Apostila Completa Manejo Fertilidade Conservacao Solo Agua
Apostila Completa Manejo Fertilidade Conservacao Solo Agua
Apostila Completa Manejo Fertilidade Conservacao Solo Agua
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA
ÁGUA
AULA 1
Desde que o ser humano começou a interagir com o meio ambiente à sua
volta, ele viu como o solo é importante. Primeiramente, ele buscava plantas,
frutas e caça; era o ser humano coletor-caçador. Mas, depois, viu que poderia
dominar alguns elementos do meio à sua volta e começou a desenvolver a
agricultura. Estima-se que a agricultura começou por volta de 7 mil a.C., na
Mesopotâmia. E daí começou uma relação muito estreita entre o ser humano e
o solo e que tem se tornado cada vez mais importante.
O conceito de solo pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de
sua relação com o solo. Você já pensou nisso? Por exemplo, um engenheiro de
minas considera o solo somente como um detrito que deve ser retirado para que
ele explore um certo mineral com valor econômico. Para o geólogo, o solo é o
resultado final da evolução das transformações que nosso planeta sofreu ao
longo do tempo. Para o engenheiro de estradas, o solo é o material em que deve
ser construída uma estrada. O engenheiro civil, por exemplo, tem o solo como o
substrato que vai segurar a construção de uma habitação em pé. Já no setor
agrícola, o solo é a base fundamental para a produção agrícola.
Do ponto de vista histórico, o solo tem sido estudado em três bases
principais: como meio para que as plantas se desenvolvam; como produto do
intemperismo das rochas; como um corpo natural (Figura 1). Examinemos cada
uma dessas bases.
2
nutrientes e um substrato para que suas raízes se fixem. E é exatamente
isso o que o solo proporciona se bem manejado ou conservado.
2. Como produto do intemperismo das rochas: com o avanço da geologia, a
partir do século XVIII, os solos começaram a ser vistos como produto da
alteração das rochas originais, criando assim os diferentes tipos de solos
que encontramos hoje e dando início a sua classificação.
3. Como um corpo natural: com a evolução da capacidade de entendimento
do ser humano do ambiente à sua volta, os solos começaram a ser vistos
como corpos naturais organizados de forma específica. Vimos que o solo
é formado por uma série de interações entre os diferentes elementos do
meio ambiente, como material de origem, clima, relevos, diferentes
organismos, que, atuando em conjunto e ao longo do tempo, formam os
diferentes tipos de solos, cada um com características próprias.
Crédito: VectorMine/Shutterstock.
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Você sabia que existem dois caminhos a seguir no estudo dos solos? Pois
é. Existem a pedologia e a edafologia. Na pedologia, estudamos o solo como
corpo natural, ou seja, na sua essência, e não damos muita importância para a
utilização prática do solo. O pedologista tem como intuito estudar como os solos
são formados, sua estrutura natural e, principalmente, sua classificação. É claro
que os estudos desenvolvidos pelos pedologistas vão impactar fortemente o uso
prático do solo. Já os edafologistas vêem o solo de maneira bem mais prática,
do ponto de vista das plantas. Os edafologistas correlacionam as características,
as propriedades do solo com as necessidades das plantas, com a produção
vegetal. É claro que ambas as áreas são de fundamental importância para o ser
humano. Precisamos da visão da pedologia e da edafologia.
Mas por que o solo é tão importante assim? O solo é a base, é o suporte
da vida no nosso planeta. O solo é a base de toda a produção vegetal e também
da pecuária, dando, assim, alimentos para as pessoas. Porém o solo não
proporciona somente alimentos, mas também medicamentos, fibras, madeira e
até combustível. Você sabia que a importância, a função do solo vai muito além
disso? Pois é, o solo nos proporciona os chamados serviços ecossistêmicos. É
no solo que temos a ciclagem e o armazenamentos daqueles nutrientes de que
as plantas tanto precisam para crescer (Figura 2). O solo também atua como um
grande reservatório de água, não somente para as plantas, mas para abastecer
o lençol freático e também aquíferos a grandes profundidades (Figura 3). E,
quando , atua como reservatório de água, ele também faz a filtração dessa água,
tornando-a de boa qualidade.
O solo também é um lugar com muita vida, abrigando tanto os
microrganismos – fungos, bactérias, algas –, como a fauna – minhocas, insetos,
nematoides e outros. Esses organismos vivos são de fundamental importância
para toda a ciclagem de nutrientes, bem como para a estrutura do solo, e nos
fornecem muitos serviços, como a fixação biológica de nitrogênio, em que
bactérias fixadoras de nitrogênio do ar associam-se com leguminosas como a
soja.
O solo atua ainda na diminuição do aquecimento global, você sabia? Pois
é, o solo atua como um grande reservatório de carbono, impedindo que este vá
para a atmosfera e aumente o efeito estufa. Conservando o solo e todos os seus
processos estamos sequestrando carbono e minimizado os efeitos das
mudanças climáticas. Quando degradamos o solo perdemos nutrientes,
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perdemos biodiversidade, perdemos carbono estocado. Por isso é tão
importante conservarmos o solo. O solo é a base da vida de nosso planeta. Viu
como é importante discutirmos sobre solos e levarmos essa informação para
todas as pessoas, principalmente os produtores agrícolas? O solo é um dos
recursos naturais mais importantes que temos à nossa disposição, com seus
serviços ecossistêmicos. Cuidar do solo significa manter a continuidade da vida
na Terra.
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Figura 3 – O solo como reservatório de água
Crédito: KajaNi/Shutterstock.
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Figura 4 – Processo de formação do solo
Crédito: IvanaStevanoski/Shutterstock.
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Um exemplo prático, no Brasil, são os solos conhecidos como terra roxa,
altamente produtivos na região norte do Estado do Paraná (Figura 6). Esses
solos foram formados por rochas como o basalto, resultantes de gigantescas
erupções vulcânicas ocorridas há milhões de anos.
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Em regiões que possuem clima mais quente, o processo de
intemperização tende a ser mais rápido, pelo aumento da velocidade das
reações químicas e pelo efeito físico. No calor, a rocha expande-se; no frio,
contrai-se. Com o tempo, ela se quebra. O vento também exerce pressão de
quebra das rochas.
É claro que o efeito desses processos é notado somente no longo prazo,
dizemos que em escala geológica, não sendo possível ser observado pelo ser
humano em seu tempo de vida.
Normalmente as pessoas pensam que o solo é somente uma camada
superficial onde cultivamos nossas plantas. Mas o solo é constituído de
diferentes camadas abaixo da superfície, formando o que chamamos perfil do
solo.
À medida que as rochas são intemperizadas, são formadas camadas,
também chamadas horizontes. Estes são seções de constituição mineral ou
orgânica, geralmente paralelas à superfície do terreno, que possuem
propriedades geradas por processos formadores de solo que lhes conferem
características de inter-relacionamento com outros horizontes do perfil.
As condições ambientais, assim como as características da rocha matriz
(rocha original), podem afetar a intemperização de várias maneiras, formando
uma grande diversidade de solos com características diferentes, como diferentes
profundidades, cores, estrutura, textura, consistência, quantidade de nutrientes,
acidez e matéria orgânica, entre outras.
Perfil do solo é uma seção na direção vertical que começa na superfície
do solo e vai aprofundando-se até atingir a rocha matriz ainda intacta. Ao
observar esse perfil, podemos separar os diferentes horizontes do solo. Esses
horizontes podem diferir bastante um do outro, mas em praticamente todas as
ocasiões um horizonte tem relação com o outro. Eles podem ser diferenciados
por várias características como cor, espessura, porosidade, estrutura das
partículas sólidas, presença de raízes, entre outras possibilidades. Os horizontes
demonstram a evolução desse solo, sua história. Com base nisso, podemos
identificar e classificar o solo e planejar qual seria o uso mais adequado para
aquele solo específico. Podemos dizer que o perfil do solo é a unidade básica
para o estudo e a descrição do solo. Para separar os diferentes horizontes do
solo, usamos as letras maiúsculas A, B e C para os principais horizontes, assim
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como O e R para horizonte orgânico e rocha original, respectivamente. Um
horizonte E, abaixo do A, ainda pode ocorrer (Figura 7).
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Figura 8 – Exemplo de turfeira, acúmulo de matéria orgânica associada à má
drenagem do solo
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mineralógica, à rocha matriz (ou rocha original). É formado normalmente pela
rocha matriz fragmentada.
Horizonte R: chamado simplesmente rocha, este horizonte representa a
rocha matriz inalterada. É uma camada mineral coesa.
A profundidade de um solo vai depender de quantos horizontes ele
apresenta e também da espessura de cada horizonte. O solo pode ter somente
alguns centímetros de profundidade, em que já encontra-se a rocha matriz, como
é o caso dos solos mais novos, até muitos metros de profundidade, como é o
caso dos solos mais antigos.
Normalmente conseguimos identificar e separar facilmente os diferentes
horizontes, pois eles apresentam características como cor, textura, estrutura,
consistência, porosidade, pH, nutrientes e matéria orgânica diferentes uns dos
outros, apesar de serem relacionados. O principal fator que permite a
diferenciação entre os diferentes horizontes é a cor. A cor, no solo, é dada
principalmente pela quantidade de matéria orgânica e de ferro no solo. Quando
o solo é mais escuro, isto é devido basicamente à maior quantidade de matéria
orgânica. Já maiores concentrações de ferro dão tonalidades mais
avermelhadas, alaranjadas e amareladas ao solo.
A aptidão para uso de um solo é dada pelas características dos diferentes
horizontes e também está associada à paisagem, ao clima, ao relevo, à geologia
e à drenagem desse solo. Com base na soma de todas essas características
podemos dizer se um solo é apto para a agricultura e, se for, qual seria o melhor
cultivo para esse tipo de solo. Existem solos que são mais adaptados para
reflorestamento, outros para pastagens, outros para culturas anuais, assim como
existem solos que são muito bons para a construção de edificações. Devemos
estudar o perfil do solo, assim como as características da região e sua economia,
para determinar o melhor uso desse solo.
Todos os solos são formados por uma parte sólida e outra parte porosa.
Essas partes são chamadas fases. A fase sólida é onde encontramos as
partículas minerais e a matéria orgânica; a parte porosa é onde temos a fase
líquida e a fase gasosa. É claro que a proporção entre essas três fases varia
de acordo com os diferentes tipos de solos, conforme sua gênese, clima da
região etc. Na fase sólida temos as partículas minerais, como argila, silte e areia,
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bem como a matéria orgânica. A parte porosa do solo pode ser preenchida por
água, quando então é chamada fase líquida, ou por ar, chamada fase gasosa. A
fase sólida varia muito pouco ao longo do tempo em um solo, porém as fases
líquida e gasosa podem variar diariamente, pois à medida que o solo perde água,
por evaporação, por exemplo, o ar entra em seu lugar, aumentando a
percentagem da fase gasosa em relação ao total ou, quando chove muito, a água
ocupa o lugar do ar dentro do solo, aumentando a percentagem da fase líquida
em relação ao total.
Crédito: VectorMine/Shutterstock.
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calhaus, entre 200 e 20 mm e matacão, que são as partículas maiores que 200
mm de diâmetro.
Uma característica muito importante das partículas minerais na fase sólida
do solo é sua área superficial específica (ASE), que é a área superficial das
partículas por unidade de massa e é representada em cm2 por grama de partícula
(cm2 g-1). A ASE aumenta à medida que o tamanho das partículas vai diminuindo.
Por exemplo, em média a argila possui uma ASE de 8.000.000 cm 2 g-1. Já a areia
grossa possui uma ASE de 79 cm2 g-1. Isso quer dizer que, se somarmos a
superfície de todas as partículas de argila em 1 grama, o resultado será bem
maior do que a soma das superfícies de todas as partículas de areia grossa em
1 grama. Somadas, as partículas de argila têm uma superfície muito maior que
as partículas de areia grossa em um mesmo volume. Essa característica é muito
importante, pois quanto maior a área superficial, maior a reatividade das
partículas no solo, isto é, maior a quantidade de cargas em sua superfície que
podem reagir com outros elementos, com nutrientes para as plantas, por
exemplo. Lembre-se lá do colégio: cargas opostas atraem-se (Figura 10).
Crédito: Dream01/Shutterstock.
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E é isso o que acontece com as partículas de solo e mais intensamente
com as partículas de argila. Elas possuem cargas em sua superfície,
principalmente cargas negativas, atraindo minerais com suas cargas positivas.
Então podemos concluir que as partículas de argila são muito mais reativas que
as partículas de areia em um mesmo volume de solo. Não podemos esquecer
ainda da matéria orgânica. Ela participa em uma pequena proporção em relação
às partículas minerais. Mas tem uma grande importância no que se refere à
estrutura e à fertilidade do solo, bem como à conservação de água.
A fase gasosa é aquele espaço vazio dentro do solo que é ocupado pelo
ar. Ele tem a mesma composição básica do ar atmosférico. Porém tem maior
concentração de CO2 e menor concentração de O2. Isso se dá basicamente
porque as raízes das plantas e a grande maioria dos organismos vivos que estão
no solo respiram oxigênio e liberam CO2. Como o solo é um espaço
relativamente confinado, o CO2 liberado não consegue sair todo do solo e fica
concentrado ali. O grande problema é quando temos uma concentração muito
baixa de O2, pois as plantas não conseguem mais sobreviver (Figura 11). Uma
exceção é o arroz, que necessita de um período de inundação em uma grande
fase de sua vida. Nesse caso, ele possui estruturas específicas, os aerênquimas,
que trazem oxigênio da atmosfera até as raízes (Figura 12).
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Figura 11 – A aeração do solo é muito importante para o desenvolvimento das
raízes
Crédito: Svetolk/Shutterstock.
Tenho certeza de que, quando você olha para um solo e seu perfil, uma
das primeiras coisas que nota é a cor, ou melhor, as cores desse solo. Podemos,
com certeza, notar diferentes cores. Algumas vezes muito diferentes umas das
outras, outras vezes só as diferenciamos quando as analisamos
detalhadamente. Essas cores ajudam-nos, principalmente, a separar os
diferentes horizontes do solo. Como já vimos, esses horizontes dependem
basicamente do material de origem daquele solo e de seu processo de
intemperização, a gênese e pedogênese do solo. Existem solos que são mais
escuros, outros são amarelados, vermelhos e, dentro do mesmo perfil de solo,
podemos também encontrar diferentes cores e tonalidades. É possível também
chegarmos a algumas conclusões quando observamos as cores do solo. Por
exemplo, solos escuros normalmente denotam presença abundante de matéria
orgânica. Já solos vermelhos ou avermelhados podem significar que foram ou
são submetidos a condições de oxidação ou boa drenagem. Solos cinzentos
podem significar que há condições de redução ou má drenagem (Figura 13).
Crédito: WilliamPol/Shutterstock.
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4.2 Textura do solo
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4.3 Estrutura do solo
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torno de 0,90 g cm-3. Já solos arenosos podem apresentar densidades maiores
que 1,50 g cm-3. Um solo compactado pode fazer com que haja menor
permeabilidade do ar e da água, diminuindo o espaço poroso e dificultando o
crescimento das raízes (Figura 16).
Crédito: VectorMine/Shutterstock.
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fazíamos um buraco e pegávamos água do mar para preenchê-lo? Quando
voltávamos para pegar mais água.... cadê a água que já tínhamos colocado lá?
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de manter essa forma quando já não há mais esse esforço. Os solos podem ser
não plásticos, ligeiramente plásticos, plásticos e muito plásticos.
23
Vamos conversar um pouco sobre os principais nutrientes no solo?
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os processos que vão converter energia para as plantas. Também são muito
importantes para a formação de DNA e RNA. Quando falta P, o metabolismo das
plantas é muito prejudicado, provocando, por exemplo, menor perfilhamento em
gramíneas e menor produção de frutos e sementes. Sua deficiência é
primeiramente constatada na forma de clorose nas folhas, bem como um tom
verde azulado.
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desequilíbrio estrutural, mas o excesso de Ca pode causar deficiência de Mg e
K.
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5.9 Manganês (Mn)
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• biológicos – fonte de energia e nutrientes para os diferentes organismos
do solo, estimulação da atividade enzimática do solo, produção de fito-
hormônios, promovendo o crescimento das plantas.
FINALIZANDO
29
REFERÊNCIAS
30
MANEJO, FERTILIDADE,
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA
ÁGUA
AULA 2
Com certeza você já ouviu falar dos tais microrganismos. Já ouviu que
são organismos muito pequenos e que têm uma influência enorme no meio
ambiente e principalmente para o ser humano, afinal existem muitas e muitas
doenças que são provocadas por fungos, bactéria, protozoários e algas (Figura
1). Muitos deles vivem no solo e têm um papel importantíssimo para o
ecossistema solo. Vamos ver um pouco mais sobre cada um desses grupos?
Crédito: Juliasuena/Shutterstock.
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1.1 Bactérias
Crédito: SciePro/Shutterstock.
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Figura 3 – Arranjos bacterianos
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São vários fatores que podem afetar as comunidades de bactérias no solo,
como tipo de solo, teor de matéria orgânica, umidade do solo, temperatura, pH,
compactação e outros. As bactérias podem ser aeróbias (quando respiram
oxigênio), anaeróbias (quando respiram outros elementos, como enxofre, por
exemplo), ou aeróbias facultativas, que são aquelas que precisam de pouco
oxigênio.
1.2 Fungos
Crédito: Forance/Shutterstock.
1.3 Algas
1.4 Protozoários
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forma um cisto. Assim como as bactérias, reproduzem-se por fissão binária. Eles
se dividem no meio, podendo ser esta divisão no sentido transversal ou
longitudinal. Alguns podem se reproduzir sexualmente. Os protozoários que
vivem no solo são divididos conforme seu meio de locomoção: (a) Mastigophora
– se movem com auxílio de um ou mais flagelos; (b) Sarcodina – se movem por
pseudópodos (pernas falsas), as famosas amebas; (c) Ciliata – se movem
através de cílios (Figura 7).
Figura 7 – Protozoários
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TEMA 2 – BACTÉRIAS FIXADORAS DE NITROGÊNIO
Crédito: Sciencepics/Shutterstock.
