Energia Geotérmica
Energia Geotérmica
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1. INTRODUÇÃO
A utilização de combustíveis fósseis tem aumentado assustadoramente no decorrer dos
últimos anos de forma a atender a demanda cada dia maior de energia elétrica. Porém, esse
consumo desenfreado e insustentável desencadeou uma séria preocupação na
humanidade, no que se refere ao atual panorama energético mundial. Em decorrência disso,
alternativas sustentáveis para aumentar a produção e reduzir o consumo de energia elétrica
têm sido conduzidas, ou seja, novas fontes renováveis começam a despontar. Nesse
sentido, a utilização de fontes limpas na climatização dos edifícios deve ser considerada,
justamente por corresponder ao item de maior índice de consumo de energia em uma
edificação (Cruz, 2013).
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Apesar de ainda pouco explorada, a Energia Geotérmica Superficial ganha espaço, uma vez
que apresenta alta capacidade de renovação. O fato de a temperatura do subsolo
apresentar valores bastante estáveis a pequenas profundidades o credencia a auxiliar
diretamente na climatização do ambiente construído (Cruz, 2013).
Quando nos referimos à Energia Geotérmica podemos mencionar dois perfis, o uso direto e
o uso indireto. O primeiro abrange o aquecimentos de ambientes, usos industriais, bombas
de calor geotérmicas, recreação, lazer, refrigeração, aquecimento de lagoas de aquicultura e
de estufas; o segundo abarca a produção de energia elétrica, produzida pela energia
térmica armazenada a grandes profundidades (Cruz, 2013). No presente trabalho a análise
é voltada para a climatização do ambiente construído, uma utilização direta da energia
térmica armazenada no solo.
É importante destacar que o uso da Energia Geotérmica é muito expressivo nos países da
Europa, a saber: Alemanha, Áustria, Suíça e mais recentemente, a Espanha. No Brasil,
apesar dessa incidência ser muito menor, existem aplicações que abrangem algumas áreas
do País, além do interesse de algumas universidades e das entidades públicas em promover
sua divulgação e, consequentemente, sua maior utilização (Cruz, 2013).
Aqui no Brasil ainda existem poucos estudos relacionados à utilização do recurso
geotérmico, e sua aplicação é mais voltada para fins recreativos e lazer, principalmente nos
estados de Goiás, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo (Vichi & Mansor, 2009).
O cenário apresentado fortalece o pensamento de que é necessária a redução do consumo
de fontes não renováveis que, além da esperada escassez, geram produtos poluentes
durante sua utilização, e de que a solução desse imbróglio é a exploração de fontes de
energia renováveis, essenciais para a sustentabilidade e a eficiência energética.
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Essa capacidade de armazenamento é oriunda da absorção da radiação solar pelo solo, dos
fluxos das águas subterrâneas e da energia térmica concentrada no terreno (Guia Prático
Eficiência Energética, 2014). O caráter inesgotável conferido à Energia Geotérmica advém
da sua renovação constante proporcionada pelos efeitos do sol, da chuva e do próprio calor
interno da crosta terrestre (Rio, 2010/2011).
A Energia Geotérmica superficial fundamenta-se no princípio de que a crosta terrestre
apresenta, a poucos metros de profundidade, um regime térmico estacionário, o que
transforma o subsolo em uma importante fonte de troca de calor. A temperatura no interior
do solo à uma profundidade de aproximadamente 6 metros apresenta-se constante e
próxima da média anual característica da região que se encontra, possuindo pequenas
variações durante todo o ano, independente das estações. A partir dos 6 metros, a
temperatura sofre acréscimo de 2º a 3º Celsius a cada 100 metros (Rio, 2010/2011).
As grandes variações da temperatura ambiente provocam alterações significativas nas
camadas de solo próximas à superfície, enquanto que as camadas mais profundas sofrem
apenas pequenas oscilações, ou seja, as variações térmicas revelam amplitudes que
diminuem com a profundidade (Da Silva & Neto, 2010). Nota-se, assim, a estabilidade
térmica presente no interior do solo, evidenciando sua capacidade de armazenar energia e
sua aplicabilidade no arrefecimento e aquecimento dos edifícios.
Segundo Neto & Voltani citado por Fonsecca et al. (2015), o arrefecimento e aquecimento
dos edifícios se fundamenta no princípio de que a temperatura do subsolo a poucos metros
de profundidade tende a ser mais amena e mais estável que a temperatura do ambiente
externo, possuindo amplitudes que giram em torno de 1ºC a 2ºC no decorrer das estações
do ano. Com isso, nas épocas de intenso calor, a temperatura do subsolo a pequenas
profundidades tende a ser mais baixa que a ambiente, enquanto que nas épocas de intenso
frio, essa temperatura tende a ser mais alta.
Tais ocorrências explicitam a viabilidade de investimento na Energia Geotérmica para
proporcionar um maior conforto térmico ao ambiente construído, seja no verão ou inverno.
Essa energia encontra-se perfeitamente disponível e precisa ser aplicada visando a
eficiência energética do ambiente construído. Aderindo à definição de Eficiência Energética
na arquitetura: “um atributo inerente à edificação representante de seu potencial em
possibilitar conforto térmico, visual e acústico aos usuários com baixo consumo de energia”
(Lamberts etal, 2004), constata-se a real necessidade de inserir nas edificações um
mecanismo em que a Geotermia se faça presente, contribuindo tanto para o bem estar dos
moradores quanto para a redução do consumo de energia elétrica.
Nesse contexto, a Energia Geotérmica Superficial se apresenta como uma importante fonte
limpa e renovável de energia, mostrando ser viável e ambientalmente sustentável, fatores
que possibilitam maior divulgação da mesma para que cada vez mais pesquisas avancem
no tema e fortaleçam essa fonte renovável ainda pouco aplicada no Brasil (Omido et.al,
2018).
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2. OBJETIVOS
O atual trabalho traz algumas aplicações, no Brasil, de uma fonte limpa e renovável de
energia que encontra-se armazenada abaixo da superfície da terra na forma de calor: a
Energia Geotérmica superficial. Mostra ainda os resultados iniciais de pesquisas realizadas
na cidade de Dourados, MS no sentido de difundir a aplicação dessa energia na
climatização de edificações.
3. METODOLOGIA
Inicialmente foi desenvolvido um sistema de detecção e armazenagem de temperatura
robusto e de baixo custo para ser utilizado em nossas pesquisas.
Esse sistema é constituído por uma placa de Arduino Mega 2560 R3, a qual possui uma
memáória interna responsável por armazenar todas as instruções referentes a captura e
armazenamento de temperaturas programadas em uma linguagem específica da própria
placa, linguagem essa que permite organizar as informações de maneira lógica e prática. É
importante realçar que, dentre muitas placas existentes, a placa de Arduino Mega 2560 R3
foi a escolhida, pelo fato de a mesma conter 54 entradas/saídas digitais somados a 16
analógicas decorrente da presença de seu micro controlador Atmega 2560 16-AU, sendo
essencial para efetivação do projeto.
A implementação das instruções necessárias para o funcionamento do Arduino de acordo
com o almejado, ocorreram por meio do Ambiente de Desenvolvimento Integrado (IDE), um
Software Arduino. A transferência dessas instruções à placa de Arduino foi estabelecida
pela conexão USB.
Utilizou-se também um sensor DHT22, conectado diretamente ao protótipo, responsável por
coletar a temperatura e umidade do ambiente onde todo sistema de armazenamento foi
instalado, a fim de realizar um comparativo com as temperaturas do solo obtidas. O sensor
possui uma precisão de + 0,5 “C quando operado em temperaturas entre -40ºC e +80ºC.
Além disso, foi utilizado o módulo de relógio digital RTC DS1307 responsável por fornecer a
data e hora real da leitura das temperaturas, que ocorrem em um intervalo de cinco minutos.
