Portefólio Geografia António Tema 3

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Escola E.

B, 3/S de José Relvas-Alpiarça


Geografia A

• Nome: António Santana


• N.º: 1
• Turma: B
• Ano: 11º
• Professora: Graça Cláudio
Tema 2

“Os recursos naturais de que a população


dispõe: usos, limites e potencialidades”

Subtema 4
“Os recursos marítimos”
“Alargamento da plataforma continental
na agenda”
O Governo deverá "prosseguir a interação" com a comissão
de Limites das Nações Unidas para a "concretização da
extensão" da plataforma continental portuguesa, um processo
que foi iniciado em agosto de 2017 com a entrega da proposta.

O alargamento proposto, recorde-se, visa a garantia da


soberania sobre os recursos naturais (vivos e não vivos)
existentes no fundo do mar e no subsolo, para além das 200
milhas da nossa Zona Económica Exclusiva.

Os recursos vivos são os organismos que estão em contacto


permanente com o fundo e/ou o subsolo marinhos, como
esponjas e corais, pois os que existem na coluna de água são
partilhados internacionalmente. Entre os recursos não vivos
estão minerais como ouro, manganês, cobalto, titânio,
elementos das terras raras, telúrio, metais do grupo da platina,
níquel, cobre, zinco e cobalto.

Entre os objetivos na área do Mar, destaca-se também a


concretização da Rede Nacional de Áreas Marinhas Protegidas
no mar, com a definição dos planos de gestão, com vista a
alcançar 30% do espaço marítimo português até 2030.

O desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para a gestão


de riscos nos recursos marinhos e nas comunidades que mais
dependem deles diretamente é outro compromisso do
Executivo.

No Programa, o governo compromete-se a aprofundar o


relacionamento com a indústria, as universidades e os centros
de investigação, para reforçar os “clusters” empresariais e
tecnológicos e identificar novas oportunidades na economia
azul.
Promover o desenvolvimento de novas concessões de
aquicultura nas áreas de expansão previstas no Plano de
Situação do Ordenamento do Espaço Marítimo Nacional e nas
áreas de expansão previstas no Plano de Aquicultura em Águas
de Transição é outro compromisso.

O Governo promete também promover a reindustrialização dos


setores tradicionais, apoiando a iniciativa de constituição em
Portugal de um "hub" internacional de bio economia azul.

Na área dos transportes, o Programa inclui a execução de um


plano plurianual de dragagens e monitorização de
infraestruturas marítimas dos portos pequenos, visando manter
as condições de operacionalidade.

Por outro lado, propõe-se "dinamizar" a multimodalidade, o


transporte marítimo de curta distância, o transporte combinado
e a ligação e interoperabilidade do transporte ferroviário de
mercadorias com os portos comerciais.
Fonte: https://www.jn.pt/nacional/alargamento-da-plataforma-continental-na-
agenda-14735633.html;01-04-2022
“ONU analisou esta semana
proposta de alargar fundo do mar
português”
Capacidade de tirar dúvidas técnico-científicas dos peritos pode
reduzir a extensão dos limites propostos e custar milhões de euros
adicionais em novas campanhas de recolha de dados.

A proposta portuguesa para a extensão da sua plataforma


continental (PC), para cerca do dobro dos atuais 1,8
milhões de quilómetros quadrados, começou a ser
apreciada pelas Nações Unidas a 7 de agosto de 2017 e
voltou nesta semana a estar em análise na subcomissão
reunida em Nova Iorque.
A delegação portuguesa foi liderada por Isabel Botelho
Leal, responsável da Estrutura de Missão para a Extensão
da Plataforma Continental (EMEPC). O Ministério do Mar
não respondeu ao DN até ao fecho desta edição, apesar de
contactado há semana e meia.
A proposta portuguesa, entregue em maio de 2009, visa
alargar a área do solo e subsolo da PC das atuais 200
milhas contadas a partir das linhas de base, seja a de costa
ou as de base reta - que unem dois pontos da costa
portuguesa e onde a água mais próxima de terra é
considerada como água interior (não contabilizável no
quadro da proposta).
Para representar o limite exterior da PC portuguesa é
preciso calcular distâncias desde a linha de costa ou das de
base, de acordo com uma referência geográfica comum a
todo esse espaço.
Aqui poderá residir uma das dúvidas suscitadas pelos
especialistas da subcomissão da ONU relativamente à
proposta de Lisboa, segundo fontes militares ouvidas pelo
DN em Lisboa - porque existem linhas de base definidas
por Portugal, mas que não são reconhecidas
internacionalmente.

Sem indicar quais são esses casos, um dos oficiais deu -


como exemplo hipotético - o das linhas retas que envolvem
a ilha de São Miguel, o ilhéu das Formigas e a ilha de Santa
Maria (como consta do quadro III do decreto-lei 495/85):
embora esta linha de base em torno de dezenas de milhas
quadradas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) as
qualifique como águas interiores e conste da lei portuguesa,
sem ser reconhecida pela comunidade internacional não
pode servir como um limite interior a partir do qual se deve
iniciar a contagem das distâncias em estudo.

Ora, se a contagem da distância num ponto do sudoeste da


ilha de São Miguel começar na linha de costa e não na linha
de base, o limite da PC reclamada por Portugal nesse ponto
será menor - e isso faz que, nos planos político e
económico, Estados terceiros além de Espanha e Marrocos
tenham interesse direto na delimitação desse novo espaço
sob soberania portuguesa, admitiu uma alta patente.

Isso decorre do facto de mesmo os Estados não costeiros


ficarem com o direito de explorar e aproveitar os recursos
naturais existentes no solo e no subsolo marinhos para lá
dos limites exteriores das PC dos países costeiros - a
chamada Área.

No caso português, em especial nas áreas exteriores à ZEE


na região dos Açores, estima-se haver um enorme potencial
de riqueza em recursos minerais (desde ouro ao cobre,
manganês, cobalto, platina ou zinco).

Fonte: https://www.dn.pt/poder/onu-analisou-esta-semana-proposta-de-alargar-fundo-do-
mar-portugues-11186620.html;10-08-2019
“Presidente do Governo da
Madeira defende aumento da
indústria da aquacultura”
A Madeira produz cerca de 1.200 toneladas de peixe em aquacultura por
ano, o que representa um valor na ordem dos 6 milhões de euros.

O presidente do Governo da Madeira defendeu esta segunda-feira a


importância e o aumento da produção da aquacultura na região,
apontando que uma das soluções para as críticas sobre as questões
estéticas é a possibilidade do recurso a estruturas submersas.

“Hoje em dia a aquacultura é feita, e vai continuar a ser, no


sentido de preservar os ecossistemas marítimos, de garantir toda
a sustentabilidade ambiental e obviamente também estética”,
disse Miguel Albuquerque aos jornalistas, antes da sessão de
abertura da conferência anual da Sociedade Europeia de
Aquicultura, que começou esta segunda-feira no Funchal.

O governante madeirense salientou que o Centro de


Investigação da Calheta nesta área “é dos mais avançados da
Europa”, recordando que este “foi um projeto pioneiro, que
começou em meados dos anos 90 e ganhou prestígio pelos estudos
e investigação que desenvolveu”.

O trabalho que tem vindo a desenvolver “tem sido importante


para a fiabilidade das espécies criadas”, acrescentou o chefe do
executivo madeirense, destacando que a Madeira tem “um
horizonte temporal de estudo e experiência que dá essa
credibilidade” à região.

O líder insular destacou que os estudos realizados vão no sentido


de a “aquacultura ser vista não como elemento predatório da
natureza e do ambiente, mas como forma de preservar, no
futuro, os ecossistemas marítimos”.
“A pesca selvagem, sobretudo a disfuncional, que é levada a efeito
nos oceanos, é que tem trazido danos substanciais aos
ecossistemas marítimos”, apontou.

Miguel Albuquerque destacou que, “no futuro, está a ser


estudada a possibilidade de a aquacultura ser desenvolvida
com estruturas submersas, por causa do impacto visual”.

“Na maioria dos países europeus, até todos os sistemas estão


montados ao pé de zonas protegidas, exatamente porque há a
garantia que todo o processo produtivo e instalação são
monitorizados, e é feito no sentido de preservar os ecossistemas e
ter nenhuma poluição”, explicou.

A Madeira, acrescentou, produz cerca de 1.200 toneladas de


peixe em aquacultura por ano, o que representa um valor na
ordem dos 6 milhões de euros, montante que tem “efeitos
multiplicadores” na economia regional, sendo que “desde 2002 é
uma das indústrias que mais cresceu a nível mundial”.

Albuquerque referiu que a produção em aquacultura “tem


crescido em média 6% ao ano em todo o mundo e vai continuar a
subir”, sublinhando ser “insustentável continuar a fazer pesca
desordenada como é feita por alguns países, pondo em causa a
possibilidade de as espécies se produzirem”.

Outro aspeto que focou foi o facto de a Madeira ter “70% da sua
área marítima até às 12 milhas” e “66% da área terrestre”
como zonas protegidas.

Respondendo às críticas e manifestações – que afirmou serem


normais em democracia – contra a instalação de jaulas de
aquacultura por parte de grupos e autarcas de vários concelhos,
entre os quais o da Ponta do Sol, governado pela socialista Célia
Pessegueiro, Albuquerque sustentou ser necessário fazer um
trabalho “pedagógico” para explicar o que é a aquacultura e a sua
importância.
O Governo Regional “não vai avançar contra ninguém” nesta
matéria, disse, sublinhando que as estruturas submersas
podem ser “uma solução” para responder às questões
estéticas que têm sido levantadas.

A conferência anual da Sociedade Europeia de Aquicultura


decorre no Funchal até quinta-feira, subordinada ao tema “Um
mar de oportunidades”, e vai contar com a presença do ministro
do Mar, Ricardo Serrão Santos, na sessão de encerramento.

Fonte: https://observador.pt/2021/10/04/presidente-do-governo-da-madeira-
defende-aumento-da-industria-da-aquacultura/;05-10-2021
Tema 3

“Os espaços organizados pela população”

Subtema 1
“Os espaços rurais em mudança”
“Oil Dorado: o retrato de um
Alentejo desfigurado pelas
monoculturas intensivas”
Ao longo de quatro anos, num Alentejo descaracterizado pelas
monoculturas intensivas e superintensivas de olival e amendoal, o
geógrafo e fotógrafo André Paxiuta desenvolveu o projecto Oil
Dorado. "Hoje, a homogeneidade de culturas domina numa região
que está, em mais de 70%, na mão de grupos estrangeiros. Sem
respeito pela paisagem ou tradição dos locais, os custos para a
região são imensos.”

“Qualquer pessoa que conheça minimamente o território alentejano


percebe que, de há vários anos a esta parte, a paisagem se alterou de
forma abismal.” Hoje, refere o fotógrafo e geógrafo André Paxiuta em
entrevista ao P3, as culturas intensivas e superintensivas de olival e
amendoal imperam sobre todas as outras. “Antes existia grande
variedade de culturas de sequeiro e de prados. Hoje, a homogeneidade
de culturas domina numa região que está, em mais de 70%, na mão de
grupos estrangeiros. Sem respeito pela paisagem ou tradição dos locais,
os custos para a região são imensos.” E é sobre esses custos que versa o
projecto Oil Dorado, com enfoque no olival, que procura
financiamento para a sua materialização em formato de fotolivro na
plataforma de crowdfunding IndieGogo. O projecto de Paxiuta
descreve "a mutação silenciosa" do "território prometido do Alqueva".
"Regado a partir do maior lago artificial da Europa, onde crescem
oliveiras aos milhares, azeitonas aos milhões, enriquecem-se
pioneiros e abrilhanta-se o orgulho da nação", pode ler-se na
introdução do livro. "Na sombra desta corrida, encontrei a morte
anunciada da paisagem alentejana que um dia conheci."

Num ano excepcional para a produção de azeite – a maior produção da


história do país devido à rentabilidade dos olivais superintensivos
plantados a sul do Tejo, que são geridos, em 65%, por seis grupos
financeiros estrangeiros ou luso-estrangeiros – “faz sentido olhar
atentamente para o que está a acontecer”. “Visto de longe, um olival
acabado de plantar parece um cemitério americano”, observa Paxiuta.
“Ele domina o manto de verde em quilómetros e quilómetros até
perder de vista. Esta é a nova realidade no Alentejo, sobretudo em
Beja, Serpa, Moura, Ferreira do Alentejo.”

De forma sucinta, quais as implicações deste tipo de culturas para a


região? São inúmeras e tocam as vertentes ambientais, económicas e
demográficas. Paxiuta começa por referir a transformação dos terrenos
em olival, que “implica a remoção de tudo o que pudesse lá estar
anteriormente” e a “reformulação tendo em vista o favorecimento da
plantação, do funcionamento das máquinas e da apanha”. As culturas
anteriores são substituídas por monocultura, eliminando a
biodiversidade, alterando o habitat de inúmeras espécies animais.
“Vegetação e comunidades de aves vêem os seus habitats destruídos.”

A proximidade dessas culturas de núcleos habitacionais, de aldeias e


conjuntos de casas, obriga as populações ao convívio regular com
fitofármacos e química correctora desses olivais, que contaminam as
águas. “Há famílias que abandonam as suas casas quando sabem que
vão existir pulverizações, não querem estar presentes.” As implicações
para a saúde, as consequências directas do convívio com estes agentes
químicos, ainda carecem de avaliação. Porém, Paxiuta afirma que “a
qualidade de vida das populações é afectada”. Não apenas pela
proximidade das culturas per se, mas também pela proximidade de
unidades fabris de transformação do excedente da azeitona – cascas de
resíduos da polpa e fragmentos do caroço da azeitona – em óleo de
bagaço de azeitona e biomassa. “No processo de transformação, estas
unidades utilizam o próprio bagaço seco como combustível, emitindo
das suas chaminés gases particulosos gordurentos, altamente
poluentes, com cheiro muito intenso, nauseabundo”, pode ler-se no
interior do livro Oil Dorado.

Em Fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, os 100 habitantes,


maioritariamente idosos, vivem a cerca de 300 metros da fábrica de
queima de bagaço de azeitona Azpo, que pertence ao grupo espanhol
Migaza. A fábrica trabalha ininterruptamente, 24 sobre 24 horas, sete
dias por semana. “Isto significa que os habitantes da aldeia e
redondezas sofrem com o cheiro e fumo poluente desde a sua abertura,
em 2009”, lê-se no livro. “Certas condições atmosféricas trazem o fumo
(…) que irrita os olhos e a garganta, provoca tosse, lacrimejar e falta de
ar.” Rosa Dimas, habitante da aldeia de Fortes, disse a Paxiuta que a
chegada dessa indústria destruiu o seu modo de vida. “Fui obrigada a
desistir de semear as minhas culturas, de onde obtinha a minha factura
para o ano inteiro de feijão, batata, nabiças, couves, melancia. Tudo se
acabou.”

A monocultura de olival no baixo Alentejo, alavancada pela construção


da barragem do Alqueva e pelos inúmeros fundos europeus destinados
a este tipo de negócio, produziu mudanças também ao nível
demográfico. Mas não da forma que seria desejável. “Os censos de
2020 foram claros”, refere o geógrafo. “O desenvolvimento do Alentejo
que se seguiu à construção da Barragem do Alqueva não contribuiu
para a fixação da população na região.” Contribuiu, sim, para a
importação de mão-de-obra. “O interior de Portugal está desprovido de
população activa para trabalhar no campo”, argumenta o fotógrafo
lisboeta. “Os portugueses não querem realizar esses trabalhos porque
os salários são muito baixos, as jornadas de trabalho são muito longas
e duras e não querem submeter-se a estas novas formas de
escravatura.”

Há, no entanto, quem não tenha outra opção. “O conceito de


importação de mão-de-obra que já existia em Espanha foi adaptado à
realidade portuguesa – através das empresas espanholas sediadas em
Portugal – e trabalhadores da Europa de Leste, inicialmente, e mais
tarde da Índia, do Paquistão, do Bangladesh, do Nepal, começaram a
realizar estes trabalhos. “Alguns trabalham com todas as condições,
têm bons empregadores.” Ao longo de quatro anos de desenvolvimento
do projecto, André Paxiuta viu um pouco de tudo. “Há uma fatia que se
queixa de excesso de carga horária, de más condições de trabalho,
documentos sequestrados, ameaças de denúncias junto do SEF, de
contratos anulados. Uma das queixas mais recorrentes está relacionada
com a habitação.” O fotógrafo faz referência à existência de casas
sobrelotadas e armazéns agrícolas sem condições de habitabilidade
onde 40 a
50 trabalhadores imigrantes dormem em colchões no chão. Os seus
testemunhos estão incluídos nas páginas do livro, que aguarda
impressão.

Qual a factura a pagar, no futuro, pela “revolução” em curso no


Alentejo? “Estamos a falar de culturas intensivas que dependem
grandemente do consumo de água”, realça o fotógrafo. “Existe um
ponto de interrogação sobre a sua escassez no futuro, o que poderá
colocar em causa a sua sustentabilidade.” Paxiuta acredita que a
presente corrida ao “oil dorado” deixará marcas permanentes na
região. “Poderá levar ao esvaziamento da riqueza ambiental e cultural
do território (...) e ao colapso dos sistemas que o suportam.”

Fonte:https://www.publico.pt/2021/11/24/p3/fotogaleria/oil-dorado-retrato-alentejo-
desfigurado-monoculturas-intensivas-407130; 24-10-2021
“Agricultura de Precisão e Agricultura 4.0: por um
futuro mais consciente”
O futuro da agricultura não pode ignorar as ferramentas digitais e
um forte impulso dado pela inovação tecnológica. Novos conceitos
de rastreio, qualidade e controlo estão a surgir, ligados à maior
tomada de consciência do consumidor sobre o meio ambiente e à
necessidade de uma melhor gestão dos recursos disponíveis.
A Agricultura de Precisão é a gestão do processo de produção agrícola que
permite "fazer a coisa certa, na hora certa, no ponto certo" (definição por
Gebbers e Adamchuk de 2010), assente nos seguintes princípios e objetivos:
levar em conta a variabilidade no tempo e no espaço dos fatores que afetam o
processo de produção agrícola, para melhorar a eficiência na gestão dinâmica
do processo.

Os aspetos básicos da agricultura de precisão incluem sistemas de informação,


sistemas de informação geográfica e sistemas de geomática (métodos para
medir, compreender e analisar a variabilidade espacial) para avaliar a dinâmica
temporal do solo e das culturas. Existem métodos e tecnologias que estão a
ganhar cada vez mais importância na agricultura, como a análise remota com o
uso de satélites, sensores e drones além de sistemas de posicionamento e
navegação por satélite e mapeamento da produção agrícola. A agricultura de
precisão 4.0 usa robótica, analisa os aspetos económicos, a sustentabilidade e
inclui a modelagem agronómica para avaliar possíveis cenários e informar o
agricultor. É a evolução da agricultura de precisão e indica todas as
intervenções que são ativadas na agricultura graças a uma análise precisa e
oportuna de dados e informações recolhidas e transmitidas por meio de
ferramentas e tecnologias avançadas. Abarca todo complexo de ferramentas e
estratégias que permitem o uso sinérgico de uma série de tecnologias digitais
4.0 que, por sua vez, permitem a recolha, a integração e análise automática de
dados de campo, de sensores, de satélite ou de outras fontes.

Quando falamos de Agricultura 4.0, falamos do uso da Internet das Coisas


(IoT), Big Data, Inteligência Artificial e Robótica, para expandir, acelerar e
tornar mais eficientes as atividades que afetam toda a cadeia produtiva.

Portanto, existe uma estreita ligação entre os fatores fundamentais em que se


baseia a Agricultura de Precisão, a integração de tecnologia, dados e
conhecimento e o esforço que é feito, em vários aspetos, para aumentar a
sustentabilidade e reduzir o impacto ambiental da agricultura. Agora podemos
passar para o modelo de informação na agricultura regenerativa e sustentável,
que não se limita apenas a recolher dados para causar menos danos, mas usa o
conhecimento para fazer a agricultura criar benefícios ambientais a longo do
tempo.

O objetivo de estas tecnologias é oferecer o máximo e mais preciso suporte


possível ao agricultor no processo decisório relacionado com o negócio e no
relacionamento com os ulteriores aspetos da cadeia produtiva. A Agricultura de
Precisão pode ser aplicada nas produções vegetais e na produção animal (ou
pecuária) de precisão.
Quando falamos de agricultura 4.0 estamos a referir-nos, em particular:

- Ao uso das tecnologias mais inovadoras;

- À capacidade de gerir a quantidade de dados e informações que chegam dos


campos (com a integração de redes de sensores e informação em "cloud");

- À capacidade de interpretar e usar estes mesmos dados de forma útil.

O objetivo final é aumentar a rentabilidade e a sustentabilidade económica,


ambiental e social dos processos agrícolas. Mas não é só isso; é possível ajudar
a agricultura a passar de impactos reduzidos para um sistema de produção
regenerativo, ou seja, capaz de reduzir as mudanças climáticas, aumentando a
biodiversidade com efeitos benéficos para a agricultura. Por exemplo, sem
insetos polinizadores, não seria possível comer tomates. O cientista do solo
Rattan Lal num artigo de 2020, define a integração moderna da agricultura
regenerativa entre a agricultura de precisão, agricultura 4.0 e sustentabilidade
da cadeia de produção e consumo de alimentos; isto é, produzir mais com
menos.

A agricultura global já está a produzir alimentos suficientes para 10 mil milhões


de pessoas. No entanto, cerca de 30% de todos os alimentos produzidos são
desperdiçados. Portanto, é importante quebrar o ciclo vicioso de produzir,
desperdiçar, degradar, poluir e produzir mais. O objetivo é utilizar menor área
cultivada, menor uso de produtos químicos, menor uso de água, menor emissão
de gases de efeito estufa, tendo como consequência menor degradação do solo e
menor uso de energia. A estratégia é poupar terra e recursos para a natureza.
Desperdiçar alimentos e poluir o meio ambiente são crimes contra a natureza.

Através da agricultura de precisão com abordagem regenerativa é possível


identificar onde e quando irrigar, mas também onde intervir para reduzir o risco
de incêndios. Pode-se observar as práticas de aumento de carbono no solo e
avaliar o efeito de absorção de carbono e a redução do efeito estufa. Acima de
tudo, os agricultores podem ser ajudados a fazer melhor, através de um sistema
de apoio à decisão. Trata-se de um sistema inteligente que fornece indicações,
mas sobretudo pode fornecer cenários de futuros possíveis: o que fazer, como
gastar e quanto e com que resultados.

