Artigo Morfologia Nas Gramáticas
Artigo Morfologia Nas Gramáticas
Artigo Morfologia Nas Gramáticas
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende fazer uma a morfologia derivacional de
base gerativa poderia contribuir para o ensino nos níveis fundamen-
tal e médio. Tendo em vista os problemas que as gramáticas tradi-
cionais apresentam quando tratam desse assunto, entendemos que
uma proposta gerativa poderia contribuir para tornar o ensino de
morfologia derivacional descritivamente mais acurado do ponto de
vista sincrônico e mais atraente para os alunos do ensino fundamen-
tal e médio. Para isso, pretendemos fazer uma exposição dos princi-
pais problemas que encontramos no ensino de morfologia em textos
tradicionais, assim como oferecer um panorama da gramática gerati-
va, principalmente no tocante aos estudos de morfologia derivacional.
41“The lexicon is like a prison – it contains only the lawless, and the only thing that its inmates
have in common is lawlessness. “(1987, p. 3)
ses novos termos. Isso mostrará a eles que são capazes de interpretar
palavras novas com as quais nunca tenham entrado em contato antes.
Igualmente importante é fazer o aluno entender que muitas
palavras, embora possíveis na língua, a partir de uma regra de for-
mação de palavras, não se formam por um conjunto de restrições e
bloqueios. Não é necessário nomear tais restrições e bloqueios, mas
apenas explicá-los aos alunos. Não formamos uma determinada pa-
lavra porque já existe outra com o mesmo significado, ou porque
nossa realidade não necessita a criação daquele termo, ou porque nos
soa estranha etc.
É interessante fazer com que o aluno descubra a regra que
subjaz a um conjunto de palavras-irmãs na língua. Pode o professor,
inclusive, exercitar a criatividade do aluno fazendo-o criar novas pa-
lavras a partir da mesma regra. Mesmo que essas palavras não exis-
tam, o professor poderá explicar que elas um dia poderão ou não vir
a existir.
Igualmente, pensamos que o professor não deve reprimir o a-
luno se ele cria uma nova palavra dentro das regras da língua, e a usa
em uma redação. Desde que haja compatibilidade entre o grau de
formalidade do termo criado e o texto no qual ele empregou o termo,
por que desestimular essa criatividade? Não havendo palavra na lín-
gua para a expressão da ideia a ser transmitida, a criação justifica-se
ainda mais.
Assim, é necessário que o professor faça distinção entre re-
gras que produzem novas palavras e regras improdutivas. Por exem-
plo, substantivos abstratos são formados a partir de adjetivos, por
meio de um grande número de sufixos. Todos eles entram em con-
corrência. Aqueles que aparecem em um maior número de itens lexi-
cais tendem a se tornar produtivos, enquanto os que aparecem em um
número menor de itens tornam-se improdutivos. Assim, sufixos co-
mo –eza e –idade são mais produtivos do que –ia. O que diferencia –
eza de –idade e que o primeiro só pode formar substantivos abstratos
a partir de adjetivos primitivos, enquanto o segundo também se
combina a adjetivos derivados.
Por fim, é fundamental que o professor mostre ao aluno que
determinadas regras produzem itens lexicais que só poderão aparecer
CONCLUSÕES
Mudar o ensino no Brasil não é uma tarefa fácil. Uma maior
preparação dos professores e um maior interesse na melhoria do en-
sino são fundamentais. Um ensino que leve o aluno a não ter medo
de expor suas ideias e suas conclusões ao invés de levá-lo memori-
zações desnecessárias. Um ensino que explore sua criatividade ao
invés de reprimi-la.
A morfologia derivacional de base gerativa tem muito a con-
tribuir. Para isso, as pesquisas nessa área devem ser ampliadas.
Mesmo na sufixação, área mais explorada na morfologia gerativa,
faltam estudos em quantidade e profundidade suficientes para eluci-
dar as regras da língua. Nos demais processos de formação de pala-
vras (prefixação, composição etc.), os estudos são ainda mais escassos.
Devem os profissionais da área entender, também, que ensino
e pesquisa não são incompatíveis. A negligência com que alguns
pesquisadores tratam o ensino de língua é lamentável. Não são raros,
no meio acadêmico, aqueles que veem a pesquisa como uma ativida-
de superior, enquanto o ensino é considerado como atividade menor.
Enquanto essa realidade persistir, será difícil mudar alguma coisa no
ensino. Mas há, também, a necessidade de que o que é produzido pe-
los pesquisadores seja trazido ao conhecimento dos professores. A
escola tem a obrigação de investir em seus docentes, de prepará-los,
de dar condições para que participem de congressos e façam cursos
de aperfeiçoamento, ou até mesmo, de Mestrado e Doutorado.
Os órgãos governamentais devem, também, estar atentos para
a má qualidade do ensino nos níveis fundamental e médio. Cabe a
esses órgãos incentivar pesquisadores para que produzam, a partir de
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