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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................1

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................2

2.1. NOÇÃO GERAL: CONCEITO E DEFINIÇÃO...................................................2

2.2. ANATOMIA DO RECÉM NASCIDO E DA CRIANÇA.....................................3

2.3. DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL E COMPORTAMENTAL EM


ADOLESCENTES........................................................................................................8

2.3.1. DESENVOLVIMENTO FÍSICO......................................................................10

2.3.2. A IMAGEM CORPORAL................................................................................12

III. CONCLUSÃO.........................................................................................................13

IV. REFERÊNCIAS......................................................................................................14
INTRODUÇÃO
Os tratados de anatomia e fisiologia focam-se pouco nos aspectos relacionados
com a criança, ocorrendo o mesmo com as propostas curriculares de anatomia e
fisiologia. No entanto, a criança apresenta especificidades e revelam uma contínua
evolução ao longo do tempo na adaptação do organismo ao meio ambiente. A criança
não é um adulto em miniatura.

O estudo das estruturas anatómicas e processos fisiológicos específicos desde a


conceção até à adolescência permitem a integração de conhecimento ao longo do
desenvolvimento. Que é salientado através da abordagem das temáticas sobre os
principais conceitos básicos utilizados neste domínio, o desenvolvimento pré-natal, os
períodos sensíveis do desenvolvimento intrauterino, categorização dos grupos etários,
tecidos básicos que constituem o corpo humano (epitelial, conjuntivo, muscular e
nervoso) e os sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular, urogenital, digestivo,
musculoesquelético, imunológico e endócrino.

Eis um tema de alta relevância para o público em geral e a sociedade academica


em particular.

Entretanto, este trabalho tem como objectivo geral: analisar a anatomia e


fisiologia da criança e do adolescente, e como especificos: descrever e diferenciar a
anatomia do rescém nascido e da criança, desenvolver as mudanças do corpo do
adolescente.

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II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. NOÇÃO GERAL: CONCEITO E DEFINIÇÃO
A Anatomia Humana é a ciência que estuda o corpo humano macro e
microscopicamente, descrevendo e normatizando suas estruturas (DÂNGELO;
FATTINI, 2007).

De origem que remonta à pré-história, onde a necessidade de caça e proteção


fazia com que os seres humanos aprendessem os pontos mais frágeis de seus corpos
para melhor protegê-los e os de suas caças para um abate mais fácil, sua normatização é
mais recente (SINGER, 1996; VAN DE GRAAFF, 2003; PESSINI; RUIZ, 2007).

O conhecimento anatômico perpassa os séculos, e em 1543 encontra um grande


marco. A publicação por Andreas Vesalius, considerado o “Pai da Anatomia”, do rica e
belamente ilustrado De Humani Corporis Fabrica rompe com os saberes dogmáticos
vigentes de Galeno que perduraram por cerca de quinze séculos, inaugurando uma nova
fase nos conhecimentos e saberes da Anatomia Humana (SINGER, 1996; VAN DE
GRAAFF, 2003).

Desde então, o conhecimento anatômico avança, com novas descobertas,


incorporações de novas tecnologias, como as imagens radiológicas e técnicas de
conservação de corpos como a plastinação, aprimoramentos de conceitos e
estabelecimento de nomenclatura única universal (VAN DE GRAAFF, 2003; PESSINI;
RUIZ, 2007).

Porém, os grandes tratados de anatomia humana pouco discutem sobre a


anatomia do recém nascido e da criança, e se concentram em aspectos da anatomia do
adulto, o mesmo ocorrendo com as propostas curriculares da disciplina de Anatomia
Humana (TUBINO; ALVES, 2006).

No entanto, o recém nascido e a criança apresentam uma anatomia distinta, em


contínua modificação para aprimoramento de seus sistemas e adaptação ao novo meio
ambiente, que não pode ser entendida como resquício embriológico, tampouco como
miniaturização do adulto.

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2.2. ANATOMIA DO RECÉM NASCIDO E DA CRIANÇA
São considerados recém nascidos os indivíduos a partir da data de seu
nascimento até o primeiro mês pós-natal. Já o termo infância é reservado à fase que
cumpre os meses e anos seguintes, até a puberdade, ao redor dos 12 a 14 anos (VAN DE
GRAAFF, 2003).

Os recém nascidos e as crianças apresentam proporções, tamanhos, formatos e


volumes de regiões, órgãos e estruturas distintos relacionados às necessidades
adaptativas exigidas.

No neonato, os membros superiores e inferiores são proporcionalmente iguais


em comprimento até cerca de dois anos de idade, quando então começam a se
diferenciar. Os inferiores se alongam, chegando à idade adulta cerca de 1/6 mais longos
que os superiores (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1971).

No membro superior, observa-se que os corpos dos ossos longos e escápula já


têm ossificação ao nascimento, porém as epífises se diferenciarão em seus diversos
acidentes ósseos (SCHÜNKE et al., 2006).

No correr do primeiro ano de vida, surgem a cabeça, o tubérculo maior e o


capítulo do úmero e o processo coracóide na escápula. Os outros detalhamentos se
desenvolverão ao longo dos próximos anos até a puberdade. O mesmo ocorrendo com
os ossos carpais. O primeiro a surgir é o capitato, seguido pelo hamato nos quatro
primeiros meses de vida. A partir do segundo ano, os outros ossos progressivamente
aparecem até ao redor dos oito a doze anos o psiforme, o último, dar sinais de
ossificação (SCHÜNKE et al., 2006).

No membro inferior, a exemplo do superior, ao nascimento os corpos ósseos


estão visíveis, porém no primeiro ano se projetam a cabeça do fêmur, as extremidades
distais de tíbia e fíbula. Ao longo dos próximos anos até a puberdade, o restante das
características ósseas se formará. Diferentemente dos carpais, calcâneo, tálus e cubóide
já se apresentam com centros de ossificação neonatal, e em geral até o terceiro ano o
restante dos ossos tarsais são visualizáveis (SCHÜNKE et al., 2006). Os ossos do
quadril não estão fundidos, sendo possível a distinção clara e imediata de ílio, ísquio e
púbis que se encontram unidos por uma banda de cartilagem hialina. A fusão tende a

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ocorrer no início da idade adulta, ao redor dos vinte anos (SCHÜNKE et al., 2006;
MOORE; DALLEY, 2007).

A cabeça do recém nascido é cerca de 1/4 do comprimento total do corpo


(SCHÜNKE et al., 2006), no adulto a proporção é 1/12 do comprimento (GARDNER;
GRAY; O’RAHILLY, 1971; SCHÜNKE et al., 2006).

O viscerocrânio (face) é desproporcionalmente pequeno e curto em relação ao


neurocrânio (caixa craniana), cerca de 1/8 do volume (WILLIAMS et al., 1995;
MOORE; DALLEY, 2007). Ao redor de dois anos, a proporção já aumenta para 1/6,
aos cinco anos é possível encontrar a face em 1/4 do volume craniano, proporção
próxima do adulto (LATARJET; LIARD, 1993).

No momento do nascimento a termo, os ossos do crânio têm formação


unilaminar, sem díploe (WILLIAMS et al., 1995) e encontram-se afastados por bandas
membranáceas onde se formarão as suturas cranianas, os espaços suturais, e também
apresentam grandes áreas de afastamento nas angulações do osso parietal, os fontículos
(GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1971; LATARJET; LIARD, 1993; WILLIAMS et
al., 1995; DIDIO, 2002; RIZZOLO; MADEIRA, 2006; MOORE; DALLEY, 2007).

Em número de seis, habitualmente, os fontículos anterior e o posterior são


ímpares e os lateral anterior e lateral posterior pares e representam, à idade adulta
pontos de referência do crânio (GARDNER, GRAY, O’RAHILLY, 1971; LATARJET;
LIARD, 1993; WILLIAMS et al., 1995; MOORE; DALLEY, 2007).

