3º nutrição da

MENTE

Inscreva-se: plenitudeeducacao.com.br
 A RBCA sempre dedicou espaço privilegiado aos temas
relacionados à nutrição que pretendem questionar os
próprios métodos, inovar e apresentar uma prática do
revistadigital.plenitudeeducacao.com.br
profissional da nutrição de forma mais integrada e menos
dicotômica.

Um dos temas que abordamos constantemente é a

necessidade de abrangermos o comportamento e a
comunicação como parte relevante da mensagem do
nutricionista à sociedade e a importância do
nutricionista estar ativo nessa comunicação e
Editoras Chefes
compreender seu público e sua responsabilidade em
Luciana Lancha meio a um mundo globalizado e com acesso digital em
massa a todo tipo de informação.
Roberta Carbonari Muzy
Estamos realizados por sabermos que nossa revista
Diretor de Edição conta, cada vez mais, com profissionais da nutrição de
diversas áreas de atuação e especialização dividindo suas
João Pinheiro
experiências e estudos em matérias dedicadas a esse
canal.
Editora Auxiliar
Gabriela Henriques Em um tempo que se fala tanto de inclusão,
representatividade e empatia, é um privilégio, como uma
das idealizadoras dessa revista, poder praticar tais
valores abrindo espaço e lugar de “fala”, por meio da
Imagens
escrita, para tantos colegas e para todas as abordagens
Canva da profissão.

Conteúdos A empatia, tão valorizada e desejada, começa com a

escuta ou, nesse caso, leitura ativa e tentativa verdadeira
Alunos e Professores da Pós
de entendimento e compreensão da fala do outro.
Graduação em Comportamento
Alimentar e Coaching Nutricional
Agradeço a todos os meus colegas que aceitaram nosso
convite e trouxeram suas reflexões a este canal. E
agradeço, principalmente, a vocês leitores, pela escuta e
leitura ativa de mais uma edição da Revista Brasileira de
plenitudeeducacao.com.br Comportamento Alimentar.

Roberta Carbonari Muzy - Coordenadora da Pós Graduação

@aplenitude em Comportamento Alimentar & Coaching Nutricional
Luciana Lancha - Coordenadora da Pós Graduação em
Comportamento Alimentar & Coaching Nutricional
NUTRIÇÃO AMOROSA®

NUTRIÇÃO E RITMOS BIOLÓGICOS

SONO X ALIMENTAÇÃO X PANDEMIA

A IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

UMA REFLEXÃO SOBRE A PROFISSÃO

ARTIGO

RBCA | 3º ed. 05
ARTIGO

os últimos anos o reconhecimento da As diretrizes de saúde e o aconselhamento

importância da nutrição e dos nutrientes na saúde nutricional têm sido enquadrados em termos da
tem crescido vigorosamente. O conhecimento necessidade de consumir mais ou menos de
sobre o papel dos alimentos e seus componentes determinados nutrientes e componentes
bioativos na saúde, na ativação ou desativação de alimentares, levando à uma visão nutricêntrica dos
mecanismos genéticos que causam inflamação alimentos, isto é, a percepção de que os alimentos
crônica e doenças e a constatação de que são, primariamente, uma coletânea de nutrientes
mudanças na alimentação e no estilo de vida (3,4).
podem, de fato, reverter ou minimizar efeitos
É comum, mesmo entre nutricionistas, pensar na
deletérios de algumas condições de saúde (1,2)
alimentação exclusivamente como um processo
(como doenças cardiovasculares e diabetes) é
cujo objetivo primário é satisfazer as necessidades
motivo de entusiasmo para os nutricionistas
de nutrientes do corpo (6). O nutricionismo (3,4),
Porém o entendimento científico do papel dos como foi denominado esse processo,
nutrientes e processos metabólicos tem gerado inevitavelmente cria um quadro de confusão
uma visão estreita e reducionista da ciência da nutricional, gerando dependência da expertise
nutrição, que acaba interpretando os nutrientes cientifica e deixando o indivíduo suscetível à
isoladamente, sem considerar os padrões alegações de marketing, provocando um senso de
alimentares e contextos sociais e culturais nos ansiedade geral sobre “o que comer”, além de
quais os alimentos estão inseridos (3,4). contribuir para o estabelecimento de
Naturalmente, a tal da “medicina de precisão” “necessidades nutricionais”, para a ideia de que as
(conceito que vem sendo aplicado a outras pessoas carecem de “informação nutricional” de
especialidades de saúde), com a ajuda da que seus “requerimentos” nutricionais precisam
tecnologia e técnicas avançadas tem centrado ser avaliados e monitorados cientificamente.
mais nas avaliações e diagnósticos com foco Assim, a confiança em abordagens tradicionais e
direcionado e nas tecnicalidades, e menos nos culturais da alimentação diminui ao mesmo tempo
aspectos humanos, interpessoais e empáticos do em que aumenta a dependência de especialistas
cuidado (5). em nutrição como fonte de conhecimento sobre
alimentos (3,4).
RBCA | 3º ed. 06
ARTIGO

Curiosamente, mesmo neste contexto, a Nos últimos anos, técnicas como mindfulness,
prescrição dietética e nutricional não é capaz de coaching, comunicação não violenta e ferramentas
provocar mudanças por si só (7), isto é, o motivacionais e da psicologia positiva foram
conhecimento não necessariamente produz direcionadas e aplicadas à alimentação e a saúde,
mudanças alimentares significativas. Isso porque levando ao estabelecimento e disseminação do
comer é um processo não apenas fisiológico, mas Coaching de Saúde ou Wellness Coaching, da
também sociocultural e afetivo (6), no qual a Medicina do Estilo de Vida (Lifestyle Medicine), do
comida é carregada de simbolismos e significados Intuitive Eating (comer intuitivo), do Mindful
afetivos que determinam preferências e aversões Eating e da Nutrição Comportamental.
de forma muito mais ampla. Práticas alimentares
Quando pensamos em todas as novas
são dinâmicas e influenciadas por muitos fatores,
possibilidades que o atendimento nutricional
incluindo o paladar, as preferências alimentares,
permite, fica fácil querer agregar outras técnicas e
preocupações com o peso, aspectos psicológicos,
olhares, direcionando o atendimento para um ou
econômicos e culturais, tempo e conveniência, a
outro posicionamento. Porém ao adaptarmos o
oferta de alimentos, a mídia/marketing, a
atendimento nutricional para incluir outros
percepção de segurança de alimentos, questões
protocolos e técnicas temos que ser cuidadosos
ambientais, crenças e valores (8).
para não engessar nossa visão, trocando um

Para ser um agente de mudança e realizar um reducionismo por outro.

tratamento efetivo, o nutricionista deve ser, além Recentemente, uma cliente comentou que se
de um provedor de informações, um conhecedor identifica muito com a visão de uma nutrição mais
das ferramentas comportamentais e das teorias inclusiva e comportamental, mas que
baseadas em estratégias de mudança (7). Para acompanhando vários nutricionistas nas redes
aumentar a efetividade da educação nutricional e sociais ela sente que mesmo esses profissionais
promover escolhas alimentares sensatas, é que trabalham de forma mais integrativa tem um
recomendado que os nutricionistas utilizem “discurso muito militante”, como se somente a sua
teorias comportamentais além de estratégias visão fosse a acertada. “Não seriam esses
baseadas em evidências (8). profissionais com uma visão mais holística os que
deveriam ter uma linguagem mais cordial e menos
agressiva e julgadora”, ela perguntou?

