Artigo Luz Ativa Pesquisa
Artigo Luz Ativa Pesquisa
Artigo Luz Ativa Pesquisa
RESUMO
Palavras-Chave: Artes Cênicas, Appia, Luz Ativa, Iluminação Cênica, Arte Viva
ABSTRACT
This Article refers to a research project on the construction of the Appiana scene
regarding lighting, that is, the Active Light. Like, the relationships with the other
elements present in the scene, such as: the actor, the scenography and scenic objects.
The research is underway in the graduate program in arts of the scene of the School
of Music and Performing Arts of the Federal University of Goiás, and aims to
understand the concepts of active light applied the arts of the scene elaborated by
Adolphe Appia, and what is the scope of this concept in the work of light designers
currently. For this we will analyze the work of three designers today. The theoretical
foundations of this work focus on the work of Adolphe Appia himself, being nuclear
The Work of Living Art (1969?) and Music and Staging - with Flávio Café Translation,
in: Revista do Laboratório de Dramaturgia - (Dramaturgy Laboratory Magazine), LADI
- UNB (2016 e 2017), Cibele Forjaz Simões (2008 e 2013) and Eduardo Tudella
(2017). The question to be verified at the end of the work is the operationality of
technical and aesthetic research formulated by Adolphe Appia to design the living
scenic space, as idealized by theoretical link. The objective is to analyze the Active
Light as an innovative practice of scenic lighting, from the theoretical framework
elaborated by Appia to build the scenic space, paying attention to the actor-space-light.
1
Keywords: Performing Arts, Appia, Active Light, Lighting Design, Living Art
2
conhecimento [...]. Conhecimento é, pois, um esforço mental que extrai do caos um
esquema de ordem, um cosmos, uma informação, uma linguagem diríamos”.
Investigaremos os procedimentos técnicos e estéticos quanto à aplicação da
iluminação na elaboração da cena Appiana. Para isso, num primeiro momento
faremos um estudo mergulhado na obra do encenador, identificando os elementos
que conceitua a Luz Ativa e os procedimentos técnicos de sua aplicação. Em seguida,
faremos um estudo de caso, onde analisaremos projetos de três iluminadores da
atualidade, observando neles se o escopo teórico elaborado por Appia, e identificado
por nós, pode ser verificado em seus trabalhos. Nesta etapa, o objetivo é tentar
identificar qual o alcance das influências, se elas existem ou não, que a Luz Ativa
exerce sobre os trabalhos de profissionais iluminadores da atualidade. Por fim, iremos
elaborar um trabalho de dança, com um grupo de profissionais locais, onde serão
experienciados os conceitos de Appia para a criação do projeto de iluminação.
A primeira etapa, a da consulta bibliográfica, tem como referências basilares a
obra o próprio Appia. Ele escreveu alguns textos sobre o tema, o seu pensamento
sobre a arte do espetáculo está gravado em três livros publicados entre o final do
século XIX e início do XX. O primeiro trabalho publicado e de interesse para o estudo
foi La Mise-en-scène du drame Wagnerien (1892) – A encenação do drama
Wagneriano, o segundo livro foi La Musique et la mise-en-scène (1899) – Música e
Encenação, e por último o livro L’Ouvre d’art Vivant – A Obra de Arte Viva, publicado
em 1921. Neste último trabalho ele faz uma síntese de toda sua teoria sobre as
questões da reformulação da espacialidade cênica. Por meio dessas obras
buscamos compreender da melhor forma possível, mergulhando no íntimo desses
escritos, o conceito de Luz Ativa que se concentra nos dois últimos livros. Outras
fontes poderão ser consultadas na primeira etapa com a finalidade de entender o
ambiente em que estavam inseridas as questões levantadas por Adolphe Appia a
respeito da arte teatral, contudo, serão nos escritos do encenador que iremos nos
ater com maior atenção para compreensão das proposituras sobre a Luz Ativa.