A ossificação dos fontículos ocorre gradualmente desde o nascimento. O


fechamento dos fontículos laterais acontece a partir de dois meses de idade em média,
sendo que o anterior geralmente está fechado no terceiro mês, mas o posterior pode
permanecer até o sexto mês, chegando aos doze meses quando então observamos o
ptérion e o astérion, respectivamente anterior e posterior. A ossificação do fontículo
posterior ocorre em geral até o sexto mês, formando o lambda. O último a se fechar é o
fontículo anterior, em geral até o segundo ano de vida, porém, existem situações em que
ele pode perdurar os quatro primeiros anos de vida (WILLIAMS et al., 1995; DIDIO,
2002; RIZZOLO; MADEIRA, 2006; SCHÜNKE et al., 2006; MOORE; DALLEY,
2007; TORTORA, 2007).

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Além dos fontículos, o neonato apresenta a sutura frontal, afastamento anterior
dos ossos frontais oriundo da formação dupla dos ossos frontais no feto que se fundem
formando um único osso. Esta sutura mantém-se até cerca de seis anos, dando a
impressão de continuidade da sutura sagital. Estão presentes também ao nascimento as
suturas intermaxilar e intermandibular, afastamentos membranáceos dos ossos da
maxila e mandíbula que se fundirão na infância (RIZZOLO; MADEIRA, 2006;
DANGELO; FATTINI, 2007; MOORE; DALLEY, 2007).

As suturas intermaxilar e intermandibular não são as únicas diferenças presentes


na maxila e na mandíbula. Estes ossos são rudimentares no neonato e sofrem diversas
modificações (WILIAMS et al., 1995). A mandíbula apresenta ramo curto e ângulo
grande no neonato, com o passar dos anos, o ramo é prolongado verticalmente, levando
a crescimento para baixo e para frente, reduzindo o ângulo. A maxila do recém nascido
apresenta dimensões transversais e sagitais maiores que as verticais, o que se inverte até
a idade adulta (WILLIAMS et al., 1995).

O osso temporal ao nascimento encontra-se já em processo de fusão de suas


porções, porém o processo mastóide é raso e não angulado (GARDNER; GRAY;
O’RAHILLY, 1971; WILLIAMS et al., 1995). O recém nascido apresenta meato
acústico externo reto, curto e completamente cartilagíneo, porém a orelha interna, a
cavidade timpânica, os ossículos da audição e o antro mastóide já têm seu tamanho
proporcional ao adulto Ao redor do segundo ano de vida, as células aéreas mastóideas
começam a ser visualizadas e o processo mastóide se expande, assumindo seu formato
projetado na lateral do crânio (WILLIAMS et al., 1995).

As órbitas do recém nascido são grandes e desproporcionais, já a cavidade nasal


é pequena e curta, e posiciona-se quase completamente entre as órbitas (WILLIAMS et
al., 1995; MOORE; DALLEY, 2007)

Os seios paranasais, cavidades aeradas em alguns ossos da face, desenvolvem-se


entre o primeiro e segundo ano de vida, (SCHÜNKE, 2006; MOORE; DALLEY, 2007).

Os primeiros a serem visualizados com relativa facilidade são as células


etmoidais, seguidas pelo seio esfenoidal. No geral, o seio frontal e o seio maxilar estão
visíveis a partir do sétimo ano de vida (WILLIAMS, et al., 1995; MOORE; DALLEY,
2007).

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Os seios paranasais se desenvolvem durante a infância, chegando à puberdade
em seu volume quase total. Os seios frontal e maxilar tendem a expandir suas cavidades
para dentro dos ossos correspondentes na idade adulta, e o seio maxilar pode continuar
sua expansão mesmo no envelhecimento do adulto (NETTER, 2004; SOBBOTA,
2006).

A irrupção dos dentes decíduos ocorre ao redor dos seis a nove meses iniciando
pelos incisivos. Antes disso, o neonato e a criança apresentam coroas inclusas na
mandíbula e no maxilar. Na infância os dentes decíduos eclodem e sua substituição
pelos dentes permanentes costuma iniciar ao redor dos oito anos também pelos incisivos
(WILLIAMS et al., 1995; NETTER, 2004; RIZZOLO; MADEIRA, 2006).

