Defesa Espiritual - Pedro Siqueira
Defesa Espiritual - Pedro Siqueira
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editores.
CDD: 204
23-84922 CDU: 2-584
Renovar a mente
Sabedoria e discernimento
Combatendo as crenças limitantes
Sacramentos e sacramentais
Batismo
Eucaristia
Crisma ou confirmação
Penitência ou confissão
Unção dos enfermos
Matrimônio e ordem
Sacramentais
O jejum como arma espiritual
Conclusão
Sobre o autor
Sobre a Sextante
Introdução
A defesa espiritual e psíquica é uma questão fundamental para os que
acreditam na existência de um mundo espiritual. São Paulo já nos
alertava para a importância do tema: “A nossa luta, de fato, não é contra
homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades,
contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do
mal, que habitam as regiões celestes” (Efésios 6, 12).
Em meus livros anteriores, esse assunto aparece em pequenas doses,
pois é impossível falar de espiritualidade sem abordá-lo. Mas, como
naquelas ocasiões eu precisava escrever sobre outros temas (igualmente
relevantes) para os que estão na caminhada espiritual, não o aprofundei
o suficiente.
Nos últimos anos, no entanto, várias pessoas que me seguem nas
redes sociais e frequentam os terços que dirijo me relataram casos de
ataques espirituais ou psíquicos e me pediram ajuda. Ficou claro para
mim que a maioria tem dificuldade de se defender. Como tenho bom
conhecimento nesse tipo de combate, eu não poderia me omitir. Foi
assim que este livro começou a se desenhar.
Não posso deixar de ressaltar que o primeiro passo para uma boa
defesa é renovar a mente. Por isso, logo no primeiro capítulo discorro
sobre as técnicas que você deve pôr em prática para se livrar de
limitações ou barreiras mentais que cultivou ao longo da vida.
A Igreja Católica sempre procura orientar os fiéis na busca por saúde
mental e espiritual. Nesse contexto, a tradição católica oferece um rico
acervo de ensinamentos e práticas que podem auxiliar na proteção
contra influências negativas (espirituais ou humanas) e no
fortalecimento interior (especialmente dos pensamentos e sentimentos).
Uma das práticas mais importantes para a defesa espiritual e psíquica
é a oração. Através dela, podemos buscar todos os dias a sabedoria e o
discernimento, dois dos mais importantes dons do Espírito Santo. O
dom da sabedoria nos capacita a compreender em profundidade as
verdades divinas e aplicá-las em nossa vida, principalmente nas decisões
que precisamos tomar. O dom do discernimento nos habilita a avaliar
com clareza pessoas, situações e fatos, para que, identificando a verdade
por detrás deles, rejeitemos as influências malignas e os enganos do
mundo.
A oração é um momento de comunicação com Deus e de abertura
para a sua graça. Segundo a Igreja Católica, é um poderoso instrumento
de defesa contra as forças do mal. Quando rezamos diariamente,
fortalecemos nossa fé e nos conectamos com a fonte divina de amor e
proteção. Não preciso, então, frisar que todos devem cultivar uma vida
de oração constante. Escrevi notas importantes sobre essa prática em
Você pode falar com Deus. Neste livro de agora, trago mais algumas
informações que vão elevar sua vida de oração a outro patamar.
Como nossa mente precisa se ancorar em coisas boas para aumentar
o bem-estar, na tradição católica temos a meditação dos mistérios da fé,
da vida de Jesus Cristo (presentes na devoção mariana do rosário) e a
leitura diária das passagens bíblicas, com ênfase nos Evangelhos e nas
cartas atribuídas aos apóstolos (que se encontram no Novo Testamento).
Mantendo a constância dessas atividades, é possível cultivar a serenidade
e a paz interior, fortalecendo não só o espírito, mas também a defesa
psíquica.
Como auxílio determinante na guerra espiritual, há ainda à nossa
disposição armas de eficácia comprovada por exorcistas e pessoas que
trabalham com a oração de libertação e que encaram os espíritos
malignos de frente. Refiro-me aos sacramentos e aos sacramentais.
Os sacramentos são ritos sagrados instituídos por Jesus Cristo e
confiados à Igreja Católica para a santificação dos fiéis e a celebração da
vida cristã. São sete: batismo, confirmação (ou crisma), Eucaristia,
penitência (ou reconciliação), unção dos enfermos, ordem e
matrimônio. Neste livro, narro diversas experiências místicas que tive
com eles.
Os sacramentais são ritos sagrados ou objetos que têm uma
dimensão sagrada, embora não sejam sacramentos no sentido estrito.
Entre eles estão, por exemplo, as bênçãos, as procissões, as velas bentas,
as medalhas, os escapulários, as águas e os óleos bentos, as imagens e as
relíquias dos santos. Ajudam-nos a recordar a presença de Deus em
nossa vida e a expressar nossa devoção e confiança n’Ele. Há muitos
anos, tenho por hábito me valer dos sacramentais.
O jejum é mais uma das armas disponíveis. Associado à oração
pessoal, à meditação dos mistérios da vida de Cristo e à leitura do Novo
Testamento, é uma das ferramentas mais eficazes: trata-se da abstinência
de alimentos durante um período determinado como forma de
purificação e fortalecimento interior. Na tradição católica, ele é
frequentemente ligado ao sacrifício pessoal (penitência) e à busca de
uma maior intimidade com Deus. Por meio do jejum, também
cultivamos a disciplina e o autocontrole, aumentando a força espiritual e
a defesa psíquica. Neste livro, você terá instruções sobre o jejum no
combate espiritual.
Os que acompanham meu trabalho de perto sabem que sou devoto
da Virgem Maria, de São José e de São Miguel Arcanjo. Este trio forma a
tropa de combate mais temida pelos espíritos malignos. Seu destaque é
tão grande que escrevi capítulos sobre as devoções a eles, para incentivar
você a tê-los como companhia diária.
Como o assunto da defesa é complexo e o mal pode estar disfarçado
ou contido em uma base material, algo com que podemos nos deparar
no dia a dia, trago informações especiais sobre a contaminação espiritual
que ocorre através de pessoas, objetos ou lugares.
Por fim, apresento orações para as mais diversas situações de
combate. Você deve combiná-las com as práticas sugeridas, para ter a
maior proteção possível ou eliminar mais rapidamente um ataque
psíquico ou espiritual.
Boa leitura e que Deus o abençoe!
Renovar a mente
O ser humano interpreta o mundo e traça seus planos a partir da
mente. Os seis sentidos* são processados sem cessar pelo nosso filtro
mental.
Agora, porém, abandonem tudo isto: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas,
que saem da boca de vocês. Não mintam uns aos outros. De fato, vocês foram despojados do
homem velho e de suas ações, e se revestiram do homem novo que, através do conhecimento,
vai se renovando à imagem do seu Criador. (...) Vistam-se de sentimentos de compaixão,
bondade, humildade, mansidão, paciência. Suportem-se uns aos outros e se perdoem
mutuamente, sempre que tiverem queixa contra alguém. (...) E, acima de tudo, vistam-se com
o amor, que é o laço da perfeição. (Colossenses 3, 8-10; 12-14)
Sabedoria e discernimento
Além de exercitar a plena atenção, estando verdadeiramente presente a
cada momento, é muito importante que cada um de nós tenha os dons
do Espírito Santo do discernimento e da sabedoria. Neles se encontra o
remédio contra boa parte do engano e da confusão.
Ao observar pessoas e situações com o dom do discernimento,
enxergamos a realidade como ela é, com muita precisão. Usando o dom
da sabedoria, podemos decidir que rumo devemos tomar ou quais rotas
precisamos evitar, ainda que a escolha seja das mais difíceis. Por isso,
ambos caminham lado a lado, de mãos dadas. Nunca peça a Deus um só,
trata-se de um “combo”.
Esses dons do Espírito Santo nos mostram a estrada que o Pai
Celestial quer que sigamos. Sua importância remonta a tempos muitos
antigos e tem destaque, por exemplo, no Livro dos Provérbios, cuja
autoria foi atribuída ao Rei Salomão, por conta de sua fama de sábio –
mas os estudiosos afirmam que é possível identificar nove coleções,
provindas de tempos e mãos diferentes. Seja como for, alguns desses
provérbios nasceram antes do ano 950 a.C. e estão conosco até hoje.
Imagine o grande valor que eles têm no campo da sabedoria!
