Livro EDO
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Lema 2 Uma equação diferencial é classificada quanto ao: tipo, ordem e linearidade
b) Ordem: A ordem da equação diferencial é dada pela mais alta derivada que aparece na
equação diferencial
c) Linearidade: Uma equação diferencial ordinária (edo) linear de ordem n é definida como
segue
an (t)x(n) (t) + an–1 (t)x(n–1) (t) + . . . + a1 (t)x(1) (t) + a0 (t)x(t) = F(t) (1.1)
k
Observação: x(k) (t) denota d xk para k = 1, 2, . . . , n
dt
Agora iremos definir uma edo de maneira mais geral: Vamos tomar uma função f ,
uma variável independente t, uma função desconhecida x(t) e todas as suas derivadas até
6 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
a ordem n. Então, podemos expressar a derivada de mais alta ordem de x(t) da seguinte
maneira
x(n) (t) = f (t, x(t), x(1) (t), . . . , x(n–1) (t)) (1.2)
a equação diferencial 1.2 é dita linear se a função f é linear em termos de x(t) e suas
derivadas, caso contrário, a edo é não linear.
Para resolver as equações 1.1 ou 1.2 é mais conveniente, e usual, substituir a função x(t)
pela variável y, e consequentemente teremos x(1) (t) = y(1) , x(2) (t) = y(2) , . . . , x(n) (t) = y(n) .
Portanto, usando essas novas variáveis as equações 1.1 e 1.2 tornam-se respectivamente
O nosso primeiro interesse neste texto é encontrar soluções analı́ticas para equações
diferenciais de primeira ordem. Assim, o foco aqui é resolver a seguinte edo
dy
= f (t, y) (1.5)
dt
1. O coeficiente a1 (t) , 0, ∀t
2. As funções a1 (t), a0 (t) e F(t) são funções contı́nuas num dado intervalo aberto I
Como a1 (t) , 0, iremos dividir a equação 1.6 por este coeficiente obtendo assim a
seguinte equação diferencial linear de primeira ordem
(t)
onde p(t) = aa01 (t) e q(t) = aF(t)
1 (t)
.
Antes de resolvermos a equação 1.7, consideraremos um caso particular. Vamos tomar
p(t) = a, onde a ∈ R e, portanto, a equação 1.7 torna-se
d at
(ye ) = y(1) eat + yaeat
dt
= eat (y(1) + ay) (1.9)
Perceba que a expressão entre parênteses na equação 1.9 é a mesma expressão que
aparece no lado esquerdo da igualdade na equação 1.8. Logo, se multiplicarmos a equação
1.8 por eat obtemos
eat (y(1) + ay) = eat q(t) (1.10)
d at
(ye ) = eat q(t) (1.11)
dt
Note que as equações 1.8 e 1.11 são equivalente, porém, com a vantagem que agora
podemos integrar a equação 1.11. Assim,
∫ ∫
d at
(ye )dt = eat q(t)dt =⇒ (1.12)
dt ∫
at
ye = eat q(t)dt + C, C ∈ R (1.13)
A partir da equação 1.13 obtemos a solução geral da equação 1.8 que é dada por
∫
y=e –at e q(t)dt + Ce–at , C ∈ R
at (1.14)
Note que para conseguirmos resolver a equação 1.8 foi necessário utilizarmos a dica
dada na equação 1.9. A função eat foi primordial para conseguirmos resolver a edo. O
papel desta função foi tornar o lado esquerdo da igualdade da equação 1.11 facilmente
integrável, por isso daremos para a função eat o nome de fator integrante.
Agora, iremos resolver a equação 1.7 onde p(t) é uma função contı́nua qualquer. Para
isso será necessário encontrar um fator integrante para esta equação.
8 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
Vamos supor que a função µ(t) > 0 é o fator integrante da equação 1.7, assim, multi-
plicando a equação 1.7 por µ(t) temos:
e, portanto,
∫
µ(t) = e p(t)dt (1.23)
1.1. Equação diferencial linear - fator integrante 9
Assim, o único fator integrante que resolve a equação 1.7 é dado pela equação 1.23.
Observações:
1 - O fator integrante é único, ou seja, não existe nenhuma outra função que faz com
que a hipótese 1.16 se verifique.
2 - No caso particular (equação 1.8) quando tomamos p(t) = a, a ∈ R, o fator integrante
∫ ∫
era eat , pois se olharmos a equação 1.23 tem-se que µ(t) = e p(t)dt = e adt = eat
∫ ∫
d
(yt)dt = t cos(t)dt =⇒ yt = tsen(t) + cos(t) + C, C ∈ R (1.27)
dt
Portanto, a solução geral da equação 1.24 é
onde P é a população incógnita da equação e k é uma constante de proporcionalidade.
Resolução: Note que a equação de Malthus é uma edo de primeira ordem linear, portanto, po-
demos resolvê-la utilizando o fator integrante. Antes de encontrarmos o fator integrante vamos
reescrever a equação 1.29 na forma 1.7, ou seja, a equação 1.29 torna-se
dP
– kP = 0 (1.30)
dt
onde p(t) = –k e q(t) = 0. Desta forma, o fator integrante é
P = Cekt , C ∈ R (1.34)
Passo 1: Considerando que y , 0 vamos multiplicar a equação 1.35 por y–n , obtendo
u = y1–n (1.37)
e derivando a equação 1.37 com relação à t e utilizando a regra da cadeia, vamos obter
u0 = (1 – n)y–n y0 (1.38)
u0
y0y–n = (1.39)
(1 – n)
u0
+ p(t)u = q(t) (1.40)
(1 – n)
Note que a equação 1.41 é linear, e portanto, podemos resolvê-la utilizando o fator inte-
grante. Resolvendo a equação 1.41 vamos obter a variável u, e se voltarmos a transformação
feita (veja equação 1.37), obteremos a variável y que resolve a equação de Bernoulli para
n , 0 e n , 1.
Exemplo 3 Modelo Populacional de Verhulst : Baseado na equação de Malthus o matemático
belga Pierre François Verhulst, propôs em 1838 o seu modelo populacional. O modelo de Verhulst é
dado pela seguinte equação
dP
= kP(PL – P) (1.42)
dt
onde P é a população incógnita da edo , k é uma constante de proporcionalidade e PL é chamada
de população limite.
12 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
Resolução: Note que a equação de Verhulst é uma edo de primeira ordem não-linear, portanto não
podemos resolvê-la utilizando o fator integrante. Porém, se manipularmos a equação de Verhulst
ela tem a seguinte forma
dP
– (kPL )P = –kP2 (1.43)
dt
note que a equação de Verhulst é uma equação não linear do tipo de Bernoulli, logo, para resolver a
equação 1.43, devemos linearizá-la seguindo os passos 1 e 2 apresentados anteriormente.
u = P–1 (1.45)
u0 = –P–2 P0 (1.46)
u0 + (kPL )u = k (1.48)
Note que a equação 1.48 é linear e, portanto vamos resolvê-la utilizando o seguinte fator inte-
grante
µ(t) = e (kPL )dt = e(kPL )t
∫
(1.49)
d
e(kPL )t u0 + (kPL )u = ke(kPL )t =⇒ (ue(kPL )t ) = ke(kPL )t (1.50)
| {z } dt
= dtd (ue(kPL )t )
1.3. Equação Separável 13
e(kPL )t
∫ ∫
d (kPL )t
(ue )dt = ke(kPL )t dt =⇒ ue(kPL )t = + C, C ∈ R (1.51)
dt PL
1
u= + Ce–(kPL )t , C ∈ R (1.52)
PL
Agora, vamos retornar a substituição feita, ou seja
1
u = P–1 =⇒ P = (1.53)
u
PL
P= , C∈R (1.54)
1 + PL Ce–(kPL )t
dy
= f (t, y) (1.55)
dt
G(t)
f (t, y) = (1.56)
H(y)
Perceba que com a manipulação algébrica realizada conseguimos “separar” a função
f (t, y), que depende de duas variáveis, em uma relação de duas novas funções onde cada
uma dessas novas funções depende apenas de uma variável. A saber, temos a função G(t)
dependente apenas da variável independente t, e a função H(y) que depende apenas da
variável desconhecida y.
Assim, substituindo a equação 1.56 na equação 1.55, obtemos
dy G(t)
= (1.57)
dt H(y)
14 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
dy
H(y) = G(t) (1.58)
dt
A equação obtida em 1.58 é o que chamaremos de equação separável. Perceba que
nesta equação temos do lado esquerdo da igualdade termos que dependem apenas de
y, e no lado direto da igualdade temos uma função que depende apenas de t, ou seja,
separamos na equação diferencial as variáveis t e y.
Para resolvermos a equação 1.58, vamos tomar as seguintes hipóteses; Vamos supor
que existam duas funções N(y) e M(t) tal que
dN(y)
= H(y) (1.59)
dy
dM(t)
= G(t) (1.60)
dt
Assim, substituindo as equações 1.59 e 1.60 na equação 1.58, temos
dN(y) dy dM(t)
= (1.61)
dy dt dt
Por outro lado, utilizando a regra da cadeia, podemos reescrever o lado esquerdo da
igualdade da seguinte maneira
dN(y) dy dN(y)
= (1.62)
dy dt dt
Portanto, substituindo a equação 1.62 na equação 1.61, vamos obter
dN(y) dM(t)
= (1.63)
dt dt
Assim,
dN(y) dM(t) d
– = 0 =⇒ (N(y) – M(t)) = 0 (1.64)
dt dt dt
Integrando em ambos os lados da equação 1.64 com relação à t, vamos obter a solução
geral da equação 1.55
N(y) – M(t) = C, C ∈ R (1.65)
1.3. Equação Separável 15
dN(y)
∫
= H(y) =⇒ N(y) = H(y)dy (1.66)
dy
∫
dM(t)
= G(t) =⇒ M(t) = G(t)dt (1.67)
dt
Logo, substituindo as equações 1.66 e 1.67 na equação 1.65, podemos reescrevê-la como
∫ ∫
H(y)dy – G(t)dt = C, C ∈ R (1.68)
Desta mameira, basta resolvermos a equação 1.68 para que possamos encontrar a
solução geral da edo 1.55. A seguir, resolveremos um exemplo de uma edo separável
y0 = e3y+2t (1.69)
Resolução: A edo acima é de primeira ordem e não linear. Para resolvê-la vamos separar as
variáveis y e t. Assim
Perceba que a equação e–3y y0 = e2t tem a forma da equação (1.58), onde H(y) = e–3y e G(t) = e2t ,
portanto a equação (1.69) é separável. Para achar a solução geral desta edo basta resolvermos a
equação (1.68). Assim
∫ ∫ ∫ ∫
H(y)dy – G(t)dt = k =⇒ e–3y dy – e2t dt = k
(1.71)
1 1
=⇒ – e–3y – e2t = k, k ∈ R
3 2
Portanto, a solução geral implı́cita da edo é
1 –3y 1 2t
e + e = C, C ∈ R (1.72)
3 2
16 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
y0 = e3y+2t
y(1) = 0
Resolução: Já resolvemos no exemplo 4 a edo: y0 = e3y+2t . Assim, a solução geral é
1 –3y 1 2t
e + e = C, C ∈ R
3 2
Agora, substituindo t = 1 e y = 0 na solução geral encontraremos que C = 31 + 21 e2 . Assim, a
solução do PVI é
1 –3y 1 2t 1 1 2
e + e = + e
3 2 3 2
1.
