Defesa Espiritual - Pedro Siqueira

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Copyright © 2023 por Pedro Siqueira

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou
reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos
editores.

As passagens bíblicas deste livro foram retiradas principalmente da Edição


Pastoral da Bíblia Sagrada, da editora Paulus, mas também da Bíblia da editora
Ave-Maria.

edição: Nana Vaz de Castro


copidesque: Gabriel Machado
revisão: Hermínia Totti e Luiza Miranda
diagramação: Abreu’s System
capa: Angelo Allevato Bottino
imagem de capa: Ralf | Adobe Stock
foto do autor: © Leo Aversa
e-book: Pedro Wainstok

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S632d
Siqueira, Pedro, 1971-
Defesa espiritual [recurso eletrônico] / Pedro Siqueira. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Sextante, 2023.
recurso digital
Formato: eBook
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-5564-707-5 (recurso eletrônico)
1. Espiritualidade. 2. Vida espiritual. 3. Conduta. 4. Técnicas de autoajuda. 5. Livros eletrônicos. I.
Título.

CDD: 204
23-84922 CDU: 2-584

Gabriela Faray Ferreira Lopes - Bibliotecária - CRB-7/6643

Todos os direitos reservados, no Brasil, por


GMT Editores Ltda.
Rua Voluntários da Pátria, 45 – Gr. 1.404 – Botafogo
22270-000 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2538-4100 – Fax: (21) 2286-9244
E-mail: [email protected]
www.sextante.com.br
Dedico este livro, com todo amor e admiração, àqueles que
sempre sustentaram meu ministério de evangelização com sua
oração e seu apoio incondicional: à minha esposa, Natália, ao
meu diretor espiritual, frei Juan Antonio, à minha mãe, Dulce
Maria, ao meu irmão, Paulo Gustavo, e ao meu primo, padre
Alexandre Pinheiro. Sem vocês, minha jornada missionária
teria sido muito mais difícil. Muito obrigado e que Deus os
proteja sempre!
Sumário
Introdução

Renovar a mente
Sabedoria e discernimento
Combatendo as crenças limitantes

Comunicação interna e externa


Tomada de decisões
Saber escutar
Domínio da língua
O silêncio – exemplo de Maria

A devoção à Virgem Maria


O rosário
São Domingos, beato Alain de la Roche e o rosário
As cinco pedrinhas de Medjugorje

Sacramentos e sacramentais
Batismo
Eucaristia
Crisma ou confirmação
Penitência ou confissão
Unção dos enfermos
Matrimônio e ordem
Sacramentais
O jejum como arma espiritual

Contaminação por pessoas, lugares e objetos

A proteção dos anjos da guarda, de São Miguel e São


José
O anjo da guarda
São Miguel Arcanjo
São José

Apêndice: Orações e salmos para a defesa espiritual


Sequência introdutória
Oração ao anjo da guarda
Exorcismo breve de São Miguel Arcanjo
Oração de São Bento
Levanta-se Deus

Outras orações essenciais


Ato penitencial
Credo

Outras orações aos anjos


Oração aos nove coros angélicos
Rosário de São Miguel Arcanjo
Súplica ardente aos anjos
Ladainha dos santos anjos
Ladainha de São Miguel
Consagração a São Miguel

Orações a São José e Nossa Senhora


Terço de São José
Oração do papa Francisco a São José
Ladainha de São José
Consagração a São José
Consagração a Nossa Senhora

Salmos para o combate espiritual


Salmos para que Deus livre a pessoa de um ataque, de uma
situação que a aprisiona ou de uma perseguição
Salmos para os que necessitam de justiça, de cura e libertação

Conclusão

Sobre o autor

Sobre a Sextante
Introdução
A defesa espiritual e psíquica é uma questão fundamental para os que
acreditam na existência de um mundo espiritual. São Paulo já nos
alertava para a importância do tema: “A nossa luta, de fato, não é contra
homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades,
contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do
mal, que habitam as regiões celestes” (Efésios 6, 12).
Em meus livros anteriores, esse assunto aparece em pequenas doses,
pois é impossível falar de espiritualidade sem abordá-lo. Mas, como
naquelas ocasiões eu precisava escrever sobre outros temas (igualmente
relevantes) para os que estão na caminhada espiritual, não o aprofundei
o suficiente.
Nos últimos anos, no entanto, várias pessoas que me seguem nas
redes sociais e frequentam os terços que dirijo me relataram casos de
ataques espirituais ou psíquicos e me pediram ajuda. Ficou claro para
mim que a maioria tem dificuldade de se defender. Como tenho bom
conhecimento nesse tipo de combate, eu não poderia me omitir. Foi
assim que este livro começou a se desenhar.
Não posso deixar de ressaltar que o primeiro passo para uma boa
defesa é renovar a mente. Por isso, logo no primeiro capítulo discorro
sobre as técnicas que você deve pôr em prática para se livrar de
limitações ou barreiras mentais que cultivou ao longo da vida.
A Igreja Católica sempre procura orientar os fiéis na busca por saúde
mental e espiritual. Nesse contexto, a tradição católica oferece um rico
acervo de ensinamentos e práticas que podem auxiliar na proteção
contra influências negativas (espirituais ou humanas) e no
fortalecimento interior (especialmente dos pensamentos e sentimentos).
Uma das práticas mais importantes para a defesa espiritual e psíquica
é a oração. Através dela, podemos buscar todos os dias a sabedoria e o
discernimento, dois dos mais importantes dons do Espírito Santo. O
dom da sabedoria nos capacita a compreender em profundidade as
verdades divinas e aplicá-las em nossa vida, principalmente nas decisões
que precisamos tomar. O dom do discernimento nos habilita a avaliar
com clareza pessoas, situações e fatos, para que, identificando a verdade
por detrás deles, rejeitemos as influências malignas e os enganos do
mundo.
A oração é um momento de comunicação com Deus e de abertura
para a sua graça. Segundo a Igreja Católica, é um poderoso instrumento
de defesa contra as forças do mal. Quando rezamos diariamente,
fortalecemos nossa fé e nos conectamos com a fonte divina de amor e
proteção. Não preciso, então, frisar que todos devem cultivar uma vida
de oração constante. Escrevi notas importantes sobre essa prática em
Você pode falar com Deus. Neste livro de agora, trago mais algumas
informações que vão elevar sua vida de oração a outro patamar.
Como nossa mente precisa se ancorar em coisas boas para aumentar
o bem-estar, na tradição católica temos a meditação dos mistérios da fé,
da vida de Jesus Cristo (presentes na devoção mariana do rosário) e a
leitura diária das passagens bíblicas, com ênfase nos Evangelhos e nas
cartas atribuídas aos apóstolos (que se encontram no Novo Testamento).
Mantendo a constância dessas atividades, é possível cultivar a serenidade
e a paz interior, fortalecendo não só o espírito, mas também a defesa
psíquica.
Como auxílio determinante na guerra espiritual, há ainda à nossa
disposição armas de eficácia comprovada por exorcistas e pessoas que
trabalham com a oração de libertação e que encaram os espíritos
malignos de frente. Refiro-me aos sacramentos e aos sacramentais.
Os sacramentos são ritos sagrados instituídos por Jesus Cristo e
confiados à Igreja Católica para a santificação dos fiéis e a celebração da
vida cristã. São sete: batismo, confirmação (ou crisma), Eucaristia,
penitência (ou reconciliação), unção dos enfermos, ordem e
matrimônio. Neste livro, narro diversas experiências místicas que tive
com eles.
Os sacramentais são ritos sagrados ou objetos que têm uma
dimensão sagrada, embora não sejam sacramentos no sentido estrito.
Entre eles estão, por exemplo, as bênçãos, as procissões, as velas bentas,
as medalhas, os escapulários, as águas e os óleos bentos, as imagens e as
relíquias dos santos. Ajudam-nos a recordar a presença de Deus em
nossa vida e a expressar nossa devoção e ­confiança n’Ele. Há muitos
anos, tenho por hábito me valer dos sacramentais.
O jejum é mais uma das armas disponíveis. Associado à oração
pessoal, à meditação dos mistérios da vida de Cristo e à leitura do Novo
Testamento, é uma das ferramentas mais eficazes: trata-se da abstinência
de alimentos durante um período determinado como forma de
purificação e fortalecimento interior. Na tradição católica, ele é
frequentemente ligado ao sacrifício pessoal (penitência) e à busca de
uma maior intimidade com Deus. Por meio do jejum, também
cultivamos a disciplina e o autocontrole, aumentando a força espiritual e
a defesa psíquica. Neste livro, você terá instruções sobre o jejum no
combate espiritual.
Os que acompanham meu trabalho de perto sabem que sou devoto
da Virgem Maria, de São José e de São Miguel Arcanjo. Este trio forma a
tropa de combate mais temida pelos espíritos malignos. Seu destaque é
tão grande que escrevi capítulos sobre as devoções a eles, para incentivar
você a tê-los como companhia diária.
Como o assunto da defesa é complexo e o mal pode estar disfarçado
ou contido em uma base material, algo com que podemos nos deparar
no dia a dia, trago informações especiais sobre a contaminação espiritual
que ocorre através de pessoas, objetos ou lugares.
Por fim, apresento orações para as mais diversas situações de
combate. Você deve combiná-las com as práticas sugeridas, para ter a
maior proteção possível ou eliminar mais rapidamente um ataque
psíquico ou espiritual.
Boa leitura e que Deus o abençoe!
Renovar a mente
O ser humano interpreta o mundo e traça seus planos a partir da
mente. Os seis sentidos* são processados sem cessar pelo nosso filtro
mental.

* O sexto sentido está ligado à intuição e à conexão com o mundo espiritual.

Alguns não sabem que, em termos de espiritualidade e defesa


psíquica, a mente humana representa um campo de batalha. Se, ao longo
da vida, você não conquistar o domí­nio dessa área, alguém vai fazer isso
em seu lugar. E as consequências serão desastrosas.
Aprendi sobre esse assunto há algum tempo com meu anjo da
guarda. Ele me apareceu de surpresa no escritório do meu apartamento,
brilhando intensamente com sua luz verde. Era novembro de 2021 e eu
estava preparando o equipamento que iria usar para entrar ao vivo no
meu canal do YouTube. Em poucos minutos eu iniciaria a oração do
santo terço, com a intenção principal de rezar pelas almas do purgatório.
– Pedro, o que acontece se um homem que vive em uma região
violenta, cheia de bandidos, sem querer deixa o portão de casa aberto e
as câmeras de segurança e os alarmes desligados ao sair para o trabalho?
Fiquei um tanto surpreso com a pergunta. Pensei que ele havia
chegado para me passar alguma instrução específica sobre o terço que eu
estava prestes a recitar com o povo que me segue nas redes sociais.
– Que imprudência! – respondi, desconectando os cabos do
microfone e do violão na mesa de som. – Esse homem será no mínimo
assaltado. Talvez algo pior aconteça a ele e sua família.
– Exatamente – afirmou ele, com a praticidade de sempre, sem dar
um sorriso ou expressar satisfação. – Imagine que você é esse homem e
que sua mente é a casa desprotegida. Seria fácil arrumar tudo depois do
assalto?
Sua comunicação telepática carregava uma ênfase diferente e não só
ecoava pela minha cabeça, mas também fazia meu corpo vibrar. Era
óbvio que queria marcar bem seu discurso.
– Não. Colocar tudo em ordem seria extremamente difícil – respondi
de imediato.
Minha mente estaria tão desprotegida assim?
Anos antes, em 2001, enquanto fazia mestrado em Direito Público,
na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), presenciei um
debate jurídico entre um professor e um aluno sobre princípios
tributários. Ambos pareciam ter bons argumentos na defesa de seu
posicionamento. Em determinado momento, mais alunos aderiram à
discussão e o professor ficou visivelmente satisfeito com o efeito de suas
ideias. Ele disse a todos que, sempre que fôssemos ler algo (um livro,
uma petição em um processo ou mesmo uma notícia de jornal),
deveríamos identificar a verdadeira motivação do autor do texto –
ideológica, religiosa, social ou mesmo pessoal.
Havia guardado essa importante lição para mim e passei a aplicá-la
desde então. Por isso, fiquei atento ao alerta que meu anjo da guarda
tinha acabado de fazer. Eu precisava ir além dos textos que lia e filmes a
que assistia. Tinha que prestar atenção nas motivações daqueles que
conversavam comigo sobre os mais diversos assuntos.
Depois de refletir, concluí que, no fundo, ele tinha ­razão. Eu havia
me descuidado de minhas defesas psíquicas, por distração ou por não
me sentir ameaçado durante algumas conversas ou enquanto escutava
alguns discursos mais corriqueiros. Às vezes é difícil identificar
mensagens subliminares, presentes em anúncios de televisão e rádio, por
exemplo. Elas trazem comandos escondidos em palavras que soam
inocentes. Parecem despretensiosas, mas, na verdade, são perigosas.
Sem se mover, olhando-me fixamente com seus olhos de faróis
verdes, meu anjo protetor prosseguiu:
– A mesma coisa acontece com o homem que permite que outros
tomem conta de sua mente e a façam refém.
Como o tema era delicado e a criatura angélica estava lhe dando um
destaque considerável, eu precisava compreender com exatidão o
significado de seu recado, então perguntei:
– Você quer dizer que minha mente sofre ataques constantes e que
nem sempre estou com minhas defesas a postos?
– Sua mente, como a de qualquer pessoa, está sujeita a ataques de
todos os lados: humanos e espirituais. Algumas criaturas desejam
dominar e controlar os outros, impondo suas ideias. Note a quantidade
de mensagens subliminares e propagandas prejudiciais presentes no
mundo.
– Entendo.
– A sede de dominação vem não só dos que são de carne e osso.
Existem também espíritos malignos que tentam influenciar
negativamente o pensar dos homens, com sugestões sutis, para que seus
atos e decisões sejam prejudiciais para si e para os outros que os cercam.
Assim, as almas se perdem e se afastam do caminho que Cristo tem para
elas. Você percebe a gravidade disso?
– Tem razão. A batalha é bastante complicada.
– Em qualquer situação, tenha atenção máxima. Não bas­ta bloquear
apenas os ataques diretos, mais óbvios. Você precisa incrementar suas
defesas para os casos em que a in­fluên­cia negativa parte de algum ser
espiritual ou humano de forma insidiosa. Analise cada ideia contida nas
frases que lhe dizem antes de apresentar sua resposta, concordando ou
discordando. Examine com cuidado as ideias que pipocarem na sua
cabeça, vindas “do nada”. Não tome decisões precipitadas. Contenha seus
impulsos.
– Eu entendo perfeitamente a parte dos ataques de espíritos
malignos. Mas devo agir com precaução diante de qualquer pessoa? –
perguntei, imaginando o enorme trabalho que aquilo me daria: atenção
plena em tudo o que fizesse e em cada situação que vivesse.
– Quando estiver diante daqueles que o amam de verdade, não. Eles
desejam sempre o seu bem, então você já sabe o que motiva seus atos,
ideias e palavras: o amor. Obviamente, eles podem estar equivocados
sobre diversos assuntos, mas não lhe querem mal. Não desejam usá-lo
nem dominá-lo. Você terá sua própria opinião, que pode ou não
coincidir com a deles, mas não haverá uma batalha espiritual ou psíquica
em jogo, pois não lhe preparam nenhum tipo de armadilha.
O anjo esverdeado flutuava agora mais perto da janela do recinto.
– É verdade – concordei. Pelo menos assim meu trabalho seria
menor. – Será que Jesus prestava atenção em qualquer pessoa que o
procurava? Havia quase sempre uma multidão ao seu redor,
especialmente quando pregava. Já pensou quanto trabalho? – perguntei
ao anjo, curioso.
– Sim. Leia com atenção os Evangelhos e você verá que Ele tinha sua
atenção máxima a cada passo, a cada encontro e a cada palavra. Lembre-
se, por exemplo, da passagem em que Jesus decide ir à casa de um
grande pecador, Zaqueu.
Na mesma hora, passou pela minha cabeça, como um pequeno filme,
a história contada em Lucas 19, 1-10. O encontro entre Jesus e Zaqueu se
deu em Jericó, considerada uma das cidades mais antigas do mundo. O
Mestre vinha andando enquanto uma multidão se aglomerava ao redor,
buscando-O devido à sua fama.
Zaqueu era o chefe dos cobradores de impostos. Um homem muito
rico, de quem o povo local não gostava, já que o considerava pecador.
Tinha baixa estatura e uma curiosidade enorme sobre Jesus. Desejava
encontrar o Mestre. Quando se deparou com aquele monte de gente nas
ruas, todos ansiosos por Jesus, percebeu que não teria chance de ver o
Senhor. Sem se dar por vencido, teve a ideia de subir em uma das
árvores, uma figueira, para esperar a passagem do Santo de Israel pelo
local.
Quando Jesus chegou ao ponto onde Zaqueu estava, olhou para cima
e lhe disse que descesse da árvore porque queria ficar em sua casa. O
chefe dos cobradores de impostos desceu rapidamente e, muito feliz,
acolheu Jesus em seu lar. Como consequência, Zaqueu se converteu.
Essa passagem bíblica mostra muito bem como Jesus estava sempre
atento a tudo e a todos. No meio de um grande número de pessoas, a
quem dava atenção e afeto, teve olhos para um pecador que necessitava
de amor para corrigir seus erros. Mesmo estando ele no alto de uma
figueira, num ângulo de visão pouco propício ao Senhor, sua curiosidade
e suas necessidades não passaram despercebidas. Onde quer que esteja,
Jesus está sempre presente por inteiro.
– Devo comentar com as pessoas com quem convivo sobre esse
ensinamento? Ou é só para mim?
– Gostaria que você transmitisse o que falei hoje.
Ele encerrou a conversa e desapareceu numa explosão de luz
esverdeada, sem me dar chance de falar mais nada. Retornou meia hora
mais tarde, com dois dos meus anjos ministeriais, para me auxiliar
durante a oração do terço ao vivo.
Acredito que a maioria dos leitores já tenha assistido a algum
desenho animado em que um anjinho e um diabinho pairam ao lado da
cabeça de um personagem, municiando-o de ideias angelicais ou
diabólicas, conforme sua natureza. Esses conselhos, bons e maus, se
alojam na mente do personagem, que precisa tomar decisões. O conflito
é enorme. O que fazer? Como decidir?
Os mais precipitados devem achar que todos nós temos um anjinho
e um diabinho por perto, dia e noite. Claro que não! Não deixe que a
superstição tome as rédeas de sua vida. No meu livro Todo mundo tem
um anjo da guarda, já expliquei que, desde sua concepção no ventre
materno, os seres humanos recebem um anjo da guarda. Demônios não
nos acompanham aqui na Terra, não são designados por Deus para nos
perseguir.
Aliás, quem nos conduz pela vida é o Espírito Santo e os anjos de
Deus. Satanás e seu exército não conduzem ninguém. Veja a seguinte
passagem do Evangelho de Marcos: “Em seguida, o Espírito impeliu
Jesus para o deserto. E ­Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí
era tentado por Satanás. Jesus vivia entre os animais selvagens, e os anjos
o serviam” (Marcos 1, 12-13).
De qualquer forma, você sempre deve ficar muito atento ao caminho
e às escolhas que faz, pois os espíritos malignos colocarão vários
obstáculos no trajeto, para que você caia em tentação e se desvie,
terminando seus dias afastado da trilha que o Espírito de Deus e os anjos
do Pai Celestial lhe designaram. Entende a diferença?
Talvez você esteja meio confuso: mas Pedro acabou de criticar a
crença no anjinho e no diabinho... Sim: o significado dessa alegoria é que,
dentro de nós, existe uma disputa entre o bem e o mal, o dilema de
praticar atos de amor ou atos que prejudiquem a nós mesmos ou aos
outros.
Assim, por vezes, a pessoa não consegue definir o que é ou não bom
para si, para aqueles de quem cuida e com os quais convive. Ao se
decidir de modo equivocado, ao agir impulsionado por ideias ou
sentimentos ruins, acaba provocando problemas e crises.
Para piorar o quadro, sabemos que, quando se está dentro da
tempestade, é mais difícil ver o melhor caminho para seguir viagem.
Nessas condições, é comum tomar decisões erradas.
Além disso, o “diabinho conselheiro” (aqui, não me refiro só a
espíritos malignos que possam influenciar alguém, mas também aos
maus conselheiros de carne e osso e às nossas más inclinações humanas)
é muito inteligente e sutil: disfarça suas ideias prejudiciais em coisas
aparentemente boas, só para confundir.
Apesar do tom de comédia, o desenho animado traz uma realidade
mística: nossa mente é, de fato, um campo de batalha. Nós decidimos
quais serão os pensamentos e sentimentos que vão se sair vitoriosos e
nos guiar. Decidimos que pessoas, seres espirituais, palavras, exemplos e
situações vão influenciar nossa vida.
Você deve estar se questionando: diante de todas as dificuldades
apresentadas, como faço para renovar minha mente? Calma! A Bíblia
traz a solução. São Paulo já nos falava sobre a importância dessa questão
para criar boas defesas contra os ataques psíquicos e espirituais. Com
sua aclamada sabedoria, o grande santo nos dá um conselho muito
importante em sua Carta aos Romanos: “Não se amoldem às estruturas
deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, a fim de
distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele,
o que é perfeito” (Rm 12, 2).
Está claro que não podemos ter uma mente conformada às diretrizes
de um mundo que não pratica a fé em Cristo. Para ser realmente livre e
renovada, ela precisa ter a compreensão daquilo que Deus tem para nós
e do que, aos seus olhos, é bom, agradável e perfeito para nossa vida.
Nosso Pai Eterno tem um plano de amor e vitória para cada um de nós.
Nossa mente não deve acolher as ideias e os pensamentos propostos
por essa gente que não vive a fé ou pelos que estão na igreja mas que
querem nos dominar ou nos usar segundo seus desejos egoístas e planos
humanos. Nesse caso, o que precisamos fazer? São Paulo expõe a solução
em sua Carta aos Colossenses: “Pensem nas coisas do alto, e não nas
coisas da terra” (Cl 3, 2).
O que significa pensar nas coisas do alto? O que exatamente nossa
mente deve focar? O que não pode estar em nossa cabeça? Acredito que
essas dúvidas também foram apresentadas ao apóstolo Paulo. Então, em
pormenores, ele deu a seguinte instrução (que é muito atual) para sua
comunidade colossense:

Agora, porém, abandonem tudo isto: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas,
que saem da boca de vocês. Não mintam uns aos outros. De fato, vocês foram despojados do
homem velho e de suas ações, e se revestiram do homem novo que, através do conhecimento,
vai se renovando à imagem do seu Criador. (...) Vistam-se de sentimentos de compaixão,
bondade, humildade, mansidão, paciência. Suportem-se uns aos outros e se perdoem
mutuamente, sempre que tiverem queixa contra alguém. (...) E, acima de tudo, vistam-se com
o amor, que é o laço da perfeição. (Colossenses 3, 8-10; 12-14)

Precisamos excluir de nossa vida pensamentos maldosos e raivosos


contra quem quer que seja, assim como as mentiras, pois só nos trazem
prejuízo, envenenando os sentimentos. Além disso, não devemos usar
um linguajar de baixo nível, recheado de palavrões. Lembrem-se do que
Jesus disse: “A boca fala daquilo de que o coração está cheio” (Lucas 6,
45). Não podemos relaxar nossa atenção com esses elementos do pensar,
sentir e falar. O trabalho é diário e não pode parar.
Quando estive nos Estados Unidos em 2021, para fazer palestras e
orações com o povo católico, uma senhora cabo-verdiana que morava lá
havia muitos anos veio me falar:
– Pedro, meu marido é um bom homem, mas tem pensamentos
ruins sobre ele mesmo e nossa família. Boa parte do tempo, fica com
medo de falhar e de termos problemas financeiros. Em alguns dias, está
tão amedrontado que fala palavrões sozinho, na sala. Mas a verdade é
que temos um bom patrimônio. Não há a menor chance de passarmos
um aperto no futuro próximo, só que, no passado, éramos muito pobres,
nos faltava dinheiro e sobravam provações. Será que existe alguma
forma de ele entender que o passado não nos ameaça mais?
– Parece que seu marido está ancorado no passado. A vida difícil que
teve o marcou profundamente. Ele deixa que esses pensamentos ruins, as
recordações de dor, tomem conta de sua mente sempre?
– Não. Em algumas semanas ele parece anestesiado: desmotivado,
mas sem demonstrar pavor. Um tanto aéreo. Em outras, parece mais
confiante. Não fica reclamando de tudo nem demonstra ter medo da
derrota. Mas esses períodos, de anestesia ou de certa paz, não duram
quase nada. Para ser sincera, acho que o medo dele retorna com mais
força ainda.
– Anestesiado e aéreo? O que isso significa exatamente?
– Parece que não quer pensar em suas tarefas ou proble­mas. E nunca
está satisfeito com nada. Imagino que ele deixe a mente ociosa, se é que
isso é possível! – Ela arregalou os olhos.
– Quer dizer que ele evita pensar nos problemas e nas coisas boas
que tem na vida?
– Acho que sim. Mas percebo que até nesses momentos em que ele
parece relaxado, sem apresentar preocupação exagerada, não há paz de
verdade. Creio que não há alegria em seu coração. Uma coisa é certa: ele
nunca está feliz – concluiu a mulher, triste.
– Minha intuição é que seu marido não segue o conselho que Jesus
deu na parábola da casa arrumada que é ocupada por demônios.
– Poderia me explicar melhor?
– Claro! – Abri a Bíblia que tinha acabado de usar para fazer uma
palestra sobre anjos e disse: – Jesus ensina o seguinte em Lucas 11, 24-
26: “Quando um espírito mau sai de um homem, fica vagando em
lugares desertos à procura de repouso, e não encontra. Então diz: ‘Vou
voltar para a casa de onde saí.’ Quando ele chega, encontra a casa varrida
e arrumada. Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos piores do
que ele. Eles entram, moram aí e, no fim, esse homem fica em condição
pior do que antes.”
– Será que meu marido está dominado por espíritos malignos? –
perguntou a senhora, espantada.
– Não necessariamente, mas está influenciado por ideias nocivas.
Elas podem ter sido plantadas em sua mente por seres humanos: seus
pais ou alguém em quem ele confia, por exemplo. Podem, também, vir
de criaturas espirituais malignas, que se aproveitam das suas feridas
emo­cionais.
– Ele é um homem muito fechado. Nunca me diz o que está
sentindo. Não expressa seus desejos. Jamais fala sobre sua infância e seus
pais – comentou ela em voz baixa.
– Não tenho como afirmar com exatidão se o medo tem relação com
a infância dele, os pais ou espíritos ruins que se aproximam dele e
relembram as derrotas que ele sofreu durante a vida.
Fiz uma pausa. Como ela não disse nada, decidi prosseguir. Eu
precisava entender melhor a situação espiritual do marido.
– Pelo que entendi, ele até tenta se livrar desse temor, mas, como não
alimenta seus pensamentos e sentimentos com as coisas de Deus, acaba
sucumbindo outra vez. Ele frequenta a igreja? Faz orações diariamente?
Lê a Bíblia?
– Pedro, ele é um bom homem, só que não gosta de rezar nem de ler
a Bíblia. Quando está mais tranquilo, até me acompanha na missa, mas
sinto que só o faz por mim.
A mulher ficou uns segundos em silêncio, inspirou fundo e
perguntou:
– Existe alguma forma de eliminar essas ideias de derrota da vida
dele? A passagem que você leu para mim a princípio não apresenta uma
solução. – Ela se mantinha calma, mas continuava triste.
– A solução está implícita no texto. Jesus diz para cada um de nós
que precisamos ocupar nossa mente e nosso coração com ideias e
sentimentos bons, todos os dias, para não sermos dominados por algo
que não nos serve e, muitas vezes, por coisas ruins de que já havíamos
nos livrado antes. Você cuida de sua casa sempre, certo?
– Todos os dias.
– Pois é. Procuramos varrer e arrumar nossa casa sempre,
mantendo-a em ordem. O mesmo precisa ser feito nos planos espiritual,
mental e emocional. Dá trabalho, mas o resultado é reconfortante.
Insista com seu marido para que ele leia a Bíblia diariamente e reze, por
exemplo, agradecendo a Deus por tudo aquilo que conquistou na vida. A
princípio podem ser só orações curtas. Todo domingo, leve-o para a
missa com você. Persevere para que ele vá sempre. Isso já vai resolver
boa parte do problema.
Note que o combate psíquico e espiritual não é tarefa ­fácil. Além de
aprendermos como lutar, precisamos exercitar o aprendizado na vida
diária. Ter constância é fundamental. Além disso, é necessário que
estejamos cheios do Espírito Santo, especialmente dos dons do
discernimento e da sabedoria. Assim, poderemos identificar as ciladas
que o mundo coloca em nosso caminho e tomar as decisões e os rumos
corretos.