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ARTIGO

Abordagem centrada no cliente

Na consulta tradicional do nutricionista e de A nutrição é uma ciência baseada em evidências
outros profissionais de saúde são propostas (13). Por conta disso, reconhecer e valorizar a
estratégias de intervenção aguda. Numa expertise que o cliente pode trazer para a consulta
intervenção centrada no paciente e baseada no é difícil para os nutricionistas (10,11), embora os
relacionamento com o profissional de saúde, o pacientes querem que os nutricionistas adotem
profissional não apenas dá uma pílula (ou uma abordagem centrada no cliente, e que levem
orientação) para tratar a doença mas sim ajuda o em conta o que eles desejam das consultas,
paciente a cuidar de si mesmo, facilitando a adaptando para atingir seus requerimentos
mudança de comportamento de forma sustentável individuais (14).
desafiando o paciente a ouvir sua sabedoria Nutrição Amorosa®
interna, identificar valores pessoais e transformar
A Nutrição Amorosa® não é uma técnica, embora
objetivos pessoais em ação (9).
ela possa englobar muitas das técnicas citadas
A abordagem centrada no cliente é amplamente acima. Ela também não é um método, porque não
recomendada por ser associada com melhorias pode ser reproduzida de forma sistemática para
significativas na saúde do paciente e nos cada paciente ou por cada terapeuta.
prognósticos. Porém os nutricionistas ficam
Apesar da proposta de um olhar mais integrado e
confusos em como equilibrar suas crenças com o
de considerar o papel afetivo da comida, a
que se espera das consultas, em como colocar o
Nutrição Amorosa® não é um tratamento
cliente no centro quando tantas informações
psicológico. E também, embora use ferramentas
científicas devem ser abordadas. Atender às
do Coaching de Saúde, ela não é um processo de
necessidades e vontades dos clientes é crítico para
coaching.
uma abordagem centrada no cliente, mas quem
Enquanto o psicólogo trata os aspectos
determina essas necessidades e vontades? Mais
emocionais de seu paciente olhando para o
ainda: quais são as diferenças entre necessidades e
passado e as relações internas e interpessoais, o
vontades? (10,11,12)
coach estabelece com o cliente uma visão de
futuro, que será atingida através de metas
centradas no cliente (15).

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ARTIGO

A Nutrição Amorosa® cuida do presente. Ela Isso não descarta as evidências científicas. Elas
busca incentivar a autonomia das pessoas em servem de base para os ajustes e para o
relação à nutrição, relembrar da importância de se diagnóstico. Todas as condutas e conhecimento
“ouvir” o próprio corpo e estimular um tradicionais da nutrição podem ser utilizados,
questionamento gradual do estilo de vida e da porém o foco é que através do relacionamento
alimentação, eventualmente fazendo os ajustes com o nutricionista e especialmente do cliente
que o cliente esteja disponível para fazer com base consigo mesmo, ele possa
em suas percepções e na avaliação diagnóstica do transformar/ressignificar seu relacionamento
profissional. com a comida e com seu corpo, (re)descobrindo o
que é importante para ele a despeito das
A Nutrição Amorosa® tem como enfoque uma
recomendações científicas e resgatando seu saber
alimentação com menos regras impostas de fora e
íntimo, respeitando o que faz sentido para ele
mais baseada nas vontades do corpo, apostando
naquele momento, e se aventurando para a
na ideia de que a tal da “sabedoria interna do
ampliação de repertórios e possibilidades. Ouvir o
cliente” pode direcionar os processos, sendo o
corpo é mais importante do que seguir uma regra
profissional um facilitador, amparador e guia. A
imposta de fora e o nutricionista pode ajudar a
proposta é centrar a conduta nutricional no
interpretar e a validar seu processo de mudança.
paciente e nas suas necessidades, exercitando a
escuta ativa sem uma agenda pré-dirigida. Não Os valores fundamentais da Nutrição Amorosa®
necessariamente se colocam metas, e não são:
necessariamente se cobram tarefas e mudanças. *Escutar com curiosidade
A Nutrição Amorosa® é um conceito, uma Ouvir, muito mais que falar – sair do papel de
abordagem mais gentil com o próprio corpo e com instrutor e exercitar o papel de ouvinte, fazendo
o paciente, honrando a sua história e perguntas e ajudando o paciente a enxergar sua
possibilidades. Na Nutrição Amorosa®, leva-se em narrativa e seu percurso. Prescrever importa
conta não só o estilo de vida do paciente e suas menos que entender.
necessidades nutricionais, mas sim, aquelas coisas
que fazem ou não fazem sentido para ele dentro
de um contexto pessoal. Na Nutrição Amorosa®
as histórias e escolhas pessoais importam mais que
regras, imposições, cardápios ou dietas.
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ARTIGO

*Reconhecer o percurso e valorizar sua história * Estabelecer uma relação paciente-terapeuta

Quando o paciente enxerga seu percurso ele A consulta deve um local seguro, onde o paciente
muda a visão que tem sobre si e sobre suas não se sinta julgado e sim estimulado a fazer as
singularidades. Como na técnica do Kintsugi os mudanças que identificou serem necessárias a
pedaços de um pote acidentalmente quebrado partir da sua trajetória. O nutricionista é terapeuta,
devem ser cuidadosamente recolhidos, e a alimentação é sua ferramenta de trabalho.
reorganizados e colados com um esmalte
* Construir auto-confiança
infundido com um pó de ouro. O objetivo não é Cada indivíduo é único. A partir de suas narrativas
disfarçar os danos, mas é tornar as rachaduras e de sua história, explorar junto ao cliente suas
belas e fortes. “As preciosas veias de ouro estão ali possibilidades, demonstrando confiança em sua
para enfatizar que as rachaduras têm um mérito capacidade de propor e fazer as mudanças
próprio e filosoficamente rico (16).” O trabalho da necessárias. Para isso, o nutricionista precisa
Nutrição Amorosa® é remendar com ouro realmente acreditar que o cliente é capaz de
tornando belo e valioso o percurso do paciente. mudar. Ressaltar os aspectos positivos e as
*Estimular o auto respeito e a auto gentileza mudanças que ele conseguiu fazer ajuda o cliente a
construir uma narrativa de sucesso, já que a
A partir do momento em que o cliente conhece e
tendência é quase sempre focar nos fracassos.
valoriza sua história, ele pode trabalhar a auto-
compaixão e construir a confiança em sua *Ajudar o paciente a ser autônomo
capacidade de regenerar e ressignificar o papel da Lembrando que comer melhor tem um significado
comida. Estimular o desenvolvimento do auto diferente para cada pessoa e que as melhorias
respeito fazendo o paciente aprender a aceitar seu podem ser graduais – cada pessoa tem um tempo
corpo e sua escuta interna como válida. Isso só vai próprio. Não é porque as mudanças não são
acontecer se o nutricionista também atuar de visíveis que elas não estão em andamento. A saúde
forma compassiva e validar e respeitar a sabedoria não é linear, ela faz parte de um percurso
interna do cliente. construído e recaídas fazem parte do processo de
aprendizagem.

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ARTIGO

*Trabalhar com o cliente para estabelecer uma Pacientes de terapeutas empáticos apresentam
abordagem equilibrada com a alimentação, que melhores resultados de saúde, seguem as
honre um relacionamento saudável e satisfatório orientações de forma mais eficaz, são mais
com a comida, com a fome e a saciedade. autônomos no cuidado, apresentam maior

Entender que não importa especificamente o que aderência à medicação, atividade física e dieta e

ele come porque há vários jeitos de comer – ajudá- são mais satisfeitos e motivados com relação às

lo a desvendar qual é o seu padrão alimentar, e mudanças (5,17,18,19,20).

numa segunda etapa, como transformar esse jeito A Nutrição Amorosa® é, portanto, uma jornada
singular de forma que se aproxime das evidências em busca das singularidades do cliente que,
e recomendações científicas. através de uma abordagem empática e intuitiva do
nutricionista, leva ao cliente a reconhecer e
A alimentação como um todo ou o padrão
valorizar seu percurso, valorizar a escuta do seu
alimentar é o enfoque mais importante. Todos os
corpo e fazer as transformações necessárias de
alimentos podem ser consumidos dentro de uma
forma autônoma, desenvolvendo uma relação
alimentação saudável, dependendo do contexto
mais gentil consigo mesmo e mais amigável com a
(frequência, proporção, distribuição). Mensagens
alimentação.
práticas, proativas e empoderadoras que
enfatizam a dieta como um todo e não nutrientes e Referências bibliográficas
alimentos específicos podem promover mudanças 1.Ornish, D; Ornish, A. Undo It! How simple lifstyle changes can reverse most
chronic diseases. New York, Ballantine Books, 2019.
positivas no estilo de vida e ajudar a diminuir a
confusão dos consumidores (8). 2. Ornish D, Scherwitz LW, Billings JH, et al. Intensive lifestyle changes for
reversal of coronary heart disease [published correction appears in JAMA 1999

*Ser empático Apr 21;281(15):1380]. JAMA. 1998;280(23):2001-2007.

Empatia é uma postura. Se refere ao cuidado que 3.Scrinis, G. Nutritionism. The Science and politics off dietary advice. Columbia

incorpora o entendimento da perspectiva do University Press, 2013.

paciente, a tomada compartilhada de decisões 4.Scrinis, G. "On the Ideology of Nutritionism." Gastronomica, 8, no. 1 (2008): 39-

entre o terapeuta e o paciente e leva em conta o 48. Accessed August 24, 2020.

contexto mais amplo em que a doença ou os 5. Dambha-Miller, H et al. Association Between Primary Care Practitioner
Empathy and Risk of Cardiovascular Events and All-Cause Mortal- ity Among
sintomas se manifestam.
Patients With Type 2 Diabetes: A Population- Based Prospective Cohort Study
Ann Fam Med 2019;17:311-318

RBCA | 3º ed. 11
 ARTIGO

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centered approach to nutrition counseling. J Am Diet Assoc. 2007;107(8):1414-
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Autora
11.Levey R, Ball L, Chaboyer W, Sladdin I. Dietitians' perspectives of the barriers
Marcia Daskal
NUTRICIONISTA
and enablers to delivering patient-centred care. J Hum Nutr Diet. Fundadora da Recomendo – Nutrição e
Qualidade de Vida, e criadora do conceito de
2020;33(1):106-114.
Nutrição Amorosa®
@marciadaskal
12.Sladdin I, Ball L, Bull C, Chaboyer W. Patient-centred care to improve dietetic
practice: an integrative review. J Hum Nutr Diet. 2017;30(4):453-470.

13. Harper C, Maher J. Investigating Philosophies Underpinning Dietetic Private

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properly, I feel good': a qualitative examination of patient experiences of dietetic
consultations. J Hum Nutr Diet. 2012;25(3):275-284.

15. Dayan PH, Sforzo G, Boisseau N, Pereira-Lancha LO, Lancha AH Jr. A new
clinical perspective: Treating obesity with nutritional coaching versus energy-
restricted diets. Nutrition. 2019;60:147-151. doi:10.1016/j.nut.2018.09.027

16. The School of Life. A Arte de viver bem, e a técnica do Kintugi.

In:https://www.theschooloflife.com/saopaulo/blog/a-arte-de-viver-bem-e-
a-tecnica-do-kintsugi/. [Acessado em 18 de agosto de 2020]

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ARTIGO

RBCA | 3º ed. 13
ARTIGO

maior parte da nossa evolução genética O sono, a atividade física, a alimentação e a

aconteceu em um cenário onde os seres humanos exposição a luz são alguns dos determinantes das
viviam em cavernas e se alimentavam do que oscilações circadianas internas, capazes de as
encontravam e do que conseguiam caçar. Durante aproximar ou afastar do ciclo externo de 24 horas.
a maior parte da existência da nossa espécie não Esses sinais ambientais, chamados Zeitgebers,
existia luz artificial e, portanto, todo o contato do fornecem informações de ajuste para o sistema
ser humano com a iluminação era proveniente da circadiano, sincronizando os ritmos biológicos (1,2).
luz solar. Evoluímos expostos ao ciclo ambiental de O desalinhamento circadiano refere-se à
claro e escuro e, por isso, nossos processos perturbação do ciclo interno em relação ao ciclo
internos oscilam adaptados a ele. De forma ambiental de luz. Insônia, dificuldade em acordar
simples: estamos programados para realizar pela manhã e sonolência durante o dia são
atividades e se alimentar durante o dia e repousar sintomas típicos e imediatos do desalinhamento
e dormir durante a noite. circadiano. No entanto, as consequências

A palavra “circadiano” se deriva do latim e significa fisiológicas e psicológicas são muito mais amplas e

“cerca de um dia”, fazendo referência ao ritmo incluem mudanças nos padrões de alimentação,

ambiental. Muitos processos fisiológicos e função metabólica e maior risco de doenças (3). O

comportamentais dos seres humanos desalinhamento circadiano ocorre em muitos

demonstram ter ritmos circadianos, incluindo cenários, sendo alguns transitórios, como viagens

regulação da temperatura corporal, cognição, que incluem mudança de fuso horário, ou

humor e produção e liberação de hormônios, crônicos, como alteração no padrão de horários

como cortisol e melatonina. É importante ressaltar aos finais de semana (jet lag social) ou no trabalho

que o ciclo circadiano biológico não tem (shift work) (3).

necessariamente a duração exata de 24 horas,

podendo correr um pouco além disso se existirem
estímulos.

RBCA | 3º ed. 14
ARTIGO

O ritmo atual da nossa sociedade tem se tornado Essas observações fizeram com que a maior
cada vez mais intenso, exigindo que algumas organização mundial de pesquisa sobre câncer
atividades ocorram durante todo o período de 24 (IARC – OMS) classificasse esse tipo de ocupação
horas, o que aumenta a demanda de trabalhadores como potencialmente carcinogênica para seres
em turnos. Esse tipo de ocupação, conhecida humanos. Quando estudado em laboratórios, o
também como Shift Work, engloba tanto o desalinhamento circadiano demonstrou causar
trabalho permanente em horário noturno como o diversas alterações em parâmetros bioquímicos e
em turnos alternados, caracterizando qualquer fisiológicos (6,7), como alteração gasto energético,
trabalhador fora do horário comercial comum o padrão de utilização de gorduras e carboidratos
(entre 9 da manhã e 5 da tarde). Quando exposto a (8), a regulação hormonal (9), a pressão arterial e
essa condição, o indivíduo precisa estar acordado diversos marcadores inflamatórios (10).
em oposição ao ciclo circadiano construído
Evidências científicas indicam que comer em
evolutivamente para o ser humano (4). Portanto,
sincronia com os ritmos circadianos parece
modificar seus horários de sono e de alimentação
reduzir o peso corporal e melhorar
os coloca em uma condição de desalinhamento
significativamente a saúde metabólica. A
circadiano4 ou disrupção circadiana (3). Horários
abordagem prática referente ao antigo ditado
alterados de sono e de alimentação podem causar
popular "comer o café da manhã como um rei,
distúrbios no balanço hormonal, como da leptina e
almoçar como um príncipe e jantar como um
grelina, reguladores chave de saciedade e fome
pobre" foi testada no âmbito científico. Nesse
que possuem variações circadianas ao longo do dia
estudo foi observado que mulheres que comeram
(4). Estudos científicos indicam que os
mais durante o café da manhã e menos a noite
trabalhadores em turno apresentam risco
perderam 5,1 kg mais peso em um período de 12
aumentado para diabetes (devido provavelmente à
semanas do que as que ingeriram as calorias em
um metabolismo alterado da glicose), síndrome
um padrão oposto. Além disso, o grupo que ingeriu
metabólica, obesidade, câncer e doenças
mais calorias no café da manhã teve maior
cardiovascular (4), sendo quanto maior o período
redução da circunferência da cintura, da glicemia
de exposição a uma rotina de trabalho noturna,
de jejum, da insulina, HOMA-IR e de níveis médios
maior o risco associado (5).
de triglicérides.

RBCA | 3º ed. 15
ARTIGO

Da mesma forma, a média diária de glicose,

insulina e grelina foram significativamente
menores, enquanto a saciedade foi
significativamente maior no grupo que ingeriu a
maior quantidade de calorias no café da manhã.
Mesmo apenas um dia pulando essa refeição teve
um efeito deletério na expressão de genes que
controlam o relógio biológico e o controle
glicêmico em outro estudo (11). Consumir o café da
manhã é uma estratégia importante no
alinhamento dos genes circadianos,
principalmente quando também se deseja o
controle glicêmico no diabetes tipo 2. Além disso,
o relógio circadiano também regula a pressão
arterial e a atividade cardiovascular e, portanto, o
momento da refeição pode ter influências
importantes em diversas complicações crônicas
da obesidade e do diabetes. Um estudo também
mostrou que mulheres que almoçaram 16:30
(comparado ao grupo que almoçou 13:00) tiveram
menor tolerância a glicose (12).

Priorizar a ingestão de alimentos e as atividades

durante o dia e reservar o período noturno para
um sono de qualidade é determinante para regular
os relógios biológicos internos ao ciclo circadiano
ambiental. Se expor a luz natural na parte da
manhã; evitar telas com luz artificial, grandes
refeições e cafeína a noite; e tomar chás
relaxantes, priorizando um ambiente calmo e
tranquilo para dormir são alternativas simples e
eficientes para manter a sincronia dos relógios
biológicos, provendo saúde e qualidade de vida a
curto e longo prazo.

RBCA | 3º ed. 16
ARTIGO

Referências Bibliográficas:
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Chronobiol. Int. 36, 203–213 (2019).

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4. James, S. M., Honn, K. A., Gaddameedhi, S. & Van Dongen, H. P. A. Shift Work:
Disrupted Circadian Rhythms and Sleep—Implications for Health and Well-
being. Curr. Sleep Med. Reports 3, 104–112 (2017).

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Autor
Valentim Magalhães
NUTRICIONISTA
Coordenador Científico do NEPeN Núcleo de
Ensino e Pesquisa em Nutrição.

@valentim_nutri

RBCA | 3º ed. 17
ARTIGO

SONO X ALIMENTAÇÃO
X PANDEMIA
RBCA | 3º ed. 18
ARTIGO

sono é definido como um estado funcional, Sabe-se que esse encurtamento do tempo de
reversível e cíclico, com algumas manifestações dormir tornou-se um hábito comum na
comportamentais características e várias funções atualidade, devido às exigências profissionais e
são atualmente atribuídas ao sono, dentre elas a de acadêmicas, além do uso de dispositivos
recuperação do organismo devido ao débito tecnológicos da sociedade moderna (Fagherazzi et
energético estabelecido durante a vigília, a al., 2017).
restauração do desempenho físico, a consolidação
Atualmente, devido ao confinamento covid-19
da memória, atuação em mecanismos de defesa
várias adaptações ocorreram alterando os ritmos
do hospedeiro e de termorregulação, e uma
biológicos, juntamente com sentimentos de
possível função linfática que remove subprodutos
ansiedade e medo e prejuízos funcionais e
tóxicos da atividade de vigília (Krueger et al., 2016).
metabólicos ditados por um estilo de vida

O sono é dividido em dois estados principais: o não sedentário. Tudo isso unido afetou de maneira

REM, do inglês rapid eye movement, e sono REM. impactante o tempo e a qualidade do sono de

Estes estágios se alternam continuamente durante forma geral.

o período de sono a partir de ciclos com duração Meta-análises reforçam que indivíduos com
média de 90 minutos e que se repetem de 4 a 5 menor tempo de sono apresentam maior risco
vezes. Em geral o sono NREM concentra-se na para o desenvolvimento da obesidade quando
primeira parte da noite, enquanto o sono REM comparados aqueles que mantém um tempo
predomina na segunda parte. adequado de sono (Li et al. 2017). Uma meta-
análise sobre o tema reuniu onze artigos e
Inquéritos epidemiológicos realizados nas últimas
envolveu 197.906 participantes que habitualmente
décadas apontam para uma importante redução
apresentam curta duração do sono (<7h) e 164.016
do tempo total de sono em diferentes partes do
participantes com longa duração do sono (>7h).
mundo, incluindo países desenvolvidos como nos
Comparado à duração normal do sono, a razão de
Estados Unidos (Liu et al., 2016; Ford et al., 2014) e
chance para a obesidade foi de 1,25 em indivíduos
da União Europeia (Krzysztoszek et al., 2019), além
com curta duração de sono. Não foi encontrada
de países em desenvolvimento como o Brasil
associação significativa entre a longa duração do
(Soterio-Pires et al., 2017).
sono e o risco de obesidade (>8h) (Wu et al., 2014).

