Camões 2023
Camões 2023
Camões 2023
Os Lusíadas
Renascimento
» Séculos XV e XVI
» Época de mudança ao nível da Europa
» Nasce na Itália do séc. XV, com a riqueza proveniente do comércio
» Investimento em arte como mostra de riqueza
» Os artistas e intelectuais criaram uma rede através de viagens e troca de correspondência
» Humanismo; antropocentrismo, contrariando o teocentrismo medieval
» Valorização da razão e da experiência para certificação da verdade
» Descobrimentos; repensar da relação do Homem com o mundo; valorização da Natureza
» Abalo das crenças: aparecimento do Protestantismo e teoria heliocêntrica de Copérnico
» Invenção da imprensa e maior facilidade de divulgação dos livros
» Valorização da antiguidade clássica greco-romana. Equilíbrio, proporção e regularidade
» Imitar os clássicos, imitar a Natureza
Luís de Camões
Características da epopeia
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Estrutura d’Os Lusíadas
» Externa:
» Verso decassilábico, maioritariamente heroico (acentuação nas 6.ª e 10.ª sílabas) ou sáfico
(acentos nas 4.ª, 8.ª e 10.ª sílabas)
» Estrofes de oito versos com esquema abababcc (oitava heroica)
» 10 Cantos.
» Interna:
» Proposição: o poeta anuncia o que vai cantar (I, 1-3)
» Invocação: pedido às divindades inspiradoras (I, 4-5; III, 1-2; VII, 78-82; X, 8)
» Dedicatória: oferecimento a personalidade importante (facultativa)
» Narração: ações do protagonista
» Planos:
» Tempo
» Discurso: Viagem, de África à Índia e regresso
» História: Desde Viriato até ao tempo de Camões
» As ligações são feitas por analepses e prolepses/profecias
Resumo
Canto I
» Proposição (1-3) – anúncio do assunto. Propõe-se cantar os feitos dos portugueses que se tornaram
heróis e engrandeceram o império.
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Canto II
Canto III
Canto IV
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Canto V
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o Terror do desconhecido; capacidade para ultrapassar obstáculos (naturais) – enaltecimento do
herói
o Profecias sobre naufrágios
o O Adamastor, interpelado por Vasco da Gama, explica-lhe por que é um penedo, com uma
história de amor e traição com uma deusa (Tétis)
o Contraste da beleza feminina com a fealdade masculina
o Transformação do gigante em pedra
» Escorbuto (81-83)
o Episódio Humanista
o Os antigos gostavam que os seus feitos guerreiros fossem cantados
o Os chefes eram também conhecedores da arte e das letras
o Os chefes da antiguidade eram guerreiros (épicos) mas também cultos
o Portugal não preza as artes (é ignorante)
o Mantendo-se a situação, ninguém exaltará os feitos dos portugueses
o Apesar de saber que os portugueses não valorizam as artes e as letras, Camões vai continuar a
sua obra, mesmo que por ela não venha a ser reconhecido
Canto VI
Canto VII
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» Armada em Calecut
» Elogio do poeta ao espírito de cruzada. Censura às nações que não seguem o exemplo
português
o Crítica ao Luteranismo e guerras dos alemães
o Crítica à oposição dos ingleses ao Papa
o Crítica à aliança da França aos Turcos (por pura ambição)
o Crítica à corrupção italiana
o Crítica à expansão sem motivo religiosos
o Elogio aos portugueses, que apostam na expansão para propagar a fé Cristã, enquanto os
outros querem apenas conquistar território
Canto VIII
Armada em Calecut
Canto IX
» Em Calecut
» Regresso a Portugal – Ilha dos Amores
» Vénus recompensa os Portugueses mostrando-lhes a ilha dos amores
» Exortação do poeta aos que desejarem alcançar a Fama (92-95)
Canto X
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» Tétis e as ninfas oferecem um banquete aos portugueses. Profecias sobre o futuro dos Lusitanos no
Oriente (1-73)
» Invocação a Calíope (8-9)
» Tétis mostra a Máquina do Mundo a Vasco da Gama, indicando-lhe a dimensão do Império
Português (77-142)
» Chegada a Portugal (144)
Canto I
Canto III
Durante a narração da História de Portugal aquando do episódio de Inês de Castro e da paixão
entre D. Fernando e Leonor Teles.
Camões é fiel a si mesmo neste momento de reflexão: o amor tudo domina. Durante a narração
destes episódios românticos e trágicos, o autor relembra o poder do amor (reforçando o que escreve em
outros poemas) como um sentimento que é transversal a todo o ser humano e torna
qualquer um capaz de tudo. O amor é capaz de dominar e de trazer imensas felicidades, mas também as
maiores angústias.