manipulações algébricas
y (1.74)
f (t, y) = · · · · · · · · · · · · · · · = f
z }| {
t
2.
manipulações algébricas
(1.75)
t
f (t, y) = · · · · · · · · · · · · · · · = f
z }| {
y
Assim, substituindo a equação 1.74 na equação 1.73 obteremos
dy y
=f (1.76)
dt t
Da mesma forma, substituindo a equação 1.75 na equação 1.73 temos
dy t
=f (1.77)
dt y
Tanto a equação 1.76 quanto a equação 1.77 são conhecidas como equações homogêneas
1.4. Equação Homogênea 17
A ideia central para resolver uma equação homogênea é transforma-lá em uma equação
separável. Para isto devemos fazer substituições adequadas
y
u= =⇒ y = ut =⇒ y0 = u0t + u (1.78)
t
1 1
u0t + u = f (u) =⇒ u0t = f (u) – u =⇒ u0 = (1.79)
f (u) – u t
1 1
u0 = (1.80)
f (u) – u t
dy t
=f
dt y
Vamos adotar que u = yt
t 2 y0 – ty = y2 , t > 0 (1.81)
Resolução: A equação acima é de primeira ordem e não linear. A edo pode ser reescrita como segue:
y2 y
y0 = 2 +
t t
| {z } (1.82)
y
f
t
Observe que a equação (1.82) esta na forma dada pela equação (1.76), e portanto, esta edo é
y
homogênea. Assim, para resolvê-lá vamos tomar u = t . Logo
y
u= =⇒ y = ut =⇒ y0 = u0t + u (1.83)
t
Substituindo a equação (1.83) em (1.82), temos
1 0 1
u = (1.85)
u2 t
Assim, a equação (1.85) é uma edo separável, e portanto, para encontrar a solução de (1.85)
devemos resolver;
1 1
∫ ∫
du – dt = k, k ∈ R (1.86)
u2 t
Assim, temos que
1 1 1
– – ln(t) = k =⇒ – = ln(t) + k =⇒ = – ln(t) – k (1.87)
u u u
Sem perda de generalidade, vamos considerar que C = –k, C ∈ R. Portanto, a equação (1.87)
torna-se
1 1
= C – ln(t) =⇒ u = (1.88)
u C – ln(t)
y
Como u = t , então a solução geral da equação (1.81) é
t
y= , C∈R (1.89)
C – ln(t)
1.5. Equação Exata 19
t 2 y0 – ty = y2 , t > 0
y(1) = 31
t
y=
C – ln(t)
∂ψ(t, y) ∂ψ(t, y) dy
+ =0 (1.91)
∂t ∂y dt
Considerando que
∂ψ(t, y) ∂ψ(t, y)
M(t, y) = , N(t, y) = (1.92)
∂t ∂y
dy
M(t, y) + N(t, y) =0 (1.93)
dt
20 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
Perceba que a equação 1.90 é solução da equação diferencial 1.93. Assim, conseguimos
construir a equação diferencial 1.93 à partir da solução (Eq. 1.90), onde as funções M(t, y)
e N(t, y) são obtidos pela equação 1.92.
Por outro lado, podemos olhar para a diferencial da equação 1.90, ou seja, para a
seguinte equação
∂ψ(t, y) ∂ψ(t, y)
dy + dt = 0 (1.94)
∂y ∂t
Aqui temos que a equação 1.95 é a forma diferencial de representarmos a equação 1.93.
Note que ambas as equações (1.93 e 1.95) são equivalentes, então, as soluções de ambas
as equações (1.93 e 1.95) são as mesmas, a saber, a equação 1.90. Vamos agora fazer o
caminho inverso, ou seja, conhecendo a equação 1.93 ou a equação 1.95, será que é possı́vel
encontrar a solução (Eq. 1.90) tal que, a equação 1.92 é verdadeira ?.
Teorema 1 Critério da Exatidão Sejam M, N, My e Nt funções contı́nuas em um intervalo
aberto simplesmente conexo R definido como segue; R : α < t < β, γ < y < δ. Então, a equação
∂ψ(t, y)
M(t, y) = (1.100)
∂t
∂ψ(t, y)
N(t, y) = (1.101)
∂y
Assim, para encontrar ψ(t, y) devemos escolher entre as equações 1.100 ou 1.101. Por
exemplo, vamos eleger a equação 1.100.
Integrando a equação 1.100 em ambos os lados com relação à t, obtemos
∂ψ(t, y)
∫ ∫ ∫
M(t, y)dt = dt =⇒ ψ(t, y) = M(t, y)dt + g(y) (1.102)
∂t
onde na integral acima y é tratado como uma constante, portanto, a constante arbitrária
de integração é na verdade uma função na variável y, a qual chamaremos de g(y). A seguir
devemos encontrar g(y).
Para esta finalidade devemos derivar a equação 1.102 com relação à y, portanto
∂
∫
d
ψy (t, y) = M(t, y)dt + g(y) (1.103)
∂y dy
Queremos que a função ψ(t, y) satisfaça as equações 1.100 e 1.101 simultaneamente,
então o lado esquerdo da igualdade na equação 1.103 pode ser substituı́do pela função
N(t, y) (veja a equação 1.101). Assim, temos
∂
∫
d
N(t, y) = M(t, y)dt + g(y) (1.104)
∂y dy
e, portanto,
∂
∫
d
g(y) = N(t, y) – M(t, y)dt (1.105)
dy ∂y
Como a função do lado esquerdo da igualdade acima só depende de y, então para que
a igualdade da equação 1.105 se verifique, devemos mostrar que o lado direito também
dependerá apenas de y. Para isto, vamos derivar ambos os lado da equação 1.105 com
relação à t;
∂
∫
d d d
g(y) = Nt (t, y) – M(t, y)dt =⇒
dt dy dt ∂y
∂
∫
d
0 = Nt (t, y) – M(t, y)dt
dt ∂y
22 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
Portanto, com o resultado dado pela equação 1.107, nós concluı́mos que o lado di-
reito da igualdade na equação 1.105 é, de fato, uma função que depende apenas de y se
Nt (t, y) = My (t, y), e isto é verdade pois assumimos que a equação é exata. Então, para
encontrar a função g(y) que faz parte da equação 1.102 (solução da edo) basta integrarmos
a equação 1.105 com relação à y.
Observação: Para demonstrarmos que a equação 1.98 possui solução, começamos es-
colhendo a equação 1.100, mas poderı́amos ter iniciado a demonstração utilizando a
equação 1.101, a forma de resolver seria análogo a feita aqui, ou seja, começariamos inte-
grando a equação 1.101 com respeito a y, e depois derivando o resultado com relação à t
.
Resolução: A equação acima esta na forma diferencial dada pela equação (1.98), com M(t, y) = 2ty
e N(t, y) = (t 2 – 1). Vamos verificar se ela é exata, para isso devemos aplicar o critério da exatidão
(My = Nt ). Assim
My = 2t = Nt (1.109)
Como My = Nt , então, pelo critério da exatidão exite uma função ψ(t, y) = C, com M(t, y) =
∂ψ(t,y) ∂ψ(t,y)
∂t e N(t, y) = ∂y e, portanto, isso é equivalente a dizer que a equação é exata. Assim,
1.5. Equação Exata 23
∂ψ(t,y)
tomando M(t, y) = ∂t temos:
∂ψ(t, y) ∂ψ(t, y)
∫ ∫ ∫ ∫
M(t, y)dt = dt =⇒ 2tydt = dt
∂t ∂t
=⇒ ψ(t, y) = t 2 y + g(y) (1.110)
A equação (1.110) é a solução geral da equação (1.108), mas para finalizar o exercı́cio precisamos
encontrar a função g(y). Para isso vamos derivar a equação (1.110) com relação à y
d
ψy (t, y) = t 2 + g(y) (1.111)
dy
∂ψ(t,y)
Como N(t, y) = ∂y , então a equação (1.111) torna-se
∫ ∫
d d d
t2 –1= t2 + g(y) =⇒ g(y) = –1 =⇒ g(y)dy = – dy
dy dy dy
=⇒ g(y) = –y (1.112)
A constante de integração não precisa ser incluı́da, pois a solução geral da equação diferencial é
ψ(t, y) = C, C ∈ R. Portanto, a solução geral da equação (1.108) é
t 2 y – y = C, C ∈ R (1.113)
2ty dt + (t 2 – 1)dy = 0
y(0) = – 21
t2y – y = C
Como My , Nt , então a equação diferencial não é exata. Portanto, a pergunta à ser feita
agora é: Será que é possı́vel transformar uma equação não exata em uma equação exata?
A resposta é que é possı́vel esta transformação, porém somente em algumas equações. A
ideia central desta transformação (quando ela for possı́vel de ser feita) é encontrar uma
função de tal forma que, quando multiplicamos a equação não exata por esta função, a
equação não exata se torna exata. Sempre que existir tal função chamaremos a mesma de
fator integrante.
não é exata, ou seja, My , Nt . Diremos que µ(t, y) é fator integrante da equação diferencial
1.116 se multiplicarmos esta equação por µ(t, y)
Como M(t, y) e N(t, y) são funções conhecidas, então derivando o lado esquerdo da
equação 1.118 com relação à y, e o direito com relação à t, obtemos
Assim, qualquer função µ(t, y) que satisfaça a equação 1.119 faz com que a equação 1.116
se torne exata, e portanto, podemos obter uma solução para tal edo. A solução encontrada
para a equação 1.116 também será solução para a equação 1.115, visto que as equações 1.115
e 1.116 são equivalentes.
O problema aqui é que a equação 1.119 é uma equação diferencial parcial e, portanto,
resolver esta equação é tão difı́cil quanto resolver a equação não exata 1.115.
Logo, o problema em determinar o fator integrante µ(t, y), é que ele depende de duas
variáveis, então vamos simplificar o problema, ou seja, vamos supor que o fator integrante
depende de apenas uma variável, isto é, vamos supor que o fator integrante depende
apenas de y (µ(y)) ou que depende apenas de t (µ(t)).