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2.1 Fases básicas do processo de nodulação
2.2.2 Solo
2.2.3 Clima
A deficiência de água tem potencial para afetar tanto o peso dos nódulos,
diminuindo a sua eficiência, quanto a atividade da enzima nitrogenase, em soja.
Porém o excesso de água no solo pode diminuir o oxigênio disponível tanto para
as raízes quanto para as bactérias fixadoras. A temperatura tem potencial de
afetar todas as etapas de nodulação, principalmente em altas temperaturas.
Acima de 34 ºC, a nodulação e sua atividade ficam muito prejudicadas.
12
4. A dose a ser utilizada para a inoculação deve ser aquela recomendada
pelo fabricante. Lembrando que o mínimo é de 1,2 milhão de células das
bactérias por semente tratada;
5. Os inoculantes podem vir na forma líquida ou turfosa. Normalmente a dose
para a forma líquida é de 100 ml do inoculante para cada 50 kg de
semente. Já os inoculantes turfosos devem ser, primeiramente,
preparados com uma solução açucarada a 10% (100 g de açúcar por litro
de água), com a intenção de umedecer as sementes antes da inoculação.
Assim, as bactérias vão aderir melhor na semente;
6. Não utilizar mais de 300 ml de calda por 50 kg de semente;
7. O ideal é que o processo de inoculação seja feito em tambores giratórios,
betoneira ou máquinas especificamente feitas para isso. Deve-se ter o
máximo de cuidado para não danificar, quebrar ou rachar, as sementes
no processo, assim como fazer a distribuição uniforme do produto nas
sementes;
8. Sempre faça a inoculação à sombra, e depois deixe as sementes secando,
também à sombra, por 20 ou 30 min. Sempre proteja as sementes do sol
e do calor. O ideal é que o plantio seja feito no mesmo dia em que for feita
a inoculação;
9. Os micronutrientes cobalto e molibdênio são muito importantes para o
sucesso da fixação biológico do nitrogênio, porém não devem ficar muito
tempo em contato com as bactérias. Uma das soluções é aplicar os dois
micronutrientes via foliar em torno de 30 dias após a emergência das
plantas.
Saiba mais
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com uma espécie diferente de bactéria fixadora de nitrogênio. Existe uma
especificidade muito grande nesta relação.
Pensando-se somente na soja, a fixação biológica de nitrogênio aumenta
em torno de 8% da produtividade da cultura. Calcula-se que o Brasil economiza
por ano, em torno de 14 bilhões de dólares, com fertilizantes à base de
nitrogênio, que deixam de ser comprados, levando-se em conta que a adubação
com ureia custa em torno de R$ 500,00 por hectare, e os inoculantes custam
somente entre R$ 8 e R$15 por hectare (valores podem mudar dependendo do
mercado e do câmbio do dia).
TEMA 3 – MICORRIZAS
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Figura 10 – Micorrizas em raízes de plantas
Crédito: KYTan/Shutterstock.
3.1.1 Ectomicorrizas
3.1.2 Endomicorrizas
3.1.3 Ectendomicorrizas
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3.2 Micorriza vesículo-arbuscular
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a. Efeito sobre o crescimento da planta: a MVA estimula o crescimento da
planta porque aumenta a nutrição mineral da planta, principalmente do
fósforo. Essa simbiose aumenta a biomassa vegetal e melhora a
proporção entre parte aérea e raiz;
b. Efeito sobre a absorção de nutrientes: aqui o maior efeito e sem dúvida
sobre a absorção de fósforo. As micorrizas têm uma capacidade enorme
de extrair de forma eficiente o fosfato do solo. Primeiro elas captam o
fosfato do solo, depois translocam através de suas estruturas intraradicais
(dentro da raiz) e então transferem o fosfato para as células do córtex da
raiz via arbúsculo;
c. Efeito na relação água-planta: quando falta água no solo e há baixa
concentração de fósforo, aquelas plantas que estão micorrizadas toleram
de forma melhor o estresse hídrico, a falta de água, assim como se
recuperam mais rapidamente do murchamento e usam a água de forma
mais eficiente;
d. Efeitos anatômicos e fisiológicos: plantas micorrizadas têm um aumento
no tecido vascular, facilitando assim a translocação de água e nutrientes.
Ainda há maior produção de hormônios, como o ácido abscísico,
giberilinas e citoquininas;
e. Efeito na fixação biológica de nitrogênio: plantas que possuem as duas
simbioses, micorrizas e Bradyrhizobium, têm maior nodulação, maior
atividade da nitrogenase, maior concentração de leg-hemoglobina e maior
teor de nitrogênio;
f. Efeito sobre fitopatógenos: pois é, por estarem mais bem nutridas, as
plantas micorrizadas normalmente apresentam menos danos às doenças
do que plantas não micorrizadas. Isso pode ser devido ao fato de que as
plantas com micorrizas têm maior vigor e crescimento, modificações nas
raízes diminuindo a capacidade de penetração do fitopatógeno, entre
outras causas;
g. Efeito na estrutura do solo: a simbiose aumenta a agregação do solo,
principalmente naqueles solos com maior teor de areia, como dunas.
18
micorrizas. A mesma coisa pode ocorrer com o aumento do teor de nitrogênio no
solo. Em solos ácidos, a disponibilidade de Al+3 e H+ pode afetar a formação da
simbiose. Assim como a maior salinidade do solo, pode reduzir a germinação de
esporos de fungos micorrízicos. A umidade, temperatura, luminosidade e
aeração do solo são importantes, sendo que cada fungo e cada planta possui
suas necessidades próprias quanto a esta característica. Existem evidências de
que muitas populações microbianas do solo têm interações positivas com fungos
micorrrízicos. Porém pode haver parasitismo de esporos de fungos micorrízicos
por outros fungos, como Rhizidiomycopsis e Humicola. Boa parte dos
agrotóxicos, mas principalmente os fungicidas, pode reduzir o número de
propágulos no solo, inibindo assim a infecção das raízes.
Também é bom lembrar sobre a dependência micorrízica. Ela pode ser
definida como o grau que uma determinada planta depende da simbiose com
fungos micorrízicos, para apresentar seu crescimento máximo a um certo nível
de fertilidade do solo. Essa dependência é variável conforme a espécie e até
mesmo a variedade da planta. Nisso também está incluído o grau de
compatibilidade do fungo com a planta, o que está relacionado aos mecanismos
de reconhecimento entre o fungo e a planta hospedeira (Figura 12).
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TEMA 4 – FAUNA DO SOLO
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Figura 13 – Divisão da fauna do solo em classes de tamanho
Coleoptera Vertebrados
Protozoa
Diptera
Collembola
Chilopoda
Acari
Nematóides Diplopoda
Oligochaeta
4.2.1 Microfauna
4.2.2 Mesofauna
4.2.3 Macrofauna
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4.3 Classificação conforme seu hábito alimentar
4.4.1 Euedáficos
Vivem do sistema de poros dos solos, por isso mesmo têm poucos
apêndices corporais e muita resistência a CO2.
4.4.2 Epiedáficos
4.4.3 Hemiedáficos
22
4.5 Macrofauna do solo
Os animais que constituem este grupo são alguns dos maiores que vivem
no solo de forma permanente. A maior parte da macrofauna do solo é facilmente
visível a olho nu. Neles podemos incluir as minhocas (Oligochaeta) (Figura 14),
Diplopoda e Chilopoda (milipídeos), Larvas de Coleoptera (Besouros), cupins,
formigas, aranhas, Isopoda (tatuzinho bola, por exemplo) (Figura 15),
Dermaptera (Tesourinhas), entre outros.
Crédito: Galitsin/Shutterstock.
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Figura 15 – Isopoda
Crédito: Vektorkongen/Shutterstock.
24
Saiba mais
25
Figura 16 – Cryptostigmata (ácaros que vivem no solo)
Crédito: msk1147/Shutterstock.
Figura 17 – Collembola
26
produzir no futuro. Portanto queremos sistemas de produção que mantenham a
qualidade do solo, a qualidade ambiental.
O termo qualidade do solo é normalmente relacionado com a
produtividade das culturas ou fertilidade: esta é a visão agronômica. Pensamos
em como o solo pode produzir de forma sustentável, ao longo do tempo. O que
fazemos é adotar formas de manejo do solo que não causem efeito negativo
sobre o mesmo e que provenha meios para que a planta cresça, que regulem o
fluxo de água no solo, que promovam a reciclagem de nutrientes e que
funcionem como um tampão ambiental de compostos poluentes.
Uma das maneiras de verificarmos a qualidade ambiental de um sistema
de produção é por meio dos chamados indicadores da qualidade do solo.
Normalmente, na atividade agropecuária, quando pensamos em neles ou
mesmo na qualidade ambiental, pensamos em características físicas ou
químicas.
5.3 Bioindicadores
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integração das outras características e assim têm um papel essencial para o
funcionamento e produtividade do solo como um todo. Dessa maneira, os
indicadores biológicos da qualidade do solo, agora chamados de bioindicadores,
por apresentarem uma sensibilidade maior às mudanças provocadas no solo,
podem mostrar, de formas mais dinâmica, alterações ocorridas ou a
sustentabilidade do ecossistema solo.
Podemos definir como bioindicadores uma espécie ou mesmo um grupo
de espécies, sejam microrganismos, animais ou plantas que conseguem refletir
o que efetivamente está acontecendo no meio ambiente e que também podem
revelar rapidamente quando ocorrem mudanças drásticas no meio ambiente, por
exemplo, diminuindo ou aumentando a sua população, ou mesmo
desaparecendo completamente.
Imaginem a seguinte situação: o solo tem uma população de minhoca,
que contribui muito para a degradação da MO, aeração do solo e disponibilidade
de nutrientes. De repente, ocorre algo de errado no solo, seja por erosão, por
poluentes, ou mesmo por um mau manejo do solo. Essa população de minhocas
vai sofrer, diminuir sua diversidade, alterar sua estrutura etária, e diminuir muito
sua densidade populacional. Viu como um organismo reage bem rápido a
alguma coisa ruim no solo? Por isso, ele pode ser utilizado como bioindicador
das condições do solo.
Muitos são os bioindicadores são utilizados para determinar-se a
qualidade ambiental do solo. Podemos citar:
28
g. Variáveis que denotam a estrutura e função das comunidades biológicas
do solo, como: DNA, Biolog, análises baseadas em perfis de lipídeos
extraídos do solo, entre outros.
Crédito: KajaNi/Shutterstock.
29
Mas como determinar os indicadores da qualidade do solo? Arshad e
Martin (2002) sugerem como etapas para a construção de um índice de
qualidade do solo:
a. Dividir a área, pode ser por bacias hidrográfica, tipo de habitat, ecorregião,
fazendas, talhões, glebas, enfim como achar melhor; (
b. Definir qual é o objetivo dos indicadores da qualidade do solo, por
exemplo, quero para aumentar na produção agrícola, para proteção do
meio ambiente etc.;
c) Eleger os indicadores de qualidade do solo e determinar a sua linha de
base, isto é, como cada indicador se comporta normalmente naquela
região em condições normais, isso varia de região para região, de solos
para solo;
d. Finalmente, determinar os limites críticos para aqueles indicadores que
selecionamos, quer dizer qual é o mínimo admitido de cada indicador para
que o solo tenha alguma qualidade. E isso também pode variar de região
para região, de solo para solo, comportando-se de diferentes inclusive em
climas diferentes. Preste atenção nesses detalhes.
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FINALIZANDO
31
REFERÊNCIAS
ARSHAD, M. A.; MARTIN, S. Identifying critical limits for soil quality indicators in
agro-ecosystems. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 88, n. 2, p.
153-160, 2002.
32
MANEJO, FERTILIDADE,
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA
ÁGUA
AULA 3
Aposto que, quando você vai visitar algum lugar novo, fica pensando em
como aquela paisagem era formada. Outra coisa que deve se passar pela sua
cabeça é saber quanto tempo levou para ser formada. Interessante, não é
mesmo? Isso é explicado pela geomorfologia. Esses processos vão ter um papel
importantíssimo na formação do solo e principalmente nas características do
solo. Por isso, agora vamos discutir um pouco mais sobre o assunto.
TEMA 1 – GEOMORFOLOGIA
Crédito: Stihii/Shutterstock.
Figura 2 – É muito comum vulcões formarem novas ilhas no meio dos oceanos
Crédito: Smit/Shutterstock.
4
Figura 4 – Rochas magmáticas
Crédito: Vvoe/Shutterstock.
5
Figura 5 – Rochas sedimentares
Crédito: Leene/Shutterstock.
Crédito: Alexroch/Shutterstock.
7
1.2.3 Dobramentos modernos
8
Podemos definir a pedologia como o estudo dos diferentes tipos de solos em seu
ambiente natural. A geomorfologia tem um papel importante na formação dos
solos, porque o relevo pode determinar como se dá a evolução dos solos, por
exemplo, por meio dos fluxos hídricos que ocorrem na superfície.
Em 1899 Davis propôs um modelo em que ele colocava que o clima seria
um dos grandes responsáveis pela formação de relevos, portanto dos solos. Por
exemplo, em climas úmidos, com a intensa atividade dinâmica de escoamento e
percolação das águas de chuvas, haveria uma maior ação sobre o relevo, sendo
muito mais ativa a formação dos solos.
Já no século XX, começou a se perceber, de mais intenso, que há uma
dependência entre a evolução dos solos e o tipo de relevo e sua localização. Por
exemplo, a posição topográfica influencia a ação da água, que, por sua vez,
afetaria diferentes características do solo. A ação das águas afetaria a
distribuição dos solos nas diferentes partes da encosta. Em 1935, Milne propôs
a criação do termo chamado de catena ou topossequência, isto é, a sequência
de solos que podemos observar ao longo de uma encosta. Começou-se a incluir
a cronologia dos solos junto à cronologia dos relevos. Por exemplo, solos mais
jovens são formados por relevos mais jovens. Nesta ideia que teve como origem
Davis, podemos dizer que há uma evolução dos solos. Na sua fase de juventude,
os solos têm uma intensa atividade de morfogênese (com processos como a
erosão), sendo assim considerados solos jovens e normalmente rasos. Daí
evoluiriam para a maturidade, com um relevo menos recortado, menos
acidentado, em que há um equilíbrio maior entre processos erosivos e acúmulo
de materiais (sedimentação, espessamento do solo). E depois o solo passaria
por uma fase de senilidade, tendo então atingido o seu estágio máximo de
desenvolvimento da pedogênese.
Com base nessa ideia, podemos dizer que a morfogênese e a
pedogênese têm uma relação extremamente próxima.
Saiba mais
9
Neste processo de morfogênese e pedogênese, vários fatores estão
incluídos, em uma ação de forma integrada, constituindo processos complexos,
por meio da combinação de mecanismos de translocação (tanto seletivas quanto
não seletivas), transformação dos constituintes, por conta de alterações de
origem mineralógica, adições à superfície e perdas subsuperficiais. Em função
disso, em diferentes locais, os processos de formação de solos sofrem diferentes
intensidades, sendo então denominados de diferentes formas, como
podzolização, latossolização, gleização, entre outros (Figura 9).
Em uma catena ou topossequência, normalmente o solo varia conforme a
variação do relevo. Nas partes mais altas e planas geralmente encontramos
latossolos. Descendo pela encosta, é comum encontramos argissolos. Nas
partes mais baixas o gleissolo predomina. Mas é claro que depende de uma série
de fatores. Algumas vezes a catena pode mudar.
Em áreas onde o relevo é mais inclinado, consequentemente a infiltração
de água será menor, e a água vai descer pela encosta, provocando menos
intemperismo sobre a rocha original. Este fenômeno também provoca a retirada
em maior quantidade de sedimentos na superfície da área, portanto formando
solos mais rasos. Agora no final da encosta, a água vai se acumular, provocando
assim uma maior ação do intemperismo hídrico, dificultando a sua drenagem,
provocando a redução do ferro e maior acúmulo de matéria orgânica. Uma outra
coisa que devemos levar em conta é que a inclinação do relevo também atua na
exposição da área à radiação solar, podendo provocar mudanças na composição
e textura do solo (Figura 9).
10
Podzolização Transformação e Migração de complexos de Fe, Al e Espodossolos,
translocação matéria orgânica no solo com Ortstein
acúmulo em horizonte iluvial, com
ou sem sílica
Gleização Remoção, Redução de Fe em condições Gleissolos,
transformação e anaeróbias e translocação Planossolos
translocação formando horizontes acinzentados
com ou sem mosqueados
Calcificação Translocação Acumulação de CaCO3 com Luvissolos,
ou nódulos ou horizonte endurecido Chernossolos
carbonatação Rêndzicos
Ferrólise Remoção, Destruição de argila com formação Planossolos,
transformação e de horizonte B textural Argissolos
translocação
Salinização Translocação Acumulação de sais por Gleissolos sálicos
evaporação no horizonte superficial
ou na superfície do solo
Sulfurização Transformação e Acidificação do solo causada pela Gleissolos
ou translocação oxidação de compostos de enxofre Tiomórficos
tiomorfismo
11
do potencial uso do solo, assim como na definição de áreas com risco a erosão
(Figura 10).
O entendimento das relações espaço-temporais dos diferentes processos
ambientais, como solos, material de origem, e geomorfologia, nos permite
entender como se dá a distribuição dos solos na paisagem e sua variabilidade.
12
Figura 10 – É importante entender a relação entre geomorfologia e solos, para
se evitar problemas como a erosão destes solos, no seu mau uso.
Crédito: Meechai39/Shutterstock.
13
a. cujas propriedades tiverem preponderância sobre as propriedades do
material mineral;
b. cujo teor de carbono orgânico deve ser igual ou maior que 80 g kg-1.
14
em uma distância vertical ≤ 7,5 cm, deve ser de pelo menos o dobro do conteúdo
do horizonte A. Quando o horizonte A tiver conteúdo de argila igual ou maior que
200 g kg-1 de solo, o incremento de argila no horizonte subjacente B,
determinado em uma distância vertical ≤ 7,5 cm, deve ser igual ou maior que 200
g kg-1.
3.6 Plintita
Figura 11 – Plintita
15
3.7 Petroplintita
Quando o solo tem 150 g kg-1 de solo ou mais de CaCO3 equivalente sob
qualquer forma de segregação, incluindo-se nódulos e/ou concreções.