Assim, ao que se refere à luz em Appia, a investigação é uma investida para o
interior dos textos, buscando a compreensão da sua obra partindo de dentro para fora,
tendo sempre os escritos do encenador como um modelo/matriz a ser buscado e
analisado. Como se pode identificar será utilizado, para a pesquisa, o Método Matricial
apresentado por Brito e Guinsburg (2006, p.20), assim o define: o “Método Matricial é
um método que visa desvendar e analisar a matriz criativa do artista, e que tem como
objetivo o esclarecimento do seu processo de criação [...] para isto é necessário
3
encontrar na obra do artista a Matriz”, que podemos dizer que é um quadro formado
pelos elementos de criação que o artista usa para gerar sua obra. Detalhando sua
proposta registram que:
Ao se esclarecer cada etapa deste trabalho chegar-se à sistematização
do que pretendemos denominar de Método Matricial. O exame
realizado principiou com a reunião dos textos [...] com o objetivo de, a
partir deles, investigar o processo de criação efetivado [...]. o primeiro
passo, portanto, de Método Matricial, é precisar a fonte primária do
trabalho[...]. Uma vez disposto esse acervo, determinam-se os
elementos, cuja reunião constituirá a matriz, e faz-se o levantamento
dos procedimentos, objetivando esclarecer os modos pelos quais o
autor configura esses elementos (BRITO, GUINSBURG, 2006, p.19).
4
Na última fase da pesquisa mergulharemos em um processo experimental,
com a criação de um espetáculo de dança onde iremos aplicar as proposituras de
Appia para a Luz Ativa. Importante frisar, aqui, que não está no escopo e nem é
nossa pretensão avaliar, validar ou comprovar os estudos de Adolphe Appia sobre a
Luz Ativa, emitindo juízo de valor sobre sua obra e aplicação prática, restringimo-nos
a colocar os elementos e procedimentos do método do encenador. Pois, a pesquisa é
de natureza básica, por isso nossa abordagem sobre o encenador se dará conforme
nos apresenta Nascimento;
é baseada na interpretação dos fenômenos observados e no
significado que carregam, ou no significado atribuído pelo pesquisador,
dada a realidade em que os fenômenos estão inseridos. Considera a
realidade e a particularidade de cada sujeito/objeto da pesquisa. O
processo é um descritivo [...] de observação que considera a
singularidade do sujeito e a subjetividade do fenômeno [...]. Permite
generalizações de forma moderada.” (NASCIMENTOS, 2016, p.03)
5
habituais, o uso da iluminação na cena ainda era o da representação de fenômenos
da natureza;
Roubine (1982) diz que Denis Bablet, em seu livro que trata da cenografia
teatral1, nos traz informações sobre o gosto do público do fim do século XIX, um gosto
com predileções para os cenários decorativos, o que denotava um atravancamento
estético do palco. Os encenadores naturalistas exploraram esse gosto, projetando
seus trabalhos com uma precisão e cuidados arqueológicos e ou sociológicos, na
busca de uma ilusão perfeita da vida real. Essa verossimilhança não teve outro efeito
senão o de reforçar a estranheza da realidade cenográfica artificial. “O fato é que o
teatro ilusionista do fim do século XIX se vê a si mesmo como uma tecnologia mais
do que como uma arte, e que os problemas de estilização e de expressão simbólica
lhe sãos bastante alheios” (ROUBINE, 1982, p.107). Simões ( 2008, p. 76) também
aborda o problema ao dizer que: “Quando o Naturalismo assume como legado a
conquista da verdade no teatro tem diante de si um paradoxo indissolúvel. Este conflito
entre verdade e ilusão chega ao clímax, e engendra sua própria reviravolta.”
Com a chegada dessa nova tecnologia, a iluminação elétrica, estudiosos do
teatro, como Adolphe Appia, viram nela, uma ferramenta importante para as
transformações da encenação. A influência do Simbolismo, corrente literária francesa,
que influenciou vários artistas, em diferentes áreas, por toda a Europa, aliada à
eletricidade, abriu caminho para as reformulações do espaço cenográfico e da
encenação como um todo. Com a cena abstrata, a ideia de sugestões simbolista se
contrapõe a encenação ilusória dos naturalista. Assim, “A sugestão torna-se parte
fundamental da revelação e o que não pode ser dito, vira silêncio... E imagem, da
mesma forma que na poesia simbolista, encontra através da palavra, o indizível – a
visualidade abre caminho para aquilo que está para além do visível.” (SIMÕES, 2008,
p. 84). É com este espírito de abstração que os encenadores do final do século XIX
iniciam um processo de crítica, reformulação e abandono da cenografia decorativa,
pois os simbolistas não se comprometem com o rigor técnico e ilusório dos cenários
pictóricos. “A encenação volta-se para a iluminação entendida agora como “jogo de
1
O Livro ao qual Roubine faz menção e de uma edição francesa, não encontrei referência, nem informação se
ele tem edição em português. A edição francesa é Le decor de theatre de 1870 d 1914. Paris, CNRS, 1975.
6
luzes” e esse por sua vez, livre da coerência naturalista, toma um sentido poético,
musical e sinestésico.” (SIMÕES, 2008, p. 85, 86).
A luz tem, a partir de então, uma nova função, a da sugestão, não está mais
para revelar objetos em cena. Participa agora do mundo dos sentidos, da imaginação,
não para mostrar algo ao público, mas para sugerir que este descubra por si mesmo,
abre-se um canal de comunicação sensorial. “Será o encontro entre as possibilidades
da iluminação elétrica com as necessidades da cena advindas de novas teorias e
práticas do teatro, que transformará potência em ato, impulsionando o salto qualitativo
da iluminação cênica.” (SIMÕES, 2008, pag. 64). A luz alcança poder transformador
em potência;
A luz é de uma flexibilidade quase miraculosa. Ela possui todos os
graus de claridade, todas as possibilidade de cores, como uma paleta;
ela pode criar sombras, torná-las vivas, e expandir no espaço a
harmonia de suas vibrações, exatamente como faz a música. Nós
possuímos nela todo o poder expressivo do espaço, se este espaço é
colocado à disposição do ator.(APPIA, apud FORJAZ, , p.105).
Para Appia, o ator deveria ocupar o centro da cena, dada a sua vitalidade e
plasticidade. O ator vivo, móvel, explorando a espacialidade, harmoniosamente,
revelado pela magia sugestiva da luz e da sombra, só assim o teatro propiciaria ao
espectador uma cena, integralmente, livre, ativa, completa e entregue a plasticidade
orgânica de uma ação viva. Que no presente trabalho aplicamos sua proposta para o
bailarino “vivo”. A cenografia, para atender a vitalidade do ator, deve ser arquitetônica,
com plano diversos, blocos, linhas de fuga, volumes variados, aberta a interação, a
exploração. A cenografia não deve impor ao ator um lugar fixo, sem movimento, e
7
desconectado do ambiente, mas deixá-lo livre para sua ação. Por não ser assim,
criticava duramente este lugar de domínio da pintura. Retomamos outras de suas
palavras sobre sua análise a respeito da questão:
Aqui eu suponho que o ator já tomou parte na cenografia que nós
acabamos de percorrer com os olhos. Ora, seu lugar não está no centro
da cena, infelizmente; de forma que aquele que, pela sua atividade
dramática, é o único motivo da representação e da atenção que nós
prestamos a ele, deve se mover na parte da cenografia onde a ilusão
cênica está no seu mínimo. Essa superfície plana, ou arbitrariamente
despedaçada, sobre a qual repousa a cenografia, torna-se pela
presença do ator uma realidade tangível; são pés vivos que a pisam, e
cada passo acentua sua insignificância. É evidente que quanto mais a
pintura das telas for bem feita do ponto de vista da ilusão de óptica,
menos o ator e seu entorno direto poderão misturar-se com a cena, já
que nenhuma das ações do ator corresponderia ao lugar e aos objetos
representados pela cenografia. A iluminação que poderia, pela sua
expressão, dar alguns relevos aos personagens, encontra-se
monopolizada pelas telas pintadas. E o arranjo espacial, quase
inteiramente ao serviço dessas telas, só fornece ao ator o ínfimo
mínimo de praticabilidade autorizado pela pintura. (APPIA, 2017, p.
165)
2 L’Ouvre d’art Vivant – escrito em 1919 e publicado em 1921, neste livro Appia faz uma síntese de
suas pesquisa.
3 O título no original musique et la Mise-en-scène escrito no ano de 1897 e publicado em 1899, nele
Assim temos que, para Appia, quanto aos equipamentos de iluminação de uma
produção necessários para a cena eram requeridos dois grupos distintos de
aparelhos, com funções também distintas. Um grupo era para as luzes de
preenchimento, para as luzes atmosféricas, uma aplicação até de certo modo similar
aos naturalistas, porém não com a mesma finalidade. O outro grupo de equipamentos
9
seria para a luz direta. Assim, para a Luz Ativa eram necessários o uso de
equipamentos com as duas funções. Uma parte os aparelhos seriam encarregados
de propagar a luz, os outros, seriam aqueles, que pela direção precisa de seus raios
criassem as sombras para nos assegurar da qualidade da iluminação. Nós
chamaremos umas de luz difusa e as outras de luz ativa. (2017). Nas descrição, para
os equipamentos da luz difusa, ele indica que necessitamos de aparelhos que sejam
com foco aberto, com lentes transparentes, e com telas de transparência variável,
emitindo um facho luminoso de forma a atenuar a claridade em cima dos objetos
cenográficos e do ator, “ o que chamamos hoje, justamente, de difusores, perfeitos
para suavizar o contraste na luz geral, e realçar as cores, volumes, de forma
homogênea [...] ou seja ele recomenda o que chamamos hoje de Luz Geral.”(FORJAZ,
2008, p.116). Por outro lado, para a luz ativa, aponta que sejam colocados aparelhos
móveis, individualizados, direcionais e manipuláveis, aos quais serão objeto de grande
aperfeiçoamento de seus mecanismos,” propõe também, o uso de formas e recortes
para interceptar parte da luz dos aparelhos móveis e manipuláveis, criando sombras
sugestivas, fachos de luz com formas ou imagens projetadas.”( FORJAZ, 2008,p.
116). O que se aproxima dos Gobos4 usados hoje, para projetar imagens quando
colocados em aparelhos como o elipsoidal5.
Seu referencial para elaborar seus conceitos para iluminação cênica partiu da
observação da natureza. Nela está a influência do seu conceito da luz para a nova
encenação, para Appia (2017), a qualidade da luz está a qualidade da sombra que
ela projeta, a luz do dia penetra em todos os lugares e só percebemos sua direção
quando percebemos sua sombra, elas se formam pela mesma luz que penetra e se
espalha pela atmosfera. Ele aponta que não podemos reproduzir este efeito natural
com todo o poder que a natureza, uma lareira, por exemplo, produziria sombra pelo
poder de sua luz, uma sombra de beleza, é certo, mas ela não seria capaz de penetrar
o ambiente criando o claro-escuro, o que chamamos de a sombra levada, como o faz
a natureza, assim a luz produzida por este fogo não consegue o claro-escuro pelo
poder de sua força. Portanto , para simular esta luz, devemos ter dois grupos de
equipamentos, como afirma o encenador:
4 Gobos são acessórios utilizados em projetores de iluminação como os elipsoidais para projetar
imagens, podem ser feitos de vidro pintados com alguma imagem ou aço onde a imagem é recortada,
como um negativo. Colocados em frente ao facho luminoso a imagem é projetada e forma o desenho
através da luz.
5 Elipsoidais são refletores de iluminação, também chamados de refletores de recorte, eles possuem
componentes como íris para focalizar a luz, peças laterais achatadas (facas) para recortar o facho de
luz criando formas geométricas e suporte para fixação dos Gobos.
10
É preciso então dividir a tarefa e ter de uma parte os aparelhos
encarregados de espalhar a luz, e de outra aqueles que pela direção
precisa dos seus raios provocarão as sombras que devem nos
assegurar a qualidade da iluminação. Nós chamaremos os primeiros
de “luz difusa”, e os segundos de “luz ativa”(APPIA, 2017, p. 179).
Para evitar as sombras que alterariam o poder da luz direta, a luz difusa
deve iluminar todas as partes do material cenográfico (o ator incluso).
Quando, através dela, nós pudermos “ver claramente” sobre a cena e
quando as sombras produzidas se contradizerem suficientemente para
se anularem, a luz direta poderá fazer a sua aparição; pois, excetuando
os casos, sem dúvida raros, onde ou uma ou a outra das duas luzes
deverá operar sozinha, é óbvio que é por “ver claramente” que nós
devemos começar. A intensidade da luz difusa será em seguida
regulada conforme a da luz direta. ( APPIA, 2017, p.181).
11
radicalmente a geografia da cena”. (TUDELLA, 2013, p. 580). No livro Música e
Encenação(1899), ele expõe como eram o equipamento para a luz cênica, numa
tentativa de organizar o caos que era a iluminação da época;
Sobre nossas cenas, a iluminação se faz simultaneamente sobre
quatro formas diferentes: 1 As varas levadiças que, colocadas nas
frisas, devem iluminar as telas pintadas e são apoiadas nas coxias e
sobre o chão da cena pela ribalta mais móvel, mas cujo objetivo é o
mesmo. 2 O que nós chamamos “ribalta”, essa monstruosidade
singular de nossos teatros, encarregada de iluminar a cenografia e os
atores pela frente e por baixo. 3 Os aparelhos completamente móveis
e manuseáveis para fornecer um foco preciso, ou diversas projeções.
