Cópia de PRÁTICA III - AULA 2 - MES. CAUTELAR ARRESTO

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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA


DA CAPITAL/RJ

SOJAPLAN S/A, empresa especializada na comercialização


de soja, CNPJ 100100, com sede na rua dos Abrólios, 1001, Usina, Rio de
Janeiro, RJ, representada pelo diretor Maurício Beraducci, carteira de identidade
n° 84131930-01, inscrito no CPF sob o nº 888 777 666 – 55, vem, por sua
advogada, com escritório na avenida rio Branco, nº 168, sala 901, Centro, Rio de
Janeiro, RJ, conforme preceitua o art. 39, I , CPC, propor:

AÇÃO CAUTELAR DE ARRESTO COM PEDIDO DE MEDIDA


CAUTELAR LIMINARMENTE

em face da empresa DISTRIBUIDORA DE GRÃOS LTDA, CNPJ 171171,


situada na avenida Rio Branco, 1/10º andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ,
representada pelo sócio-gerente Ricardo Ribeiro, carteira de identidade nº
30791985-66, inscrito no CPF sob o nº 222 333 444 – 00, pelos seguintes fatos e
fundamentos:
I – DOS FATOS

A empresa Sojaplan S/A efetuou a venda de 500 kg de soja


em grão para a empresa Distribuidora de Grãos Ltda., no valor de R$ 600.000,00
( seiscentos mil reais), representados por três duplicatas mercantis, no valor de R$
200.000,00 ( duzentos mil reais ) cada uma, vencendo-se no dia 30/XX/2006 e as
demais em 30/XX e 30/XX.

A mercadoria foi entregue, conforme canhoto (comprovante)


extraído da nota fiscal nº 2006.

Após o vencimento e o não pagamento da primeira duplicata,


o Sr. Maurício se dirigiu à sede da empresa devedora e constatou que a mesma foi
fechada, não sendo encontrado o sócio-gerente ou qualquer funcionário, em
nenhum lugar.

O representante da empresa autora também constatou que os


três bancos, onde a empresa devedora mantinha contas e operações, estão a procura
dos sócios da referida empresa, cujo saldo devedor é preocupante.

O Sr. Maurício descobriu que parte da soja vendida à empresa


devedora se encontra no depósito da empresa Refinólio S/A. , situada na rua Ubá,
150, Santa Cruz, Rio de Janeiro, Rj, tendo se transformado em 6.000 ( seis mil )
latas de óleo de soja, das quais 3.000 ( três mil ) latas foram comercializadas para o
Supermercado do Bom Ltda. , que efetuou a compra faturada em trinta e sessenta
dias.

Assim sendo, as 3.000 (três mil) latas de óleo e os créditos a


receber do supermercado, no valor total de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil
reais) constituem os únicos bens conhecidos de valor patrimonial de propriedade da
empresa devedora.

II – CABIMENTO DO ARRESTO

Segundo Alexandre Câmara:

“Pode-se definir o arresto cautelar como a


medida cautelar de apreensão de bens
destinada a assegurar a efetividade de um
processo de execução por quantia certa. Nos
casos em houver risco para a efetividade
deste tipo de processo executivo, será
adequado, pois, o arresto como meio de
prestação da tutela jurisdicional de mera
segurança da execução.”( in Lições de Direito
Processual Civil, 6ª ed., p. 101, vol. III, Ed.
Lumen Juris, 2004.)

No caso em tela, é evidente o risco para efetividade do


processo executivo do valor da dívida de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), pois
a empresa ré foi fechada não sendo encontrado qualquer representante e também
pelo fato de nos bancos, onde a referida empresa tinha contas haver saldo devedor
preocupante. Assim, o pedido de arresto é a única solução para a empresa autora a
fim de que possa garantir o recebimento do valor da venda de mercadoria que,
inclusive, já foi entregue.
O art. 813, I, CPC determina sobre o cabimento do arresto:

“Art. 813. O arresto tem lugar:


I – quando o devedor sem domicílio certo
intenta ausentar-se ou alienar os bens que possui
ou deixa de pagar a obrigação no prazo
estipulado; “

A empresa ré foi fechada e não pagou a primeira duplicata


vencida, além disso, a empresa autora possui “prova literal da dívida líquida e
certa;” ( art. 814, I, CPC), que é requisito essencial para concessão do arresto.

III – DO DIREITO

- “ Fumus boni iuris “

O art. 1º da Lei 5474/68 estabelece :

“Art. 1º Em todo contrato de compra e venda


mercantil entre partes domiliciliadas no
território brasileiro, com prazo não inferior a
30 (trinta) dias, contado da data da entrega
ou despacho das mercadorias, o vendedor
extrairá a respectiva fatura para apresentação ao
comprador.

(...)
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela
poderá ser extraída uma duplicata para
circulação como efeito comercial, não sendo
admitida qualquer outra espécie de título de
crédito para documentar o saque do
vendedor pela importância faturada do
comprador.”

A empresa autora efetuou a venda de 500 kg de soja em grão


para a empresa ré, que recebeu mercadoria, conforme canhoto (comprovante)
extraído da nota fiscal nº 2006.