Canto IV
Na partida da armada portuguesa das praias portuguesas para a sua viagem – As Despedidas de
Belém
Tal como o nome do episódio indica, aqui fazem-se despedidas entre familiares, amigos, amados… A
ambição humana e a insensata procura por poder e fama levam os mais gananciosos a causar imensas
amarguras em quem os ama e fica para trás sem saber se alguma vez irão voltar a ver quem mais amam.
Canto V
Final da narração da História de Portugal ao Rei de Melinde por parte de Vasco da Gama Neste contexto
existe talvez das mais importantes reflexões da obra: o desprezo da arte pelos seus contemporâneos. Aqui o
sujeito poético faz uma enorme crítica à sociedade portuguesa em geral por menosprezar a importância dos
poetas e artistas das mais variadas áreas para a preservação da cultura e transmissão de valores entre
gerações, por exemplo os valores gloriosos do povo português.
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Canto VII
A armada portuguesa encontra-se em Calecut
Neste capítulo as reflexões dão-se em duas vertentes: crítica às nações contemporâneas de Portugal por não
seguirem o exemplo de português de espalhar a fé; e novamente, o desinteresse generalizado dos
portugueses nas suas obras e no mérito que Camões tem. Neste
quase término da viagem dos portugueses, Camões, faz uma reflexão sobre a forma como os portugueses
alcançaram grandes objetivos e expandiram a fé por todo o mundo, ao contrário de outras potências.
Canto VIII
Sequestro de Vasco da Gama na cidade de Calecut por traidores
Esta é das reflexões mais intemporais que são apresentadas na obra, Camões reflete sobre a corrupção do
ser humano. Após ser sequestrado, bastou simplesmente um pagamento monetário para devolver a liberdade
de Vasco da Gama, evidenciando a forma como o ouro/dinheiro corrompe facilmente todos os Homens e
ainda a forma como o dinheiro chega para comprar uma alma.
Canto IX
Episódio mitológico na Ilha dos Amores, onde Tétis explica a Vasco da Gama o significado da ilha
Existe neste episódio, quase uma enumeração dos requisitos para alcançar a fama e glória. Luís
de Camões utiliza os navegadores portugueses como exemplo para todos aqueles que desejam
alcançar a glória eterna, os aspetos a dominar são: controlo do ócio3, abstenção da ambição e da ganância,
busca constante pela igualdade entre seres de uma forma justa e luta contra os sarracenos
Canto X
Chegada a Portugal da Armada de Vasco da Gama no regresso a casa Camões reforça a mensagem que
pretende mudar a mentalidade dos portugueses, a falta de reconhecimento pátrio. O autor vai até mais longe
e dirige-se ao monarca, pedindo um incentivo e exemplo. Por fim, lamenta num tom desinspirado pela
decadência moral iminente da sua nação.
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Sintetizando:
• A obra lírica camoniana é marcada por uma dualidade: por um lado, a poesia de caráter trovadoresco dos
cancioneiros (Medida Velha) por outro, as novas composições introduzidas pelo Renascimento (Medida
Nova)
Na medida Nova predominam os sonetos, compostos por 14 versos agrupados em duas quasras e dois
tercetos. Os versossão decassílabicos com acento na 6a e 10a sílabas (heroico) ou na 4a, 8a e 10a sílabas.
Linguagem e estilo:
• adjetivação expressiva;
• pontuação emotiva (exclamações, interrogações);
• expressividade de tempos e modos verbais;
• Trabalhou quase todos os géneros restaurados: a écloga, a ode, a elegia e as formas fixas novas - o soneto e
a canção.
A sua poesia é sustentada em polos antagónicos: mulher ideal e perfeita / mulher feiticeira; amor espiritual I
amor sensual; humildade I orgulho; inocência I sentimento de culpa; natureza como espelho da alma I
natureza contrastante com o estado de alma
Áreas temáticas:
• o amor - amor físico vs amor platónico; a divisão interior do sujeito poético causada pelo conflito amoroso;
o poder transformador do amor e os seus efeitos contraditórios.
• a mulher - retrato da mulher perspetivada na conceção de Petrarca e Dante; a amada surge umas vezes
como ser angélico, outras como ser maléfico; a mulher ideal é inacessível e intocável.
• a Natureza - encarada como fonte de recursos expressivos, sempre ligada à poesia amorosa; o locus
amoenus.
• a saudade - faz sofrer mas inspira; a ausência da amada é insuportável e divide o sujeito poético.
• o tempo e a mudança - a mudança é cíclica e o tempo anula qualquer esperança.
• o destino - é sobretudo na sua vida amorosa que Camões sente a presença maléfica do destino:
tentando lutar contra a má fortuna, o sujeito poético recorda, muitas vezes, o bem passado.
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