Oab 2º Fase 2024
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Aula 00
Direito Penal p/ OAB (2ª fase) XXIII Exame de Ordem - C/ correção de 4 Dissertações e 2 peças
SUMçRIO
1. PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL ................................................................. 7
1.1 Princ’pio da legalidade .......................................................................... 7
1.1.1 Princ’pio da Reserva Legal ................................................................... 7
1.1.2 Princ’pio da anterioridade da Lei penal .................................................. 9
1.1. Princ’pio da individualiza•‹o da pena .................................................... 9
1.2. Princ’pio da intranscend•ncia da pena ................................................ 10
1.3. Princ’pio da limita•‹o das penas ou da humanidade ........................... 11
1.4. Outros princ’pios do Direito Penal ....................................................... 12
1.4.1. Princ’pio da alteridade (ou lesividade) ................................................. 12
1.4.2. Princ’pio da ofensividade ................................................................... 12
1.4.3. Princ’pio da Adequa•‹o social ............................................................. 12
1.4.4. Princ’pio da Fragmentariedade do Direito Penal .................................... 12
1.4.5. Princ’pio da Subsidiariedade do Direito Penal ........................................ 13
1.4.6. Princ’pio da Interven•‹o m’nima (ou Ultima Ratio) ................................ 13
1.4.7. Princ’pio do ne bis in idem ................................................................. 13
1.4.8. Princ’pio da proporcionalidade ............................................................ 14
1.4.9. Princ’pio da insignific‰ncia (ou da bagatela) ......................................... 14
2. APLICA‚ÌO DA LEI PENAL ......................................................................... 19
2.1. Aplica•‹o da Lei penal no tempo ......................................................... 19
2.1.1. Conflito de Leis penais no Tempo........................................................ 19
2.1.2. Lei nova incriminadora ...................................................................... 19
2.1.3. Lex Gravior ..................................................................................... 20
2.1.4. Abolitio Criminis ............................................................................... 20
2.1.5. Lex Mitior ou Novatio legis in mellius................................................... 21
2.1.6. Lei posterior que traz benef’cios e preju’zos ao rŽu ............................... 21
2.2. Tempo do crime .................................................................................. 23
2.3. Aplica•‹o da lei penal no espa•o ......................................................... 24
2.4. Princ’pio da Territorialidade ................................................................ 25
2.5. Extraterritorialidade............................................................................ 26
3. TEORIA DO DELITO ................................................................................... 28
3.1. Fato t’pico e seus elementos ............................................................... 28
3.1.1. Conduta .......................................................................................... 28
3.1.2. Resultado natural’stico ...................................................................... 30
3.1.3. Nexo de Causalidade ........................................................................ 31
3.1.4. Tipicidade........................................................................................ 31
3.1.5. Crime doloso e crime culposo ............................................................. 37
3.1.6. Crime doloso ................................................................................... 38
Aula X.2
An‡lise das propostas apresentadas na Aula X.1.
Breves apontamentos te—ricos pertinentes ˆs propostas.
RŽgua de corre•‹o e sugest‹o de resposta para cada pe•a e
quest›es discursivas.
Aula X.3
Devolu•‹o individual da primeira rodada de corre•›es.
Coment‡rios Gerais a respeito da rodada.
Aula Y.3
Devolu•‹o individual da primeira rodada de corre•›es.
Coment‡rios gerais a respeito da rodada.
Cada aluno poder‡ escolher das aulas Ò.01Ó, uma pe•a e duas
quest›es para corre•‹o. A elabora•‹o, pelo aluno, das propostas
apresentadas dever‡ ocorrer entre as aulas Ò.01Ó e Ò.02Ó.
A Aula Ò.03Ó marca o encerramento da rodada, com a devolu•‹o
de todas as pe•as, com as corre•›es individuais.
Ao final do curso, cada aluno ter‡ a oportunidade de an‡lise
pessoal do equivalente a duas pe•as e quatro quest›es.
Aula 01 Revis‹o dos principais t—picos de Direito Penal (Parte II) 14/07
Aula 02 Revis‹o dos principais t—picos de Direito Penal (Parte III) 18/07
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1.1!Princ’pio da legalidade
1
XXXIX - n‹o h‡ crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prŽvia comina•‹o
legal;
2
Art. 1¼ - N‹o h‡ crime sem lei anterior que o defina. N‹o h‡ pena sem prŽvia
comina•‹o legal.
