International Journal of Developmental and Educational Psychology 0214-9877
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http://dx.doi.org/10.17060/ijodaep.2016.n1.v1.270
RESUMO
Antecedentes: O aleitamento materno exclusivo até aos meses do bebé, e a sua manutenção
com alimentos complementares até aos dois anos (OMS e UNICEF, 1995).
Objectivos: Conhecer a opinião das mães de lactentes sobre o período de aleitamento materno
exclusivo, identificar se as mães foram informadas sobre a importância do aleitamento materno
exclusivo durante o período pré-natal, identificar o motivo para amamentar, avaliar a taxa de aleita-
mento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida e identificar as causas para a intro-
dução de outro tipo de alimentos;
Método: Estudo quantitativo, descritivo, numa amostra não probabilística intencional de 39
mães de lactentes, que tenham amamentado ou ainda se encontravam a amamentar, cujos filhos fre-
quentavam creches públicas ou privadas, situadas em meio urbano e rural do distrito de Coimbra,
com aplicação de um questionário, de Outubro a Dezembro de 2015.
Resultados: 17.9% das crianças tinha 9 meses de idade, 51.3% das mães tinha entre 31-35
anos, 87.2% eram trabalhadoras, 59.9% referiu o período de 6 meses como o período ideal de dura-
ção do aleitamento materno exclusivo, a 87.2% foram-lhes transmitidos conhecimentos sobre a
importância do aleitamento materno exclusivo durante o período pré-natal, 22.6% referiu “a saúde
do bebé” para amamentar, 48.7% introduziu outros alimentos aos 5 meses tendo 53.8% invocado
o trabalho fora de casa o motivo para essa introdução.
Conclusões: A maioria das mães de lactentes identificou correctamente o período de aleita-
mento materno exclusivo sendo maioritariamente informadas sobre a importância do aleitamento
materno exclusivo durante o período pré-natal. Foi identificado o motivo para amamentar e avalia-
da a taxa de aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida. O trabalho fora
de casa foi identificado o principal motivo para a introdução precoce de outro tipo de leites ou ali-
mentos.
Palavras- chave: crianças; aleitamento materno exclusivo; consulta pré-natal
ABSTRACT
Background: Exclusive breastfeeding until the months of the baby, and its maintenance with
complementary foods up to two years (WHO and UNICEF, 1995)
Objectives: Know the opinion of the infants of mothers on exclusive breastfeeding period, iden-
tify whether the mothers were informed about the importance of exclusive breastfeeding during the
prenatal period, identify the reason for breastfeeding, assess the exclusive breastfeeding rate during
the first 6 months of life and identify the causes for the introduction of another type of feed.
Method: quantitative, descriptive study, a non-probabilistic intentional sample of 39 mothers of
infants who have breastfed or were still breast-feeding, whose children attended public or private
kindergartens, located in urban and rural areas of the district of Coimbra, with application of a ques-
tionnaire from October to December 2015.
Results: 17.9% of the children were 9 months old, 51.3% of mothers were between 31-35
years, 87.2% were working, 59.9% reported a period of six months as the optimal duration of exclu-
sive breastfeeding, 87.2% were- transmitted their knowledge about the importance of exclusive
breastfeeding during the prenatal period, 22.6% said “the baby’s health” to breastfeed, 48.7% intro-
duced other foods at 5 months with 53.8% cited work outside the home the reason for this intro-
duction.
Conclusion: Most infants of mothers correctly identified exclusive breastfeeding period is mos-
tly informed about the importance of exclusive breastfeeding during the prenatal period. the reason
was identified to breastfeed and evaluated the exclusive breastfeeding rate for the first 6 months of
life. The work outside the home was identified the main reason for the early introduction of other
milks or foods
Keywords: Infants, Exclusive Breastfeeding, Antenatal Clinics
ANTECEDENTES
O aleitamento materno exclusivo até aos meses do bebé, e a sua manutenção com alimentos
complementares até aos dois anos (OMS e UNICEF, 1995).
Inquestionavelmente, o leite materno é considerado o alimento ideal para a criança durante os
primeiros meses de vida, ao proporcionar um melhor crescimento e desenvolvimento da criança,
uma vez que está adaptado à sua evolução e necessidades.
A taxa de aleitamento exclusivo até aos seis meses continua a ser baixa em todos os países da
Europa, não cumprindo, na sua generalidade, as recomendações da OMS e da UNICEF (1995).
Mesmo em países onde a taxa de iniciação ao aleitamento materno é elevada, existe nos primeiros
meses uma descida bastante acentuada
Um estudo desenvolvido por Galvão (2006), concluiu haver um decréscimo na prevalência da
amamentação do nascimento aos três meses, em que apenas 25% das crianças estudadas se
encontravam a fazer aleitamento materno exclusivo.
O aleitamento materno é actualmente considerado como uma prioridade no desenvolvimento da
criança e prevenção de várias patologias, ainda que grande percentagem de mães interrompam pre-
cocemente a amamentação dos seus filhos ou simplesmente optem por não amamentar.
O leite materno além de ser uma fonte de nutrição para a criança, sendo considerado um ali-
mento completo para o seu crescimento, também lhe proporciona e promove benefícios a nível do
seu desenvolvimento. Ainda para a “American Academy of Pediatrics” citada por Pedroso (2011)
estes benefícios podem ainda ser psicológicos, imunológicos, sociais, económicos e ambientais.
A tomada de decisão de amamentar e a sua manutenção pode tornar-se uma situação bastante
complexa para a mulher, sendo esta muitas das vezes tomada ainda durante o período pré-natal,
pelo que este é considerado um dos momentos mais importantes para a gestante aceitar e adaptar-
se à sua futura função.
Neste sentido, a preparação para a amamentação deverá ser realizada pelos profissionais de
saúde durante a gravidez, sendo objectivo das consultas pré-natais, a assistência e preparação das
futuras mães para a prática do aleitamento materno, sendo considerado o mais adequado em que a
grávida/casal se encontra habitualmente mais receptivo à formação/informação.
Em Portugal, segundo os dados do Ministério da Saúde, Direcção-Geral da Saúde. (2002), a
percentagem de grávidas que inicia a vigilância pré-natal antes da 16ª semana de gravidez é supe-
rior a 80% e mais de 80% realizam esquemas de vigilância considerados adequados. Estas consul-
tas são reconhecida como sendo um espaço de acolhimento à mulher grávida possibilitando diálo-
go, esclarecendo e informando sobre as vantagens acerca do aleitamento materno exclusivo mas
também as desvantagens em caso de desmame precoce, promovendo e incentivando a mulher para
amamentar e deste modo melhorar os índices de aleitamento materno.
De acordo com Ramos e Almeida (2003) citando a OMS e a UNICEF referem que um dos moti-
vos alegados pelas mães para não amamentar ou para interromper a amamentação precocemente
é a falta de orientação e de apoio no período pré-natal por parte da equipe de saúde.
Para Shimizu et al (2009) é indispensável expandir o acesso às gestantes nos serviços de saúde,
melhorando a qualidade das consultas, fortalecendo o acolhimento, de forma a garantir a todas as
gestantes um período pré-natal de qualidade.
Segundo a Direcção Geral de Saúde (2002) os profissionais de saúde têm um papel muito
importante na promoção, protecção e manutenção do aleitamento materno, principalmente nos
períodos pré-natal, parto e pós-parto e amamentação.
De acordo com Maia (2005) o enfermeiro na consulta pré-natal deverá motivar a futura mãe para
o aleitamento materno, pois ao sentir-se mais motivada também se sentirá mais segura e descon-
traída. Ainda segundo a mesma autora (2005) o enfermeiro deverá transmitir e informar os pais
quais as vantagens da amamentação, esclarecendo algumas dúvidas acerca da necessidade de uma
alimentação equilibrada, diminuindo alguns medos, receios, tabus e dificuldades que possam sur-
gir. Deste modo, os profissionais de saúde poderão utilizar estratégias tornadas fundamentais para
o sucesso do aleitamento materno.
