Planejamento Uma Questão...
Planejamento Uma Questão...
Planejamento Uma Questão...
Nesse contexto, a Didática é fundamental, uma vez que esta é a área do O cotidiano da prática educativa tem evidenciado situações questionáveis
conhecimento que estuda – analítica e reflexivamente – o processo de nesse sentido. E aqui vale algumas indagações: o que é mesmo
ensinar e aprender, para, com embasamento em uma teoria da educação, planejamento? Pra que planejar? Como planejar? Porque há tantas
formular diretrizes orientadoras da prática pedagógica. resistências ao ato de planejar? ...
Sendo assim, o planejamento tem a finalidade de idealizar e tornar real Observa-se, então, que o planejamento propõe mudança, a partir da
uma ação que mude/melhore a realidade. Assim, é preciso ter bem claro realidade existente, de modo estruturado, consciente e intencional.
que a ação de planejar é imprescindível e aponta para a mudança que se
deseja atingir. Assim, numa prática transformadora, é preciso conceber que, enquanto o
plano e o projeto são produtos, registros, documentos que descrevem a
ação, planejamento é um processo reflexivo de tomada de decisões,
dinâmico, investigativo e contínuo, que envolve a elaboração (ação
mental, reflexiva a partir da realidade); realização interativa
(concretização da mudança); e reelaboração (processo avaliativo, que
indica a reconstrução do processo); Planejar é a própria ação,
Heloisa Lück (1995) evidencia que: primeiramente refletida, pensada; depois executada, posta em prática; e
novamente refletida para ser reconstruída e garantir a
intervenção/transformação desejada para a realidade.
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“O autêntico processo de planejamento, além da elaboração, traz Analisar estas questões é tarefa que exige, além de muita reflexão,
implícita uma exigência de realização” (Vasconcelos, 1995 p. 43) e competência e compromisso com a transformação da realidade, pois os
indica sempre uma nova construção, o que permite afirmar que planejar é objetivos só têm sentido se se concretizarem, se promoverem as
um ato de movimento constante. mudanças desejadas na realidade. Assim, os objetivos são os indicadores
O que temos visto na escola regular são meros planos copiados de livros, da mudança que determinam em que medidas essa mudança se efetivará,
onde os objetivos estabelecidos apresentam-se desvinculados da e contêm critérios que nortearão a seleção dos demais elementos do
realidade, confusos, além do professor não ter consciência da planejamento. São os objetivos que apontam em que intensidade se
necessidade de atingi-los. Na maioria das vezes se constituem em metas pretende construir o conhecimento e efetivar a mudança, portanto eles
inconscientes, inconsequentes e inconsistentes, díspares dos interesses precisam ser claros, simples (mesmo que profundos) e possíveis de se
concretos da realidade, o que causa desinteresse e, conseqüentemente, efetivar.
evasão em nossas escolas.
Vale salientar que quando falamos de ensino planejado, organizado,
Ao planejar a ação, o professor juntamente com o aluno, buscam garantir direcionado, onde o professor é mediador entre aluno e conhecimento, os
a qualidade da prática pedagógica, contribuindo assim para o êxito de seu conteúdos bem como os objetivos, têm finalidades de aprendizagem
próprio trabalho e desenvolvimento progressivo dos processos mentais efetiva.
de seu alunado, o que sugere dizer que planejar é acreditar na
possibilidade de mudança da realidade. Nesses termos, para compreendermos o verdadeiro significado dos
Portanto, é preciso ter em mente que essa ação visa, primeiramente traçar conteúdos de ensino, é preciso perceber que estes não podem ser
os objetivos, o que significa decidir a aprendizagem resultante do ensino, estáticos, cristalizados, nem desvinculados dos objetivos a serem
significa estabelecer o DESEJO de mudança. Aqui vale salientar que atingidos. Conteúdo não é volume de informações que limita a
desejo é algo que se constrói e se desenvolve com satisfação e prazer, capacidade e habilidade de construir conhecimento.
pois desejo é vontade intensa. Quando se tem desejo, conseqüentemente,
se tem vontade e disposição de torná-lo real. É por isso que a decisão Os conteúdos não podem ser/ter um fim em si mesmos. É interessante
deve ser consciente, articulada com as necessidades do contexto. Ao ressaltar que os objetivos lhes dão direção e estes são os meios para
elaborar objetivos é necessário evidenciar: concretização dos fins usados pelo processo de aprendizagem. Conteúdos
não são só organização do conhecimento, mas extrapolação no campo
o que se deseja alcançar; desse conhecimento pelas experiências, os quais são selecionados, como
como se deseja alcançar; um conjunto de habilidades, modos valorativos e atitudes sociais,
quais são os reais interesses da realidade; organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação e
que tipo de resultados se espera; aplicação pelos alunos na sua vida social.
em quanto tempo;
Quais são os recursos disponíveis, etc... Numa ação planejada, os conteúdos devem ser re-significados,
alimentados e atualizados pelas necessidades que surgem ao longo do
processo, observando o que o educando deve saber, o que deve saber
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fazer e como deve ser. Assim, os conteúdos extrapolam a assimilação de responsabilizado pelas suas construções. Além disso, promovem
conceitos e atinge habilidades procedimentais e atitudinais, que lhe são momentos de reflexão, análises, propiciadores de estímulos para
necessárias no contexto social. Ou seja, além do educando construir desenvolver o pensamento crítico. Para que haja adequação, é necessário
conceitos, compreendendo e explicando a realidade, ele desenvolve a haver conexão/sintonia entre objetivos, conteúdos,
capacidade de saber fazer e atuar para atingir um objetivo traçado. metodologia/procedimentos, recursos e avaliação. Não adianta ter
Segundo Maximiliano Menegolla (1996) para selecionar e organizar objetivos bem definidos, se não se encontrar as formas de colocá-los em
conteúdos, o professor precisa observar critérios que propiciem a prática.
concretização de tais habilidades:
Durante todo o processo do planejamento a avaliação é o elemento da
a significação: visa atender significativamente às necessidades e prática pedagógica que visa investigar, dinâmica e permanetemente, o
anseios do aluno; processo de ensinar e aprender, destacando as relações entre o foi
adequação às necessidades sociais e culturais: reflexão em proposto e sua execução: falhas, dificuldades, êxitos e novas
torno dos aspectos sócio-hitóricos; possibilidades. É a avaliação que permite acompanhar o trabalho
o interesse: manter e desenvolver o interesse do aluno para docente, o rendimento da aprendizagem, o alcance dos objetivos,
concretizar a aprendizagem; constituindo-se assim em um meio de atingir os fins, pois a avaliação dá
a validade e utilidade: a absorção do conhecimento precisa ter retorno à prática pedagógica. Sendo inerente ao processo educacional, a
validade/ aplicabilidade, pois só percebendo a sua utilidade que avaliação, segundo Jussara Hoffmann, é a “reflexão transformada em
o aluno dará significado à sua aprendizagem; ação”, não podendo portanto, ser estática nem ter caráter sentencivo e
a possibilidade de reelaboração: permite realizar elaborações e classificatório.
aplicações pessoais a partir daquilo que aprendeu;
a flexibilidade: os conteúdos não devem ser selecionados como Não existe instrumentos de avaliação capaz, por si só de detectar a
uma decisão definitiva. Precisa contemplar as necessidades que instrumentos diversificados adequados às finalidades a que se destinam
surgem ao longo do processo. para que, conjuntamente, contribuam para uma leitura mais complexa do
processo de aprendizagem dos alunos.
É importante ressaltar que cada conteúdo se aprende de forma diversa,
portanto, o educador precisa assumir uma postura frente ao A atividade avaliativa deve ser intencional e ter sua função social
conhecimento trabalhado e encontrar os meios adequados que propiciem pedagógica clara para alunos e professor. Os momentos específicos da
aos alunos atribuir valor ao saber adquirido. Assim, Os procedimentos e avaliação fazem parte do processo educativo, contribuindo para as
os recursos usados pelo professor precisam ser pensados como decisões em relação à continuidade do trabalho pedagógico. A dicotomia
instrumentos veiculadores do saber que buscam aproximar o aluno da entre avaliação e aprendizagem é, portanto, um grande equívoco.
aprendizagem. Estes, enquanto elementos constituintes do planejamento,
visam atender concretamente as metas e os objetivos traçados, para Assim, o professor precisa ter bem claro que avaliar é determinar se
atingir o conhecimento desejado. É a forma de proceder que seduz o objetivos previstos foram alcançados e em que intensidade. Sendo assim
aluno a envolver-se com a construção do conhecimento e a sentir-se é necessário observar durante todo o processo:
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segue a uma ordem sequencial lógica que viabiliza o alcance pressupõe incluir-se como pessoa, assumir os riscos da mudança para
dos objetivos; poder desfrutar do prazer de também aprender”.(Rosa Sanrry.1988)
facilita a preparação e execução das aulas;
prevê objetivos, conteúdos e procedimentos a partir da
solicitação da realidade;
Expressa os vínculos entre os posicionamentos filosófico,
político-pedagógico e profissional;
permite pensar previamente: - No que se pretende alcançar e
em quanto tempo;
como é possível alcançar o que se pretende;
quais os recursos necessários e disponíveis;
o que e como avaliar a situação.
Bibliografia: