Livro 3 Trilhas 01

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[Livro 3] Gestão Escolar Baseada em Evidências

Fonte: https://wakke.co/wp-content/uploads/2019/12/artigo-1.png

Neste tópico, vamos abordar a importância da tomada de decisões a partir da análise de


indicadores, como forma de promover planejamentos mais coerentes com as necessidades
da educação pública, de encontrar soluções para os inúmeros problemas que desafiam
nossos sistemas educacionais a promover um ensino de qualidade.

Abordaremos, também, pontos de atenção no sistema escolar, internos e externos, em que os


gestores podem realizar pesquisas e gerar indicadores específicos para planejamento,
promovendo o exercício da gestão democrática e de responsabilidade coletiva.

1. Introdução

Não é de hoje que se busca traduzir o conceito que caracteriza uma educação de qualidade.
Essa é uma temática que há muitos anos vem sendo discutida no Brasil, tanto pelos órgãos
governamentais, quanto por diversos setores da sociedade civil, como movimentos,
organizações não governamentais, fundações, entre outros, que estudam as redes de ensino
e o sistema educacional brasileiro em busca de definir padrões para a oferta de uma boa
educação. Mas, afinal, o que podemos considerar indicadores de qualidade na educação, ou
seja, o que caracteriza uma educação de qualidade?

De acordo com a revista Ação Educativa (BRASIL, 2018), uma noção de educação de
qualidade:

 assegura condições melhores do trabalho dos profissionais do magistério;


 garante uma infraestrutura escolar adequada;
 tem efetiva participação dos estudantes e de suas famílias na tomada de decisão;
 mantém relações interpessoais e respeitosas no ambiente escolar;
 constrói uma interação positiva entre a escola e a comunidade do entorno;
 possui currículo contextualizado com a valorização dos saberes, conhecimentos
e interesses de adolescentes, jovens e de suas comunidades de origem; e
 articulação qualificada entre a escola e as políticas educacionais.

Isso evidencia que, necessariamente, a qualidade da educação passa pela qualidade do


trabalho escolar, abrangendo a estrutura, suas relações internas e externas, condições do
trabalho docente, gestão democrática e currículo atento às políticas educacionais e com a
realidade dos estudantes.

Para se tomar decisões a partir de evidências, são necessários dados que mostrem com
clareza os pontos de atenção que uma escola e respectivos sistemas de ensino precisam
focar para melhorarem seus resultados, a partir de achados científicos.

Nos últimos anos, a tendência de tomar decisões com base em evidências na educação vem
ganhando importância cada vez maior na formulação de políticas, considerando aspectos
como (Burns e Schuller apud Codes e Araújo, (2021, p. 7):

i) maior preocupação com o desempenho dos alunos em avaliações dos sistemas de


educação em níveis nacionais e locais;
ii) crescimento da disponibilidade de dados resultantes de testes e avaliações de larga
escala;

iii) maior acesso a informações pela internet e outras tecnologias; e

iv) as próprias mudanças às quais se assiste nas políticas.

A “Educação baseada em evidências” é tida, também, como “o que funciona em Educação”.


Combina evidências científicas e empíricas obtidas, respectivamente, por meio de estudos
sólidos e instrumentos estatísticos robustos, especialmente meta-análises, e torna possível
que os "professores, educadores e responsáveis pelas políticas educacionais tomem
decisões fundamentadas e com maiores possibilidades de impactar positivamente na
aprendizagem dos estudantes, tanto no ambiente escolar quanto na utilização de recursos
financeiros para a educação (VELACQUA ET AL, 2015).

Portanto, não se pode dizer que todas as evidências a que temos acesso possuem solidez ou
que são robustas, visto que o conhecimento científico que embasa a tomada de decisões
educacionais está em constante evolução, processo pelo qual as próprias evidências são
responsáveis por superar ou alterar constantemente.

Isso posto, a tomada de decisões na gestão pública, seja em nível de implementação de uma
política ou para o desenvolvimento de um plano de ação, requer que seja baseada em dados
e evidências, os quais compõem um diagnóstico acerca do objetivo e das metas a serem
alcançadas. Os gestores contam com inúmeras fontes de dados que abrangem diferentes
indicadores educacionais, relacionados a rendimento escolar, fluxo, aprendizagem, corpo
docente, infraestrutura, finanças e perfil socioeconômico, entre os quais se destacam os
variados sistemas de avaliação que acontecem em escala nacional, estadual e escolar,
gerando um fator diagnóstico para as redes realizarem seu planejamento.

A nível de Brasil, por exemplo, temos o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
(SAEB), que realiza um conjunto de avaliações externas em larga escala, a cada dois anos, e
permite compor um diagnóstico da educação básica brasileira a partir de uma série de
informações coletadas por meio da aplicação de testes cognitivos e questionários, cujo
resultado oferece subsídio para a elaboração, monitoramento e aprimoramento de políticas
educacionais baseadas em evidências (BRASIL, 2022). No estado do Espírito Santo, temos
duas avaliações externas aplicadas aos estudantes das redes municipais e que fazem parte
do Sistema Capixaba de Avaliação da Educação Básica: o Programa de Avaliação da
Educação Básica – Paebes/Paebes Alfa, composto de testes cognitivos e questionários
contextuais e a Avaliação de Fluência em Leitura.

Esses e outros indicadores estarão inseridos em diferentes processos educacionais que


ocorrem no chão da escola, envolvendo políticas públicas, metodologias e plataformas de
gestão escolar, programas e projetos, avaliações internas e externas, bem como as
especificidades de cada unidade escolar, como estrutura física, sua localização,
características do corpo docente, relações interpessoais e com a comunidade local, entre
outros fatores que interferem direta ou indiretamente nos resultados educacionais.
Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-7i04MgtOCI0/WHoaF1uV5RI/AAAAAAABho8/
YNlzWz6toGAMhmX59L3g21Ydg991b3ZSgCEw/s1600/Equidade.jpg

A temática da inclusão e equidade tem sido pauta constante nas políticas educacionais na
busca de promover a justiça social e garantir os direitos de escolarização para todos. Nesse
sentido, a gestão escolar precisa assegurar que os estudantes, com todas as suas diferenças,
tenham na escola o acolhimento adequado para a sua aprendizagem.

A Constituição Federal de 1988, no seu Art. 206, inciso II, traz como princípio da educação
nacional a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (BRASIL, 1988)”.
Ou seja, o poder público precisa empreender políticas que dotem a escola de condições
materiais e pessoais, para que não haja discriminações e exclusões do processo educativo
pelas situações de vida dos estudantes.

Diante de tal contexto, faz-se necessário que busquemos estratégias e metodologias para as
diferentes necessidades. A equidade na personalização das estratégias educacionais é
essencial para garantir que todos os estudantes, independentemente de suas origens,
contextos socioeconômicos, habilidades ou necessidades, tenham oportunidades justas de
aprendizado e desenvolvimento.

Personalizar as estratégias educacionais para atender às diversas realidades dos estudantes


é fundamental para promover a equidade. Isso implica reconhecer e respeitar as diferenças
individuais, culturais e de aprendizado, adaptando o ensino de forma a atender às
necessidades específicas de cada estudante.

Ao considerar a equidade na personalização das estratégias educacionais, os gestores e


professores devem:

Entender a Diversidade: Reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica, linguística e


de habilidades presentes na sala de aula. Cada educando traz consigo uma bagagem única
que influencia sua forma de aprender.

Identificar Necessidades Individuais: Realizar avaliações regulares para identificar as


necessidades de aprendizado de cada estudante, levando em consideração suas habilidades,
estilos de aprendizagem e interesses específicos.

Personalizar o ensino, adaptando métodos, materiais e recursos educacionais para atender


às necessidades individuais de cada discente, tornando o processo de aprendizagem mais
inclusivo e acessível.
Promover a Participação Ativa: Incentivar a participação ativa de todos os estudantes,
garantindo que se sintam valorizados e encorajados a contribuir, independentemente de seu
contexto ou habilidades específicas.

Oferecer Suporte Adicional: Disponibilizar suporte adicional para alunos que enfrentam
desafios específicos, sejam eles de aprendizado, linguagem, socioeconômicos ou emocionais,
proporcionando oportunidades iguais para o sucesso acadêmico e pessoal.

Criar um Ambiente Inclusivo: Estabelecer um ambiente de respeito, compreensão e apoio


mútuo, onde a diversidade é celebrada e todos se sentem parte integrante da comunidade
escolar.