A coluna vertebral do neonato ainda não desenvolveu suas curvaturas


secundárias, apresentando fortemente uma curvatura primária (cifose funcional). A
primeira curvatura secundária a surgir é a cervical, que já está presente no feto, porém
de forma rudimentar se acentuando a partir de três a quatro meses pós-natal. A
curvatura secundária lombar se apresenta ao redor dos nove a doze meses (GARDNER;
GRAY; O’RAHILLY, 1971; WILLIAMS et al., 1995; VAN DE GRAAFF, 2003;
SCHÜNKE et al., 2006, DANGELO; FATTINI, 2007; MOORE; DALLEY, 2007;
TORTORA, 2007).

Na laringe, entre seis e doze meses, é possível encontrar a epiglote à altura do


dente do áxis. Durante a infância ela inicia seu descenso e à idade adulta se encontra em
algum local entre as vértebras cervicais três e seis, variando de acordo com o sexo
(WILLIAMS et al., 1995).

A caixa torácica apresenta aspecto arredondado ao nascimento, pois o diâmetro


ântero-posterior e transversal são muito próximo (no adulto esta relação é 1:3) e o eixo
longitudinal é curto, com circunferência torácica semelhante à circunferência abdominal
e costelas horizontalizadas. Durante os dois primeiros anos, as circunferências começam
a se distinguir e a torácica torna-se cada vez maior que a abdominal (GARDNER;
GRAY; O’RAHILLY, 1971; LATARJET; LIARD, 1993; ROHEN, YOKOSHI;
LUTJEN-DRECOL, 2007).

Ao nascimento o timo está presente no mediastino superior e anterior. Este órgão


linfóide cresce a partir do parto e atinge seu máximo à entrada da puberdade, quando
então começa a regredir e a ser substituído por tecido adiposo (LATARJET; LIARD,

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1993; WILLIAMS et al., 1995; VAN DE GRAAFF, 2003; SCHÜNKE et al., 2006;
MOORE; DALLEY, 2007; DANGELO; FATTINI, 2007). No recém nascido, tem cerca
de 10 a 15 g, à entrada da puberdade, já conta com 30 a 40 g iniciando sua regressão
(WILLIAMS et al., 1995).

A traquéia neonatal apresenta diâmetro menor de 3mm, que persiste no primeiro


ano. A partir de então, o diâmetro pode ser calculado em milímetros correspondendo à
idade em anos, até atingir o lúmen adulto de 1,2 a 1,5 cm (WILLIAMS et al., 1995).

O coração do neonato é proporcionalmente grande e globoso (GARDNER;


GRAY; O’RAHILLY, 1971; VAN DE GRAAFF, 2003), apesar de seu peso
aproximado de 25 g, comparando-se aos 200g a 250 g do adulto (LATARJET; LIARD,
1993), e se encontra mais transversamente no mediastino, posicionando-se um espaço
intercostal mais alto que na idade adulta (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1971;
ROHEN, YOKOSHI; LUTJEN-DRECOLL, 2007).

Ao nascimento, as paredes ventriculares começam a se diferenciar com


espessamento esquerdo, e o forame oval inicia seu fechamento. O forame oval no septo
interatrial, aberto ao nascimento, inicia sua obliteração funcional pós-natal e pode
manterse anatomicamente não obliterado até o terceiro mês de vida, quando então deve
estar completamente fechado (GADNER, GRAY & O’RAHILLY, 1971; WILLIAMS
et al., 1995; VAN DE GRAAFF, 2003). O ducto arterioso também inicia seu
fechamento ao nascimento, demorando de alguns dias a poucas semanas para total
obliteração, formando o ligamento arterioso (WILLIAMS et al., 1995; VAN DE
GRAAFF, 2003).

No abdome, o fígado chama atenção por seu tamanho e posição, ocupando quase
2/5 do abdome. Comparativamente, o fígado ao nascimento tem o dobro do peso do
fígado do adulto (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1975; LATARJET; LIARD,
1993;MOORE;DALLEY,2007).

O estômago neonatal tem eixo longitudinal horizontal, que se reorganizará a um


eixo obliquado-vertical no adulto (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1971). Ao
nascimento, a capacidade gástrica é cerca de 30 ml, mas já ao início da puberdade
atinge 1000 ml, aumentando para cerca de 1500 ml na idade adulta (WILLIAMS et al.,
1995).

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Os rins estão lobulados ao nascimento, em número variável, em sua superfície,
que tendem a desaparecer nos primeiros anos e têm em seu pólo superior as glândulas
supra-renais com cerca de 1/3 do tamanho do órgão para depois, adquirir no adulto
cerca de 1/20 do peso do rim (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1971).

A cavidade pélvica é curta e pouco profunda. Após o nascimento, esta aumenta


gradualmente e os órgãos abdominais se reorganizam, num descenso caudal
(GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1971; LATARJET; LIARD, 1993)

A bexiga urinária, francamente abdominal no neonato e infância, ocupa sua


posição pélvica progressivamente à puberdade até a idade adulta (GARDNER; GRAY;
O’RAHILLY, 1971; LATARJET; LIARD, 1993; WILLIAMS et al., 1995; MOORE;
DALLEY, 2007).

No recém nascido feminino, é possível observar o útero de corpo curto e colo


longo. Imediatamente ao nascimento, a relação entre o comprimento do corpo e do colo
é aproximadamente 2:1, por influência dos hormônios maternos. Algumas semanas
depois a relação se modifica e assume o padrão infantil de 1:1, permanecendo até a
puberdade (NETTER, 2004; MOORE; DALLEY, 2007). Na infância, o útero é
praticamente um órgão abdominal, assumindo na adolescência para a idade adulta sua
posição pélvica (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1971; WILLIAMS et al., 1995;
MOORE; DALLEY, 2007).

No recém nascido masculino a próstata apresenta-se grande por influência


hormonal materna. A partir da sexta semana, a glândula diminui de tamanho e reinicia
seu crescimento de forma vagarosa e constante até a puberdade quando então dobra seu
volume, atingindo o tamanho adulto (WILLIAMS et al. 1995).

2.3. DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL E COMPORTAMENTAL EM


ADOLESCENTES
No início da adolescência, as crianças começam a desenvolver a capacidade de
pensamento abstrato, lógico. Essa maior sofisticação resulta em melhor percepção do eu
e na capacidade de refletir sobre a própria existência. Por causa das muitas mudanças
físicas visíveis da adolescência, essa autopercepção muitas vezes se transforma em
autoconsciência, com um sentimento concomitante de estranheza. O adolescente

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também se preocupa com sua aparência física, atratividade e maior sensibilidade às
diferenças entre colegas.

Adolescentes também aplicam suas novas capacidades reflexivas a questões


morais. Pré-adolescentes entendem o certo e o errado como fixo e absoluto.
Adolescentes mais velhos muitas vezes questionam os padrões de comportamento e
podem rejeitar as tradições—para consternação dos pais. Idealmente, essa reflexão
culmina no desenvolvimento e interiorização do código moral do próprio adolescente.

À medida que os adolescentes se deparam com trabalhos escolares mais


complexos, eles começam a identificar áreas de interesse, bem como pontos fortes e
fracos relativos. Adolescência é o período durante o qual os jovens podem começar a
considerar opções de carreira, embora a maioria não tenha um objetivo claramente
definido. Pais e médicos precisam estar cientes da capacidade do adolescente, ajudá-lo a
formular expectativas realistas e estar preparados para identificar empecilhos para o
aprendizado e que necessitam de recursos, como dificuldade de aprendizado, problemas
de atenção, problemas de comportamento ou ambientes inapropriados de aprendizagem.

Muitos adolescentes começam a se envolver em comportamentos de risco, como


dirigir de forma imprudente. Muitos adolescentes começam a experimentar práticas
sexuais, e alguns podem se envolver em práticas sexuais de risco. Alguns adolescentes
podem se envolver em atividades ilegais, como roubo e consumo abusivo de álcool e
drogas ilícitas. Especialistas especulam que esses comportamentos ocorrem em parte
porque os adolescentes tendem a superestimar suas próprias habilidades como uma
preparação para sair de casa. Estudos do sistema nervoso também mostraram que as
partes do encéfalo que suprimem os impulsos só estão totalmente amadurecidas no
início da idade adulta.

Embora a adolescência seja vigorosamente marcada por processos biológicos, as


transformações pelas quais passam os adolescentes também resultam de processos
inerentes ao pertencimento familiar. A família, por sua vez, apresenta forte infl uência e
determina diferenças signifi cativas sobre o estilo de projeção de vida dos adolescentes.

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2.3.1. DESENVOLVIMENTO FÍSICO
As transformações físicas/biológicas englobam as alterações do tamanho e forma
do corpo, as quais provocam algumas dificuldades na auto-imagem individual.

Provavelmente, a característica mais significativa e visível da adolescência é esta


multiplicidade de transformações físicas específicas da puberdade. As mudanças
biológicas decorrentes da puberdade são avassaladoras e relativamente rápidas. O
crescimento em altura é particularmente evidente, a forma do corpo altera-se, a
capacidade física aumenta e inicia-se a sexualidade, a intimidade, no fundo, a
maturidade sexual (Claes, 1985).

Com a puberdade (regulada essencialmente pelas hormonas), o corpo cresce não


só em tamanho, como nas suas proporções e, consequentemente, na sua capacidade
física.

O crescimento em altura verificado nesta fase deve-se, essencialmente, ao


crescimento dos ossos longos, tais como os dos braços e pernas. Comparando ambos os
sexos, constata-se que o surto de crescimento físico ocorre, em média, mais tarde nos
rapazes. Devido a este crescimento rápido e alternado das diferentes partes do corpo –
que ocorre de forma diferente no rapaz e na rapariga – existe uma fase em que o
adolescente parece descoordenado e pouco proporcionado, sendo importante estar
atento à forma como encara as alterações na sua imagem e aparência física, que muitas
vezes são vividas com um certo dramatismo. Nos rapazes os ombros tornam-se mais
largos, em comparação com as ancas, e as pernas são relativamente longas quando
comparadas com o comprimento do tronco. Por sua vez, as raparigas evidenciam
ombros relativamente estreitos, ancas largas e pernas mais curtas, comparativamente ao
tronco (Sprinthall & Collins, 1994).

Verifica-se também uma mudança significativa na capacidade do corpo para


fazer esforço físico. Há um aumento da força, que advém do desenvolvimento da
capacidade muscular. A acompanhar o crescimento dos músculos, também aumenta o
tamanho e a capacidade do coração e dos pulmões. Os adolescentes ficam, então, mais
aptos a desempenhar actividades físicas mais exigentes, embora de forma mais

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acentuada nos rapazes. Todavia, a capacidade para desempenhar trabalhos vigorosos
depende mais do treino e do desempenho de determinada profissão/actividade, do que
do sexo do indivíduo (Sprinthall & Collins, 1994).

Contudo, a adolescência é um processo que tem sofrido alterações ao longo da


história das gerações. Nos últimos cem anos, tem-se assistido a um início cada vez mais
precoce da puberdade e a um crescimento mais rápido das crianças e dos adolescentes.
O fenómeno, que consiste na antecipação da maturação designa-se de Tendência
Secular. Por exemplo, “os rapazes e raparigas do mundo ocidental são mais altos, mais
pesados e mais maduros do que os seus antepassados durante a adolescência (Ribeiro,
1990b cit. in Lima, 2000). A altura média tem vindo a aumentar 2 a 3 centímetros em
cada década, assim os adolescentes dos anos 80 são 16 a 24 centímetros mais altos do
que os seus pares no início do século (Sprinthall & Collins, 1994).

Hamburg (1999) apresenta algumas das mudanças que explicam estas alterações.

Segundo o autor, a adolescência, não só se inicia mais cedo, como se prolonga


durante mais anos, devido à melhoria das condições de vida e às mudanças sociais. A
separação entre o desenvolvimento biológico e social permite verificar que, apesar dos
organismos amadurecerem rapidamente, o mesmo não acontece com o cérebro, que só
alcança a maturação social perto dos 20 anos. A percepção das regras do mundo adulto
não é fácil, dado que os modelos não são tão claros como antigamente, alguns modelos
de comportamento seguidos pelos adolescentes não reflectem uma conduta social tão
linear e fiável como antigamente, e esta maior complexidade dificulta a previsão do
futuro. A erosão da família, cada vez menos tempo junta, os pais cada vez mais tempo
fora de casa, o aumento das famílias monoparentais e a falta de suporte social da rede de
trabalho, dada a instabilidade do emprego, são uma evidência cada vez maior. Para além
disso, os adolescentes têm cada vez mais acessos a mecanismos potencialmente
ameaçadores da vida, como certas actividades e substâncias.

Todavia, apesar destas mudanças da sociedade, algumas das necessidades


características da adolescência têm resistido e revelam-se cruciais no desenvolvimento
saudável dos jovens (Hamburg, 1999). São exemplo, a necessidade de encontrar um
lugar seguro no grupo que lhes forneça um sentimento de pertença; a necessidade de
identificar/adoptar tarefas importantes e reconhecidas no grupo e que garantam o
respeito ao adquirir competência; a necessidade de se sentir como uma pessoa válida; a

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necessidade de segurança nos relacionamentos com as outras pessoas, em especial nos
relacionamento mais próximos.

2.3.2. A IMAGEM CORPORAL


A satisfação que o adolescente sente com o seu corpo e com as respectivas
alterações é primordial para o seu sentimento de valorização pessoal e auto-estima. Os
adolescentes têm habitualmente uma percepção correcta do seu corpo, embora nalgumas
situações essa aparência possa acarretar insatisfação e sofrimento. Esta população é
particularmente sensível aos estereótipos, ideais e padrões de beleza e elegância
vigentes na sociedade, sendo que o grau de proximidade/afastamento catalisa reacções
mais ou menos negativas.

A preocupação com a aparência física e o peso é muito maior nas raparigas do


que nos rapazes, o que torna a vivência da adolescência especialmente difícil para elas.
Nos rapazes, a atenção centra-se no desempenho físico e intelectual (Pinto Gouveia,
2000 cit in Soares, 2000).

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III. CONCLUSÃO

Em suma, ao longo dos séculos de estudos anatômicos, pouco se voltaram às


pesquisas para a infância, talvez por estas estarem em grande parte vinculadas ao uso
acadêmico de peças anatômicas humanas, difíceis de obter por se tratarem de crianças.

Com o avanço das tecnologias é possível que se estabeleçam parâmetros e


aspectos de desenvolvimento anatômico na infância a partir de recursos diversos, como
simulações e imagens radiológicas, que podem suprir estas falhas e contribuir para o
aprimoramento dos conhecimentos e saberes anatômicos.

Diante do exposto e em face ao objetivo do estudo, conclui-se também que


existe uma barreira associada ao conhecimento dos adolescentes sobre as
transformações físicas e psíquicas que ocorrem neste período, e esta desinformação
pode contribuir para a vivência de experiências equivocadas e confl ituosas.

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IV. REFERÊNCIAS

DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São


Paulo: Atheneu, 2007.
GARDNER, E; GRAY, D. J.; O’RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo
humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1971.
LATARJET, M.; LIARD, A. R. Anatomia humana. 2. ed. São Paulo: Panamericana,
1993. (2 vol.).
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 5. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
PESSINI, L.; RUIZ, C. R. Anatomia Humana e ética: dignidade no corpo sem vida. São
Paulo: Paullus, 2007.
RIZZOLO, R. J. C.; MADEIRA, M. C. Anatomia facial com fundamentos de anatomia
sistêmica geral. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2006.
ROHEN, J. W.; YOKOSHI, C.; LUTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: atlas
fotográfico de anatomia sistêmica e regional. 6. ed. São Paulo: Manole, 2007.
SCHÜNKE, M. et al. Prometheus: atlas de anatomia. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006.
SINGER, C. Uma breve história da Anatomia e fisiologia desde os gregos até Harvey.
Campinas: Editora da UNICAMP, 1996.
TORTORA, G. J. Princípios de anatomia humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.
TUBINO, P; ALVES, E. Inserção da disciplina anatomia da criança nos currículos dos
cursos de medicina. Rev. Med. Fameplac. v. 1, p. 17-24. 2006
WILLIAMS, P. L. et al. Gray anatomia. 37. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1995. (2 vol.).

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