul do Brasil. Eu não quis abandonar os meus bons amigos e meu
predileto serviço no Pará” (cf. REILY, D. A. (Comp.). Metodismo na Amazônia, 1982, p. 19).
 Sendo-lhe impossível continuar a atividade missionária, ele agora recomendava aos
metodistas que buscassem filiar-se a outras igrejas. Sua esposa retornara com os familiares
para os EUA já há seis anos. Sua intenção era tornar-se indispensável, onde quer que se
estabelecesse.
Por que a missão na Amazônia não prosperou?
 Política de sustento próprio
 Falta de articulação entre a Igreja mãe e os missionários metodistas no Brasil
 Estrutura missionária (board) não deu o devido apoio aos missionários
 “Sustento próprio das igrejas – não dos próprios pastores – era regra geral tanto de São
Paulo como de William Taylor... Se a minha igreja no Pará não chegou a praticar o
‘sustento próprio’ na parte tocante ao ordenado do pastor, o responsável sou eu, que nunca
lhe dei ensejo para isso” (J. H. Nelson).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
 BARBOSA, José Carlos. Salvar & Educar: O metodismo no Brasil do século XIX.
Piracicaba: Cepeme, 2005.
 JAIME, Eduardo Mena Barreto. História do Metodismo no Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: Empresa Gráfica Moderna, 1963.
 REILY, D. A. (Comp.). Metodismo na Amazônia, Resumo do Trabalho Missionário de Justus
Nelson e sua Despedida da Igreja Metodista de Belém do Pará. Transcrição Integral do
"Apologista Christão Brazileiro". Publicado em 1925. São Bernardo do Campo: Co-edição
FTIM/IMS, 1982.
 REILY, D. A. História Documental do Protestantismo no Brasil, São Paulo: ASTE, 2003.
 SALVADOR, José Gonçalves. História do Metodismo no Brasil, v. 1: Dos primórdios até a
Proclamação da República (1835 a 1890). São Paulo: Imprensa Metodista, 1982.

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