A equidade na personalização das estratégias educacionais não apenas reconhece a


singularidade de cada discente, mas também permite que todos tenham igualdade de acesso
a uma educação de qualidade. O diretor escolar deve utilizar essa abordagem no
planejamento das ações de superação das desigualdades, da valorização da diversidade e
propiciar a criação de um ambiente de aprendizado onde cada estudante se sinta
compreendido, apoiado e capaz de atingir seu potencial máximo. Portanto, a equidade tornou-
se um dos indicadores de maior relevância para a gestão da educação, desde a
implementação de políticas públicas, passando pela gestão escolar até a gestão da sala de
aula, na busca de promover condições para que todos os estudantes alcancem melhores
resultados de aprendizagem, onde se insere como estratégia a personalização do ensino.

2. Gestão escolar e indicadores de equidade e inclusão educacional

2.1. A personalização do ensino e o desenvolvimento de atividades pedagógicas


significativas como meios de promover maior equidade

A personalização do ensino é uma tendência que vem sendo discutida no campo da


educação; ela se pauta em várias estratégias pedagógicas que favorecem o desenvolvimento
cognitivo dos educandos de forma individualizada e abre um destaque para proporcionar ao
educando a corresponsabilidade por sua aprendizagem.

Abordaremos aqui o fazer da gestão junto ao corpo docente, com o olhar para as
especificidades do ensino e de como ele poderá ser garantido ao educando por meio da
personificação.

Nesse propósito, a promoção do ensino mediante o incentivo à aprendizagem significativa


transforma as dificuldades existentes em possibilidades de aprendizagem e todos os agentes
envolvidos no processo educativo fazem parte desse contexto.

Sendo a aprendizagem uma ação cognitiva, física e emocional, em que o indivíduo


desenvolve habilidades e conhecimentos para a compreensão do espaço em que está
inserido, os processos que englobam a aprendizagem requerem cuidados que garantam a
formação integral para a garantia do sujeito que transforma. Para garantir que a
aprendizagem seja eficaz, é preciso olhar para o educando e os direitos de aprendizagem
competidos a ele.

Na sala de aula, podemos encontrar os arranjos didáticos por meio de algumas ações que
precisam ser crescentes no que diz respeito à aprendizagem. O ensino personalizado é uma
estratégia que pode garantir ao estudante o fortalecimento do conhecimento que é adquirido
por intermédio de atividades significativas, partindo de metodologias eficazes, desenvolvidas
pelo professor em sala de aula. Desenvolver recursos didáticos e estratégias de ensino que
trazem significado para o estudante, compreendendo que ele é um ser único, com suas
competências e habilidades e que tem o seu jeito pessoal de aprender, é algo imprescindível.

O incentivo da aprendizagem individualizada, respeitando as limitações, coloca o estudante


como protagonista do seu próprio conhecimento, levando em consideração, principalmente,
os conhecimentos prévios, identificando o que já sabe para dar sequência aos novos saberes.

O professor irá pensar na turma como um todo, mas traçando metas coerentes à
personalização do ensino, sem deixar nenhum estudante de fora da garantia da
aprendizagem com equidade. O fortalecimento dessas ações envolve muitos profissionais da
escola, entre os quais os gestores são figuras primordiais. É preciso fortalecer o diálogo com
os pares, tecer algumas metas que serão cruciais na organização da realização de todas as
atividades didáticas propostas pelo professor, mas com o olhar da gestão escolar.

Agrupar os estudantes por níveis ajuda o professor a direcionar as atividades personalizadas,


mas é preciso ter o cuidado na percepção a fim de dispersar os possíveis rótulos.

Cabe ao gestor escolar garantir que o professor faça o acompanhamento individualizado e de


acordo com a necessidade de cada estudante, o que potencializará os níveis, minimizando as
lacunas de aprendizagem. Envolver nesse processo de ensino as ferramentas necessárias
trará resultados de relevância, além de garantir os direitos de aprendizagens dos educandos.
A possibilidade do uso de materiais diferenciados para cada grupo, de acordo com suas
especificidades, objetivando as aulas e promovendo situações em que o estudante veja
significado no que aprende, garante a autogestão do seu próprio conhecimento. É preciso
olhar para os materiais adequados, ajustando em tempo hábil cada uma das atividades
propostas para garantir o ensino personalizado. Deixar claro para o estudante o que ele já
aprendeu e o que ainda precisa consolidar, tornando-o protagonista do seu conhecimento. As
avaliações processuais ajudarão o professor a identificar a evolução da aprendizagem, com
foco no resultado do trabalho desenvolvido.

Listar as habilidades fundamentais e avaliar diariamente faz com que os avanços sejam
perceptíveis e/ou as fragilidades existentes possam ser o foco do planejamento e das
estratégias, que serão utilizadas para garantir a consolidação dos processos e identificar
como as propostas contribuíram nos avanços das aprendizagens e quais estratégias foram
mais eficientes, partindo do coletivo para o específico. É no replanejamento das próximas
ações que a validação será feita.
FONTE: https://eskadauema.com/mod/book/tool/print/index.php?id=2685.

Promover o ensino por meio das metodologias ativas é uma boa alternativa, mas requer um
bom planejamento, pois o professor proporá aos educandos várias formas de aquisição e
desenvolvimento da aprendizagem como, por exemplo, a sala invertida e gamificação, onde
os educandos têm a oportunidade de aprender com autonomia e interação com ferramentas
tecnológicas.

Todos esses fatores contribuirão para o alcance de maior equidade na educação e para a
melhoria de outros indicadores, como a distorção idade/série, reprovação, na qualidade das
aulas dadas, nos resultados das avaliações e, consequentemente, na proficiência dos
estudantes.
Vejamos o texto abaixo, de Cipriano Luckesi, acerca do olhar para o estudante em sua
totalidade ao avaliar.
As formas de avaliação variaram ao longo dos anos e, atualmente, ocorrem de maneira
processual, em que seus resultados ganham caráter significativo. Além de serem
classificadas como internas (realizadas pelo professor) e externas (realizadas e aplicadas por
agentes externos) à escola, possuem diferentes funções, tornando-se cada vez mais precisas
e produzindo informações importantes para tomadas de decisões, tanto no âmbito da gestão
escolar quanto das práticas avaliativas dos professores.

3. Avaliação Educacional

3.1. Tipos de avaliação de aprendizagem

A avaliação e a educação são indissociáveis, visto que avaliação e aprendizagem caminham


juntas no processo educativo. Não há aprendizagem sem avaliação ou avaliação sem a
aprendizagem e, nesse contexto, dentro do processo evolutivo da avaliação e das práticas
avaliativas, há duas vertentes a considerar: avaliação da aprendizagem e avaliação para a
aprendizagem. Vamos saber um pouco sobre elas, na concepção de Haydt (2004).
Sendo assim, a avaliação da aprendizagem é uma constante busca de informações sobre os
resultados de aprendizagem dos estudantes. A democratização do ensino faz com que as
avaliações de acompanhamento tenham a função de diagnosticar, estimular o avanço do
conhecimento e validar as práticas pedagógicas.

Essa avaliação deve surgir a partir de uma prática e desempenhar a função de ir além dos
resultados, fazendo uma análise crítica construtiva da prática pedagógica e não apenas para
constatar resultados, classificar ou reprovar. Se faz necessário que a avaliação da
aprendizagem esteja vinculada ao processo de ensino e aprendizagem para garantir retorno
permanente ao professor sobre em que medida de conhecimento o aluno se encontra, dando
condições de validar ou rever as estratégias que estão sendo trabalhadas e reverter possíveis
defasagens e resultados negativos dos estudantes.

Vamos conhecer um pouco mais sobre os tipos de avaliação.


3.1.1 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

A avaliação diagnóstica é o processo pelo qual as partes envolvidas têm a oportunidade de


observar e identificar as competências e dificuldades de aprendizagem, dentro de um tempo
hábil para redirecionar os recursos e propósitos. Contribui para o fortalecimento da interação
professor x aluno, o equilíbrio durante o processo educacional, a segurança com as práticas e
metodologias aplicadas e com a garantia do direito de aprendizagem a todos os estudantes.
Permite diversas análises, sendo necessário que a equipe gestora determine a estrutura da
avaliação: componente curricular, habilidades que serão contempladas e quantidade de itens
avaliados.
Após a avaliação diagnóstica, quando o professor resgata o propósito da aprendizagem,
enxergando o desenvolvimento do estudante como eixo principal, temos outro tipo de
avaliação, a avaliação formativa.

