Psicofarmacologia Aula+03

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Psicofarmacologia

PROF MS. FLÁVIA SOARES LASSIE


2

Bases farmacológicas
dos psicofármacos e
a neurotransmissão
central
Sistema comportamental modula as respostas 3
motoras
 É um importante modulador do processamento cognitivo e sensorial;
 Neurônios conhecidos coletivamente como sistemas de moduladores difusos → originam-se na
formação reticular do tronco encefálico e projetam seus axônios para grandes áreas do encéfalo;
 Existem 4 sistemas moduladores que em geral são classificados de acordo com os neurotransmissores
que secretam:
✓ Noradrenérgico- Noradrenalina;
✓ Serotoninérgico- Serotonina;
✓ Dopaminérgico- Dopamina;
✓ Colinérgico- Acetilcolina.
✓ Sistemas moduladores difusos regulam as funções do encéfalo por influenciar: atenção, motivação,
vigília, memória, controle motor, humor e homeostasia metabólica;
✓ Função do sistema comportamental: controlar os níveis de consciência e os ciclos de sono-vigília;
➢ Consciência: é o estado de alerta do corpo ou a consciência de si e do meio.
Neurotransmissores SNC 4

Neurotransmissor Função
Noradrenalina (NORA) Atenção, alerta, ciclos sono-vigília,
aprendizado, memória,
ansiedade, dor e humor
Serotonina (5-HT) Ciclo sono-vigília,
comportamentos emocionais e
humor (comportamento agressivo
e depressão)
DOPAMINA (DOPA) Controle motor
ACETILCOLINA (AcH) Ciclos sono-vigília, alerta,
aprendizado, memória
5
Potenciais sinápticos
 No SNC: os receptores da maioria das sinapses estão
acoplados a canais iônicos:
- Fixação do neurotransmissor ao receptor na membrana pós-
sináptica→ abertura rápida e transitória de canais iônicos;
- Abertura permite: íons específicos (dentro ou fora da célula)→
fluam conforme o gradiente de concentração;
- Composição iônica através da membrana do neurônio altera o
potencial pós-sináptico → despolarização ou hiperpolarização
da membrana pós-sináptica
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Atividade POTENCIAIS SINÁPTICOS


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Potenciais sinápticos
 Acesse: www.menti.com
 Código:
Vias excitatórias 8
 Neurotransmissores são classificados em excitatórios ou
inibitórios dependendo da ação que provocam;
 Estimulação de um neurônio excitatório causa
movimento de íons que resulta em despolarização da
membrana pós-sináptica;
 Neurotransmissores: glutamato, acetilcolina;
 Ligação da Ach e ligação ao receptor na membrana pós-
sináptica→ aumento transitório na permeabilidade de
Na+;
 Influxo de Na+ causa uma leve despolarização que
desloca o potencial pós-sináptico em direção ao limiar;
 Se o nº de neurotransmissores excitatórios estimulados
aumenta→ mais neurotransmissor excitatório é
Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia Ilustrada. 6ª.ed.
liberado. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág. 108).
Vias inibitórias 9
 Neurotransmissores: GABA e glicina;
 Estimulação de neurônios inibitórios causa
movimento de íons→ hiperpolarização da
membrana pós-sináptica;
 Estimulação de neurônios inibitórios libera
neurotransmissores (GABA) que se liga a receptor
na membrana pós-sináptica;
 Aumento transitório na permeabilidade de íons
específicos (K+ ou Cl-);
 O influxo de Cl- ou efluxo de K+ → hiperpolarização
que afasta o potencial de ação do seu limiar →
diminui a geração de potenciais de ação.
Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia Ilustrada. 6ª.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág. 108).
DOPAMINA Tirosina L-DOPA Dopamina 10
Tirosina Descarboxilação
hidroxilase

▪ Pode agir em auto receptores que


estão nos neurônios pré-sinápticos
(feedback -) → inibindo a
liberação da DA (depende da
quantidade do neurotransmissor na
fenda sináptica);
▪ Ser recaptada pelos
transportadores de DA ( DAT) e ser
novamente envesiculada.

Esquizofrenia
Doença de Parkinson
Fonte: CELLI, G.B.. Farmacologia dos sistemas. Londrina: Editora e Distribuidora Distúrbio do déficit de atenção
Educacional, 2017 (pág. 162).
Mecanismo de liberação do neurotransmissor 11

Vesícula sináptica

Neurotransmissor
Terminal
Axônico
pré-sináptico

Canais de Ca+2
voltagem Receptor
dependentes
Membrana neurônio
pós-sináptico (dendrito)

Fonte: Modificado de Thomas Splettstoesser/Wikimedia Commons.


Disponível em: https://bit.ly/2WiljRF acesso jan.2021
Receptores Dopaminérgicos 12
 Existem pelo menos 5 subtipos de receptores dopaminérgicos;
 Tipo D1 e D5: considerados receptores excitatórios (Localizados nos terminais pós-
sinápticos);
 Tipo D2, D3 e D4: receptores inibitórios (Localizados na pré e pós-sinapse).
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SEROTONINA ▪ Conversão ocorre em 2 etapas:

Descarboxilase de aa
aromáticos

Triptofano hidroxilase

Neurotransmissão serotoninérgica e adrenérgica central:


vias envolvidas na regulação do humor→ alvo dos
5-HT metabolizada pela MAO tratamentos da depressão

Fonte: CELLI, G.B.. Farmacologia dos sistemas. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2017 (pág.
163).
Receptores serotoninérgicos 14
 2 principais receptores pré-sinápticos:
❖ 5HT1A e 5HT1B: autorreceptores → receptores inibitórios que acabam controlando a
liberação de 5HT
❑ Receptores pós-sinápticos: 5HT2A, 5HT2C, 5HT3, 5HT4, 5HT5, 5HT6 e 5HT7;
❑ 5-HT: papel crucial em processos de alucinações e alterações comportamentais, sono, vigília,
desordens do humor, comportamento alimentar, controle da transmissão sensória, regulação
da TºC corporal, PA, ansiedade, transtornos obsessivos compulsivos, latência do sono e função
sexual.
NORADRENALINA 15

Término da ação de NE:


1. Recaptação pelo neurônio
pré-sináptico (transportador
de NE);
2. Metabolização a uma forma
inativa pela MAO e COMT;
3. Difusão a partir da fenda
sináptica.

Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia Ilustrada.


6ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág. 79).
Receptores adrenérgicos 16

▪ Receptores: α ( > afinidade NE); β (> afinidade Noradrenalina

adrenalina);
✓ α1: sistema cardiovascular, musculatura lisa TGI e
urinário→ contração muscular e relaxamento
musculatura lisa do intestino;
✓ α2: neurônios pré e pós-sinápticos;
- pré-sinápticos: retroalimentação negativa
(feedback )→ liberação de NE;
- SNC, céls. pancreáticas (inibem liberação de
insulina), plaquetas (inibe agregação
plaquetária);
Fonte: OLIVEIRA. Farmacologia. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional,
2020 (pág. 26).
Receptores adrenérgicos 17
Aumentam FC
Aumentam
contratilidade
✓ β 1: coração e rins: força de contração, FC,
liberação de renina.
✓ β 2: músculo liso, fígado e músculo esquelético
(relaxamento da musculatura), glicogenólise,
gliconeogênese e captação de K+; Vasodilatação Broncodilatação

✓ β 3: tecido adiposo ( lipólise)→ não há fármacos


de uso clínico;
✓ [Adrenalina]: β 1 e β 2
Gliconeogênese
✓ [ Adrenalina]: α1
✓ Noradrenalina: α1 e β 1 ( pouco efeito β 2)
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NORADRENALINA

 Importância: controle do estado de vigília e do estado de alerta,


regulação da PA, controle do humor;
 Níveis baixos relacionados à depressão.
ACETILCOLINA 19

Degradação de ACh:
- Colinesterases (AchE) e
butirilcolinesterase (BuChE)

Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia Ilustrada.


6ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág. 53).
Receptores colinérgicos 20

▪ 2 famílias de receptores colinérgicos;


➢ Muscarínicos: classe dos receptores acoplados à Muscarínico
proteína G (metabotrópicos);
 - Ligam à Ach, reconhecem a muscarina e possui baixa
afinidade pela nicotina;
 - 5 subclasses: M1 a M5→ localizam-se em gânglios do SNP e em órgãos
efetores autônomos (coração, músculos lisos, cérebro e glândulas exócrinas. M1- céls. Nicotínico
parietais gástricas; M2- céls. cardíacas e músc. lisos; M3- bexiga, glândulas exócrinas e
músc. liso;

➢ Nicotínicos: são canais iônicos regulados por ligante (5


subunidades);
 - Ligam à Ach, reconhecem a nicotina e possui baixa
afinidade pela muscarina.
 - Localizados: SNC, suprarrenal, gânglios autônomos e
JNM músc. esqueléticos.
Fonte: OLIVEIRA. Farmacologia. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2020 (pág. 26).
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ACETILCOLINA
 Vias colinérgicas: no SNC papel importante no tratamento dos sintomas da demência e
doença de Parkinson;
 Envolvido em diferentes comportamentos: aprendizado, memória e controle do
movimento;
 Doença de Alzheimer: 90% dos casos apresentam a perda de neurônios colinérgicos no
prosencéfalo basal e na região do hipocampo;
 Ex: Rivastgmina: fármaco que inibe a enzima AChE
GABA (Ácido gama-aminobutírico) 22

GABA

Principal
neurotransmissor
inibitório do SNC

Sintetizado a partir do
glutamato

Fonte: CELLI, G.B.. Farmacologia dos sistemas. Londrina: Editora e Distribuidora


Educacional, 2017 (pág. 160).
Receptores gabaérgicos 23
 GABA A: localização pós-
sináptica
 GABA B: localização pré e pós-
sináptica;
 Benzodiazepínicos: aumentam o
nº de aberturas do canal de
cloreto;
 Barbitúricos: aumentam o
tempo de abertura dos canais
de cloreto e não dependem do
Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia
GABA para abrir o canal de Ilustrada. 6ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág. 122).

cloreto do GABA A.
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 Moduladores do GABAA: atuam em sítios distintos do local de ligação do GABA do
receptor e aumentam a transmissão GABAérgica.
✓ Benzodiazepínicos: (alprazolam, diazepam, lorazepam)→ potencializa a ação do
GABA, se liga ao receptor (aumento da afinidade do GABA ao receptor GABA A);
• Ação: redução da ansiedade, efeito hipnótico/sedativo, efeito anticonvulsivante,
relaxamento muscular;
• Efeitos colaterais: sonolência, confusão mental, amnésia e comprometimento da
coordenação.
• Antagonistas do receptor GABA: flumazenil- reverte os efeitos dos BZD;
✓ Barbitúricos: (tiopental, fenobarbital)→ interação com receptores GABAA,
potencializa a ação do GABA (local de ligação ≠ BZD)→ terapia de sedação e
acalmam os pacientes.
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BZD
 Podem ser classificados quanto ao T ½ e duração de ação:
26

Atividade
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Caso clínico
 Cintia, 24 anos, na noite anterior saiu para se divertir com alguns amigos. Antes
de sair de casa ela fez o uso habitual da sua medicação para controle da
ansiedade (Diazepam)....
 Durante a festa exagerou no uso da bebida alcoólica e foi encontrada pelos
seus amigos desmaiada no banheiro...
 A equipe de resgate constatou estado de embriaguez, falta de coordenação
motora e o mais agravante insuficiência respiratória grave.

Oque pode ter ocorrido com Cintia?


Resolução 28
 Interação medicamentosa: álcool + BZD;
Benzodiazepínicos
 Interação medicamentosa: tipo de resposta farmacológica em que os
efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela adm simultânea
ou anterior de outros, ou através da adm concomitante com alimentos;
 Podem ser:
 Benéficas: uma droga pode interferir no efeito da outra de forma a
favorecer o tratamento;
Álcool
 Maléficas: efeitos desfavoráveis no regime terapêutico Neuroesteroides

 Álcool: potencializa a ação do GABA (modula indiretamente a passagem Canais iônicos


do íon cloreto pelos receptores GABA→ hiperpolarização da célula (GABA)
nervosa e dificultando a comunicação neuronal → depressão do SNC;
 Tratamento da intoxicação por BZD: Flumazenil – antagonista do receptor
GABA (reverte os efeitos dos BZD mas não tem altera os efeitos do
álcool);
Fonte: Modificado de David M.
Lovinger/Wikimedia Commons. Disponível
 Adm. de carvão ativado que inibe a absorção da substância. em: https://bit.ly/2YXPD5O. Acesso fev. 2021.
29
GLUTAMATO
 Sintetizado nas células da glia a partir da glutamina em
seguida é transportado para as terminações nervosas e
convertido em glutamato pela glutaminase;
 Principal neurotransmissor excitatório do SNC;
 Armazenado em vesículas sinápticas e liberado por
exocitose;
Receptores glutamatérgicos 30
 4 subtipos: NMDA (N-metil-D-aspartato), AMPA ( ácido amino-3-hidroxi-5-
metil-4- isoxazolepropionico), cainato e metabotrópico (receptores acoplados a
proteína G);
 Glutamato: tratamento da esquizofrenia, vigília, controle motor e hiperalgesia.

Fonte: http://binged.it/2PwRv2P acesso


mar. 2021
GLUTAMATO 31
Glutamato interage com
receptores seletivos e
transportadores na sinapse
neuronal
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ATIVIDADE KAHOOT
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Atividade
 Acesse o site: https://kahoot.it/
 PIN:
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Anticonvulsivante
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Maria, 72 anos, faz uso de diversos medicamentos. Um dos medicamentos
utilizados por ela é o Gardenal, um anticonvulsivante que ela utiliza de forma
contínua a mais de 2 anos. Ela toma esse medicação devido a queda sofrida que
bateu a cabeça e como consequência do trauma teve diversas crises de convulsão.
As crises convulsivas estavam controladas, porém em uma das noites como sua
visão estava embaçada acabou tomando um medicamento antifúngico ao invés do
Gardenal e isso foi se repetindo durante vários dias. Até que certo dia ela deu
entrada no P.S com quadro de diversas convulsões seguidas. No P.S ela recebeu a
medicação de emergência e as orientações do seu tratamento.
A medicação de urgência pode ser tanto os
BZD quanto os barbitúricos. Em casos de
administração de doses elevadas do
medicamento pode ser fatal para a paciente.
Qual das duas classes pode ter seu efeito
revertido caso seja administrada em doses
excessivas? Fonte: https://binged.it/2LUAFq5 acesso dez. 2020
Resolvendo a SP 36
 BZD: aumentam o nº de vezes da abertura do canal de Cl-;
• Somente exerce o mecanismo de ação na presença do GABA;
 Antagonista de receptor de GABA A: flumazenil → reverte a ação dos BZD;
 Barbitúricos: potencializam a ação do GABA na entrada de Cl- no neurônio prolongando o
tempo de abertura dos canais de Cl- e a amplitude dessa abertura e podem desenvolver
seu mecanismo mesmo sem a presença do GABA;
• Foram no passado a base do tratamento usado para sedar o paciente ou para induzir
e manter o sono;
• Porém induzem a tolerância e a dependência física e estão associados a sintomas de
abstinência graves;
• Local de ligação dos barbitúricos no receptor GABA é diferente dos BZD
 BZD: são mais seguros, vêm substituindo os barbitúricos
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