Atcc - Alvenaria Estrutural Com Bloco de Concreto
Atcc - Alvenaria Estrutural Com Bloco de Concreto
Atcc - Alvenaria Estrutural Com Bloco de Concreto
Ariana Morais Prado1, Augusto Crispim de Carvalho², Ítalo Henrique Fernandes³, Larissa Proença
Simplício4
([email protected], [email protected], [email protected], [email protected] )
RESUMO
A prática de utilizar blocos para construir edificações é antiga, e ao longo do tempo a engenharia
progrediu muito, sendo que hoje uma das técnicas construtivas mais convenientes e com melhor
desempenho é a alvenaria estrutural com blocos de concreto. No Brasil, esse sistema construtivo
vem sendo bastante utilizado e mostrou ser muito interessante em termos de economia quando
tem um bom planejamento e boa execução. Utilizando a metodologia de revisão bibliográfica,
o objetivo deste estudo é apresentar os conceitos fundamentais do método executivo de uma
construção de alvenaria estrutural feita com blocos de concreto, discorrendo sobre a escolha do
bloco, assentamento, grauteamento, instalações elétricas e hidráulicas, destacando a
importância do cumprimento das normas técnicas. O resultado deste estudo demonstra que
utilizando os materiais e métodos adequados, foi possível tirar maior proveito desse sistema
que possui vantagens devido à facilidade construtiva, versatilidade e economia.
1 - INTRODUÇÃO
A procura por métodos construtivos mais ágeis, econômicos e de qualidade cresce e
pontua o uso da alvenaria estrutural. Nos últimos anos, principalmente, esse tipo de construção
tem chamado bastante a atenção e ganha créditos em sua aceitação, deixando de lado alguns
velhos preconceitos. Existem várias obras de edifícios residenciais e comerciais, executadas
com blocos estruturais de concreto se tornando grandes exemplos para aqueles que querem
iniciar nesse tipo de sistema construtivo. No Brasil, as primeiras construções em alvenaria
1
Graduação em Engenharia Civil – Centro Universitário UNA.
estrutural foram feitas no ano de 1966, em São Paulo, sendo um edifício com 4 pavimentos, no
conjunto habitacional central parque da Lapa, conforme é mostrado na figura 1. Em 1972, foi
construído nesse mesmo conjunto, 4 edificações de 12 andares.
Alvenaria estrutural é o conceito onde as paredes têm função estrutural, ou seja, são
autoportantes e todo o sistema está envolvido na sustentação da construção. Sendo assim,
precisa ser projetado, calculado e executado de acordo com suas normas, propondo a
aplicabilidade com segurança (TAUIL; NESE, 2010, P.19).
Na alvenaria estrutural é imprescindível que o profissional que atua nesse tipo de
construção, tenha conhecimento técnico especializado, e de extrema importância a
compatibilização dos projetos complementares (arquitetônico, elétrico, hidrossanitário,
incêndio), não admitindo cortes nas paredes dos blocos já que exercem função estrutural e de
vedação, e com o aumento desse método construtivo no território nacional, é necessário a
compreensão sobre a responsabilidade e importância da correta execução das etapas desse
sistema (MENEZES, 2018).
De acordo com (SILVA; JONOV, 2014), no Brasil, 51% das patologias acontecem
devido a falhas durante a execução e sendo assim, são necessários cuidados nesta etapa. Alguns
exemplos de problemas encontrados devido à má execução são as fissuras e infiltrações que
comprometem a vida útil da edificação.
O objetivo deste trabalho é realizar um estudo sobre o processo de execução do sistema
construtivo de alvenaria estrutural com blocos de concreto, buscando ampliar o conhecimento,
abordando as etapas da construção e sistematizando os aspectos necessários para o controle de
qualidade da obra.
Mpa
Com função
A fbk ≥ 8,0 ≤ 9,0 ≤ 8,0
estrutural
B 4,0 ≤ fbk < 8,0 ≤ 10,0 ≤ 9,0 ≤ 16,0 ≤ 13,0 ≤ 0,065
Com ou sem
função C fbk ≥ 3,0 ≤ 11,0 ≤ 10,0
estrutural
Fonte: ABNT NBR 6136 (2016)
Altura (mm) 190 190 190 190 190 190 190 190 190
Inteiro 390 390 290 390 240 365 390 290 390
1/3 - - - - - 115 - 90 -
Amarração L - 340 - - - - - - -
Compensador A 90 90 - 90 - - 90 - 90
Compensador B 40 40 - 40 - - 40 - 40
Canaleta inteira 390 390 290 390 240 365 390 290 -
NOTA 1: As tolerâncias permitidas nas dimensões dos blocos indicados nesta tabela são de ± 2,0 mm para a largura e ± 3,0 mm para a
altura e para o comprimento.
NOTA 2: Os componentes das famílias de blocos de concreto têm sua modulação determinada de acordo com a ABNT NBR 15873.
NOTA 3: As dimensões da canaleta J devem ser definidas mediante acordo entre fornecedor e comprador, em função do projeto.