3.1.2 AVALIAÇÃO FORMATIVA

A Avaliação Formativa, também denominada como processual, tem como característica


acompanhar a evolução e mensurar o nível de aprendizagem dos estudantes, adquiridos ao
longo de todo o processo do ensino, bem como identificar as problemáticas existentes na
prática pedagógica.

Essa avaliação está no centro da ação de ensino-aprendizagem. Tem o papel de mostrar ao


estudante os seus erros e acertos, além das dificuldades que ele vem acumulando ou uma
nova dificuldade revelada. Já para os professores, proporciona uma orientação sobre as suas
práticas de sala de aula, possibilitando a identificação de deficiências nas práticas adotadas,
visando a excelência no processo de ensino-aprendizagem.
Considerando que o objetivo da escola é garantir a aprendizagem e o desenvolvimento dos
estudantes, a avaliação deve estar voltada para atingir esse propósito.

3.1.3 AVALIAÇÃO SOMATIVA

A Avaliação Somativa ocorre no final do processo e tem como finalidade verificar o que o
aluno ou a turma aprendeu, bem como avaliar as estratégias metodológicas utilizadas ao
longo da etapa de ensino.

A avaliação somativa assume duas vertentes: classificar e aprovar. O classificar está


relacionado ao acúmulo de conhecimentos que o educando comprovou ter assimilado ou
adquirido, o que o colocará na balança da comparação em relação ao desempenho de
aprendizagem considerado adequado, mas, também, demonstrado por outros estudantes.
Enquanto o aprovar, confirma que o aluno está capacitado para seguir para a próxima etapa
de ensino.

Dessa forma, faz-se necessário apresentar determinados cuidados ao se pensar e aplicar


uma avaliação somativa, sempre planejando as práticas de modo que esse processo não se
torne uma mera classificação, prejudicando assim o processo de ensino-aprendizagem. As
avaliações externas e em larga escala também são somativas, nesse caso, avaliam toda uma
rede de ensino.

Os instrumentos de aplicação são diversos, porém, é necessário identificarmos em qual


momento os utilizaremos para realizarmos uma intervenção avaliativa de qualidade e, assim,
obtermos os resultados com fidedignidade.

Os modelos avaliativos, segundo Luckesi (2005) envolvem contexto, entrada, processo e


produto. Propõe uma avaliação:

1.do contexto onde uma ação qualquer vai ser desenvolvida (outros indicadores);

2. das entradas, ou seja, dos insumos para essa ação (diagnóstica);


3.do processo de execução dessa ação (formativa) e;

4. da finalização dessa ação (produto, somativa).

Em análise aos modelos avaliativos propostos por Luckesi, percebemos que é necessário
compreendermos e identificarmos em qual momento utilizar cada um deles, para que
possamos fazer intervenções pertinentes e que realmente terão finalidade no processo
educativo.

3. Avaliação Educacional

3.2. As avaliações externas como evidências educacionais

Como vimos, as avaliações externas são classificadas como avaliações somativas, visto que,
na maioria das vezes aferem a aprendizagem dos estudantes ao final de uma determinada
etapa de ensino. São definidas como aquelas construídas, organizadas e conduzidas por
profissionais e instituições externos às escolas e, considerando sua abrangência, também são
intituladas avaliações em larga escala. Essas avaliações são necessárias para monitorar o
funcionamento de redes de ensino e fornecer subsídios para seus gestores na formulação de
políticas educacionais baseadas em evidências, tornando-se, senão a mais importante, uma
das principais fontes de evidências educacionais para a gestão pedagógica em todas as
esferas: federal, estadual, municipal, unidades escolares e sala de aula.

No Brasil, a implantação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) pelo


governo federal nos anos 1990, deu início a um processo de disseminação das avaliações
externas entre as redes de ensino, que se intensificou nas décadas seguintes. Além de
permitir verificar o cumprimento do direito à aprendizagem, as avaliações externas
possibilitam às secretarias e escolas traçar um diagnóstico de suas redes e desenvolver
estratégias para o enfrentamento dos problemas que estejam afetando o desempenho dos
estudantes.

Nesta perspectiva, nos anos recentes, a avaliação ganhou força como um diagnóstico de todo
o processo de ensino-aprendizagem, desde o planejamento até a eficácia dos métodos,
ficando longe de ser um mero processo classificatório para os estudantes, como foi vista
durante muitas décadas.

Utilizar avaliações externas como uma ferramenta para subsidiar tomadas de decisões no
âmbito dos sistemas educacionais ou em cada escola é uma prática na qual importantes
pesquisas demonstram estar associada a redes e escolas com melhores resultados de
aprendizagem. De acordo com o Instituto Unibanco, um desses estudos foi divulgado em
dezembro de 2015 pelo Sesi-RJ. A pesquisa “O impacto da liderança dos diretores sobre os
resultados dos alunos das escolas de ensino médio do estado do Rio de Janeiro”, por
exemplo, realizada pela Universidade de Nottingham em parceria com a Universidade Federal
Fluminense, concluiu que diretores de escolas bem-sucedidas costumam incentivar toda a
equipe a utilizar os dados da avaliação externa no planejamento e, gerenciam e discutem os
dados das avaliações internas e externas com os professores.

No âmbito da escola, por meio da verificação do rendimento, ela subsidia o planejamento do


professor, possibilitando observar o domínio pelo educando das habilidades e conhecimentos
indispensáveis para as aprendizagens subsequentes. Já no âmbito da Rede Pública Estadual
e Municipal de ensino do estado do Espírito Santo, as avaliações, sobretudo as externas,
devem nortear o planejamento estratégico e a implementação de ações que sejam eficazes
para melhoria da qualidade no ensino.
A seguir, são apresentadas as Avaliações em Larga Escala, em âmbito estadual, nacional e internacional, aplicadas à rede
pública de ensino do Estado do Espírito Santo.
Fonte: Guia das avaliações externas Sedu/GEA 2023

No âmbito das avaliações estaduais, no ano de 2024 serão realizadas as Avaliações de


Fluência em Leitura para o 2º ano do Ensino Fundamental e do Programa de Avaliação da
Educação Básica do Espírito Santo – Paebes/Paebes Alfa, compostas por testes cognitivos e
questionários contextuais, aplicados para os 2º e 5º anos do Ensino Fundamental Anos
Iniciais, 9º ano dos Anos Finais e 3ª série do Ensino Médio.

Os dados produzidos a partir das avaliações consistem em um material seguro para apoiar a
análise do cenário da educação pública, colaborando para o entendimento crescente dos
fatores que incidem na qualidade do ensino ministrado nas escolas e na aprendizagem
revelada pelos estudantes.

Abaixo, segue o cronograma das avaliações.

AVALIAÇÃO DE FLUÊNCIA EM LEITURA


Após essa gravação, os áudios são sincronizados e enviados à uma equipe especializada, que ouve e analisa um por um para a
composição dos resultados. Visa aferir a capacidade de os alunos lerem com velocidade e precisão um número de palavras
dicionarizadas e palavras inventadas (pseudopalavras), isoladas e, ainda, um pequeno texto narrativo em um tempo de 60’
(sessenta segundos). A maioria dos estudantes avaliados é da rede municipal, porém, há também estudantes das escolas
estaduais que ainda oferecem o 2º ano do E.F.

A participação, que tem aumentado consideravelmente, é um ponto muito importante nessa avaliação, pois permite algumas
generalizações que melhor direcionam as intervenções pedagógicas e a implementação de políticas públicas.

Ler é uma atividade complexa, que requer a automatização dos processos de reconhecimento de palavras (decodificação), de
modo que se possa construir os significados do que se lê, considerando-se a integração das palavras no contexto em que são
usadas

No quadro abaixo são apontados os aspectos considerados em cada tarefa de leitura presente no teste. O desempenho dos
estudantes, ou seja, o número de palavras lidas nas tarefas, pode alocá-los em um dos três perfis: Pré-leitor, Leitor Iniciante e
Leitor Fluente.
A Avaliação da Fluência em Leitura permite a obtenção de informações sobre o desempenho dos estudantes das redes
participantes, de modo que professores e gestores possam realizar um diagnóstico das principais dificuldades de
aprendizagem e elaborar um planejamento pedagógico mais adequado às suas necessidades.