As leituras de todos os sensores foram armazenadas em um cartão micro SD através de um
módulo específico do Arduino. Todas as conexões realizadas entre o Arduino e a placa
protoboard de 830 furos foram feitas por meio de jumpers, sendo necessário um resistor de
4,7kQ para garantir a estabilidade do sistema e a confiabilidade das leituras. A Figura 1
exibe os elementos utilizados no sistema de detecção.
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Figura 1. Arduino Mega 2560 R3; módulos DHT22: Micro SD Card e RTC DS1307, respectivamente.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os valores de temperatura obtidos até o momento, tanto para o ambiente quanto para as
profundidades requeridas na pesquisa foram trabalhados no Software OriginPro 8, programa
que permite plotar e realizar tratamento estatístico dos dados coletados.
Os dados mostraram a tendência da estabilidade das temperaturas no subsolo a baixas
profundidades, mostrando ser o subsolo grande fonte de armazenamento de energia. A
Figura 7 mostra as variações de temperaturas nos respectivos sensores, assim como no
ambiente externo.
35
30
O
Lo 2 |
Na e
&5 RR]
aE 20
o
-
19 1.5m
—— 3.0m
—— 4.5m
10 6.0m
I t I l I I
21/06/2018 18/07/2018 14/08/2018 10/09/2018 07/10/2018 03/11/2018
Data
Temperatura (*C)
Máxima | Minima | Amplitude Térmica Média
Temperatura
Ambiente
| sansor0.0m | 31,13 | 1100 20,13 22,38
Sensor 1.5m | 22,63 18,63 4,00 21,00
Temperatura no | Sensor 3.0m | 24,00 20,75 3,25 23,00
Solo Sensor 4.5m | 24,00 22,88 1,12 23,75
Sensor 6.0m | 23,88 2350 0,38 23:15
Com a tabela acima, pode-se notar que alterações na temperatura ambiente promovem
variações mais significativas na temperatura das camadas mais próximas da superfície,
sendo perceptível quando verificamos a maior amplitude na profundidade de 1,5 metro.
As grandes variações na temperatura ambiente verificadas entre Junho e Novembro não
promoveram alterações significativas nas temperaturas das camadas mais profundas do
solo, comprovando, assim, que as variações térmicas existente no subsolo apresentam
menores amplitudes com o avanço da profundidade.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados iniciais do sistema instalado no solo de Dourados, apontam a tendência de
estabilidade da temperatura a baixa profundidade, confirmando o encontrado na literatura,
que aponta o subsolo como grande fonte de energia para ser utilizada na climatização de
edifícios. Dessa forma, a energia geotérmica superficial se apresenta como uma alternativa
promissora, atendendo aos requisitos de energia limpa e renovável.
No Brasil, o aproveitamento da Energia Geotérmica para aquecimento e arrefecimento do
ambiente construído está em fase embrionária, se comparado a países como Alemanha,
Áustria, Suíça, Canadá, Portugal e outros que já usufruem dessa fonte de energia limpa e
renovável há muitos anos. O emprego dessa nova fonte contribui para o conforto térmico do
ambiente construído, reduz o consumo de energia elétrica, e, como consequência, a
emissão dos gases poluentes na atmosfera.
Atualmente, o maior empecilho para a utilização de sistemas capazes de climatizar o
ambiente é o alto custo inicial de implantação. Porém, a escassez das fontes não renováveis
é certa para um futuro próximo, e, assim, a demanda por fontes alternativas para o
desenvolvimento socioeconômico será cada vez maior. A geotermia estando disponível o
ano inteiro para o uso direto ganhará destaque, e consequentemente, com o número
crescente de sistemas que façam o uso da energia geotérmica para climatizar sua
edificação, o custo de implantação reduzirá.
A falta de informação da população e os baixos índices de pesquisas no assunto
também são fatores que relegam a geotermia a segundo plano no Brasil. Por isso, a
divulgação dessa fonte limpa e renovável de energia é fundamental para estimular novos
estudos e pesquisas no ramo. O aumento do interesse de pesquisadores pelo tema e a
inserção de uma nova mentalidade à população, mostrando os benefícios gerados ao meio
ambiente, serão o caminho para a crescente demanda da Energia Geotérmica na
climatização do ambiente construído.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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