RBCA | 3º ed. 19
ARTIGO

Apesar de poucos estudos terem investigado a Spiegel et al. (2004) iniciaram pesquisas sobre esta
relação entre padrão do sono e perda de peso, as temática, e demonstraram que os níveis de grelina
evidências até então disponíveis sinalizam que foram aumentados em 28% e de leptina reduzidos
uma menor duração do sono pode prejudicar o em 18% em homens jovens após um período de
processo de emagrecimento (Thomson et al., 2012) restrição do sono (4h em relação a 10h). Os
ou a manutenção do peso a longo prazo (Chaput et resultados foram acompanhados pelo aumento da
al., 2012), diminuindo, em especial, a perda de fome em 24% e do apetite em 23%.
massa de gordura corporal (Wang et al., 2018).
Os efeitos das restrições do COVID-19 sobre os
Vários mecanismos têm sido apresentados para ritmos sociais e biológicos, bem como o sono têm
explicar a relação entre ganho de peso, sido investigados, mostrando que, embora,
emagrecimento e padrão de sono. Dentre eles durante a pandemia COVID-19 a vida social tenha
destacam-se os seguintes: tempo adicional reduzido e algumas pessoas experimentaram
acordado oferece mais oportunidades para comer; maior flexibilidade em relação aos horários devido
a modulação de hormônios que sinalizam o ao trabalho em casa, a diminuição do sono está
aumento de apetite e saciedade reduzida após a afetando muitas pessoas (Blume et al, 2020).
privação de sono; a alteração dos mecanismos de Atualmente mudanças no estilo de vida, bem como
termorregulação; e o aumento da fadiga, o maior número de pessoas trabalhando em casa,
implicando menor nível de atividade física (Crispim crianças dentro de casa o tempo todo precisando
et al., 2018, 2007; St-Onge, 2017). de atenção, medo de adoecer, ansiedade com
questões econômicas e financeiras, juntos
Um estudo com 27.983 mulheres identificou um
induzem um impacto negativo no sono,
predomínio do consumo de lanches em relação às
contribuindo para uma duração curta ou de má
refeições entre as participantes com período de
qualidade. Como a comida funciona como um sinal
sono reduzido. Este comportamento também foi
hedônico no sistema nervoso central, isso
associado à maior ingestão de alimentos ricos em
representa um risco potencial de
gordura e doces e menor ingestão de frutas e
superalimentação, na busca de recompensas pelo
vegetais (Kim et al., 2010).
momento em que vivemos. Dessa forma temos,
nesse momento de distanciamento social, pelo
menos dois fatores importantes contribuindo para
o ganho de peso, sono de má qualidade e uma
alimentação mais hedônica.

RBCA | 3º ed. 20
ARTIGO

Alguns autores defendem que é necessário

estudar como a população sofre no isolamento
físico, entender a influência desse confinamento
no sono e na dieta, pois as lições de estilo de vida
da pandemia COVID-19 devem preparar toda a
população para uma próxima situação como esta
(Galli et al, 2020)

Referência bibliográfica
Blume CS, MH; Cajochen, C (2020) Effects of the COVID-19 lockdown on human
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Coordenadora da Pós Graduação em
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Nutricional
@lulancha
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elevated ghrelin levels, and increased hunger and appetite. Ann Intern Med
2004a; 141: 846–850.
RBCA | 3º ed. 21
ARTIGO

a importância
do nutricionista
na indústria de alimentos
RBCA | 3º ed. 22
ARTIGO

nutricionista, em qualquer área de atuação, Mas com o tempo, as empresas passaram a

tem a responsabilidade de proporcionar ou apreciar o valor que um nutricionista altamente
orientar dietas nutricionalmente adequadas, qualificado pode agregar ao negócio. Essa é uma
seguras, saborosas e sustentáveis para indivíduos grande oportunidade para o nutricionista garantir
ou grupos populacionais. seu assento à mesa e fazer parte de discussões que
envolvem produção e consumo de alimentos.
A atuação do profissional de nutrição na indústria
já é reconhecida há algum tempo. A Resolução Quando falamos em ‘indústria de alimentos’, em
CFN Nº 380 de 2005 já trazia como áreas de geral pensamos em grandes corporações. Porém,
atuação possíveis do nutricionista a ‘indústria’ e o qualquer atividade que envolva a preparação de
‘marketing’ (1). Em 2018 este documento foi ingredientes ou produtos alimentícios para venda,
revisado e foi publicada a Resolução CFN Nº 600, e que não seja de consumo no local (como são os
com uma nova definição de área de atuação em restaurantes), é uma potencial indústria de
‘Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e no alimentos.
Comércio de Alimentos’ (2).
Você já ouviu sobre alguém que começou
Apesar da presença do nutricionista na indústria vendendo brigadeiro ou pão de queijo na porta de
estar reconhecida há tantos anos, ainda há muita empresas e acabou abrindo um negócio de venda
dúvida e até preconceito sobre esta atuação. Uma formal? Essa pessoa aumentou sua produção e
pesquisa do Conselho Federal de Nutricionistas passou a vender seus produtos a outros
(CFN), feita em 2016, com 1.104 nutricionistas comerciantes, atingindo um maior número de
empregados(as), mostrou que menos de 4% pessoas. Bem, essa pessoa montou uma indústria
atuavam nas áreas ‘indústria’ ou ‘marketing’ (3). de alimentos. A diferença entre a pequena e
grande indústria está, basicamente, em seus
Há 10-15 anos, muitas empresas cobriam algumas
números: número de funcionários, tamanho e tipo
das tarefas relacionadas à alimentação e nutrição
de maquinário e ingredientes utilizados,
com engenheiros de alimentos, químicos e
diversidade e número de produtos produzidos.
farmacêuticos.

RBCA | 3º ed. 23
ARTIGO

Seja em pequenos negócios familiares, startups ou Gerenciamento de projetos de pesquisa:

grandes indústrias de alimentos, os nutricionistas • Planejar o programa de pesquisa
possuem as habilidades e os conhecimentos • Fazer contato com especialistas acadêmicos
necessários para orientar sobre a produção e externos
comunicação de produtos alimentícios. Essa • Comunicar resultados de pesquisas
relação é valiosa não apenas para a indústria de • Representar a empresa em comitês externos ou
alimentos, mas principalmente para o consumidor! em conferências científicas

Dentre as principais funções do nutricionista na Cozinha experimental

indústria de alimentos está o aconselhamento • Desenvolver receitas, testando o melhor uso de
(interno e externo) em relação às características produtos, melhor forma de preparação de
nutricionais dos alimentos. Isso significa que o alimentos e outros
conhecimento técnico-científico do profissional • Desenvolver manuais de receitas, higiene de
é uma das principais habilidades procuradas para alimentos, uso integral de alimentos e outros
o cargo de nutricionista na indústria.
Controle de qualidade e segurança alimentar
• Desenvolver protocolos de segurança alimentar
Na indústria de alimentos, os nutricionistas podem
• Treinar funcionários
trabalhar em uma ampla variedade de
departamentos, como ‘pesquisa e Nutrição sustentável

desenvolvimento’, ‘assuntos regulatórios’, e • Desenvolver materiais educativos e treinamentos