Apresentamos abaixo os perfis leitores. Salientamos que é preciso pensar em ações para os estudantes em todos os perfis,
incluindo o leitor fluente, para que possa aprofundar suas habilidades em leitura. No entanto, no 2º ano, a maior preocupação
deve ser com os estudantes que ainda são pré-leitores, dado o compromisso de que todos estejam alfabetizados até o fim
dessa etapa da alfabetização.

Com base nos resultados dos testes aplicados, é possível identificar em que nível do processo de alfabetização cada estudante
se encontra, a partir dos critérios que compõem essa avaliação, no intuito de que sejam realizadas intervenções pedagógicas
direcionadas, sendo importante ressaltar que esses dados jamais devem servir para classificar ou categorizar os estudantes,
mas, sim, para orientar ações em prol do seu desenvolvimento.
A participação, que tem aumentado consideravelmente, é um indicador importante nessa avaliação, pois permite algumas
generalizações que melhor direcionam as intervenções pedagógicas e a implementação de políticas públicas. Como vimos, a
partir dos resultados alcançados pelos estudantes na avaliação da fluência, foram definidos três perfis de leitor: Pré-leitor,
Leitor iniciante e Leitor fluente, sendo que, cada perfil descreve um padrão, de acordo com o seu desempenho no teste. Esses
resultados são apresentados para a rede como um todo e para cada escola, turma e estudante. Especificamente em relação ao
perfil Pré-leitor, seus seis níveis de desenvolvimento demarcam características importantes sobre o desempenho dos
estudantes, as quais devem ser observadas na hora do planejamento das intervenções pedagógicas.

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESPÍRITO SANTO –


PAEBES/PAEBES ALFA

Também organizadas PELO Caed, no Paebes/Paebes Alfa são aplicados testes padronizados
dos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática anualmente. Além disso,
os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio são avaliados
nos componentes História e Geografia nos anos pares e na área de Ciências da Natureza nos
anos ímpares. Para que o objetivo do Paebes/Paebes Alfa seja atingido em sua totalidade,
aplica-se também questionários contextuais para diretores, professores (que ministram os
componentes curriculares avaliados), estudantes e responsáveis, no intuito de compreender a
formação dos profissionais, as práticas pedagógicas e de gestão escolar e entender melhor
as dimensões de clima escolar e condições socioeconômicas de nossas crianças e
adolescentes. Além disso, a GEA/Sedu oportuniza provas acessíveis aos alunos surdos,
cegos e com baixa visão a partir dos dados indicados no Sistema Estadual de Gestão Escolar
- Seges (Rede Estadual e Mepes) e Censo Escolar (Rede Municipal e Privada).
Os resultados do Paebes variam de 0 a 500 pontos e são descritos e organizados em escalas
de proficiência estruturadas em níveis, de modo crescente, os quais descrevem as
competências e habilidades que os estudantes demonstram ter aprendido. A escala de
proficiência pode ser comparada a uma régua, na qual os itens (questões) que compõem os
testes são posicionados a partir dos parâmetros calculados com base na Teoria de Resposta
ao Item (TRI). A essas informações são incorporados dados qualitativos oriundos dos
questionários contextuais preenchidos por estudantes, professores e gestores.

A partir dos resultados do Paebes as equipes pedagógicas e os gestores escolares podem


realizar o planejamento de ações pedagógicas objetivando a melhoria da qualidade da
educação pública estadual. Esses resultados estão disponíveis no
portal https://avaliacaoemonitoramentoespiritosanto.caeddigital.net/, onde também podem ser
encontradas mais informações.”
Desse modo, por meio dos resultados obtidos nos testes de proficiência do Paebes/Paebes
Alfa, é possível agrupar os estudantes em padrões de desempenho: abaixo do básico, básico,
proficiente e avançado, os quais apresentam descrições de habilidades e competências
relacionadas a aspectos cognitivos que indicam o rendimento escolar, o que permite, com
base na Matriz de Referência, identificar em quais descritores/habilidades os estudantes
apresentam maiores dificuldades, permitindo o planejamento de ações com vistas a
possibilitar o prosseguimento do processo de escolarização com êxito.

As matrizes de referência e outras informações sobre o Paebes/Paebes Alfa podem ser


acessadas na plataforma do Caed.

Fonte: https://avaliacaoemonitoramentoespiritosanto.caeddigital.net/#!/programa
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – SAEB

Embora não seja aplicado em 2024, visto que sua aplicação é bianual, o Saeb é uma
importante avaliação externa e em larga escala, pois avalia as redes de ensino de todos os
estados brasileiros. O SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica, foi implantado no
Brasil em 1990, com o intuito de obter informações mais precisas sobre a real situação da
educação no país. A partir de 2005, passou a contar com duas avaliações: a Avaliação
Nacional da Educação Básica (Aneb), que manteve as características, os objetivos e os
procedimentos da avaliação efetuada até aquele momento, e a Avaliação Nacional do
Rendimento Escolar (Anresc), conhecida como Prova Brasil, criada com o objetivo de avaliar
a qualidade do ensino ministrado nas escolas das redes públicas. Em 2013, foi criada a
Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) e, por fim, em 2019, foram incluídas as avaliações
amostrais do 2º ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais – Língua Portuguesa e Matemática,
e do 9º ano do Ensino Fundamental Anos Finais– Ciências Humanas e Ciências da Natureza.

Atualmente, o SAEB avalia a educação básica brasileira bianualmente, de forma censitária e


amostral, abrangendo escolas e alunos das redes públicas e privadas do país,
respectivamente, em áreas urbanas e rurais, matriculados no 5º ano e 9º ano do Ensino
Fundamental (EF) e nas 3ª/4ª séries do Ensino Médio (EM) regulares, por meio de um
conjunto de avaliações externas em larga escala, que permite realizar um diagnóstico da
educação e de fatores que podem interferir no desempenho do estudante. De acordo com a
Portaria nº 10, de 08 de janeiro de 2021, seus objetivos são (BRASIL, 2021a):

As provas que compõem o SAEB são organizadas pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, e o público-alvo são estudantes de 2º, 5º e 9º ano do
Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio da Rede Pública de Ensino, além de uma
amostra de escolas da rede privada. A publicação dos resultados é garantida para as
unidades escolares que obtiverem a participação de, pelo menos, 80% dos estudantes
matriculados e o mínimo de 10 (dez) estudantes presentes no momento da aplicação dos
instrumentos em cada turma avaliada ((BRASIL, 2021c).

Sendo assim, por meio de testes cognitivos e questionários, o Saeb reflete os níveis de
aprendizagem demonstrados pelo conjunto de estudantes avaliados. Esses níveis estão
descritos e organizados de modo crescente, em Escalas de Proficiência de Língua
Portuguesa e Matemática, para cada uma das etapas avaliadas. Os resultados de
aprendizagem dos estudantes, juntamente com as taxas de aprovação, reprovação e
abandono, verificadas por meio do Censo Escolar, compõem o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb). O Ideb relaciona o desempenho dos estudantes nas avaliações
externas em larga escala com dados do fluxo escolar, com a finalidade de monitorar as
escolas e as redes de ensino. O índice varia de 0 a 10 e, quanto maior o desempenho e o
número de alunos aprovados, maior será o Ideb, calculado para escolas e redes de ensino
que monitoram o seu desempenho, frente a metas individuais pactuadas com o governo
federal (Decreto 6.094, de 24 de abril de 2007).

Acerca do SAEB no Espírito Santo, compete à Secretaria de Estado da Educação orientar as


Superintendências Regionais de Educação e unidades escolares sobre sua aplicação, bem
como implementar ações de intervenções de acordo com os resultados apresentados, tanto
no que se refere ao desempenho dos estudantes quanto à taxa de participação das escolas
na realização das provas, ocorridas preferencialmente nos meses de outubro ou novembro.

Estudantes de 2º, 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio da Rede


pública de ensino. E uma amostra de escolas da rede privada. A publicação dos resultados é
garantida para as unidades escolares que obtiverem a participação de, pelo menos, 80% dos
estudantes matriculados e o mínimo de 10 (dez) estudantes presentes no momento da
aplicação dos instrumentos. Realização bianual. Geralmente nos meses de outubro ou
novembro (BRASIL, 2021).
3.2.1 Letramento em dados de avaliações e indicadores de qualidade para tomada de decisões
estratégicas.
Diariamente, decisões são tomadas para o processo educativo acontecer em vários níveis e
instâncias governamentais e nas mais diversas áreas, como administrativa e financeira,
gestão de pessoas e gestão pedagógica. Nesse contexto, os gestores podem fazer a gestão
da educação pública de forma mais eficiente, economizando recursos, tempo e talento para o
alcance dos objetivos e metas educacionais, a partir de dados e informações.
Mesmo com a garantia de recursos financeiros por meio dos mecanismos legais, como o
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB), o financiamento educacional mostra que esses valores
ainda não são suficientes para a demanda de investimentos necessários para uma educação
de qualidade. Além disso, recursos financeiros não são garantia de educação de qualidade,
visto que para alcançá-la é necessário dispor de profissionais qualificados, ações
pedagógicas eficientes na promoção de um ensino equânime e eficaz, fatores relacionados à
gestão de pessoas e relações interpessoais, fatores socioeconômicos, entre outros.

Sendo assim, é necessário haver um bom planejamento dos recursos pelos gestores para
possibilitar a melhoria dos resultados na educação, cujas necessidades são muitas. Esse
planejamento perpassa pela habilidade para leitura e interpretação de dados educacionais, a
partir de relatórios, planilhas, taxas, gráficos, infográficos e outras ferramentas, em busca de
promover ações eficazes.

Percebemos nesses dados que ainda há um grande caminho a ser percorrido para que o
sistema educacional brasileiro alcance uma educação de qualidade para todos. As trajetórias
educacionais dos estudantes são comprometidas ao longo da educação básica, evidenciando
a exclusão educacional e o fracasso escolar de uma considerável parcela de alunos, ao
concluir as etapas da educação.

Na figura abaixo, observamos a ilustração de um quadro de desigualdade, igualdade,


equidade e justiça.
Trazendo esses aspectos para a educação, podemos refletir sobre como a falta de equidade
entre os estudantes, provocada pelas dificuldades para acompanhar os conteúdos da
série/ano, vem construindo um sistema excludente e injusto na aprendizagem das crianças e
jovens ao longo da educação básica. Os alunos com defasagem de aprendizagem não
conseguem aprender porque faltam-lhes as competências cognitivas para a continuidade dos
estudos.

Diante desse cenário e para responder a essas questões, os gestores dos sistemas
educacionais e das escolas precisam, de forma planejada, tomar medidas visando ao
atendimento dos estudantes com baixo rendimento por meio da recuperação ou
recomposição dos conteúdos dessas “lacunas” de aprendizagem, considerando também
outros fatores que causam desvantagens, como aspectos socioeconômicos, emocionais e
familiares. Para além disso, é preciso pensar em como diminuir as diferenças na
aprendizagem desde o ciclo de alfabetização para que não haja essa “falta de base” e nesse
aspecto, há a necessidade de uma gestão que tenha o conhecimento dos dados, mas, mais
do que isso, que converta esse conhecimento em ações efetivas que contribuam para sanar
ou ao menos diminuir essas defasagens.
Bravo (2021) ressalta que é necessário desenvolver programas de incentivo ao uso
pedagógico e estratégico dos dados educacionais, também conhecido como letramento em
dados (data literacy), com o objetivo de estimular o planejamento educacional baseado em
evidências. Nesse processo, saber interpretar e utilizar os resultados das avaliações
educacionais externas para intervenções pedagógicas eficientes na busca pela melhoria da
aprendizagem, é essencial. Para o autor, os principais fatores que afetam a utilização de
dados pelos profissionais da educação gira em torno das metodologias na divulgação dos
resultados de avaliações em formatos pouco acessíveis, a falta de formação especializada na
interpretação desses dados, a resistência dos profissionais ao modelo das avaliações em
larga escala e a distância temporal entre a aplicação das avaliações e a disponibilidade dos
resultados.

Neste sentido, Boudett (Org. 2020, p. 236), considera que, para que a utilização dos
resultados da avaliação dos estudantes seja construtiva, é preciso que as equipes de gestão
desenvolvam uma variedade de habilidades que os capacitem para:

o utilizar de forma eficiente os resultados das avaliações externas, aliados aos demais
indicadores da escola, é possível fazer um diagnóstico e planejar ações de acordo com as
especificidades de cada unidade escolar, traçar metas e meios para alcançá-las, saber de
onde partir, onde se espera chegar e qual o percurso a percorrer, de forma eficiente, com
responsabilidades definidas e estratégias bem definidas.
3.2.2 Evidências educacionais no Ciclo de Alfabetização

E no caso do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, que não fazem provas, o
que considerar?

A avaliação educacional consiste em um mecanismo de acompanhamento da aprendizagem,


dentro do que se considera adequado para a idade cognitiva do estudante. O Compromisso
Nacional Criança Alfabetizada, em regime de colaboração entre União, estados, Distrito
Federal e municípios, objetiva que todas as crianças estejam alfabetizadas até o final do 2º
ano do ensino fundamental.

Nos últimos dados do Saeb, obtidos em 2021, apenas 49,4% das crianças brasileiras foram
consideradas alfabetizadas ao final do 2º ano, sendo que, nos estados, somente Santa
Catarina obteve mais de 50%. De acordo com o MEC (BRASIL, 2022) esses resultados
geram graves impactos na violação do direito à alfabetização, tanto em relação à
“continuidade da trajetória escolar dos estudantes quanto do ponto de vista de suas
correlações com o aprofundamento da vulnerabilidade social e econômica e das
desigualdades regionais, de raça/cor, gênero”.

Nesse sentido, a política nacional de alfabetização, na perspectiva de retomar os elementos


positivos e estruturantes que a literatura científica identificou no Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa, busca por meio do compromisso firmado, corrigir seus
elementos mais frágeis e redirecionar os esforços do Ministério da Educação (MEC) nesse
campo, sobretudo, a partir de oito elementos fundamentais (BRASIL 2023):

Organização de um regime de colaboração e corresponsabilização entre União, estados


e municípios, com a definição clara das responsabilidades e dos compromissos de cada
esfera, substituindo um modelo no qual o MEC ignora as instâncias estadual e municipal e
cria um canal direto com cada escola, produzindo cenários de desigualdade;

 Metas pactuadas de resultado de alfabetização com a possibilidade de garantir o


monitoramento e acompanhamento avaliativo da política de alfabetização;
 Estratégia robusta de apoio técnico e financeiro da União para a requalificação,
ampliação e melhoria da infraestrutura física e pedagógica das escolas públicas que
atendem ao ciclo de alfabetização;
 Estratégia robusta de apoio técnico e financeiro da União para a elaboração, aquisição
e distribuição de materiais didáticos complementares para uso dos estudantes e
materiais pedagógicos para uso dos professores e professoras;
 Parametrização e coordenação dos sistemas de avaliação da alfabetização;
 Estruturação de uma estratégia formativa que seja presidida por uma visão
colaborativa e contextualizada de aprendizagem do professor e da professora, do
gestor e da gestora e que supere uma visão restrita de formação baseada apenas na
oferta de recursos digitais em plataformas virtuais, com baixa aprendizagem em grupo;
 Definição de orientações curriculares para a alfabetização que compreendam e
respondam à multidimensionalidade desse processo e não restrinjam a visão de
alfabetização à mera apropriação do Sistema de Escrita Alfabética ou à mera
descoberta fonológica da escrita;
 Visibilidade, reconhecimento e atendimento às singularidades e especificidades das
populações do campo, povos originários, população quilombola e ribeirinha, pessoas
surdas e pessoas com deficiência em todo desenho da política e na sua
implementação.

Tanto os objetivos quanto elementos e premissas que embasam o Compromisso Nacional


Criança Alfabetizada, nos leva a refletir sobre o uso de dados para monitoramento desses
resultados e o papel do diretor escolar na gestão pedagógica, quando se fala no chão da
escola.

Compreender a importância das metas e dos indicadores educacionais para alcance dos
objetivos é essencial e, para tanto, a avaliação tem um papel fundamental. Como vimos, os
números citados acima foram obtidos por meio do Saeb, uma avaliação nacional da
proficiência em Língua Portuguesa e Matemática que também utiliza questionários que
embasam outros indicadores, considerando as sete dimensões analisadas. Nesse sentido,
torna-se importante ter conhecimentos claros de como avaliar o ciclo de alfabetização
também no âmbito escolar, pelos professores, equipe pedagógica e diretor, por meio de
instrumentos claros e indicadores pré-estabelecidos, de forma que o acompanhamento diário
da aprendizagem dos estudantes aconteça e sejam direcionados para o alcance das metas
estabelecidas e, o mais importante, que todas as crianças estejam alfabetizadas ao final do 2º
ano.