Sabedoria e discernimento
Além de exercitar a plena atenção, estando verdadeiramente presente a
cada momento, é muito importante que cada um de nós tenha os dons
do Espírito Santo do discernimento e da sabedoria. Neles se encontra o
remédio contra boa parte do engano e da confusão.
Ao observar pessoas e situações com o dom do discernimento,
enxergamos a realidade como ela é, com muita precisão. Usando o dom
da sabedoria, podemos decidir que rumo devemos tomar ou quais rotas
precisamos evitar, ainda que a escolha seja das mais difíceis. Por isso,
ambos caminham lado a lado, de mãos dadas. Nunca peça a Deus um só,
trata-se de um “combo”.
Esses dons do Espírito Santo nos mostram a estrada que o Pai
Celestial quer que sigamos. Sua importância remonta a tempos muitos
antigos e tem destaque, por exemplo, no Livro dos Provérbios, cuja
autoria foi atribuída ao Rei Salomão, por conta de sua fama de sábio –
mas os estudiosos afirmam que é possível identificar nove coleções,
provindas de tempos e mãos diferentes. Seja como for, alguns desses
provérbios nasceram antes do ano 950 a.C. e estão conosco até hoje.
Imagine o grande valor que eles têm no campo da sabedoria!
No prólogo dos Provérbios, encontramos o título “Sabedoria para
viver”. Quem não precisa disso? O capítulo 1 faz um resumo da obra:
“Provérbios de Salomão, filho de Davi e rei de Israel, para conhecer a
sabedoria e a disciplina; para entender as sentenças profundas; para
adquirir disciplina e sensatez, justiça, direito e retidão; para ensinar
sagacidade aos ingênuos, conhecimento e reflexão aos jovens.”
Os Provérbios dão importância também para o discernimento, como
se pode ver na seguinte passagem: “Todo homem prudente age com
discernimento, mas o insensato põe em evidência sua loucura” (Pr 13,
16).
Como manifestar esses dons do Espírito Santo? O primeiro passo é a
oração: devemos pedi-los com insistência a Deus, em especial ao
Espírito Santo, uma das três Pessoas da Santíssima Trindade. O próprio
Javé pontua isso ao falar a Moisés: “Eu o enchi do espírito divino para
lhe dar sabedoria, inteligência e habilidade para toda sorte de obras”
(Êxodo 31, 3).
Tem gente desconfiada que pensa: será que Deus vai me dar essa
graça, me enviando seu Santo Espírito, com os seus dons da sabedoria e
do discernimento, só porque eu pedi? Sem dúvida! Isso é o que a Bíblia
nos ensina, desde o Antigo até o Novo Testamento. Leiam com atenção
as passagens a seguir:

E dou a sabedoria ao coração de todos os homens inteligentes, a fim de que executem tudo o
que te ordenei. (Êxodo 31, 6)

De fato, é Javé quem dá a sabedoria, e da sua boca vêm o conhecimento e o entendimento.


(...) Então você entenderá a justiça e o direito, a retidão e todos os caminhos da felicidade.
Porque a sabedoria virá ao seu coração, e você terá gosto no conhecimento. (Provérbios 2, 6.
9-10)
Toda a sabedoria vem do Senhor Deus, ela sempre esteve com ele. Ela existe antes de todos os
séculos. (Eclesiástico 1, 1)

Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria
que vos revele o conhecimento dele. (Efésios 1, 17)

Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus – que a todos dá liberalmente, com
simplicidade e sem recriminação – e ser-lhe-á dada. (Tiago 1, 5)

A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo


Espírito uma palavra de sabedoria (...) a outro, o discernimento dos espíritos. (1 Coríntios 12,
7-8. 10)

Para obter sabedoria e discernimento, também se deve ler a Bíblia.


Isso pode parecer óbvio, mas pouca gente tem esse hábito. Nela
encontramos diversos ensinamentos e conselhos sobre como devemos
nos portar e proceder nas mais variadas situações. Suas regras e
mandamentos são um porto seguro para aqueles que têm fé e desejam
que as graças do Pai sejam abundantes.
São Paulo nos ensina: “Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil
para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de
que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2
Timóteo 3, 16-17).
A Bíblia é, assim, a Palavra de Deus e, como tal, tem um poder
transformador para quem a lê e a escuta. Esse mistério é conhecido
desde muito antes de Cristo. Veja, por exemplo, o que nos diz Josué: “Eis
que me vou hoje pelo caminho de toda a terra. Reconhecei de todo o
vosso coração e de toda a vossa alma que de todas as boas palavras que
pronunciou em vosso favor o Senhor, vosso Deus, nem uma só ficou sem
efeito: todas se cumpriram, e não falhou uma sequer” (Js 23, 14).
Quando usadas com fé, as palavras da Bíblia produzem efeito nos
mundos material e espiritual. São armas contra as investidas do maligno
e, portanto, devem ser utilizadas em todo e qualquer combate espiritual.
Para alcançar discernimento e sabedoria, também devemos exercitar
a gratidão. Percebo isso na ordem que São Paulo deu para a comunidade
dos colossenses: “Sejam constantes na oração; que ela os mantenha
vigilantes, dando graças a Deus” (Cl 4, 2).
Sabemos como a gratidão das pessoas tinha um efeito especial sobre
Jesus. Como Ele se alegrava quando alguém reconhecia a benesse que
Deus lhe havia feito. No capítulo 17 do Evangelho de Lucas, o apóstolo
nos conta que o Mestre caminhava entre a Samaria e a Galileia quando
foi abordado por dez leprosos. Todos gritaram para Ele, pedindo a cura.
Cheio de compaixão, o Senhor determinou que eles se apresentassem
aos sacerdotes. No caminho, eles ficaram curados. Mais um milagre
impressionante de Jesus.
O problema é que apenas um dos curados voltou e lhe agradeceu,
sendo que nem judeu ele era. O homem provinha de um povo que não
tinha boas relações com os judeus: os samaritanos. Chateado, Cristo
perguntou ao homem onde estavam os outros, que também tinham sido
curados da lepra. Sumiram. Apenas aquele estrangeiro tinha gratidão no
coração. Para enaltecer o homem e sua atitude, Jesus proclamou:
“Levante-se e vá. Sua fé o salvou” (Lc 17, 19).
Se quer que Deus o favoreça cada vez mais, demonstre sua gratidão
por tudo o que você é e tem. Não dê destaque para aquilo que não tem.
Não se lamente pelas coisas que não possui. Todos os dias, logo pela
manhã, faça sua oração a Deus e, de forma direta e simples, agradeça.
Alguns leitores podem pensar que basta apresentar ao Senhor sua
oração e sua gratidão e, desse modo, Deus fará chover bênçãos de toda
sorte. Não é bem assim. O próprio Jesus já havia avisado que não é
suficiente se dedicar apenas à oração: “Vigiai e orai para que não entreis
em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26, 41).
Perceba que o Mestre inicia seu conselho com “vigiar”. Assim,
precisamos estar atentos aos nossos pensamentos, sentimentos e atos o
tempo todo, para não darmos brechas para que o mal entre
sorrateiramente em nossa vida. Aquele que não se autoexamina, não
analisa suas palavras, desejos e ações dá abertura para o mal.

Combatendo as crenças limitantes


Conheço um bom número de pessoas que se sentem oprimidas pelo
mundo. São situações sociais, econômicas e afetivas que se desenrolam
de uma forma diferente daquilo que idealizaram ou fora dos limites do
que consideram aceitável. Sob o peso de todas essas aflições, elas acabam
sucumbindo, desenvolvendo depressão ou alguma doença psíquica ou
física mais severa, por somatizar o sofrimento.
Suas ideias e sentimentos estão sob o jugo da negatividade que tem
se espalhado através de pessoas com quem convivem, programas de TV,
jornais, revistas e outros meios de comunicação. Abatidas e
influenciadas pelas coisas ruins que invadem sua mente, vão pouco a
pouco perdendo a força para lutar. Com a fé enfraquecida, passam a crer
que a ruína é inevitável. Apenas uma questão de tempo. De forma
equivocada, pensam que esse é o plano de Deus para elas! Você também
se sente assim?
Não devemos permitir que nossos pensamentos sejam dominados
por essas ideias de derrota, ainda que elas tenham vindo de nosso
próprio lar e da comunidade onde servimos. Muita gente age sob forte
influência das crenças limitantes que lhes foram transmitidas quando
eram crianças, adolescentes ou mesmo adultos.
O que são essas crenças limitantes? São ideias que nos foram
impostas por pessoas que tinham alguma autoridade sobre nós (pais,
avós, irmãos mais velhos, amigos importantes ou mesmo patrões) ou
foram por nós assimiladas devido a experiências negativas ou derrotas
que vivenciamos durante nossa formação.
Por exemplo, pais que repetidamente dizem aos filhos que eles não
têm capacidade para certa função, profissão ou trabalho. Parentes que
dizem à criança que ela jamais vai obter sucesso porque ninguém na
família conseguiu. Pessoas que declaram que você não pode ser feliz só
por sua origem humilde. Que você jamais terá um casamento feliz
porque as mulheres da família são amaldiçoadas. Que ter dinheiro é
ruim e você perderá o direito ao Paraíso.
Dita muitas vezes e com veemência, essa afirmação sem base
científica, sem lógica ou prova de veracidade acaba se tornando uma
verdade incontestável para quem a escuta desde pequeno.
Certa vez, fui recitar um terço no Santuário da Mãe dos Aflitos, em
São Paulo, e um empresário me disse:
– Na minha cabeça sempre ouço a voz da minha mãe, que era muito
religiosa: “Meu filho, não queira ganhar muito dinheiro nem buscar
prosperidade, porque na Bíblia está escrito que é mais difícil um rico
entrar no Reino dos Céus do que um camelo passar pelo buraco de uma
agulha.” Pedro, o que você pode me dizer sobre isso?
Os olhos do homem demonstravam grande preocupação. Dava para
perceber que ele estava vivendo um grande dilema, pois era rico e tinha
amor a Deus. Seu sucesso e riqueza o faziam sofrer.
– Você acha que Deus condena aqueles que são ricos? – perguntei. –
Ser rico é ruim aos olhos de Deus?
– Pelo que aprendi, sim. Eu me lembro daquela passagem do
Evangelho que diz que o dinheiro é mau – respondeu ele, mas sem muita
firmeza.
– Você é casado? Tem filhos?
– Sim, sou casado e tenho três meninas.
– Você fica feliz por dar educação de qualidade a elas? Acha
importante que elas tenham uma boa casa para morar?
– Sim, sem dúvida. Mas...
– Você se sente culpado pelo padrão de vida que tem. Acha que, por
causa disso, pode até mesmo ser condenado ao inferno. – Olhei dentro
dos seus olhos. – Diga-me uma coisa: você costuma dar o dízimo e
esmolas aos pobres e faz doações para os necessitados?
– Claro! Não é isso que a Igreja Católica nos ensina?
– Se você fosse pobre, como nas palavras de sua mãe, isso seria
possível?
– Não.
– Seu padrão de vida seria o que tem hoje? O que seria de suas
filhas?
– Provavelmente eu estaria lutando, com enorme dificuldade, para
conseguir dar escola e alimentação para elas.
– Com todo o respeito, você está enganado em pensar que o
fundamento do mal é o dinheiro – afirmei com um sorriso nos lábios.
– Não pode ser. Não é o que está na Bíblia?
– Espere um instante.
Fui pegar uma Bíblia que estava sobre a mesa, na sacristia do
santuário. Depois de localizar o trecho que procurava, pousei minha
mão direita na página e perguntei:
– Você disse que está escrito aqui que o dinheiro é maligno, certo?
– Sim.
Ele buscava ler a página onde estava aberta a Bíblia. Pensei: ótimo, a
curiosidade é o primeiro passo para ele investigar essa crença limitante e
questioná-la de verdade.
– Vou ler a passagem a que você se refere. Está na Primeira Carta a
Timóteo, capítulo 6, versículo 10: “Porque a raiz de todos os males é o
amor ao dinheiro. Por causa dessa ânsia de dinheiro, alguns se afastaram
da fé e afligem a si mesmos com muitos tormentos.” – Ao ler, dei ênfase
às palavras “amor” e “ânsia”.
Imediatamente, o homem pescou a ideia. Sorriu para mim e, com
mais alívio do que firmeza, exclamou:
– Pedro, agora entendi! O problema não é o dinheiro em si, mas ter
amor, apego a ele. É querer o dinheiro a todo custo, sem pensar no bem
do próximo. Não é correto ser um escravo do dinheiro! – Pela primeira
vez em toda a nossa conversa, ele abriu um sorriso bonito.
– Pois é exatamente o que eu penso – respondi, satisfeito.
Para aplacar ainda mais a dúvida do empresário, decidi acrescentar a
leitura da passagem de Lucas 16,13.
– Jesus nos ensinou o seguinte: “Nenhum empregado pode servir a
dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um
e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.”
Você compreende o sentido do que nosso Mestre disse?
– Sim, é bastante claro. Se eu tenho apego ao dinheiro, se o objetivo
da minha vida é somente enriquecer, o famoso “dinheiro pelo dinheiro”,
independente das boas obras que possa apresentar a Deus, eu O
desagrado.
Agora ele soava bastante seguro em suas palavras. Provavelmente
havia se libertado daquela péssima crença transmitida pela mãe.
Usei esse encontro com o empresário apenas para ilustrar o que já
havia escrito: muitas pessoas acreditam, sem questionar, estudar ou
investigar, nas supostas verdades que lhes são apresentadas. Resultado: a
mente delas fica ancorada naquelas farsas e elas não conseguem evoluir e
prosperar em diversas áreas para vida em abundância junto de suas
famílias.
O próprio Jesus nos disse, em João 10, 10, que veio ao mundo para
que tivéssemos vida em abundância. O que isso significa? Claro que Ele
se referia à graça de Deus para nós, mas, como o Criador nos fez
criaturas materiais também (você tem um corpo físico e precisa, no
mínimo, se vestir, se alimentar e viver sob um teto), podemos estender o
sentido para o âmbito material.
A vida em abundância é uma vida de prosperidade, harmonia e paz
espiritual e material para os que creem que o Salvador é a fonte de todo
bem. Não deixe que pessoas invejosas ou preguiçosas destruam a sua
mente afirmando que é bom ser derrotado, sofrer e passar necessidade.
Nossos pensamentos e sentimentos são preciosos porque vêm antes
de qualquer passo a ser dado em nossa vida. São fundamentais para as
tomadas de decisão. Se estiverem contaminados, provavelmente teremos
muita dificuldade para atingir nossos objetivos. E o pior: não vamos
descobrir a vontade de Deus para nós, já que o Criador quer o melhor
para cada um, uma vida plena.
Para sustentarmos bons pensamentos e sentimentos, é necessário
que a comunicação interna e externa ganhe em qualidade. Vamos
analisar esse tema no próximo capítulo.
Comunicação interna e externa
N ossos pensamentos e ideias não podem estar dentro dos moldes
oferecidos pelo mundo, ou seja, dentro do que sugerem as pessoas
que não vivem a fé ou que desejam nos controlar ou submeter ao seu
domínio. Do contrário, vamos sucumbir ao fracasso nas mais diversas
áreas da vida, culpando aos outros e a Deus pelas derrotas que
acumulamos ao longo dos anos.
Por tudo isso, precisamos melhorar a qualidade da nossa
comunicação interna e externa.
Comunicação interna é o que dizemos para nós mesmos, com
atitudes, pensamentos ou palavras, especialmente aqueles que afirmam
nossas “verdades” (tudo aquilo em que acreditamos), objetivos ou
valores. Comunicação externa é o que falamos aos outros, não só com
palavras, mas também com a linguagem corporal.
Ambas são de suma importância no tema da defesa psíquica e
espiritual, pois falhas em qualquer uma delas abrem brechas para que o
maligno entre em nossa vida.
Isso não é apenas uma norma de combate psíquico e espiritual.
Trata-se de algo defendido, em certa medida, pela ciência. Em seu livro
A biologia da crença, o pesquisador americano Bruce Lipton apresentou
a tese de que as crenças do ser humano controlam sua biologia,
influenciando praticamente tudo o que ocorre no corpo. Sua afirmação
se baseia nas pesquisas que realizou, ao longo dos anos, com células e
com o efeito placebo.
O placebo é muito utilizado em estudos clínicos como comparativo
com um remédio verdadeiro. O médico informa ao paciente que
determinado medicamento tem um forte poder curativo, mas na
realidade ele é feito apenas de açúcar. Como o paciente toma o placebo
acreditando em sua eficácia, os sintomas da doença acabam sendo
amenizados. Ao final do experimento, o médico conta a verdade e diz
que foi a mente do paciente que de fato agiu, com base em sua forte
crença de que o medicamento funcionaria.
Essa é mais uma prova de que os pensamentos e sentimentos são
poderosos. Eles podem mudar a sua vida, para melhor ou para pior,
dependendo do que você cultiva no seu dia a dia.
Há mais um fator que pode ajudar ou prejudicar você na caminhada:
o ambiente. Bruce Lipton esclarece que o meio em que você vive
interfere de modo crucial na sua mente e, por consequência, no seu
corpo. Segundo o autor, é fundamental que a pessoa se alimente de boas
notícias e ideias e de pessoas positivas. Já imaginou como é prejudicial
um lar onde as pessoas apenas reclamam dos reveses da vida e não
creem na possibilidade de vitória nas mais diversas empreitadas?
Certa vez, antes de me casar, eu estava um tanto desanimado com
algumas coisas que havia algum tempo não estavam saindo como eu
queria. À época eu tinha uma tendência a pensamentos negativos e me
deixei contaminar pela ideia do fracasso. Chateado, resolvi rezar sozinho
um terço, para aliviar meu coração. Recitei o Credo e o Pai-Nosso e, logo
que iniciei o Ângelus, Santo Antônio apareceu na minha frente.
Mentalmente, iniciei o diálogo com o santo:
– Meu amigo, estou triste porque meu projeto não dá resultado. Fiz
uma peregrinação a locais poderosos da nossa fé católica e, até aqui, só
colhi derrotas. Não sei se conseguirei atingir meu objetivo algum dia.
Tenho me esforçado muito e nada de bom acontece. Peça ao Pai Celestial
por mim.
– Pedro, vim aqui justamente lhe dizer que nosso Pai Eterno não
quer ver você mergulhado nessas emoções negativas. Quanto mais você
alimenta esses pensamentos e sentimentos, mais eles influenciam sua
vida. Trata-se de uma escolha. Você precisa dar um basta neles. Se não
quebrar esse círculo vicioso, não surgirá mesmo nada de bom – ele me
falou com um belo sorriso.
– Depois dos últimos eventos, está difícil pensar em vitória. Sou
humano, né? – retruquei, chateado, insistindo no erro. – Aliás, você
podia me falar com clareza se devo ou não desistir do projeto.
Ignorando minha questão, ele perguntou:
– Quais são os frutos do Espírito Santo?
– Lembro-me de algo na Carta de São Paulo aos Gálatas. É disso que
está falando?
– Muito bom. Faça o seguinte, Pedro: pegue na estante sua Bíblia e a
abra em Gálatas, capítulo 5, versículos 22 e 23.
Eu lhe obedeci. Meus olhos rapidamente se detiveram na passagem,
já que ela estava grifada a caneta. Em algum momento da vida, devo ter
estudado mais a fundo essa carta de São Paulo e destacado o trecho.
– Tenho certeza de que já se lembrou do ensinamento de Paulo, mas,
para que não restem dúvidas em seu coração, gostaria que lesse em voz
alta – pediu o santo.
– “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade,
benevolência, fé, mansidão e domínio de si. Contra essas coisas não
existe lei.”
– Já se perguntou onde estão sua alegria, paz, paciência e fé? Você
mesmo viu o sinal no alto da montanha, em Me­djugorje. Entendeu que
ali estava a promessa que o Pai lhe fazia através da Virgem Maria. Agora,
bastou uma sequência de poucas notícias ruins para lhe tirar do rumo?
Santo Antônio estava certo. Eu estava fraquejando por coisas
pequenas. Pior: não estava sendo grato a Deus. Havia visto um sinal
incontestável no céu, a resposta que eu tanto procurara. Mesmo assim,
alguns meses depois, já voltara a ser o mesmo sujeito pessimista. Sem
dúvida, não esperava a vitória no Senhor.
Naquele instante, a ficha caiu: era o momento de enterrar o velho
hábito de cultivar pensamentos e sentimentos de derrota.
– Meu amigo franciscano, eu preciso mudar urgentemente. Além de
não me fazerem bem, esses sentimentos demonstram falta de fé e
ingratidão com o Pai Celestial. Afinal, Ele me enviou minha Mãe do Céu
com um sinal tão claro, uma resposta positiva de algo que já peço há
quase dois anos. Estou envergonhado com minha postura e meus
pensamentos.
– Isso é um bom começo. Percebendo o que está errado, você pode
usar as armas espirituais a seu favor de modo certeiro.
Ele fez uma pausa e, em silêncio, me olhou nos olhos. Depois de
alguns segundos, falou:
– Agora, vamos rezar juntos esse terço na intenção da cura e
libertação da sua mente e do seu coração, para que o inimigo não o
atinja mais com sugestões de derrota, fracasso, abandono, doença ou
revolta – declarou Santo Antônio, com seu incomparável sorriso de
bondade.
Essa lição ficou marcada em minha vida para sempre. Não podemos
acreditar que Deus quer nossa derrocada. Nossa vida é cheia de batalhas,
mas a guerra só termina no dia em que deixamos a terra para nos
dirigirmos à nossa morada eterna. Permitir que o mundo ou os espíritos
malignos nos convençam de que somos imprestáveis, fracos, débeis e
derrotados não condiz com nossa fé. Não deixe que essas armadilhas do
maligno contaminem sua comunicação interna e externa. Não pense na
derrota nem a proclame em voz alta.

Tomada de decisões
Todo ser humano precisa tomar decisões importantes. Algumas são tão
cruciais que, se forem equivocadas, podem afundar a pessoa ou a família
por muitos anos (às vezes, até mesmo em definitivo). Qual a origem
dessas decisões erradas, que se mostram avassaladoras e abrem a porta
para que o mal adentre?
Quando nossa comunicação interna está ­escravizada pela onda de
negatividade que circula no mundo, por ideias enganosas ou por crenças
limitantes, abrimos uma grande brecha para que o fracasso se faça
presente nas mais diversas áreas. O mesmo ocorre quando, por falta de
discernimento, decidimos com base em conselheiros mal-intencionados
ou equivocados, sem conhecimento sobre o assunto em questão.
É importante notar ainda que uma pessoa cansada, esgotada física e
mentalmente, não costuma escolher o melhor caminho. Todos devem
dedicar um tempo para o repouso. Por isso, o lazer e o sono são
essenciais para a mente e o corpo.
E há mais um tipo de repouso que se revela fundamental para a
tomada de boas decisões, que só Deus pode proporcionar e que produz
verdadeira serenidade: o repouso da alma. Segundo o ensinamento de
Santo Agostinho: “Senhor, fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso
coração enquanto não repousa em Ti” (Confissões, I, 1, 1).
Mas como repousar seu coração em Deus? Vejamos o que diz o
Salmo 90: “Tu, que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à
sombra do Onipotente, dize ao Senhor: ‘Sois meu refúgio e minha
cidadela, meu Deus, em quem eu confio.’”
Para que possamos entender bem o que é essa categoria de repouso,
é preciso analisar algumas palavras fundamentais desse trecho:
Onipotente, refúgio e cidadela.
Onipotente significa poder realizar qualquer feito. O arcanjo Gabriel
nos ensina uma verdade espiritual ao anunciar à Virgem Maria a
gravidez de sua prima, a idosa Santa Isabel: “Para Deus nada é
impossível” (Lucas 1, 37). O Pai Celestial criou todas as coisas e pode,
quando bem entender, transformá-las ou destruí-las.
Refúgio é o lugar para onde se foge a fim de escapar a um perigo.
Quando você tem Deus como refúgio, Aquele a quem você procura
quando a tempestade se forma ou a guerra acontece, não tem medo dos
ataques do maligno.
Cidadela é a fortaleza militar situada em algum lugar estratégico de
uma cidade, com a finalidade de protegê-la. O inimigo titubeia diante de
uma suntuosa cidadela, pois precisa ter muito poder de fogo e um
exército gigantesco para fazê-la ruir.
Agora ficou mais claro o significado do trecho do Salmo 90. Se a
pessoa tem o hábito de se colocar todos os dias sob a proteção de Deus,
pode permanecer na paz e ter serenidade para decidir as questões da
vida. Sabe que seus pensamentos estão seguros com o Todo-Poderoso,
não serão facilmente perturbados pelo maligno. O Senhor é o local de
repouso de sua alma, pois é como uma fortaleza intransponível a lhe
oferecer refúgio em qualquer hipótese.
Se você quer repouso para sua alma, precisa compreender que
habitar não é a mesma coisa que visitar. Habitar significa morar. Tem
viés de permanência. O visitante, como vocês sabem, aparece de vez em
quando. Os fiéis que vão à igreja ocasionalmente ou só fazem sua oração
pessoal em alguns dias na semana não gozam desse repouso. Não
cumprem os requisitos que a Palavra de Deus impõe. Então, é
fundamental que você esteja todos os dias, em espírito, mente e coração,
com o Pai Celestial.
Quando você habita sob a proteção do Altíssimo, como diz o salmo,
uma promessa divina se cumpre: “Aos seus anjos ele mandou que te
guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão em suas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 90, 11-12). Conclusão: sua
alma encontrará repouso, você se sentirá seguro e sereno, com
pensamentos e sentimentos ordenados, e os anjos do Senhor lhe
auxiliarão no caminho, para que seu processo de tomada de decisões seja
vitorioso e nenhuma armadilha o apanhe de surpresa.
Além disso, para se decidir, é necessário se colocar em oração,
pedindo auxílio ao Espírito Santo, fonte dos dons da sabedoria e do
discernimento. No Livro dos Provérbios está escrito que “com a
sabedoria se constrói a casa, e com a prudência ela se firma” (Pr 24, 3).
Outra condição para se resolver bem é levar em consideração seus
princípios e valores religiosos e/ou morais e procurar não violá-los.
Quais são os seus mais relevantes, que guiam você ao interpretar o
mundo?
Todos nós absorvemos valores em nossos lares e colégios. Fomos
educados neles. Podemos dizer que fazem parte do que chamamos de
“nossa consciência”. Por isso, ouvimos conselhos como “não vá contra
sua consciência” ou “não viole sua consciência”, significando que não
ficaremos em paz se quebrarmos esses princípios.
Os cristãos extraem os princípios mais relevantes de sua vivência dos
Dez Mandamentos. Para os que não sabem o que são, dou uma breve
explicação. Em Êxodo 20, 1-21, Javé (ou seja, Deus) desceu no topo da
montanha do Sinai e convidou Moisés – o homem que libertou o povo
hebreu da escravidão no Egito – a encontrá-lo lá no alto.
Ao chegar ao local indicado, o Senhor expôs a Moisés dez regras (daí
o nome Dez Mandamentos) muito valiosas para quem deseja ganhar a
amizade d’Ele e ter bom relacionamento com os homens. O Pai Celestial
deixou claro ao profeta que todo o povo, sem exceção, deveria cumprir
esses mandamentos, como amar a Deus sobre todas as coisas, honrar pai
e mãe, não matar, não apresentar falso testemunho.
Outro ponto fundamental para a tomada de decisão é a informação –
aquilo que sabemos ou necessitamos saber sobre a situação diante de
nós. Devemos colher o máximo possível de informações a respeito de
tudo o que envolve a resolução.
Obviamente, às vezes não temos todos os dados necessários, mas
ainda assim precisamos decidir. Nesse caso, é importante ter a
consciência e a exata percepção daquilo que está faltando e lutar para
obter mais informação enquanto tentamos adiar o máximo possível o
prazo final para resolver.
Também é essencial termos noção de quantas e quais pessoas serão
afetadas pela decisão. Precisamos pensar no outro e nos colocarmos no
lugar dele. Sei que no mundo de hoje as pessoas não estão preocupadas
com aqueles com quem convivem, mas é necessário lembrar a regra de
ouro de Jesus: “Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com
toda a sua alma e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o
primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu
próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses
dois mandamentos” (Mateus 22, 37-40).
Não podemos tomar decisões que nos favoreçam individualmente,
esquecendo-nos das necessidades e dores dos que dependem de nós. Se
você tem família, não deve deixar de considerar como ficarão as pessoas
que dependem de você, como seus filhos e seu cônjuge.
Por fim, precisamos entender que nossos atos produzem efeitos
imediatos, de médio e de longo prazo. Cada etapa deve ser levada em
conta. Algumas ações provocam consequências por muito tempo. Se não
tivermos a capacidade de prever, com alguma precisão, a duração dos
efeitos, podemos ter ou causar sérios prejuízos.

Saber escutar
Desavenças entre parentes e amigos podem abrir brechas para ataques
espirituais. Parte delas ocorre por falha ou falta de comunicação externa.
Saber ouvir o outro, dar-lhe oportunidade para falar ou se explicar,
mantém íntegra a defesa espiritual e psíquica, evitando que as ideias e os
desejos comunicados (ou mesmo a ausência de comunicação) sejam
interpretados de forma equivocada, causando malefícios.
Quando estamos em um debate, ou simplesmente conversando com
alguém, é de grande valia ouvir de forma eficiente, ou seja, escutar o que
aquela pessoa está realmente falando, e não o que pensamos
(interpretamos) que ela quer dizer.
Algumas vezes, isso significa escutar algo de que não gostamos ou
que não esperamos. Também é importante entender o contexto em que o
bate-papo se dá ou em que os participantes da conversa se encontram.
Isso influencia bastante o significado das palavras.
A diversidade de pensamento é essencial no desenvolvimento de
uma sociedade, e deve haver respeito pelas ideias alheias. Você pode não
aceitá-las, mas não pode negar a alguém a liberdade de manifestá-las (de
modo educado e respeitoso), mesmo que só para contestá-las depois.
Lembre que Jesus tinha ideias consideradas revolucionárias para os
ouvidos dos mestres da lei e fariseus. Imagine se tivesse sido
completamente censurado ou silenciado. Que tristeza seria para toda a
humanidade!
Outro ponto a se considerar é que não convém dar a resposta de
imediato ou rebater de pronto qualquer argumento apresentado. Dar
uma pausa, para uma respiração mais profunda, por exemplo, costuma
ajudar nosso cérebro a focar melhor.
Somos criaturas racionais e Deus espera que usemos nossa
inteligência. Agir por impulso às vezes tem sua utilidade, como numa
situação de vida ou morte que depende de sua velocidade de resposta,
mas não deve ser a prática usual. Avaliar com cuidado o que nos é dito,
ponderar antes de retrucar, costuma ser bastante proveitoso.

Domínio da língua
Um instrumento bastante utilizado pelos espíritos malignos é a nossa
língua. Sim, aquilo que você fala aos outros (mais um componente da
comunicação externa) pode causar problemas duradouros. Isso é tão
grave que o apóstolo Tiago usa todo o terceiro capítulo de sua carta para
ad­moestar sua comunidade a refrear os excessos da língua. Veja sua
avaliação sobre o potencial maléfico das palavras: “A língua está entre os
nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo
inferno, incendeia o curso da nossa vida” (Tg 3, 6). Por sua vez, o Livro
dos Provérbios nos ensina que “há quem use a língua como espada, mas
a língua dos sábios produz cura” (Pr 12,18).
Podemos ferir um número incontável de pessoas por meio das
palavras que proferimos. Por vezes, fazemos isso “sem querer”. Pouco
importa: a partir do momento em que sai da sua boca, a palavra não
volta mais. Vai ao mundo e produz seus efeitos. Se foi mal formulada,
explicar que “não foi bem isso” que você quis comunicar não vai
remediar a situação. Aliás, ela pode permanecer por muitos e muitos
anos. Já pensou sobre isso?
Devemos medir nossas palavras e aprender o tempo adequado de
expressá-las aos outros, para que não façamos surgir novos conflitos e,
portanto, brechas nas defesas espirituais e psíquicas de nossa família, de
nossa comunidade e de nosso ambiente de trabalho.

O silêncio – exemplo de Maria


A Bíblia conta que, por ocasião do nascimento de Jesus, pastores
receberam a visita de um anjo, que lhes revelou que o Messias acabara de
chegar à Terra. Ao final do anúncio, os pastores viram o ser angélico se
juntar a uma multidão de anjos que cantavam e louvavam a Deus.
Quando o grupo foi embora, rumo ao Reino dos Céus, os pastores
decidiram ir até Belém e visitar o Menino Deus. Na presença de Maria,
José e Jesus, contaram a eles sobre o extraordinário encontro com as
criaturas celestes e o que elas lhes haviam dito sobre o recém-nascido.
Em vez de tecer comentários ou mesmo comemorar alegremente o
fato de seu filho ser tão importante e especial para o mundo, Maria se
calou. Segundo o Evangelho de Lucas: “Maria, porém, conservava todos
esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. Os pastores voltaram,
glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam visto e ouvido,
conforme o anjo lhes tinha anunciado” (Lc 2, 19-20).
Maria preferia ouvir com atenção o que lhe diziam, analisar com
calma as informações que lhe passavam e só falar o necessário. Mesmo
sendo de poucas palavras, era acolhedora. Seu silêncio não era praticado
de forma a ignorar o outro. Ela não era uma mulher mal-educada nem
mal-humorada. Muito pelo contrário: passava confiança e ouvia a pessoa
devotando-lhe toda a sua atenção. Dava importância a cada um que
viesse estar com ela. Isso explica, em parte, a felicidade dos pastores
recebidos por Maria e José.
A sabedoria popular destaca que nascemos com duas orelhas e uma
boca, isto é, devemos ouvir muito mais do que falar. Maria tinha essa
consciência. Sabia que ser prudente em qualquer sociedade, em qualquer
tempo, é fundamental para se evitar conflitos e ataques. Trata-se de
colocar em prática o ensinamento dado por Jesus ao enviar em missão
seus discípulos: “Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos.
Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas”
(Mateus 10, 16).
Como bons judeus, Jesus e Maria conheciam e colocavam em prática
a instrução dos Provérbios: “Quem vigia a própria boca conserva a vida;
quem solta a língua caminha para a ruína” (Pr 13, 3).
Assim, alguns assuntos não devem ser tratados fora do núcleo
familiar em que você vive – a saúde financeira do casal, por exemplo.
Fazer alarde da riqueza ou lamentar o fracasso financeiro em público são
atitudes que abrem brecha para ataques do maligno. Infelizmente,
quando nos gabamos, atraímos inveja e rancor daqueles que desejam
nossa derrota e, ao mostrarmos nossa desgraça, muitos que não gostam
de nós aproveitam nossa fraqueza para nos prejudicar ainda mais.
O mesmo pode ser dito dos relacionamentos entre marido e mulher
ou entre pais e filhos. Jamais devemos desabonar a imagem de quem
amamos ou de quem nos ama. Como diz o ditado: roupa suja se lava em
casa. Qualquer reclamação pública mais séria a respeito de quem vive
com você, com quem você divide sua vida, pode trazer sérias conse‐­
quências para sua família. Lembre-se: uma vez que as palavras saem da
boca, não podem mais retornar.
Guardar a privacidade do lar é de suma importância, já que parte dos
seres humanos se comporta como siris presos em um balde. Quem já
pescou siri sabe que, quando os colocamos num balde fundo, uns
pisoteiam os outros na tentativa de sair dali. Infelizmente, a
solidariedade não faz parte do grupo aprisionado. Na nossa sociedade,
observamos comportamento semelhante, praticado por algumas pessoas
que só têm olhos para si.
A devoção à Virgem Maria
O s católicos brasileiros conhecem uma famosa canção que
homenageia a Virgem Maria que se inicia da seguinte forma:
“Quem é esta que avança como a aurora, temível como exército em
ordem de batalha?” Essa letra real­ça o poder de Maria Santíssima no
combate espiritual, nos ensinando que ela equivale a um exército com
alto poder defensivo e ofensivo.
Por que essa mulher fantástica, chamada de Mãe de Deus, estaria
disposta a nos defender? Em primeiro lugar, porque ela nos assumiu
como filhos, em obediência a Jesus. Toda boa mãe defende os seus com
ferocidade. Veja, a esse respeito, o Evangelho de João:

A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e ­Maria Madalena estavam junto à
cruz. Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: “Mulher,
eis aí o seu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe.” E dessa hora em diante, o
discípulo a recebeu em sua casa. (Jo 19, 25-27)

Naquele momento de dor, suspenso na cruz, Jesus não entregou a


mãe apenas ao discípulo que amava. Na mente do nosso Redentor,
aquele homem estava lá representando toda a humanidade. Assim, toda
pessoa que decide levar Maria Santíssima para casa e tê-la como mãe
goza plenamente da sua proteção, como filho ou filha espiritual.
O Catecismo da Igreja Católica (§ 501) ensina que “Jesus é o Filho
único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria estende-se a
todos os homens que Ele veio salvar”. Notem que os católicos, há séculos,
conhecem bem essa filiação especial.
Ser filho de Maria e gozar de sua proteção não é algo genérico e
abstrato. Ainda assim, pode surgir a dúvida: na prática, como essa
proteção se dá? O que a Virgem Maria pode nos proporcionar em
termos de defesa espiritual?
Algumas pessoas pensam que a Mãe de Deus é uma figura distante
dos que vivem aqui na Terra. Afinal, ela já está na Glória, junto a Jesus,
no Paraíso, enquanto nós, pecadores, prosseguimos no caminho em
busca da conversão. Graças a Deus, esse raciocínio é completamente
equivocado. Maria está bem perto dos seus filhos. Cumpriu com louvor
seu papel durante a vida na Terra, mas desempenha outro,
extraordinário, enquanto vive no reino celestial. Tive uma experiência
mística muito bonita que retrata essa proximidade e esse acolhimento da
Mãe Santíssima.
No dia 1o de dezembro de 2022, eu estava em peregrinação na Itália,
com um grupo de 150 pessoas. Estávamos na cidade de San Giovanni
Rotondo, o lugar onde São Pio, um dos grandes místicos da Igreja
Católica, viveu boa parte da vida. Lá, pode-se visitar a igrejinha onde ele
celebrava as missas, o confessionário onde atendia o povo e a cela onde
dormia no convento, ver seus poucos pertences e, o mais importante, ver
seu corpo, que está incorruptível até hoje – sendo que ele faleceu em 23
de setembro de 1968!
Naquela manhã, após a Santa Missa, o grupo foi até o convento onde
o santo viveu para conhecer o lugar, bem como rezar diante de seu corpo
intacto. Eu havia marcado de encontrá-los no bosque, que fica atrás do
santuário do local, para fazer a Via-Sacra a partir das onze e meia. Eu me
preparava para sair do hotel, colocando o cachecol diante da porta,
quando duas recepcionistas italianas me chamaram:
– O senhor não pode sair desse jeito. Já está chovendo e a previsão é
que, dentro de alguns minutos, teremos uma tempestade com raios. Pelo
menos leve um bom guarda-chuva.
– Nossa! Será que vai ser tão forte assim? Eu marquei uma Via-Sacra
com meu grupo de peregrinos lá no bosque.
– Para agora? – questionou uma delas.
– Em aproximadamente meia hora – esclareci, tranquilo.
– Creio que não vai ser possível – falou a recepcionista mais velha.
Nesse instante, uma das peregrinas retornava apressada ao hotel e
me viu junto à recepção.
– Pedro, vim buscar o guarda-chuva. O tempo está bem feio. Parece
que vem uma tempestade por aí – disse ela, esbaforida.
– Pois é. As moças da recepção acabaram de me informar que já está
chovendo.
– E olha que o Rafael me contou que, ontem, tinha falado sobre o
tempo com você. Ele disse que fez o que vocês combinaram!
– Nossa! Esqueci completamente do trato com o Rafael. Eu não fiz o
pedido que devia ao arcanjo – falei, colocando as mãos na cabeça.
Na noite anterior, após o jantar, um dos membros do grupo de
peregrinos, Rafael, me dissera que a previsão do tempo para o horário da
Via-Sacra era muito ruim. Perguntou se eu não poderia interceder a São
Rafael. Isso porque em 2021, em Lourdes, na França, ele estava comigo
quando aconteceu um caso parecido: a previsão do tempo também era
péssima, com possibilidade de uma tempestade de neve, inviabilizando a
Via-Sacra. O arcanjo, contudo, atendera ao meu pedido, concedendo céu
azul.
– Pedro, posso ajudar oferecendo um rosário em honra de São Rafael
Arcanjo, pelo bom tempo durante nossa Via-Sacra de amanhã – falou
Rafael. – Consigo, inclusive, mais gente para rezar comigo lá no
santuário, agora de noite. Você fala com o arcanjo? – Ele estava bastante
confiante que seria bem-sucedido.
– Está ótimo, Rafael. Vou fazer o pedido ao arcanjo esta noite e dizer
que vocês vão oferecer um rosário pela intenção do bom tempo amanhã.
Porém, eu me esqueci completamente. Acabei adormecendo,
sucumbindo a um resfriado que já me incomodava havia dois dias. Mas
nem tudo estava perdido. Eu tinha meia hora para solucionar o
problema. Voltei apressado ao meu quarto e, após uma breve prece,
chamei São Rafael. Em poucos minutos, pude ver sua intensa luz entrar
pela janela, uma mescla de amarelo e magenta. Ele pairava no ar,
próximo às nuvens carregadas do céu.
– Arcanjo amigo, eu preciso de um favor seu com urgência. A
previsão do tempo está um horror e 150 pessoas vão fazer a Via-Sacra
comigo caminhando pelo bosque. É muito importante que eles possam
se concentrar e aproveitar ao máximo a oração, mas uma tempestade
está chegando aqui na cidade e vai acabar arruinando tudo.
– A que horas você pretende iniciar a Via-Sacra? – perguntou ele.
– Por volta de onze e meia. Talvez atrase um pouco porque o grupo é
grande. Sabe como é...
Eu sorri sem graça. Ele me encarou, sério, aquiesceu e desapareceu.
Senti de imediato que meu pedido seria atendido. Desci correndo,
sem capa ou guarda-chuva, passei como um raio pela recepção e fui em
direção à entrada do bosque repleto de pinheiros. A chuva aumentava.
Quando me encontrei com o grupo, numa praça na frente da escadaria
que leva ao bosque, olhei para o céu e percebi que as nuvens acima de
nós começavam a se dissipar lentamente. O arcanjo já estava
trabalhando em favor da nossa oração.
Logo que iniciei a Via-Sacra, no marco da primeira estação, o sol
apareceu. Ainda podíamos ver muitas nuvens carregadas, mas estávamos
sob uma espécie de clareira, que permitia que observássemos o céu e o
sol. O astro rei se apagou e virou uma hóstia que começou a girar no
firmamento. As pessoas ficaram encantadas. A seguir, o sol virou a lua,
com crateras nítidas. O arcanjo Rafael se fez visível aos olhos de boa
parte do grupo, no céu. Lançou sobre as pessoas sua bênção, na forma de
bolas de luz rosa-amareladas que grudaram em nossa cabeça.
– Pedro, avise ao grupo que, no caminho de vocês, a Rainha estará
presente – São Rafael me comunicou telepati­camente.
Por um breve momento, fiquei em dúvida: o que isso significava
exatamente? Era óbvio que a Virgem Maria estaria sempre presente no
caminho de todos os que clamam por seu auxílio. Então, o arcanjo
deveria estar se referindo à presença de Maria Santíssima durante a Via-
Sacra. Será que aquelas pessoas teriam a graça de ver a mãe de Jesus com
os próprios olhos?
Enquanto caminhava com o povo rumo a outra estação, me
comuniquei mentalmente com meu anjo da guarda:
– Eu queria muito que minha Mãe Santíssima me aparecesse hoje
vestida de sol. Acho que ela fica imponente, demonstrando todo o poder
dela, como a mulher do Apocalipse, que pisa na cabeça da serpente. Eu
me sinto mais protegido e inspirado quando isso acontece.
Eu me referia à passagem do Livro do Apocalipse, onde está escrito:
“Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida com o sol, tendo
a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap
12, 1).
Em cada Via-Sacra que fiz, sempre contei com a presença de Maria.
Sabia que aquele dia não seria diferente. Em algum momento, ela
surgiria para mim.
Maria Santíssima já me havia aparecido algumas vezes vestida de sol,
com sua coroa de doze estrelas na cabeça, descalça e segurando um
rosário de ouro nas mãos. Naquela manhã, gostaria de vê-la dessa forma.
– Faça seu pedido à Rainha – disse São Rafael, referindo-se ao meu
desejo de vê-la como a senhora do Apocalipse.
– Arcanjo amigo, sei que ela virá e poderei vê-la. Mas será que ela vai
mesmo aparecer para o grupo?
Voltei meu rosto para o alto, tentando ver se Maria estava por perto.
Até aquele momento, não a vira. O arcanjo nada respondeu.
O sol ficou para trás, encoberto pelos altos pinheiros do bosque.
Quando nos colocamos em marcha, rumo à próxima estação da Via-
Sacra, numa caminhada de passos lentos, cantando louvores a Deus,
surgiu uma luz oval, de amarelo intenso como o do sol, acima das
árvores bem à nossa frente. No centro da luz, vestida de sol, estava a
Virgem Maria, descalça e com o rosário de ouro na mão esquerda.
Os que caminhavam perto de mim se espantaram com a luz.
Diminuindo o passo e olhando para cima, perguntaram o que era aquilo.
Parei o grupo e comecei a explicar. Percebi que parte das pessoas podia
ver o brilho intenso e a luz amarelada no local onde estava a Virgem
Maria. Foi uma grande emoção!
As pessoas que conseguiram ver a Mãe de Deus nunca imaginaram
que um dia poderiam se deparar com ela em um bosque. Muito menos
naquele bosque, um local ao qual praticamente ninguém na literatura
católica faz menção. Além disso, no fundo não acreditavam que a
Virgem Maria estaria tão próxima, acompanhando-os no dia a dia.
Aquele belo encontro fez com que os integrantes do grupo
mudassem de opinião. Para eles, Maria não era mais uma figura distante.
Depois que encerramos a Via-Sacra, após o almoço, perguntei a alguns
peregrinos o que estavam sentindo. Eles contaram que se encontravam
em estado de graça e tinham a convicção de que a Rainha dos Anjos os
protegeria e acompanharia pela vida toda. Perfeito!

O rosário
O rosário tem sido a minha principal oração e devoção mariana desde
que, trinta anos atrás, comecei a conduzir um grupo de oração aberto ao
povo, na igreja católica do meu bairro. Por que tenho tanto amor ao
rosário e o que ele tem a ver com defesa espiritual?
Em suas aparições reconhecidas pela Igreja Católica, a Virgem Maria
nos convida à conversão e à oração. Ela mesma apresenta a devoção do
rosário como arma fundamental para a defesa contra o mal e como um
instrumento apto a atrair as graças do Pai Celestial.
Na aparição a Santa Bernadette Soubirous, em 11 de fevereiro de
1858, na França (uma das mais famosas e amadas entre os católicos),
Nossa Senhora trajava um vestido branco, com uma faixa azul presa na
cintura e, em suas mãos, segurava um rosário. Ficou evidente o recado
da Mãe Celestial sobre a necessidade de adotar a prática do rosário.
O rosário tem poder curativo e libertador. Já recebi muitas graças
por meio dele. Em dezembro de 2021, por exemplo, ganhei uma graça
especial após rezá-lo e me banhar nas águas do Santuário de Lourdes.
Eu estava com um grupo de peregrinos no famoso santuário católico
do sudoeste da França. Certa manhã, fomos à casa de banho do local,
onde é permitido que os fiéis entrem nas piscinas cheias das águas
milagrosas vindas da fonte que Nossa Senhora do Rosário fez brotar,
séculos antes, na Gruta de Massabielle, diante de Santa Bernadette.
Um senhor francês, funcionário do santuário que organizava a fila de
fiéis, nos avisou que não seria possível o banho completo, devido à
covid-19. Poderíamos apenas molhar as mãos e os punhos. Meu coração
murchou. Pensei: viemos de tão longe para entrar nessas piscinas e agora
nos proíbem! Fiquei decepcionado, pois queria banhar todo o corpo,
submergir. Porém, precisava disfarçar minha tristeza, pois estava com
meu grupo e não queria perturbar a fé de ninguém em um dia tão
bonito.
O senhor francês me pediu que eu conduzisse um rosário para o
povo que também aguardava a vez, juntamente com o padre André Luiz
Rodrigues (mais conhecido como padre André “Maravilha”, professor de
Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Ao fim
da oração, quando entrei no recinto do banho, me deparei com uma
freira francesa muito simpática. Ela segurava uma grande jarra prateada
com a água de Lourdes. A piscina, entretanto, estava mesmo vazia.
A religiosa me informou que eu deveria estender as mãos. Tirei o
casaco e disse a ela que queria que molhasse os meus braços e a cabeça
também. Ela riu e, para minha surpresa, concordou. Falou que, antes de
receber a água, eu deveria fazer meus pedidos a Nossa Senhora e rezar
juntamente com ela.
Pedi a intercessão da Mãe Santíssima para que eu não tivesse mais
cálculo renal. Desde a juventude, eu tivera vários problemas por causa
disso: internação, sangramento pela urina e dores horríveis me
atormentavam havia um bom tempo.
Sinceramente, já estava conformado com a minha situa­ção e, de
acordo com meu último exame renal, sabia que em algum momento
precisaria lidar com as três pedras enormes: duas no rim esquerdo e uma
no direito. A recomendação do urologista era fazer uma cirurgia, mas eu
nunca a acatara, apesar de saber do risco de ter que me submeter a uma
operação de emergência caso as pedras começassem a se movimentar
nos meus rins.
Naquela manhã em Lourdes, veio com força em minha mente a ideia
de que eu precisava pedir aquela graça de cura à Virgem Maria. Era a
chance de me livrar do problema sem ter que passar por uma cirurgia ou
algum sofrimento maior. Como meu anjo da guarda não estava ali
presente, acredito que o pedido tenha sido inspirado pelo Espírito Santo.
Meses depois, no Rio de Janeiro, fiz uma ressonância magnética nos
rins. Quando as imagens começaram a aparecer na tela do computador
da médica, perguntei:
– Doutora, o que a senhora acha dessas pedras nos rins? Preciso de
intervenção cirúrgica?
– Você tem pedras nos rins? – perguntou ela, intrigada.
– Sim. Elas são enormes. Não estão aparecendo aí? – Estiquei o
pescoço e estreitei os olhos para tentar ver melhor.
– Seus rins estão em perfeito estado, não há qualquer vestígio de
pedras. Olhe aqui – disse ela, virando a tela para que eu pudesse checar.
Meu Deus! Não há mais nada, pensei com enorme alegria.
Não havia uma explicação humana para o ocorrido. Em nenhum
momento eu tinha expelido aquelas pedras, até porque eram grandes
demais para saírem naturalmente. Aliás, expelir um cálculo renal nunca
passa despercebido pela pessoa. A dor marca a expulsão de cada pedra.
Quem já passou por isso sabe bem.
Naquele dia, deitado na maca da clínica, não me lembrei do pedido
de cura. Não procurei explicações, apenas saboreei a alegria por me
livrar de um problema tão antigo. Entretanto, sabia que a cura era um
milagre.
Em um domingo de dezembro de 2022 – meses após o exame dos
rins e um ano após me banhar nas águas de Lourdes –, eu estava em
Roma, com o mesmo grupo de peregrinos que fez comigo a Via-Sacra
no bosque de San Giovanni Rotondo.
Eu estava ao lado de meu primo, padre Alexandre Pinheiro, na Praça
de São Pedro, esperando a oração do Ângelus. Em alguns minutos, o
papa Francisco apareceria na tradicional janela do prédio do Vaticano
para falar algumas palavras e rezar com a multidão que se aglomerava no
local.
Ao observar de perto o obelisco da praça, que estava exatamente às
minhas costas, veio com absoluta clareza à minha mente: Pedro, você
ganhou a graça da cura dos rins após rezar o rosário e se banhar, com fé
e alegria, nas águas provenientes da fonte de Nossa Senhora do Rosário,
em Lourdes. Imagine minha gratidão e emoção!
Na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, o papa São João
Paulo II ensina sobre o poder da oração do rosário:

Tudo o que foi dito até agora manifesta amplamente a riqueza desta oração tradicional, que
tem não só a simplicidade duma oração popular, mas também a profundidade teológica
duma oração adaptada a quem sente a exigência duma contemplação mais madura.
A Igreja reconheceu sempre uma eficácia particular ao Rosário, confiando-lhe, mediante a
sua recitação comunitária e a sua prática constante, as causas mais difíceis. Em momentos em
que estivera ameaçada a própria cristandade, foi à força desta oração que se atribuiu a
libertação do perigo, tendo a Virgem do Rosário sido saudada como propiciadora da
salvação.
À eficácia desta oração, confio de bom grado hoje – como acenei ao princípio – a causa da
paz no mundo e a causa da família.

Não se sabe com exatidão quem criou o rosário ou quando isso


ocorreu. Algumas fontes sugerem que sua origem remonta ao século IX,
nos mosteiros e conventos católicos, onde os religiosos rezavam 150
salmos todos os dias. A partir daí, surgiu a prática dos 150 Pai-Nossos
ou Ave-Marias.
Em 1365, fez-se uma combinação das orações, dividindo as 150 Ave-
Marias em 15 dezenas e colocando um Pai-Nosso no início de cada uma
delas. Por volta de 1500, foi estabelecido que, a cada dezena, seria
meditado um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o
rosário de quinze mistérios. A partir de então, a devoção passou a ser
dividida em três partes: mistérios gozosos (nascimento e infância de
Jesus), mistérios dolorosos (o sacrifício de Jesus na cruz) e mistérios
gloriosos (ressurreição de Jesus). Cada grupo de mistérios equivalia a
um terço do rosário. Por isso, nós, brasileiros, o denominamos “terço”.
Em 2002, o papa João Paulo II, por meio da Carta Apostólica
Rosarium Virginis Mariae, recomendou a inserção de um quarto
mistério no rosário: os mistérios luminosos, sobre o ministério de Jesus
junto ao povo. Ainda assim, pelo hábito, continuamos a chamar de terço
cada grupo de mistérios. Aliás, na citada carta, o próprio papa declarou
que o rosário era sua oração preferida.
Em todas as quatro partes do rosário, há a mesma estrutura de
oração: inicia-se com o Credo, um Pai-Nosso em honra à Santíssima
Trindade, o Ângelus e, finalmente, se ingressa nos mistérios. Ao fim de
cada grupo de cinco mistérios, reza-se a Salve-Rainha.
O rosário é uma oração bastante simples e, ao mesmo tempo, muito
poderosa. A Virgem Maria, em sua famosa aparição em Fátima,
Portugal, no século XX, se apresentou aos pastorinhos videntes como “A
Senhora do Rosário”. Como narrou a irmã Lúcia (uma das videntes), em
suas Memórias, Nossa Senhora lhes ensinou que era fundamental recitar
o rosário todos os dias para obter a paz no mundo e o fim da guerra (no
caso, a Primeira Guerra Mundial). De fato, além de não ter atingido
Portugal, a guerra acabou pouco depois.
Essa mensagem é bastante atual. Quantos necessitam de paz em seus
lares e desejam o fim de incontáveis guerras que enfrentam juntamente
com suas famílias? Para atingir esse objetivo, rezar um terço por dia já
seria um bom começo. Será que essa prática espiritual exige muito
esforço?
Os que não estão acostumados a cultivar sua espiritualidade
diariamente pensam que adotar essa arma espiritual toma muito tempo.
Imagine: rezar quatro terços por dia! Um bom número de pessoas tem
esse hábito, mas aconselho que você comece com um terço por dia. Isso
significa aproximadamente quinze a vinte minutos dedicados ao rosário.
Depois você pode ir acrescentando. O benefício da proteção sobre você e
sua casa vale cada minuto.

São Domingos, beato Alain de la Roche e o rosário


Em 1214, na cidade francesa de Toulouse, São Domingos de Gusmão
passava por momentos difíceis e, em penitência, estava em jejum. Havia
três dias e três noites que o frade não comia nada. Enquanto estava em
oração, Nossa Senhora apareceu e lhe perguntou se sabia qual era a arma
que a Santíssima Trindade tinha para reformar o mundo.
São Domingos respondeu que, depois de Jesus, a ­Virgem Maria era o
grande instrumento da salvação humana. ­Nossa Senhora então disse
que, se quisesse realmente ganhar corações para Deus, deveria rezar o
“saltério” dela. Ela se referia ao santo rosário.
Após a aparição mariana, São Domingos foi à Catedral de Toulouse
para falar com os fiéis. Assim que entrou, os sinos da igreja se puseram a
tocar sem qualquer intervenção humana. Quando ele começou a pregar,
teve início uma forte ventania, acompanhada por um tremor de terra. O
sol sumiu atrás das nuvens e o céu foi cortado por raios.
Uma imagem de Nossa Senhora que estava no interior da igreja
levantou três vezes os braços pedindo justiça a Deus para aqueles que
não recorressem a Ele ou não se arrependessem de seus pecados.
Imediatamente, São Domingos interrompeu a pregação e começou a
recitar o rosário com os que estavam presentes. A tormenta cessou. O
frade pôde, então, prosseguir com seu sermão ao povo. A notícia do
evento sobrenatural correu e os habitantes de Toulouse adotaram a
devoção do santo rosário.
São Domingos não era um homem qualquer. Espanhol dotado de
grande inteligência, disciplina e força de vontade, foi o fundador da
Ordem dos Pregadores, cujos membros são conhecidos hoje como
frades dominicanos. Uma pessoa muito instruída e capaz que tinha por
principal devoção a oração do rosário.
Por falar nos frades dominicanos, muitos anos depois um dos
membros da ordem de São Domingos, o beato Alain de la Roche (ou
Alanus de Rupe), nascido na França em 1428, também recebeu a visita
de Nossa Senhora. Durante uma de suas aparições ao homem, a Virgem
Maria fez quinze promessas, válidas para todos os que rezassem o
rosário com devoção:

1. Todos os que rezarem o rosário com constância receberão graças


especiais.
2. Os que rezarem devotamente o rosário terão a proteção especial de
Nossa Senhora e grandes graças.
3. Os devotos do rosário serão dotados de uma armadura poderosa
contra o inferno, pois conseguirão destruir o vício, o pecado e as
heresias.
4. O rosário fará florescer as virtudes e as boas obras, obtendo
abundante misericórdia divina para as almas, elevando o devoto ao
desejo dos bens celestes e eternos.
5. Quem confiar na Virgem Maria, por meio da oração do rosário,
jamais perecerá.
6. Todo aquele que rezar devotamente o rosário não será atingido por
desgraças. Se for pecador, se converterá. Se for justo, crescerá em
graças e se tornará digno da vida eterna.
7. Os verdadeiros devotos do rosário não morrerão sem receber
os sacramentos da Igreja Católica.
8. Todos aqueles que rezarem com fidelidade o rosário terão, durante
a vida e no instante da morte, a plenitude das graças e participarão
dos méritos dos bem-aventurados.
9. Os devotos do rosário que forem para o purgatório serão
prontamente libertados pela Virgem Maria.
10. Os devotos do rosário terão grande glória no Céu.
11. Tudo o que os fiéis devotos pedirem por meio do rosário lhes será
concedido.
12. Nossa Senhora promete aos missionários do rosário auxílio em
todas as suas necessidades.
13. Para todos os devotos do rosário, Nossa Senhora conseguiu de Jesus
a intercessão de toda a corte celeste na vida e na morte.
14. Todos os que rezam o rosário são considerados filhos de Maria
Santíssima e irmãos de Jesus.
15. A devoção ao rosário é grande sinal de predestinação (salvação).

Portanto, vemos que o rosário é uma arma poderosíssima no


combate espiritual. Conforme as promessas acima, quem tem essa
devoção e a exercita diariamente e com fidelidade possui uma armadura
contra os ataques do maligno, além de receber proteção especial da
Virgem Maria.

As cinco pedrinhas de Medjugorje


Medjugorje é uma vila do município de Čitluk, no sul da Bósnia-
Herzegovina, na região dos Bálcãs. Lá, desde 24 de junho de 1981, a
Rainha da Paz (um dos títulos dados à Virgem Maria) aparece a um
grupo de seis videntes que, à época, eram apenas crianças. Por
intermédio deles, a mãe de Deus dá mensagens mensais ao povo até os
dias de hoje.
Ao longo dos meus anos como missionário, algumas pessoas me
perguntaram se a Igreja Católica reconhecia as aparições de Nossa
Senhora em Medjugorje. A resposta que sempre dei foi: ainda não, pois
não pode haver reconhecimento oficial para as aparições que ainda estão
em curso. Para ganhar, digamos assim, uma certificação do Vaticano, as
aparições marianas de Medjugorje precisam cessar primeiro.
Seja como for, conhecemos a árvore pelos seus frutos. Faz muitos
anos, Medjugorje atrai um enorme número de peregrinos. Há inúmeros
testemunhos de curas e milagres que aconteceram por lá, por meio da
intercessão da Rainha da Paz. Isso tudo sem contar o mais importante: a
verdadeira conversão de inúmeras pessoas, de todas as partes do mundo,
devido às mensagens dadas pela Virgem Maria através dos videntes.
Frei Jozo Zovko, um frade franciscano que estava na Igreja de São
Tiago, em Medjugorje, desde o início das ­aparições da Rainha da Paz,
observou que as mensagens dadas pelos videntes continham cinco
ferramentas aptas a nos ajudar na nossa conversão, a nos defender dos
ataques do maligno e abrir nossa vida às graças de Deus.
Fazendo uma comparação com a história bíblica em que Davi, o
pequeno pastor israelita (que, mais tarde, se tornaria rei de Israel),
venceu Golias, o guerreiro gigante filisteu, frei Jozo denominou essas
ferramentas de “cinco pedrinhas”. Para que você compreenda do que
falo, no Primeiro Livro de Samuel está escrito:

Saul vestiu Davi com sua própria armadura, colocou-lhe na cabeça um capacete de bronze,
revestiu-o com a sua couraça, e pôs a espada na cintura dele, sobre a armadura. Em vão Davi
tentou andar, pois nunca tinha usado nada disso. Então falou a Saul: “Não consigo nem andar
com essas coisas. Não estou acostumado.” Tirou tudo, pegou o cajado, escolheu cinco pedras
bem lisas no riacho e as colocou no seu bornal. Depois pegou a funda e foi ao encontro do
filisteu.
Enquanto o filisteu se aprumava e se aproximava de Davi pouco a pouco, Davi correu
depressa para se posicionar e enfrentar o filisteu. Davi enfiou a mão no bornal, pegou uma
pedra, atirou-a com a funda e acertou na testa do filisteu. A pedra afundou na testa do
filisteu, que caiu de bruços no chão. Assim Davi foi mais forte que o filisteu, apenas com uma
funda e uma pedra: sem espada na mão, feriu e matou o filisteu. (1Sm 17, 38-40; 48-51)

O frade franciscano percebeu que, nos dias de hoje, também


enfrentamos um gigante maligno que, como Golias, oprime o povo de
Deus, provocando forte medo: os relacionamentos partidos, a falta de
harmonia e amor nos lares, os problemas financeiros, a ausência de
emprego para os chefes de família, os vícios, a falta de esperança, a
solidão, a amargura, etc.
Segundo frei Jozo, era possível extrair essas cinco pedrinhas, essas
ferramentas de socorro aos católicos, de mensagens dadas pela Rainha
da Paz aos videntes de Medjugorje, especialmente durante os anos de
1982 a 1986. São elas: o jejum, a Santa Missa, o rosário, a confissão e a
leitura da Bíblia.
Podemos destacar as seguintes mensagens, extraídas do site
nossasenhorademedjugorje.org:

• O jejum
“Queridos filhos! Convido-vos a rezar e jejuar pela paz no mundo. Vós
tendes esquecido que a oração e o jejum podem afastar também as
guerras e enfim interromper as leis naturais. O melhor jejum é aquele a
pão e água. Todos, com exceção dos doentes, devem jejuar. As esmolas e
as obras de caridade não podem substituir o jejum.” (21 de julho de
1982)

• A Santa Missa
“Convido-os a viver a Santa Missa. Muitos de vocês experimentaram a
sua beleza, mas existem aqueles que não vêm (à Missa) voluntariamente.
Eu escolhi vocês, queridos filhos, e Jesus, na Santa Missa, dá a vocês as
Suas graças. Por isso, vivam conscientemente a Santa Missa, e a sua
vinda (para assisti-la) seja plena de alegria. Venham com amor e
acolham, em vocês, a Santa Missa.” (3 de abril de 1986)

• O rosário
“Gostaria de que as pessoas, no dia de hoje, rezassem comigo. E que
rezem o máximo possível! Que, além disso, jejuem nas quartas-feiras e
nas sextas-feiras; que, todos os dias, recitem pelo menos o rosário.” (14
de agosto de 1984)

• A confissão
“Precisa-se exortar as pessoas a confessar-se todos os meses, sobretudo
na primeira sexta-feira ou no primeiro sábado do mês. Fazei isto que vos
digo! A confissão mensal será um remédio para a Igreja Ocidental. Se os
fiéis se confessarem uma vez por mês, rapidamente regiões inteiras
podem ser curadas.” (6 de agosto de 1982)

• A leitura da Bíblia
“Hoje eu convido vocês para lerem todos os dias a Bíblia em suas casas:
coloquem-na em lugar bem visível, para que sempre os estimule a lê-la e
a rezar.” (18 de outubro de 1984)

Neste livro, já ficou clara a importância da leitura da ­Bíblia. Vimos ainda


como é fundamental a oração do rosário no combate espiritual. A
confissão, o jejum e a Santa Missa serão analisados nos capítulos que se
seguem.
Sacramentos e sacramentais
O s sacramentos e os sacramentais são armas poderosas no combate
espiritual. Você sabe qual a diferença entre eles e por que são tão
eficazes?
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “os sete sacramentos
são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo difunde a
graça de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja, que é seu Corpo” (§ 774). Mais
adiante, encontramos: “Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e
ações), acessíveis à nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a
graça que significam em virtude da ação de Cristo e pelo poder do
Espírito Santo” (§ 1084). Através deles, recebemos as graças e somos
protegidos pelo poder de Deus.
Para aqueles que não conhecem o tema, os sete sacramentos são:
batismo, confirmação (também chamada de crisma), Eucaristia,
penitência (ou confissão), unção dos enfermos, ordem e matrimônio.
Já os sacramentais são “sinais sagrados pelos quais, à imitação dos
sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, obtidos
pela impetração da igreja” (CIC, § 1667). Trata-se de objetos bentos e
utilizados para a purificação ou proteção do fiel, de sua família e seu lar.
E o Catecismo continua: “Entre os sacramentais, figuram em
primeiro lugar as bênçãos (de pessoas, da mesa, de objetos e lugares).
Toda bênção é louvor de Deus e pedido para obter seus dons. (...) Certas
bênçãos têm um alcance duradouro: têm por efeito consagrar pessoas a
Deus e reservar para o uso litúrgico objetos e lugares” (§ 1671, 1672).
Podemos citar a água benta, as velas votivas, as medalhas (como a
famosa medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças), os
escapulários e o óleo e o sal bentos. Enfim, são objetos religiosos que,
marcados pela bênção sacerdotal, devem ser usados com fé, para a
defesa espiritual e psíquica de quem os possui.

Batismo
O batismo é o fundamento de toda a vida cristã, que dá acesso a todos os
demais sacramentos. Batizar (baptizem, em grego) significa mergulhar,
imergir. Por isso, na cerimônia de batizado de uma criança ou adulto, o
sacerdote joga água em sua cabeça, sobre a pia batismal.
Ao recebermos esse sacramento, somos purificados dos pecados e
renascemos da água e do Espírito Santo. Segundo o parágrafo 1265 do
Catecismo, pelo Batismo somos uma nova criatura, um filho adotivo de
Deus, participante da natureza divina e templo do Espírito Santo. Ele faz
de nós membros do Corpo de Cristo.
O batismo é tão importante que o próprio Jesus se submeteu a ele:

Jesus foi da Galileia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João [Batista] e ser batizado
por ele. Mas João procurava impedi-lo, dizendo: “Sou eu que devo ser batizado por ti, e tu
vens a mim?” Jesus, porém, lhe respondeu: “Por enquanto deixe como está! Porque devemos
cumprir toda a justiça.” E João concordou.
Depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de
Deus, descendo como pomba e pousando sobre Ele. E do céu veio uma voz, dizendo: “Este é
o meu Filho amado, que muito me agrada.” (Mateus 3, 13-17)

Todas as vezes que estive em uma cerimônia de batismo, pude


observar a presença do anjo da guarda da criança ou do adulto que
estava sendo batizado. Eles se posicionam ao lado dos protegidos do
início ao fim. No momento em que se faz o pequeno exorcismo, quando
pais e padrinhos renunciam a Satanás em nome da criança, o ser
angélico lança sobre seu protegido uma luz intensa. O mesmo acontece
quando o sacerdote joga a água abençoada, dizendo as palavras
sacramentais.
No começo do meu ministério de oração, quando eu ainda era bem
jovem, um senhor me procurou ao final do terço que eu acabara de
recitar com o povo, na Igreja de Santa Mônica, no Rio de Janeiro. Ele
usava um elegante terno preto e uma gravata e iniciou a conversa após
aguardar pacientemente a vez para falar comigo:
– Pedro, venho aqui rezar com você já há um tempo. Nunca fui de
oração, mas algo nesse terço me faz muito bem. Obrigado por rezar
conosco.
– Fico muito feliz em saber. A ideia, inclusive, é que as pessoas
peguem o hábito de rezar o terço em casa todos os dias, não só aqui,
uma vez por semana, quando estão comigo.
Naquela época, a reunião de oração baseada no terço, conduzida por
mim na nave central da igreja, recebia cerca de quatrocentas pessoas e
acontecia uma vez por semana. O senhor prosseguiu:
– Em alguns dias consigo rezar o terço sozinho, em casa, mas ainda
tenho dificuldade. Com você e todas essas pessoas aqui na igreja, é
muito mais fácil. Aos poucos, vou progredindo. Mas gostaria de
perguntar algo. Não tem a ver diretamente com o terço.
– Tudo bem. O que é?
– Em uma das reuniões do terço este ano, você falou da importância
dos sacramentos. Insistiu muito, dizendo que, para o nosso bem,
precisamos recebê-los o maior número de vezes possível. Em especial,
tratou da confissão e da Eucaristia.
– Sim. Volta e meia entro nessa questão aqui no grupo de oração.
– Pois é, eu nunca recebi nenhum deles.
– Você nunca se confessou nem fez a primeira comunhão?
– Pior, Pedro: eu nunca recebi nenhum sacramento. Não sou nem
batizado. – Sem graça, ele fitou o chão. – Naquela noite, quando ouvi
você falar da importância da confissão e da Eucaristia, cheguei em casa e
fiquei pensando se minha vida poderia melhorar ainda mais se eu
recebesse pelo menos esses sacramentos. Talvez eu esteja falando
besteira... – Agora, ele me olhava nos olhos.
– Não tem nada de errado no que você está me dizendo. Aliás, como
você mesmo percebeu, esse assunto é muito importante. Desculpe
perguntar, mas tem certeza de que nunca foi batizado na Igreja Católica?
– Tenho certeza absoluta. Quando eu era adolescente, minha mãe
disse que eu nunca havia sido batizado porque ela e meu pai não
gostavam de nenhuma religião em particular, apesar de nossa família ser
de origem católica. Sabe como é: se diziam católicos “não praticantes”.
– Entendo. Aqui mesmo, no terço, um certo número de pessoas diz
que são católicas “não praticantes”. Então sua mãe deixou a escolha de se
batizar ou não para você, quando era adolescente?
– Exatamente. O problema é que nunca me interessei por isso.
Também não frequentava a igreja e não tinha amigos que frequentassem.
Não via razão nenhuma para ir lá.
– Claro, ninguém deu o exemplo nem mostrou como isso o
beneficiaria.
– Lembra o que você falou no terço da semana anterior à Páscoa?
Eu neguei. Ele prosseguiu:
– Você disse que tinha gente que só ia à missa duas vezes ao ano: na
Páscoa e no Natal. Pois eu não ia dia nenhum, nem mesmo nas duas
datas mais importantes do ano! Para ser mais exato, a primeira vez que
entrei em uma igreja, depois de muitos anos, foi no dia em que uma
amiga me trouxe aqui para rezar o terço, com a promessa de que o rapaz
que o conduzia tinha dons místicos. – Ele abriu um sorriso.
– Há quanto tempo você reza o terço comigo?
– Deve ter uns nove meses. Comecei a frequentar seu grupo de
oração no início do ano.
– Sua vida melhorou com isso?
– Você se refere a frequentar a igreja ou a rezar o terço?
– Você também passou a vir às missas de domingo?
– Desde a Páscoa, não perco mais nenhuma. Depois daquele dia que
minha amiga me trouxe aqui, não faltei ao seu grupo de oração. Fui a
todos os terços que você rezou na Igreja de Santa Mônica este ano.
– Então, acredito que o terço tenha mudado sua vida para melhor.
Do contrário, teria desistido.
– Minha vida melhorou muito! Para que você tenha uma ideia, eu
era alcoólatra. Meu casamento acabou por causa disso. Fiquei
inteiramente só, já que meus pais faleceram e eu não tive filhos. Após
frequentar o grupo de oração aqui com você por um mês e meio, não
senti mais vontade de beber. Não tomei qualquer tipo de remédio nem
fiz tratamento e, mesmo assim, meu vício sumiu. Nunca imaginei que
isso fosse possível. Pedro, foram anos bebendo...
– Que bonito! Deus agiu na sua vida.
– Coloquei em prática o que você ensinou durante a oração: no
quinto mistério de cada terço, devemos pedir a Deus, com fé, coisas
importantes para nós. Confesso que, nas primeiras reuniões, quando
ouvia você falar isso, desconfiava e pensava: que papo furado desse cara!
Deus nem sabe quem eu sou. Nunca vai me dar nada. Depois, resolvi
testar. Me surpreendi e vi que funciona mesmo!
– Gostei da sua sinceridade! – Soltei uma risada curta.
– Uma noite, acho que foi a quarta ou quinta vez que estive no grupo
de oração, você contou a parábola do filho pródigo. Aquilo me
emocionou e mudei de ideia sobre minha relação com Deus. – O
homem esfregou os olhos e fez silêncio.
– O que exatamente te tocou naquela noite?
– Na história contada por Jesus, me vi no jovem que pediu a sua
parte da herança ao pai e saiu pelo mundo para curtir a vida. Fui
irresponsável com minha vida como ele foi com a dele. No fim, apesar de
tantos erros, Deus me acolheu e me presenteou, do mesmo jeito que o
pai fez com o filho pródigo.
Para que você compreenda bem, aquele homem se referia à seguinte
parábola do Evangelho de Lucas:

Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: “Pai, me dá a parte da herança
que me cabe.” E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou
o que era seu e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada.
Quando tinha gastado tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele
começou a passar necessidade.” (Lc 15, 11-14)

Quando o jovem irresponsável se viu em grande miséria e solidão,


perdido no mundo, resolveu voltar à casa do pai. Sua intenção era lhe
pedir um emprego e ganhar permissão para ficar dormindo no
alojamento dos funcionários. Para sua surpresa, o pai o viu chegando à
propriedade e adotou a seguinte postura:

Quando ainda estava longe, o pai o avistou e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou e o
cobriu de beijos. Então o filho disse: “Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que
me chamem teu filho.” Mas o pai disse aos empregados: “Depressa, tragam a melhor túnica
para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Peguem o
novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e
tornou a viver; estava perdido e foi encontrado.” E começaram a festa. (Lc 15, 20-24)

Visivelmente emocionado, o homem com quem eu conversava


naquela noite falou:
– Meu pai também era muito rico e financiou meus negócios.
Infelizmente, afundei boa parte deles com meu vício, jogos e mulheres.
Do mesmo jeito que o rapaz da parábola, me vi na lama nos últimos
anos, profundamente deprimido e na solidão. Restaram muito poucos
amigos. Mesmo sendo aconselhado por eles, não queria saber de religião
nem de Deus. A diferença entre mim e o filho pródigo da parábola era
que meu pai biológico já falecera havia algum tempo. Eu não tinha mais
um pai que pudesse solucionar o caos em que eu me metera. Não tinha
para onde retornar nem havia ninguém que, por compaixão, pudesse me
acolher. Pelo menos era o que eu pensava. – Ele deu um sorriso
entristecido.
– Ao ouvir a parábola, você entendeu que Deus é seu pai, Aquele
que, com profunda compaixão, amor e alegria, te estava esperando todos
esses anos de braços abertos?
– Sim, na mesma hora que você concluiu a parábola. Então, com
meu coração palpitando forte e com o terço de contas de madeira na
mão, resolvi que iria fazer uma experiência.
– Qual?
– Pensei: se Deus é o pai que está me acolhendo hoje, durante este
terço, apesar de todos os meus erros e falhas de caráter, gostaria de ter
mais uma chance para refazer minha vida. Quero reerguer a única
empresa que me resta e ficar livre do álcool.
– Esses foram seus pedidos naquela noite?
– Sim. Foi o que eu pedi no início do quinto mistério.
– O Pai Celestial lhe concedeu as duas graças pedidas?
– Não. Ele me deu mais do que eu pedi, pois a depressão que eu
sentia há muitos anos também saiu do meu coração.
– Nosso Pai do Céu é tão bondoso que acaba nos dando mais
presentes do que pedimos – falei, abrindo um sorriso.
– Quando percebi que estava vivendo uma nova vida, que tinha
ganhado uma nova chance, vim aqui no seu grupo de oração e disse a
Deus quanto era grato. Aproveitei também para falar a Ele que gostaria
de seguir verdadeiramente seus preceitos. Não quero errar mais. Sabe
como é, já estou velho...
– Fez bem em agradecer a Deus. Nosso Pai detesta a ingratidão. De
onde veio a questão de seguir seus preceitos? Quem lhe aconselhou isso?
– Curiosamente, no meio do terço da semana passada, você disse:
“Deus se alegra quando caminhamos na estrada d’Ele, quando nos
guiamos no mundo por seus princípios.” Na hora, entendi que aquilo era
para mim.
– Muito bem. Então, imagino que já saiba o que fazer. – Coloquei
minha mão direita em seu ombro.
– Não sei. Por isso estou aqui. Preciso de uma orientação de ordem
prática: o que você acha que devo fazer daqui para a frente? Como me
guiar pelos princípios de Deus?
Antes que eu pudesse dar uma resposta, meu anjo da guarda
apareceu atrás dele, dentro de uma intensa luz esverdeada e me disse,
telepaticamente:
– Sem uma vida nos sacramentos, em algum momento do futuro
próximo esse homem cairá novamente nas tentações que quase
consumiram sua alma.
Tão logo me falou, desapareceu numa explosão verde. Sem titubear,
falei para o homem:
– Você precisa dos sacramentos.
– Tudo bem, mas como faço para recebê-los?
– Procure o pároco da nossa igreja. Há uma catequese para adultos
aqui. Você vai aprender sobre os preceitos de Deus. Vai começar pelo
batismo e pela Eucaristia. Esses sacramentos abrirão as portas da sua
vida para que o Espírito Santo te ilumine cada vez mais.