Também no estudo desenvolvido por Fujimori & Rezende (2009) as consultas pré-natais são
consideradas momentos importantes para estimular e incentivar a mulher para amamentar e a
aumentar os seus conhecimentos sobre esta temática, levando ao aumento da sua prevalência e
duração.
Medeiros (2006, p.134) refere que a pouca orientação dada às mães pelos profissionais de
saúde, cria muitas vezes “a expectativa que o processo de aleitamento é simples e automático” E
acrescenta afirmando que, “se fossem melhor esclarecidas, seria menos penoso enfrentar as difi-
culdades que encontram, principalmente no início da amamentação, quando muitas acabam por
desistir”.
Ainda neste contexto, para Silva Nogueira e Rosa Pedroso (s.d.) a dúvida sentida por algumas
mães ao quererem abandonar o aleitamento natural, pode ser devida a uma atitude muitas das vezes
“empacotada”, pois é-lhes difícil assumir a negação, considerada como um dever de qualquer mãe,
recorrendo por vezes, a subterfúgios, falta de informação ou alguma influência negativa de familia-
res, sugerindo que o leite é fraco, para o seu filho.
As mães podem manifestar sentimentos ambíguos e contraditórios se os profissionais de saúde
com quem contactam não estiverem seguros e detiverem informação e formação concisa sobre
amamentação.
Por vezes são os conselhos dos próprios profissionais de saúde que provocam uma certa ambi-
guidade nas mães que ainda manifestam alguma dúvida e indecisão, ao desvirtuarem a importância
do aleitamento materno exclusivo, para o crescimento e desenvolvimento da criança.
Determinados estudos realizados apontam, com alguma frequência, alguns mitos sociais/cren-
ças e a própria cultura dos países, originando que algumas mulheres optem pelo aleitamento de fór-
mula. Outras mães referem ainda a falta de informação e desconhecimento sobre a fisiologia e lac-
tação e a possibilidade de amamentarem e produzir leite em quantidade suficiente para o seu filho,
o que pode levar à interrupção precoce do aleitamento materno (OMS e UNICEF, 1995).
Através dos resultados de um estudo desenvolvido por Pedroso (2011) podemos induzir que a
mulher pode facilmente abandonar a amamentação para retomar a sua actividade laboral, se não
existirem condições de apoio, tais como a existência de creche no próprio local de trabalho, que lhe
permita continuar a realizar o aleitamento materno exclusivo.
OBJECTIVOS
Conhecer a opinião das mães de lactentes sobre o período de aleitamento materno exclusivo,
identificar se as mães foram informadas sobre a importância do aleitamento materno exclusivo
durante o período pré-natal, identificar o motivo para amamentar, avaliar a taxa de aleitamento
materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida e identificar as causas para a introdução
de outro tipo de alimentos.
PARTICIPANTES
Participaram no estudo 39 mães de lactentes, distribuídas por cinco grupos etários: 20 anos ou
menos, 21 a 25 anos, 26 a 30 anos, 31 a 35 anos e mais de 35 anos. A maioria (51.3%) das mães
tinha entre os 31 e 35 anos e a média localizou-se no grupo etário dos 26 aos 30 anos. A idade das
crianças lactentes oscilou entre os 3 e os 12 meses, tendo a maioria (17.9%) 9 meses de idade e a
média de 7.72 meses. No momento da realização do estudo a maioria das mães (87.2%) era traba-
lhadora.
MÉTODO
O estudo foi desenvolvido em creches públicas e privadas, situadas em meio urbano e rural do
distrito de Coimbra, durante os meses de Outubro a Dezembro de 2015.
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, numa amostra não probabilística intencional a
mães de lactentes que tenham amamentado ou que ainda se encontravam a amamentar. Foi aplica-
do um questionário, constituído por duas partes, na primeira foi feita a caracterização sociodemo-
gráfica e na segunda parte constam as variáveis a analisar.
RESULTADOS
Um total de 59.9% das mães referiram o 6º mês como o período ideal de duração do aleitamento
materno exclusivo, 25.6% referiu ser menos de 6 meses e 7.7% das mães respondeu que não sabia.
Apesar de todas as mães referirem ter sido seguidas (100%) em consultas durante o período pré-
natal, apenas 87.2% referiram que lhes tinham sido transmitido conhecimentos sobre a importân-
cia do aleitamento materno exclusivo e 12.8% referiram não ter recebido esses conhecimentos.
48.7% das mães realizou a introdução de outros alimentos aos 5 meses e apenas 10.3% o fez aos
6 meses, 22.6% referiu “a saúde do bebé” como motivo para amamentar, 9.7% referiram que era
benéfico para o bebé/mãe, 6.5% referiram o laço materno e melhor alimento, mas 12.9% não
sabiam. 89.7% das mães já não amamentava exclusivamente e apenas 10.3% o fazia. Relativamente
ao motivo da introdução precoce de outros alimentos, 53.8% referiu o trabalho fora de casa, 17.9%
por indicação médica e 15.4% pela entrada do filho na creche.
DISCUSSÃO
Neste estudo, a maioria das mães identificou correctamente o período recomendado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) para o aleitamento materno exclusivo. Apesar de a totalida-
de das mães referir ter recebido conhecimentos durante o período pré-natal sobre a importância do
aleitamento materno exclusivo, apenas 10.3% o fez aos 6 meses, o que o que contraria o preconi-
zado pela OMS, que recomenda o aleitamento materno exclusivo desde o nascimento até aos seis
meses de vida e a amamentação com alimentos complementares até aos dois anos de idade ou
mais.
Um estudo desenvolvido por Osis et al (2004) relativo ao tempo de decisão adequado para ama-
mentar de forma exclusiva esteve relacionada com a informação que as mães receberam durante os
períodos de gestação e pós-parto.
Também Galvão (2006), concluiu haver um decréscimo na prevalência da amamentação do nas-
cimento aos três meses, em que apenas 25% das crianças estudadas se encontravam a fazer alei-
tamento materno exclusivo.
Ainda Medeiros (2006, p.134) refere que a pouca orientação dada às mães pelos profissionais
de saúde, e “se fossem melhor esclarecidas, seria menos penoso enfrentar as dificuldades que
encontram, principalmente no início da amamentação, quando muitas acabam por desistir”.
Em relação ao motivo para amamentar 22.6% das mães referiram “a saúde do bebé” e 6.5%
como “laço materno e melhor alimento”, o que vai de encontro à opinião que as mães manifesta-
ram no estudo desenvolvido por Pedroso (2011).
No nosso estudo, 58.3.% das mães afirmaram que a principal causa para a introdução preco-
ce de outros alimentos foi o trabalho fora de casa, o que vai de encontro aos dados do estudo de
Pedroso (2011), enquanto que 15.4% referiram a entrada na creche. Também no estudo desenvol-
vido por (Sandes et al, 2007) uma das causas referidas pelas mães para o abandono da amamen-
tação foi o regresso ao trabalho.
Outro estudo desenvolvido por Osis et al (2004) e citado por Pedroso (2011) concluiu que a
existência de creche no local de trabalho foi um factor relevante para a manutenção do aleitamento
materno após a licença de maternidade, especialmente no que se refere ao aleitamento materno
exclusivo.
CONCLUSÕES
Verificou-se neste estudo que a maioria das mães de lactentes identificou correctamente o
período de aleitamento materno exclusivo, mas apenas uma minoria realizou a introdução de outros
alimentos aos 6 meses, como preconiza a OMS/UNICEF. As mães foram na totalidade seguidas em
consultas pré-natal, mas apenas 87.2% referiram que foram informadas sobre a importância do alei-
tamento materno exclusivo durante o período pré-natal. Foi identificado pelas mães o motivo para
amamentar e avaliada a taxa de aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de
vida. Foram também identificadas as causas para a introdução de outro tipo de leites ou alimentos
precocemente, sendo o trabalho fora de casa o principal motivo referido.
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