TCCCCC
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Curso de Direito
Trabalho de Conclusão de Curso
Caruaru-PE
2023
JONION MIGUEL DA SILVA
RUBENS ANTONIO DA SILVA
Caruaru-PE
2023
JONION MIGUEL DA SILVA
RUBENS ANTONIO DA SILVA
Banca Examinadora
Resumo
Esta pesquisa busca entender como o Estado pode democratizar o acesso à informação, coibir
informações imprecisas e enfraquecer monopólios e oligopólios sem recorrer à censura involuntária.
Aborda-se a formação de conglomerados midiáticos no Brasil, a propriedade cruzada e seu vínculo
com a manipulação da opinião pública, além do funcionamento das concessões públicas,
identificando lacunas legislativas que afetam a eficácia da regulamentação. Ao analisar a regulação
da mídia em diferentes nações, destaca-se a necessidade de legislações mais específicas para
preservar a integridade do espaço midiático dentre experiencias que já deram certo em alguns
países. Além de um entendimento histórico da evolução das regulações da mídia no Brasil.
Abstract
This research seeks to understand how the State can democratize access to information, curb
inaccurate information and weaken monopolies and oligopolies without resorting to involuntary
censorship. It addresses the formation of media conglomerates in Brazil, cross-ownership, and its link
with the manipulation of public opinion, as well as the functioning of public concessions, identifying
legislative gaps that affect the effectiveness of regulation. By analyzing media regulation in different
nations, it highlights the need for more specific legislation to preserve the integrity of the media space
among experiences that have already worked in some countries. In addition, it provides a historical
understanding of the evolution of media regulations in Brazil.
1. INTRODUÇÃO
Até meados do século XX, mais precisamente até os anos 70, a comunicação
não era considerada um direito humano. No máximo, mencionava-se o "direito à
informação", "liberdade de expressão" ou "liberdade de imprensa". Foi somente em
1969, no contexto da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (UNESCO), que essa perspectiva surgiu (VANNUCHI, 2017). Até então, o
que se tentava abranger se restringia a campos bastante específicos, entre aqueles
que produziam e aqueles que consumiam. Com o avanço tecnológico, essa linha
divisória que mantinha os conceitos ligados a tais direitos foi se desfazendo,
ampliando cada vez mais o escopo a ser considerado pelos legisladores.
Então, se não há mais uma distinção clara entre aqueles que consomem e
aqueles que produzem informação, e novos conceitos relacionados aos direitos
sobre a produção e consumo continuam emergindo a todo momento, torna-se
igualmente importante a necessidade da regulação e delimitação de tais direitos.
Para regular qualquer setor da sociedade, a legalidade é sempre exigida e
com a Mídia não é diferente. Regular a mídia significa criar um conjunto de políticas
e normas que submetam a indústria da comunicação e suas operações a limites
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parte da população desfavorecida — os que vamos chamar aqui de sem vozes. Isso
porque os detentores do poder conseguem criar hegemonias capazes de manipular
a própria opinião pública, em última instância, influenciando até aqueles que
perderam com o processo.
A ação do Estado é necessária pois, sem ela, apenas os grupos com
condições econômicas poderão falar e se colocar na esfera pública. Em
uma praça lotada, por exemplo, teriam o poder de fala aqueles com
recursos para comprar equipamentos de som potentes. Já aqueles que
dependem apenas da própria voz, embora não sejam impedidos,
formalmente, de se expressar, na prática seriam apartados do direito de
influir nas decisões que lhes dizem respeito (VALENTE, 2013, p. 18).
3.1 A Radiodifusão
3.3 A Telefonia
3.4 A Internet
Quando se aborda a regulação da internet, mais uma vez, nesse caso, o foco
não está diretamente ligado ao conteúdo na World Wide Web (Rede Mundial de
Computadores). A regulação se assemelha àquela aplicada nas redes de telefonia,
concentrando-se nos meios pelos quais os conteúdos são acessados. Essa prática
pode ser comparada aos leilões das faixas de frequência do 5G, nos quais foi
adotada uma abordagem semelhante ao must carry na distribuição a cabo. Para que
uma empresa obtivesse o direito de oferecer serviços em uma região
economicamente lucrativa, ela também deveria disponibilizar o mesmo serviço em
áreas menos densamente povoadas.