17
c. Matiz mais amarelo que 10YR até 5Y, valores iguais ou maiores que 5 e
cromas maiores que 4.
18
Outros atributos diagnósticos podem ser utilizados, dependendo do tipo
de solo, como: caráter ebânico, caráter espódico, caráter eutrico, caráter flúvico,
caráter litoplíntico, caráter plânico, caráter plíntico, caráter redóxico, caráter
retrátil, caráter rúbrico, caráter sálico, caráter salínico, caráter sódico, caráter
solódico, caráter sombrico, caráter vértico, contato lítico, contato lítico
fragmentário, materiais sulfídricos e propriedades ândicas.
19
4.1.2 Horizonte A chernozêmico
20
d. Σ (CO, em g kg-1, de sub-horizontes A x espessura do sub-horizonte, em
dm) ≥ 60 + (0,1 x média ponderada de argila, em g kg-1, do horizonte
superficial, incluindo AB ou AC).
21
4.2 Horizontes subsuperficiais
22
interestratificados ou ilitas, mas não deve conter mais que traços de
argilominerais do grupo das esmectitas. Não deve ter mais de 5% do volume da
massa do horizonte B latossólico que mostre estrutura da rocha original, como
estratificações finas, saprólito ou fragmentos de rochas pouco resistentes ao
intemperismo. Tem espessura mínima de 50 cm, textura francoarenosa ou mais
fina e baixos teores de silte.
23
alta desde que conjugada com caráter alumínico. Tem as seguintes
características:
24
TEMA 5 – CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS: CLASSES E TIPOS
5.1 Argissolos
25
5.2 Cambissolos
5.3 Chernossolos
26
5.4 Espodossolos
5.5 Gleissolos
5.6 Latossolos
27
5.7 Luvissolos
5.8 Neossolos
5.9 Nitossolos
a. Para solos com todas as cores dos horizontes A e B, exceto BC, dentro
de uma mesma página de matiz, admitem-se variações de, no máximo, 2
unidades para valor e/ou 3 unidades para croma;
b. Para solos apresentando cores dos horizontes A e B, exceto BC, em duas
páginas de matiz, admite-se variação de ≤ 1 unidade de valor e ≤ 2
unidades de croma;
c. Para solos apresentando cores dos horizontes A e B, exceto BC, em mais
de duas páginas de matiz, não se admite variação para valor e admite-se
variação de ≤ 1 unidade de croma.
5.10 Organossolos
28
b. Saturação com água no máximo por 30 dias consecutivos por ano, durante
o período mais chuvoso, com horizonte O hístico apresentando as
seguintes espessuras:
c. Saturação com água durante a maior parte do ano, na maioria dos anos,
a menos que artificialmente drenados, apresentando horizonte H hístico
com espessura de 40 cm ou mais, quer se estendendo em seção única a
partir da superfície do solo, quer tomados cumulativamente dentro dos 80
cm a partir da superfície.
5.11 Planossolos
5.12 Plintossolos
5.13 Vertissolo
29
b. Fendas verticais no período seco com pelo menos 1 cm de largura,
iniciando na superfície e atingindo, no mínimo, 50 cm de profundidade,
exceto no caso de solos rasos, onde o limite mínimo é de 30 cm de
profundidade;
c. Ausência de material com contato lítico ou lítico fragmentário, horizonte
petrocálcico ou duripã dentro dos primeiros 30 cm a partir da superfície;
d. Em áreas irrigadas ou mal drenadas (sem fendas aparentes), o coeficiente
de expansão linear (COLE) deve ser igual ou superior a 0,06 ou a
expansibilidade linear é de 6 cm ou mais; e
e. Ausência de qualquer tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte
vértico.
FINALIZANDO
30
REFERÊNCIAS
31
MANEJO, FERTILIDADE,
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA
ÁGUA
AULA 4
2
características físicas e químicas do solo, assim também afetando as condições
biológicas desse solo. Porém, se malfeito, o preparo do solo também pode afetar
negativamente o desenvolvimento, o estabelecimento e a produção de nossas
culturas agrícolas. Criamos equipamentos especialmente desenvolvidos para
tais operações. Mas esses equipamentos podem compactar o solo, prejudicando
suas propriedades físicas, químicas e biológicas (Figura 2).
3
No começo, o preparo do solo era feito de uma forma bem simples,
rústica. Dava muito trabalho e era bem demorado. É claro que o ser humano foi
aperfeiçoando ao longo do tempo. Por exemplo, em 1760, foi inventado, na
Escócia, o arado de aiveca de metal, aumentando em muito a velocidade do
preparo do solo. Hoje temos implementos cada vez maiores, bem como
máquinas, leia-se tratores, que são mais pesados e têm mais força. Assim,
podemos preparar uma extensão maior de área, em menor tempo e com menos
esforço.
O preparo tem solo tem muitos objetivos, mas sempre visando a maior
produtividade da cultura agrícola:
4
Figura 3 – Solo bem nivelado, pronto para o plantio
Crédito: Welcomeinside/Shutterstock.
5
aração e gradagem, ou mesmo seguido por escarificação. Esse preparo inicial é
feito normalmente um a dois meses antes do plantio, dependendo do sistema de
cultivo adotado. Quando fazemos a subsolagem no preparo inicial, isso tem
como objetivo descompactar o solo abaixo de 30 cm de profundidade, pois essa
camada compactada em subsuperfície pode impedir a infiltração da água e
prejudicar o crescimento das raízes. Já a aração tem como objetivo a
descompactação na camada mais superficial, entre a superfície e 30 cm de
profundidade.
Para o plantio é realizado o preparo secundário, visando nivelar e
destorroar aquela camada mais próxima à superfície. Isso serve para melhorar
o ambiente para as plantas, facilitando o desenvolvimento inicial da cultura. Para
tal, pode-se usar grades e enxadas rotativas.
Crédito: Somchai_Stock/Shutterstock.
6
TEMA 2 – TÉCNICAS DE PREPARO DE SOLO: EQUIPAMENTOS E
IMPLEMENTOS
2.1 Aração
7
Figura 5 – Arado de disco
Crédito: SergeyKlopotov/Shutterstock.
8
Figura 7 – Arado de aiveca
Crédito: Bapida/Shutterstock.
9
2.2 Gradagem
10
Figura 10 – Gradagem. Note que depois da aração, o solo fica com grandes
torrões. A gradagem elimina estes torrões e deixa o solo mais nivelado.
2.3 Escarificação
11
Mas esse sistema também tem algumas limitações, como:
Figura 11 – Escarificador
12
Figura 12 – Nabo forrageiro, Brassica rapa
Crédito: Theapflueger/Shutterstock.
13
(Figura 13). Obviamente que o principal requisito para este sistema de cultivo é
que o agricultor possua os implementos necessários.
Crédito: Oticki/Shutterstock.
14
e. O nivelamento do solo, proporcionado pela gradagem, facilita e muito as
operações subsequentes de cultivo, como semeadura, o cultivo em si e
mesmo a colheita.
f. Há facilidade na incorporação dos adubos, corretivos (como calcário) e da
matéria orgânica no solo. Também proporciona maior taxa de
decomposição de eventuais adubos orgânicos aplicados, assim como de
restos vegetais.
Mas tudo que é bom, também sempre tem alguma desvantagem, não é
mesmo? O plantio convencional tem algumas desvantagens:
Crédito: Meryll/Shutterstock.
16
Figura 16 – O Sistema de plantio convencional deixa o solo mais exposto à
erosão eólica (pelo vento)
17
feita somente com intervalos não menores que três anos. Esta operação
não tem efeito em plantas daninhas.
d. Pode ser feita ainda uma reformulação do sistema de produção, por
exemplo, fazendo-se rotação de cultura, com o uso de adubos verdes e
escarificação biológica, com o uso de nabo forrageiro e outras plantas,
que possuem raízes pivotantes capazes de quebrar essa camada
compactada em subsuperfície.
f. Finalmente, outra ação que se pode fazer para a descompactação é a
alternância, ao longo do tempo, da operação de aração, utilizando-se de
implementos e profundidades de trabalho diferentes.
18
Figura 17 – Queimada. Esta não é mais uma operação recomendada, pois
destrói toda a vida no solo, bem como suas propriedades físicas e químicas,
além de poluir o ar
Crédito: Gorloff-KV/Shutterstock.
19
TEMA 4 – SISTEMAS DE CULTIVO: CULTIVO MÍNIMO
Com certeza, o cultivo mínimo, apesar de não ser muito utilizado no Brasil,
tem suas vantagens, como:
20
f. a manutenção dos resíduos vegetais é feita somente com escarificação e
gradagens leves, quando necessário.
21
Figura 20 – Comparação de uma área de Eucalipto com cultivo mínimo (a
frente) e com plantio convencional (atrás)
22
proporcionar uma boa cobertura e um bom contato da semente com o solo.
Como o solo é mexido somente na linha de semeadura, calcula-se que somente
25 a 30% do total da área plantada é preparada. O restante fica intacto. Uma
coisa é importante no plantio direto, como o solo é pouco revolvido, tende a maior
infestação de plantas daninhas, por isso o controle destes invasores deve ser
bem observado. Ele é feito com herbicidas.