Fonte: ABNT NBR 6136 (2016).
Na alvenaria estrutural, duas famílias de blocos são as mais usadas, essas famílias são
mostradas na figura 4. Na família de 39, o bloco de 14x19x39 é o mais usado desta família,
com ele é construído quase 90% das paredes; o bloco de 14x19x19 é conhecido como meio
bloco e serve para dar acabamento final da alvenaria, evitando a necessidade de quebrar o bloco
em dois, ele otimiza a execução dando mais agilidade à obra e evita desperdício de materiais;
o bloco de 14x19x34 é utilizado para amarrar as fiadas nos cantos de paredes e o bloco
14x19x54 é utilizado junto com o bloco de 34 nos encontros de paredes em forma de “T”.
Na família de 29, o bloco 14x19x44 é utilizado na amarração de parede em “T” junto
com o bloco de 14x19x29, este último é o mais usado desta família, sendo o bloco principal,
usado em quase 90% das paredes; o bloco 14x19x14 é também conhecido como meio bloco e
serve para fazer amarração no final da alvenaria. Nos encontros em “L” são feitos com dois
blocos de 14x19x29.
Segundo Melo (2017), a escolha da família é feita conforme solicitação no projeto de
modulação e é preciso que as dimensões arquitetônicas tenham medidas múltiplas de dimensão
padrão do bloco para que seja possível ajustar perfeitamente os blocos na planta baixa.
Existem ainda, os blocos especiais como por exemplo, os blocos compensadores
utilizados para ajuste de modulação, os blocos canaleta “U” e “J” para vergas, contravergas e
cintas de travamento.
Os ângulos e junções das paredes também merecem atenção especial, pois são pontos
de encontro de duas, três ou quatro paredes, e com isso devem se encaixar, conforme a
modulação proposta.
Um elemento muito importante e responsável por enrijecer a estrutura, além dos pontos
de graute verticais são as canaletas “U” que servem de cintas e de vergas e contravergas para
janelas e portas. São usadas para evitar as trincas diagonais em volta das esquadrias, pois onde
há esquadrias não há área de alvenaria, ficando um ponto sem estrutura. Existe também o perfil
“J” que é utilizado para ancorar a cinta de suporte de parede à laje. (PASTRO, 2007).
C – Instalações: É necessário nesta etapa uma atenção maior quanto a locação de itens
hidráulicos e elétricos, pois devem ser colocados conforme especificação de projeto (CAMPOS,
2012).
Para o controle e correta execução da construção, deve-se seguir esta norma brasileira
ABNT NBR 8798 (1985) que especifica a execução e controle de obras em alvenaria estrutural
de blocos vazados de concreto.
A argamassa deve ter plasticidade suficiente para aderir as juntas verticais enquanto o
bloco está sendo posicionado em seu lugar (figura 10). O fechamento deve ser feito espalhando-
se previamente a argamassa em todas as bordas, bem como nas bordas dos blocos já assentados.
Quanto a espessura, na junta horizontal que se tem entre os blocos, deverá ser de 1 cm,
não podendo ser muito estreita pois provocaria o encontro das superfícies dos blocos e
acarretaria acúmulo de tensões e prejudicaria a resistência da parede. Por outro lado, também
não poderá ser muito espessa porque assim diminuiria o confinamento da massa, o que torna a
argamassa suscetível a ruptura (TAUIL, 2010).
Figura 10 - Argamassa nos blocos e execução do assentamento
A- Palete para os blocos: Os blocos devem ser isolados do solo assim como devem ser
protegidos com lonas contra as ações do tempo pois dessa forma o material é
preservado e evita a perda.
B- Bisnaga para a aplicação de argamassa de assentamento
C- Escantilhão e régua gabarito
D- Kit masseira e carrinho para o deslocamento
E- Gabarito para a porta
F- Baldes para o graute
G- Gabarito de janelas
H- Régua de nível
I- Andaime metálico
Figura 11 – Exemplo de instalação de escantilhão
4 – GRAUTE
Conforme a norma brasileira ABNT NBR 8798 (1985), o graute destaca-se como
material diferente de um concreto comum, devido a sua grande resistência durante a sua
aplicação e na sua composição. Ele pode ser aplicado nos vazios dos blocos de apoio das lajes,
vergas e contravergas de janelas ou preenchimento de canaletas e em pontos de graute verticais.
O graute é composto por pedras pequenas, areia, cimento, água e também possui complementos
que podem controlar a fluidez da mistura. É destinado a conferir melhor trabalhabilidade e
retenção de água de hidratação à mistura e possui alto slump (ANVERSA, 2020).
Pode ser considerado como micro concreto e sua especificação de resistência à
compressão possui uma variação de 20 MPa ou mais, conforme a norma brasileira ABNT NBR
6118 (2003).
4.2 – Armaduras
É o elemento utilizado para fornecer maior estabilidade à estrutura e auxiliar a
resistência em pontos que são considerados concentradores de tensão. Esses elementos são
previamente definidos e pode estar disposto horizontalmente ou verticalmente (SANTOS,
2010).