A empresa autora emitiu três duplicatas mercantis, títulos


executivos extrajudiciais, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) cada uma,
comprovam a transação de compra e venda entre a empresa autora e empresa ré,
conforme determina o art. 2º, parágrafo 3º da Lei 5.474/68: “ Nos casos de venda
para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata única, (...) ou em
série de duplicatas, uma para cada prestação(...).”

- “Periculum in mora”

Segundo Alexandre Câmara:

“Parece claro que só haverá perigo para a


efetividade da execução por quantia certa
quando houver fundado receio de que ocorra
uma diminuição patrimonial daquele que
será executado. Para evitar a consumação da
lesão de difícil ou impossível reparação,
decorrente do pericolo di infruttuosità ( ou
seja, perigo de infrutuosidade, modalidade de
periculum in mora que torna adequada a
tutela jurisdicional cautelar (...), será
necessário, então, que sejam apreendidos
bens no patrimônio do demandado, tantos
quantos batem para assegurar a efetividade
da futura execução.” ( obra supracitada, p.
101)

No caso em tela, há fortes indícios de que a empresa credora


não terá a satisfação do crédito, porque a sede da empresa devedora está fechada e o
passivo, nos três bancos onde mantinha contas e operações, é preocupante.

Portanto, a empresa credora, Sojaplan S/A., poderá sofrer


sérios danos, pois a empresa devedora, Distribuição de Grãos Ltda., não possui bens
suficientes para satisfazer o crédito. Havendo somente o crédito das latas de óleo,
que foram transformadas pela empresa Refinólio S/A. e os créditos a receber do
Supermercado do bom Ltda., no valor de R$ 240.000,00 ( duzentos e quarenta mil
reais) como únicos bens conhecidos, de valor patrimonial de propriedade da
empresa devedora.

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro também já


se pronunciou, no sentido de que a situação de dissipação do patrimônio por parte
do devedor, com a possibilidade de perda do único bem de que é titular, pode
ensejar a medida ora pleiteada:
“Acórdão. Processual Civil. Ação cautelar de
arresto no sentido de resguardar crédito por
meio de arresto, ante a temeridade, por
inadimplência de cotas condominiais, de perda
do único bem do qual é titular a ré. Sentença de
improcedência com fundamento na ausência dos
requisitos ebsejadores da medida constitutiva.
Apelação autoral. Requerimento formulado com
a comprovação dos requisitos para a constrição
demonstrando o autor a alegada situação de
dissipação do patrimônio da requerida, bem
como a situação de insolvência da mesma, que
inclusive encontra-se inativa ao menos desde
2002. Presença de elementos suficientes para
demonstrar a existência da dívida. Provimento
do apelo.” (TJRJ - 3ª Câmara Cível – Apel.
Cível nº 2003.001.28703 – Rel. Des. Luiz
Fernando de Carvalho – Julg. Em 14/6/2005).

Assim, o representante da empresa Refinólio S/A. (art. 12,


VI, CPC), deverá ser citado para que fiquem resguardados os créditos da empresa
autora, Sojaplan S/A. .

Devendo também ser nomeado depositário (art. 148, CPC),


que poderá ser um representante da empresa Sojaplan S/A. ou da empresa Refinólio
S/A, a fim de evitar o dano ( art. 799, CPC).
IV – AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA

A presente ação é uma AÇÃO CAUTELAR


PREPARATÓRA DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL, que será proposta, posteriormente, (art. 806, CPC), pois a
empresa credora possui três duplicatas (títulos executivos extrajudiciais), que foram
emitidas como forma de pagamento do contrato de compra e venda celebrado pelas
empresas Sojaplan S/A., empresa vendedora, e a empresa Distribuidora de Grãos
Ltda., empresa compradora (art. 568, I, CPC).

V – PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa.:

A) a concessão da medida liminar de arresto das 3000 (três mil) latas de óleo em
poder da empresa Refinólio S/A. e dos créditos a receber do Supermercado do Bom
Ltda., no valor de R$ 240.000,00 ( duzentos e quarenta mil reais) , os únicos bens
conhecidos de valor patrimonial de propriedade da empresa devedora, Distribuidora
de Grãos Ltda.;

B) a expedição de guia para prestar caução;

C) a expedição de ofício para o Supermercado o Bom Ltda, dando ciência da


medida concedida;

D) a citação dos representantes da empresa Refinólio S/A para que fiquem


resguardados os bens conhecidos de valor patrimonial de propriedade da empresa
ré;
E) a nomeação de depositário que poderá ser um representante da empresa Sojaplan
S/A. ou da empresa Refinólio S/A;

F) a procedência do pedido, tornando definitiva a medida de arresto liminarmente


pleiteada.

G) condenação dos réus aos ônus da sucumbência.

VI – DAS PROVAS

Requer a produção de provas de natureza documental e


testemunhal.

VII – VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

P. deferimento

Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2006.


__________________________________________
ADVOGADO
OAB/RJ
ROL DE TESTEMUNHAS

A) PAULO GOMES, empresário, residente e domiciliado, na av. Atlântica, nº 832,


apto 1001, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ

B) OTÁVIO LIMA, engenheiro, com escritório, na avenida Rio Branco, 1/ 12 º


andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

C) SEVERINO DA SILVA, porteiro, residente e domiciliado na rua Joaquim


Santos, nº 43, Pilares, Rio de Janeiro, RJ.

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