Eucaristia
A Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Jesus. Sua importância é tamanha
que o Catecismo da Igreja Católica esclarece que ela é “fonte e ápice de
toda a vida cristã” (§ 1324). Segundo o mesmo texto, “os demais
sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas
apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a
santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja”. Por tudo
isso, pais católicos devem fazer todo o esforço para colocar seus filhos na
catequese, para que eles façam a primeira comunhão e possam receber
Cristo Jesus durante toda a sua vida.
O próprio Mestre instituiu a Eucaristia durante a Última Ceia,
conforme lemos na Bíblia:

Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, o partiu, distribuiu
aos discípulos e disse: “Tomem e comam, isto é o meu corpo.” Em seguida, tomou um cálice,
agradeceu e deu a eles, dizendo: “Bebam dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da
aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados.” (Mateus 26, 26-
28)

Minha relação com a Eucaristia é muito especial e posso dizer que se


iniciou anos antes de minha primeira comunhão. Quando tinha 7 anos,
eu estava deitado na minha cama à noite, com os olhos fechados,
tentando dormir em vão. Então, vi o teto do meu quarto se abrir e o céu
surgiu bem nítido. Era noite de lua crescente. Para minha ­surpresa, não
sentia mais meu corpo em contato com o colchão e parecia me
aproximar cada vez mais das estrelas, flutuando gentilmente. As luzes da
cidade do Rio de Janeiro foram ficando para trás.
Quando estava mais perto da lua, avistei um homem crucificado
pairando no espaço. Ele estava nu e bastante ferido. Como estava à
distância, não podia ver seu rosto com clareza. Aquela cena forte me
chocou. Queria ir até ele e ajudá-lo, mas não conseguia. Tentei chamar
meus pais, mas minha voz não saía. Em desespero, acabei retornando ao
quarto. Abri os olhos e passei o resto da noite em claro por conta da
experiência mística.
Na semana seguinte, frei Heliodoro, o sacerdote agostiniano
espanhol que catequizou a mim e aos meus amigos do colégio, começou
a falar sobre a Paixão de Cristo. Na hora entendi: o homem pregado na
cruz no espaço sideral era Jesus! As imagens que o retratavam,
espalhadas pelas igrejas e residências, não captavam nem de perto o
tanto que ele estava machucado.
Ao fim daquele mês, durante as aulas de religião no colégio, eu já
sabia que Jesus havia sido crucificado para a salvação da humanidade,
para abrir as portas do Céu a nós. Como o vira na cruz daquela forma,
fiquei impressionado com sua coragem e obediência ao Pai. Frei
Heliodoro fazia questão de frisar que, dentro de alguns anos, iríamos
receber o Corpo e o Sangue de Jesus em uma hóstia, durante nossa
primeira comunhão. Teríamos a honra e a graça de receber Jesus vivo em
nós! Durante anos ansiei por aquele momento.
Quando chegou o grande dia, eu tinha 10 anos. Fui nervoso com
meus amigos em fila para receber a comunhão das mãos de frei
Heliodoro. Retornei para o banco da igreja para fazer minhas orações.
Ao fechar os olhos, a mesma visão de Jesus crucificado no espaço sideral
surgiu diante de mim. Tomei um susto. Sem identificar com precisão
suas feições, vi que o Senhor levantou a cabeça e olhou na minha
direção. Naquele momento, as feridas desapareceram de seu corpo e suas
mãos se desprenderam da cruz.
Abri os olhos imediatamente e me deparei com o enorme crucifixo
do altar da Igreja de Santa Mônica, no Leblon (o mesmo que está lá até
hoje). Naquele momento, veio nítido à minha mente: “Jesus está vivo e
está em você.” Aquela voz não era do meu anjo da guarda, mas do
Espírito Santo. Compreendi que o momento da comunhão é realmente
único e sagrado.
Certo dia, por volta dos 19 anos, fui a uma reunião de oração na casa
de Zitinha, a senhora de dons místicos de quem falo em Você pode falar
com Deus e Todo mundo tem um anjo da guarda (mas nos outros livros
só a chamei de Z.). Tive a honra de tê-la como minha grande mentora
espiritual por anos. Nessa ocasião, ela me pedira para levar o violão, pois
queria fazer um louvor preliminar. Depois da terceira música, ela me
olhou e sorriu.
– Meu filho, qual a primeira coisa que você faz quando recebe Jesus
na missa?
– Procuro esvaziar minha mente e, logo depois, fazer meus pedidos a
ele.
– Nossa Senhora me pediu que lhe dissesse que onde o filho dela
está, ela também está. Assim, nossa Mãe solicita que, antes de fazer seus
pedidos ao filho dela, você a saúde com uma Ave-Maria.
– Zitinha, você reza a Ave-Maria todas as vezes que recebe a
comunhão?
– Sim, desde que era muito jovem e Nossa Senhora me pediu a
mesma coisa.
– Depois, o que você costuma fazer?
– Peço que Nossa Senhora interceda junto ao filho dela pelas minhas
necessidades e começo a enumerá-las para Jesus, que está no meu
coração.
– A partir de hoje, vou fazer a mesma coisa.

Na missa, durante a transubstanciação (quando, pela oração do padre, o


pão e o vinho se tornam Corpo e Sangue do Senhor), o anjo ministerial
do sacerdote celebrante se une a outros tantos que descem do Céu para
honrar a presença de Jesus no altar. É um momento de grande beleza, e
quem tem olhos de ver percebe que a forte luz que ali surge é irradiada
para todos os cantos da igreja. Nesse instante, gosto de apresentar
minhas intenções pessoais e colocá-las em cima do altar, para aproveitar
a presença de Jesus e seus anjos no local e ganhar as graças de que
necessito.
Durante a comunhão, também vejo algumas pessoas na fila
acompanhadas por seus anjos da guarda. Certa vez, pedi explicações ao
meu anjo da guarda sobre esse fenômeno:
– Por que algumas pessoas não têm a companhia do anjo da guarda?
– Eu indiquei a fila com a cabeça.
– Para que a pessoa esteja acompanhada de seu anjo da guarda no
momento da comunhão, deve se preparar adequadamente para receber o
Corpo e o Sangue de Jesus. Os que não estão com sua confissão em dia
não têm essa prerrogativa. O anjo protetor não pode pactuar com tal
ofensa a Cristo. Além disso, alguns fiéis se confessam regularmente, mas
não creem que nós, seres angélicos, existimos. Respeitamos a crença
deles e nos afastamos.

Crisma ou confirmação
A iniciação cristã se cumpre por três sacramentos: batismo, Eucaristia e
crisma ou confirmação. Todo batizado que fez a primeira comunhão
pode e deve receber o sacramento da confirmação. Através dele, o fiel
recebe a consumação da graça batismal e, especialmente, a força do
Espírito Santo.
Por intermédio desse sacramento, o fiel é vinculado de forma mais
perfeita à Igreja e convidado a defender e a difundir a fé, com palavras e
atos, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (§ 1285-1288).
Quem o celebra ordinariamente é o bispo local, com a imposição das
mãos e a unção com óleo perfumado, além das palavras sacramentais.
Quando éramos crianças, nossos pais e padrinhos nos apresentaram
à fé pelo batismo. Agora, com a capacidade de discernir por nós
mesmos, somos chamados a confirmar aquela escolha, firmando nosso
compromisso na fé, por isso o nome “confirmação”. No Brasil, cada
diocese indica qual a idade mínima para a pessoa se crismar, variando
entre 12 e 16 anos.
A Igreja Católica extrai o sacramento da crisma de algumas
passagens bíblicas, por exemplo:

Os apóstolos, que estavam em Jerusalém, souberam que a Samaria acolhera a Palavra de


Deus, e enviaram para lá Pedro e João. Ao chegarem, Pedro e João rezaram pelos
samaritanos, a fim de que eles recebessem o Espírito Santo. De fato, o Espírito ainda não
viera sobre nenhum deles; e os samaritanos tinham apenas recebido o batismo em nome do
Senhor Jesus. Então Pedro e João impuseram as mãos sobre os samaritanos, e eles receberam
o Espírito Santo. (Atos 8, 14-17)

Paulo perguntou: “Que batismo vocês receberam?” Eles responderam: “O batismo de João.”
Então Paulo explicou: “João batizava como sinal de arrependimento e pedia que o povo
acreditasse naquele que devia vir depois dele, isto é, Jesus.” Ao ouvir isso, eles se fizeram
batizar em nome do Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo
desceu sobre eles, e começaram a falar em línguas e a profetizar. (Atos 19, 3-6)

Fiz minha confirmação quando era adolescente, com 16 anos. Na


época, apesar de estudar a vida toda em colégio católico, precisei fazer
um ano de curso específico. Em alguns momentos, as aulas me
pareceram maçantes e pensei em desistir. Resolvi, então, perguntar ao
meu anjo da guarda:
– Preciso mesmo receber esse sacramento? Que benefício
extraordinário posso ter com ele?
O ser angélico estava ao lado de minha mesa de estudo, onde eu lia
um livro, quando falou:
– No momento em que você for crismado, vai perceber maior clareza
nos seus dons, especialmente a visão e a audição espirituais. Haverá um
benefício grande para você e para aqueles que, ao longo da vida, vão
precisar dos seus dons.
– Por que isso vai acontecer? Você vai tomar alguma providência
durante a cerimônia religiosa?
– Não agirei nem interferirei em nenhum momento. Apenas estarei
presente ao seu lado. Tudo se dará pela ação e força do Espírito Santo.
Será como um Pentecostes para você.
– Isso vai acontecer porque tenho algo especial ou é assim com todos
os crismandos?
– Todo aquele que se prepara adequadamente e se submete, com fé,
ao sacramento da confirmação recebe seu Pentecostes particular.
Alguns leitores podem estar se perguntando o que é Pentecostes.
Originariamente, este é o nome da festa do povo judeu em memória do
dia em que Moisés recebeu de Deus as Tábuas da Lei, no Monte Sinai
(conforme relatado em Êxodo 34, 1-28). Para os católicos, trata-se do dia
em que houve a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e a Virgem
Maria reunidos em um cenáculo, cinquenta dias após a Páscoa do
Senhor. Segundo os Atos dos Apóstolos:

Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde
eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e
foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a
falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. (At 2, 1-4)

Conclusão: o argumento do meu anjo da guarda para me convencer


a perseverar foi a efusão do Espírito Santo sobre todo aquele que recebe
o sacramento. Encontramos ensinamentos da Igreja Católica nesse
mesmo sentido: “Esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do
Messias; devia ser comunicada a todo o povo messiânico. Por várias
vezes Cristo prometeu esta efusão do Espírito, promessa que realizou
primeiramente no dia da Páscoa e em seguida, de maneira mais
marcante, no dia de Pentecostes” (Catecismo, § 1287).
Além do batismo no Espírito Santo, outro ponto importante é que,
com a confirmação, realizamos o compromisso de ser um membro
atuante na Igreja Católica. Quando eu estava no Santuário de Lourdes,
em 2021, com um grupo de peregrinos, uma mulher me perguntou:
– Pedro, você acabou de falar que precisamos declarar nosso
compromisso com Jesus e a Virgem Maria com palavras e atos. No
mesmo instante, pensei que nunca me crismei.
– Você fez a primeira comunhão mas não fez crisma, ou nenhum dos
dois?
– Fiz a minha primeira comunhão quando era menina. Desde então,
me confesso com regularidade e comungo sempre aos domingos.
Como ela era uma pessoa que frequentava a Igreja e seus
sacramentos, achei estranho não ter recebido a confirmação.
– Algum motivo especial para você não ter se crismado?
– Quando eu tinha 15 anos, frequentava o grupo jovem da minha
paróquia. Todos iríamos nos crismar juntos. Mas meus pais se
separaram e acabei tendo que mudar de cidade com minha mãe.
Resultado: não me crismei e, nos anos que se seguiram, não cogitei mais
fazê-lo.
– Você chegou a ficar afastada da Igreja? Com a questão da
separação, chegou a dar um tempo nas missas e orações?
– Não. Eu me apoiava em Deus o tempo todo. O problema é que a
área da cidade para onde me mudei não tinha um grupo jovem e fiquei
muito desmotivada. Mas não deixei de ir à missa em nenhum momento.
Naquele instante, Santa Rita, que havia nos acompanhado durante a
Via-Sacra no bosque de Lourdes, apareceu ao lado dela e me disse:
– Ela precisa receber o sacramento da confirmação. Deus espera que
ela firme o compromisso de servir sua comunidade e os irmãos de fé.
Quando ela for ungida com o óleo, haverá uma grande libertação, pela
efusão do Espírito Santo, inclusive com relação à sua vida afetiva.
Olhei para a mulher e perguntei:
– Você está com um grande nó na sua vida afetiva, não é?
– Meu Deus! Como você sabe? – indagou ela, com os olhos
marejados.
– Santa Rita acabou de me dizer que, se você se crismar, haverá
grande libertação na sua vida afetiva. Se eu fosse você, firmava logo esse
compromisso com Deus e buscava servir em alguma pastoral na sua
paróquia.
– Fico muito feliz com a mensagem, Pedro. Sou devota de Santa Rita
há muitos anos. Sim, preciso muito de libertação na minha vida afetiva,
porque parece que não me acerto com ninguém e já tenho mais de 40
anos. Vou fazer o que ela me pede.
Penitência ou confissão
Pelo sacramento da penitência ou confissão, recebemos o perdão das
ofensas feitas a Deus. Por isso, ele também é denominado sacramento da
reconciliação. Seu objetivo é a conversão do coração do fiel, a partir da
ruptura com o pecado. Com ele, demonstramos o desejo e a resolução de
mudar de vida (Catecismo, § 1431).
Durante a peregrinação que fiz com um grupo à Itália, em dezembro
de 2022, tive um testemunho interessante. Estávamos em San Giovanni
Rotondo e o hotel possuía mais de um salão para o café da manhã.
Quando desci, perguntei a um funcionário onde era la prima colazione.
Sem perceber que eu pertencia ao grupo de brasileiros e portugueses, ele
me encaminhou a um salão vazio.
Assim que entrei, veio falar comigo um senhor mineiro, do mesmo
grupo de peregrinos.
– Pedro, já tomou o café?
– Ainda não. Parece que é naquele salão ali. Vamos lá?
– Claro.
Aproveitando que o local estava vazio, ele me contou sobre sua vida e
me disse algo muito interessante:
– Minha cidade é pequena e eu não queria contar meus pecados ao
padre local. Assim, já fazia uns vinte anos que não me confessava.
– Na última missa em que estivemos, percebi que você participou da
comunhão.
– Sim. Vou contar o que aconteceu. Antes de virmos para cá, minha
filha insistiu muito comigo. Disse que eu precisava me confessar e que
você tinha dito em algum vídeo que era fundamental que os peregrinos
se preparassem bem para nossa peregrinação, porque ela seria como um
retiro espiritual.
– Isso mesmo. A informação dela está perfeita. Eu pedi mesmo que
as pessoas que viessem comigo aos santuários estivessem reconciliadas
com Deus, em condições de comungar.
– Resolvi ir à igreja me confessar. Não foi fácil. Mas aconteceu uma
coisa interessante no fim da confissão, quando o padre fez a oração sobre
mim.
– A oração final, com a absolvição dos pecados.
– Sim. Naquele momento, não sei o que houve, mas senti um peso
estranho sair de cima dos meus ombros. Como se algo ruim saísse
mesmo de mim!
– Então sua confissão foi bem-feita. Você estava mesmo arrependido
das faltas, conseguiu expor seus pecados ao padre e queria uma vida
nova – expliquei.
– Como foram quase vinte anos, fico na dúvida se consegui contar
todos os pecados ou se esqueci algum. Isso não invalida a confissão?
– De jeito nenhum. Vale a sua intenção em confessá-los. Agora, se
porventura você se lembrar de algum pecado que não confessou, retorne
ao confessionário e os exponha ao sacerdote.
– Entendi. Que bom! Você sabe por que eu senti aquele peso saindo
de mim?
– Sim. Costumo falar aos alunos do Clube de Membros do meu
canal do YouTube que a confissão é uma poderosa oração de libertação e
nos coloca em estado de graça para receber a comunhão. Isso que você
sentiu foi o poder de Deus o libertando do mal.
O homem sorriu, feliz.
O sacramento da confissão funciona como uma grande limpeza
espiritual. O que acontece se você passar alguns dias sem se lavar, sem
tomar banho? Rapidamente, as pessoas com quem você convive vão
notar que há algo de errado. Sua aparência e, obviamente, seu mau
cheiro são os primeiros sinais de que você precisa cuidar de si.
O mesmo se dá com a alma. Sem frequentar o confessionário, você
começa a acumular impurezas espirituais. Os pecados vão se
amontoando e toda essa bagagem de forças negativas se torna um peso e
dá um nó nas mais diversas áreas da sua vida, distanciando você do
caminho de Jesus e de sua amizade. Os espíritos malignos percebem que
há várias rachaduras em sua defesa espiritual, pois essa “sujeira” vai
carcomendo as estruturas e alicerces que sustentam sua saúde espiritual.
Então, você sente que as coisas não progridem e não encontra
explicações humanas para as derrotas que começam a se suceder.
Há alguns anos, quando terminei de rezar um terço na Igreja da
Imaculada Conceição, na Gávea, Rio de Janeiro, um senhor veio me
falar:
– Pedro, eu faço tudo certo. Frequento a igreja com minha mulher e
rezo o terço com você aqui. Contratei bons funcionários para minha
empresa, mas, ainda assim, parece que há uma maldição sobre meus
negócios!
– Veio à minha mente que você não recebe a Eucaristia.
– Olha, eu comungava, mas minha mulher brigou comigo por causa
disso.
– Não entendi. Qual a razão da briga? Receber a comunhão é muito
bom.
– Foi o que eu disse a ela, mas ela insistiu que eu não recebesse mais.
– Não faz sentido. Algo o impede de receber a comunhão? Vocês são
batizados, fizeram primeira comunhão, são casados na Igreja Católica e
se confessam?
– Sim.
– Então, obviamente, podem comungar.
– Pois é, mas minha mulher insiste que a minha confissão não é
válida.
– De acordo com as normas da Igreja, quem decide se pode ou não
lhe dar absolvição na confissão é o sacerdote – declarei.
– Então você pensa como ela...
– Você não se confessa com um padre?
– Claro que não! Por que eu deveria? Um sujeito que muitas vezes é
mais pecador do que eu. Na hora do ato de contrição, na missa, eu
entrego meus pecados a Deus e obtenho a absolvição.
– Infelizmente, você está equivocado. Não é assim que funciona. Sua
esposa tem toda a razão: enquanto você não se confessar adequadamente
com um sacerdote, não pode comungar. Ao receber o Corpo e o Sangue
do Senhor sem a preparação correta, você estará condenando sua alma
ao invés de salvá-la.
– Não faz sentido me confessar com um homem como eu, de carne e
osso! Onde está escrito isso?
– Foi o próprio Jesus quem determinou que o sacerdote tem o poder
de perdoar nossos pecados em nome d’Ele.
– Não pode ser...
Como eu estava com a Bíblia na mão, pois faço questão de ler
trechos da Palavra de Deus em todos os terços que recito com o povo, a
abri no Evangelho de João.
– Vou ler um trecho que se passa após a ressurreição de Cristo:

Jesus disse de novo para eles: “A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu
também envio vocês.” Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: “Recebam o
Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem serão perdoados. Os pecados
daqueles que vocês não perdoarem não serão perdoados.” (Jo 20, 21-23)

– Quer dizer que Jesus deu aos apóstolos esse poder de perdoar os
pecados?
– Exatamente. E os apóstolos o transmitiram a seus sucessores, os
sacerdotes. Note, inclusive, que Cristo não lhes deu esse poder em
função de serem santos. Ele sabia que aqueles homens eram pecadores.
Ele o deu em favor das almas, resgatadas pelo Sangue d’Ele na cruz, ou
seja, por cada um de nós.
– Poxa, não imaginava. Mas isso é bem complicado para mim.
– Saiba que Deus fica muito feliz com a humildade que a gente
demonstra ao ir ao confessionário. Além disso, se sua vida financeira não
avança, mesmo que você faça tudo certo, a confissão traz enorme
libertação. Pode ser a solução. Que tal tentar?
– Tudo bem. Você me convenceu, Pedro. Amanhã mesmo vou
procurar um padre e me confessar.

Unção dos enfermos


A unção dos enfermos é o sacramento pelo qual a ­Igreja entrega os
doentes aos cuidados do Senhor, para que eles ­encontrem cura, alívio e
salvação. Há uma crença errônea de que ele só é ministrado àqueles que
estão prestes a morrer. Na verdade, como ensina o Catecismo da Igreja
Católica, a unção dos enfermos “não é um sacramento só daqueles que
se encontram às portas da morte” (§ 1514). Basta que o fiel contraia uma
doença que possa representar um perigo de morte caso se desenvolva.
Nesse sacramento, o sacerdote unge o doente, na fronte e nas mãos,
com um óleo bento e pronuncia as seguintes palavras: “Por esta santa
unção e pela sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio
com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te
salve e, na sua misericórdia, alivie os teus sofrimentos.”
Quando meu diretor espiritual, frei Juan Antonio, era prior da casa
agostiniana do Leblon, há mais de vinte anos, me pediu que fôssemos até
o apartamento de um amigo dele para fazermos uma oração após a
unção dos enfermos. O homem tinha um câncer bastante avançado e a
situação não era nada boa.
Ao final da oração, meu anjo da guarda me apareceu e disse:
– Pedro, em pouco tempo este doente estará livre das dores.
– Quer dizer que a unção dos enfermos o curou?
– Não haverá cura humana. Por sempre ter seguido os preceitos de
Jesus e estar reconciliado com Ele, renascerá para uma nova vida. Será
levado, em breve, para a morada espiritual.
– Pensei que o sacramento era de cura. Quer dizer que a unção dos
enfermos não tem esse poder? Para que serve, então?
Fiquei decepcionado com a notícia, já que eu e o frei Juan Antonio
tínhamos nos esforçado muito e confiávamos em um milagre.
– Acima de tudo, o sacramento foi fundamental para a limpeza das
faltas do doente. Ele está preparado para a nova vida. Isso vale muito
mais do que a cura do corpo físico.
– Tudo bem, mas você não me respondeu: o sacramento pode ou
não curar o corpo físico do doente?
– Sim, com a permissão do Pai, a unção dos enfermos pode trazer a
cura para o corpo, para as emoções e para a mente do ser humano –
concluiu ele e se foi.
Nosso objetivo supremo na batalha espiritual (como de resto, em
qualquer batalha) que vivenciamos neste mundo é a vitória. Isso significa
que, após deixarmos nosso corpo físico, queremos entrar no Paraíso e
viver para sempre com Jesus, os anjos, os santos e a Virgem Maria. Um
fracasso ao fim de nossa caminhada na Terra pode determinar o
banimento eterno e o envio de nossa alma para lugares sombrios. A
unção dos enfermos é um grande remédio contra isso, pois nos
reconcilia com Deus, abrindo as portas da salvação.
Esse sacramento também tem sua origem no Novo Testamento.
Inicialmente, ele está insinuado no Evangelho de Marcos:

Então os discípulos partiram e pregaram para que as pes­soas se convertessem. Expulsavam


muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo. (Mc 6, 12-13)

A recomendação e promulgação desse sacramento se deu, no


entanto, com o apóstolo Tiago, que escreveu em sua carta:

Alguém de vocês está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que rezem por ele,
ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente: o Senhor o
levantará e, se ele tiver pecados, será perdoado. (Tg 5, 14-15)
Não podemos ignorar essa arma poderosa, não somente de cura,
mas de salvação de nossa alma, deixada para nós por Nosso Senhor. A
todo instante, os espíritos malignos tentam fazer com que as pessoas
ignorem esse sacramento. A razão é simples: por vezes, a unção dos
enfermos é o último recurso de resgate que resta à alma.

Matrimônio e ordem
Por fim, há dois sacramentos classificados pela Igreja Cató­lica como
sendo de serviço: a ordem e o matrimônio. A ordem tem três graus: o
homem se torna diácono, padre e depois bispo. Por meio do
matrimônio, homem e mulher se unem para criar a família cristã. As
mulheres não podem receber o sacramento da ordem, pois, segundo a
Igreja Católica, Jesus só convocou homens para fazer parte do grupo dos
doze apóstolos.
Curiosamente, quando recebemos esses sacramentos, nos metemos
em uma grande guerra espiritual. A razão é simples: o inimigo de Deus,
Satanás, tem como principal objetivo destruir a Igreja de Cristo e o
núcleo familiar. Sabemos que ele busca acabar com a obra do Pai
Celestial em nosso planeta, e as duas instituições, família e Igreja, são
fundamentais no plano divino.
O matrimônio é tão importante que, quando o casal se une diante de
Deus na igreja, recebe um anjo da guarda da família. Esse ser tem a
função de auxiliar na harmonia, paz e prosperidade do lar. Se marido e
mulher ganham intimidade com esse anjo, encontram nele um fiel
guerreiro no combate espiritual.
Infelizmente, muitas pessoas não sabem da existência dessa categoria
de criatura angélica e não rezam em sua companhia nem o invocam em
momentos difíceis. O ideal é que marido e mulher rezem ao menos uma
vez ao dia juntos invocando a presença do anjo da guarda da família,
além de seus respectivos anjos da guarda, pedindo a eles que intercedam
pelas intenções do núcleo familiar.
Para a defesa espiritual da família, bem como de seus projetos, é
fundamental que todos os seus membros compareçam à missa de
domingo, de preferência juntos. Duran­te a comunhão, cônjuges devem
invocar a presença de seu próprio anjo da guarda, bem como do anjo da
família, para que os seres angélicos intercedam por suas intenções
enquanto fazem suas orações a Jesus.
Certa vez, durante uma tarde de autógrafos em Ribeirão Preto, um
casal veio falar comigo.
– Pedro, estamos casados há 25 anos, mas nunca sentimos a presença
de nosso anjo da guarda da família. Muitas vezes, nesses anos, passamos
por dificuldades financeiras e de saúde, mas nada do tal anjo aparecer.
Será que ele existe mesmo? – questionou a mulher.
– Sim. Tenho certeza absoluta de que ele existe e que todos aqueles
que recebem o sacramento do matrimônio ganham essa proteção do
Céu.
– Como assim? – perguntou o homem. – O anjo não surge para
qualquer pessoa que se casa? Fizemos até uma pequena celebração no
quintal da casa dos meus pais e assinamos lá os papéis.
– Essa celebração foi feita por um sacerdote ou diácono da Igreja
Católica? Era para receber o sacramento do matrimônio?
– Não. Foi feita pelo juiz de paz da minha cidade mesmo. Não é
válida?
– Como casamento civil, é válida. Agora, diante de Deus, a história é
outra. Não houve qualquer sacramento aí. Sem dúvida não receberam o
anjo da guarda da família.
– Mas, depois que lemos seu livro Todo mundo tem um anjo da
guarda, queremos ter a bênção de sermos protegidos também por um
anjo da família. Aliás, precisamos dele, porque a crise lá em casa está
forte – interveio a mulher.
– Vocês são católicos?
– Sim – respondeu o casal.
– São batizados?
– Sim.
– Então devem procurar o pároco da Igreja que vocês frequentam ou
do bairro onde moram e dizer que querem fazer o casamento religioso,
pois no civil já estão casados há 25 anos. Na cerimônia, Deus vai enviar o
anjo para cuidar da família de vocês.

Quando se torna sacerdote pelo sacramento da ordem, o homem tem a


honra de representar o próprio Cristo na ­Terra e celebrar a missa (o mais
sublime sacrifício de ­louvor a Deus), e sua família ganha um grande
benefício. Quando meu primo Alexandre soube a data de sua ordenação,
resolvemos agradecer ao Pai Eterno e rezar juntos o terço. Foi então que
São João Maria Vianney apareceu e lhe mandou uma mensagem:
– Saiba que, com sua ordenação, as almas de seus antepassados, que
estão no purgatório, serão muito beneficiadas. Assim que os colocar no
altar em sua missa, elas vão progredir e ganhar a graça de habitar mais
próximo do Altíssimo.
Veja que o sacramento da ordem não muda a vida apenas daquele
que o recebe, mas de toda a sua família. E não falo só dos que estão
vivos: todos que aguardam orações no purgatório também são
agraciados. A libertação se faz para todos aqueles que têm ligação afetiva
ou de sangue com o sacerdote. Resumindo: é uma grande bênção de
Deus para todos.
O homem que recebeu o sacramento do matrimônio também pode
receber o da ordem. Com a autorização da esposa, pode se tornar um
diácono permanente, que exerce as mesmas funções de um diácono
transitório: “Cabe aos diáconos, entre outros serviços, assistir o bispo e
os padres na celebração dos divinos mistérios, sobretudo a Eucaristia,
distribuir a Comunhão, assistir o matrimônio e abençoá-lo, proclamar o
Evangelho e pregar, presidir os funerais e consagrar-se aos diversos
serviços da caridade” (Catecismo, § 1570).
O homem que recebeu o sacramento do matrimônio também pode
se tornar sacerdote caso fique viúvo.

Sacramentais
No apartamento do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde
coordenava diariamente um grupo de oração, Zitinha mantinha um
ornamento de acrílico com água benta logo na entrada. Um dia, como
estava atrasado, passei direto com o violão na mão, sem molhar os dedos
e fazer o sinal da cruz.
– Meu filho, retorne à entrada. Você esqueceu algo muito
importante. – Ela fez um gesto delicado com a mão direita em direção à
porta.
– O que houve, Zitinha? – Chequei o violão, o livro de cantos
católicos e o terço. – Está tudo aqui comigo. Podemos começar.
– Quando você chega em casa vindo da rua, lava as mãos e o rosto,
não é?
– Claro. Acho que todo mundo faz isso.
– Pois a água benta lava aquilo que a água comum não consegue e
ainda te protege. Pode ter certeza de que hoje, com a quantidade de
pessoas que se reunirão aqui, você vai precisar dessa proteção.
Imediatamente, voltei à entrada, molhei os dedos e fiz o sinal da
cruz. Zitinha abriu um sorriso. Eu me sentei no chão, próximo de sua
poltrona. Observando mais de perto meu pescoço, ela falou:
– Onde está seu crucifixo e a Medalha Milagrosa? – Ela se referia aos
objetos que eu sempre carregava no pescoço quando ia à sua casa rezar e
interceder pelas pessoas que ali estavam.
Toquei meu pescoço e percebi que meu cordão não estava lá.
– Esqueci em casa!
Envergonhado, coloquei as mãos no rosto. Ela já tinha me alertado
antes: Toda vez que formos fazer orações de intercessão com pessoas
espiritualmente “pesadas”, não se esqueça dos sacramentais.
– Meu filho, agora não vai dar tempo de ir à sua casa, pegar seu
cordão e voltar aqui. As pessoas já começaram a chegar e daqui a pouco
vamos iniciar com uma música de louvor.
– Desculpa, Zitinha. Não esquecerei mais os objetos sagrados.
– Lembre-se que, quando usamos o crucifixo e a Medalha Milagrosa
com fé, nosso inimigo, o demônio, percebe que temos um escudo
poderoso e que pertencemos a Deus. Ele sabe que não será fácil nos
atacar. Então, prefere ir para cima daqueles que estão mais
desprotegidos, porque é covarde.
Assim que todos chegavam para o grupo de oração, Zitinha pedia
que eu cantasse um louvor, então passava pelas pessoas, uma a uma,
jogando água benta com um borrifador. Também aspergia todas as
paredes da sala.
Após esse processo, de fato o ambiente ficava mais leve. Com minha
visão espiritual, eu captava cores mais vívidas. Por isso, certa vez lhe
perguntei:
– Zitinha, por que eu sinto uma elevação espiritual instantânea
quando você usa a água benta?
– Porque aquela água carrega a bênção sacerdotal. É ideal para a
limpeza das pessoas e do ambiente. Produz seu efeito de forma imediata.
Já reparou que uma pessoa possuída pelo demônio odeia ser aspergida
com água benta?
– Sim, parece que a água benta queima o demônio que está na pessoa
e ela urra, esperneia e quer fugir!
– Veja o poder que a água benta tem no plano espiritual.
Outra pessoa que me ensinou sobre a força desse sacramental foi
meu diretor espiritual, frei Juan Antonio, que exerceu por muitos anos a
função de exorcista oficial da diocese de Belém (PA). Lá, ele teve uma
experiência que traduz muito bem a eficácia da água benta no combate
espiritual.
Num fim de tarde, o frade recebeu a visita de um casal em sua
paróquia. Eles haviam agendado com o sacerdote uma oração de
libertação. O marido alegava que, havia algum tempo, a esposa vinha
desenvolvendo um comportamento agressivo e estranho, completamente
fora do padrão. Além disso, após provocar determinados eventos
desagradáveis, ela não se lembrava de nada do que tinha feito. Também
não gostava mais de ficar em locais com imagens de Nossa Senhora, algo
que sempre aceitara bem. Segundo o homem, aquilo parecia obra do
diabo.
Frei Juan Antonio resolveu rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria com o
casal. A mulher parecia desconfortável, mas não deu sinais claros de
uma possessão demoníaca. Então, o frade decidiu tomar uma
providência para esclarecer a situação. Perguntou ao casal se queriam
água. Eles aceitaram. Ele se dirigiu à cozinha, colocou água nos copos e,
fazendo a oração apropriada, abençoou-a.
Ao colocar os copos em cima da mesa, ele notou a expressão raivosa
da mulher. O homem bebeu sua água normalmente, sem saber que
estava benta, e estranhou o com­portamento da esposa, ainda mais que
estava muito quente (um dia típico em Belém).
Quando ele pegou o copo dela para oferecê-lo com mais ênfase, a
mulher começou a gritar. Seu rosto se transformou, sua voz engrossou,
parecendo a de um barítono, sua mandíbula se deslocou a ponto de fazê-
la ter a aparência de um lobo. Ela deu um safanão no marido e começou
a rosnar. O frei explicou ao homem que ali havia água benta, odiada pelo
inimigo, por isso ele estava se manifestando. A mulher se levantou e
tentou morder o padre, que então fez o rito de exorcismo.
Em alguma missa, você já deve ter se deparado com o momento do
rito final em que o sacerdote dá a bênção dos objetos religiosos, da água
e do sal. Sim, o sal (grosso ou de cozinha) pode ser bento pelo padre e se
torna uma arma no combate espiritual.
Certa vez, estive em uma palestra sobre o combate espiritual
ministrada por dom Cipriano Chagas, no Rio de Janeiro. O monge
beneditino explicou que, se uma pessoa ou uma família está em grande
conflito contra forças do mal, humanas ou espirituais, deve adotar a
prática de cozinhar seus alimentos com sal bento. Dessa forma, é feita
uma limpeza espiritual, dificultando a ação do maligno.
As velas votivas também devem ser abençoadas por algum sacerdote
para funcionar como um sacramental. Não precisam ser velas de sete
dias, podem ser de qualquer tamanho. Podem ser acesas aos pés de
imagens de santos, de Jesus ou da Virgem Maria, dependendo da
devoção do fiel.
Não é recomendável deixar velas bentas acesas pela casa enquanto os
moradores estão fora, pois há risco de graves acidentes. Certa vez, por
causa de uma vela acesa no banheiro, o apartamento de uma vizinha
minha pegou fogo.
Um dia, questionei meu anjo da guarda:
– As pessoas ficam me perguntando se devem acender velas aos
anjos. Isso tem algum efeito no mundo espiritual? Vocês, anjos, gostam
das velas?
– A vela simboliza a chama da fé, a vida e a luz de Deus. Por isso, nós
gostamos quando o protegido acende uma em honra de seu anjo da
guarda. Ela dá apoio e brilho à oração feita na presença do anjo.
– Então, quanto mais tempo a vela ficar acesa na minha casa, mais
você apreciará?
– Não. O que me agrada é o momento em que você está diante da
vela e dirige a oração a mim.
– Se é assim, basta eu acender a vela na hora em que for rezar e
depois apagá-la.
– Sim – respondeu meu anjo.
Outro instrumento de defesa espiritual importante são as procissões,
consideradas uma forma de manifestação pública da fé, pois através
delas as pessoas podem demonstrar a Deus sua devoção, unindo-se em
oração. Elas têm uma dimensão comunitária. Quando o fiel participa de
uma procissão, dá um recado claro ao inimigo espiritual, pois,
caminhando com as velas, imagens e músicas para Deus, reafirma que
pertence a Jesus e a sua Mãe Santíssima. Isso afasta o maligno.
Nas procissões, as pessoas obtêm graças. São inúmeros os
testemunhos dos que tiveram sua oração atendida. Eu mesmo tenho
uma história interessante. Mais de dez anos atrás, estive no Santuário de
Fátima, em Portugal, com minha esposa. Nossa intenção era participar
da missa na capelinha das aparições, rezar o terço lá, fazer a Via-Sacra
no Bosque de Valinhos e, por fim, integrar a procissão em honra de
Nossa Senhora.
Um senhor que trabalhava no santuário veio até mim e disse:
– Boa tarde. Gostaria de participar da procissão carregando o andor
da Virgem Maria?
– Boa tarde. Infelizmente não tenho interesse, mas agradeço o
convite.
Recusei porque não queria ficar em posição de destaque naquele
momento. Pretendia apenas rezar e entregar minhas intenções a nossa
mãe.
Diante do olhar incrédulo de minha esposa, o senhor me respondeu,
triste:
– Tudo bem. Uma pena...
Minha mulher me deu uma leve bronca por eu ter recusado a
honraria. Após algum tempo, veio em minha direção um jovem
português desconhecido. Com o olhar fixo em mim, ele apressou o passo
e me abordou:
– Boa tarde. Meu nome é João.* Preciso lhe pedir algo muito
importante.
* Nome fictício.

– Claro, pode falar. Aliás, me chamo Pedro.


– Venho da cidade do Porto. Estou aqui para agradecer um milagre à
Virgem Maria. Disse a ela que gostaria muito de homenageá-la
carregando o andor na procissão da noite.
– Acho muito bonito. Você está certo, temos que agradecer sempre.
Mas o que o impede de carregar o andor? Você conversou com o pessoal
que trabalha no santuário?
– Sim, conversei com todos. Eles sabem do meu milagre. O problema
é que, na procissão de hoje, nenhum homem tem exatamente a minha
altura.
Assim que ele acabou de falar, percebi: éramos exatamente do
mesmo tamanho!
– Não pode ser! Com tantos homens aqui dentro? Deve haver
alguém...
– Eu e aquele senhor ali, que trabalha no santuário e é o responsável
pelo andor, procuramos por toda parte. Só um homem se encaixa no que
precisamos: você!
Minha mulher me encarou, muito séria. O homem que trabalhava
no santuário se aproximou, com a expressão inquisitiva. O jovem
português estava com os olhos marejados. Depois de pensar por um
instante, falei:
– Muito bem, João. Aonde precisamos ir para levar o andor de Maria
na procissão?
O rapaz me abraçou e não sabia como me agradecer. O senhor que
trabalhava no santuário abriu um sorriso. Minha mulher também me
olhou feliz. Aquilo tudo era muito maior do que minha vontade de ficar
quieto rezando.
Foi assim que, com uma túnica branca por cima da roupa, ao lado do
jovem português, apoiei a madeira do andor sobre o ombro esquerdo.
Tinha um peso considerável. Nesse momento, falei mentalmente com a
Virgem Maria:
– Mãe, com essa confusão toda, não vou poder me concentrar o
suficiente no pedido que vim aqui lhe fazer. Então, como já lhe falei tudo
durante o dia de hoje, por favor não se esqueça de mim!
Depois de alguns minutos, quando fizemos a curva com o andor
para seguirmos ao final da procissão, a Virgem Maria me falou dentro do
meu coração:
– Meu filho, não se preocupe. Você me carrega e eu carrego você.
Minha emoção foi enorme! Não consegui disfarçar o sorriso.
Quando retornei ao Brasil, a porta que estava trancada se abriu e
consegui meu objetivo.

Se você se encontra em intenso combate, seja na área das finanças ou dos


relacionamentos (com os filhos ou seu cônjuge, por exemplo), seja na
própria área espiritual ou da saúde mental, não pode deixar de se valer
dos sacramentais. Eles vão potencializar suas orações e ações de defesa
psíquica e espiritual.
O jejum como arma espiritual
A tualmente, muito se fala em jejum para fins estéticos e de saúde.
Neste livro, não vamos entrar no debate dos seus benefícios e
malefícios nessas áreas. Vou trabalhar aqui a eficácia do jejum como
prática conectada à espiritua­lidade, mais especificamente ao combate
espiritual.
O dicionário Aurélio esclarece que jejum significa “abstinência ou
abstenção total ou parcial de alimentação em determinados dias, por
penitência ou prescrição religiosa ou médica”. Tanto na área humana
quanto na espiritual, ele faz parte de uma categoria maior, denominada
“abstinência”.
No entanto, a abstinência pode estar ligada a diversas coisas e
situações do cotidiano, não apenas a alimentos. No campo da
espiritualidade, é muito comum a abstinência de álcool, de televisão e
redes sociais e tantas outras. Ela é muito importante em diversas
religiões, mas, para os católicos, tem um papel todo especial em tempos
de Quaresma (o período de quarenta dias em preparação para a Páscoa),
quando a Igreja nos pede a mortificação e o sacrifício pessoal.
Não podemos confundir a abstinência genérica com o jejum. Apesar
de ambos serem ferramentas de crescimento espiritual por intermédio
do sacrifício pessoal, o último entra na categoria da limpeza espiritual e
das armas contra os ataques do maligno.
Que fique claro: a abstinência, considerada de modo amplo, traz
disciplina mental, física, espiritual e mortificação, mas não tem a eficácia
do jejum no combate aqui abordado. Além disso, o assunto deste
capítulo não tem relação com o jejum eucarístico – quando se
permanece uma hora sem alimentos antes de receber a Eucaristia na
missa.
Como visto acima, o jejum é adotado por diversas religiões ao redor
do mundo. É, inclusive, anterior à própria fundação da Igreja Católica
por Jesus Cristo. O judaísmo, por exemplo, é bem mais antigo que o
cristianismo. No calendário judaico, há uma prática de jejum que
remonta ao tempo do profeta Moisés: o Yom Kippur (Dia do Perdão),
quando se fica 24 horas sem comer ou beber nada.
Os muçulmanos, por sua vez, possuem o Ramadã: um mês inteiro
jejuando (no nono mês de seu calendário, que se baseia nos ciclos da
lua). Eles se abstêm de qualquer alimento e de qualquer líquido do
nascer ao pôr do sol. Os muçulmanos têm essa prática porque acreditam
que, nesse mês, o arcanjo Gabriel desceu do Céu e revelou o Alcorão a
Maomé.
O jejum tem a prerrogativa de criar espaço para Deus dentro da
pessoa. À medida que se recusa a receber alimentos, o ser humano deixa
o corpo físico em segundo plano para que se realce a importância do
corpo espiritual.
Com o jejum, nutrimos nossa alma. Como é uma prática
essencialmente espiritual, não é violada quando se recebe o Corpo e o
Sangue de Jesus. Muito pelo contrário: a comunhão a realça de forma
poderosa!
Há uma história muito bonita de uma Serva de Deus francesa que
reforça o que escrevi no parágrafo anterior. (Para quem não sabe, “Servo
de Deus” é o título que a Igreja Católica dá aos que se encontram em
processo canônico no Vaticano para se tornarem oficialmente santos.)
Marthe Robin nasceu em 13 de março de 1902. Antes de completar
18 anos, foi diagnosticada com encefalite. Essa doença a acompanhou
por toda a vida. Como era uma mulher de muita fé, discerniu em suas
orações que, através de sua doença, poderia servir a Deus, dando-se em
sacrifício pela salvação das almas.
Em 1929, Marthe ficou tetraplégica e passou a sofrer paralisia total
das vias digestivas. Assim, não podia mais engolir alimentos. Naquela
época, não havia a tecnologia que temos hoje para enfrentar situações
como essa, como, por exemplo, a alimentação por sonda. Ela
permaneceu desse modo por 52 anos até a sua morte, em 1981.
Neste capítulo, o que nos interessa na vida dessa francesa
extraordinária é que o único alimento que ela conseguia receber e
ingerir, durante o período em que ficou inválida, era a Eucaristia! Mas
não só isso: Marthe comungava todas as quartas-feiras pela noite e
entrava em êxtase místico logo em seguida. Assim permanecia até a
segunda-feira seguinte. Note o poder da Eucaristia atrelada ao jejum!
O jejum transforma positivamente as orações. Funciona como um
combustível especial para elas ou, se preferir, um turbo poderoso que as
impulsiona rumo ao Pai Celestial. Uma prece embasada pelo jejum tem
potência bem maior do que sem ele.
No início da minha juventude, eu só praticava o jejum durante o
período da Quaresma, sempre às sextas-feiras. Por volta dos 25 anos,
meu anjo da guarda me chamou a atenção e explicou:
– Pedro, você serve ao Pai com sua missão, difundindo a palavra
d’Ele e a oração do santo terço. Por isso, é alvo de ataques pesados do
maligno. Precisa se valer do jejum como arma espiritual.
– Eu pensava que o jejum era uma prática de mortificação usada
apenas como forma de penitência. Não se esqueça de que o pratico às
sextas-feiras durante toda a Quaresma.
– Sim, o jejum também é uma ferramenta de penitência. Mas quem
está na linha de frente do combate espiritual não pode praticá-lo só
durante a Quaresma. Preste bastante atenção na forma como Jesus se
preparou para iniciar sua missão. Ele se fortaleceu no deserto com
quarenta dias de jejum e orações.
– Sim, conheço bem a passagem bíblica.
– Se conhece, quantas vezes se valeu dela?
– Você quer dizer fazer quarenta dias de jejum e orações?!
– Os quarenta dias seriam bons para você, mas me refiro ao jejum e
oração antes de dirigir a reunião do terço na igreja ou de pregar em um
retiro espiritual.
– Nunca tentei.
– Também não tentou fazer jejum às quartas-feiras e sextas-feiras
durante o ano todo, com exceção dos dias de festa instituídos pela Igreja.
– Não tentei. Você recomenda que eu adote essa prática? Por quanto
tempo?
– Gostaria que adotasse essa prática de hoje em diante.
– Até o dia de minha morte?!
– Até o dia em que sua saúde permitir.
– Combinado.
Quando o anjo partiu numa explosão de luz verde, fui pegar a minha
Bíblia. Queria guardar na mente, com absoluta exatidão, o evento do
confronto entre o Senhor e o diabo. Trata-se da seguinte passagem do
Evangelho de Lucas:

Repleto do Espírito Santo, Jesus voltou ao rio Jordão, e era conduzido pelo Espírito através do
deserto. Aí ele foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada nesses dias e,
depois disso, sentiu fome. Então o diabo disse a Jesus: “Se tu és Filho de Deus, manda que
essa pedra se torne pão.” Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem.’” O
diabo levou Jesus para o alto. Mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo. E lhe
disse: “Eu te darei todo o poder e riqueza desses reinos, porque tudo isso foi entregue a mim,
e posso dá-lo a quem eu quiser. Portanto, se te ajoelhares diante de mim, tudo isso será teu.”
Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a ele servirá.’”
Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, ­colocou-o na parte mais alta do Templo. E lhe disse:
“Se tu és Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos
seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado.’ E mais ainda: ‘Eles te levarão nas
mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.’” Mas Jesus respondeu: “A Escritura diz:
‘Não tente o Senhor seu Deus.’” Tendo esgotado todas as formas de tentação, o diabo se
afastou de Jesus, para voltar no tempo oportuno. (Lc 4, 1-13)

Ao meditar sobre essa passagem da vida de Jesus, tirei algumas


conclusões. De início, percebi que quem nos conduz ao jejum, para fins
de progresso espiritual, é o próprio Espírito Santo. É seu desejo que
percorramos o caminho iluminado por Jesus. Ele nos fortalece e
potencializa seus dons em nós a partir da prática constante do jejum.
Aprendi também que, ao enfrentar situações difíceis, desafios ou
eventos relevantes em que eu deveria me apresentar, o jejum era a
ferramenta adequada para me direcionar ao sucesso. Em preparação
para sua missão, Jesus jejuou por quarenta dias. É inegável o sucesso que
obteve, pois do contrário você não estaria lendo este livro.
Acompanhado das Sagradas Escrituras (ou seja, da Bíblia), o jejum
tem o efeito de uma bomba atômica sobre o mal! O diabo não pode
resistir a ela. Então, passei a fazer também junto as leituras da missa do
dia em que jejuo, recitando-as para mim mesmo, construindo orações
pessoais com base nas palavras bíblicas.
Outra passagem do Evangelho que demonstra que o jejum é muito
eficaz para retirar o maligno é aquela em que os apóstolos não
conseguem expulsar um demônio de uma criança. O pai do garoto,
então, o leva a Jesus, que o livra do mal com facilidade.
Os apóstolos perguntam a Jesus por que fracassaram. Além de
explicar que é necessário ter uma fé sólida, Jesus lhes dá uma valiosa
informação: “Somente oração e jejum podem expulsar esse tipo de
demônio” (Mateus 17, 21).
Se em alguma área da sua vida você não consegue derrubar barreiras
que, estranhamente, insistem em impedir seu avanço, considere
combatê-las com jejum e oração, além de tomar as providências
humanas devidas. Persista nessas práticas, pois Deus aprecia o esforço
espiritual que fazemos e nos favorece com alegria.
Desde aquela conversa com meu anjo da guarda até os dias atuais,
continuo a jejuar conforme ele me indicou. Nunca tive problemas físicos
nem de saúde em geral devido ao jejum. Já obtive muitas graças por
causa dele. Alcancei algumas das bênçãos mais difíceis através das
orações em jejum.
Você deve estar se perguntando como faço meu jejum. Há inúmeras
formas de fazê-lo e eu tenho a minha. Na rea­lidade, meu método é
muito simples. Inicio o jejum às 18 horas do dia anterior ao que meu
anjo da guarda indicou (lembrem-se: ele me pediu jejum às quartas e
sextas-feiras). Faço minhas orações pessoais (uma conversa com Deus
na companhia do meu anjo da guarda) e, logo a seguir, o terço.
Apresento minhas intenções para o jejum que está se iniciando. Prossigo
com minhas atividades normais até a hora de dormir, quando faço novas
orações e rezo mais um terço.
No dia seguinte, ao acordar, saúdo meu anjo da guarda e Deus Pai e
preparo um café preto. Gosto de tomá-lo bem forte e, por vezes, coloco
na xícara uma colher de creme de leite pasteurizado. Misturo tudo e
bebo enquanto está quente. Quando termino, leio o jornal e faço as
primeiras orações do dia. Procuro sair do jejum na parte da tarde, por
volta das 15 ou 16 horas. Meu tempo ideal de jejum é em torno de vinte
horas (apenas consumo o café nesse período). Há dias em que
permaneço menos tempo jejuando e outros em que fico mais. O
importante são o sacrifício e as orações, sem que isso lhe cause
problemas físicos ou mentais. É muito importante também tomar
bastante água.
Não sinto qualquer alteração negativa na minha mente ou no meu
corpo. Pelo contrário: fico mais alerta e ágil durante o jejum. Minha
memória funciona com mais precisão. Meu raciocínio fica mais rápido.
Percebo que meus dons de visão espiritual ficam mais aguçados. Sinto
como se meu espírito fosse muito maior que meu corpo. Parece que visto
uma couraça. Minha comunicação com o mundo espiritual se torna
mais limpa e fluida.
Não estou recomendando que você faça o mesmo tipo de jejum que
eu. Note que tenho muitos anos de prática. Não cheguei a esse ponto da
noite para o dia! Primeiro, você deve procurar um médico e escutar a
opinião dele. Considero igualmente importante uma consulta com o
nutricionista, que pode lhe instruir sobre os melhores alimentos para
antes e depois do jejum, para que seu corpo aproveite o máximo esse
período sem sofrer. Até hoje, mesmo com toda a minha experiência,
converso sobre o jejum com meu médico e com o nutricionista. Graças a
Deus, ambos me incentivam a prosseguir.
A Igreja Católica não exige o jejum de crianças, idosos ou pessoas
com algum problema de saúde, nem mesmo na Sexta-Feira da Paixão,
data importantíssima em seu calendário religioso. Assim, mesmo que
você não seja idoso, caso tenha algum problema que o incapacita de
fazer jejum, não precisa se sentir culpado.
Por outro lado, conheço alguns idosos (minha mãe, por exemplo)
que, mesmo autorizados a não jejuar, permanecem fiéis à sua prática,
pois a executam há tantos anos que ela se tornou um (bom) hábito. Só
deixam de realizá-la quando estão doentes.
Assim que seu médico liberar, você pode começar aos poucos a
privação de alimentos sólidos. No início, talvez seja mais fácil fazer um
jejum à base de água de coco ou sucos, talvez até mesmo um pouco de
leite. Não exagere no número de horas. Lembre-se: o jejum é um
sacrifício, mas não deve prejudicar sua saúde e seu bem-estar. É
necessário ter bom senso. Ninguém decide correr uma maratona da
noite para o dia!
É fundamental que você não deixe de rezar nesse período. Não pode
faltar a oração pessoal. Além dela, insira pelo menos alguma oração
devocional que tenha o hábito de fazer. No meu caso, já sabem: o terço.
Mas existem tantas outras que casam muito bem com o jejum. Como os
anjos se aproximam daqueles que jejuam e oram em busca de progresso
espiritual, a oração da Súplica ardente aos anjos é muito utilizada
(confira-a na página 172). Enfim, use as orações que tocam o seu
coração.
Em fevereiro de 2023, decidi apoiar o jejum daqueles que estão
inscritos no meu canal do YouTube, rezando com eles o terço ao vivo nas
noites de terça e quinta-feira (logo após entrarmos em jejum). Em uma
das vezes, um amigo me enviou o comentário feito por uma mulher após
a oração. Ela disse que praticava havia algum tempo o jejum
intermitente (permanecia dezesseis horas em jejum e tinha uma “janela”
alimentar de oito horas, e assim sucessivamente). Falou que não o fazia
por razões espirituais, mas de saúde e estética. No entanto, gostaria de
saber se ele também valia para fins religiosos/espirituais.
Obviamente não vale. Para ter valor espiritual, o jejum precisa ser
praticado com essa finalidade, além de acompanhado de orações. É
necessário ter consciência e presença de espírito. Do contrário, você não
o estará ofertando a Deus como sacrifício. Não estará buscando sua
limpeza e desenvolvimento espiritual. Não estará se aproximando do Pai
e de seus anjos.
Durante outro terço ao vivo, que rezei em março de 2023, uma fiel
me perguntou se, no período de jejum, em vez de fazer orações
tradicionais, ela poderia cantar músicas religiosas, cujas letras tocavam
seu coração e a faziam se sentir mais perto de Deus. Claro que sim!
Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Quem canta reza duas
vezes” (§ 1156). O importante é fazê-lo com fervor.
Além de fortalecer a alma da pessoa, o jejum também a limpa. Sabe
o banho que você toma em casa, com sabão e xampu, que lhe traz um
enorme bem-estar? Pois é, essa prática de mortificação tem o mesmo
efeito no plano espiritual.
Quem já experimentou a incômoda sensação de entrar em um lugar
e se sentir mal por haver algo “pesado” naquele ambiente? O mesmo
acontece quando convivemos com pessoas negativas, “pesadas”, que
trazem tristeza ou cansaço. O que fazer? Ora, se a sensação de que há
algo ruim não vai embora com o passar das horas, uma das providências
é iniciar um jejum, para purificar o corpo e a alma.
Contaminação por pessoas,
lugares e objetos
N o convívio social, percebemos que certas pessoas nos são
naturalmente agradáveis, enquanto outras nos causam certa
repulsa, ainda que não nos façam nada de mal. Você deve estar
pensando: Claro! Algumas são mais eloquentes, sorridentes, têm bom
papo e bom senso, aparência mais vistosa, e assim capturam nossa
atenção.
Este capítulo não é sobre beleza, retórica, etiqueta social, moda ou
persuasão. Trato aqui de algo que não tem explicação racional. Algo que
todos captamos, vez ou outra, por meio do que se convencionou
denominar “sexto sentido”. Refiro-me àquela impressão que temos de
imediato quando alguém que muitas vezes nem conhecemos está diante
de nós e, pela simples presença, nos causa um sentimento bom ou o
oposto.
Tenho certeza de que muita gente, sem razão aparente, se sentiu bem
(em paz, acolhida, protegida ou alegre) na companhia de alguém que, a
princípio, não tem características extraordinárias ou de destaque nem
presenteou algo em especial. Sei que boa parte dos que estão lendo este
livro já sentiram algo estranho ao entrar em uma casa ou pegar algum
objeto, sem compreender o porquê.
Para explicar esse fenômeno, começo com um exemplo interessante,
que aconteceu na década de 1990 com um amigo meu.
Certo dia, ele saiu de carro de Fortaleza (CE) em direção a uma
cidade do interior da Paraíba. A longa viagem pelas péssimas estradas
nordestinas tinha uma razão: sua vida estava atribulada em diversas
áreas, ele não conseguia planejar com segurança os próximos passos que
deveria tomar.
Como era um homem de fé e, por temperamento, calmo e prático,
concluiu que precisava urgentemente de auxílio para sua tomada de
decisão. Necessitava encontrar uma pessoa de oração que tivesse os dons
do discernimento e da sabedoria, para rezar com ele por sua vida e
intenções.
Procurando um bom conselho, telefonou para Zitinha, que estava
em seu apartamento, no Rio de Janeiro. Sem titubear, ela lhe apresentou
a solução:
– No interior da Paraíba, existem duas irmãs idosas que recebem em
sua casa qualquer pessoa que precise de oração. Elas têm os dons
necessários para te ajudar. Vá até lá e deixe que elas conduzam a oração.
Você pode simplesmente dizer que precisa de uma graça, sem especificar
o que foi lá buscar. Deixe que o Espírito Santo aja sobre elas.
Ao perceber que meu amigo estava descrente, Zitinha deu sua risada
característica e acrescentou:
– Uma coisa interessante que você vai notar é que as duas são muito
simples, viveram a vida inteira juntas na pobreza e são praticamente
analfabetas. Mesmo assim, dominam bem o Evangelho e são mestras na
oração!
Imediatamente, meu amigo ficou curioso e esperançoso. Se
dominavam a Palavra de Deus, mesmo sem saber ler e escrever
corretamente, e ainda eram fortes na oração, ele fazia questão de
conhecer. Ao desligar o telefone com Zitinha, ele disse em silêncio para
si mesmo:
– Preciso de alguém que faça comigo uma oração poderosa de
libertação e que tenha um aconselhamento certeiro, para que essas
correntes que estão na minha vida caiam por terra! Vou pegar o carro e
dirigir até a casa dessas sábias senhoras místicas. Deus há de abençoar o
meu esforço.
Confiante em um bom resultado, algumas horas de estrada depois
bateu à porta de uma casa muito simples, em um bairro pobre. Foi
recebido por duas senhoras baixinhas e sérias, que carregavam o terço
nas mãos, usavam vestidos de pano (praticamente idênticos) e sandálias
velhas nos pés.
Com poucos móveis, a pequena casa era organizada, limpa e arejada.
O sol entrava com intensidade pela sala. Apesar do cansaço da viagem e
de estar numa região pobre e de clima adverso, completamente diferente
dos lugares em que vivia e frequentava, e apesar da ausência de palavras
acolhedoras e sorrisos nos rostos, ele se sentiu muito bem. Foi algo
instantâneo, como se estivesse chegando em casa, sendo recebido por
sua gente com amor.
Aquelas mulheres exalavam algo muito agradável, que os olhos não
podiam ver e a mente não conseguia compreender, mas o coração
captava. O que era aquilo?
Com um gesto, elas o mandaram adentrar a sala, onde rezavam com
os visitantes a qualquer hora do dia e da noite. Ali havia imagens da
Virgem Maria e do Sagrado Coração de Jesus, além dos santos de sua
devoção. Não havia dúvidas de que aquele era um lar católico, de pessoas
constantes na oração.
Logo no começo, meu amigo percebeu que as irmãs conduziam a
oração com muita autoridade e entrosamento. Uma completava as frases
da outra, em uma dinâmica espontânea e gostosa. Ao perceberem que
ele estava sentado na cadeira de madeira de pernas cruzadas, elas
trocaram olhares rápidos e, com voz calma e firme, ordenaram em
uníssono:
– Descruze as pernas e plante os pés no chão!
– Claro – disse ele, obedecendo com um sorriso, mas ficou intrigado.
– Mas desculpe perguntar: por que não posso ficar de pernas cruzadas?
– Quando a pessoa cruza os braços ou as pernas, demonstra que está
fechada para as graças de Deus. Que não está à vontade na oração. O
Espírito Santo não vem sobre ela. Você deve se abrir a Ele sem medo ou
não vai receber o que necessita.
Meu amigo nunca tinha ouvido nada parecido em seus muitos anos
de grupo de oração, nas igrejas e casas onde estivera. Já que o argumento
fazia sentido do ponto de vista da linguagem corporal (ter uma postura
de acolhimento, destemida e mais relaxada), não contestou mais. Como
Deus nos observa em tudo, provavelmente aquelas senhoras estavam
corretas. Assim, ele passou a adotar essa postura em qualquer oração
que fazia, ainda que estivesse sozinho, pois entendeu que ali estava uma
instrução importante, que poderia lhe ter sido enviada do Pai Eterno.
Tão logo descruzou as pernas e se concentrou com afinco, sentiu a
presença do Espírito Santo no local onde estavam reunidos. Aquilo
acalentou seu coração, e ele, que em alguns momentos do percurso se
sentiu derrotado, pensou confiante: “Deus está aqui, ouve nossa prece e
vai me apresentar alguma solução.”
Você certamente captou a mensagem: não era a aparência,
eloquência, beleza ou simpatia daquelas senhoras que despertavam um
sentimento tão bom naqueles que as encontravam. Era algo
sobrenatural. Por cumprirem os preceitos do Senhor, por serem amigas
íntimas de Deus e o servirem dia e noite, elas irradiavam seu Santo
Espírito. Transbordavam a paz e o amor do Pai sobre quem estivesse
presente lá.
O oposto também acontece. Meus leitores e seguidores do YouTube,
que conhecem bem meus livros e minhas palestras, já ouviram meu
relato sobre a primeira vez que estive em Mostar, uma pequena cidade
da Bósnia-Herzegovina que fica bem pertinho de Medjugorje.
Eu estava em uma peregrinação com um grupo de trinta pessoas.
Fomos ao mosteiro franciscano de Mostar, para uma missa com frei
Jozo. O lugar era muito bonito: arborizado, com jardins, imponente e
bem cuidado. Quando fui dar uma volta no pátio do local, vi uma
senhora, dois rapazes e uma moça, que estava sentada em um banco, à
sombra de uma árvore. A princípio, parecia uma família normal, com
gente bonita.
Porém, assim que olhei melhor a família, me arrepiei da cabeça aos
pés. Havia algo de muito ruim ali. Nenhum deles me olhou nos olhos ou
se dirigiu a mim. Mesmo assim, meu impulso foi me afastar o mais
rápido possível. Aproveitei que um dos padres me chamou e voltei logo
para a igreja do mosteiro.
Sentado em um dos bancos, localizado na metade da igreja, minha
mente continuava em alerta. Algo me dizia com clareza para ir embora,
pois estava correndo perigo. Mas o que poderia me acontecer em um
lugar daqueles? Tudo ali parecia na mais harmônica paz. O silêncio
reinava naquele dia agradável.
De repente, pela porta lateral da igreja, adentrou a mãe aflita, com os
dois rapazes, que eram fortes e altos, segurando a menina, um em cada
braço. Ao perceber que estava no interior do templo, ela se transformou
em algo selvagem e jogou cada um para um lado, como se fossem
brinquedos de plástico. Seu rosto não era mais o de uma bela moça, mas
o de uma criatura estranha e raivosa. Sua voz era gutural e rouca. Seus
olhos estavam esbugalhados e vermelhos. O demônio estava nela.
Note bem: não havia nada que, humanamente ou racionalmente,
indicasse que aquela menina, sentada em silêncio no jardim, estava
possuída pelo demônio. Minutos antes, eles pareciam uma família
normal. Estavam todos tranquilos e bem-vestidos. Minha intuição,
contudo, disparou um alarme. A força que emanava do grupo era
maligna e eu não queria estar perto deles.
Isso ocorre porque todos nós carregamos um peso invisível aos olhos
humanos. Trata-se de uma força, uma luz, que nos envolve no plano
espiritual. Qualquer um que entre num raio de alcance curto a sentirá.
Uma pessoa acostumada a praticar atos de amor, que tem por hábito
diário a oração, a meditação e a leitura de textos espiritualizados,
transmite uma presença de paz e acolhimento.
Popularmente, é comum ouvirmos que “fulano parece andar mal
acompanhado”, pois sua presença faz com que o ambiente fique
carregado de algo negativo. É exatamente sobre isso que trata este
capítulo. Os pensamentos, sentimentos, atos e hábitos de uma pessoa
definem, no plano espiritual, se a luz e a força que a envolvem é
agradável ou não.
De fato, quando alguém se afunda em pensamentos, sentimentos e
hábitos ruins, abre brechas para ser acompanhada no dia a dia por
espíritos malignos. Tendo em vista as inclinações e escolhas da pessoa,
eles passam a municiá-la de ideias cada vez mais melancólicas,
depressivas, destrutivas e derrotistas. Ela não sai desse círculo vicioso e,
ao se aproximar dos outros, transmite uma energia desagradável.
Obviamente, nem sempre podemos dar as costas para essas pessoas.
Somos obrigados, socialmente ou por laços de família, a conviver com
elas. Desnecessário dizer que essa energia negativa pode nos contaminar.
Se você já esteve em contato com alguém assim e depois ficou com uma
sensação ruim no corpo, na mente e no coração durante algum tempo,
entende do que falo.
O que fazer quando uma pessoa de carga negativa visita sua casa? É
necessário aplicar sobre si e sobre seu lar uma limpeza espiritual.
Aprendi algumas técnicas com Zitinha, que sempre considerei minha
mentora espiritual.
A primeira providência é se valer de um sacramental: a água benta.
No outro capítulo, contei como Zitinha pedia que as pessoas que
frequentavam seu grupo de oração fizessem o sinal da cruz com os
dedos banhados pela água benta antes do início de qualquer reunião. Na
saída, todos eram convidados ao mesmo ritual. O relato do exorcismo de
frei Juan Antonio, em Belém, também confirma essa providência, pois a
água benta fez o demônio se revelar em uma mulher.
Certas orações também têm o poder de limpar o ambiente. Quando
uma ou mais pessoas com grande carga de negatividade chegavam ao
apartamento de Zitinha, todos os que tinham caminhada espiritual
sentiam de imediato a presença desagradável.
Como estávamos ali para interceder pelas pessoas, para que
mudassem de vida, não podíamos recusá-las ou expulsá-las. Nos
Evangelhos, Jesus deixou bem claro que veio ao mundo para os
pecadores, os que estavam perdidos, pois quem precisa de médico é
justamente o doente.
Como discípulos do Senhor, servos em sua obra no mundo,
tínhamos a obrigação de acolher essas pessoas que, havia muito, estavam
afastadas de Deus e que, em alguns casos, praticavam magia negra e
afins. Digo essas coisas para que entendam que não era uma tarefa fácil.
Eram tardes de verdadeiro combate espiritual.
Quando a oração de combate acabava e as pessoas iam para casa,
Zitinha fazia com que o núcleo que a auxiliava ficasse e rezasse com ela o
ato penitencial e sete ­Credos (você pode orar também seguindo o
Apêndice). Em situa­ções mais graves, quando a contaminação espiritual
era forte, ela também fazia o mesmo grupo entoar canções de louvor a
Deus e de perdão. Zitinha dizia a todos que, caso chegassem em casa e
continuassem a sentir o peso daquela tarde de oração, deveriam rezar
sozinhos cinquenta Credos! O efeito disso é a libertação.
Quando eu tinha por volta de 19 anos, fui a um retiro espiritual no
Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Dom Cipriano Chagas, monge
beneditino, era quem fazia as pregações naquele dia. Ele contou um caso
que havia enfrentado como sacerdote exorcista.
Uma senhora carioca, católica, muito distinta e rica, percebeu que
algo de maligno tinha se instaurado em seu apartamento. Em suas
orações, esse fato gritava forte em seu coração. Os negócios do marido e
a saúde de toda a sua família começaram a deteriorar em ritmo veloz e
sem uma explicação racional. Em desespero, ela chamou dom Cipriano
para ir até a sua casa e discernir se aquela crise toda que se abatera tinha
origem no mundo espiritual.
Tão logo entrou na residência, dom Cipriano bateu os olhos em um
enorme quadro que ocupava boa parte da parede da sala. Aproximou-se
para o examinar melhor. Depois de alguns segundos, declarou:
– Este quadro é a razão para as coisas irem mal aqui.
– Dom Cipriano, compramos este quadro em um leilão. É uma obra
de arte cara. Além do mais, não existe nenhum símbolo ou imagem que
remeta ao maligno no quadro. Veja bem!
– É ele que está contaminando as pessoas e tudo o mais nesta família.
Aliás, como a senhora mesma disse, ninguém sabe a procedência dessa
obra de arte. Ela tem muitos anos, certamente. Nesse período, é muito
provável que tenha permanecido em ambientes carregados de força
negativa e as tenha absorvido. Talvez tenha sido pendurado em paredes
que testemunharam algumas tragédias. Agora, magnetizado dessa
forma, irradia mal sobre sua família e seus negócios.
Bastante impressionada com a firmeza do sacerdote, a mulher queria
se livrar daquela onda maléfica.
– O que devo fazer?
– Destruir esse quadro.
– Simplesmente quebrá-lo?
– Não. Ele está tão contaminado que o correto é queimá-lo, para que
restem apenas cinzas e ele não cause mais problemas a ninguém.
– Entendi. Farei isso imediatamente. Obrigada, dom Cipriano.

Quando eu tinha por volta de 25 anos e dirigia o terço na Paróquia de


Santa Mônica uma vez por semana, transmiti uma mensagem a respeito
de um objeto contaminado. Ao final da oração, uma senhora muito
educada e bem-vestida veio falar comigo:
– Pedro, você deu uma mensagem que penso ter sido para mim.
– É muito difícil eu me lembrar do conteúdo e do destinatário das
mensagens – esclareci, cansado.
– Você falou meu nome e disse que ganhei de presente um vaso
enorme, com adornos pintados à mão. Como você não me conhece e é a
primeira vez que venho à reunião do terço, fiquei muito impressionada.
– Ela sorriu. – De fato, há uns meses, recebi exatamente esse presente.
Foi uma amiga que o trouxe para mim.
– Então a mensagem era boa?
– Por um lado, sim. Por outro... – Ela me olhava com preocupação.
– Qual a parte ruim?
– Você disse que havia uma magia dentro de um saco plástico no
fundo do vaso, por baixo da terra que sustenta as plantas. E que isso está
prejudicando meu casamento e minha saúde, bem como a do meu
marido e do meu filho.
– A senhora é casada e tem um filho?
– Sim, você foi preciso, daí a minha preocupação. Será que dentro
desse vaso existe algum tipo de magia negra para destruir minha
família?
– Só saberemos depois que a senhora investigar o vaso, quando
chegar em casa.
Na semana seguinte, a mesma mulher estava presente na reunião de
oração. Ao final, com uma expressão triste, veio falar comigo:
– Pedro, lembra da mensagem da magia dentro do vaso, dada no
último terço?
– Sim, lembro bem.
– Depois que meu marido e meu filho saíram para seus afazeres, eu e
a moça que trabalha lá em casa esvaziamos o vaso na área de serviço do
apartamento. No fundo, havia um pacote de plástico negro, preso com
fita adesiva. Quando o abrimos, encontramos algo um tanto melado e
alguns objetos estranhos. Havia até mesmo um símbolo esquisito em um
broche, esculpido em prata!
– E o que a senhora fez com tudo isso?
– Em primeiro lugar, agradeci a Deus por ter estado aqui nesta igreja
com você aquele dia. – Ela abriu um sorriso educado. – Sem isso, jamais
saberia que tinham feito algo contra mim e minha família. Em segundo
lugar, como aquilo era mesmo magia negra, coloquei tudo em uma
sacola e levei a um sacerdote amigo. Espantado com a situação, ele
garantiu que iria incinerar tudo e exorcizar o que restasse.
– Excelente providência!
– Espero que a nossa saúde, harmonia, paz e prosperidade retornem
imediatamente.
– Ao eliminar de sua casa o foco do maligno, a senhora cer­tamente
perceberá uma grande melhora.

Contei os fatos acima para que fiquem atentos a tudo aquilo que
adquirem ou guardam em casa. Existem objetos mais óbvios, por
conterem símbolos ou desenhos que remetem a algo esotérico ou
maligno. Normalmente, aqueles que são precavidos os evitam. Mas há
situações mais difíceis, quando o maligno se encontra escondido. Nesses
casos, apenas a intuição da pessoa de oração pode funcionar como um
alarme.
Conclusão: não deixe sua vida espiritual de lado. Da mesma forma
que pratica exercícios físicos, pratique também os espirituais, para que a
saúde em ambas as áreas não desapareça de uma hora para outra e deixe
você na mão!
A proteção dos anjos da guarda,
de São Miguel e São José
O anjo da guarda
A maior parte dos meus leitores conhece meu livro Todo mundo tem um
anjo da guarda. Lá, há informações fundamentais sobre o mundo
angélico, que não podem ser ignoradas por aqueles que se interessam
pelo tema da defesa espiritual. Nossos anjos da guarda são protagonistas
no combate.
Quem tem o costume de rezar comigo o terço, no meu canal do
YouTube, sabe que, logo no início de cada oração, convocamos nossos
guardiães para intercederem por nós. Também sabem que invocar a
presença do seu anjo da guarda, ao acordar pela manhã, é um hábito que
estreita os laços de amizade com o ser angélico. Devemos fazer o mesmo
procedimento para encerrar o dia, ao deitar na cama.
Aos domingos, observando a fila da comunhão, costumo notar que
algumas pessoas são acompanhadas por seus anjos da guarda.
Infelizmente, trata-se de um número pequeno em relação aos que estão
presentes na missa. Provavelmente os que gozam dessa companhia
celestial praticam a devoção ao ser angélico, tendo por hábito conversar
com ele ou rezar em sua companhia. Certamente seus guardiães os
defendem dos ataques do maligno no dia a dia. Os demais devem
dedicar pouco ou nenhum tempo à devoção, não usufruindo de toda a
proteção que essas criaturas do Céu podem oferecer.
Certa vez, quando eu era bem jovem, estive com Zitinha em uma
missa em honra de Nossa Senhora da Rosa Mística, na Paróquia de
Santa Mônica, no Leblon. Ao final, do lado de fora da igreja, ela me
perguntou, sorridente:
– Pedro, você percebeu que os anjos da guarda gostam de
acompanhar as pessoas que se dirigem para receber a comunhão?
– Sim. Eles ficam bem ao lado de seus protegidos. Mas qual a razão
disso?
– Os anjos gostam de estar perto de Jesus. Lembre-se que, quando o
Senhor esteve no deserto, jejuando por quarenta dias, os anjos o
serviram. – Ela se referia ao fato de a Eucaristia ser o Corpo e o Sangue
de Jesus e à famosa passagem do Evangelho de Mateus (Mt 4,11).
– Sinceramente, hoje vi pouca gente acompanhada de anjos. Minha
visão espiritual não estava em um dia bom ou as pessoas realmente não
traziam seus guardiães com elas?
– Seu dom de visão está em perfeito estado. Infelizmente, a devoção
ao anjo da guarda precisa ser mais difundida, para que as pessoas
tenham amizade com esses seres protetores e gozem de seus benefícios.
– Zitinha, que coisa triste! Então você acha que a maioria das pessoas
não está acompanhada por ignorância? Elas não sabem que podem
chamá-los para que eles venham em seu auxílio?
– Sim. Observe que nós encontramos essa gente sempre aqui, aos
domingos, na missa. Apesar de serem pessoas com alguma caminhada
espiritual, não têm o hábito de chamar ou pedir ajuda ao anjo da guarda
para os mais diversos assuntos. Por isso, você não os está vendo. Esses
anjos estão afastados, aguardando convocação, executando seus afazeres
no seu coro angélico. Como são emissários de Deus, respeitam o livre-
arbítrio de cada um.
– Claro, faz sentido. Impressionante que elas não saibam que o anjo
da guarda é a primeira proteção que nós temos contra o bombardeio dos
espíritos malignos. É curioso notar que algumas pessoas, mesmo
levando a vida de acordo com os preceitos de nossa religião por tanto
tempo, não tenham percebido como é importante o anjo da guarda.
– Disse tudo, Pedro. – Ela sorriu. – Aliás, sempre que puder, fale às
pessoas sobre a importância de se ter ao lado o anjo da guarda.
Meu anjo da guarda é muito eficiente. Para que tenham uma ideia da
proteção que me oferece, vou lhes contar um pouco do combate
espiritual que enfrento a cada terço que rezo ao vivo com o povo.
Durante essas orações, é comum que eu sinta o peso espiritual
daqueles que estão presentes, até mesmo on-line. Muitas vezes, a
negatividade que essas pessoas cultivam em suas vidas acaba me
atingindo. Imediatamente, sinto aquela força ruim grudar na minha
pele, procurando se alojar dentro de mim.
Como estou concentrado na oração que faço, juntamente com o
numeroso povo, não posso agir para eliminar essa força. Quem toma a
iniciativa, então, é meu anjo da guarda. Ele se põe à minha frente ou às
minhas costas e começa a brilhar intensamente sua luz esverdeada. Sinto
todo o meu corpo se aquecer, como se eu estivesse dentro de uma sauna!
Por vezes, as pessoas percebem que meu rosto fica corado, como se eu
tivesse tomado sol sem protetor solar.
Quando a luz do meu anjo da guarda atinge o meu corpo, toda
aquela energia negativa começa a evaporar. Posso ver nitidamente que
uma substância de cor turva, que estava presa à minha pele, se
transforma em um vapor acinzentado e sobe em direção ao firmamento.
Sinto-me revitalizado e leve outra vez. Por isso, consigo conduzir bem as
reuniões do terço com o povo. Sem esse apoio espiritual, isso não seria
possível.