Nesse intuito, diferentes instrumentos e indicadores podem e devem ser utilizados


sistematicamente pelas equipes pedagógicas das secretarias, equipes gestoras e professores
das escolas, por meio dos registros e utilização de suas observações para planejar e superar
as fragilidades identificadas antes e durante o processo de alfabetização. Os dados que são
registrados e consolidados, após analisados e interpretados, embasam decisões que
garantem a melhoria qualitativa da aprendizagem e do ensino.

A partir da matriz de habilidades - Sistema de escrita alfabética; Leitura de Texto; Escrita;


Produção de Texto e Oralidade, o professor pode executar um conjunto de atividades com os
estudantes, utilizando diferentes metodologias e práticas pedagógicas, para promover o
desenvolvimento das habilidades previstas e avaliar diariamente a evolução da
aprendizagem, por meio da Ficha de Acompanhamento, que deve ser atualizada de acordo
com sua evolução. Esse instrumento é importante para que toda a equipe escolar possa
acompanhar a trajetória escolar dos estudantes ao longo do ano letivo e assim, realizar
intervenções de forma ágil.

Nesse contexto, faz-se necessário que o gestor esteja atento ao registro dessas informações,
por meio de acompanhamento, participação nas análises e avaliação do seu
desenvolvimento, para que faça os ajustes necessários no decorrer do processo. Também é
importante fornecer formação em serviço para as equipes escolares, visando um ensino de
qualidade e aprimorar os conhecimentos da equipe escolar acerca do uso de evidências a
favor da melhoria da aprendizagem.

As observações das aulas pelos pedagogos ou coordenadores pedagógicos também é um


importante instrumento de monitoramento das ações pedagógicas e devem ser bem
orientadas pelo gestor escolar, como meio de identificar oportunidades para apoiar o
professor quanto aos pontos fortes e desenvolvê-lo nas fragilidades de sua prática docente.
No Espírito Santo, contamos com três avaliações em larga escala que abarcam o ciclo de
alfabetização: A Avaliação da Fluência em Leitura, o Paebes Alfa e o Saeb, as quais
especificamos anteriormente. O gestor escolar deve garantir que a equipe pedagógica
acompanhe os resultados dos estudantes, realizar reuniões periódicas para apropriação e
análise desses resultados e, sempre que identificadas fragilidades, utilizá-los para as
intervenções necessárias.

4. Planejamento de ações a partir de indicadores

É comum a elaboração de planos de gestão em que são elencadas inúmeras ações com
metas, prazos e responsáveis. Contudo, via de regra, o objetivo fim de sua elaboração não
está conectado com as reais necessidades e objetivos, mas sim para cumprir uma exigência
de financiamento ou utilização de recursos pela escola.

Para romper com essa prática ineficaz, os gestores precisam elaborar planos a partir de
indicadores confiáveis e seguirem uma metodologia adequada que envolvam a participação
das equipes, análise de dados, estabelecimento de ações, execução, monitoramento e
avaliação. Apresentamos a seguir, a título de exemplo, a figura do processo de melhoria
“Data Wise” que sugere um roteiro de planejamento escolar a partir dos resultados de
avaliações dos alunos.

Assim, a análise de indicadores precisa ter uma rotina organizada em todos os níveis,
instâncias e em todos os aspectos, como pedagógico, financeiro, administrativo e clima
organizacional. Essa análise deve ser convertida em dados para alimentar um sistema seguro
e organizado de informações gerenciais confiáveis para fomentar a tomada de decisão por
meio de planos de ação.

É comum a divulgação pela imprensa de aspectos negativos das escolas, como falta de
transporte, falta de alimentação escolar, falta de professor, condições físicas dos prédios
escolares deteriorados, entre outros aspectos. Isso ocorre, em certa medida, pela falta de
planejamento nas aquisições e nas contratações de serviços, na quantidade e qualidade
certas e em tempo hábil, a partir de indicadores de qualidade.
É bom sempre lembrar que uma educação de qualidade se constitui por meio de um conjunto
de ações articuladas para assegurar que a gestão pedagógica aconteça da melhor forma
possível, tendo a garantia dos direitos dos estudantes atendida plenamente, principalmente os
de aprendizagem na escola. Para isso, os gestores precisam analisar continuamente os
resultados de aprendizagem, de frequência e convivência dos estudantes, em nível de
sistema, rede e escola e identificarem os fatores associados ao sucesso ou fracasso escolar
para o planejamento de soluções para os problemas prioritários que forem identificados e,
como forma de sistematizar o planejamento estratégico, é imprescindível a construção de um
Plano de Ação, no qual essas evidências serão consolidadas em ações, com tarefas
específicas, prazo de execução e responsáveis pelo seu desenvolvimento.

5. O Plano de Ação como instrumento de planejamento estratégico baseado em


evidências

O plano de ação é um documento norteador essencial para o planejamento de estratégias,


execução, acompanhamento e consolidação dos processos cotidianos da escola que visa
alavancar os resultados da instituição. É a partir desse documento que a escola fará um
planejamento em conjunto para descrever a organização que vai priorizar suas atividades ao
longo do ano e/ou semestre para alcançar seus objetivos. De posse de um bom plano de
ação em mãos, a escola é capaz de agir com mais foco e eficiência, melhorando os
resultados de todo o trabalho ao longo do tempo.

Embora o plano de ação escolar seja uma estratégia que deva mapear todas as atividades e
objetivos da organização ao longo do tempo, ele não é um documento engessado, sendo
preciso ter espaço para mudanças e imprevistos que podem acontecer ao longo do percurso
no seu desenvolvimento.

É importante lembrar que o principal propósito do plano de ação é guiar a escola e seus
profissionais ao longo dos processos no contexto escolar em todos os seus projetos e
atividades, portanto é essencial garantir que o documento tenha uma linguagem clara e
objetiva para o melhor entendimento e envolvimento de todos.
5. O Plano de Ação como instrumento de planejamento estratégico baseado em
evidências

5.1. Como elaborar um Plano de Ação que seja eficaz?

Para elaborar um Plano de ação eficaz é preciso, além da análise dos indicadores, fazer um
planejamento estratégico, com clareza de onde se deseja chegar(metas) e as etapas a seguir
durante o percurso. Na figura abaixo, descrevemos as etapas mais importantes para a
construção, execução, monitoramento e avaliação de um Plano de Ação objetivo e eficiente.

5.1.1 Definição de Objetivos e Metas


É essencial que o plano de ação seja traçado por objetivos claros, eles precisam ser definidos
e alinhados com todos os colaboradores, priorizando as sugestões e discussões dos
envolvidos no processo. Após essa etapa é hora de estabelecer as metas, que devem ter
altas expectativas, ser atingíveis, estar em consonância com esses objetivos, para que sejam
alcançados ao final do período de cada etapa designada para cada ação.

A documentação deve contemplar todas as ações que serão executadas pela unidade escolar
em um determinado período letivo e deve conter:

● O diagnóstico da situação atual da organização;

● Metas que sejam executáveis (e mensuráveis);


● Indicadores de performance escolhidos para avaliar o desempenho;

● Uma revisão geral sobre as experiências anteriores, tanto em relação à gestão quanto aos
métodos de ensino;

● As ações que serão executadas, com definição de responsáveis.

5.1.2 Planejamento de Ações

É importante garantir que tanto os colaboradores quanto os professores estejam presentes na


construção e planejamento das ações que serão desenvolvidas durante o processo, a
participação de todos gera um sentimento de corresponsabilidade na execução e
acompanhamento das demandas, onde estas, devem estar alinhadas em relação ao
acompanhamento da gestão.
É necessário que todos possam estar cientes e entender que sua contribuição é de suma
importância para a concretização final das ações, tendo a consciência que todos irão
contribuir em diferentes frentes para que o plano seja totalmente cumprido.

5.1.3 Estabelecimento de Cronograma e Prazos

Logo após construir o planejamento e mapear todas as ações a serem realizadas ao longo do
período no plano de ação escolar, é importante estabelecer um cronograma e definir prazos
finais para cada atividade, assim podemos garantir que todas as atividades sejam executadas
dentro do esperado.

Esse passo é essencial para garantir o comprometimento de todas as pessoas envolvidas no


desenvolvimento das ações do plano de ação, que devem ser acompanhadas pela gestão
para que realizem suas entregas dentro dos prazos estabelecidos.

5.1.4 Definição de envolvidos

A definição dos envolvidos é um momento crucial para a conscientização de todos no


desenvolvimento das ações, para que seja garantido o entendimento de todos é essencial
que os objetivos, metas e ações do plano de ação tenham definições claras de responsáveis
e outras pessoas envolvidas para se concretizar tudo o que foi planejado. O Plano de Ação só
se tornará eficiente e eficaz se for executado.
Garanta que toda a equipe saiba o que deve fazer de forma coletiva e individualmente para
que o trabalho de todos esteja alinhado e contribua para o sucesso no cumprimento do plano.

5.1.5 Diálogo e Execução das ações do plano de ação

O processo de construção do plano de ação apesar de ter a finalidade de executar um


planejamento por meio de ações para a efetividade de metas, deve ser o norte das atividades
a serem desenvolvidas pela equipe escolar, por isso, desde a sua elaboração é essencial
uma boa comunicação para que se tenha uma execução eficaz do plano de ação escolar.

Sendo assim, é necessário criar processos e mecanismos para garantir que as pessoas
estejam cientes de como está caminhando a evolução do plano de ação escolar, fazendo
avaliações constantes, diagnosticando quais pontos precisam de atenção extra e se existe
algo que precisa ser adaptado, aprimorado ou mudado durante o percurso, em relação ao
plano inicial.

5.1.6 Acompanhamento e Monitoramento do plano de ação


Obter registros dessa trajetória vai ser muito útil para que se possa realizar feedbacks
assertivos para a equipe de trabalho, gerando possibilidades de auto reflexão dos
responsáveis, assegurando que o plano de ação escolar seja ainda mais bem sucedido,
evitando falhas e erros que podem surgir durante o processo de execução, detectando e
orientando a equipe com mais eficiência no desenvolvimento das ações.

Para monitorar a execução das ações planejadas, deve-se fazer uso de relatórios de
acompanhamento e percepções da gestão em torno do trabalho que está sendo desenvolvido
em cada etapa, podem ser criados instrumentos de acompanhamento que devem ser
respondidos pelos responsáveis após cada ação desenvolvida. Para avaliar a qualidade e
efetividade das ações, assim como todo o processo de execução, é possível se utilizar desses
instrumentos que possibilitam a coleta de informações para tomada de decisões.

5. O Plano de Ação como instrumento de planejamento estratégico baseado em


evidências

5.2. Dimensões do Plano de Ação


Como vimos, o Plano de Ação escolar é um instrumento fundamental de planejamento
estratégico e abrange diversas dimensões essenciais para o bom funcionamento e
desenvolvimento da escola. Entre as consideradas essenciais, destacam-se a gestão
pedagógica, gestão de pessoas e liderança, avaliação, gestão participativa e infraestrutura, as
quais, culminam com as dimensões da gestão escolar, visto que é um instrumento utilizado
para essa finalidade.

Em relação à gestão pedagógica, o plano de ação deve abordar metas e ações relacionadas
ao currículo, metodologias de ensino, formação de professores, acompanhamento do
desenvolvimento dos estudantes e a implementação de práticas educativas inovadoras.
Também inclui a análise de indicadores de desempenho, fluxo, frequência, entre outros, o
acompanhamento das avaliações internas durante o processo de ensino e aprendizagem,
para embasar a tomada de decisões que visem a melhoria contínua do processo educativo. É
essencial para garantir a qualidade do ensino uma aprendizagem eficaz e significativa para os
educandos.

A gestão de pessoas e liderança é outra dimensão crítica do plano de ação escolar,


envolvendo a definição de estratégias para o desenvolvimento profissional dos colaboradores,
a promoção de um ambiente de trabalho saudável e motivador, e uma liderança eficaz,
participativa e democrática, que promova a cooperação e o engajamento de toda a equipe
escolar, dos estudantes, familiares e comunidade.

A gestão participativa é outra dimensão relevante, pois envolve ativamente todos os membros
da comunidade escolar, incluindo professores, estudantes, pais e funcionários, no processo
de definição de metas, planejamento e implementação de ações. A inclusão de diferentes
pontos de vista e a colaboração de todos os envolvidos é fundamental para o sucesso do
plano de ação.
No que tange à avaliação, deve ser contínua, ao longo da execução das ações e, ainda, ao
final de cada trimestre ou etapa do plano. Nesse momento, é preciso realizar a análise da
implementação e validar o alcance dos resultados ao longo do processo, para que seja
possível corrigir lacunas ou inserir novas tarefas, de acordo com as necessidades da escola.
Essa é a etapa de monitoramento do Plano de Ação.

Por fim, a dimensão da infraestrutura abrange as metas e ações relacionadas à manutenção e


melhoria das instalações físicas, equipamentos, tecnologia educacional, segurança e recursos
materiais necessários para o bom funcionamento da escola.

6. Monitoramento e Acompanhamento dos Processos de Aprendizagem

Para monitoramento e acompanhamento dos processos de aprendizagem, as equipes


pedagógicas das Secretarias e/ou Superintendências de Educação devem realizar o fluxo
direto com as escolas por meio de comunicação clara, intensa e facilitada, que pode ocorrer
com visitas in loco, reuniões, entre outras estratégias, com o objetivo de apoiar
pedagogicamente as escolas, desenvolvendo um trabalho de acompanhamento aos líderes
escolares, visando a excelência do trabalho do Núcleo Gestor com objetivo central na
aprendizagem do estudantes.

Todas as escolas e os Centros de Educação Infantil recebem acompanhamento pedagógico


com peso igual, com visitas técnicas, além de reuniões com os diretores escolares e equipes
pedagógicas das escolas, para realização de ação formativa e gestão de resultados.

Durante os acompanhamentos in loco (visitas aos espaços escolares), a equipe monitora os


resultados de aprendizagem, acompanham a prática dos professores através da observação
das aulas, participam do planejamento pedagógico, realizam caminhadas pedagógicas e
desenvolvem formação com o gestor.

O diretor escolar é o profissional da gestão que tem como função desenvolver ações
pedagógicas e administrativas, ter boa comunicação com a comunidade escolar, além de
primar por boas relações interpessoais, visando assegurar o bom funcionamento do ambiente
escolar, propiciando condições para garantir com eficiência os processos educacionais. Por
isso, listamos algumas atribuições/características importantes de um bom gestor.
Quando a unidade escolar dispõe do coordenador pedagógico, o diretor escolar conta com as
ações desse agente para auxiliá-lo, as quais são focadas na rotina pedagógica da instituição
de ensino, como um articulador e transformador da prática docente, cujas funções estão
diretamente ligadas ao processo educativo que resultam na aplicação de princípios,
promovendo um ensino de qualidade aos estudantes e a formação do ser integral. As ações
de acompanhamento do diretor(a) e do coordenador pedagógico se entrelaçam e para que
sejam efetivas é necessária uma agenda de trabalho estruturada com foco na garantia da
aprendizagem de todos os alunos.
6. Monitoramento e Acompanhamento dos Processos de Aprendizagem

6.1. Educação Infantil: O Papel do Gestor Escolar na Pré-Escola


A atenção do gestor escolar para a pré-escola é de suma importância, pois essa fase inicial
da educação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, emocional e
social das crianças. O gestor desempenha um papel crucial ao garantir que a pré-escola seja
um ambiente acolhedor, estimulante e propício ao aprendizado.

Um olhar atento do gestor escolar para a pré-escola implica na criação de um currículo


adequado à idade, que ofereça oportunidades de aprendizado por meio de brincadeiras,
atividades lúdicas e interações sociais. Isso não apenas estimula a curiosidade e a
criatividade, mas também desenvolve habilidades essenciais, como a resolução de
problemas, a comunicação e o trabalho em equipe.
Outro ponto importante é o envolvimento dos pais e responsáveis nesse processo. O gestor
escolar deve facilitar uma comunicação aberta e constante com as famílias, envolvendo-os na
educação de seus filhos, compartilhando informações sobre o progresso das crianças e
fornecendo recursos para apoiar o desenvolvimento delas em casa.

Além disso, o gestor escolar na pré-escola desempenha um papel significativo na


identificação e no suporte às necessidades especiais das crianças, garantindo que os
recursos e o apoio necessário estejam disponibilizados para todos, promovendo a inclusão e
a igualdade de oportunidades desde o início de suas jornadas educacionais.

Ao longo da Educação Básica – na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino


Médio, os estudantes devem desenvolver as dez competências gerais definidas pela BNCC,
que pretendem assegurar, como resultado do seu processo de aprendizagem e
desenvolvimento, uma formação humana integral que vise à construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva.

Figura: Competências gerais da BNCC


Fonte: BNCC

Na Primeira etapa da Educação Infantil básica, de acordo com os Eixos Estruturantes da


Educação Infantil (interações e brincadeiras) da BNCC (2017, pág. 38), devem ser
assegurados seis (06) direitos de aprendizagem e desenvolvimento e cinco (05) campos de
experiências conforme esquema a seguir:

Fonte: BRASIL, 2023.


Jogos e brincadeiras que envolvem socialização e ajuda mútua podem ser boas estratégias
para desenvolver a convivência. Ressalta que as brincadeiras devem fazer parte da rotina da
criança, pois se trata de iniciativas infantis que o adulto deve acolher e enriquecer, porém
devem ser planejadas e variadas. Para isso, a partir da observação dos pequenos brincando,
o professor pode disponibilizar materiais que auxiliem o desenvolvimento da brincadeira ou
que conduzam a outras experiências. Ele também pode promover conversas posteriores para
discutir o que observou.

Para fomentar a participação o importante é promover atividades que envolvam as crianças


em todas as etapas, algo que eles possam participar da construção, fazer sugestões e
decidirem, por exemplo, como será a estrutura, quais materiais serão usados, qual será a cor.
Nesse processo permitir que elas participem das decisões que dizem respeito a elas mesmas
e que organizam o cotidiano coletivo é fundamental.

A garantia dos direitos de explorar e expressar se entrelaçam. A expressão ocorre após a


exploração, pois só é possível se expressar sobre o que se tem conhecimento. Exploração de
elementos concretos, simbólicos, músicas e histórias, por exemplo, e posteriormente a
criação de momentos de reflexão, ou seja, a escuta após a observação é uma boa maneira de
garantir esses direitos e permite que as crianças se expressem em diferentes linguagens.

Para se expressarem, rodas de conversa são imprescindíveis. Ambientes interessantes de


expressão com diferentes pessoas e situações, com momentos de fala, nos quais ambas as
partes escutem e se expressem. Além disso, criar conselhos e assembleias em que os
pequenos votam e argumentam sobre decisões que afetam o coletivo ajudam nessa tarefa.

Para que a criança desenvolva o autoconhecimento, o professor tem o papel de levá-los a ter
percepções sobre o que gostam e como se sentem frente a determinadas situações simples,
mas que os auxiliem a descobrir a si próprios e aos outros. Com os bebês, por exemplo,
situações em que eles podem ficar em frente a espelhos e se observar, a hora do banho,
alimentação e troca de fraldas são ricos para essa aprendizagem: ao se sentir cuidado e ao
aprender a cuidar de si, a criança desperta a consciência sobre seu corpo.

Estes aprendizados formam a base para o desenvolvimento integral das crianças e é


responsabilidade do gestor escolar garantir que todas essas áreas sejam abordadas e
cultivadas de maneira equilibrada e inclusiva no ambiente da pré-escola. Para tanto, sugere-
se que ele tenha uma rotina de monitoramento a ser acompanhada pelo pedagogo para
garantir o pleno atendimento aos direitos e à formação adequada dos pequenos, para dar
continuidade ao processo educativo na passagem para o ensino fundamental.

6. Monitoramento e Acompanhamento dos Processos de Aprendizagem

6.2. Ensino Fundamental Séries Iniciais: O Papel do Gestor Escolar


De acordo com a BNCC, para que isso ocorra, as informações contidas em relatórios,
portfólios e registros que evidenciem a vivência das crianças ao longo de sua trajetória na
Educação Infantil podem contribuir para a compreensão de quem é cada estudante ao
adentrar o Ensino Fundamental. Conversas ou visitas e troca de materiais entre os
professores das escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental – Anos Iniciais
também facilitam a inserção das crianças nessa nova etapa da educação básica, por isso a
importância do acompanhamento e registro desde o início do percurso educativo das
crianças.

Nesse sentido, os direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da educação


infantil devem ser ampliados e aprofundados nesta etapa, ao invés de serem vistos como
condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino Fundamental.

Nesse processo, cabe aos diretores escolares o cuidado com a orientação e articulação da
equipe pedagógica e professores na definição das ações de acolhimento, diagnóstico,
adaptação e gestão das evidências, especialmente na fase de transição entre as etapas de
ensino.

6.3. Ensino Fundamental - Anos Finais: O Papel do Gestor Escolar

A transição dos anos iniciais para os finais no Ensino Fundamental também constitui um
momento de cautela com o processo de aprendizagem dos estudantes. As rupturas que
ocorrem do 5º para o 6º ano se inserem em diferentes campos, desde a complexidade dos
conteúdos de ensino, com diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados
às áreas, passando pela adaptação a nova dinâmica de professores, um por componente
curricular e, ainda, as mudanças fisiológicas das crianças, na transição da infância para a
adolescência, marcada por intensas mudanças decorrentes de transformações biológicas,
psicológicas, sociais e emocionais.

Nesse período do desenvolvimento humano, como mostra o Parecer CNE/CEB nº 11/2010,


ampliam-se os vínculos sociais e os laços afetivos, as possibilidades intelectuais e a
capacidade de raciocínios mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes de ver e
avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a capacidade de descentração,
“importante na construção da autonomia e na aquisição de valores morais e éticos” (BRASIL,
2010).

Todo esse quadro impõe à escola desafios que vão além da função pedagógica, ao
pensarmos no cumprimento do seu papel em relação à formação das novas gerações. Ao
firmar seu compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada, as instituições
escolares devem contribuir para a formação de um estudante crítico em relação ao conteúdo
e à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais, que incorpore novas linguagens e maneiras
de funcionamento, desvendando possibilidades de comunicação (e também de manipulação),
e que eduque para usos mais democráticos das tecnologias e para uma participação mais
consciente na cultura digital.

Tomando como base o compromisso da escola de propiciar uma formação integral, balizada
pelos direitos humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a necessidade de
desnaturalizar qualquer forma de violência. Em todas as etapas de escolarização, mas de
modo especial entre os estudantes dessa fase do Ensino Fundamental, esses fatores
frequentemente dificultam a convivência cotidiana e a aprendizagem, conduzindo ao
desinteresse e à alienação e, não raro, à agressividade e ao fracasso escolar, levando muitas
vezes à reprovação ou ao abandono e evasão. É necessário que a escola dialogue com a
diversidade de formação e vivências para enfrentar com sucesso os desafios de seus
propósitos educativos.
7. Considerações Finais

Vimos neste tópico que a gestão baseada em evidências considera diferentes indicadores
educacionais que englobam todas as dimensões da gestão escolar. Nesse contexto, os
resultados das avaliações externas ganham destaque pois, além dos testes cognitivos,
disponibilizam questionários contextuais, socioeconômicos e/ou socioemocionais, que
possibilitam aos gestores da educação em todas as instâncias - federal, estadual, municipal e
escolar - o acesso a dados relacionados tanto aos estudantes, quanto aos seus familiares,
aos professores, à rede física das escolas, ao clima escolar, à questões socioemocionais,
entre outros, como o SAEB, que toma como referência sete dimensões de qualidade da
Educação Básica, os quais se inter-relacionam para promover percursos regulares de
aprendizagem com vistas à formação integral dos estudantes brasileiros: Atendimento
escolar; Ensino e aprendizagem; Investimento; Profissionais da educação; Gestão; Equidade
e; Cidadania, direitos humanos e valores.

Outros indicadores são fornecidos por meio da frequência dos estudantes e pelos resultados
de aprendizagem obtidos nas avaliações internas, parciais e finais, os quais definem as taxas
de aprovação e reprovação, abandono e evasão, distorção idade/série, além de informações
complementares acerca do clima escolar, relações interpessoais, relacionamento com a
comunidade e familiares, rede física escolar e administração de recursos.

Portanto, quando falamos em gestão por meio de evidências devemos considerar inúmeros
fatores que vão influenciar nos resultados de aprendizagem, o que nos leva a refletir sobre a
importância do planejamento estratégico e da construção de um plano de ação que englobe
todos esses fatores, dentro do peso elencado a cada um deles. Para tanto, faz-se necessário
que os gestores escolares tenham consciência da importância do seu papel como articulador
e participante ativo das ações pedagógicas, desde o seu planejamento, passando por sua
execução, monitoramento, avaliação e na realização dos ajustes necessários para se
alcançar a equidade e as melhorias nos resultados de aprendizagem e, consequentemente,
na qualidade da educação.

8. Referências Bibliográficas

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completando o conjunto constituído pela BNCC da Educação Infantil e do Ensino
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