Com a Agricultura 4.0 é possível fornecer aos agricultores ferramentas


baseadas nos organismos vegetais e nos fungos que melhoram a qualidade da
agricultura em todas as escalas, materiais e tecnologias. Por exemplo, é possível
integrar os dados obtidos das plantas e compartilhar tecnologias baseadas no
funcionamento dos organismos vivos. Esta abordagem é baseada nas ideias de
Stefano Mancuso, professor da Universidade de Florença e professor titular da
Academia Georgofili, que dirige o Laboratório Internacional de Neurobiologia
Vegetal (LINV, www.linv.org).Stefano Mancuso foi incluído pela "New
Yorker" entre aqueles que estão "destinados a mudar nossas vidas". Defende
uma abordagem chamada de "futuro vegetal" que oferece uma visão inter
escalas, desde o design de objetos e dispositivos até à definição de soluções
estratégicas, de ações sustentáveis inovadoras e de novos modelos de gestão.
Num um projeto inter-regional europeu (GECO2) que participei, criámos um
sistema de apoio aos agricultores que avalia os efeitos das práticas agrícolas nas
alterações climáticas. Melhor ainda, a agricultura de precisão pode ser usada
para avaliar como mudar o sistema para reduzir os riscos de chuvas intensas,
secas, incêndios, sugerindo boas práticas agrícolas e de manejo da terra. Este é
o futuro sobre o qual é sempre urgente trabalhar

Drones e sensores

Os drones são pequenos veículos não tripulados capazes de monitorizar as


plantações em tempo real e transmitir imagens e informações úteis. São usados
principalmente para mapear o terreno, mas os mais avançados são capazes de
usar sensores infravermelhos e imagens para detetar problemas que não podem
ser identificados a olho nu.

Os sensores ambientais colocados nos campos, por sua vez, são capazes de
registar dados climáticos e informações relativas às necessidades hídricas do
solo.

Internet das Coisas (IoT)

É a tecnologia que permite que vários instrumentos diferentes (sejam drones,


sensores ou satélites) liguem e comuniquem entre si para trocar informações e
dados úteis para melhorar as condições de desenvolvimento das culturas.

Por exemplo, satélites e sensores podem guiar máquinas agrícolas reduzindo


erros e acidentes, assim como podem ajudar a gerir irrigação, fertilização e
tratamentos.

Big Data

Falamos de Big Data para nos referirmos a todas as informações e dados que
são gerados pelas várias tecnologias em funcionamento e que facilitarão as
decisões mais eficientes no ciclo de produção. Em geral, é a análise de massiva
quantidade de dados. Porque provêm de fontes diferentes e devem ser
posteriormente processados por inteligência artificial, para serem úteis e dar
respostas concretas a determinados problemas.

Inteligência artificial

É a tecnologia que instrui as máquinas a avaliar situações específicas e tomar


decisões em tempo real. O acumulado e a capacidade de processar e interpretar
uma grande quantidade de dados são o principal combustível para instruir as
próprias máquinas (Machine Learning).

Existem três áreas principais de aplicação: robótica, com o uso de máquinas que
automatizam determinadas atividades; software de gestão, que reduz as horas
de trabalho dos funcionários em atividades automáticas e repetitivas; e sistemas
de apoio à decisão, que definem riscos para as culturas ou animais, mas também
cenários de melhoria.
Cloud (Nuvem de dados)

É um conjunto de serviços acessíveis e recursos compartilhados na rede; é uma


ferramenta útil para garantir o acesso a determinadas tecnologias e dados a um
maior número de pessoas. Poderia ajudar, por exemplo, até mesmo as empresas
menores e mais desfavorecidas em termos de economia e capacidades.

Sistemas de gestão e sistemas de suporte às decisões

A gestão de dados e informação é muito importante para compreender, ao nível


da empresa individual (nível de gestão económica e interação com o nível
empresarial) que dados são realmente úteis e como podem ser usados (nível de
gestão de tecnologia); garantir que a recolha desses dados está de acordo com
os mais recentes regulamentos europeus de privacidade e evitar a concentração
de informações nas mãos de poucas empresas (nível de gestão legal). Um
sistema de apoio à decisão é um sistema computacional capaz de extrair
informações de uma quantidade significativa de dados em um curto espaço de
tempo e de forma versátil, que fornece informações estruturadas que respondem
a perguntas, mesmo de complexidade considerável, por tipos específicos de
utilizadores.

*Doutor em Ciências Ambientais e professor externo de Sistemas Ambientais e


Biomimética na Universidade IUAV de Veneza

Fonte: https://www.jn.pt/opiniao/convidados/amp/agricultura-de-precisao-e-
agricultura-40-por-um-futuro-mais-consciente-15434048.html; 05-12-2022
“Parlamento Europeu aprova nova Política
Agrícola Comum”
O Parlamento Europeu deu, esta terça-feira, "luz verde" à nova Política
Agrícola Comum (PAC), que esteve em discussão durante mais de três anos.

Em teoria, a reforma da PAC serviu para torná-la mais ecológica, flexível,


mas também mais justa em relação às pequenas explorações ou jovens
agricultores.

Mas para produtores agrícolas como Tijs Boelens, à frente de uma


exploração biológica de oito hectares, nem tudo são rosas. Pelo contrário.

"Mais uma vez não nos dão nada. Mais uma vez somos nós quem não tem
apoio. Como de costume, a nova reforma da PAC resume-se a negócios.
Trata-se de tornar os grandes ainda maiores. Estamos a dar dinheiro aos
ricos. Não estou certo de que a população da União Europeia entende isso.
Estamos a dar dinheiro público a pessoas que já fazem muito dinheiro",
sublinhou, em entrevista à Euronews, o jovem produtor de 30 anos.

Na cooperativa agrícola para a qual Tijs Boelens trabalha produzem-se


cerca de 60 variedades de legumes.

Por aqui, as ajudas europeias não vão além dos 2500 euros por ano.

Ana Panier, uma agricultora de 27 anos que também trabalha para a


mesma cooperativa, fala em muitas dificuldades: "Para os jovens como nós
é muito difícil trabalhar. Não temos terra, não temos uma exploração, não
temos qualquer imóvel. Operamos com recurso a estufas tipo túnel de
plástico. Construímos hangares com contentores. Fazemos o que
podemos. Às vezes tem um lado extravagante, caricato, mas na verdade
gostaríamos de trabalhar em celeiros, com o chão em betão e mais
práticos."

Para os representantes das principais organizações e cooperativas agrícolas


é tempo de seguir em frente.

Entendem que chegou a hora de fechar o capítulo das negociações, que já


se arrasta há vários anos.
"Se perguntarmos a qualquer grupo de stakeholders nunca é suficiente.
Todos temos as nossas ambições, mas agora trata-se do compromisso que
se alcançou. Não conseguimos tudo para a agricultura europeia. É um
compromisso com o qual temos de viver. No entanto, considerarmos que
se trata de um bom compromisso, que se alcançou a maioria dos objetivos
e estamos empenhados", referiu Pekka Pesonen, secretário-geral da Copa-
Cogeca, grupo que representa os interesses dos agricultores e dos negócios
agropecuários europeus.

No parlamento europeu também se ouviram críticas, ambientais e sociais.

Para o eurodeputado socialista francês Eric Andrieu, um dos relatores do


texto sobre a PAC consagrado à organização comum dos mercados, a
reforma traz algumas certezas.

"Pela primeira vez desde o início da reforma vamos ter mais regulação do
que desregulação. A pandemia mostrou-nos, uma vez mais, que os
mercados, em particular os mercados agrícolas, são estruturalmente
instáveis. Quando existem mercados instáveis são precisos instrumentos
de regulação, de gestão de crise que permitam garantir os rendimentos dos
agricultores", ressalvou Andrieu.

A reforma da PAC entrará em vigor em janeiro 2023.

Nos próximos sete anos, os agricultores portugueses terão ao dispor 9,7 mil
milhões de euros.

O financiamento total destinado à política agrícola europeia entre 2021 e


2027 é de 386,6 mil milhões de euros a preços correntes, pouco menos de
um terço do orçamento europeu.

Fonte: https://pt.euronews.com/my-europe/2021/11/23/parlamento-europeu-da-
luz-verde-a-nova-politica-agricola-comum; 23-11-2021

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