4864-Texto Do Artigo-21157-1-10-20150821

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

Modalidade do trabalho: Relato de experiência

Evento: XVI Jornada de Extensão

PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES DESENCADEADORAS DE APRENDIZAGEM


EM MATEMÁTICA: UM DESAFIO PARA BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
DO PIBID1

Bruna Maroso De Oliveira2, Andressa Tais Diefenthäler3, Maira Simoni Brigo4, Isabel
Koltermann Battisti5.
1
Texto produzido a partir de interações estabelecidas com escola parceiras do PIBID/UNIJUÍ.
2
Acadêmica do Curso de Matemática – Licenciatura - UNIJUÍ. Bolsista de Iniciação à docência do PIBID/UNIJUÍ-
subprojeto matemática. Integrante do GEEM
3
Acadêmica do Curso de Matemática – Licenciatura - UNIJUÍ. Bolsista de Iniciação à docência do PIBID/UNIJUÍ-
subprojeto matemática. Integrante do GEEM
4
Acadêmica do Curso de Matemática – Licenciatura - UNIJUÍ. Bolsista de Iniciação à docência do PIBID/UNIJUÍ-
subprojeto matemática. Integrante do GEEM
5
Professora do Curso de Matemática – Licenciatura, Coordenadora do Laboratório de Ensino de Matemática.
Coordenadora do subprojeto área Matemática do PIBID/UNIJUÍ. Pesquisadora do GEEM.

INTRODUÇÃO
O planejamento de aulas é essencial para o processo de ensino e de aprendizagem formal, é nele que
o professor explicita seus objetivos, intencionalidades e proposições. A ausência do planejamento
pode prejudicar o desenvolvimento das aulas, tornando-as monótonas e desorganizadas, fazendo
com que não sejam alcançados os objetivos do ensino e até mesmo pode fazer com que o aluno
perca o interesse pela disciplina.
De acordo com Libâneo “ [...] o planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a
previsão das atividades didáticas em termos de organização e coordenação em face dos objetivos
propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino” (LIBÂNEO, 1994).
Sob este entendimento, o planejamento da aula é um instrumento essencial para o professor definir
e alcançar seus objetivos com o ensino; para tanto, é necessário que compreenda o conteúdo a ser
tratado e que defina metodologias e recursos para o desenvolvimento de suas aulas. É importante
que ao planejar o professor considere o contexto e a realidade do aluno, deste modo, o planejamento
deve ser criteriosamente adequado para as diferentes turmas, e ser flexível caso necessite de
alterações.
Como acadêmicas do curso de Licenciatura em Matemática e Bolsistas de Iniciação a Docência do
Programa Institucional de Bolsa de iniciação a Docência (PIBID), subprojeto matemática, nos foi
proposto ações relacionadas à docência compartilhada, e para tanto o planejamento e o
desenvolvimento de uma atividade desencadeadora de aprendizagem com alunos do sexto ano, de
uma escola da rede pública de ensino. Tal atividade deveria abranger a ideia de fração parte-todo.
Foi-nos sugerido esse conteúdo pela professora regente da turma considerando as dificuldades que
os alunos tinham em relação à classificação das frações considerando a quantidade que representam.
Para que desenvolvêssemos esta atividade era preciso planejar, e este processo envolveu a
Modalidade do trabalho: Relato de experiência
Evento: XVI Jornada de Extensão

mobilização de muitos conhecimentos, tais como: dos conceitos matemáticos envolvidos, noção da
didática, a definição da metodologia, como também de recursos que podem ser utilizados. Além
disso, é necessário a definição dos objetivos a serem alcançados, o que envolve várias etapas e pode
haver dificuldades. A partir destes entendimentos, a presente escrita consiste em um relato de
experiência e tem por objetivo relatar nossa vivência/experiência como bolsistas de iniciação à
docência do PIBID ao elaborar um planejamento que considera o estudo de frações, buscando
compreender a organização do ensino, a partir do planejamento que considera a ideia de fração
parte-todo, e as dificuldades encontradas pelos bolsistas no processo de elaboração deste
planejamento.