4 E, por fim, a iluminação por transparência, isto é, aquela que ressalta
certos elementos transparentes da pintura, iluminando a tela do lado
oposto ao público. O jogo harmônico de tudo isso é evidentemente
bastante complicado, até mesmo tão complicado que é completamente
impossível, e nossos espetáculos demonstram isso. Há ali elementos
contraditórios demais para poder fornecer qualquer harmonia; eles
também renunciaram e despedaçaram impiedosamente o exercício do
mais poderoso de todos os engenhos cenográficos. Com efeito, como
conciliar uma luz destinada a iluminar as telas verticais e que por isso
não deixam de atingir os objetos colocados entre elas, com uma luz
destinada a esses objetos e que também não deixa de atingir as telas
verticais?
Como observa Forjaz (2008), ele identificou bem as relações deste sistema de
iluminação do teatro de seu tempo, quanto a técnica, funções, forma e equipamentos
clara e distintamente, fez reivindicações futuras para a iluminação que possibilitaram
equipamentos melhores, especializados, às necessidades que ele defendidas para
este novo princípio da iluminação cênica. Estas melhorias sugeridas por ele, foram
empreendidas ao longo do tempo e fazem parte da realidade dos iluminadores
atualmente.
Expomos aqui de forma suscinta a pesquisa que estamos empreendendo,
acreditamos que Adolphe Appia teve contribuição ímpar para o desenvolvimento das
artes da cena, suas pesquisas foram criativas e até certo ponto incompreendidas
mesmo para alguns artistas do seu tempo. Como afirma Eduardo Tudella, para a
compreensão na totalidade da obra de Appia, são necessárias ao leitor e ou
pesquisador uma postura aberta e flexível para se deixar levar pelas possibilidades e
sugestões, para pensar e adentrar no íntimo visual da cena Appiana. Livrar-se de
molduras, de preconceito formal e se incorporar em uma leitura aberta dos processos
de experimentações visuais. Essa leitura é determinada por um grau de educação e
de entendimento apreendidos pela experimentação até então não pensadas (2017)
Temos percebido, ao longo dos anos de estudo acadêmico, o pouco que
pesquisadores se dedicaram ao estudo sistemático, em nível de pesquisa cientifica
sobre a iluminação cênica, e Adolphe Appia é, para nós, um marco importante para
12
esta discussão. Não estamos afirmando aqui que não existam pesquisas sobre o
assunto em questão, no entanto grande partes delas focam no aspecto historiográfico
da iluminação e estão em na maioria das vezes ligadas às transformações
conceituais, ou em pesquisas com abordagem históricas sobre a arte teatral.
Nas etapas pelas quais passará nossa pesquisa, os vários modos que iremos
observá-la, entendemos, assim como, Brito e Guinsburg, que a
alternância de olhar mostra que o objeto estético pode ser visto
ainda em edificação, ao menos naquilo que ele apresenta de
visível, revelando os alicerces e os modos pelos quais eles se
relacionam entre si, sugerindo a mente do criador em exercício
e ainda, não menos relevantes, detectando, aqui e ali a alma e
o ideário do artista. (BRITO, GUINSBUG, 2006, p.24)
REFERÊNCIA:
APPIA, Adolphe. A Obra de Arte Viva. Tr. Redondo Junior. Lisboa: Arcádia s/d
(196?).
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em: http://ojs.bce.unb.br/index.php/dramaturgias/issue/view/1521/showToc
APPIA, Adolphe. Música e Encenação, parte 2. Tradução Flávio Café, in: Revista do
Laboratório de Dramaturgia LADI – UNB, V4, ano 2, Brasília, 2017. Disponível em:
http://ojs.bce.unb.br/index.php/dramaturgias/issue/view/1728/showToc
APPIA, Adolphe. Música e Encenação, parte 3. Tradução Flávio Café, in: Revista do
Laboratório de Dramaturgia LADI – UNB, V5, ano 2, 2017, Brasília. Disponível
em: http://ojs.bce.unb.br/index.php/dramaturgias/issue/view/1793/showToc
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13
_____________. À Luz da Linguagem. A Iluminação cênica: de instrumento da
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para obtenção do título de doutor em Artes, USP – São Paulo, 2013;
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________________. Práxis cênica como articulação de visualidade: a luz na
gênese do espetáculo, Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Escola
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