No prólogo dos Provérbios, encontramos o título “Sabedoria para
viver”. Quem não precisa disso? O capítulo 1 faz um resumo da obra:
“Provérbios de Salomão, filho de Davi e rei de Israel, para conhecer a
sabedoria e a disciplina; para entender as sentenças profundas; para
adquirir disciplina e sensatez, justiça, direito e retidão; para ensinar
sagacidade aos ingênuos, conhecimento e reflexão aos jovens.”
Os Provérbios dão importância também para o discernimento, como
se pode ver na seguinte passagem: “Todo homem prudente age com
discernimento, mas o insensato põe em evidência sua loucura” (Pr 13,
16).
Como manifestar esses dons do Espírito Santo? O primeiro passo é a
oração: devemos pedi-los com insistência a Deus, em especial ao
Espírito Santo, uma das três Pessoas da Santíssima Trindade. O próprio
Javé pontua isso ao falar a Moisés: “Eu o enchi do espírito divino para
lhe dar sabedoria, inteligência e habilidade para toda sorte de obras”
(Êxodo 31, 3).
Tem gente desconfiada que pensa: será que Deus vai me dar essa
graça, me enviando seu Santo Espírito, com os seus dons da sabedoria e
do discernimento, só porque eu pedi? Sem dúvida! Isso é o que a Bíblia
nos ensina, desde o Antigo até o Novo Testamento. Leiam com atenção
as passagens a seguir:
E dou a sabedoria ao coração de todos os homens inteligentes, a fim de que executem tudo o
que te ordenei. (Êxodo 31, 6)
Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria
que vos revele o conhecimento dele. (Efésios 1, 17)
Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus – que a todos dá liberalmente, com
simplicidade e sem recriminação – e ser-lhe-á dada. (Tiago 1, 5)
Tomada de decisões
Todo ser humano precisa tomar decisões importantes. Algumas são tão
cruciais que, se forem equivocadas, podem afundar a pessoa ou a família
por muitos anos (às vezes, até mesmo em definitivo). Qual a origem
dessas decisões erradas, que se mostram avassaladoras e abrem a porta
para que o mal adentre?
Quando nossa comunicação interna está escravizada pela onda de
negatividade que circula no mundo, por ideias enganosas ou por crenças
limitantes, abrimos uma grande brecha para que o fracasso se faça
presente nas mais diversas áreas. O mesmo ocorre quando, por falta de
discernimento, decidimos com base em conselheiros mal-intencionados
ou equivocados, sem conhecimento sobre o assunto em questão.
É importante notar ainda que uma pessoa cansada, esgotada física e
mentalmente, não costuma escolher o melhor caminho. Todos devem
dedicar um tempo para o repouso. Por isso, o lazer e o sono são
essenciais para a mente e o corpo.
E há mais um tipo de repouso que se revela fundamental para a
tomada de boas decisões, que só Deus pode proporcionar e que produz
verdadeira serenidade: o repouso da alma. Segundo o ensinamento de
Santo Agostinho: “Senhor, fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso
coração enquanto não repousa em Ti” (Confissões, I, 1, 1).
Mas como repousar seu coração em Deus? Vejamos o que diz o
Salmo 90: “Tu, que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à
sombra do Onipotente, dize ao Senhor: ‘Sois meu refúgio e minha
cidadela, meu Deus, em quem eu confio.’”
Para que possamos entender bem o que é essa categoria de repouso,
é preciso analisar algumas palavras fundamentais desse trecho:
Onipotente, refúgio e cidadela.
Onipotente significa poder realizar qualquer feito. O arcanjo Gabriel
nos ensina uma verdade espiritual ao anunciar à Virgem Maria a
gravidez de sua prima, a idosa Santa Isabel: “Para Deus nada é
impossível” (Lucas 1, 37). O Pai Celestial criou todas as coisas e pode,
quando bem entender, transformá-las ou destruí-las.
Refúgio é o lugar para onde se foge a fim de escapar a um perigo.
Quando você tem Deus como refúgio, Aquele a quem você procura
quando a tempestade se forma ou a guerra acontece, não tem medo dos
ataques do maligno.
Cidadela é a fortaleza militar situada em algum lugar estratégico de
uma cidade, com a finalidade de protegê-la. O inimigo titubeia diante de
uma suntuosa cidadela, pois precisa ter muito poder de fogo e um
exército gigantesco para fazê-la ruir.
Agora ficou mais claro o significado do trecho do Salmo 90. Se a
pessoa tem o hábito de se colocar todos os dias sob a proteção de Deus,
pode permanecer na paz e ter serenidade para decidir as questões da
vida. Sabe que seus pensamentos estão seguros com o Todo-Poderoso,
não serão facilmente perturbados pelo maligno. O Senhor é o local de
repouso de sua alma, pois é como uma fortaleza intransponível a lhe
oferecer refúgio em qualquer hipótese.
Se você quer repouso para sua alma, precisa compreender que
habitar não é a mesma coisa que visitar. Habitar significa morar. Tem
viés de permanência. O visitante, como vocês sabem, aparece de vez em
quando. Os fiéis que vão à igreja ocasionalmente ou só fazem sua oração
pessoal em alguns dias na semana não gozam desse repouso. Não
cumprem os requisitos que a Palavra de Deus impõe. Então, é
fundamental que você esteja todos os dias, em espírito, mente e coração,
com o Pai Celestial.
Quando você habita sob a proteção do Altíssimo, como diz o salmo,
uma promessa divina se cumpre: “Aos seus anjos ele mandou que te
guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão em suas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 90, 11-12). Conclusão: sua
alma encontrará repouso, você se sentirá seguro e sereno, com
pensamentos e sentimentos ordenados, e os anjos do Senhor lhe
auxiliarão no caminho, para que seu processo de tomada de decisões seja
vitorioso e nenhuma armadilha o apanhe de surpresa.
Além disso, para se decidir, é necessário se colocar em oração,
pedindo auxílio ao Espírito Santo, fonte dos dons da sabedoria e do
discernimento. No Livro dos Provérbios está escrito que “com a
sabedoria se constrói a casa, e com a prudência ela se firma” (Pr 24, 3).
Outra condição para se resolver bem é levar em consideração seus
princípios e valores religiosos e/ou morais e procurar não violá-los.
Quais são os seus mais relevantes, que guiam você ao interpretar o
mundo?
Todos nós absorvemos valores em nossos lares e colégios. Fomos
educados neles. Podemos dizer que fazem parte do que chamamos de
“nossa consciência”. Por isso, ouvimos conselhos como “não vá contra
sua consciência” ou “não viole sua consciência”, significando que não
ficaremos em paz se quebrarmos esses princípios.
Os cristãos extraem os princípios mais relevantes de sua vivência dos
Dez Mandamentos. Para os que não sabem o que são, dou uma breve
explicação. Em Êxodo 20, 1-21, Javé (ou seja, Deus) desceu no topo da
montanha do Sinai e convidou Moisés – o homem que libertou o povo
hebreu da escravidão no Egito – a encontrá-lo lá no alto.
Ao chegar ao local indicado, o Senhor expôs a Moisés dez regras (daí
o nome Dez Mandamentos) muito valiosas para quem deseja ganhar a
amizade d’Ele e ter bom relacionamento com os homens. O Pai Celestial
deixou claro ao profeta que todo o povo, sem exceção, deveria cumprir
esses mandamentos, como amar a Deus sobre todas as coisas, honrar pai
e mãe, não matar, não apresentar falso testemunho.
Outro ponto fundamental para a tomada de decisão é a informação –
aquilo que sabemos ou necessitamos saber sobre a situação diante de
nós. Devemos colher o máximo possível de informações a respeito de
tudo o que envolve a resolução.
Obviamente, às vezes não temos todos os dados necessários, mas
ainda assim precisamos decidir. Nesse caso, é importante ter a
consciência e a exata percepção daquilo que está faltando e lutar para
obter mais informação enquanto tentamos adiar o máximo possível o
prazo final para resolver.
Também é essencial termos noção de quantas e quais pessoas serão
afetadas pela decisão. Precisamos pensar no outro e nos colocarmos no
lugar dele. Sei que no mundo de hoje as pessoas não estão preocupadas
com aqueles com quem convivem, mas é necessário lembrar a regra de
ouro de Jesus: “Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com
toda a sua alma e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o
primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu
próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses
dois mandamentos” (Mateus 22, 37-40).
Não podemos tomar decisões que nos favoreçam individualmente,
esquecendo-nos das necessidades e dores dos que dependem de nós. Se
você tem família, não deve deixar de considerar como ficarão as pessoas
que dependem de você, como seus filhos e seu cônjuge.
Por fim, precisamos entender que nossos atos produzem efeitos
imediatos, de médio e de longo prazo. Cada etapa deve ser levada em
conta. Algumas ações provocam consequências por muito tempo. Se não
tivermos a capacidade de prever, com alguma precisão, a duração dos
efeitos, podemos ter ou causar sérios prejuízos.
Saber escutar
Desavenças entre parentes e amigos podem abrir brechas para ataques
espirituais. Parte delas ocorre por falha ou falta de comunicação externa.
Saber ouvir o outro, dar-lhe oportunidade para falar ou se explicar,
mantém íntegra a defesa espiritual e psíquica, evitando que as ideias e os
desejos comunicados (ou mesmo a ausência de comunicação) sejam
interpretados de forma equivocada, causando malefícios.
Quando estamos em um debate, ou simplesmente conversando com
alguém, é de grande valia ouvir de forma eficiente, ou seja, escutar o que
aquela pessoa está realmente falando, e não o que pensamos
(interpretamos) que ela quer dizer.
Algumas vezes, isso significa escutar algo de que não gostamos ou
que não esperamos. Também é importante entender o contexto em que o
bate-papo se dá ou em que os participantes da conversa se encontram.
Isso influencia bastante o significado das palavras.
A diversidade de pensamento é essencial no desenvolvimento de
uma sociedade, e deve haver respeito pelas ideias alheias. Você pode não
aceitá-las, mas não pode negar a alguém a liberdade de manifestá-las (de
modo educado e respeitoso), mesmo que só para contestá-las depois.
Lembre que Jesus tinha ideias consideradas revolucionárias para os
ouvidos dos mestres da lei e fariseus. Imagine se tivesse sido
completamente censurado ou silenciado. Que tristeza seria para toda a
humanidade!
Outro ponto a se considerar é que não convém dar a resposta de
imediato ou rebater de pronto qualquer argumento apresentado. Dar
uma pausa, para uma respiração mais profunda, por exemplo, costuma
ajudar nosso cérebro a focar melhor.
Somos criaturas racionais e Deus espera que usemos nossa
inteligência. Agir por impulso às vezes tem sua utilidade, como numa
situação de vida ou morte que depende de sua velocidade de resposta,
mas não deve ser a prática usual. Avaliar com cuidado o que nos é dito,
ponderar antes de retrucar, costuma ser bastante proveitoso.
Domínio da língua
Um instrumento bastante utilizado pelos espíritos malignos é a nossa
língua. Sim, aquilo que você fala aos outros (mais um componente da
comunicação externa) pode causar problemas duradouros. Isso é tão
grave que o apóstolo Tiago usa todo o terceiro capítulo de sua carta para
admoestar sua comunidade a refrear os excessos da língua. Veja sua
avaliação sobre o potencial maléfico das palavras: “A língua está entre os
nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo
inferno, incendeia o curso da nossa vida” (Tg 3, 6). Por sua vez, o Livro
dos Provérbios nos ensina que “há quem use a língua como espada, mas
a língua dos sábios produz cura” (Pr 12,18).
Podemos ferir um número incontável de pessoas por meio das
palavras que proferimos. Por vezes, fazemos isso “sem querer”. Pouco
importa: a partir do momento em que sai da sua boca, a palavra não
volta mais. Vai ao mundo e produz seus efeitos. Se foi mal formulada,
explicar que “não foi bem isso” que você quis comunicar não vai
remediar a situação. Aliás, ela pode permanecer por muitos e muitos
anos. Já pensou sobre isso?
Devemos medir nossas palavras e aprender o tempo adequado de
expressá-las aos outros, para que não façamos surgir novos conflitos e,
portanto, brechas nas defesas espirituais e psíquicas de nossa família, de
nossa comunidade e de nosso ambiente de trabalho.
A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à
cruz. Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: “Mulher,
eis aí o seu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe.” E dessa hora em diante, o
discípulo a recebeu em sua casa. (Jo 19, 25-27)
O rosário
O rosário tem sido a minha principal oração e devoção mariana desde
que, trinta anos atrás, comecei a conduzir um grupo de oração aberto ao
povo, na igreja católica do meu bairro. Por que tenho tanto amor ao
rosário e o que ele tem a ver com defesa espiritual?
Em suas aparições reconhecidas pela Igreja Católica, a Virgem Maria
nos convida à conversão e à oração. Ela mesma apresenta a devoção do
rosário como arma fundamental para a defesa contra o mal e como um
instrumento apto a atrair as graças do Pai Celestial.
Na aparição a Santa Bernadette Soubirous, em 11 de fevereiro de
1858, na França (uma das mais famosas e amadas entre os católicos),
Nossa Senhora trajava um vestido branco, com uma faixa azul presa na
cintura e, em suas mãos, segurava um rosário. Ficou evidente o recado
da Mãe Celestial sobre a necessidade de adotar a prática do rosário.
O rosário tem poder curativo e libertador. Já recebi muitas graças
por meio dele. Em dezembro de 2021, por exemplo, ganhei uma graça
especial após rezá-lo e me banhar nas águas do Santuário de Lourdes.
Eu estava com um grupo de peregrinos no famoso santuário católico
do sudoeste da França. Certa manhã, fomos à casa de banho do local,
onde é permitido que os fiéis entrem nas piscinas cheias das águas
milagrosas vindas da fonte que Nossa Senhora do Rosário fez brotar,
séculos antes, na Gruta de Massabielle, diante de Santa Bernadette.
Um senhor francês, funcionário do santuário que organizava a fila de
fiéis, nos avisou que não seria possível o banho completo, devido à
covid-19. Poderíamos apenas molhar as mãos e os punhos. Meu coração
murchou. Pensei: viemos de tão longe para entrar nessas piscinas e agora
nos proíbem! Fiquei decepcionado, pois queria banhar todo o corpo,
submergir. Porém, precisava disfarçar minha tristeza, pois estava com
meu grupo e não queria perturbar a fé de ninguém em um dia tão
bonito.
O senhor francês me pediu que eu conduzisse um rosário para o
povo que também aguardava a vez, juntamente com o padre André Luiz
Rodrigues (mais conhecido como padre André “Maravilha”, professor de
Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Ao fim
da oração, quando entrei no recinto do banho, me deparei com uma
freira francesa muito simpática. Ela segurava uma grande jarra prateada
com a água de Lourdes. A piscina, entretanto, estava mesmo vazia.
A religiosa me informou que eu deveria estender as mãos. Tirei o
casaco e disse a ela que queria que molhasse os meus braços e a cabeça
também. Ela riu e, para minha surpresa, concordou. Falou que, antes de
receber a água, eu deveria fazer meus pedidos a Nossa Senhora e rezar
juntamente com ela.
Pedi a intercessão da Mãe Santíssima para que eu não tivesse mais
cálculo renal. Desde a juventude, eu tivera vários problemas por causa
disso: internação, sangramento pela urina e dores horríveis me
atormentavam havia um bom tempo.
Sinceramente, já estava conformado com a minha situação e, de
acordo com meu último exame renal, sabia que em algum momento
precisaria lidar com as três pedras enormes: duas no rim esquerdo e uma
no direito. A recomendação do urologista era fazer uma cirurgia, mas eu
nunca a acatara, apesar de saber do risco de ter que me submeter a uma
operação de emergência caso as pedras começassem a se movimentar
nos meus rins.
Naquela manhã em Lourdes, veio com força em minha mente a ideia
de que eu precisava pedir aquela graça de cura à Virgem Maria. Era a
chance de me livrar do problema sem ter que passar por uma cirurgia ou
algum sofrimento maior. Como meu anjo da guarda não estava ali
presente, acredito que o pedido tenha sido inspirado pelo Espírito Santo.
Meses depois, no Rio de Janeiro, fiz uma ressonância magnética nos
rins. Quando as imagens começaram a aparecer na tela do computador
da médica, perguntei:
– Doutora, o que a senhora acha dessas pedras nos rins? Preciso de
intervenção cirúrgica?
– Você tem pedras nos rins? – perguntou ela, intrigada.
– Sim. Elas são enormes. Não estão aparecendo aí? – Estiquei o
pescoço e estreitei os olhos para tentar ver melhor.
– Seus rins estão em perfeito estado, não há qualquer vestígio de
pedras. Olhe aqui – disse ela, virando a tela para que eu pudesse checar.
Meu Deus! Não há mais nada, pensei com enorme alegria.
Não havia uma explicação humana para o ocorrido. Em nenhum
momento eu tinha expelido aquelas pedras, até porque eram grandes
demais para saírem naturalmente. Aliás, expelir um cálculo renal nunca
passa despercebido pela pessoa. A dor marca a expulsão de cada pedra.
Quem já passou por isso sabe bem.
Naquele dia, deitado na maca da clínica, não me lembrei do pedido
de cura. Não procurei explicações, apenas saboreei a alegria por me
livrar de um problema tão antigo. Entretanto, sabia que a cura era um
milagre.
Em um domingo de dezembro de 2022 – meses após o exame dos
rins e um ano após me banhar nas águas de Lourdes –, eu estava em
Roma, com o mesmo grupo de peregrinos que fez comigo a Via-Sacra
no bosque de San Giovanni Rotondo.
Eu estava ao lado de meu primo, padre Alexandre Pinheiro, na Praça
de São Pedro, esperando a oração do Ângelus. Em alguns minutos, o
papa Francisco apareceria na tradicional janela do prédio do Vaticano
para falar algumas palavras e rezar com a multidão que se aglomerava no
local.
Ao observar de perto o obelisco da praça, que estava exatamente às
minhas costas, veio com absoluta clareza à minha mente: Pedro, você
ganhou a graça da cura dos rins após rezar o rosário e se banhar, com fé
e alegria, nas águas provenientes da fonte de Nossa Senhora do Rosário,
em Lourdes. Imagine minha gratidão e emoção!
Na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, o papa São João
Paulo II ensina sobre o poder da oração do rosário:
Tudo o que foi dito até agora manifesta amplamente a riqueza desta oração tradicional, que
tem não só a simplicidade duma oração popular, mas também a profundidade teológica
duma oração adaptada a quem sente a exigência duma contemplação mais madura.
A Igreja reconheceu sempre uma eficácia particular ao Rosário, confiando-lhe, mediante a
sua recitação comunitária e a sua prática constante, as causas mais difíceis. Em momentos em
que estivera ameaçada a própria cristandade, foi à força desta oração que se atribuiu a
libertação do perigo, tendo a Virgem do Rosário sido saudada como propiciadora da
salvação.
À eficácia desta oração, confio de bom grado hoje – como acenei ao princípio – a causa da
paz no mundo e a causa da família.
Saul vestiu Davi com sua própria armadura, colocou-lhe na cabeça um capacete de bronze,
revestiu-o com a sua couraça, e pôs a espada na cintura dele, sobre a armadura. Em vão Davi
tentou andar, pois nunca tinha usado nada disso. Então falou a Saul: “Não consigo nem andar
com essas coisas. Não estou acostumado.” Tirou tudo, pegou o cajado, escolheu cinco pedras
bem lisas no riacho e as colocou no seu bornal. Depois pegou a funda e foi ao encontro do
filisteu.
Enquanto o filisteu se aprumava e se aproximava de Davi pouco a pouco, Davi correu
depressa para se posicionar e enfrentar o filisteu. Davi enfiou a mão no bornal, pegou uma
pedra, atirou-a com a funda e acertou na testa do filisteu. A pedra afundou na testa do
filisteu, que caiu de bruços no chão. Assim Davi foi mais forte que o filisteu, apenas com uma
funda e uma pedra: sem espada na mão, feriu e matou o filisteu. (1Sm 17, 38-40; 48-51)
• O jejum
“Queridos filhos! Convido-vos a rezar e jejuar pela paz no mundo. Vós
tendes esquecido que a oração e o jejum podem afastar também as
guerras e enfim interromper as leis naturais. O melhor jejum é aquele a
pão e água. Todos, com exceção dos doentes, devem jejuar. As esmolas e
as obras de caridade não podem substituir o jejum.” (21 de julho de
1982)
• A Santa Missa
“Convido-os a viver a Santa Missa. Muitos de vocês experimentaram a
sua beleza, mas existem aqueles que não vêm (à Missa) voluntariamente.
Eu escolhi vocês, queridos filhos, e Jesus, na Santa Missa, dá a vocês as
Suas graças. Por isso, vivam conscientemente a Santa Missa, e a sua
vinda (para assisti-la) seja plena de alegria. Venham com amor e
acolham, em vocês, a Santa Missa.” (3 de abril de 1986)
• O rosário
“Gostaria de que as pessoas, no dia de hoje, rezassem comigo. E que
rezem o máximo possível! Que, além disso, jejuem nas quartas-feiras e
nas sextas-feiras; que, todos os dias, recitem pelo menos o rosário.” (14
de agosto de 1984)
• A confissão
“Precisa-se exortar as pessoas a confessar-se todos os meses, sobretudo
na primeira sexta-feira ou no primeiro sábado do mês. Fazei isto que vos
digo! A confissão mensal será um remédio para a Igreja Ocidental. Se os
fiéis se confessarem uma vez por mês, rapidamente regiões inteiras
podem ser curadas.” (6 de agosto de 1982)
• A leitura da Bíblia
“Hoje eu convido vocês para lerem todos os dias a Bíblia em suas casas:
coloquem-na em lugar bem visível, para que sempre os estimule a lê-la e
a rezar.” (18 de outubro de 1984)
Batismo
O batismo é o fundamento de toda a vida cristã, que dá acesso a todos os
demais sacramentos. Batizar (baptizem, em grego) significa mergulhar,
imergir. Por isso, na cerimônia de batizado de uma criança ou adulto, o
sacerdote joga água em sua cabeça, sobre a pia batismal.
Ao recebermos esse sacramento, somos purificados dos pecados e
renascemos da água e do Espírito Santo. Segundo o parágrafo 1265 do
Catecismo, pelo Batismo somos uma nova criatura, um filho adotivo de
Deus, participante da natureza divina e templo do Espírito Santo. Ele faz
de nós membros do Corpo de Cristo.
O batismo é tão importante que o próprio Jesus se submeteu a ele:
Jesus foi da Galileia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João [Batista] e ser batizado
por ele. Mas João procurava impedi-lo, dizendo: “Sou eu que devo ser batizado por ti, e tu
vens a mim?” Jesus, porém, lhe respondeu: “Por enquanto deixe como está! Porque devemos
cumprir toda a justiça.” E João concordou.
Depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de
Deus, descendo como pomba e pousando sobre Ele. E do céu veio uma voz, dizendo: “Este é
o meu Filho amado, que muito me agrada.” (Mateus 3, 13-17)
Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: “Pai, me dá a parte da herança
que me cabe.” E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou
o que era seu e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada.
Quando tinha gastado tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele
começou a passar necessidade.” (Lc 15, 11-14)
Quando ainda estava longe, o pai o avistou e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou e o
cobriu de beijos. Então o filho disse: “Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que
me chamem teu filho.” Mas o pai disse aos empregados: “Depressa, tragam a melhor túnica
para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Peguem o
novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e
tornou a viver; estava perdido e foi encontrado.” E começaram a festa. (Lc 15, 20-24)
Eucaristia
A Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Jesus. Sua importância é tamanha
que o Catecismo da Igreja Católica esclarece que ela é “fonte e ápice de
toda a vida cristã” (§ 1324). Segundo o mesmo texto, “os demais
sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas
apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a
santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja”. Por tudo
isso, pais católicos devem fazer todo o esforço para colocar seus filhos na
catequese, para que eles façam a primeira comunhão e possam receber
Cristo Jesus durante toda a sua vida.
O próprio Mestre instituiu a Eucaristia durante a Última Ceia,
conforme lemos na Bíblia:
Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, o partiu, distribuiu
aos discípulos e disse: “Tomem e comam, isto é o meu corpo.” Em seguida, tomou um cálice,
agradeceu e deu a eles, dizendo: “Bebam dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da
aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados.” (Mateus 26, 26-
28)
Crisma ou confirmação
A iniciação cristã se cumpre por três sacramentos: batismo, Eucaristia e
crisma ou confirmação. Todo batizado que fez a primeira comunhão
pode e deve receber o sacramento da confirmação. Através dele, o fiel
recebe a consumação da graça batismal e, especialmente, a força do
Espírito Santo.
Por intermédio desse sacramento, o fiel é vinculado de forma mais
perfeita à Igreja e convidado a defender e a difundir a fé, com palavras e
atos, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (§ 1285-1288).
Quem o celebra ordinariamente é o bispo local, com a imposição das
mãos e a unção com óleo perfumado, além das palavras sacramentais.
Quando éramos crianças, nossos pais e padrinhos nos apresentaram
à fé pelo batismo. Agora, com a capacidade de discernir por nós
mesmos, somos chamados a confirmar aquela escolha, firmando nosso
compromisso na fé, por isso o nome “confirmação”. No Brasil, cada
diocese indica qual a idade mínima para a pessoa se crismar, variando
entre 12 e 16 anos.
A Igreja Católica extrai o sacramento da crisma de algumas
passagens bíblicas, por exemplo:
Paulo perguntou: “Que batismo vocês receberam?” Eles responderam: “O batismo de João.”
Então Paulo explicou: “João batizava como sinal de arrependimento e pedia que o povo
acreditasse naquele que devia vir depois dele, isto é, Jesus.” Ao ouvir isso, eles se fizeram
batizar em nome do Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo
desceu sobre eles, e começaram a falar em línguas e a profetizar. (Atos 19, 3-6)
Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde
eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e
foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a
falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. (At 2, 1-4)
Jesus disse de novo para eles: “A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu
também envio vocês.” Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: “Recebam o
Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem serão perdoados. Os pecados
daqueles que vocês não perdoarem não serão perdoados.” (Jo 20, 21-23)
– Quer dizer que Jesus deu aos apóstolos esse poder de perdoar os
pecados?
– Exatamente. E os apóstolos o transmitiram a seus sucessores, os
sacerdotes. Note, inclusive, que Cristo não lhes deu esse poder em
função de serem santos. Ele sabia que aqueles homens eram pecadores.
Ele o deu em favor das almas, resgatadas pelo Sangue d’Ele na cruz, ou
seja, por cada um de nós.
– Poxa, não imaginava. Mas isso é bem complicado para mim.
– Saiba que Deus fica muito feliz com a humildade que a gente
demonstra ao ir ao confessionário. Além disso, se sua vida financeira não
avança, mesmo que você faça tudo certo, a confissão traz enorme
libertação. Pode ser a solução. Que tal tentar?
– Tudo bem. Você me convenceu, Pedro. Amanhã mesmo vou
procurar um padre e me confessar.
Alguém de vocês está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que rezem por ele,
ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente: o Senhor o
levantará e, se ele tiver pecados, será perdoado. (Tg 5, 14-15)
Não podemos ignorar essa arma poderosa, não somente de cura,
mas de salvação de nossa alma, deixada para nós por Nosso Senhor. A
todo instante, os espíritos malignos tentam fazer com que as pessoas
ignorem esse sacramento. A razão é simples: por vezes, a unção dos
enfermos é o último recurso de resgate que resta à alma.
Matrimônio e ordem
Por fim, há dois sacramentos classificados pela Igreja Católica como
sendo de serviço: a ordem e o matrimônio. A ordem tem três graus: o
homem se torna diácono, padre e depois bispo. Por meio do
matrimônio, homem e mulher se unem para criar a família cristã. As
mulheres não podem receber o sacramento da ordem, pois, segundo a
Igreja Católica, Jesus só convocou homens para fazer parte do grupo dos
doze apóstolos.
Curiosamente, quando recebemos esses sacramentos, nos metemos
em uma grande guerra espiritual. A razão é simples: o inimigo de Deus,
Satanás, tem como principal objetivo destruir a Igreja de Cristo e o
núcleo familiar. Sabemos que ele busca acabar com a obra do Pai
Celestial em nosso planeta, e as duas instituições, família e Igreja, são
fundamentais no plano divino.
O matrimônio é tão importante que, quando o casal se une diante de
Deus na igreja, recebe um anjo da guarda da família. Esse ser tem a
função de auxiliar na harmonia, paz e prosperidade do lar. Se marido e
mulher ganham intimidade com esse anjo, encontram nele um fiel
guerreiro no combate espiritual.
Infelizmente, muitas pessoas não sabem da existência dessa categoria
de criatura angélica e não rezam em sua companhia nem o invocam em
momentos difíceis. O ideal é que marido e mulher rezem ao menos uma
vez ao dia juntos invocando a presença do anjo da guarda da família,
além de seus respectivos anjos da guarda, pedindo a eles que intercedam
pelas intenções do núcleo familiar.
Para a defesa espiritual da família, bem como de seus projetos, é
fundamental que todos os seus membros compareçam à missa de
domingo, de preferência juntos. Durante a comunhão, cônjuges devem
invocar a presença de seu próprio anjo da guarda, bem como do anjo da
família, para que os seres angélicos intercedam por suas intenções
enquanto fazem suas orações a Jesus.
Certa vez, durante uma tarde de autógrafos em Ribeirão Preto, um
casal veio falar comigo.
– Pedro, estamos casados há 25 anos, mas nunca sentimos a presença
de nosso anjo da guarda da família. Muitas vezes, nesses anos, passamos
por dificuldades financeiras e de saúde, mas nada do tal anjo aparecer.
Será que ele existe mesmo? – questionou a mulher.
– Sim. Tenho certeza absoluta de que ele existe e que todos aqueles
que recebem o sacramento do matrimônio ganham essa proteção do
Céu.
– Como assim? – perguntou o homem. – O anjo não surge para
qualquer pessoa que se casa? Fizemos até uma pequena celebração no
quintal da casa dos meus pais e assinamos lá os papéis.
– Essa celebração foi feita por um sacerdote ou diácono da Igreja
Católica? Era para receber o sacramento do matrimônio?
– Não. Foi feita pelo juiz de paz da minha cidade mesmo. Não é
válida?
– Como casamento civil, é válida. Agora, diante de Deus, a história é
outra. Não houve qualquer sacramento aí. Sem dúvida não receberam o
anjo da guarda da família.
– Mas, depois que lemos seu livro Todo mundo tem um anjo da
guarda, queremos ter a bênção de sermos protegidos também por um
anjo da família. Aliás, precisamos dele, porque a crise lá em casa está
forte – interveio a mulher.
– Vocês são católicos?
– Sim – respondeu o casal.
– São batizados?
– Sim.
– Então devem procurar o pároco da Igreja que vocês frequentam ou
do bairro onde moram e dizer que querem fazer o casamento religioso,
pois no civil já estão casados há 25 anos. Na cerimônia, Deus vai enviar o
anjo para cuidar da família de vocês.
Sacramentais
No apartamento do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde
coordenava diariamente um grupo de oração, Zitinha mantinha um
ornamento de acrílico com água benta logo na entrada. Um dia, como
estava atrasado, passei direto com o violão na mão, sem molhar os dedos
e fazer o sinal da cruz.
– Meu filho, retorne à entrada. Você esqueceu algo muito
importante. – Ela fez um gesto delicado com a mão direita em direção à
porta.
– O que houve, Zitinha? – Chequei o violão, o livro de cantos
católicos e o terço. – Está tudo aqui comigo. Podemos começar.
– Quando você chega em casa vindo da rua, lava as mãos e o rosto,
não é?
– Claro. Acho que todo mundo faz isso.
– Pois a água benta lava aquilo que a água comum não consegue e
ainda te protege. Pode ter certeza de que hoje, com a quantidade de
pessoas que se reunirão aqui, você vai precisar dessa proteção.
Imediatamente, voltei à entrada, molhei os dedos e fiz o sinal da
cruz. Zitinha abriu um sorriso. Eu me sentei no chão, próximo de sua
poltrona. Observando mais de perto meu pescoço, ela falou:
– Onde está seu crucifixo e a Medalha Milagrosa? – Ela se referia aos
objetos que eu sempre carregava no pescoço quando ia à sua casa rezar e
interceder pelas pessoas que ali estavam.
Toquei meu pescoço e percebi que meu cordão não estava lá.
– Esqueci em casa!
Envergonhado, coloquei as mãos no rosto. Ela já tinha me alertado
antes: Toda vez que formos fazer orações de intercessão com pessoas
espiritualmente “pesadas”, não se esqueça dos sacramentais.
– Meu filho, agora não vai dar tempo de ir à sua casa, pegar seu
cordão e voltar aqui. As pessoas já começaram a chegar e daqui a pouco
vamos iniciar com uma música de louvor.
– Desculpa, Zitinha. Não esquecerei mais os objetos sagrados.
– Lembre-se que, quando usamos o crucifixo e a Medalha Milagrosa
com fé, nosso inimigo, o demônio, percebe que temos um escudo
poderoso e que pertencemos a Deus. Ele sabe que não será fácil nos
atacar. Então, prefere ir para cima daqueles que estão mais
desprotegidos, porque é covarde.
Assim que todos chegavam para o grupo de oração, Zitinha pedia
que eu cantasse um louvor, então passava pelas pessoas, uma a uma,
jogando água benta com um borrifador. Também aspergia todas as
paredes da sala.
Após esse processo, de fato o ambiente ficava mais leve. Com minha
visão espiritual, eu captava cores mais vívidas. Por isso, certa vez lhe
perguntei:
– Zitinha, por que eu sinto uma elevação espiritual instantânea
quando você usa a água benta?
– Porque aquela água carrega a bênção sacerdotal. É ideal para a
limpeza das pessoas e do ambiente. Produz seu efeito de forma imediata.
Já reparou que uma pessoa possuída pelo demônio odeia ser aspergida
com água benta?
– Sim, parece que a água benta queima o demônio que está na pessoa
e ela urra, esperneia e quer fugir!
– Veja o poder que a água benta tem no plano espiritual.
Outra pessoa que me ensinou sobre a força desse sacramental foi
meu diretor espiritual, frei Juan Antonio, que exerceu por muitos anos a
função de exorcista oficial da diocese de Belém (PA). Lá, ele teve uma
experiência que traduz muito bem a eficácia da água benta no combate
espiritual.
Num fim de tarde, o frade recebeu a visita de um casal em sua
paróquia. Eles haviam agendado com o sacerdote uma oração de
libertação. O marido alegava que, havia algum tempo, a esposa vinha
desenvolvendo um comportamento agressivo e estranho, completamente
fora do padrão. Além disso, após provocar determinados eventos
desagradáveis, ela não se lembrava de nada do que tinha feito. Também
não gostava mais de ficar em locais com imagens de Nossa Senhora, algo
que sempre aceitara bem. Segundo o homem, aquilo parecia obra do
diabo.
Frei Juan Antonio resolveu rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria com o
casal. A mulher parecia desconfortável, mas não deu sinais claros de
uma possessão demoníaca. Então, o frade decidiu tomar uma
providência para esclarecer a situação. Perguntou ao casal se queriam
água. Eles aceitaram. Ele se dirigiu à cozinha, colocou água nos copos e,
fazendo a oração apropriada, abençoou-a.
Ao colocar os copos em cima da mesa, ele notou a expressão raivosa
da mulher. O homem bebeu sua água normalmente, sem saber que
estava benta, e estranhou o comportamento da esposa, ainda mais que
estava muito quente (um dia típico em Belém).
Quando ele pegou o copo dela para oferecê-lo com mais ênfase, a
mulher começou a gritar. Seu rosto se transformou, sua voz engrossou,
parecendo a de um barítono, sua mandíbula se deslocou a ponto de fazê-
la ter a aparência de um lobo. Ela deu um safanão no marido e começou
a rosnar. O frei explicou ao homem que ali havia água benta, odiada pelo
inimigo, por isso ele estava se manifestando. A mulher se levantou e
tentou morder o padre, que então fez o rito de exorcismo.
Em alguma missa, você já deve ter se deparado com o momento do
rito final em que o sacerdote dá a bênção dos objetos religiosos, da água
e do sal. Sim, o sal (grosso ou de cozinha) pode ser bento pelo padre e se
torna uma arma no combate espiritual.
Certa vez, estive em uma palestra sobre o combate espiritual
ministrada por dom Cipriano Chagas, no Rio de Janeiro. O monge
beneditino explicou que, se uma pessoa ou uma família está em grande
conflito contra forças do mal, humanas ou espirituais, deve adotar a
prática de cozinhar seus alimentos com sal bento. Dessa forma, é feita
uma limpeza espiritual, dificultando a ação do maligno.
As velas votivas também devem ser abençoadas por algum sacerdote
para funcionar como um sacramental. Não precisam ser velas de sete
dias, podem ser de qualquer tamanho. Podem ser acesas aos pés de
imagens de santos, de Jesus ou da Virgem Maria, dependendo da
devoção do fiel.
Não é recomendável deixar velas bentas acesas pela casa enquanto os
moradores estão fora, pois há risco de graves acidentes. Certa vez, por
causa de uma vela acesa no banheiro, o apartamento de uma vizinha
minha pegou fogo.
Um dia, questionei meu anjo da guarda:
– As pessoas ficam me perguntando se devem acender velas aos
anjos. Isso tem algum efeito no mundo espiritual? Vocês, anjos, gostam
das velas?
– A vela simboliza a chama da fé, a vida e a luz de Deus. Por isso, nós
gostamos quando o protegido acende uma em honra de seu anjo da
guarda. Ela dá apoio e brilho à oração feita na presença do anjo.
– Então, quanto mais tempo a vela ficar acesa na minha casa, mais
você apreciará?
– Não. O que me agrada é o momento em que você está diante da
vela e dirige a oração a mim.
– Se é assim, basta eu acender a vela na hora em que for rezar e
depois apagá-la.
– Sim – respondeu meu anjo.
Outro instrumento de defesa espiritual importante são as procissões,
consideradas uma forma de manifestação pública da fé, pois através
delas as pessoas podem demonstrar a Deus sua devoção, unindo-se em
oração. Elas têm uma dimensão comunitária. Quando o fiel participa de
uma procissão, dá um recado claro ao inimigo espiritual, pois,
caminhando com as velas, imagens e músicas para Deus, reafirma que
pertence a Jesus e a sua Mãe Santíssima. Isso afasta o maligno.
Nas procissões, as pessoas obtêm graças. São inúmeros os
testemunhos dos que tiveram sua oração atendida. Eu mesmo tenho
uma história interessante. Mais de dez anos atrás, estive no Santuário de
Fátima, em Portugal, com minha esposa. Nossa intenção era participar
da missa na capelinha das aparições, rezar o terço lá, fazer a Via-Sacra
no Bosque de Valinhos e, por fim, integrar a procissão em honra de
Nossa Senhora.
Um senhor que trabalhava no santuário veio até mim e disse:
– Boa tarde. Gostaria de participar da procissão carregando o andor
da Virgem Maria?
– Boa tarde. Infelizmente não tenho interesse, mas agradeço o
convite.
Recusei porque não queria ficar em posição de destaque naquele
momento. Pretendia apenas rezar e entregar minhas intenções a nossa
mãe.
Diante do olhar incrédulo de minha esposa, o senhor me respondeu,
triste:
– Tudo bem. Uma pena...
Minha mulher me deu uma leve bronca por eu ter recusado a
honraria. Após algum tempo, veio em minha direção um jovem
português desconhecido. Com o olhar fixo em mim, ele apressou o passo
e me abordou:
– Boa tarde. Meu nome é João.* Preciso lhe pedir algo muito
importante.
* Nome fictício.
Repleto do Espírito Santo, Jesus voltou ao rio Jordão, e era conduzido pelo Espírito através do
deserto. Aí ele foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada nesses dias e,
depois disso, sentiu fome. Então o diabo disse a Jesus: “Se tu és Filho de Deus, manda que
essa pedra se torne pão.” Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem.’” O
diabo levou Jesus para o alto. Mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo. E lhe
disse: “Eu te darei todo o poder e riqueza desses reinos, porque tudo isso foi entregue a mim,
e posso dá-lo a quem eu quiser. Portanto, se te ajoelhares diante de mim, tudo isso será teu.”
Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a ele servirá.’”
Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do Templo. E lhe disse:
“Se tu és Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos
seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado.’ E mais ainda: ‘Eles te levarão nas
mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.’” Mas Jesus respondeu: “A Escritura diz:
‘Não tente o Senhor seu Deus.’” Tendo esgotado todas as formas de tentação, o diabo se
afastou de Jesus, para voltar no tempo oportuno. (Lc 4, 1-13)
Contei os fatos acima para que fiquem atentos a tudo aquilo que
adquirem ou guardam em casa. Existem objetos mais óbvios, por
conterem símbolos ou desenhos que remetem a algo esotérico ou
maligno. Normalmente, aqueles que são precavidos os evitam. Mas há
situações mais difíceis, quando o maligno se encontra escondido. Nesses
casos, apenas a intuição da pessoa de oração pode funcionar como um
alarme.
Conclusão: não deixe sua vida espiritual de lado. Da mesma forma
que pratica exercícios físicos, pratique também os espirituais, para que a
saúde em ambas as áreas não desapareça de uma hora para outra e deixe
você na mão!
A proteção dos anjos da guarda,
de São Miguel e São José
O anjo da guarda
A maior parte dos meus leitores conhece meu livro Todo mundo tem um
anjo da guarda. Lá, há informações fundamentais sobre o mundo
angélico, que não podem ser ignoradas por aqueles que se interessam
pelo tema da defesa espiritual. Nossos anjos da guarda são protagonistas
no combate.
Quem tem o costume de rezar comigo o terço, no meu canal do
YouTube, sabe que, logo no início de cada oração, convocamos nossos
guardiães para intercederem por nós. Também sabem que invocar a
presença do seu anjo da guarda, ao acordar pela manhã, é um hábito que
estreita os laços de amizade com o ser angélico. Devemos fazer o mesmo
procedimento para encerrar o dia, ao deitar na cama.
Aos domingos, observando a fila da comunhão, costumo notar que
algumas pessoas são acompanhadas por seus anjos da guarda.
Infelizmente, trata-se de um número pequeno em relação aos que estão
presentes na missa. Provavelmente os que gozam dessa companhia
celestial praticam a devoção ao ser angélico, tendo por hábito conversar
com ele ou rezar em sua companhia. Certamente seus guardiães os
defendem dos ataques do maligno no dia a dia. Os demais devem
dedicar pouco ou nenhum tempo à devoção, não usufruindo de toda a
proteção que essas criaturas do Céu podem oferecer.
Certa vez, quando eu era bem jovem, estive com Zitinha em uma
missa em honra de Nossa Senhora da Rosa Mística, na Paróquia de
Santa Mônica, no Leblon. Ao final, do lado de fora da igreja, ela me
perguntou, sorridente:
– Pedro, você percebeu que os anjos da guarda gostam de
acompanhar as pessoas que se dirigem para receber a comunhão?
– Sim. Eles ficam bem ao lado de seus protegidos. Mas qual a razão
disso?
– Os anjos gostam de estar perto de Jesus. Lembre-se que, quando o
Senhor esteve no deserto, jejuando por quarenta dias, os anjos o
serviram. – Ela se referia ao fato de a Eucaristia ser o Corpo e o Sangue
de Jesus e à famosa passagem do Evangelho de Mateus (Mt 4,11).
– Sinceramente, hoje vi pouca gente acompanhada de anjos. Minha
visão espiritual não estava em um dia bom ou as pessoas realmente não
traziam seus guardiães com elas?
– Seu dom de visão está em perfeito estado. Infelizmente, a devoção
ao anjo da guarda precisa ser mais difundida, para que as pessoas
tenham amizade com esses seres protetores e gozem de seus benefícios.
– Zitinha, que coisa triste! Então você acha que a maioria das pessoas
não está acompanhada por ignorância? Elas não sabem que podem
chamá-los para que eles venham em seu auxílio?
– Sim. Observe que nós encontramos essa gente sempre aqui, aos
domingos, na missa. Apesar de serem pessoas com alguma caminhada
espiritual, não têm o hábito de chamar ou pedir ajuda ao anjo da guarda
para os mais diversos assuntos. Por isso, você não os está vendo. Esses
anjos estão afastados, aguardando convocação, executando seus afazeres
no seu coro angélico. Como são emissários de Deus, respeitam o livre-
arbítrio de cada um.
– Claro, faz sentido. Impressionante que elas não saibam que o anjo
da guarda é a primeira proteção que nós temos contra o bombardeio dos
espíritos malignos. É curioso notar que algumas pessoas, mesmo
levando a vida de acordo com os preceitos de nossa religião por tanto
tempo, não tenham percebido como é importante o anjo da guarda.
– Disse tudo, Pedro. – Ela sorriu. – Aliás, sempre que puder, fale às
pessoas sobre a importância de se ter ao lado o anjo da guarda.
Meu anjo da guarda é muito eficiente. Para que tenham uma ideia da
proteção que me oferece, vou lhes contar um pouco do combate
espiritual que enfrento a cada terço que rezo ao vivo com o povo.
Durante essas orações, é comum que eu sinta o peso espiritual
daqueles que estão presentes, até mesmo on-line. Muitas vezes, a
negatividade que essas pessoas cultivam em suas vidas acaba me
atingindo. Imediatamente, sinto aquela força ruim grudar na minha
pele, procurando se alojar dentro de mim.
Como estou concentrado na oração que faço, juntamente com o
numeroso povo, não posso agir para eliminar essa força. Quem toma a
iniciativa, então, é meu anjo da guarda. Ele se põe à minha frente ou às
minhas costas e começa a brilhar intensamente sua luz esverdeada. Sinto
todo o meu corpo se aquecer, como se eu estivesse dentro de uma sauna!
Por vezes, as pessoas percebem que meu rosto fica corado, como se eu
tivesse tomado sol sem protetor solar.
Quando a luz do meu anjo da guarda atinge o meu corpo, toda
aquela energia negativa começa a evaporar. Posso ver nitidamente que
uma substância de cor turva, que estava presa à minha pele, se
transforma em um vapor acinzentado e sobe em direção ao firmamento.
Sinto-me revitalizado e leve outra vez. Por isso, consigo conduzir bem as
reuniões do terço com o povo. Sem esse apoio espiritual, isso não seria
possível.
Aconteceu então uma batalha no Céu: Miguel e seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O
Dragão batalhou juntamente com os seus Anjos, mas foi derrotado, e no Céu não houve mais
lugar para eles. Esse grande Dragão é a antiga Serpente, é o chamado Diabo ou Satanás. É
aquele que seduz todos os habitantes da terra. O Dragão foi expulso para a terra, e os Anjos
do Dragão foram expulsos com ele. (Ap 12, 7-9)
São José
Por fim, há um santo muito poderoso que pode ajudar você a romper as
amarras que prendem áreas importantes de sua vida: São José. Ele
mesmo, o esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo. O
homem a quem Deus confiou seu Filho Único e todos os bens materiais
que serviriam Jesus até o momento em que iniciou sua vida pública.
São José tem posição importante no combate espiritual. Não à toa,
ele é invocado na Igreja Católica como “terror dos demônios”. Você
nunca se deparou com esse título? Trata-se de um dos vários atribuídos
ao carpinteiro, pai do Senhor, na ladainha oficial rezada em sua honra
(confira-a na página 181). Você deve estar se perguntando o porquê
desse título tão forte, já que, em nenhum momento na Bíblia, São José
foi assim denominado.
Há alguns bons motivos. Em primeiro lugar, ele é baseado nas
experiências práticas dos sacerdotes exorcistas católicos, que garantem a
eficácia da invocação de São José, juntamente com Jesus e a Virgem
Maria, para expulsar demônios que se apoderam das pessoas.
Outro fundamento, lógico e teológico, é o fato de Deus Pai, o criador
de todas as coisas visíveis e invisíveis, ter confiado seu maior tesouro, o
menino Jesus, bem como a sua mãe, a Virgem Maria, a São José. Isso
demonstra que José reunia todas as grandes qualidades que um ser
humano deve ter, como ser um perfeito guardião da vida e protetor da
família.
Por fim, há outro motivo muito importante, de ordem espiritual.
Segundo o ensinamento tradicional da Igreja Católica, a queda de
Lúcifer se deu sobretudo por causa do pecado da soberba. O antídoto
para combatê-la é a humildade. Então, as criaturas demoníacas, que não
suportam estar na presença daquele que é verdadeiramente humilde, se
retiram com a invocação de São José.
Por tudo isso, meu conselho é: esteja todos os dias na companhia
dessa trinca poderosa (o anjo da guarda, São Miguel e São José) e peça
sua ajuda em todos os assuntos, em qualquer área de sua vida em que
haja um obstáculo a ser superado ou um problema complicado.
Apêndice:
Orações e salmos para
a defesa espiritual
N esta seção, apresento algumas orações que podem ser utilizadas na
prática diária da defesa espiritual. Há orações para a invocação dos
anjos, de São Miguel Arcanjo, da Virgem Maria e de São José. Também
há salmos para a libertação das pessoas e do lar.
Eu os dividi em seções para facilitar sua busca quando se deparar
com questões específicas do combate espiritual. Antes de você partir
para as orações específicas, aconselho sempre rezar a seguinte sequência
introdutória:
1. Sinal da Cruz
2. Pai-Nosso
3. Ave-Maria
4. Glória ao Pai
5. Oração ao anjo da guarda
6. Exorcismo breve de São Miguel Arcanjo
7. Oração de São Bento
8. Levanta-se Deus
A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-
te, Satanás! Nunca me aconselhes coisas vãs. É mal o que tu me ofereces.
Bebe tu mesmo do teu veneno!
Levanta-se Deus
Ato penitencial
Credo
Ó glorioso São José, que Deus escolheu para pai adotivo de Jesus, para
esposo puríssimo da Virgem Maria e chefe da Sagrada Família, e que o
Sumo Pontífice declarou Padroeiro e Protetor da Igreja Católica
Apostólica Romana, fundada por Jesus Cristo, eu recorro a vós neste
momento e imploro, com a maior confiança, o vosso poderoso auxílio
para toda a Igreja militante.
Protegei especialmente, com o vosso amor verdadeiramente paternal,
o Vigário de Cristo e todos os bispos e sacerdotes, unidos à Santa Sé de
Pedro.
Defendei os que trabalham pela salvação das almas, entre as
angústias e tribulações desta vida, e fazei que todos os povos da Terra se
sujeitem docilmente à Igreja, que é o meio de salvação necessário para
todos.
Dignai-vos também, meu querido São José, aceitar a consagração
que vos faço de mim mesmo. Eu me ofereço todo(a) a vós, para que
sejais sempre o meu pai, o meu protetor e o meu guia no caminho da
salvação. Alcançai-me uma grande pureza de coração e um amor ardente
à vida interior.
Fazei que, seguindo o vosso exemplo, todas as minhas obras sejam
dirigidas para a maior glória de Deus, em união com o Coração Divino
de Jesus, com o Coração Imaculado de Maria, e convosco. Amém.
Consagração a Nossa Senhora
Salmo 7
Javé, o justo juiz
Salmo 23 (22)
Deus hospeda o perseguido
Salmo 35 (34)
Deus restaura a honra do inocente
Salmo 91 (90)
O justo confia em Deus
Salmo 9
O pobre não ficará frustrado
Salmo 37 (36)
A esperança depende da perseverança
1. De Davi. Não se irrite por causa dos maus, nem tenha inveja dos
injustos.
2. Eles são como erva: secam depressa, murcham logo como a relva.
3. Confie em Javé e pratique o bem, habite na terra e viva tranquilo.
4. Coloque em Javé o seu prazer, e ele dará o que seu coração deseja.
5. Entregue seu caminho a Javé, nele confie, e ele agirá.
6. Ele manifestará a justiça de você como o amanhecer e seu direito
como o meio-dia.
7. Descanse em Javé e nele espere, não se irrite com os que triunfam,
com o homem que usa de intrigas.
8. Deixe a ira, abandone o furor, não se irrite: você só faria o mal.
9. Porque os maus vão ser excluídos, e os que esperam em Javé
possuirão a terra.
10. Mais um pouco, e não haverá mais injusto; você buscará o lugar
deles, e não existirá.
11. Mas os pobres vão possuir a terra e deleitar-se com paz abundante.
12. O injusto faz intrigas contra o justo, e contra ele range os dentes.
13. Mas o Senhor ri às custas do injusto, pois vê que o dia dele vem
chegando.
14. Os injustos desembainham a espada e retesam o arco para matar o
pobre e o indigente, para assassinar o homem reto;
15. mas a espada lhes atravessará o coração, e seus arcos se quebrarão.
16. Vale mais o pouco do justo que a riqueza de muitos injustos,
17. porque os braços do injusto serão quebrados, enquanto o apoio dos
justos é Javé.
18. Javé conhece os dias dos íntegros, e a herança deles permanece para
sempre;
19. não se envergonharão nos dias da seca, e nos dias da fome ficarão
saciados.
20. Sim, os injustos vão perecer, os inimigos de Javé vão murchar como
a beleza dos prados, vão desfazer-se como fumaça.
21. O injusto toma emprestado e não devolve, mas o justo se
compadece e dá.
22. Os que ele abençoar possuirão a terra, e os que ele amaldiçoar serão
excluídos.
23. Javé garante os passos do homem, e se compraz com o caminho
dele.
24. Quando tropeça, não chega a cair, porque Javé o sustenta pela mão.
25. Fui jovem e já estou velho, mas nunca vi um justo abandonado,
nem sua descendência mendigando pão.
26. O dia todo ele se compadece e empresta, e sua descendência é uma
bênção.
27. Evite o mal e pratique o bem, e você terá uma casa para sempre,
28. porque Javé ama o direito e jamais abandona seus fiéis. Os
malfeitores serão para sempre destruídos, e a descendência dos
injustos será eliminada.
29. Os justos vão possuir a terra, e nela habitarão para sempre.
30. A boca do justo fala com sabedoria, e sua língua explica o direito,
31. pois ele tem no coração a lei do seu Deus, e seus passos nunca
vacilam.
32. O injusto espreita o justo e procura levá-lo à morte.
33. Javé, porém, não o entrega nas mãos do injusto e no julgamento
não deixa que o condene.
34. Espere em Javé e observe o seu caminho; ele exaltará você, para que
possua a terra, e você verá os injustos eliminados.
35. Eu vi um injusto cheio de poder, que prosperava como cedro
frondoso.
36. Voltei a passar, e não existia mais; procurei-o, e não foi encontrado.
37. Observe o íntegro, veja o homem direito: existe uma posteridade
para o homem pacífico.
38. Mas os transgressores serão todos destruídos, e a descendência dos
injustos será cortada.
39. A salvação dos justos vem de Javé, que é fortaleza para eles no
tempo da angústia.
40. Javé os ajuda e liberta; vai livrá-los dos injustos e salvá-los, porque
os justos nele se abrigam.
Salmo 70 (69)
Deus defende os pobres
Com mais de 450 mil exemplares vendidos, ele é autor de Todo mundo
tem um anjo da guarda, Você pode falar com Deus e Viagens místicas,
além de uma série de ficção (Senhora das águas, Senhora dos ares e
Senhora do sol), todos da Editora Sextante.
Pedro Siqueira
@pedrosiqueira.oficial
/pedrosiqueira.1971
CONHEÇA OUTROS LIVROS DO AUTOR
Desde criança, Pedro Siqueira tinha visões místicas. Com o tempo, seu
dom se transformou em missão: ser um instrumento de ligação entre as
pessoas e o mundo espiritual e ajudá-las a desenvolver sua fé através de
mensagens de santos, anjos e de Nossa Senhora. Ele começou a dividir
os ensinamentos que recebia com pequenos grupos de oração. Aos
poucos, esse círculo foi crescendo e, hoje, Pedro dirige a oração do terço
para milhares de fiéis.
Com este livro, ele amplia ainda mais o alcance de sua mensagem e
leva ao leitor as orientações mais importantes para quem deseja estreitar
sua relação com Deus por meio da oração.
Muitas pessoas que creem em Deus não têm o hábito de rezar, mas
Pedro mostra que a prece precisa fazer parte do nosso dia a dia. Seus
poderes são surpreendentes: ela acalma corações e transforma a
realidade.
Neste livro, ele ensina como devemos rezar para estabelecer um
canal de comunicação direto e verdadeiro com Deus. E nos aponta o
caminho para uma vida espiritual plena e feliz, dedicada ao Senhor e a
serviço do próximo.
A partir de fascinantes histórias reais, Pedro nos faz ver que as coisas
vindas do Altíssimo são impressionantes e imprevisíveis. E que, quando
rezamos com fé e acreditamos na Providência divina, milagres podem
acontecer em nossas vidas.
CONHEÇA OS LIVROS DE PEDRO SIQUEIRA
NÃO FICÇÃO
Defesa espiritual
Viagens místicas
Todo mundo tem um anjo da guarda
Você pode falar com Deus
FICÇÃO
Senhora das águas
Senhora dos ares
Senhora do sol
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