METODOLOGIA
Para a situação desencadeadora de aprendizagem, nós bolsistas elaboramos um planejamento que
foi desenvolvido em duas turmas de 6º ano da escola a qual atuamos como bolsistas, neste
planejamento foi considerado a ideia de fração parte-todo. Diante disso os dados empíricos
consideram o próprio planejamento e os registros realizados no Diário de Campo pelos bolsistas, as
condições de análise são ampliadas por proposições apresentadas por Brasil (1998), Mendes (2009)
e Libâneo (1994). Considerando o objetivo do presente estudo e os dados empíricos citados acima,
indicamos as seguintes unidades de analise: 1) Organização do ensino a partir do planejamento
considerando o conceito de fração própria e fração imprópria. 2) Dificuldades encontradas pelos
bolsistas na elaboração do planejamento.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com Mendes “Um planejamento pode ser definido como um processo que se desenvolve
em uma sequência dinâmica, progressiva, lógica e organizada”. (MENDES, 2009) Libâneo amplia
esta ideia dizendo que “O planejamento é um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”.
(LIBÂNEO, 1994, p.222).
No ensino de matemática, atualmente existem muitas possiblidades para se trabalhar os conceitos
desta disciplina. Há metodologias como resolução de problemas e investigação matemática, como
também recursos, como jogos didático-pedagógicos, que possibilitam que o aluno deixe de ser
apenas o receptor do conteúdo e passa a participar do próprio processo de aprendizagem.
Como bolsistas de iniciação à docência nos desafiamos a desenvolver essa reflexão para que
pudéssemos entender com melhor propriedade como se dá a organização do ensino considerando o
planejamento de atividades desencadeadoras de aprendizagem que considera o conceito de fração,
ideia parte-todo, e também as dificuldades que nos bolsistas encontramos para a elaboração do
referido planejamento.
Organização do ensino: o planejamento de atividades que consideram a ideia de fração parte-todo
Para o desenvolvimento do planejamento optamos por iniciar as atividades contando uma das
lendas do Tangram, partimos deste ponto para que pudéssemos despertar o interesse e a curiosidade
dos alunos, nós queríamos que eles tivessem curiosidade em conhecer este jogo. Em seguida a
turma foi divida em pequenos grupos e entregamos para os grupos um Tangram e algumas imagens
Modalidade do trabalho: Relato de experiência
Evento: XVI Jornada de Extensão

onde eles deveriam montar todas as peças do Tangram em cima daquela imagem, nesta parte teve
um aluno que nos disse “profe, é impossível montar.” Então nós começamos a perguntar, mas e se
você virar esta peça desta forma? E desta forma? Até ele conseguir montar. Destacamos que as
peças que constituem o Tangram são tridimensionais e que para o desenvolvimento das atividades
propostas será considerado a maior face de cada peça, pois será trabalhado com a superfície plana
de cada uma delas.
Após esse momento jogando, convidamos os alunos para construirmos um Tangram, assim cada um
teria o seu, eles adoraram a ideia; começamos a construção entregando para cada aluno uma folha
de oficio e fomos realizando vários questionamentos, para que eles elaborassem juntamente com
nós como poderíamos construir o Tangram com aquela folha. Primeiramente olhamos para quê
forma geométrica representava a caixa do Tangram, pois nesta caixa cabia exatamente o Tangram
formando um quadrado, melhor dizendo, a maior face das peças do Tangram podem ser organizadas
na forma de um quadrado. Como podemos representar e a seguir recortar um quadrado nesta folha?
Agora pensem como será que com este quadrado podemos construir as peças cuja face maior é
representada por triângulos maiores? E agora como podemos realizar a construção do triangulo
médio? Sobrou somente este pedaço, como vamos dividir para a construção das figuras que faltam?
Com os questionamentos eles foram elaborando ideias de como poderia ser construído o Tangram,
isso para que pudéssemos desenvolver a próxima atividade que era a análise das peças do Tangram.
Nesta atividade consideramos o triângulo pequeno como inteiro, e propomos o questionamento:
quantas vezes o triângulo pequeno cabe no triângulo grande? E no triângulo médio? E no
paralelogramo? E no quadrado? Para tanto, de acordo com o planejamento analisado, foi proposta a
superposição das peças. Nesta atividade intencionamos que os alunos percebessem quantas vezes
uma determinada superfície cabe em outra. Num momento posterior o planejamento propõe que o
inteiro seja o triângulo grande e questiona, que parte deste representa o triângulo pequeno. O
mesmo procedimento é realizado considerando as outras peças do Tangram. Entendemos que esta
proposição possibilita ao aluno compreender e expressar na forma de fração que parte do todo o
triângulo pequeno representa. Entendemos que esta atividade considera ideias diferentes da
atividade anterior; num primeiro momento a ideia de medida ancorava o procedimento, nesta outra
atividade as ideias que norteiam é a ideia parte-todo. São ideias diferentes, mas que podem se
complementar na elaboração de ideias matemáticas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - sugerem que a prática mais comum de explorar o
conceito de fração é a que recorre a situações que está implícita a relação parte-todo (BRASIL,
1998). Neste caso a fração indica a relação que existe entre o número de partes e o total de partes.
Ao longo do desenvolvimento das atividades, o planejamento explicita a solicitação aos alunos do
registro numérico e geométrico. E, no final, propõe a formalização destas atividades. Ou seja, o
planejamento parte de um processo que considera o lúdico, a partir da lenda e do jogo, para no
decorrer, a partir da abstração, propor processos de generalização e de síntese, formalizando a ideia
de fração no significado parte-todo.
Para finalizar o planejamento analisado propõe um jogo, o jogo do bingo de frações. Neste jogo
apresenta a representação numérica e geométrica de frações. Se sorteado a representação
geométrica de uma fração, os alunos devem marcar em suas cartelas a representação numérica
Modalidade do trabalho: Relato de experiência
Evento: XVI Jornada de Extensão

correspondente, e se sorteado a representação numérica, eles deveriam marcar em suas cartelas a


representação geométrica correspondente.
Ao elaborar este planejamento optamos pelo uso do Tangram (jogo) como recurso didático, porque
pode possibilitar uma aula diferenciada, atraindo a atenção dos alunos e fazendo com que os
mesmos tenham uma melhor compreensão do conteúdo a ser ensinado. Os Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCN- dizem que o jogo, categoria em que o Tangram se encaixa, é um dos caminhos
para se fazer matemática em sala de aula:
"Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam
apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução
e busca de soluções; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez
que as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da
ação, sem deixar marcas negativas" (BRASIL, 1998, p. 46)
Os jogos de grupo contribuem para a socialização dos alunos, pois as estratégias são elaboradas a
partir do consenso e as decisões são tomadas em conjunto. O PCN deixa claro que “a participação
em jogos de grupo também representa uma conquista cognitiva, emocional, moral e social para o
estudante e um estímulo para o desenvolvimento de sua competência matemática” (BRASIL, 1998,
p. 47).
Dificuldades encontradas pelos bolsistas na elaboração do Planejamento
Para a elaboração do planejamento considerado, tivemos que primeiramente estudar o conteúdo a
ser ensinado, definir intencionalidades, metodologia e um recurso pedagógico, o que evidencia a
necessidade do professor não considerar somente o conteúdo a ser ensinado, mas as ações de ensino
que irá desenvolver, as quais poderão ter uma influência positiva ou negativa na aprendizagem dos
discentes. Neste processo, nós, bolsistas, percebemos a importância do estabelecimento de
intencionalidades bem definidas, as quais norteiam a ação docente ao longo da atividade, de modo
que os objetivos sejam alcançados.
No entanto, na elaboração do planejamento também encontramos algumas dificuldades, como a de
optar por uma metodologia diferenciada e atrativa aos alunos, que os envolvessem no processo de
aprendizagem.
Diante disso optamos por uma dinâmica que considera elementos da investigação matemática, pois
ela possibilita ao aluno pensar como um matemático, a investigação faz o aluno ser o protagonista
da sua aprendizagem. E aliada a essa metodologia utilizamos o jogo do Tangram como um recurso
pedagógico para explorar o lúdico nos alunos e despertar o interesse deste no fazer da aula.
Também encontramos dificuldades para definir quais os encaminhamentos propor aos alunos, a
partir da utilização do Tangram para possibilitar a aprendizagem efetiva destes, de modo a
promover a significação do conceito de fração, no significado parte-todo.
Deste modo foi necessário que nós bolsista estudássemos mais acerca do conteúdo e também
tivéssemos conhecimento do jogo Tangram e suas possibilidades de exploração, estabelecendo
relações e planejando atividades para posteriormente propor aos alunos.

CONCLUSÃO
Modalidade do trabalho: Relato de experiência
Evento: XVI Jornada de Extensão

Deste modo, percebemos que a elaboração de um planejamento exige do docente muito estudo, o
que o leva a mobilizar conhecimentos necessários à sua prática, como o conhecimento do conteúdo
e o conhecimento didático/pedagógico; deste processo decorrem algumas dificuldades, no entanto,
estamos cientes de que um planejamento bem elaborado contribui para o desenvolvimento, em sala
de aula, de processos de ensino e de aprendizagem em Matemática.

Palavras-chave: bolsistas PIBID, fração parte-todo, organização do ensino, dificuldades.

REFERÊNCIAS
MENDES, Iram Abreu. Matemática e investigação em sala de aula. São Pulo: Editora Livraria da
Física, 2009
BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática.
Brasília MEC/SEF, 1998.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (coleção magistério 2º grau. Série
formação do professor).

Você também pode gostar