23
Figura 22 – Observe que o revolvimento é feito somente na linha de semeadura
e mesmo assim, o mínimo possível. O restante fica com a palhada da cultura
anterior intacta.
Crédito: Helga_foto/Shutterstock.
24
Podemos começar a imaginar que esse sistema precisa ainda menos de
operações, não é mesmo? Comparando-se ao plantio convencional, então, nem
se fala... São três operações que precisamos fazer no plantio direto.
Mas o plantio direto não é um sistema tão fácil assim. Precisa haver
gestão por parte do agricultor, tanto do próprio sistema quanto da mão de obra,
que deve ser especialmente treinada. O agricultor também precisa conhecer
muito bem todas as fases do sistema.
Os cuidados começam no preparo da área. Solos muito úmidos devem
ser drenados se necessário. Deve haver uma descompactação do solo, antes de
25
implementarmos o sistema. A superfície do solo deve ser nivelada,
principalmente eliminando-se os sulcos de erosão que porventura possam estar
presentes. O solo deve ser corrigido quanto à sua acidez e disponibilidade de
alumínio. Obviamente corrigir outros nutrientes essenciais às plantas, como
fósforo, por exemplo.
Como vimos, o plantio direto baseia-se na ideia de que os restos da
cultura anterior (resteva) devem estar presentes. Eles devem cobrir pelo menos
50% da superfície do solo. Se assim não se encontrar, pode ser feita uma
adubação verde. Esta palhada pode ser picada e distribuída pela própria
colheitadeira.
É claro que o controle das plantas daninhas é essencial. Aquelas que são
perenes devem ser eliminadas, pois vão competir com a cultura agrícola.
Existem algumas espécies de plantas daninhas que são muito agressivas. Nesse
caso, aumentará o custo de controle delas. Sempre que possível, deve-se
identificar quais são as plantas daninhas presentes na lavoura e usar controle
específico para elas. Cuidado com o custo de produção: se você não definir de
forma correta e detalhada o sistema de manejo dessas plantas daninhas, o custo
pode sair do controle.
Mesmo com tanto trabalho, vale a pena usar do plantio direto. Há muitas
vantagens com a presença da palhada na superfície do solo, como:
a. a gota da chuva, quando cai no solo, vem com muita força; a palhada
diminui esse impacto, e o solo não é desagregado;
b. a temperatura do solo fica mais ou menos constante, favorecendo toda a
atividade do solo, como microrganismos e fauna, inclusive
proporcionando um ótimo ambiente para as raízes;
c. a umidade do solo também é favorecida, levando mais tempo que o plantio
convencional, para o solo secar;
d. a estrutura do solo fica bem melhor;
e. diminui a lixiviação dos nutrientes no perfil do solo, aumentando a CTC;
f. ao longo do tempo os teores de N e P vão aumentando, porque não há
grandes perdas como no plantio convencional; e
g. diminui muito a erosão, mesmo se a cultura for plantada com as linhas em
direção a morro abaixo (atenção, nunca é o ideal...).
Mas nem tudo que é bom, é perfeito. O plantio direto também tem algumas
desvantagens.
26
a. Há um aumento grande da relação C/N, pela grande presença de matéria
orgânica, principalmente depois do plantio de gramíneas. Isso pode
dificultar a decomposição desse material por microrganismos. Eles
precisam de uma relação C/N ótima perto de 12. Em climas mais quentes,
a decomposição da matéria orgânica é muito rápida, algumas vezes nem
acumula muita matéria orgânica na superfície.
b. Com o tempo, como não há revolvimento intensivo do solo, podem se
formar camadas compactadas na subsuperfície. É necessário
periodicamente examinar o perfil do solo, para ver se essas camadas
estão presentes. Se estiverem presentes, deve-se proceder à sua quebra,
por exemplo, com subsoladores.
c. Quando temos solos com pouca permeabilidade, o aumento da umidade
no solo pode prejudicar um pouco as culturas agrícolas.
d. Com o tempo, aumenta muito o teor de N, isso pode provocar um
acamamento das plantas, dificultando a colheita.
e. Alto custo para a aquisição dos herbicidas.
f. Necessidade de uso de equipamentos específicos.
g. Necessidade de conhecimento técnico especializado.
FINALIZANDO
27
REFERÊNCIAS
SISTEMA plantio direto no Brasil. Passo Fundo, RS: Aldeia Norte Editora,
2022. Disponível em: <https://www.plantiodireto.com.br/livro-sistema-plantio-
direto>. Acesso em: 5 abr. 2023.
28
MANEJO, FERTILIDADE,
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA
ÁGUA
AULA 5
O bem mais precioso de um agricultor é o solo onde ele planta. Daí sai
toda a sua produção, sua existência. Já imaginaram se o agricultor perde o solo,
ou a capacidade produtiva desse solo? Ele perdeu toda a sua base. Não
produzirá mais nada. Por isso é importante examinar o solo de uma maneira
mais detalhada, principalmente atuando na sua conservação. Agora vamos
conversar um pouco mais sobre isso: como conservar o solo para podermos
utilizá-lo já e para as futuras gerações.
2
Figura 1 – O solo é a base de nossos sistemas de produção
Crédito: maxbelchenko/Shutterstock.
3
• manejo adequado do solo através de adubação, correção, irrigação e
drenagem;
• controle da erosão, principalmente aquela que ocorre de forma acelerada;
• controle da poluição causada pela atividade agrícola.
4
• Degradação química: é definida como a perda de nutrientes e de matéria
orgânica, causando desbalanço de nutrientes, salinização, acidificação e
poluição.
• Degradação física: é aquela em que ocorre compactação, selamento da
superfície do solo, encrostamento, dando origem a inundações, aeração
deficiente e até excesso ou falta de água.
• Degradação biológica: causa redução da biomassa do solo e da
biodiversidade.
5
água. Quando há o impacto da gota de chuva, esse transporte se dá por
curtas distâncias. No caso do escoamento superficial, as partículas
desagregadas percorrem distâncias maiores, podendo chegar a
quilômetros. No transporte pelo vento, partículas mais leves, como argila
e silte, são levadas em suspensão no ar e as partículas mais pesadas,
como areia, são levadas aos saltos. Nos dois tipos de erosão, a distância
percorrida pelas partículas depende do tamanho da própria partícula, da
força do vento ou da água, da inclinação do terreno e se há obstáculos ou
não (Figura 3).
Figura 3 – Desagregação das partículas de solo pela força das gotas de chuva
6
• Deposição. Depois da desagregação e do transporte, ocorre a deposição,
também chamada sedimentação. Podemos dizer que a deposição é a
parada das partículas de solo que foram desagregadas e transportadas.
Isso ocorre quando o agente de erosão (vento ou água) simplesmente
perde força ou encontra algum obstáculo. A velocidade de deposição
depende muito do tamanho da partícula (partículas maiores param antes),
mas também da velocidade do agente, água ou vento. Quanto maior for a
velocidade, mais tempo será necessário para a deposição final.
7
partículas de solo que foram desagregadas pela força de impacto das
gotas de chuva. Tanto uma eventual desagregação quanto o
deslocamento dessas partículas acontecem de forma bem superficial,
normalmente sem formar sulcos ou, quando os sulcos são formados, são
considerados muito rasos (Figura 5).
Crédito: Meryll/Shutterstock.
2. Erosão em sulcos. Neste caso, é bem fácil perceber os sulcos, por serem
mais profundos e dependerem principalmente da inclinação natural do
terreno, e pela concentração de maior quantidade de lâminas finas de
água. Quando essas lâminas se encontram em algum ponto do terreno,
são então formados os sulcos (Figura 6).
8
Figura 6 – Erosão em sulcos
Crédito: Meryll/Shutterstock.
Figura 7 – Voçoroca
9
A equação a seguir mostra quais são exatamente os fatores que afetam
o resultado da erosão hídrica.
A = R. K. L. S. C. P
Onde:
𝑉𝑉
I=
𝑇𝑇
12
Figura 8 – Processo de erosão eólica
Crédito: Designua/Shutterstock.
13
TEMA 3 – PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS: PARTE 1
Figura 9 – Imensa área degradada por uso inadequado pelo ser humano, em
Santa Rosa da Serra, Minas Gerais
Crédito: oneclickportugal/Shutterstock.
Mas como podemos fazer para conservar o solo de nossas áreas a longo
prazo, para nós e para as futuras gerações? Aliás, essa é a ideia do
desenvolvimento sustentável: aproveitar hoje os recursos naturais de tal maneira
que as próximas gerações também tenham acesso aos mesmos recursos. Se
continuarmos a realizar nossas atividades agrícolas de qualquer maneira, vamos
continuar a destruir tudo. Por isso existem práticas agrícolas chamadas
conservacionistas. Essas práticas visam basicamente a prevenção da
degradação do solo, bem como a recuperação dos solos agrícolas já
degradados.
14
Tais práticas têm alguns objetivos básicos, como:
• criar maior cobertura do solo, podendo ser por meio de plantas vivas ou
resíduos vegetais, de tal maneira que o solo fique coberto pelo maior
tempo possível;
• aumentar o máximo possível a taxa de infiltração de água no solo;
• evitar que a água da chuva escoe pelas rampas do terreno e, se isso
acontecer, que o escoamento ocorra na menor velocidade possível.
Temos uma série de práticas que podem ser utilizadas. Qual vamos
escolher depende de uma série de condições, levando-se em conta os aspectos
socioeconômicos e ambientais da região e mesmo da propriedade agrícola.
Temos de ter em mente que, se aplicarmos somente uma dessas práticas, o
problema será resolvido apenas de forma parcial. O ideal é que utilizemos mais
de uma prática conservacionista ao mesmo tempo. Conservar o solo é conservar
sua capacidade produtiva de tal modo que nossos filhos, nossos netos, enfim,
as futuras gerações possam utilizar os mesmos recursos naturais de que agora
dispomos. Lembre-se disso.
15
e a diminuir a grande variação de temperatura ao longo do dia. Quer um grande
exemplo de uso de cobertura morta? O plantio direto.
Crédito-1471895291-Alex_I/Shutterstock.
17
Desse modo, as fileiras das plantas acabam por se tornar um obstáculo
para a água, diminuindo a velocidade dela no declive e os processos erosivos.
Ah.... mas tem mais uma vantagem. Além de diminuir a força da água no declive,
nos locais da curva de nível a infiltração de água no solo aumenta, ampliando o
teor de umidade no solo. Recomenda-se que, para essa prática, o solo não tenha
mais do que 3% de declividade, isto é, que ele incline somente 3 metros na
vertical a cada 100 metros de comprimento na horizontal (Figura 12).
Essa prática pode diminuir em até 50% as perdas de solo provocadas pela
erosão. Mas, atenção: ela tem de ser utilizada em conjunto com outras práticas,
pois sozinha não acaba com a erosão.
18
erosão comparada à que ocorreria se tivéssemos somente plantas com menor
cobertura vegetal do solo, o que normalmente é o caso das culturas agrícolas
principais. Usualmente as faixas de cultivo têm largura de 20 a 40 metros. Depois
que realizamos a colheita da cultura principal, que tem menor cobertura do solo,
plantamos, nessas faixas vazias, plantas que dão maior cobertura, como adubos
verdes, por exemplo. Nas faixas que tinham maior cobertura, plantamos
novamente a cultura principal, isto é, alternamos as faixas entre culturas de
pouca cobertura vegetal e culturas de muita cobertura vegetal. Desse modo a
cultura principal vai ter um benefício a mais. Além da proteção do solo, vai ter
mais nutrientes deixados pelos adubos verdes (Figura 13). Essa é uma prática
considerada barata e eficiente, podendo até, dependendo da situação, substituir
terraços (terraceamento).
19
2. faixas de rotação: continuamos a fazer o plantio em faixas seguindo as
curvas de nível, mas desta vez as faixas vão sofrer rotação e culturas,
tanto anual, quanto no mesmo ano (verão, inverno); deve-se alternar
culturas que tenham maior e menor cobertura vegetal e sistemas
radiculares mais e menos densos, na mesma faixa ao longo do tempo;
3. faixas conjugadas: nesse tipo, associamos os dois tipos anteriores;
fazemos a rotação entre faixas de culturas e entre faixas de retenção.
20
Figura 14 – Crotalária (Crotalarea juncea L.) utilizada como adubação verde
21
• Após o manejo das plantas de adubação verde, por rolagem e
dessecação, por exemplo, há a decomposição dos resíduos, aumentando
a ciclagem de nutrientes no solo, deixando mais nutrientes disponíveis
para as culturas agrícolas.
• Como muitas das plantas utilizadas em adubação verde são leguminosas,
há incremento na fixação biológica de nitrogênio e, com a incorporação
dessas plantas ao solo, maior disponibilidade no solo.
• Há uma sensível redução na infestação por plantas daninhas devido a
processos de alelopatia e supressão. Na alelopatia, as plantas produzem
substâncias que vão inibir as plantas daninhas. Na supressão, as plantas
de adubação verde provocam um impedimento físico por competição por
luz e água, prejudicando o desenvolvimento das plantas daninhas.
• Algumas plantas de adubação verde ainda podem ser utilizadas na
propriedade de outras formas, como alimentação animal, por exemplo.
23
4.3 Terraceamento
24
Figura 17 – Corte transversal de um terraço com seção trapezoidal. B = base
maior do trapézio; b = base do canal do terraço ou base menor do trapézio; H =
altura do camalhão; L = largura da crista
25
Figura 19 – Terraços de base larga (A), média (B) e estreita (C)
26
degradados. Os SAFs que melhor desempenham esse papel são aqueles em
que há uma grande diversidade de espécies vegetais envolvidas, principalmente
nativas, o que leva a melhor estrutura do solo, mais matéria orgânica e mais
teores de nutrientes no solo.
Em função de seus componentes, podem ser divididos em três diferentes
classes.
27
Figura 20 – Vista aérea de plantio de fileiras de árvores de eucalipto e soja em
uma fazenda no Brasil (São Paulo)
Crédito: ADVTP/Shutterstock.
28
Independentemente do sistema escolhido, os SAFs podem levar a
algumas vantagens, como melhoria das propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo, menor necessidade de adubação e mesmo do uso de
agrotóxicos, melhor conservação da água e do solo e maior produção de
biomassa, mas também proporcionando maior estabilidade climática para todas
as espécies envolvidas (plantas e animais). Além disso, podem proporcionar o
maior sequestro de carbono no solo. Como ocupam maior superfície do solo e
adicionam grande quantidade de matéria orgânica a ele, atuam na proteção
contra erosão e no aumento de sua atividade biológica.
FINALIZANDO
29
REFERÊNCIAS
30
MANEJO, FERTILIDADE,
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA
ÁGUA
AULA 6
A água talvez seja o recurso natural mais crítico para o ser humano,
depois do ar que respiramos. Nosso corpo é composto por cerca de 70% de
água. É a água que regula nossa temperatura interna e é utilizada em
praticamente todas as nossas funções orgânicas. Também usamos a água em
uma infinidade de atividades, principalmente na agricultura. Por isso mesmo é
que nesse momento vamos tratar da conservação de água.
Como seria viver sem água? Nós precisamos de água não só para a
manutenção de nosso corpo, mas para uma série grande de atividades,
poderíamos dizer para todas as nossas atividades. Ela é essencial para a
existência da vida no nosso planeta. A água é um recurso natural não renovável
e uma das grandes preocupações da humanidade. Já houve guerras por causa
da água, por exemplo, no rio Jordão, Israel e seus vizinhos chegaram a lutar por
água, tão grande é a escassez dela na região. No Brasil, temos várias regiões
onde realmente falta água, como na caatinga (Figura 1), assim como regiões
onde às vezes temos grandes períodos de escassez de água, as estiagens.
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Chamamos de ciclo de água, ou ciclo hidrológico, a troca da água que
ocorre de forma contínua entre os diferentes compartimentos ambientais:
hidrosfera (águas superficiais), atmosfera (umidade do ar) e pedosfera/litosfera
(umidade do solo e água subterrânea) (Figura 2).
Crédito: 3xy/Shutterstock.
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a. abastecimento público – é o uso mais nobre. É aquela água que chega
em nossas casas, que usamos para beber, preparar alimentos, para fazer
limpeza etc. Ela necessariamente precisa de tratamento para ser
consumida pelo ser humano. Em adensamentos urbanos, seu uso
intensifica-se;
b. abastecimento industrial – é aquela usada em processos industriais. Pode
ser utilizada no processo de fabricação sem entrar em contato com o
produto, por exemplo, em caldeiras e refrigeração. Pode integrar-se ao
produto final, como alimentos e bebida, bem como pode entrar em contato
com a matéria-prima ou o produto final, como na lavagem de matéria-
prima, e ainda servir para serviços complementares, como higiene dos
funcionários, limpeza, incêndio;
c. irrigação e dessedentação de animais – é atualmente o maior uso da água
no Brasil e no mundo. Precisa ter uma certa qualidade, porque será
utilizada para matar a sede dos animais a campo, assim como irrigar
culturas que precisam de maior quantidade de água (Figura 3).
Crédito: Sh_Vova/Shutterstock.
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Os usos chamados de “não consuntivos” são aqueles em que não se retira
água do ambiente, portanto, não há perda no ambiente. Entre estes, podemos
enumerar:
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Figura 4 – Rio Tiête, no estado de São Paulo, um dos rios mais poluídos do Brasil
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também reduzir as suas perdas. A conservação do solo é um caminho, porém,
também devemos pensar seriamente no melhor uso da água na agricultura.
A chamada “Agricultura de Conservação” é um dos caminhos que
podemos seguir para a conservação da água no solo, com vistas a aumentar a
capacidade do solo de absorver essa água. Para isso, podemos utilizar práticas
de cultivo que diminuam a mobilização do solo (cultivo mínimo e plantio direto,
por exemplo), assim como cobrir o solo com resíduos de origem orgânica por
mais tempo possível. Isso melhora a infiltração da água no solo, diminui a
evapotranspiração e evita que ocorra o escoamento superficial, diminuindo a
erosão, o que resulta em dois ganhos em uma só ação. Quanto melhor a
estrutura do solo, maior é sua capacidade de armazenar água. O aumento do
teor de matéria orgânica no solo também colabora com a estrutura do solo,
aumentando sua capacidade de armazenamento de água.