Vamos supor que o fator integrante depende apenas de y, ou seja, µ(y). Assim, na
equação 1.119 o termo µt = 0, logo, obtemos
µy (Nt – My )
µy M + µ(My – Nt ) = 0 =⇒ µy M = µ(Nt – My ) =⇒ = (1.120)
µ M
Assim, encontramos uma equação diferencial ordinária para o fator integrante. Note
que a equação 1.120 é separável, e portanto, resolvendo a mesma obtemos
Agora iremos supor que o fator integrante depende apenas de t, ou seja, µ(t). Assim,
na equação 1.119 o termo µy = 0, logo, temos
µt (My – Nt )
µt N = µ(My – Nt ) =⇒ = (1.122)
µ N
(3ty + y2 ) + (t 2 + ty)y0 = 0
não é exata. Então, vamos verificar se existe um fator integrante para tal equação.
Vamos utilizar a equação 1.123, assim
e, agora essa equação é exata, pois sendo M(t, y) = (3t 2 y + ty2 ) e N(t, y) = (t 3 + t 2 y),temos
que
Como My (t, y) = Nt (t, y), então o critério da exatidão é satisfeito, e assim, exite uma
∂ψ(t,y) ∂ψ(t,y)
função ψ(t, y) = C, com M(t, y) = ∂t e N(t, y) = ∂y e, portanto, isso é equivalente a
dizer que a equação é exata.
Assim, tomando
∂ψ(t, y) ∂ψ(t, y) 1
∫ ∫
M(t, y) = =⇒ (3t 2 y + ty2 )dt = dt =⇒ ψ(t, y) = t 3 y + t 2 y2 + g(y)
∂t ∂t 2
(1.127)
Agora para obter g(y) vamos derivar a equação 1.127 com relação à y
1
t 3 y + t 2 y2 = C, C ∈ R (1.129)
2
y(1) = 2
1
t 3 y + t 2 y2 = C
2
1
t 3 y + t 2 y2 = 4 (1.130)
2
dy
dt = f (t, y)
y(t0 ) = y0
pode não ter uma única solução. Como nem sempre saberemos resolver analiticamente as equações
dados pela equação 1.5, é importante que tenhamos um teorema que nos diga quais são as condições
para que o PVI tenha solução, e, se essa solução é única.
inicial (PVI)
dy
dt = f (t, y)
(1.131)
y(t0 ) = y0
e o seguinte intervalo aberto do R2
∂f
Se f (t, y) e ∂y são funções contı́nuas em Ω e (t0 , y0 ) ∈ Ω. Então existe um intervalo aberto,
I, da forma I = (t0 – δ, t0 + δ) ⊂ (α, β) no qual existe uma e somente uma solução y = φ(t) do
problema de valor inicial (1.131).
y(0) = –1
√
Resolução: Comparando a equação (1.133) com a equação (1.131), observamos que f (t, y) = y, e
esta função é contı́nua no intervalo
como o ponto (t0 , y0 ) = (0, –1) < Ω, (pois y ≥ 0 em Ω), então, NÃO existe solução para o PVI dado
pela equação (1.133).
1.6. Teorema de Existência e Unicidade 29
y(0) = 0
√
Resolução: Comparando a equação (1.135) com a equação (1.131), observamos que f (t, y) = y é
contı́nua no intervalo
como o ponto (t0 , y0 ) = (0, 0) ∈ Ω1 , então existe solução para o PVI dado pela equação (1.135). Por
∂f 1 que é contı́nua no intervalo
outro lado, temos que ∂y = √
2 y
Ω2 = (t, y) ∈ R2 | – ∞ < t < ∞, 0 < y < ∞ (1.137)
agora perceba que o ponto (t0 , y0 ) = (0, 0) < Ω2 , (pois y > 0 em Ω2 ), então o problema de valor
inicial acima NÃO tem solução única.
y(0) = 1
√
Resolução: Comparando a equação (1.138) com a equação (1.131), observamos que f (t, y) = y é
contı́nua no intervalo
como o ponto (t0 , y0 ) = (0, 1) ∈ Ω1 , então existe solução para o PVI dado pela equação (1.138). Por
∂f 1 que é contı́nua no intervalo
outro lado, temos que ∂y = √
2 y
Ω2 = (t, y) ∈ R2 | – ∞ < t < ∞, 0 < y < ∞ (1.140)
agora perceba que o ponto (t0 , y0 ) = (0, 1) ∈ Ω2 , então o problema de valor inicial acima tem
solução única.
Exemplo 14 Verifique se o PVI abaixo tem solução e se ela é única. Além disso, encontre o intervalo
máximo de solução
y0 = y2
(1.141)
y(1) = 1
30 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
Resolução: Comparando a equação (1.141) com a equação (1.131), observamos que f (t, y) = y2 é
contı́nua no intervalo
Ω1 = {(t, y) ∈ R2 | y ≥ 0} (1.142)
como o ponto (t0 , y0 ) = (1, 1) ∈ Ω1 então existe solução para o PVI dado pela equação (1.141). Por
∂f
outro lado, temos que ∂y = 2y que é contı́nua no intervalo
Ω2 = R2 (1.143)
Perceba que o ponto (t0 , y0 ) = (1, 1) ∈ Ω2 , então o problema de valor inicial acima tem solução
única. Agora vamos determinar o intervalo máximo de solução, para isso precisamos resolver o PVI.
A solução do PVI (1.141) é
1
y= (Verifique !!) (1.144)
2–t
Note que a equação (1.144) tem uma descontinuidade no ponto t = 2, portanto o intervalo máximo
de soluções é
I = (–∞, 2) (1.145)
1.7 Exercı́cios
1. Resolva as equações abaixo:
(a)
dy t 3 – 2y
=
dt t
(b)
dy
– y = et y2
dt
(c)
(1 + t)dy – ydt = 0
1.7. Exerc´ıcios 31
(d)
(e)
dy t + 3y
=
dt 3t + y
(f)
2ty dt + (t 2 – 1)dy = 0
(g)
(h)
dy
(3ty + y2 ) + (t 2 + ty) =0
dt
(i)
dy 1
t +y= 2
dt y
2. Resolva o PVI abaixo
(a)
y0 + y = 2te–t
.
y(0) = 1
32 Capı́tulo 1. Equações diferenciais de primeira ordem
(b)
y0 = (1 – 2t)y2
.
y(0) = –21
(c)
y3
y0 =
1 – 2ty2 .
y(0) = 1
3. Dado o seguinte PVI
0 t2 – 1
y = 2
y – 1.
y(–1) = 0
(b)(1.0 ponto) Determine o intervalo máximo de solução para o PVI do item (a):
2.1 Introdução
dQ 2
= taxa de entrada no tanque 2 - taxa de saı́da no tanque 2
dt
Assim, temos que
= 1, 5 + 1,5 1Q
dQ1
Q2 – 10
1
20
dt
dQ
dt2 = 3 + 101 Q – 1Q
1 5 2
Q1 (0) = 25
Q2 (0) = 15
Note que não podemos resolver uma equação diferencial independente da outra,
desta forma, devemos resolver as equações simultaneamente, ou seja, deve-se resolver
um sistema formado por duas equações diferenciais de primeira ordem. Neste texto temos
o interesse em resolver este tipo de problema. Assim, vamos definir matematicamente o
2.1. Introdução 35
onde
X0 = AX (2.3)
X0 = AX + F(t)
(2.5)
X(t0 ) = X0
Suponha que aij e fi (t) são funções contı́nuas num dado intervalo I = [a, b] contendo t0 . Então, o
PVI (2.5) tem uma única solução no intervalo I.
A2 (t – t0 )2 A3 (t – t0 )3
∞ k
A (t – t0 )k
eA(t–t0 )
Õ
= = I + A(t – t0 ) + + +... (2.6)
k! 2! 3!
k=0
A2 t 2 A3 t 3
∞ k k
Õ A t
eAt = = I + At + + +... (2.7)
k! 2! 3!
k=0
a)
1 2
A=
, para t0 = 0
3 –1
2.2. Exponencial de uma matriz 37
b)
3 0
A=
, para t0 = 0
0 2
Resolução.
a) Vamos utilizar a equação 2.7 para encontrar eAt . Assim, temos que
2 2 3 3 4 4
1 0 1 2 1 2 1 2 1 2
At
t t t
e =
+
t+
2! +
3! +
4! + . . .
0 1 3 –1 3 –1 3 –1 3 –1
| {z } | {z } | {z } | {z } | {z }
I A A2 A3 A4
1 0 1 2 7 0 t 2 7 14 t 3 49 0 t 4
= + t+ +
2!
+
3!
+...
0 1 3 –1 0 7 21 –7 0 49 4!
| {z } | {z } | {z } | {z } | {z }
I A A2 A3 A4
2 3 4 3
1 + t + 7t2! + 7t3! + 49t +... 2t + 14t +...
= 4! 3!
3 7t – 7t + 49t 4 + . . .
2 3
3t + 21t + . . . 1 – t +
3! 2! 3! 4! 2×2
note que o exponencial da matriz A é uma soma infinita de matrizes, portanto, encontrar
uma fórmula que representa os elementos da matriz eAt , neste caso, é muito complicado.
n
3 0 9 0 27 0 3 0
A = 2
, A = 3
, A = n
, ...,A =
0 2 0 4 0 8 0 2n
portanto
2 3 4
1 0 3 0 3 0 t2 3 0 t3 3
0 t4
At
e = + t+ + + +...
0 1 0 2 0 2 2! 0 2 3! 0
2 4!
2 3
1 0 3 0 9 0 t 27 0 t 0 t4
81
= + t+ + + +...
2! 3!
0 1 0 2 0 4 0 8 16 4!
0
9t 2 27t 3 81t 4
1 + 3t + 2! + 3! + 4! + . . . 0
=
2 3 4
0 4t 8t 16t
1 + 2t + 2! + 3! + 4! + . . .
2×2
38 Capı́tulo 2. Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem
perceba que o elemento que esta na primeira linha e coluna da matriz acima é a expansão
em série de Taylor da função e3t para t0 = 0, e o elemento que esta na segunda linha e
coluna é a expansão em série de Taylor da função e2t para t0 = 0. Assim,
∞ k k Í∞ (3t)k 3t
t 3 0 k=0 k! 0 e 0
Õ
eAt = = = (2.8)
k! 0 2k
0
Í∞ (2t)k 0 e2t
k=0 k=0 k!
note que o cálculo do exponencial de uma matriz diagonal, como é o caso no exemplo b, é
mais simples e rápido se comparado ao exemplo a.
Observamos com esses dois exemplos que o cálculo do exponencial de matrizes diago-
nais são mais simples e rápidos do que matrizes não diagonais. Assim, utilizaremos a
álgebra linear para calcular o exponencial de uma matriz. Para ser mais preciso utilizare-
mos autovalores e autovetores para a diagonalização de uma matriz An×n .
Definição 4 Um vetor não nulo V é chamado de autovetor de A uma matriz n × n com autovalores
λ se
AV = λV (2.9)
AV = λV ⇔ AV – λV = 0 (2.10)
Logo, todo vetor não nulo V e todo número λ (real ou complexo) que satisfaçam a
equação 2.11, será chamado de autovetor e autovalor de An×n , respectivamente.
2.3. Diagonalização - Autovalores reais e distintos 39
chamaremos este polinômio dado pela equação (2.12) de polinômio caracterı́stico. Vale lem-
brar aqui que o grau do polinômio caracterı́stico é igual a ordem da matriz A, assim, se a
matriz A é n × n, então o polinômio será de grau n.
(A – λI)V = 0 (2.13)
P = [V1 V2 . . . Vn ]n×n
© λ1 0 ··· 0ª
®
0 λ · · · 0 ®®
2
P–1 AP = D onde D=.
.. .
.. .. .®
. .. ®®
®
«0 0 · · · λn ¬
n×n
Teorema 5 Teorema fundamental para sistemas lineares . Seja A uma matriz n × n. Então,
para um dado X0 ∈ Rn , o problema de valor inicial
X0 = AX
(2.14)
X(t0 ) = X0
Note que a solução do sistema 2.14 envolve basicamente o cálculo de eA(t–t0 ) . Portanto,
como visto no exemplo 15a, este cálculo pode ser custoso ou pouco útil no sentido de obter
uma solução exata para o sistema 2.14, tudo irá depender da matriz A. Vamos ver alguns
resultados que nos ajudarão no cálculo de eA(t–t0 ) .
Note que se a matriz An×n é diagonalizável como mostra o teorema (4), então pelo
teorema (5) e pela proposição (3), a solução do PVI 2.14 pode ser obtido como segue
Vimos que para calcular o exponencial de uma matriz A devemos utilizar a equação
2.6, porém, existem alguns tipos de matrizes que podemos chamá-las de especiais, pois o
exponencial dessas matrizes são dadas por fórmulas. A seguir vamos apresentar essas
matrizes e seus respectivos exponenciais.
Matrizes Especiais
Sejam α, β ∈ R, então
2.4. Teorema fundamental para sistemas lineares 41
a) Se
α(t–t0 )
α 0 e 0
A= A(t–t )
, então, e = (2.16)
0
0 β 0 e β(t–t0 )
b) Se
α –β cos(β(t – t0 )) –sen(β(t – t0 ))
A = , então, e A(t–t )
0 = e α(t–t )
0 (2.17)
β α sen(β(t – t0 )) cos(β(t – t0 ))
c) Se
α β cos(β(t – t0 )) sen(β(t – t0 ))
A= , então, A(t–t 0 ) = α(t–t 0 ) (2.18)
e e
–β α –sen(β(t – t0 )) cos(β(t – t0 ))
X0 = AX
X(0) = X0
onde
2 –1 2
A = , X0 = (2.19)
3 –2 –3
Resolução. Como o sistema é linear, então a solução para o mesmo é dado pelo teorema
5, ou seja, a solução do sistema é X(t) = eA(t–t0 ) X(t0 ). A matriz A2×2 , dado em 2.19, não se
encaixa em nenhum dos casos especiais mostrados anteriormente, portanto, o cálculo de
eA(t–t0 ) pela definição é difı́cil, custoso e pouco útil. Logo, vamos encontrar os autovalores
e autovetores de A e, assim, tentar diagonalizar esta matriz no sentido dado pelo teorema
4. Primeiramente, vamos encontrar os autovalores de A. Pela proposição 1, os autovalores
de A podem ser encontrados pela equação 2.12. Assim,
© 2 –1 1 0 ª
det(A – λI) = 0 ⇒ det –λ
® = 0
3 –2 0 1
(2.20)
« ¬
© 2 – λ –1 ª
⇒ det ® = 0
3 –2 – λ
« ¬
42 Capı́tulo 2. Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem
© 2 –1 1 0 ª 3 –1 v
(A + I) = e V1 = 1
+ ® = (2.21)
3 –2 0 1 3 –1 v2
« ¬
Portanto
3v1 – v2 = 0
3 –1 v1 0
(A + I)V1 = 0 ⇒ = ⇒ (2.22)
3 –1 v2 0
3v1 – v2 = 0
perceba que na equação 2.22 as linhas da matriz e consequentemente do sistema
de equações são linearmente dependentes (múltiplas), portanto, para resolver-
mos o sistema 2.22 basta tomarmos uma das equações. Assim, para encontrar os
elementos do vetor V temos que resolver a seguinte equação algébrica
logo, qualquer par (v1 , v2 ) que satisfaça a equação 2.23 constituirá um autovetor
para a matriz A. Vale ressaltar aqui que não existe autovetor nulo, portanto o par
(0, 0) esta descartado como solução de 2.23. Então, tomando v1 = 1 (por exemplo),
então v2 = 3, e assim, um autovetor de A associado à λ1 = –1 será
v1 1
V1 = =
v2 3
© 2 –1 1 0 ª v1 0
(A – I)V2 = 0 ⇒ – ® =
« 3 –2 0 1 ¬ v2 0
(2.24)
v1 – v2 = 0
1 –1 v1 0
= =⇒
⇒
3 –3 v2 0
3v1 – 3v2 = 0
2.4. Teorema fundamental para sistemas lineares 43
1 1
P = [V1 V2 ]2×2 = (2.26)
3 1
2×2
e, portanto
1 –1 1
P–1 = (2.27)
2 3 –1
2×2
e, pelo teorema 4, temos que D = P–1 AP, ou seja,
–1 0
D=
(2.28)
0 1
2×2
Sabemos que A = PDP–1 , então pela proposição 3, temos que eA(t–t0 ) = PeD(t–t0 ) P–1 .
Logo, pelo teorema 5 temos que a solução do PVI é
–t
–1 0 e 0
D=
Dt
=⇒ e =
(2.31)
0 1
t
0 e
2×2 2×2
44 Capı́tulo 2. Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem
Assim;
t
1 1 e 0 1 –1 1
PeDt P–1 =
3 1
0 e–t
2 3 –1
2×2 2×2 2×2
et e–t 1 –1 1
= (2.32)
3et e–t
2 3 –1
2×2 2×2
–t t
1 3e – e et – e–t
=
2 3e–t – 3et 3et – e–t
2×2
1 3e–t – et et – e–t 2
=
2 3e–t – 3et t
3e – e –t
–3
(2.33)
2×2 2×1
1 9e–t – 5et
=
2 9e–t – 15et
2×1
P = [V1 U1 V2 U2 . . . Vn Un ]2n×2n
é invertı́vel e
©aj –bj ª
P–1 AP = diag ®
b
« j a j¬
2.5. Diagonalização - Autovalores Complexos 45
Q = [U1 V1 U2 V2 . . . Un Vn ]2n×2n
então
© aj bj ª
Q –1 AQ = diag ®
–b a
« j j¬
X0 = AX
X(0) = X0
onde
–1 1 0
A=
, X0 =
(2.35)
–1 –1 1
Resolução. Como o sistema é linear, então a solução para o mesmo, é dado pelo teorema
5, ou seja, a solução do sistema é X(t) = eA(t–t0 ) X(t0 ). A matriz A2×2 , dado em 2.35, é uma
matriz especial (veja a equação 2.18), e como t0 = 0, então, podemos calcular o eAt de
46 Capı́tulo 2. Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem
forma direta. Assim, comparando a matriz 2.35 com a matriz 2.18, temos que α = –1 e
β = 1, portanto
–1 1 cos(t) sen(t)
A=
, então, eAt = e–t (2.36)
–1 –1 –sen(t) cos(t)
desta forma pelo teorema 5 a solução do PVI é
cos(t) sen(t) 0
–t
=e
–sen(t) cos(t) 1 (2.37)
sen(t)
=e–t
cos(t)
Exemplo 18 Resolva o seguinte PVI
X0 = AX
X(0) = X0
onde
–3 2 1
A=
, X 0 = (2.38)
–4 1 1
Resolução. Pelo teorema 5 a solução do sistema é X(t) = eAt X(t0 ). Note que a matriz A2×2 ,
dado em 2.38, não é um caso especial de matriz, e, portanto, vamos diagonalizar a matriz
A. Primeiramente, vamos encontrar os autovalores de A,
© –3 2 1 0 ª
det(A – λI) = 0 ⇒ det –λ
® = 0
–4 1 0 1
(2.39)
« ¬
© –3 – λ 2 ª
⇒ det ® = 0
–4 1 – λ
« ¬
portanto, o polinômio caracterı́stico é: λ2 + 2λ + 5 = 0, e portanto, os autovalores de A
são: λ1 = –1 + 2i e λ2 = –1 – 2i. Os autovalores são complexos, e desta forma, a matriz
A é diagonalizável no sentido do teorema 6. Agora, vamos determinar os autovetores
associados aos autovalores
2.5. Diagonalização - Autovalores Complexos 47
© –3 2 1 – 2i 0 –2 – 2i 2
(A + (1 – 2i)I) = +
® = (2.40)
ª
« –4 1 0 1 – 2i –4 2 – 2i
¬
Portanto
–2 – 2i 2 w1 0
(A + (1 – 2i)I)W1 = 0 ⇒ =
–4 2 – 2i w2 0 (2.41)
| {z }
det=0, verifique !
como o det(A + (1 – 2i)I) = 0, isso implica que, as linhas e colunas de A + (1 – 2i)I são
linearmente dependentes, logo, para encontrar os autovetores podemos eliminar
umas dessas linhas. Vamos eliminar, por exemplo, a segunda linha da matriz A +
(1 – 2i)I, e desta forma, para encontrar os autovetores deve-se resolver a seguinte
equação
w1 1 1 0
W1 =
= = +i
w2 1 + i 1 1
|{z} |{z}
U1 V1
0 1 –1 1
P =[V1 U1 ]2×2 = –1
e P = (2.43)
1 1 1 0
2×2 2×2
Logo, pelo teorema 6 temos que
–1 –2
P–1 AP = D = (2.44)
2 –1
2×2
Pelo teorema 6 sabemos que A = PDP–1 , então pela proposição 3 temos que eA(t–t0 ) =
PeD(t–t0 ) P–1 . Logo, pelo teorema 5 temos que a solução do PVI é
–t
1 1 e 0 1 –1 1
PeDt P–1 =
3 1
0 e
t 2 3 –1
2×2 2×2 2×2
e–t et 1 –1 1
= (2.48)
3e–t et
2 3 –1
2×2 2×2
t –t
1 3e – e e–t – et
=
2 3et – 3e–t 3e–t – et
2×2
portanto, a solução do PVI (2.38) é
(A – λI)k Vk = 0
Definição 6 Uma matriz Nn×n é dita ser nilpotente de ordem k, se Nk–1 , [0] e Nk = [0].
Observação: Aqui definimos [0] como sendo a matriz nula, ou seja, [0] representa a matriz
cujos elementos são todos nulos.
P = [V1 V2 . . . Vn ]n×n
é invertı́vel e A = S + N, onde
©λ1 0 ··· 0ª
®
0 λ · · · 0 ®®
2
P–1 SP = D onde D=.
.. .
.. .. .®
. .. ®®
®
«0 0 · · · λn ¬
50 Capı́tulo 2. Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem
Teorema 8 Se a matriz real A2n×2n tem 2n autovalores complexos λj = aj + ibj e λj = aj – ibj . Há
uma base de autovetores generalizados complexos Wj = Uj + iVj e W j = Uj – iVj , j = 1, . . . , n, para
C2n e {U1 , V1 , . . . , Un , Vn } é uma base para R2n . A matriz
P = [V1 U1 V2 U2 . . . Vn Un ]2n×2n
é invertı́vel,
A=S+N
onde
©aj –bj ª
P–1 SP = diag ®
b
« j a j¬
eS+N = eS eN
Corolário 1 Sob as hipóteses do teorema 5 (ou teorema 6), o sistema linear X0 = AX, junto com a
condição inicial X(t0 ) = X0 , tem a solução
X(t) =eA(t–t0 ) X0
=e(S+N)(t–t0 ) X0
=eS(t–t0 ) eN(t–t0 ) X0
k–1 n (2.50)
N (t – t0 )n ª
=PeD(t–t0 ) P–1
Õ
® X0
©
n!
«"n=0 ¬ #
N k–1 (t – t )k–1
0
=PeD(t–t0 ) P–1 I + N(t – t0 ) + . . . + X0
(k – 1)!
2.6. Diagonalização - Autovalores múltiplos 51
X0 = AX
X(0) = X0
onde
–1 1 2
A = , X0 = (2.52)
–1 –3 –1
Resolução. Sabemos que a solução do sistema acima é X(t) = eA(t–t0 ) X(t0 ). Como a matriz
A2×2 não pertence a classe de matrizes especiais, então, vamos diagonalizar esta matriz.
Primeiramente, vamos encontrar os autovalores de A,
© –1 1 1 0 ª
det(A – λI) = 0 ⇒ det –λ
® = 0
–1 –3 0 1
(2.53)
« ¬
© –1 – λ 1 ª
⇒ det ® = 0
–1 –3 – λ
« ¬
© –1 1 2 0 ª 1 1
(A + 2I) = + ® =
(2.54)
–1 –3 0 2 –1 –1
« ¬
Portanto
v1 + v2 = 0
1 1 v1 0
(A + 2I)V1 = 0 ⇒ = =⇒ (2.55)
–1 –1 v2 0
–v1 – v2 = 0
como as linhas do sistema acima são múltiplas, isso implica que para encontrarmos
um autovetor de A associado à λ = –2 deve-se resolver a seguinte equação
v1 + v2 = 0 =⇒ v2 = –v1 (2.56)
perceba que qualquer vetor V2 resolve o sistema acima, uma vez que a matriz
nula multiplicada pelo vetor V2 deve resultar no vetor nulo. Porém, como queremos
encontrar o autovetor generalizado devemos tomar dois cuidados, o primeiros deles
é: V2 não pode ser o vetor nulo (pela definição de autovetor), e o segundo cuidado
é: como queremos construir uma base para o R2 , o vetor V2 deve ser linearmente
independente com o autovetor V1 . Como V1 = –11 então podemos tomar, por
exemplo, o vetor
v1 1
V2 =
=
v2 0
2.6. Diagonalização - Autovalores múltiplos 53
portanto, os vetores {V1 , V2 } formam uma base para o R2 , logo, podemos utilizar o
teorema 7 para encontrar a solução do PVI 2.52. Primeiramente, vamos construir a
matriz P
1 1 0 –1
P =[V1 V2 ]2×2 = –1
e P =
(2.58)
–1 0 1 1
2×2 2×2
–2 0 1 0
D=
= –2
= –2I2×2 (2.59)
0 –2 0 1
2×2 2×2
e, portanto,
–2 0
S= PDP–1 =⇒ S = D =
(2.60)
0 –2
2×2
Assim, pelo teorema 7, A = S + N, então
1 1
N = A – S =⇒ N = A + 2I = (2.61)
–1 –1
2×2
e, pela equação 2.57 temos que a matriz N é nilpotente de ordem 2, ou seja, N , [0] e
N2 = [0]. Assim, a solução do PVI dado pelo corolário 1 é
=eλt [I + Nt] X0
© 1 0 1 1 ª 2
–2t
=e + (2.62)
t®
0 1 –1 –1 –1
« ¬
1+t t 2
–2t
=e
–t 1 – t –1
2+t
=e–2t
–1 – t
54 Capı́tulo 2. Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem
X0 = AX + F(t) (2.63)
X0 = AX + F(t)
(2.64)
X(t0 ) = X0
é única, e é dada por
∫ t
X(t) = eA(t–t0 ) X 0 + eA(t–t0 ) eA(s0 –s) F(s)ds (2.65)
t0
–1
onde eA(s0 –s) = eA(s–s0 ) . Se t0 = 0, então a equação (2.65) torna-se
∫ t
X(t) = eAt X 0 + eAt e–As F(s)ds (2.66)
0
–1
onde e–As = eAs .
Perceba que para resolver o sistema não homogêneo 2.64 necessitamos conhecer a
solução do sistema homogêneo, ou seja, devemos conhecer eA(t–t0 ) .
X0 = AX + F(t)
(2.67)
X(0) = X0
onde
–1 1 2 0
A=
, X0 =
, F(t) =
2 ,
(2.68)
–1 –3 –1 t
2.7. Sistemas Lineares Não Homogêneos 55
Resolução. Já resolvemos a parte homogênea desse sistema no exemplo 2.52, portanto
temos que
1+t t 2+t
eAt = e–2t , e que , eAt X0 =e–2t (2.69)
–t 1 – t –1 – t
Olhando a equação 2.69 precisamos calcular agora e–At = (eAt )–1 . Assim;
1 – t –t
e–At = e2t (2.70)
t 1+t
∫t
Olhando novamente a equação 2.66 precisamos resolver a integral 0 e–As F(s)ds. Assim,
temos que
1 – s –s 0 –s3
–As 2s
e F(s)ds =e 2s
=e (2.71)
s 1 + s s2
2 3
s +s
logo
–e2s s3
∫ t ∫ t
e–As F(s)ds =
2s 2 2s 3 ds
0 0 e s +e s
∫t
– 0 e2s s3 ds
= ∫t
∫t
2s 2 2s
0 e s ds + 0 e s ds 3
(2.72)
1 2s t
8 e (–4s3 + 6s2 – 6s + 3)
=
81 e2s (4s3 – 2s2 + 2s – 1)
0
1 2t
8 e (–4t 3 + 6t 2 – 6t + 3) – 3
=
81 e2t (2t – 1)(2t 2 + 1) + 1
portanto, temos que
1 2t 3 + 6t 2 – 6t + 3) – 3
1 + (–4t
∫ t
t t e
eAt e–As F(s)ds = e–2t 8
1 2t
0 –t 1 – t 8 e (2t – 1)(2t 2 + 1) + 1
2×2 2×1
(2.73)
1 2 3
4 (t – te–2t ) + 8 (1 – e–2t ) – 2t
=
1 2 –2t 1
4 (t + te ) – 8 (1 + e ) –2t
2×1
56 Capı́tulo 2. Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem
2.8 Exercı́cios
1. Resolva o problema de valor inicial abaixo:
X0 = AX
.
X(0) = X0
onde
(a)
3 –2 1
A=
, X 0 =
2 –2 2
(b)
1 –2 0
A=
, X =
0
3 –4 1
(c)
1 1 2 1
A = 1 2 1 , X0 = 0
2 1 1 0
(d)
3 –2 –1
A = , X0 =
4 –1 2
(e)
–1 –4 –1
A=
, X0 =
1 –1 2
2.8. Exerc´ıcios 57
(f)
– 41 1
0 1
A=
1
–1 – 4 0 , X0 = 2
0 0 –4 1
3
(g)
3 –4 1
A=
, X0 =
1 –1 1
(h)
1 –4 –1
A = , X0 =
4 –7 2
(i)
1 0 0 1
A = –4 1 0 , X0 = 2
3 6 2 3
2. Resolva o sistema não homogêneo abaixo;
X0 = AX + F
.
X(0) = X0
onde
(a)
3 –2 0 1
A = , F= X0 =
2 –2 cos(t) 2
(b)
3 –2 0 1
A=
, F = X 0 =
2 –2 sen(t) 2
(c)
–1 –4 0 –1
A=
, F=
X0 =
1 –1 sen(t) 2
(d)
1 –4 0 –1
A = , F= X0 =
4 –7 cos(t) 2
CAPÍTULO 3
Equações diferenciais
ordinárias de ordem
superior
Definição 7 Uma equação diferencial ordinária linear de ordem n é definido como segue:
1. O coeficiente an (t) , 0, ∀t
Como an (t) , 0, então dividiremos toda a equação 3.1 por an (t), obtendo assim, a
seguinte equação diferencial.
onde
an–1 (t) a1 (t) a0 (t) F(t)
pn–1 (t) = , . . . , p1 (t) = , p0 (t) = , f (t) = (3.3)
an (t) an (t) an (t) an (t)
Definição 8 Se f (t) ≡ 0 na equação 3.2, então dizemos que a equação diferencial
Como a equação 3.2 é uma edo de ordem n, então será necessário introduzir n condições
iniciais para resolvermos um determinado problema de valor inicial relacionado à equação
3.2. Desta forma, novamente surge a questão de existência e unicidade para problemas
de valor inicial envolvendo equações de ordem superior. Assim, como as edos de pri-
meira ordem, as equações diferenciais de ordem superior também possui um teorema de
existência e unicidade, o qual apresentaremos a seguir.
Definido o TEU, precisamos agora obter as soluções para as edos de ordem supe-
rior. Assim, começaremos a nossa análise pelas equações homogêneas com coeficientes
constantes.
também é uma solução da equação diferencial 3.9. Perceba olhando a equação 3.10 que
temos 1 (uma) equação e n incógnitas, portanto, existem uma infinidade de possibilidades
para as constantes Ci (i = 1, . . . , n). Desta forma, vamos determinar condições para que
62 Capı́tulo 3. Equações diferenciais ordinárias de ordem superior
existam constantes Ci (i = 1, . . . , n) tal que, a equação 3.10 se torne uma solução do PVI
3.9, ou seja, que a equação 3.10 se transforme na solução única do PVI. Primeiramente,
para encontremos valores únicos para constantes Ci , devemos resolver um sistema com n
equações e n incógnitas. Como temos a solução 3.10, podemos deriva-lá n – 1 vezes, assim,
obtendo
utilizando as condições iniciais dadas no PVI 3.9, ou seja, y(t0 ) = b1 , y0(t0 ) = b2 , yn–1 (t0 ) =
bn , temos que o sistema 3.12 torna-se
AX = B (3.14)
onde
y1 (t0 ) y2 (t0 ) ··· yn (t0 ) C1 b1
y1 (t0 ) y02 (t0 ) · · · yn (t0 )
0 0 C2 b2
A= , X = . , B=
.. .. .. .. ..
. . . . .. .
(n–1)
y1 (t0 ) y(n–1) (t0 ) (n–1)
· · · yn (t0 )
2
Cn bn
n×n n×1 n×1
63
Note que a matriz A é constituı́da pelas soluções da equação homogênea y1 (t), y2 (t), . . . , yn (t),
e suas derivadas até a ordem n–1, aplicados no ponto inicial t0 . Da Álgebra Linear sabemos
que o sistema 3.14 tem solução única (a solução é X = A–1 B) se a matriz A é invertı́vel, mas
a matriz A é invertı́vel se, e somente se, det(A) , 0, ou seja,
Teorema 12 Sejam y1 (t), y2 (t), . . . , yn (t) soluções da equação 3.4, e seja t0 ∈ R, então se
Definição 9 O determinante
a) Se W(y1 , y2 , . . . , yn )(t) = 0, então o conjunto {y1 (t), y2 (t), . . . , yn (t)} é linearmente depen-
dente (LD).
b) Se W(y1 , y2 , . . . , yn )(t) , 0, então o conjunto {y1 (t), y2 (t), . . . , yn (t)} é linearmente inde-
pendente (LI).
Definição 10 Sejam y1 (t), y2 (t), . . . , yn (t) soluções da equação diferencial ordinária 3.4, então se
W(y1 , y2 , . . . , yn )(t) , 0 dizemos que essas soluções formam um conjunto fundamental de soluções
para a equação 3.4. Além disso, se {y1 (t), y2 (t), . . . , yn (t)} formam um conjunto fundamental de
soluções para a equação 3.4, então a solução
Uma equação diferencial homogênea com coeficientes constantes pode ser escrita como
y = ert
y0 = rert
..
. (3.19)
y(n) = rn ert
verifique que cada uma das funções acima resolvem a edo 3.18. Portanto, pelo princı́pio
da superposição de soluções temos que
também é solução da edo. Para chamarmos a equação 3.23 de solução geral da edo, de-
vemos verificar se o Wronskiano formado pelas soluções apresentadas na equação 3.22
formam um conjunto LI.
Resolução. A equação acima é linear e homogênea de segunda ordem, portanto, temos que a candi-
data a solução é y = ert . Logo, y0 = rert e y00 = r2 ert , assim, substituindo y, y0 e y00 na equação 3.24
vamos obter
como ert , 0 então temos que r2 + 5r + 6 = 0 polinômio caracterı́stico , cujas duas soluções
são: r1 = –3 e r2 = –2, portanto, as duas soluções da equação 3.24 são: y1 = er1 t = e–3t e
y2 = er2 t = e–2t . Para verificar se {y1 , y2 } formam um conjunto fundamental de soluções, vamos
calcular o Wronskiano. Assim;
y1 (t) y2 (t) ª
W(y1 , y2 )(t) = det
© ®
y1 (t) y2 (t) ¬
0 0
«
e–3t e–2t ª (3.26)
= det
© ®
–3e–3t –2e–2t ¬
«
= –2e–5t + 3e–5t = e–5t , 0 ∀t
como W(y1 , y2 )(t) , 0, então {y1 , y2 } formam um conjunto fundamental, e portanto, pelo princı́pio
da superposição de soluções, a solução geral da equação 3.24 é
y = C1 y1 + C2 y2
(3.27)
= C1 e–3t + C2 e–2t
67
y(0) = C1 e0 + C2 e0 C1 + C2 = 1
=⇒ (3.30)
1 1 C1 1
= (3.31)
–3 –2 C2 –1
| {z } | {z } |{z}
A X B
O sistema acima tem solução se, o determinante da matriz A é diferente de zero. Perceba que
o determinante de A é o Wronskiano das soluções y1 e y2 aplicados no ponto inicial t0 = 0. Como
W(y1 , y2 )(t) = e–5t , então temos que W(y1 , y2 )(0) = 1, logo a matriz A tem inversa, e portanto, a
solução do sistema 3.31 é
–1
C1 1 1 1
=
C2 –3 –2 –1
–2 –1 1
= (3.32)
3 1 –1
–1
=
2
ou seja, temos que C1 = –1 e C2 = 2. Assim, a solução do PVI é
Sempre quando encontramos uma raiz para um polinômio de grau maior ou igual a 2
(dois), e essa raiz é complexa, automaticamente encontraremos uma segunda solução
para este polinômio que será o conjugado desta primeira solução encontrada.
Assim, vamos supor que r1 = a + ib e r2 = a – ib são as raı́zes complexa e o seu
conjugado, respectivamente, de um polinômio caracterı́stico oriundo de uma edo, cujo
grau do polinômio é maior ou igual a 2 (dois).
Então, temos que as duas soluções da edo são:
Logo, temos duas soluções para a edo, porém em ambas, aparece o número complexo
i. Aqui queremos encontrar soluções para uma dada edo no espaço vetorial real, desta
forma, temos que eliminar este número complexo das soluções da edo.
Sabe-se pelo princı́pio da superposição de soluções que, a combinação linear de
soluções também é uma solução para a edo. Então, devemos fazer duas combinações
lineares com y1 e y2 de forma que, essas combinações lineares formem duas novas funções
linearmente independentes. Assim, podemos tomar a primeira combinação linear como
sendo
y1 + y2
u= =⇒ u = eat cos (bt) (3.37)
2
e, portanto, u = eat cos (bt) é a primeira solução da edo. Como segunda combinação linear
vamos tomar
y1 – y2
v= =⇒ v = eat sen(bt) (3.38)
2i
69
Resolução. A equação acima é linear e homogênea de segunda ordem, portanto, temos que a candi-
data a solução é y = ert . Logo, y0 = rert e y00 = r2 ert , assim, substituindo y, y0 e y00 na equação 3.40
vamos obter que o polinômio caracterı́stico é
r2 + 4r + 5 = 0 (3.41)
cujas soluções são: r1 = –2 + i e r2 = –2 – i. Comparando com o que foi discutido acima temos
que a = –2 e b = 1. Portanto, como as duas soluções da equação 3.40 são: u = eat cos(bt) e
v = eat sen(bt), então temos, u = e–2t cos(t) e v = e–2t sen(t). Para verificar se {u, v} formam um
conjunto fundamental de soluções, vamos calcular o Wronskiano. Assim;
u v ª
W(u, v)(t) = det
© ®
0 0
u v ¬
«
e–2t cos(t) e–2t sen(t) (3.42)
= det
© ª
®
–2t –2t –2t –2t
–2e cos(t) – e sen(t) –2e sen(t) + e cos(t) ¬
«
= e–4t , 0 ∀t
como W(u, v)(t) , 0, então {u, v} formam um conjunto fundamental, e portanto, pelo princı́pio da
superposição de soluções, a solução geral da equação 3.40 é
y(0) = C1 C1 = 2
=⇒ (3.46)
Vamos supor agora que a equação diferencial 3.18 gerou o polinômio caracterı́stico 3.21
e esse polinômio tem raı́zes repetidas, ou seja, o polinômio tem, por exemplo, uma raiz
r com multiplicidade k ≤ n. O problema que surge agora é o seguinte: essa raiz r gera k
soluções da edo, a saber
e essas soluções devem ser linearmente independentes, mas como essas raı́zes são todas
repetidas, r1 = r2 = . . . = rk , então o conjunto {y1 , y2 , . . . , yk } é linearmente dependente,
pois W(y1 , y2 , . . . , yk ) = 0.
Perceba que não podemos utilizar todas as equações em 3.48 para formar a solução
geral da edo, na verdade poderemos utilizar apenas uma delas e devemos descartar todas
as outras k – 1 soluções.
71
A pergunta então é: como encontrar essas outras k – 1 soluções?. Para isso iremos
utilizar o método da redução de ordem.
Para entendermos como funciona este método, utilizaremos o mesmo em um caso parti-
cular, ou seja, vamos aplicá-lo em uma edo de segunda ordem.
Dado a edo linear homogênea de segunda ordem abaixo,
r2 + ar + b = 0 (3.50)
a
r1 = r2 = –
2
a
onde y1 (t) é uma solução obtida (conhecida) da edo, a saber, y1 (t) = e– 2 t e γ(t) é uma função
desconhecida que precisamos encontrar. Portanto, a questão que se coloca é: sempre será
possı́vel encontrar γ(t) que faz com que a equação 3.52 seja a solução geral da edo 3.49?
Veremos que a resposta é sim, a equação 3.52 será a solução da edo.
72 Capı́tulo 3. Equações diferenciais ordinárias de ordem superior
Bom, se estamos supondo que y(t) = γ(t)y1 (t) é solução da edo, então vamos derivá-la
duas vezes e substituir y e suas derivadas na equação 3.49. Assim,
logo, substituindo 3.53 em 3.49, e após algumas manipulações algébricas, vamos obter
que
γ00(t) = 0 (3.54)
Vamos agora reduzir a ordem da equação 3.54, ou seja, considerando que β(t) = γ0(t)
então, β0(t) = γ00(t) e, assim, a equação 3.54 pode ser reescrita como
β0(t) = 0 =⇒ β = C1 , C1 ∈ R (3.55)
assim, a equação 3.56 diz que a função procurada é um polinômio do primeiro grau.
Dado que encontramos a função γ(t), logo, a solução geral da equação diferencial
dado pela equação 3.52 é
y(t) = γ(t)y1 (t)
a
= (C1 t + C0 )e– 2 t
(3.57)
a a
= C0 e– 2 t +C1 te– 2 t
|{z} |{z}
y1 y2
a
note que na equação 3.57 temos duas soluções para a edo. A primeira y1 = e– 2 t é a solução
a
encontrada através do polinômio caracterı́stico, e a segunda y2 = te– 2 t foi encontrada
utilizando o método da redução de ordem. Além disso, a equação 3.57 é a solução geral,
pois y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções, ou seja, W(y1 , y2 )(t) , 0, ∀t
(verifique !)
Aplicaremos o método da redução de ordem em uma edo de ordem n. Tomemos a
equação diferencial 3.18 e vamos supor que existe uma raiz r do polinômio caracterı́stico
73
desta equação que tem multiplicidade k ≤ n. Assim, conhecemos uma solução para a edo
3.18, a saber
y1 (t) = ert , (3.58)
Pelo método da redução de ordem, vamos supor que, a solução geral da equação 3.18 é
0 (t) = 0 =⇒ β (t) = C , C
βk–1 (3.62)
k–1 k–1 k–1 ∈ R
r2 + 4r + 4 = 0 (3.67)
cujas duas soluções são: r = –2 com multiplicidade 2. Como as raı́zes são repetidas, então pelo
método da redução de ordem a solução geral da edo é:
e pela equação 3.64 temos que a função γ(t) é um polinômio cuja ordem é obtido subtraindo 1(um)
da multiplicidade da solução do polinômio caracterı́stico. Logo, como a multiplicidade é 2, então
temos que γ(t) é um polinômio de grau 1 (um), e desta forma a solução geral da edo é
Sabemos que as duas soluções da edo são: y1 = e–2t e y2 = te–2t e, vamos verificar se elas formam
um conjunto fundamental de soluções, ou seja, vamos calcular o Wronskiano. Assim;
y1 y2 ª
W(y1 , y2 )(t) = det
© ®
0 0
y1 y2 ¬
«
e–2t te–2t (3.70)
= det
© ª
®
–2e –2t –2t
e – 2te–2t
« ¬
= e–4t , 0 ∀t
y00 + 4y0 + 4y = 0
(3.71)
y(0) = –1
y0(0) = 4
75
Resolução. A solução geral da equação diferencial é y = (C0 + C1 t)e–2t . Para encontrar os valores
de C0 e C1 , devemos resolver o sistema de equações abaixo;
y(0) = C0 C0 = –1
=⇒ (3.73)
Pela definição 7 temos que uma equação diferencial não homogênea é toda equação que
pode ser escrita como
Teorema 14 Seja yp (t) uma solução particular da equação 3.75 e seja yh (t) a solução da equação
diferencial homogênea associada a equação 3.75. Então, a solução geral da equação não homogênea
3.75 é
y(t) = yh (t) + yp (t) (3.77)
Pelo teorema 14 a solução geral de uma edo não homogênea é dada pela soma de
duas funções, onde uma delas nesse momento já sabemos como encontrá-la, ou seja,
76 Capı́tulo 3. Equações diferenciais ordinárias de ordem superior
a função yh (t) (solução da homogênea associada) pode ser encontrada como mostrado
nas seções anteriores. Assim, devemos encontrar a solução particular yp (t). Antes de
apresentarmos os métodos que utilizaremos para encontrar yp (t), vamos tentar tirar
informações importantes sobre a solução particular.
Perceba que se a equação 3.77 é solução da edo não homogênea, então ela deve resolver
a equação 3.75. Assim, derivando y(t) = yp (t) + yh (t), n vezes com relação a t, ou seja
y(n)
h
(t) + pn–1 (t)y(n–1)
h
(t) + . . . + p1 (t)y(1)
h
(t) + p0 (t)yh (t) +y(n) (n–1)
p (t) + pn–1 (t)yp (t)
| {z }
=0, pois yh (t) é solução da homogênea associada
+ . . . + p1 (t)y(1)
p (t) + p0 (t)yp (t) = f (t)
=⇒ y(n) (n–1)
p (t) + pn–1 (t)yp (t) + . . . + p1 (t)y(1)
p (t) + p0 (t)yp (t) = f (t)
Portanto, encontrar a solução particular, yp (t), que resolve a equação não homogênea,
é equivalente a encontrar uma função que, quando substituı́mos a mesma na edo não
homogênea o lado esquerdo da igualdade resulta na função f (t), como mostra a equação
abaixo
y(n) (n–1)
p (t) + pn–1 (t)yp (t) + . . . + p1 (t)y(1)
p (t) + p0 (t)yp (t) = f (t) (3.80)
Neste texto apresentaremos dois métodos para encontrar a solução particular yp (t) de
uma equação não homogênea, a saber: método dos coeficientes indeterminados e método
da variação de parâmetros.
77
Este método pode ser aplicado em equações diferenciais não homogêneas onde os coefici-
entes da equação são constantes. Vamos tomar uma edo não homogênea com coeficientes
constantes
y(n) + pn–1 y(n–1) + . . . + p1 y(1) + p0 y = f (t) (3.81)
3. Se
f (t) = a0 cos (ηt) ou
5. Se
f (t) = a0 eηt cos (θt) ou
6. Se
com a0 , . . . , an ∈ R e b0 , . . . , bn ∈ R
(3.89)
então a forma da solução particular é
(3.90)
onde A0 , . . . , An e B0 , . . . , Bn são os coeficientes indeterminados.
Pelo teorema 14 a solução da equação 3.91 é y(t) = yh (t)+yp (t). Primeiramente, vamos encontrar
a solução da equação homogênea associada, ou seja, vamos resolver
A equação caracterı́stica é
r2 + 2r + 2y = 0 (3.93)
cujas raı́zes são r1 = –1 + i e r2 = –1 – i. Assim, como visto na seção 3.0.4 a solução da equação
homogênea associada é
yh (t) = C1 e–t cos (t) + C2 e–t sen(t) (3.94)
Na equação 3.91 temos que f (t) = et sen(t), e, esta função se enquadra no caso (5) (mostrado
anteriormente). Assim, a solução particular é
comparando as equações 3.94 e 3.95 percebemos que não há repetição entre yh (t) e yp (t), logo s = 0,
e portanto, a solução particular é
2A1 et cos (t) – 2A0 et sen(t) + 2((A0 + A1 )et cos (t) + (A1 – A0 )et sen(t))+
(3.98)
2(A0 et cos (t) + A1 et sen(t)) = et sen(t)
(4A1 + 4A0 )et cos (t) + (4A1 – 4A0 )et sen(t) = et sen(t) (3.99)
Comparando os coeficientes de et cos (t) e et sen(t) em ambos os lados da equação 3.99, vamos
obter o seguinte sistema linear
4A1 + 4A0 = 0
(3.100)
4A1 – 4A0 = 1
que tem como solução A0 = – 81 e A1 = 81 . Assim, uma solução particular da equação não homogênea
é
1 1
yp (t) = – et cos (t) + et sen(t) (3.101)
8 8
80 Capı́tulo 3. Equações diferenciais ordinárias de ordem superior
1
y( t) = C1 e–t cos (t) + C2 e–t sen(t) – et (cos (t) – sen(t)) (3.102)
8
Pelo teorema 14 a solução da equação 3.103 é y(t) = yh (t) + yp (t). Primeiramente, vamos
encontrar a solução da equação homogênea associada, ou seja, vamos resolver
A equação caracterı́stica é
r2 + 2r + 1 = 0 (3.105)
cujas raı́zes são r = –1 com multiplicidade 2. Logo, a solução da equação homogênea associada é
Na equação 3.103 temos que f (t) = (1 + t)e–t , e esta função se enquadra no caso (4). Assim, a
solução particular é
yp (t) = t 2 e–t (A0 + A1 t) (3.107)
Comparando os coeficientes de ambos os lados da equação acima, vamos obter o seguinte sistema
linear
2A0 = 1
(3.111)
6A1 = 1
que tem como solução A0 = 21 e A1 = 61 . Assim, uma solução particular da equação não homogênea
é
1 1 2 –t
yp (t) = + t t e (3.112)
2 6
e a solução geral da equação não homogênea é;
1 1 2 –t
y( t) = (C0 + C1 t)e–t + + t t e (3.113)
2 6
Vamos considerar que y1 (t) e y2 (t) são as soluções da equação homogênea associada
correspondente a equação 3.114. Portanto, neste caso temos que a solução da homogênea
associada é
yh (t) = C1 y1 (t) + C2 y2 (t) (3.115)
Vamos procurar uma solução particular yp (t) da equação não homogênea, e para isso
vamos fazer a seguinte hipótese. Vamos pegar a solução da homogênea associada 3.115 e
no lugar das constantes C1 e C2 , vamos substituı́-las por novas funções desconhecidas
u1 (t) e u2 (t), respectivamente. Assim, a solução particular torna-se
Logo, se a equação 3.116 é uma solução particular da equação 3.114, então vamos subs-
tituir yp (t), y0p (t) e y00
p (t) na equação 3.114, com o objetivo de encontrar as funções u1 (t) e
u2 (t). Portanto,
y0p (t) = u01 (t)y1 (t) + u1 (t)y01 (t) + u02 (t)y2 (t) + u2 (t)y02 (t) (3.117)
Note que na equação 3.117 temos, 1 (uma) equação e 4(quatro) incógnitas, pois, não
conhecemos as funções u1 (t) e u2 (t), e nem as derivadas dessas funções. Perceba que,
neste processo de derivação, passamos de 2(duas) incógnitas (veja 3.116), para 4(quatro)
incógnitas (veja 3.117), logo, fica evidente que, quando derivamos complicamos ainda
mais o problema. Afim de simplificar o problema, iremos fazer uma hipótese, que é a
seguinte: vamos considerar que a soma de todos os termos na equação 3.117 que envolvem
u01 (t) e u02 (t) é igual a zero, ou seja,
y00 0 0 00 0 0 00
p (t) = u1 (t)y1 (t) + u1 (t)y1 (t) + u2 (t)y2 (t) + u2 (t)y2 (t) (3.120)
Logo, substituindo 3.119 e 3.120 na equação 3.114, e após algumas simplificações iremos
obter
u01 (t)y01 (t) + u02 (t)y02 (t) = f (t) (3.121)
Note que a equação 3.121 depende da hipótese feita em 3.118 e, além disso, perceba que
em ambas as equações, as únicas incógnitas são u01 (t) e u02 (t). Como essas equações tem as
mesmas incógnitas, e a equação 3.121 é verdadeira se 3.118 for verdadeira, então iremos
formar um sistema com essas duas equações que devem ser satisfeitas simultaneamente.
Logo, para encontrarmos u01 (t) e u02 (t), devemos resolver o sistema abaixo
A questão agora é, será que o sistema 3.122 sempre tem solução? Para respondermos
essa questão, vamos reescrever o sistema 3.122 na forma matricial, ou seja, na forma
AX = B. Logo, o sistema 3.122, torna-se
Para uma equação diferencial não homogênea de ordem n, a ideia é a mesma que
demonstramos para a equação diferencial de segunda ordem. Assim, tomando um edo
não homogênea de ordem n
Para propor uma solução particular vamos tomar a solução da homogênea asso-
ciada e, no lugar das constantes C1 , C2 , . . . , Cn vamos substituı́-las por novas funções
u1 (t), u2 (t), . . . , un (t). Logo, temos que
Para encontrar essas funções desconhecidas vamos derivar a equação 3.128 n vezes,
porém, a cada nova derivada iremos considerar que a soma dos termos que aparecem
u01 (t), u02 (t), . . . , u0n (t) é igual a zero, assim obtendo n – 1 equações, processo análogo ao
feito anteriormente (veja equação 3.118). Depois de obtidas as n derivadas de yp (t), vamos
substituir as mesmas na equação não homogênea, obtendo assim, o seguinte sistema
u01 (t)y1 (t) + u02 (t)y2 (t) + · · · + u0n (t)yn (t) = 0
u01 (t)y01 (t) + u02 (t)y02 (t) + · · · + u0n (t)y0n (t) = 0
(3.129)
u01 (t)y00
1 (t) + u02 (t)y00
2 (t) + · · · + u0n (t)y00
n (t) = 0
..
.
u01 (t)y(n–1) (t) + u02 (t)y(n–1) (t) + · · · + u0n (t)yn(n–1) (t) = f (t)
1 2
Para encontrar u1 (t), u2 (t), . . . , un (t) devemos resolver o sistema 3.129. Usando a regra
de Cramer, a solução do sistema 3.129 é
f (t)Wm (t)
u0m (t) = , m = 1, 2, . . . , n
W(t)
onde W(t) = W(y1, y2, . . . , yn )(t) e Wm (t) é o determinante obtido a partir de W(t) pela
substituição da m-ésima columa de W pela coluna (0 0 . . . 0 1)T . Com esta notação a
solução particular de 3.75 é
n
f (s)Wm (s)
Õ ∫
y(t) = ym ds
m=1
W(s)
85
y1 y2 ª
W(y1 , y2 )(t) = det
© ®
0 0
y1 y2 ¬
(3.132)
«
cos(t) sen(t) ª
= det ® = 1
©
–sen(t) cos(t) ¬
«
como W(y1 , y2 )(t) , 0, ∀t, então y1 (t) e y2 (t) formam um conjunto fundamental de soluções e,
portanto, a solução da homogênea associada é
Como discutido anteriormente, para encontrar u1 (t) e u2 (t) devemos resolver o sistema abaixo
Agora que conhecemos a solução particular, temos que, a solução geral da equação é:
Agora iremos encontrar a solução do PVI. Derivando a equação 3.141 vamos obter o sistema
y0 π2 = 0. Logo;
C2 = 1 C2 = 1
=⇒ (3.143)
π
2 – C1 = 0 C1 = 2
π
Logo, a solução do PVI é
π
y(t) = cos (t) – t + sen(t) 1 + ln |sen(t)| , para 0 < t < π (3.144)
2
Observe que a equação 3.145 foi transformada em uma equação de primeira ordem
(veja 3.146). Resolvendo a equação 3.146, iremos encontrar a variável u, e depois disso
devemos resolver a equação abaixo para encontrar a incógnita y
y(n–1) = u (3.147)
Observação. A equação 3.147 pode ser resolvida utilizando o método da redução de ordem.
Sendo y0 = u, então y00 = u0, e substituindo essas duas expressões na equação acima obtemos
t 2 u0 + 2tu = 1 (3.149)
2 1
u0 + u = 2 (3.150)
t t
a equação 3.150 é uma edo linear de primeira ordem, e portanto o fator integrante para resolvê-la é:
∫ 2
µ=e t dt = t 2 . Multiplicando a equação 3.150 or t 2 , vamos obter
d 2
(t u) = 1 (3.151)
dt
Integrando em ambos os lados de 3.151 com relação a t, temos
t 2 u = t + C1 , C1 ∈ R (3.152)
logo,
1 C1
y0 = u = + , (3.153)
t t2
integrando a equação acima, temos
C1
y = ln t – + C2 , C1 , C2 ∈ R (3.154)
t
88 Capı́tulo 3. Equações diferenciais ordinárias de ordem superior
Toda equação diferencial que pode ser escrita na forma abaixo é conhecida como equação
de Euler
y = tr (3.156)
onde devemos encontrar o fator r, assim, derivando a equação 3.156 n-vezes, vamos obter
que
y0 = rt r–1
Aqui, como no caso de edos com coeficientes constantes, podemos dividir a análise
das raı́zes do polinômio caracterı́stico em; caso 1: raı́zes reais e distintas, caso 2: raı́zes
complexas e caso 3: raı́zes repetidas. Vamos olhar cada um desses casos através de exem-
plos
89
A equação acima é do tipo de Euler, portanto, adotaremos como candidata a solução y = t r , logo,
temos que
y = t r , y0 = rt r–1 , y00 = r(r – 1)t r–2 (3.161)
r2 – 3r + 2 = 0 =⇒ r1 = 2 e r2 = 1 (3.163)
y = C1 t 2 + C2 t, C1 , C2 ∈ R (3.164)
A equação acima é do tipo de Euler, portanto, adotaremos como candidata a solução y = t r . Assim,
substituindo y e suas derivadas na equação 3.165, vamos obter a seguinte equação caracterı́stica
r2 – 2r + 5 = 0 (3.166)
cujas raı́zes são: r = 1 ± 2i, e portanto, temos duas soluções para a equação 3.165 que são
A equação acima, possui o número imaginário i, então devemos eliminá-lo. Desta forma, pode-
mos reescrevê-la como;
2i
y1 =t t 2i = teln(t ) = te2iln(t) = t(cos(2ln(t)) + isen(2ln(t)))
–2i
(3.168)
y2 =t t –2i = teln(t ) = te–2iln(t) = t(cos(2ln(t)) – isen(2ln(t)))
90 Capı́tulo 3. Equações diferenciais ordinárias de ordem superior
utilizando as mesmas combinações lineares feitas nas equações 3.37 e 3.38, vamos obter as duas
soluções para a equação 3.165, que são
u =tcos(2ln(t))
(3.169)
v =tsen(2ln(t))
y =C1 u + C2 v
(3.170)
=C1 tcos(2ln(t)) + C2 tsen(2ln(t))
A equação acima é do tipo de Euler, portanto, adotaremos como candidata a solução y = t r . Assim,
substituindo y e suas derivadas na equação 3.171, vamos obter a seguinte equação caracterı́stica
r2 + 4r + 4 = 0 (3.172)
r2 + 4r + 4 = 0 =⇒ r1 = r2 = –2 (3.173)
assim, uma solução para a edo é y1 = t –2 , para encontrar a solução geral devemos utilizar o método
da redução de ordem. Logo, uma solução para a equação 3.171 é y = γ(t)y1 = γ(t)t –2 . Derivando
esta solução duas vezes, vamos obter
y =γ(t)t –2 ,
γ00(t) + γ0(t)t –1 = 0
91
Para encontrarmos, γ(t), devemos resolver a equação γ00(t)+γ0(t)t –1 = 0. Note que esta equação
está na forma da equação 3.145, logo, sendo u = γ0, temos que u0 = γ00 e, portanto
a equação 3.176 é uma edo de primeira ordem linear, e podemos resolvê-la como sendo separável.
Assim, temos que
u0 1
u0 + ut –1 = 0 =⇒ u0 = –ut –1 =⇒ = – =⇒ ln(u) = ln(t –1 ) + k, k ∈ R (3.177)
u t
logo,
ln(u) = ln(t –1 ) + k =⇒ u = C1 t –1 , onde C1 = ek , C1 ∈ R (3.178)
y =γ(t)y1
=γ(t)t –2
(3.179)
=(C1 ln(t) + C2 )t –2
=C1 ln(t)t –2 + C2 t –2
Referências
Ayres Jr, F. (1992) Equações Diferenciais–Coleção Shaum–ed. McGraw–Will Ltda, São
Paulo–SP–1992.
Edwards Jr, C. H., Penney, D. E. (2007). Equações Diferenciais Elementares com Proble-
mas de Contorno.
Perko, L. (2013). Differential equations and dynamical systems (Vol. 7). Springer Sci-
ence & Business Media.
Zill, D. G., & Cullen, M. R. (2008). Equações diferenciais vol. 1. Pearson Makron Books.
Respostas
Capı́tulo 1
Exercı́cio 1
(a)
t3
y = + Ct –2
5
(b)
2
y = t –2t
e (Ce – 1)
(c)
y = C(1 + t)
(d)
1 2 1 1
+ 3 – e3t (t – ) = C
y 3y 3 3
(e)
y+t
=C
(y – t)2
(f)
C
y= 2
t –1
(g)
te2y – sen(ty) + y2 = C
(h)
t 2 y2
t3y + =C
2
(i)
y3 = 1 + Ct –3
96 Respostas
Exercı́cio 2
(a)
y = e–t (1 + t 2 )
(b)
1
y= 2
x –x–2
(c)
ty2 – ln(y) = 0
Exercı́cio 3
(a) A solução do PVI existe e é única no intervalo
Ω = {(t, y) ∈ R2 /y , ±1}
√
(b) O intervalo máximo de solução é: I = (– 3, 0)
Capı́tulo 2
Exercı́cio 1
(a)
–t
e
X =
2e–t
(b)
–2t
2e – 2e–t
X =
3e–2t – 2e–t
(c)
e–t 4t t
+ e3 + e6
2
e4t – et
X=
3 3
4t –t
e – e + e t
3 2 6
97
(d)
–3sen(2t) – cos(2t)
X= et
2 cos(2t) – 4sen(2t)
(e)
–t
–e (cos(2t) + 4sen(2t))
X = –t
e2 (4 cos(2t) – sen(2t))
(f)
cos(t) + 2sen(t)
–1 t
X = e 2 cos(t) – sen(t)
4
3
(g)
1 – 2t
X= et
1–t
(h)
12t + 1
X= e–3t
12t – 2
(i)
1
t
X = e –2(2t – 1)
3(3 + 8t – 2et )
Exercı́cio 2
(a)
(d)
Capı́tulo 3
Exercı́cio 1
(a)
1 3 5 1
y = – e2t + e2t
2 2
(b)
π
y = –et (e– 2 sen(2t))
(c)
2 7
y = e 3 t (2 – t)
3
Exercı́cio 2.
1
Segunda solução da EDO é y = t 2 , portanto a solução geral é:
1
y = C1 t –1 + C2 t 2
Exercı́cio 3
(a)
1
y = C1 e4t + C2 e–t – e2t
2
(b)
y = (C1 – ln(sec(t) + tan(t))) cos(t) + C2 sen(t)
(c)
1
y = (C1 – ln(t))t 2 + C2 t –1 +
2
Exercı́cio 4
(a)
1
y = (2t 1/2 + t –1 )
3
99
(b)
1
y= t –2 + 2 ln t
2
(c)
y = 2sen(ln t) – cos (ln t)
Exercı́cio 5
(a)
y = ln |t + C1 | + C2
(b)
t2
y = C1 + C2
2
(c)
1
y= + C1 arctan(t) + C2
t