‘marketing’. O trabalho pode ser extremamente para diminuição de desperdício de alimentos

variado, mas geralmente se enquadra nas • Aconselhar sobre ingredientes e comunicação de

categorias citadas abaixo. nutrição sustentável

Pesquisa e Desenvolvimento Marketing nutricional

Desenvolvimento de novos produtos: • Aconselhar ações de marketing
• Formulação/reformulação de alimentos: dar • Desenvolver comunicação científica
recomendações sobre o conteúdo nutricional dos • Desenvolver material técnico-científico sobe
produtos produtos e categorias de alimentos
• Destacar tendências na ciência nutricional • Comunicar e dar suporte técnico a profissionais
• Aconselhar sobre ingredientes e alegações de de saúde
saúde • Organizar eventos científicos
• Aconselhar sobre alergênicos
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ARTIGO

Assuntos Regulatórios
• Garantir o cumprimento da legislação vigente
• Contribuir tecnicamente em reuniões para o
desenvolvimento de nova legislação
• Revisar e aconselhar sobre rotulagem nutricional,
lista de ingredientes, alérgenos e demais
obrigatoriedades de rotulagem
• Coordenar procedimentos de registro de
produtos
• Participar em grupos de trabalho setoriais sobre
regulamentações nutricionais

Relações Públicas e Comunicações

• Fazer apresentações ou palestras externas
• Comunicar com a mídia
• Participar em entidades de classe e sociedades
científicas
• Colaborar com pesquisadores e outras empresas
de alimentos em temas técnico-científicos

Promoção de saúde
• Desenvolver e aplicar programas de educação
nutricional com funcionários
• Coordenar o serviço de alimentação para
funcionários

Serviços de Atendimento ao Consumidor

• Desenvolver a comunicação com consumidores
e clientes
•Escrever documentos tipo ‘perguntas e respostas’
sobre produtos da empresa
• Apoiar o serviço de informação com consumidor,
respondendo a questões técnicas e nutricionais
dos produtos

RBCA | 3º ed. 25
ARTIGO

Em uma empresa pequena, o profissional de A indústria farmacêutica tem que cumprir a lei e
nutrição pode ser responsável por diversas das declarar a composição do medicamento na forma
funções mencionadas acima. Empresas médias e com que a lei exige. O mesmo para indústrias de
grandes podem ter setores mais especializados, e cosméticos e de alimentos. Muitas destas normas
o profissional atua em uma ou poucas destas são mundialmente aceitas e alinhadas. Para mudar
atividades, porém gerencia um número maior de esse cenário, as normas precisam ser revistas ou a
produtos, categorias ou países. população precisa ser instruída de forma eficiente
sobre essa nomenclatura técnica.
Uma função importante do nutricionista é ajudar
as pessoas a tomarem decisões baseadas em Por outro lado, a presença de todos os
informações sobre alimentos. ingredientes utilizados descritos na lista de

A informação ofertada pela indústria sobre a ingredientes é relevante quando falamos de

composição de seus alimentos é um tema transparência e de direito à informação. Quem

controverso. Muitas vezes, existe a dificuldade de convive com uma pessoa que tem alguma alergia

entendimento sobre os ingredientes de um alimentar sabe que muitos deles se sentem mais

alimento industrializado, já que a lista de seguros consumindo alimentos industrializados,

ingredientes contém nomes que podem não ser que têm rótulo, do que os preparados em

facilmente reconhecidos. O mesmo pode restaurantes ou por terceiros de forma caseira.

acontecer com lista de ingredientes de remédios e Assim, um papel importante na indústria, que pode

de shampoos, por exemplo. É muito frustrante não ser realizado por nutricionistas, é o de garantir que

entender o que há em um produto e isso pode nos normas aplicáveis sejam cumpridas, como por

levar à indignação com a empresa, pela ausência exemplo, que o rótulo destaque os alergênicos

do uso de linguagem acessível a todos. O que o presentes nos produtos.

remédio, shampoo e alimentos têm em comum é

uma regulamentação, rígida, que define a forma
como os ingredientes devem ser declarados e
nomeados. E essas normas são feitas por pessoas
técnicas, para que outras pessoas técnicas possam
entender.

RBCA | 3º ed. 26
ARTIGO

Dentre os ingredientes utilizados pelas indústrias, Na indústria, o ácido cítrico, ou ascórbico, são
os aditivos são os principais alvos de criticismo chamados de acidulantes, uma espécie de aditivo.
atualmente. Segundo a ANVISA (Agência Nacional Quando adicionamos gema de ovo para preparar
de Vigilância Sanitária), "aditivo alimentar é todo e uma maionese caseira, queremos na verdade uma
qualquer ingrediente adicionado intencionalmente substância, a lecitina, que não tem a função de
aos alimentos sem o propósito de nutrir, com o nutrir, mas de permitir que água e óleo se
objetivo de modificar as características físicas, misturem. Na indústria, a lecitina é um aditivo
químicas, biológicas ou sensoriais, durante a emulsificante. O nutricionista na indústria pode
fabricação, processamento, preparação, atuar junto ao setor de desenvolvimento de
tratamento, embalagem, acondicionamento, produtos garantindo o uso adequado de aditivos.
armazenagem, transporte ou manipulação de um Além disso, tem um papel importante na
alimento" (4). Ou seja, aditivo é um termo comunicação responsável sobre tais ingredientes.
regulatório, bastante genérico, usado para
Outro papel fundamental do nutricionista na
qualquer substância adicionada ao alimento que
indústria de alimentos tem relação com a
não aporte calorias nem nutrientes, ou seja, sem a
qualidade nutricional dos alimentos produzidos. O
função de nutrir. Essa simples definição já gera
nutricionista usa seu sólido conhecimento de
dúvidas.
nutrição e saúde para orientar sobre a melhor
Algumas pessoas se perguntam se um ingrediente composição nutricional para cada produto. Vale
que não tem a função de nutrir deveria estar em ressaltar que não há definição de ‘alimento
um alimento. Esse raciocínio pode fazer sentido saudável’. A Organização mundial de saúde define
em um primeiro momento, mas basta pensar em apenas critérios de uma ‘alimentação saudável’ (5).
um par de exemplos caseiros para perceber que Quando tentamos aplicar critérios de alimentação
tais ingredientes podem ser importantes. Por para um produto, geramos um erro. Por exemplo,
exemplo, ao adicionar fermento à massa de pão ou uma dieta saudável tem, por definição, menos de
bolo, a função não é nutrir, e sim promover a 30% do valor energético provenientes de gorduras
fermentação, fazer com que o pão ou o bolo (5). Se aplicarmos este limite a um azeite de oliva,
cresça. Na indústria, o fermento é classificado que tem toda sua energia proveniente de gordura,
como um aditivo. Em casa, ao adicionar suco de chegaríamos à conclusão de que o azeite não é um
limão ou laranja na salada de frutas, a função não é alimento saudável, o que não faz sentido.
nutrir, mas sim baixar o pH para evitar o
escurecimento enzimático.

RBCA | 3º ed. 27
ARTIGO

O azeite, apesar de ser 100% gordura, quando faz Durante todos estes anos que tenho trabalhado na
parte de uma dieta que seja composta também por indústria, sempre recebi perguntas relacionadas às
outros macronutrientes pode ser parte de uma quantidades de açúcar e sal nos alimentos
alimentação saudável. Como a dieta é composta de industrializados. Talvez a categoria que tenha
vários produtos, é difícil definir limites nutricionais maior fama de vilão é a de temperos, como o caldo
para um produto individual. E talvez esse seja o em cubo. Sempre ouvi, inclusive durante a
principal desafio do nutricionista na indústria: graduação, que caldos em cubo contêm
definir critérios de nutrientes para os produtos e quantidades excessivas de sódio. E esse dado
orientar uma comunicação adequada sobre o parece mesmo verdadeiro quando se olha a tabela
consumo dos alimentos. Há produtos indicados nutricional do produto e se observa a quantidade
para consumo mais frequente e aqueles de de sódio presente em um cubinho. Porém, a conta
consumo esporádico e porções menores. que poucos fazem é quanto daquele cubo
efetivamente é consumido. Um caldo deve ser
À medida que os alimentos industrializados
usado para temperar 1,2kg de alimento. Isso
passam a estar mais presentes na alimentação da
significa alimento para 4-5 pessoas. Ou seja, aquela
população, se faz mais importante a avaliação dos
quantidade de sódio do cubo deveria ser dividida
nutrientes destes produtos. Há uma percepção
por 4-5. Além disso, estudos não publicados
por parte de alguns consumidores e nutricionistas
mostraram que consumidores usam mais sal
de que os alimentos industrializados contribuem
quando temperam os alimentos de forma ‘caseira’,
com quantidades excessivas de sal e açúcares.
do que quando usam temperos prontos. Esse dado
Porém, dados da Pesquisa de Orçamentos
está em linha com os resultados da POF (6)
Familiares (POF) 2008-2009 indicam que a
comentados anteriormente, indicando que a
principal origem de ingestão de sódio pelo
principal fonte de sal da dieta e de adição caseira.
brasileiro é o sal de cozinha, representando 71,5%
do sódio ingerido no País. Os alimentos
A indústria de alimentos tem sido alvo de críticas e
industrializados foram responsáveis por 13,8% do
descrença por parte da população e até de alguns
total de sódio ingerido pelos brasileiros (6).
profissionais de saúde que, muitas vezes por
Situação semelhante é observada com o açúcar,
desinformação, criticam tecnologias e processos
em que 56% do consumo vem do açúcar de mesa
empregados pela indústria.
usado nos domicílios, e menos de 20% são
oriundos do açúcar adicionado aos alimentos
industrializados (7).

RBCA | 3º ed. 28
ARTIGO

Mas é importante lembrar que o processamento é

uma ferramenta, e não um resultado. Como
ferramenta, o processamento de alimentos pode
ser usado de diferentes formas, com diferentes
objetivos e gerando diferentes resultados. Os seres
humanos processam alimentos há milênios,
produzindo alimentos palatáveis (processamento
de grãos), seguros (fermentação, pasteurização),
nutritivos e que duram mais tempo (desidratação,
que também preserva o valor nutricional). Hoje,
Impressoras 3D, imprimem alimentos que podem
ser mais sustentáveis e nutritivos e que podem
atender necessidades especiais de nutrição e
textura (alimentos pastosos para idosos, por
exemplo). O nutricionista deve conhecer essa
ferramenta chamada processamento para garantir
que ela seja usada para produzir alimentos
seguros, nutritivos, sustentáveis e saborosos!

Ao trabalhar com a indústria de alimentos os

nutricionistas podem ter um assento importante à
mesa, tendo possibilidade de contribuir,
favoravelmente, para desenvolvimento e
comunicação de produtos nutritivos e
sustentáveis. Os nutricionistas podem ter uma
influência positiva sobre como os alimentos são
produzidos e comercializados; como pesquisas são
conduzidas e comunicadas; e como o público
recebe e utiliza informações para tomar decisões
de saúde.

Referências bibliográficas

1) Resolução CFN Nº 380, de 28 de dezembro de

2005. Dispõe sobre a definição das áreas de
atuação do nutricionista e suas atribuições,
estabelece parâmetros numéricos de referência,
por área de atuação, e dá outras providências.
Diário Oficial da União Nº 7, 10 de janeiro de 2006.

RBCA | 3º ed. 29
ARTIGO

2) Resolução CFN Nº 600, de 25 de fevereiro de

2018. Texto retificado em 23 de maio de 2018.
Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do
nutricionista e suas atribuições, indica parâmetros
numéricos mínimos de referência, por área de
atuação, para a efetividade dos serviços prestados
à sociedade e dá outras providências. Diário Oficial
da União Nº 98, 23 de maio de 2018.

3) Conselho Federal de Nutricionistas (CFN).

Pesquisa realizada em 2016 com amostra de 1.104
nutricionistas empregados(as)

4) Portaria nº 540, de 27 de outubro de 1997.

Aprova o Regulamento Técnico: Aditivos
Alimentares - definições, classificação e emprego.
D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo,
de 28 de outubro de 1997. SVS/MS - Ministério da
Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária

5) WHO. Healthy diet. 29 April 2020.

6) ABIA - Associação Brasileira das Indústrias da

Alimentação. Cenário do consumo de sódio no
Brasil. Estudo baseado em dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. 2015

7) ABIA - Associação Brasileira das Indústrias da

Alimentação. Cenário do consumo de açúcar no
Brasil. Estudo baseado em dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. 2015

Autora
Fernanda de Oliveira
Martins
NUTRICIONISTA
Senior Nutrition&Health Manager, External
Engagement, Latin America at Unilever
@nutri_fernanda.martins

RBCA | 3º ed. 30
ARTIGO

os caminhos
da nutrição
Uma reflexão pessoal sobre a profissão
e os desafios do consultório

RBCA | 3º ed. 31
ARTIGO

olhar da nutrição mais voltado ao Sabidamente, nosso organismo tem seu sistema
comportamento do indivíduo, nas últimas de defesa para a inanição e um sistema que
décadas, trouxe uma abordagem relativamente associa, propositalmente, a alimentação ao prazer
nova ao acompanhamento nutricional. A como motivador para a perpetuação de nossa
abordagem busca considerar os diversos aspectos espécie na terra (5) (6).
que envolvem a alimentação, incluindo os
As práticas alimentares muito restritivas têm sido
fisiológicos, sociais e emocionais.
associadas a um maior índice de massa corporal
Embora pareça óbvio que não é possível o (IMC); ganho de peso; maior risco do
alimento ser desassociado do ato de se alimentar, desenvolvimento de um comer transtornado; e
e que tal ato tem bases diversas, por muito tempo problemas psicológicos, como dificuldades
o nutricionista em consultório esteve na posição emocionais, preocupações com a imagem
ou foi visto como uma fiscal da alimentação corporal e funcionamento cognitivo reduzido.
“prescritor” de uma dieta de emagrecimento, não Nesse sentido, uma alimentação intuitiva tem sido
sendo incomum observar-se uma relação em que proposta como um estilo alimentar que incentiva
o paciente buscava “obedecer” uma uma relação positiva com a comida, o corpo e a
recomendação para ser parabenizado pelos seus atividade física (7).
resultados na balança ou no adpômetro.
Convido vocês a refletirem junto a mim, não nos
Fato é que as estratégias de emagrecimento
parece natural que possamos comer na presença
baseadas apenas na restrição calórica e de
de fome e parar na presença da saciedade? Não
alimentos se mostram ineficazes para perda de
seria razoável que voltássemos a nos conectar com
peso a longo prazo (1) e manutenção do peso
nossos próprios sinais fisiológicos? Sinais esses
perdido, principalmente quando a estratégia se
que nasceram conosco e que ao logo do nosso
afasta da cultura, costume e gosto particular do
desenvolvimento e crescimento, por diferentes
indivíduo (2), sem falar da fome...será que nosso
razões foram silenciados ou substituídos (8).
corpo não é sábio o suficiente para tentar se
defender de alguma forma da fome (3) (4) ?

RBCA | 3º ed. 32
ARTIGO

Se pararmos por aqui essa nossa reflexão, talvez Já nós seres humanos e nossos pets, nos vemos
obtivesse um balançar de cabeças durante a cercados de todas as “facilidades”, que nossa
leitura, em concordância ou discordância, mas inteligência e raciocínio diferencial nos possibilitou
minha intenção com essa escrita não é encontrar criar, facilidades estas que nos poupam energia na
uma plateia de leitores que concordam ou modernidade, em um estilo de vida moderno que
discordam, mas que questionam tais reflexões que contempla um ambiente de ampla oferta alimentar
me permito fazer. Por tal razão, não me aterei à sem grandes esforços, pensamentos imediatistas e
condução de uma reflexão reducionista: nosso pressa para realização das atividades, nos
sistema hedônico também emite sinais, tais sinais conduzindo, muitas vezes, a ignorar os sinais
por vezes poderiam se sobrepor ao fisiológico? fisiológicos do corpo e, como consequência, ao
desconsiderar essas sensações, diminuímos o
Assim, me percebo refletindo sobre os animais em entendimento e percepção sob elas.
seu habitat natural, onde o elefante tem peso de
Uma revisão literária concluiu que a alimentação
elefante, o leão tem peso de leão, assim como a
intuitiva está associada a uma alimentação menos
girafa e tantos outros que poderia citar em seu
desordenada, uma imagem corporal mais positiva,
peso natural do corpo, claro que precisamos
melhor comportamento emocional e vários outros
colocar nessa “conta, além da ingestão alimentar
desfechos psicossociais (7). Van Dyke e Drinkwater
em resposta aos sinais fisiológicos, a presença do
em 2014 demonstraram que a alimentação
gasto energético natural, o respeito ao ciclo
intuitiva estava associada a um IMC menor;
circadiano levando a animais diurnos e noturnos
manutenção de peso, mas não perda de peso; e
manterem suas atividades e necessidades dentro
fatores como percepção de imagem corporal,
da natureza cronológica, mas é inegável que esses
auto-estima, afeto, otimismo e satisfação com a
animais regulam sua ingesta na concordância de
vida (9). Seriam esses fatores importantes para a
seus sinais e na disponibilidade de alimento.
saúde? Deveria ser também um foco de atenção
dos profissionais da nutrição?

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Ainda que um calorímetro ou uma equação possa Também não estou me opondo ao uso de
calcular sua taxa metabólica basal ou seu gasto estratégias nutricionais para adequação de
energético total, o resultado baseia-se em uma qualidade alimentar em indivíduos com doenças
conta matemática, já sua vida, não. Sua vida, suas crônicas. Tenho convicção, no entanto, que a dieta
emoções e sua fisiologia vão muito além de uma de emagrecimento não promove saúde a todo e
ciência exata. qualquer indivíduo, e sei disso não por reflexão,
mas por buscar a ciência para melhor entender
Um dia em sua vida pode ser sempre diferente do
quando as dietas podem adoecer um indivíduo
outro, e muitos outros fatores podem alterar sua
saudável.
fome (mesmo a fisiológica) ao longo do dia, o
estresse vivido no dia, por exemplo, pode alterar Por tais razões, como profissional que promove a
fisiologicamente seus sinais de fome via saúde não consigo não me questionar se seria
neurotransmissores e cortisol (10), seu ciclo eficaz e benéfica a entrega de uma prescrição de
menstrual, uma corrida mais intensa para não restrição calórica, por exemplo, a um indivíduo
perder o próximo ônibus pode alterar seu gasto com peso adequado, saudável, porém em busca de
energético, até mesmo o tempo que permaneceu mudanças estéticas, ou um peso que considera
em pé ao longo do dia, então o que fazer nos dias ideal, embora nunca tenha sido o seu.
em que seus sinais estão em discordância com a
Qual a função relacionada à vida e saúde dessa
prescrição dietética calculada? Seguir a dieta
dieta?
prescrita muito bem calculada, porém sem
Sempre me faço essa pergunta, todos os dias, para
considerar tais especificidades que elevaram seu
que não me esqueça do propósito para o qual me
gasto e sua fome e sentir e suportar a fome?
formei. Me questiono diariamente, para que não
Cabe ressaltar que eu não sou contra as dietas, me veja sendo aquela que calcula e entrega ao
tampouco pretendo levantar a bandeira de que paciente exatamente o que ele pede, mas não
elas não funcionam, meus colegas na linha de exatamente o que ele precisa. Mas principalmente,
frente dos hospitais bem sabem o quanto o me esforço para ser aquela que o auxilia no
cálculo, prescrição e adequação de uma prescrição caminho da saúde física, mental e emocional,
dietética são essenciais à preservação da saúde e mesmo que apenas com o encaminhamento ao
vida indiscutivelmente. profissional que pode lhe ajudar com suas
emoções e comportamento.

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Com relação a estratégia alimentar, se a ciência Este artigo não tenta ser uma provocação, mas sim
nos mostra que toda dieta inicialmente funciona, um convite, um convite a nos questionarmos mais,
desde que ela exista e esteja sendo seguida, a ampliarmos sem limites ou viés nossa busca por
melhorar e ampliar nosso conhecimento e conhecimento e claro, como consequência, nossas
habilidade de engajar adesão à um estilo alimentar dúvidas. Questione. Deixo aqui mais perguntas e
e de vida mais saudável não seria tão ou mais reflexões sobre convicções e uma das poucas
importante do que a forma como distribuiremos certezas que me permito ter, a de que a promoção
os macronutrientes? da saúde precisa envolver aspectos físicos,

Entregar autonomia e capacitar o indivíduo a psicológicos e emocionais e, portanto, abordagens

conhecer e fazer suas escolhas alimentares me complexas são necessárias e mais promissoras.

parece uma ferramenta poderosa de promoção a Bibliografia

saúde. Um estudo de intervenção buscou verificar 1. Hall KD, Kahan S, Diseases K. Maintenance of lost weight. Med Clin North Am.

a importância do auto monitoramento e 2018;102(1):183–97.

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Weight Loss in Overweight and Obese Adults. Healthcare. 2018;6(3):73.
com obesidade) foram instruídas a preencher os
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poor psychological health is moderated by pleasure normally associated with
comparação aos participantes que não
eating. Eat Behav. 2006;7(4):342–7.
monitoraram com tanta frequência ou
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Available at: http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2017.03.004

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Self-Monitoring and Long-Term Success with Weight Management Ninoska.
Obes (Silver Spring). 2014;22(9):1962–7.

Autora
Roberta Carbonari
Muzy
NUTRICIONISTA
Coordenadora da Pós Graduação em
Comportamento Alimentar & Coaching
Nutricional
@robertacarbonari

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