Além de aumentar o armazenamento de água no solo e evitar a sua perda,
também temos outras maneiras de aumentar a produção agrícola e usar a água
de modo mais eficiente. Entre elas, podemos citar:
a. plantar culturas agrícolas que sejam mais tolerantes à seca e que tenham
sistema radicular mais desenvolvido e profundo, explorando melhor o
solo à procura de água (Figura 5);
Crédito: KajaNi/Shutterstock.
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b. melhorar a gestão de forma sustentável das culturas, por intermédio de
sistemas de apoio à tomada de decisão, para melhor planejamento das
operações, como fertilização, rotação de culturas etc.;
c. melhorar a eficiência da irrigação, utilizando-se, para isso, a irrigação de
precisão.
a. irrigação por superfície – é basicamente circular água por canais por meio
do uso da gravidade, por isso são chamados também de “sistemas de
irrigação por gravidade”. O efeito da gravidade faz com que a água se
movimente e infiltre no solo. Não é necessário nenhum tipo de
pressurização. Tem menor custo, precisa de equipamento simples, tem
baixo consumo de energia. Porém, perde-se muita água por evaporação.
Pode ser por sulcos (Figura 6) ou por inundação (Figura 6);
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Figura 7 – Irrigação por inundação
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Figura 8 – Irrigação por gotejamento
Crédito: Floki/Shutterstock.
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autocompensados ou regulares, bem como filtros de disco ou telas.
Normalmente é indicado para o caso de pomares, principalmente de
frutas para exportação. Ele é modular, tem fácil instalação, operação e
manutenção, além de, é claro, economizar muita água e mão de obra
(Figura 11).
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Figura 11 – Irrigação por microaspersão
Crédito: Alin_Kris/Shutterstock.
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cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório”
(Tucci, 1997). Ou ainda, “um conjunto de terras drenadas por um rio e seus
afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde
as águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios,
ou infiltram no solo para formação de nascentes e do lençol freático” (Barrella et
al., 2001).
No Brasil, temos algumas grandes bacias hidrográficas, como a Bacia do
Rio Paraná, a Bacia do Rio Amazonas (Figura 12), a Bacia do Rio São Francisco,
entre outras.
Dentro das bacias hidrográficas, podemos reconhecer as sub-bacias e as
microbacias hidrográficas. “As sub-bacias são áreas de drenagem dos tributários
do curso d’água principal. Possuem áreas maiores que 100 km² e menores que
700 km²” (Faustino, 1996). Além disso, “a microbacia possui toda sua área com
drenagem direta ao curso principal de uma sub-bacia, várias microbacias formam
uma sub-bacia. Possuem a área inferior a 100 km2” (Faustino, 1996).
Crédito: Pyty/Shutterstock.
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Podemos dizer que, de um ponto de vista físico, a microbacia nada mais
é que uma área geográfica mais ou menos homogênea, que está localizada entre
divisores de água, e é drenada por um rio principal. Contudo, nos dias de hoje
vemos mais do que somente uma questão geográfica na microbacia hidrográfica,
e sim uma questão social, pois ela atualmente é considerada uma unidade de
planejamento de uso e conservação de solos, e na qual são feitas atividades
agrícolas, preferencialmente de modo sustentável (Figura 13).
As microbacias são formadas por rios de 1.ª e 2.ª ordens, eventualmente
por rios de 3.ª ordem. Têm área reduzida, sem ter um consenso geral do que
seria a área máxima, mas abrange entre 10 e 20.000 hectares.
Crédito: Stihii/Shutterstock.
a. curvas de nível – são linhas que mostram todos os pontos de uma área
que têm a mesma altitude. Representam o relevo da área (Figura 14);
b. pontos cotados – é quando fazemos a projeção ortogonal de um ponto
qualquer no terreno, indicando a sua altitude em relação ao nível do mar.
Normalmente representamos assim topos de morros ou mesmo fundo de
vales (Figura 14);
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Figura 14 – Curvas de nível e pontos cotados
Crédito: NGdesignhun/Shutterstock.
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Figura 15 – Casas construídas em uma grande declividade na cidade do Rio de
Janeiro
A gestão de recursos hídricos tem como finalidade básica fazer com que
se compatibilize a disponibilidade de água entre as diferentes necessidades e
usos pelo ser humano. Isso já é um fato que suscita desafios, levando-se em
conta questões políticas e sociais. É importante serem consideradas questões
sociais, econômicas, usos do solo e desenvolvimento da região em questão.
A gestão de recursos hídricos deve ser sempre vista em diferentes
escalas temporais e espaciais, tanto no que se refere a questões ambientais,
institucionais e organizacionais. Em particular, a microbacia hidrográfica se
mostra como um grande instrumento para esse tipo de gestão.
Podemos dizer que as microbacias hidrográficas formam um sistema com
quatro distintos subsistemas:
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c. econômico, que se refere a toda atividade humana da região em questão,
como indústria, meio urbano, agricultura, pecuária, infraestrutura, serviços
de apoio etc.;
d. social, que são todos os elementos que se referem diretamente à
comunidade humana ali instalada, como aspectos demográficos,
institucionais, culturais, políticos, legais, saúde, habitação, educação,
entre outros.
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utilizadas etc. Essa etapa tem como objetivo coletar informações para o
fazer o prognóstico da retenção e controle de água da chuva na
microbacia. Também podem contar como objetivos distribuir as áreas
mais apropriadas para cada atividade na microbacia, quais são as
melhores práticas de retenção de água da chuva, diagnosticar o efeito da
erosão e estiagens, levantar dados sobre o assoreamento de corpos de
água (Figura 16).
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Figura 17 – Comunidade rural no Amazonas
Crédito: BeautifulBlossoms/Shutterstock.
Crédito: Kwanchai.C/Shutterstock.
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d. Diagnóstico da vegetação: o principal objetivo desse diagnóstico é de
levantar informações sobre o estado atual da vegetação da microbacia,
por exemplo, espécies presentes e predominantes, qual é a sua
distribuição espacial (onde estão localizados os remanescentes florestais,
por exemplo) e porcentagem de cobertura do solo (Figura 19).
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Figura 20 – A fauna pode ser um ótimo indicador do estado atual do meio
ambiente na microbacia: quanto mais indivíduos e maior diversidade, melhor
será o estado ambiental da microbacia
Crédito: SaveJungle/Shutterstock.
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infiltração de água no solo, uso que é dado atualmente à água e também
devemos medir a qualidade da água, tanto de forma quantitativa quanto
qualitativa, para verificar se há contaminação dos corpos de água (Figura
21).
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Figura 22 – Características das diferentes unidades de solo são importantes para
se determinar ações de intervenção na microbacia, como tipo de solo, estrutura
do solo, profundidade do solo, teores de argila, silte, areia, matéria orgânica etc.
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TEMA 5 – PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS EM MICROBACIAS
HIDROGRÁFICAS
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Figura 23 – Estrada rural
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Em primeiro lugar, devemos fazer um levantamento topográfico para
identificar onde estão os divisores de águas, quer dizer, os pontos mais altos de
cada trecho de estrada. Esses pontos vão determinar onde a água vai começar
a se acumular e descer. Esses divisores vão direcionar a água das chuvas para
as bacias de retenção, que vão ser localizadas em função do declive e do volume
de água que vão receber.
O dimensionamento das bacias de retenção é de suma importância para
que tenham um resultado efetivo. Em primeiro lugar, deve-se calcular o volume
de água que será captado pela estrada. Para isso, vamos considerar
comprimento (C), largura (L) e a lâmina d'água (h) da estrada, pensando em uma
precipitação máxima em 24 horas, em metros (Equação 2). Se não tivermos os
dados meteorológicos da nossa região, devemos usar 100 mm de chuva (ou 0,1
metros, sempre é preciso colocar esse componente da equação em metros e
não em milímetros), que já é uma chuva enorme. Entretanto, estamos em tempos
de mudanças climáticas, logo, as chuvas estão ficando cada vez maiores.
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Quadro 1 – Determinação da distância entre as bacias, em função da variação do
declive e da largura da estrada
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segurar a água, mas um local em que a água infiltrará pelo solo. Assim, na
próxima chuva a bacia estará vazia e poderá receber mais água.
Há a possibilidade de construirmos bacias nos dois lados da estrada,
sempre uma de frente para a outra. Dessa forma, o raio de cada uma dessas
bacias poderá ser a metade do que seria se tivéssemos bacias de um lado só da
estrada, pois a quantidade total de água será dividida em duas bacias.
Não se esqueça de fazer uma manutenção periódica das bacias de
retenção nas estradas. Com o tempo, elas vão acumulando muitos sedimentos,
e o volume de água que elas captam se torna bem mais baixo. Também se deve
fazer o controle da vegetação no seu talude.
O custo de uma bacia de retenção não é muito alto. Um bom operador de
pá carregadeira gasta em torno de meia hora para fazer uma bacia de retenção
de 10 metros de raio.
FINALIZANDO
O solo e a água estão intimamente ligados, por isso temos de ter isso em
mente. O que fizermos para o solo se refletirá na água também. A água é a base
de nossa existência e de nossa atividade econômica. Vamos tomar mais
cuidado? Precisamos preservar o solo e água, para que as futuras gerações
também tenham os mesmos recursos para poderem sobreviver.
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REFERÊNCIAS
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