Em princípio com as armações verticais são chumbadas na fundação e deve-se passá-
las nos furos dos blocos, depois são elevadas junto com a alvenaria. Verifica-se nos projetos a
existências de armações horizontais que poderá ocorrer em fiadas intermediaria e de respaldo
com o uso dos blocos tipo canaletas. Em caso de continuação de armações deve-se atentar-se
para a necessidade de sobreposição das mesmas para existir a ancoragem (Figura 13).
4.4 – Mistura
De acordo com a ABNT NBR 15961-2 (2011), após a adição de água o graute deve ser
utilizado no prazo de 02h30min, lembrando que não é permitido usar o produto com prazo de
uso vencido, caso seja necessário deve-se incluir um aditivo retardador de pega, ressaltando
ainda que no transporte do mesmo não deve ter segregação e perda de componentes. Sua
consistência pode ser ajustada com 02 aplicações de água no máximo.
O graute é executado de maneira rápida e simples (figura 15), lembrando que não pode
ser aplicado com auxílio de uma colher de pedreiro, pois há grandes chances de perda de
material e também deve ser evitado o desempeno da massa após sua aplicação, pois ela deve se
acomodar sozinha e não forçada. O processo correto é alisar a superfície para que ela acabe se
tornando plana e regular para a continuidade da obra (TOTAL CONSTRUÇÃO, 2020).
5.3 – Esquadria
É essencial que todos os vãos de portas e janelas sejam projetados e alinhados antes da
execução, a falta de compatibilidade entre as dimensões dos vãos e das esquadrias prejudicam
a qualidade e em alguns casos até o desempenho da estrutura. O uso de gabaritos durante a
elevação das paredes para marcar os vãos das portas e janelas, garantem a uniformidade, dessa
forma com as paredes já preparadas e dimensionadas corretamente, basta executar a fixação dos
batentes utilizando métodos como buchas e parafusos ou com espumas de poliuretano como
detalhado na (figura 19) (TAUIL; NESSE, 2010).
Figura 19 – Detalhe da fixação de batente
6 - METODOLOGIA
A metodologia abordada é referente a revisão bibliográfica sobre o sistema construtivo
em alvenaria estrutural com blocos de concreto, com abordagem qualitativa. Todo o estudo é
baseado em artigos científicos, monografias de TCC, revistas científicas e livros de autores
conceituados, sendo organizado por etapas de execução, detalhando as principais etapas como
a escolha correta dos blocos, o método de assentamento dos blocos estruturais, grauteamento e
subsistemas hidráulicos, elétricos e esquadrias para melhor compreensão dos conceitos. Trata-
se da coleta de informações através de pesquisas na literatura, para explicar a execução desse
sistema construtivo (DOS SANTOS, 2021).
7 – CONCLUSÃO
Este trabalho mostra que a alvenaria estrutural é um método econômico, rápido e eficaz
na construção, tornando-se um grande diferencial para aqueles que procuram esse sistema.
Para se aproveitar o máximo de suas vantagens é necessário que os projetos estejam
bem definidos e alinhados antes da execução da obra, verificando a compatibilização das etapas,
permitindo assim dar início a execução garantindo a qualidade seguindo os procedimentos
adotados para que saia tudo conforme o planejamento.
Para uma boa execução e a entrega de um produto de qualidade, a escolha dos blocos,
a capacitação profissional para a execução do assentamento de forma correta e o grauteamento,
são indispensáveis.
Com isso, pode-se concluir que o sistema construtivo de alvenaria estrutural com bloco
de concreto, quando usada de forma correta com integração total entre as partes envolvidas e,
respeitando suas restrições é um método bastante ágil, limpo e lucrativo de se construir.
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Metodologia de execução - passo a passo
para construir alvenarias de blocos vazados de concreto, 2010. São Paulo.
______. NBR 16868-1: Alvenaria Estrutural, Parte 1: Projeto. ABNT, 2020, 70p.
______. NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos.
(2016).
GARRONI, Elker. Materiais para alvenaria estrutural. 139 f. Centro universitário do sul de
minas – UNIS-MG, 2018.
MACCARINI, Helena S., GUGLIELMI, Elaine P. A., and BUSSOLO, Mateus. "Análise do
processo de inserção de revestimento argamassado, na etapa de projeto, em edifícios de
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Civil Unesc-CIVILTEC 6.3 (2021): 65-86.
MENEZES, B. R. P.; JUNIOR, L.; DINIZ, T. I.; EIRAS, D. H. M.; GOMES, G. J, C.;
PASCHOAL, C. J. F. Alvenaria estrutural na construção civil. Revista Eletrônica Teccen,
Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 16-22, jul./dez. 2018.
TAUIL, C.A.; NESSE, F.J.M. Alvenaria Estrutural: Metodologia do projeto, detalhes, mão
de obra, normas e ensaios. São Paulo, Pini. 2010.