3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼
edi•‹o. S‹o Paulo, 2015, p. 51
4
BITENCOURT, Op. cit., P. 51
5
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador,
2015, p. 66
6
Inclusive os tratados internacionais, que devem ser incorporados ao nosso
ordenamento jur’dico por meio de Lei. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p.
67
7
BITENCOURT, Op. cit., p. 201/202.
8
BITENCOURT, Op. cit., p. 199/200. No mesmo sentido, GOMES, Luiz Flavio.
BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 101
9
RHC 106481/MS - STF
13
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 76
14
Por esta raz‹o, em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo da Lei de
Crimes Hediondos (Lei 8.078/90) que previa a impossibilidade de progress‹o de regime
nesses casos, nos quais o rŽu deveria cumprir a pena em regime integralmente fechado.
O STF entendeu que a terceira fase de individualiza•‹o da pena havia sido suprimida,
violando o princ’pio constitucional.
Outra indica•‹o clara de individualiza•‹o da pena na fase de execu•‹o est‡ no artigo 5¡,
XLVIII da Constitui•‹o, que estabelece o cumprimento da pena em estabelecimentos
distintos, de acordo com as caracter’sticas do preso. Vejamos:
XLVIII - a pena ser‡ cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza
do delito, a idade e o sexo do apenado;
15 TambŽm chamado de princ’pio da personifica•‹o da pena, ou princ’pio da
responsabilidade pessoal da pena, ou princ’pio da pessoalidade da pena.
16
DÕçVILA, F‡bio Roberto. Ofensividade em Direito Penal: Escritos sobre a teoria do
crime como ofensa a bens jur’dicos. Porto Alegre: Ed. Livraria do Advogado, 2009. p. 67.
17
BECHARA, Ana Elisa Liberatore Silva. Bem jur’dico-penal. Ed. Quartier Latin. S‹o
Paulo, 2014, p. 77.
18
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 65.
19
TOLEDO, Francisco de Assis. Princ’pios b‡sicos de Direito Penal. S‹o Paulo: Ed.
Saraiva, 1994. p. 13-14.
21
(...) Habeas Corpus. 2. Subtra•‹o de objetos da Administra•‹o Pœblica,
avaliados no montante de R$ 130,00 (cento e trinta reais). 3. Aplica•‹o do
princ’pio da insignific‰ncia, considerados crime contra o patrim™nio pœblico.
Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida.
(HC 107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em
26/04/2011, DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011)
22
STF, RHC 106.360/DF, Rel. Ministra ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe de
3/10/2012
23
Existem decis›es recentes do STF no sentido de que cabe ao Juiz de primeira inst‰ncia
analisar, caso a caso, a pertin•ncia da aplica•‹o do princ’pio. Como s‹o decis›es muito
recentes, ainda n‹o Ž poss’vel afirmar que forma uma nova jurisprud•ncia, de forma que
Ž mais prudente aguardar a consolida•‹o deste entendimento.
25
TambŽm chamada de ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais gravosa.
26
BITENCOURT, Op. cit., p. 208
27
Art. 5¼ (...)
XL - a lei penal n‹o retroagir‡, salvo para beneficiar o rŽu;
[...]
Art. 2¼ - NinguŽm pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execu•‹o e os efeitos penais da senten•a condenat—ria.
28
N‹o confundam abolitio criminis com continuidade t’pico-normativa. Em alguns
casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, ela
simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal.28 Neste caso n‹o h‡
abolitio criminis, pois a conduta continua sendo considerada crime, ainda que por outro
tipo penal.
29
Art. 2¼ (...)
Par‡grafo œnico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por senten•a condenat—ria transitada em
julgado.
Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa?
Nesse caso, a lei mais gravosa n‹o se aplicar‡ aos fatos regidos pela lei
mais benŽfica, pois isso seria uma retroatividade da lei em preju’zo do
rŽu. No momento em que a lei intermedi‡ria (a que revogou, mas foi
revogada) entrou em vigor, passou a reger os fatos ocorridos antes de
sua vig•ncia. Sobrevindo lei posterior mais grave, aplica-se a regra geral
da irretroatividade da Lei em rela•‹o a esta œltima.
Assim, a lei intermedi‡ria produzir‡ efeitos mesmo ap—s sua
revoga•‹o (em rela•‹o aos fatos praticados durante sua vig•ncia e ANTES
de sua vig•ncia). Nesse caso, diz-se que h‡ a ULTRATIVIDADE DA
LEI.32
30
Entretanto, no julgamento do RE 596152/SP, o STF adotou posi•‹o contr‡ria, ou seja,
permitiu a combina•‹o de leis. Trata-se de uma decis‹o isolada, portanto, n‹o
caracteriza uma Òjurisprud•nciaÓ de verdade.
31
E de forma a consolidar sua tese, o STJ editou o verbete n¼ 501 de sua sœmula
de jurisprud•ncia, entendendo, relativamente aos crimes da lei de drogas, a
impossibilidade de combina•‹o de leis. Vejamos:
SòMULA N¼ 501
ƒ cab’vel a aplica•‹o retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da
incid•ncia das suas disposi•›es, na ’ntegra, seja mais favor‡vel ao rŽu do que o
advindo da aplica•‹o da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combina•‹o de leis.
32
Quando a lei Ž aplicada fora de seu per’odo de vig•ncia, diz-se que h‡ extratividade. A
extratividade pode ocorrer em raz‹o da ultratividade ou da retroatividade, a depender do
caso. A extratividade, portanto, Ž um g•nero, que comporta duas espŽcies:
retroatividade e ultratividade. BITENCOURT, Op. cit., p. 207/209
33
CUIDADO! Sempre se entendeu que a posterior revoga•‹o da lei tempor‡ria n‹o
afetaria os fatos praticados durante sua vig•ncia. Isso deve ser analisado com cautela.
Existem duas hip—teses absolutamente distintas.
EXEMPLO Ð Existe uma Lei ÒAÓ que diz que Ž crime vender qualquer cerveja que n‹o
seja a cerveja ÒredondaÓ durante a realiza•‹o da Copa do Mundo no Brasil. Essa lei tem
dura•‹o prevista atŽ o dia da final da Copa. JosŽ foi preso em flagrante, durante uma
das semifinais da Copa do Mundo, vendendo a cerveja ÒquadradaÓ e, portanto,
praticando o crime previsto na Lei ÒAÓ.
Dessa situa•‹o, duas hip—teses podem ocorrer:
01 Ð A Lei ÒAÓ deixa de vigorar naturalmente porque se prazo de validade expirou Ð
Nenhuma consequ•ncia pr‡tica em favor de JosŽ, pois a expira•‹o da validade Ž o
processo natural da lei penal tempor‡ria.
02 Ð O Governo entende que Ž um absurdo criminalizar tais condutas que, na verdade,
tem como œnica finalidade proteger interesses econ™micos de particulares e, em raz‹o,
disso, edita uma nova Lei (ap—s a expira•‹o da lei tempor‡ria) que prev• a
descriminaliza•‹o da conduta incriminada Ð Nesse caso, teremos abolitio criminis, e isso
ter‡ efeitos pr‡ticos para JosŽ. O mesmo ocorreria se o Governo, ao invŽs de proceder ˆ
descriminaliza•‹o da conduta, tivesse abrandado a pena (lex mitior). Essa lei iria
retroagir.
CUIDADO! Eu j‡ vi este tema ser abordado das mais diversas formas. J‡ vi Banca
entendendo que a lei tempor‡ria ser‡ aplicada mesmo que sobrevenha lei nova, abolindo
o crime. Isso Ž complicado, porque traz inseguran•a ao candidato. Contudo, a’ vai meu
conselho: Lei tempor‡ria produz efeitos ap—s sua revoga•‹o ÒnaturalÓ (expira•‹o do
prazo de validade). Se houver superveni•ncia de lei abolitiva expressamente revogando
a criminaliza•‹o prevista na lei tempor‡ria, ela n‹o mais produzir‡ efeitos. Assim,
cuidado com a abordagem na prova.
34
Cezar Roberto Bitencourt critica parcialmente a sœmula, ao entendimento de que ela
poderia ser aplic‡vel ao crime permanente, sem nenhuma viola•‹o ˆ irretroatividade da
lei mais gravosa, mas a mesma solu•‹o n‹o poderia ser adotada em rela•‹o ao crime
continuado, por n‹o se tratar de crime œnico com execu•‹o prolongada no tempo, e sim
mera fic•‹o jur’dica que considera como crime œnico (para fins de aplica•‹o da pena),
uma sŽrie de delitos. BITENCOURT, Op. cit., p. 220.
A maioria da Doutrina, contudo, n‹o tece cr’ticas ˆ sœmula. Ver, por todos,
BITENCOURT, Op. cit., p. 120.
35
Ver, por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 123/124 e GOMES,
Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 222.
3.1.1.! Conduta
36
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 287/288
37
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 2012, p. 397
38
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 2012, p. 396
39
DOTTI, RenŽ Ariel. Op. cit. p. 397
40
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p.
246/247
41
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 354
43
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm.
Salvador, 2015, p. 232/233
EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de
fac‹o, causando-lhe a morte. Entretanto, Caio n‹o sabia que Maria era
hemof’lica, tendo a doen•a contribu’do em grande parte para seu
—bito. Nesse caso, embora a doen•a (concausa preexistente) tenha
contribu’do para o —bito, Caio responde por homic’dio consumado.
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a
pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se
suprimirmos a conduta de Caio, o resultado teria ocorrido? N‹o. Caio
teve a inten•‹o de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo
resultado (homic’dio consumado).
___________________________________________________
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca em seu drink
determinada dose de veneno. Ao mesmo tempo, Ricardo faz a mesma
coisa. Pedro e Ricardo querem a mesa coisa, mas n‹o se conhecem
nem sabem da conduta um do outro. Jo‹o ingere a bebida e acaba
falecendo. A per’cia comprova que qualquer das doses de veneno,
isoladamente, n‹o seria capaz de produzir o resultado. PorŽm, a soma
de esfor•os de ambas (a soma das quantidades de veneno) produziu o
resultado. Assim, Pedro responde por homic’dio consumado.
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a
pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se
suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro
teve a inten•‹o de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo
resultado (homic’dio consumado).
44
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o.
S‹o Paulo, 2015, p. 324/325
45
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 362/411
46
ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365
3.1.4.! Tipicidade
A tipicidade nada mais Ž que a adequa•‹o da conduta do agente
a uma previs‹o t’pica (norma penal que prev• o fato e lhe descreve
como crime). Assim, o tipo do art. 121 Ž: Òmatar alguŽmÓ. Portanto,
quando Marcio esfaqueia Luiz e o mata, est‡ cometendo fato t’pico, pois
est‡ praticando uma conduta que encontra previs‹o como tipo penal.
N‹o h‡ muito o que se falar acerca da tipicidade. Basta que o
intŽrprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso
concreto e a conduta prevista na Lei Penal. Se a conduta praticada
se amoldar ˆquela prevista na Lei Penal, o fato ser‡ t’pico, por estar
presente o elemento ÒtipicidadeÓ.
47
BITENCOURT, Op. cit., p. 290/291
3.2.1.! Tentativa
Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato
t’pico (conduta, resultado natural’stico, nexo de causalidade e tipicidade)
s‹o, no entanto, elementos do crime material consumado, que Ž
aquele no qual se exige resultado natural’stico e no qual este resultado
efetivamente ocorre.
Nos termos do art. 14 do CP:
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
48
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 337
49
Em contraposi•‹o ˆ Teoria objetiva h‡ a Teoria subjetiva, que sustenta que a
punibilidade da tentativa deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta Ž o
mesmo do crime consumado (Ž t‹o reprov‡vel a conduta de ÒmatarÓ quanto a de Òtentar
matarÓ). Para esta Teoria, a tentativa deveria ser punida da mesma forma que o crime
consumado (BITENCOURT, Op. cit., p. 536/537). Na verdade, adotou-se no Brasil uma
espŽcie de Teoria objetiva ÒtemperadaÓ ou mitigada. Isto porque a regra do art. 14, II
admite exce•›es, ou seja, existem casos na legisla•‹o p‡tria em que se pune a tentativa
com a mesma pena do crime consumado.
50
O STJ j‡ decidiu que a presen•a de c‰meras e dispositivos eletr™nicos de
seguran•a em estabelecimentos comerciais n‹o afasta a possibilidade de
consuma•‹o do crime de furto. Assim, se o agente tenta sair do local com um
produto escondido (furto), mas Ž detido pelos seguran•as, n‹o h‡ crime imposs’vel, pois
havia uma possibilidade, ainda que pequena, de que ele conseguisse burlar o sistema e
causar o preju’zo ao bem jur’dico tutelado (patrim™nio do estabelecimento).
51
BITENCOURT, Op. cit., p. 542/543.
QUADRO ESQUEMçTICO
INSTITUTO RESUMO CONSEQUæNCIAS
3.3.! Ilicitude
J‡ vimos que a conduta deve ser considerada um fato t’pico para que
o primeiro elemento do crime esteja presente. Entretanto, isso n‹o basta.
Uma conduta enquadrada como fato t’pico pode n‹o ser il’cita perante o
direito. Assim, a antijuridicidade (ou ilicitude) Ž a condi•‹o de
contrariedade da conduta perante o Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato t’pico), presume-
se presente a ilicitude, devendo o acusado comprovar a exist•ncia
de uma causa de exclus‹o da ilicitude. Percebam, assim, que uma
das fun•›es do fato t’pico Ž gerar uma presun•‹o de ilicitude da conduta,
que pode ser desconstitu’da diante da presen•a de uma das causas de
exclus‹o da ilicitude.
52
A Doutrina se divide quanto ˆ abrang•ncia da express‹o ÒvoluntariamenteÓ. Alguns
sustentam que tanto a causa•‹o culposa quanto a dolosa afastam a possibilidade de
caracteriza•‹o do estado de necessidade (Por todos, ASSIS TOLEDO). Outros defendem
que somente a causa•‹o DOLOSA impede a caracteriza•‹o do estado de necessidade
(Por todos, DAMçSIO DE JESUS e CEZAR ROBERTO BITENCOURT). BITENCOURT, Op.
cit., p. 419
Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato t’pico,
mas o faz em cumprimento a um dever previsto em lei.
Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem pœblica. Se
alguŽm comete crime, eventuais les›es corporais praticadas pelo policial
(quando da persegui•‹o) n‹o s‹o consideradas il’citas, pois embora tenha
sido provocada les‹o corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial agiu
no estrito cumprimento do seu dever legal.
53
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 431
54
O Prof. Zaffaroni entenderia que, neste caso, o fato Ž at’pico, pois, pela sua teoria da
tipicidade conglobante, um fato nunca poder‡ ser t’pico quando sua pr‡tica foi tolerada
ou determinada pelo sistema jur’dico. Fica apenas o registro, mas essa teoria n‹o Ž
adotada pelo CP e Doutrinariamente Ž discutida. Lembrem-se: Fica apenas o registro.
3.4.! Culpabilidade
55
BITENCOURT, Op. cit., p. 451/452
56
Esta teoria Ž uma subdivis‹o da Teoria Normativa Pura. Para a Teoria Normativa
Pura, os elementos da culpabilidade s‹o: a) imputabilidade; b) potencial consci•ncia da
57
BITENCOURT, Op. cit., p. 474.
(ii)! Embriaguez
Segundo o CP, a embriaguez n‹o Ž uma hip—tese de
inimputabilidade, salvo se decorrente de caso fortuito ou for•a
maior (E mesmo assim, deve ser completa e retirar totalmente a
capacidade de discernimento do agente).
EXEMPLO: Imaginem que Luciana Ž embriagada por Carlos (que coloca
‡lcool em seus drinks). Sem saber, Luciana ingere as bebidas alco—licas e
comete crime. Nesse caso, Poliana poder‡ ser inimput‡vel ou semi-
imput‡vel, a depender de seu n’vel de discernimento quando da pr‡tica
da conduta.
Embriaguez:
COMPLETA Ð agente
Acidental (caso fortuito ou for•a maior) Ž inimput‡vel
PARCIAL Ð agente Ž
semi-imput‡vel
58
BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera
reimpressi—n. Bogot‡, 1996, p. 153
59
BITENCOURT, Op. cit., p. 512
Assim, lembrem-se:
Agente comete o fato
típico por incidir em
erro sobre um dos
ERRO DE
elementos que
compõem o tipo penal
TIPO
62
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 376
63
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 379
64
BITENCOURT, Op. cit., p. 524/525
4.!EXERCêCIOS DA AULA