Outro método de regular a internet é estabelecendo parâmetros mínimos para
a prestação de serviços, prática adotada em muitos países europeus desenvolvidos.
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Para que uma empresa forneça o serviço, ela deve atender a requisitos predefinidos,
como velocidade de internet e latência, entre outros.
Liberdade é uma palavra que poucos conseguem definir. Ela carrega consigo
um enorme peso histórico para aqueles que ousam tentar extrair contornos
inteligíveis para seus interlocutores. Isso ocorre porque a história humana é marcada
por tempos de liberdade irrestrita e tempos de cerceamento abusivo das liberdades,
sejam elas de qualquer natureza. No contexto da liberdade de imprensa, isso não
seria diferente.
Garantir a liberdade de imprensa tem sido um desafio constante para os
líderes de todas as nações, desde o seu surgimento no século XV até os dias atuais.
E compreender o porquê dessa luta é simples. A imprensa frequentemente foi usada
— como em muitos casos — contra o próprio povo, mas da mesma maneira, a
imprensa também foi utilizada contra os seus líderes. Portanto, garantir a liberdade
de um setor tão volátil sempre será uma tarefa de extrema complexidade, porque
trata-se de um setor que sofre pela desconfiança, tanto diante da própria sociedade,
quanto diante dos líderes e do próprio Estado, principalmente nos tempos
contemporâneos.
A liberdade de imprensa deve sempre estar acompanhada de muita
responsabilidade, e em situações de desrespeito às normas vigentes, é crucial impor
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Além disso, no Capítulo V do título VIII, a partir do seu Art. 220, a Constituição
trata diretamente sobre a Comunicação Social.
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena
liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação
social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística. (BRASIL, 1988).
chamadas Fake News, tudo isso sem recorrer à censura ou criar brechas que
possam ser interpretadas como tal?
Vamos tentar entender o processo histórico, desde o telégrafo até à tecnologia
5G atualmente. Dessa forma poderemos conjecturar e propor novas formas de
regulação da Mídia no país.
O telégrafo foi uma das invenções mais importantes da história da
comunicação, pois permitiu a transmissão de mensagens a longas distâncias em um
curto espaço de tempo. No Brasil, o telégrafo, inventado por Samuel Morse em 1837,
foi introduzido por D. Pedro II em 1852. Ficou claro o interesse do imperador pela
ciência e pela modernização do país. A primeira linha telegráfica, estendendose por
cerca de 50 quilômetros, conectava o Palácio Imperial em Petrópolis ao Quartel do
Campo, no Rio de Janeiro. Essa inovação possibilitou uma comunicação mais ágil
entre o governo, as forças armadas e outras nações. Isso foi fundamental para a
gestão política, militar e diplomática do império, especialmente em um contexto de
conflitos internos e externos, como a Guerra do Paraguai. Em 1874, o país se
integrou à rede global de telégrafos por meio de um cabo submarino até Lisboa,
expandindo-se posteriormente por todo o território nacional. Esse processo de
integração foi um marco para a inserção do Brasil no cenário mundial, facilitando o
intercâmbio de informações, ideias e culturas. No entanto, também revelou as
desigualdades sociais e regionais do país, pois o acesso ao telégrafo era restrito a
uma elite econômica e política, enquanto a maioria da população permanecia
excluída dos benefícios da tecnologia.
Em 1860, o Decreto Imperial nº 2.624 regulamentou o telégrafo,
estabelecendo objetivos, serviços e tarifas. Já em 1864, o Decreto nº 3.288
introduziu pequenas modificações e determinou que o telégrafo atendesse às
necessidades do governo, comércio e cidadãos. No ano de 1870, o Decreto Imperial
nº 4.653 devolveu os serviços de telégrafo ao controle estatal e iniciou a elaboração
de um plano nacional para esse serviço (REBOLÇAS; MARTINS, 2007).
Quando o país ainda era chamado Estados Unidos do Brazil, no ano de 1917,
a primeira legislação referente à concessão do uso de infraestrutura estatal para
comunicação a terceiros foi promulgada por meio do Decreto nº 3.296. Nesse
decreto, ficava estabelecido que os serviços radiotelegráficos e radiotelefônicos em
território brasileiro eram de competência exclusiva do Governo Federal (BRASIL,
1917). Anteriormente, após a Proclamação da República em 1889, a regulamentação
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS