Plantio de Cana
Plantio de Cana
Plantio de Cana
PARA
EXPLORAÇÃO E MANEJO
CULTURAL
DA
CANA-DE-AÇÚCAR
PARTE 2.
PLANTIO
2. PLANTIO DA CANA-DE-AÇÚCAR
A cultura da cana-de-açúcar é propagada comercialmente através de multiplicações
vegetativas, que dependendo da região são referidas como: mudas, olhaduras (regiões
nordeste e fluminense), sementes, etc. Portanto, a sua semeadura é feita utilizando-se a
própria cana, em pedaços, cortados mecânica ou manualmente, que para manifestar
plenamente sua potencialidade produtiva, deve ser proveniente de viveiros especialmente
plantados para esta finalidade.
A implantação de uma lavoura da cana-de-açúcar implica em uma série de atividades e
operações que têm início com a preparação do solo, quando são criadas condições mínimas no
solo para a realização de seu plantio (figura 2.a.). É durante a preparação do solo que são
projetados e realizados os traçados de carreadores e estradas secundárias definindo o
formato e dimensões dos talhões, de forma a atender fundamentalmente as demandas de
condições de trabalho exigidas pela operação de colheita, seja ela realizada de forma manual
ou de forma mecanizada.
A cana pode ser plantada em quaisquer épocas do ano, desde que as condições de
temperatura e a disponibilidade de água (natural ou, na ausência desta a possibilidade
de irrigação) sejam favoráveis para o seu nascimento e desenvolvimento. Entretanto,
duas épocas são preferenciais para as condições de cultivo da cana, sendo que, em cada
uma destas épocas a espécie apresenta comportamentos e tempos de desenvolvimento
distintos:
2- Por outro lado a cana plantada durante os meses de setembro e outubro (inicio
da estação chuvosa nas regiões Centro Sul e Leste e outubro e novembro na
região nordeste), será denominada cana de ano e será colhida após 12 meses
depois de plantada.
3- A cana também poderá ser plantada fora destes períodos tradicionais, com
plantios sendo realizados em outras épocas do ano, desde que as condições
ambientais atendam as necessidades de planta para o nascimento das sementes
ou mudas utilizadas para tal finalidade. O advento ao plantio mecanizado tem
criado condições favoráveis para o incremento desta modalidade de plantio.
2.2. DIMENSIONAMENTOS
O tamanho do talhão está sempre relacionado a volumes produzidos, uma vez que
a importância de sua delimitação está associada à convivência com a ocorrência de
acidentes relacionados com incêndios, criminosos ou não, com os controles dos
fatores de produção aplicados a cada unidade durante o processo produtivo e com a
apuração da produção de cana e sacarose observada em cada um deles após a colheita.
Tendo em vista o potencial energético contido em suas palhas um incêndio em
canaviais pode facilmente por a perder grandes contingentes de cana. Por esta razão,
diferentemente das culturas de grão, os talhões são demarcados para constituírem
áreas menores, de forma que os fogos possam ser debelados com maior facilidade,
utilizando-se as estradas que os circundam. Este é apenas um dos aspectos
relacionados a acidentes com fogo. O manejo dos canaviais exige cuidados que limitem
a possibilidade de espalhamento do fogo. Uma forma é criar espaços abertos
colhendo-se uma seqüência de talões que formem aceiros bem largos, separando
grandes blocos de talhões e dificultando a evolução dos incêndios.
A definição do comprimento de um talhão está sempre relacionada com os
equipamentos utilizados para a realização dos principais serviços agrícolas, dentre
eles: os sulcadores e os cultivadores de socas (considerar o tamanho das caixas das
adubadeiras) e a capacidade de carga dos elementos de transporte utilizados durante
a colheita (transbordos, reboques e carroçarias).
Costumeiramente as empresas sucroalcooleiras e mesmo os fornecedores de cana
utilizam áreas (em ha) entre 20 e 30 hectares para a formatação dos talhões em
suas áreas cultivadas com cana. A determinação do comprimento para estes talhões
e conseqüentemente do comprimento do sulco será, como dito, função dos
equipamentos utilizados durante as operações agrícolas.
a)Aplicação de fertilizantes: As caixas das adubadeiras têm capacidade entre
250 e 300 kg cada uma delas. Considerando adubações entre 500 e 600kg/ha,
e espaçamento entre as linhas de cana de 1,40m seria aplicado entre 70 e
84 g/m’ respectivamente para cada dose de adubo recomendada;
b) Considerando produtividades médias de
80t/ha, canaviais plantados com espaçamentos entre 1,40 e 1,50m entre as
linhas de cana, produzirão a cada metro linear de sulco aproximadamente 11
a 12kg/m’. Os transbordos que acompanham as colheitadeiras têm capacidade
para 8toneladas e seriam carregados com cana picada, depois de percorrerem
aproximadamente 650 a 700m. Entretanto, para cana colhida manualmente,
por tanto inteira, em leiras de 5 ruas ou linhas de cana, seriam necessárias
distancias menores para completar a carga de uma carreta ou caminhão
plataforma.
O plantio, como qualquer outra atividade, está suportado por atividades paralelas
cuja finalidade é dar apoio à atividade principal. No caso do plantio, a disponibilidade de
sementes é a principal delas, já que a ausência muda com a devida qualidade fitossanitária,
não possibilita a formação de canaviais que garanta boas produtividades. Uma outra
atividade de suporte para o plantio é a recomendação das quantidades de fertilizantes. As
plantas daninhas são fortes agentes limitadores do crescimento da cana quando ocorrem
em elevadas quantidades e com populações significativas de gramíneas. Recomendar e
aplicar corretamente produtos que tenham ação sobre as plantas daninhas assegura
condições para que o crescimento da cana possa acontecer nas plenas potencialidades da
variedade cultivada. Na mesma linha devem ser consideradas as pragas, especialmente as
de solo, quando da realização do plantio. Por esta razão, a atividade principal, o plantio da
lavoura de cana precisa estar amparado por estas atividades suporte, cujas finalidades são
proporcionar condições no solo que facilitem o desenvolvimento dos canaviais.
O planejamento das atividades (figura 2.3.2.a.) para o plantio da cana envolve não
somente as definições dos locais e das variedades que compatibilizem com os solos dos
locais onde ele será realizado. Para que solo e planta apresentem resultados
interessantes, é necessário ajustar as disponibilidades dos principais nutrientes no solo.
Esta disponibilidade pode ser conseguida com recomendações que supram a s
necessidades nutricionais das plantas através do uso de fertilizantes.
Além desta adequação do solo, é fundamental criar condições para proporcionar um
ambiente livre de concorrências das pragas eventualmente existentes no solo e manter
as plantas daninhas em níveis suficientemente baixos para que a planta possa manifestar
a sua plena potencialidade produtiva.
As recomendações para o uso de inseticidas do solo devem ser efetuadas com base
em informações coletadas no campo que demonstrem a efetiva necessidade do produto
para o controle de pragas que estejam infestando os campos que serão plantados. Para
isto é muito importante que sejam realizadas amostragem que demonstrem a presença
de pragas no campo e que justifique economicamente e ecologicamente o uso de
determinados inseticidas.
2.3.2.1. Fertilização
Tabela 2.3.2.1.a.: Níveis críticos no solo para Fósforo, determinados em diferentes tipos de
extratores e de Potássio.
Características Químicas Classes observadas no solo
do Solo Unidade M. Baixo Baixo Médio Alto M. Alto
Fósforo (em Resina) (1) ppm < 6,0 6,1 – 12,0 12,1 – 30,0 30,1 – 60,0 > 60,0
Fósforo (em Mehlich) (2) ppm < 6,0 6,1 – 15,0 15,1 – 25,0 25,1 – 40,0 > 40,0
3
Potássio mmolc/dm < 0,7 0,7 – 1,50 1,51 – 3,00 3,01 – 6,00 > 6,00
Enxofre mmolc/dm3 < 4,0 4,1 – 7,0 7,1 – 10,0 10,1 – 20,0 >20
Fósforo extraído em (1) Resina de Troca Aniônica (IAC), (2) Mehlich (HCl 0,05N + H2SO4 0,025N), com dados
expressos in mg/kg ou ppm.
Tabela 2.3.2.1.b.: Níveis críticos para os teores dos principais micronutrientes no solo.
Características Químicas Classes observadas no solo
do Solo Unidade M. Baixo Baixo Médio Alto M. Alto
Boro mg/dm3 (*) < 0,15 0,16 – 0,35 0,36 – 0,60 0,61 - 0,90 > 0,90
3
Cobre mg/dm < 0,30 0,31 – 0,70 0,71 – 1,20 1,21 – 1,80 > 1,80
3
Ferro mg/dm < 8,00 8,01 – 18,00 18,01 – 30,00 30,01 – 45,00 > 45,00
3
Manganês mg/dm < 2,00 2,01 – 5,00 5,01 – 8,00 8,01 – 12,00 > 12,00
Zinco mg/dm3 < 0,40 0,41 – 0,90 0,91 – 1,50 1,51 – 2,20 > 2,20
3
(*) mg/dm igual à ppm
Tabela 2.3.2.1.d.- Recomendação para adubação dom potássio para o plantio da cana-
de-açúcar.
mmolc/dm3 de K no solo
Produtividade < 0,7 0,7 – 1,50 1,51 – 3,00 3,01 – 6,00 > 6,00
esperada Índice de fertilidade
(t/ha)
Muito baixo Baixo Médio Alto Muito alto
Kg de K2O /ha
140 140 110 60 50 0
160 160 130 80 60 0
180 180 150 110 80 0
200 200 180 140 100 0
Em seguida os toletes de cana são cobertos (foto 2.4.d.) com uma camada
de terra variando entre 7 e 10cm dependendo da textura do solo..
(1)
Engenheiro agrônomo, formado pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de
Botucatu, atualmente UNESP, campus de Botucatu, em 1973.