São Miguel Arcanjo


Além da intimidade com o anjo da guarda, a pessoa que está em situação
difícil na vida, em especial no plano da defesa espiritual, deve praticar a
devoção a São Miguel Arcanjo, o general da milícia celeste. Ele e seus
anjos guerreiros podem romper as correntes do mal e derrubar as
barreiras que impedem o progresso.
A posição de destaque de São Miguel está atestada na Bíblia. No
Antigo Testamento, no Livro de Daniel, por exemplo, ele é denominado
“um dos príncipes supremos” (Dn 10, 13). Para nós, católicos, esse ser
angélico é considerado o guardião celeste, o príncipe e general guerreiro,
que defende o trono de Deus Pai.
Ele é o chefe supremo do exército celestial e comanda todos os anjos
que são fiéis a Deus. Sabemos disso por conta de uma grande batalha no
Céu, travada contra Lúcifer (Satanás) e seus anjos rebeldes, narrada no
Livro do Apocalipse:

Aconteceu então uma batalha no Céu: Miguel e seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O
Dragão batalhou juntamente com os seus Anjos, mas foi derrotado, e no Céu não houve mais
lugar para eles. Esse grande Dragão é a antiga Serpente, é o chamado Diabo ou Satanás. É
aquele que seduz todos os habitantes da terra. O Dragão foi expulso para a terra, e os Anjos
do Dragão foram expulsos com ele. (Ap 12, 7-9)

É importante dizer que, todas as vezes que estive em apuros, sob


forte ataque espiritual, São Miguel me socorreu. Recordo-me, inclusive,
do conselho que meu anjo da guarda me deu quando eu tinha 18 anos:
– Pedro, não pense que pode derrotar as forças do mal sozinho.
– Eu sei. Por isso o chamei.
– Há situações em que o anjo da guarda, solitário, não consegue fazer
frente a um exército demoníaco. Como em todo combate, é necessário
convocar tropas de reforço.
– Sim, faz sentido – respondi mentalmente. – Como posso convocá-
las?
– Você precisa invocar nosso príncipe e seu exército.
– Quem?
– O arcanjo Miguel, chefe dos exércitos celestiais do Pai Eterno. Ele
enviará o reforço necessário e afastará o mal.
– E você? Não ficará para a luta?
– Estou sempre ao seu lado, para todas as lutas de sua vida.
Permanecerei assim.
Desde então, não passei um dia sequer de minha vida sem rezar ao
arcanjo Miguel. Aqueles que o invocam diariamente e são seus devotos
sentem sua presença, bem como a dos seus anjos guerreiros, no lar, no
trabalho e em locais onde precisam de proteção.
Para se colocar sob a proteção de São Miguel, você deve fazer
algumas orações fundamentais com frequência: o Exorcismo breve de
São Miguel, a Ladainha de São Miguel e a Consagração a São Miguel.
Além delas, há uma devoção que o próprio arcanjo ensinou numa
aparição à Serva de Deus e irmã carmelita Antónia D’Astónaco: as nove
saudações aos nove coros angélicos ou, simplesmente, o rosário de São
Miguel. Confira todas essas orações no apêndice do livro.

São José
Por fim, há um santo muito poderoso que pode ajudar você a romper as
amarras que prendem áreas importantes de sua vida: São José. Ele
mesmo, o esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo. O
homem a quem Deus confiou seu Filho Único e todos os bens materiais
que serviriam Jesus até o momento em que iniciou sua vida pública.
São José tem posição importante no combate espiritual. Não à toa,
ele é invocado na Igreja Católica como “terror dos demônios”. Você
nunca se deparou com esse título? Trata-se de um dos vários atribuídos
ao carpinteiro, pai do Senhor, na ladainha oficial rezada em sua honra
(confira-a na página 181). Você deve estar se perguntando o porquê
desse título tão forte, já que, em nenhum momento na Bíblia, São José
foi assim denominado.
Há alguns bons motivos. Em primeiro lugar, ele é baseado nas
experiências práticas dos sacerdotes exorcistas católicos, que garantem a
eficácia da invocação de São José, juntamente com Jesus e a Virgem
Maria, para expulsar demônios que se apoderam das pessoas.
Outro fundamento, lógico e teológico, é o fato de Deus Pai, o criador
de todas as coisas visíveis e invisíveis, ter confiado seu maior tesouro, o
menino Jesus, bem como a sua mãe, a Virgem Maria, a São José. Isso
demonstra que José reunia todas as grandes qualidades que um ser
humano deve ter, como ser um perfeito guardião da vida e protetor da
família.
Por fim, há outro motivo muito importante, de ordem espiritual.
Segundo o ensinamento tradicional da Igreja Católica, a queda de
Lúcifer se deu sobretudo por causa do pecado da soberba. O antídoto
para combatê-la é a humildade. Então, as criaturas demoníacas, que não
suportam estar na presença daquele que é verdadeiramente humilde, se
retiram com a invocação de São José.
Por tudo isso, meu conselho é: esteja todos os dias na companhia
dessa trinca poderosa (o anjo da guarda, São Miguel e São José) e peça
sua ajuda em todos os assuntos, em qualquer área de sua vida em que
haja um obstáculo a ser superado ou um problema complicado.
Apêndice:
Orações e salmos para
a defesa espiritual
N esta seção, apresento algumas orações que podem ser utilizadas na
prática diária da defesa espiritual. Há orações para a invocação dos
anjos, de São Miguel Arcanjo, da Virgem Maria e de São José. Também
há salmos para a libertação das pessoas e do lar.
Eu os dividi em seções para facilitar sua busca quando se deparar
com questões específicas do combate espiritual. Antes de você partir
para as orações específicas, aconselho sempre rezar a seguinte sequência
introdutória:

1. Sinal da Cruz
2. Pai-Nosso
3. Ave-Maria
4. Glória ao Pai
5. Oração ao anjo da guarda
6. Exorcismo breve de São Miguel Arcanjo
7. Oração de São Bento
8. Levanta-se Deus

Ao fim de todas as orações, você encerrará rezando:


“Não há poder maior do que o poder da Santíssima Trindade, e é
com este poder que eu me revisto, revisto minha família e meus bens
materiais e imateriais. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém.”
SEQUÊNCIA INTRODUTÓRIA

Oração ao anjo da guarda

Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a


Piedade Divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém.

Exorcismo breve de São Miguel Arcanjo

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra


as maldades e ciladas do demônio. Valei-me, Deus, instantemente o
pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai
no inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos, que andam pelo
mundo para perder as almas. Amém.

Oração de São Bento

A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-
te, Satanás! Nunca me aconselhes coisas vãs. É mal o que tu me ofereces.
Bebe tu mesmo do teu veneno!

Levanta-se Deus

Levanta-se Deus, pela intercessão da sempre bem-aventurada Virgem


Maria, São Miguel Arcanjo e todas as milícias celestes. Sejam dispersos
os seus inimigos e fujam de sua face todos os que O odeiam. Em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
OUTRAS ORAÇÕES ESSENCIAIS

Ato penitencial

Confesso a Deus todo-poderoso, e a vós, irmãos e irmãs, que pequei


muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha
culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos anjos e
santos, e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus, Nosso
Senhor.

Credo

Creio em Deus Pai, todo-poderoso, criador do Céu e da Terra, e em


Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo
poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus
Pai todo-poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no
Espírito Santo, na santa Igreja ­Católica, na comunhão dos santos, na
remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

OUTRAS ORAÇÕES AOS ANJOS

Oração aos nove coros angélicos

São Miguel Arcanjo, eu vos recomendo a hora da minha morte.


Afastai de mim o demônio, para que ele não me ataque e não prejudique
a minha alma.
São Rafael Arcanjo, conduzi-me sempre no caminho reto da virtude
e perfeição.
São Gabriel Arcanjo, alcançai-me de Deus uma fé viva, uma
esperança forte e um amor ardente, e profunda devoção a Jesus no
Santíssimo Sacramento e à Virgem Imaculada.
Santo anjo da guarda, obtende-me inspirações divinas e a graça
especial de pô-las em prática com fidelidade.
Ó ardentes serafins, alcançai-me um amor fervoroso a Deus.
Ó iluminados querubins, alcançai-me o verdadeiro conhecimento de
Deus e a sabedoria dos santos.
Ó excelentes tronos, alcançai-me a paz e a tranquilidade de coração.
Ó altas dominações, alcançai-me a vitória sobre todas as minhas más
inclinações e concupiscências.
Ó invencíveis potestades, alcançai-me fortaleza contra todo o poder
infernal.
Ó sereníssimos principados, alcançai-me perfeita obe­diência e
justiça.
Ó milagrosas virtudes, alcançai-me a plenitude de todas as virtudes e
a perfeição.
Ó santos arcanjos, alcançai-me conformidade com a vontade de
Deus.
Ó santos anjos, fiéis protetores, alcançai-me verdadeira humildade e
grande confiança na misericórdia de Deus. Amém.

Rosário de São Miguel Arcanjo

V – Deus, vinde em nosso auxílio.


R – Senhor, socorrei-nos e salvai-nos.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio,
agora e sempre. Amém.
Primeira saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste
dos serafins, que o Senhor Jesus nos torne dignos de sermos abrasados
de uma perfeita caridade. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Segunda saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste


dos querubins, que o Senhor Jesus nos conceda a graça de fugirmos do
pecado e procurarmos a perfeição cristã. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Terceira saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste


dos tronos, que Deus derrame em nossos corações o espírito de
verdadeira e sincera humildade. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Quarta saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste


das dominações, que o Senhor nos conceda a graça de dominar nossos
sentidos e de corrigir nossas más paixões. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Quinta saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste


das potestades, que o Senhor Jesus se digne proteger nossas almas contra
as ciladas e as tentações de Satanás e dos demônios. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Sexta saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro admirável


das virtudes, que o Senhor não nos deixe cair em tentação, mas nos livre
de todo o mal. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Sétima saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste


dos principados, que o Senhor encha nossas almas do espírito de uma
verdadeira e sincera obediência. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Oitava saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste


dos arcanjos, que o Senhor nos conceda o dom da perseverança na fé e
nas boas obras, a fim de que possamos chegar a possuir a glória do
Paraíso. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Nona saudação: Pela intercessão de São Miguel e do coro celeste de


todos os anjos, que sejamos guardados por eles nesta vida mortal, para
sermos conduzidos por eles à glória eterna do Céu. Amém.
Glória ao Pai. Pai-Nosso. Três Ave-Marias.

Reza-se quatro vezes o Pai-Nosso, em honra de São Miguel, São


Gabriel, São Rafael e do seu anjo da guarda.

Antífona: Gloriosíssimo São Miguel, chefe e príncipe dos exércitos


celestes, fiel guardião das almas, vencedor dos espíritos rebeldes, amado
da casa de Deus, nosso admirável guia depois de Cristo, vós, cuja
excelência e virtudes são eminentíssimas, dignai-vos livrar-nos de todos
os males, nós todos que recorremos a vós com confiança, e fazei, pela
vossa incomparável proteção, que nos adiantemos cada dia mais na
fidelidade em servir a Deus. Amém.

V – Rogai por nós, ó bem-aventurado São Miguel, príncipe da Igreja


de Cristo.
R – Para que sejamos dignos de suas promessas.

Oração: Deus, todo-poderoso e eterno, que por um prodígio de


bondade e misericórdia para a salvação dos homens escolhestes para
príncipe de vossa Igreja o gloriosíssimo arcanjo São Miguel, tornai-nos
dignos, nós vo-lo ­pedimos, de sermos preservados de todos os nossos
inimigos, a fim de que na hora da nossa morte nenhum deles nos possa
inquietar, mas que nos seja dado sermos introduzidos por ele na
presença da vossa poderosa e augusta Majestade. Pelos merecimentos de
Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Súplica ardente aos anjos

Deus Uno e Trino, Onipotente e Eterno! Antes de recorrermos aos


vossos servos, os santos anjos, prostramo-nos na vossa presença e Vos
adoramos: Pai, Filho e Espírito Santo. Bendito e louvado sejais por toda a
eternidade! Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, que todos os anjos e
homens, que por Vós foram criados, Vos adorem, Vos amem e
permaneçam no vosso serviço!
E vós, Maria, Rainha de todos os anjos, aceitai benignamente as
súplicas que dirigimos aos vossos servos; apresentai-as ao Altíssimo. Vós
que sois a medianeira de todas as graças e a onipotência suplicante a fim
de obtermos graça, salvação e auxílio. Amém.
Poderosos santos anjos, que por Deus nos fostes concedidos para
nossa proteção e auxílio, em nome da Santíssima Trindade nós vos
suplicamos: Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós suplicamos em nome do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor
Jesus Cristo: Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos pelo Poderosíssimo Nome de Jesus: Vinde
depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos por todas as chagas de Nosso Senhor Jesus
Cristo: Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos por todos os martírios de Nosso Senhor Jesus
Cristo: Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos pela Palavra Santa de Deus: Vinde depressa,
socorrei-nos!
Nós vos suplicamos pelo Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo:
Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos em nome do amor que Deus tem por nós,
pobres: Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos em nome da fidelidade de Deus por nós, pobres:
Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos em nome da misericórdia de Deus por nós,
pobres: Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos em nome de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe:
Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos em nome de Maria, Rainha do Céu e da Terra:
Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos em nome de Maria, vossa Rainha e Senhora:
Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos pela vossa própria bem-aventurança: Vinde
depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos pela vossa própria fidelidade: Vinde depressa,
socorrei-nos!
Nós vos suplicamos pela vossa luta na defesa do Reino de Deus:
Vinde depressa, socorrei-nos!
Nós vos suplicamos: Protegei-nos com o vosso escudo!
Nós vos suplicamos: Defendei-nos com a vossa espada!
Nós vos suplicamos: Iluminai-nos com a vossa luz!
Nós vos suplicamos: Salvai-nos sob o manto protetor de Maria!
Nós vos suplicamos: Guardai-nos no Coração de Maria!
Nós vos suplicamos: Confiai-nos às mãos de Maria!
Nós vos suplicamos: Mostrai-nos o caminho que conduz à Porta da
Vida, o Coração aberto de Nosso Senhor!
Nós vos suplicamos: Guiai-nos com segurança à Casa do Pai
Celestial!
Todos vós, nove coros dos Espíritos bem-aventurados: Vinde
depressa, socorrei-nos!
Nossos companheiros especiais e enviados por Deus: Vinde
depressa, socorrei-nos!
Insistentemente vos suplicamos: Vinde depressa, socorrei-nos!
O Sangue Preciosíssimo de Nosso Senhor e Rei foi derramado por
nós, pobres.
Insistentemente vos suplicamos: Vinde depressa, socorrei-nos!
O Coração de Nosso Senhor e Rei bate por amor de nós, pobres.
Insistentemente vos suplicamos: Vinde depressa, socorrei-nos!
O Coração Imaculado de Maria, Virgem puríssima e vossa Rainha,
bate por amor de nós, pobres.
Insistentemente vos suplicamos: Vinde depressa, socorrei-nos!
São Miguel Arcanjo: Vós, príncipe dos exércitos celestes, vencedor
do dragão infernal, recebestes de Deus força e poder para aniquilar, pela
humildade, a soberba do príncipe das trevas. Insistentemente vos
suplicamos que nos alcanceis de Deus a verdadeira humildade de
coração, uma fidelidade inabalável no cumprimento contínuo da
vontade de Deus e uma grande fortaleza no sofrimento e na penúria. Ao
comparecermos perante o tribunal de Deus, socorrei-nos para que não
desfaleçamos!
São Gabriel Arcanjo: Vós, Anjo da Encarnação, Mensageiro fiel de
Deus, abri os nossos ouvidos para que possam captar até as mais suaves
sugestões e apelos da graça emanados do Coração amabilíssimo de
Nosso Senhor. Nós vos suplicamos que fiqueis sempre junto de nós, para
que compreendamos bem o que a Palavra de Deus quer de nós. Fazei
que estejamos sempre disponíveis e vigilantes. Que o Senhor, quando
vier, não nos encontre dormindo!
São Rafael Arcanjo: Vós que sois lança e bálsamo do amor divino,
nós vos suplicamos, feri o nosso coração e depositai nele um amor
ardente a Deus. Que a ferida não se apague nele, para que nos faça
perseverar todos os dias no caminho do amor. Que tudo vençamos pelo
amor!
Anjos poderosos e nossos irmãos santos que servis diante do trono
de Deus: Vinde em nosso auxílio.
Defendei-nos de nós próprios, da nossa covardia e tibieza, do nosso
egoísmo e ambição, da nossa inveja e falta de confiança, da nossa avidez
na busca de abundância, bem-estar e estima pública.
Desatai em nós as algemas do pecado e do apego às coisas terrenas.
Tirai dos nossos olhos as vendas que nós mesmos lhes pusemos e que
nos impedem de ver as necessidades do nosso próximo e a miséria do
nosso ambiente, porque nos fechamos numa mórbida complacência de
nós mesmos.
Cravai no nosso coração o aguilhão da santa ansiedade por Deus,
para que não cessemos de procurá-Lo com ardor, contrição e amor.
Contemplai o Sangue do Senhor derramado por nossa causa!
Contemplai as lágrimas da vossa Rainha, choradas por nossa causa!
Contemplai em nós a imagem de Deus, desfigurada por nossos
pecados, que Ele por amor imprimiu em nossa alma!
Auxiliai-nos a reconhecer Deus, a adorá-Lo, amá-Lo e servi-Lo!
Auxiliai-nos na luta contra o poder das trevas que, disfarçadamente, nos
envolve e aflige.
Auxiliai-nos, para que nenhum de nós se perca, permitindo assim
que um dia nos reunamos todos, jubilosamente, na eterna Bem-
Aventurança. Amém.
São Miguel, assisti-nos com vossos santos anjos, ajudai-nos e rogai
por nós!
São Gabriel, assisti-nos com vossos santos anjos, ajudai-nos e rogai
por nós!
São Rafael, assisti-nos com vossos santos anjos, ajudai-nos e rogai
por nós!
Ó Deus, que organizais de modo admirável o serviço dos anjos e dos
homens, fazei que sejamos protegidos na Terra por aqueles que vos
servem no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo. Amém.

Ladainha dos santos anjos

Senhor, tende piedade de nós.


Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, ouvi-nos.
Cristo, atendei-nos.
Deus Pai, Criador dos Anjos, tende piedade.
Deus Filho, Senhor dos Anjos, tende piedade.
Deus Espírito Santo, Vida dos Anjos, tende piedade.
Santíssima Trindade, delícia de todos os anjos, tende piedade.
Santa Maria, rogai por nós.
Rainha dos Anjos, rogai por nós.
Todos os coros dos Espíritos bem-aventurados, rogai por nós.
Santos serafins, anjos de Amor, rogai por nós.
Santos querubins, anjos do Verbo, rogai por nós.
Santos tronos, anjos da Vida, rogai por nós.
Santos anjos de adoração, rogai por nós.
Santas dominações, rogai por nós.
Santas potestades, rogai por nós.
Santos principados, rogai por nós.
Santas virtudes, rogai por nós.
Santos arcanjos, rogai por nós.
Santos anjos, rogai por nós.
São Miguel Arcanjo, vencedor de Lúcifer, anjo da fé e da humildade,
anjo da santa unção, patrono dos moribundos, príncipe dos exércitos
celestes, companheiro das almas dos defuntos, rogai por nós.

Ladainha de São Miguel

Senhor, tende piedade de nós.


Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Trindade Santa, que sois um único Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, Rainha dos Anjos, rogai por nós.

São Miguel, rogai por nós.


São Miguel, cheio da graça de Deus, rogai por nós.
São Miguel, perfeito adorador do Verbo Divino, rogai por nós.
São Miguel, coroado de honra e de glória, rogai por nós.
São Miguel, poderosíssimo príncipe dos exércitos do Senhor, rogai
por nós.
São Miguel, porta-estandarte da Santíssima Trindade, rogai por nós.
São Miguel, guardião do Paraíso, rogai por nós.
São Miguel, guia e consolador do povo israelita, rogai por nós.
São Miguel, esplendor e fortaleza da Igreja militante, rogai por nós.
São Miguel, honra e alegria da Igreja triunfante, rogai por nós.
São Miguel, luz dos anjos, rogai por nós.
São Miguel, baluarte dos cristãos, rogai por nós.
São Miguel, força daqueles que combatem pelo estandarte da cruz,
rogai por nós.
São Miguel, luz e confiança das almas no último momento da vida,
rogai por nós.
São Miguel, socorro muito certo, rogai por nós.
São Miguel, nosso auxílio em todas as adversidades, rogai por nós.
São Miguel, arauto da sentença eterna, rogai por nós.
São Miguel, consolador das almas que estão no purgatório, rogai por
nós.
São Miguel, a quem o Senhor incumbiu de receber as almas que
estão no purgatório, rogai por nós.
São Miguel, nosso príncipe, rogai por nós.
São Miguel, nosso advogado, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, per­doai-nos,


Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de
nós, Senhor.

Consagração a São Miguel

Gloriosíssimo príncipe das hierarquias angélicas, valente arauto do Deus


Altíssimo, zeloso campeão da glória do Senhor, terror dos anjos rebeldes,
amor e delícia dos anjos fiéis, meu diletíssimo arcanjo São Miguel,
desejando pertencer ao número dos vossos devotos e servos, hoje me
ofereço a vós, dou-me e consagro-me a vós. Coloco a minha pessoa, a
minha família e os meus bens sob a vossa potentíssima proteção. É
muito pouca coisa a oferta que vos faço, sendo eu um miserável pecador,
mas não duvido que vós quereis aumentar o fervor no meu coração e
proteger aquele que a vós recorre. Recordai aquele que hoje se coloca sob
o vosso patrocínio e de hoje em diante protegei-me, assisti-me em todas
as dificuldades da minha existência terrena, alcançai-me o perdão dos
meus muitos e graves pecados, a graça de amar de todo o coração o meu
Deus, o meu doce Salvador Jesus e a minha doce Mãe, Maria, e
impetrar-me os auxílios necessários para obter a coroa da glória.
Defendei a minha alma contra todos os seus inimigos e, quando chegar a
hora de deixar este mundo, vinde então, príncipe gloriosíssimo, assistir-
me na luta final, e que o vosso gládio potente afaste para longe, para os
abismos da morte e do inferno, o anjo apóstata e soberbo que derrotastes
em combate no Céu. Amém.

ORAÇÕES A SÃO JOSÉ E NOSSA SENHORA

Terço de São José

Nas contas grandes do terço:


Meu glorioso São José, nas vossas maiores aflições e tribulações, não
vos valeu o anjo do Senhor? Valei-me, São José!

Nas contas pequenas do terço:


Valei-me, São José.

Ao final, reze este oferecimento:


A vós, glorioso São José, ofereço este terço em louvor e glória de
Jesus e Maria, para que seja minha luz e guia, minha proteção e defesa,
minha fortaleza e alegria em todos os meus trabalhos e tribulações,
principalmente na hora da agonia.
Pelo nome de Jesus, pela glória de Maria, imploro o vosso poderoso
patrocínio, para que me alcanceis a graça que tanto desejo. Falai em meu
favor, advogai a minha causa no Céu e na Terra, alegrai a minha alma
para honra de Jesus, de Maria e vossa. Amém.
Oração do papa Francisco a São José

Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus


confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco,
Cristo tornou-se homem.
Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-
nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e
defendei-nos de todo o mal. Amém.

Ladainha de São José

Senhor, tende piedade de nós.

V – Jesus Cristo, tende piedade de nós.


R – Senhor, tende piedade de nós.

V – Jesus Cristo, ouvi-nos.


R – Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós.


Deus Filho, Redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,

Santa Maria, rogai por nós.


São José,
Ilustre filho de Davi,
Luz dos Patriarcas,
Esposo da Mãe de Deus,
Casto guarda da Virgem,
Sustentador do Filho de Deus,
Zeloso defensor de Jesus Cristo,
Chefe da Sagrada Família,
José justíssimo,
José castíssimo,
José prudentíssimo,
José fortíssimo,
José obedientíssimo,
José fidelíssimo,
Espelho de paciência,
Amante da pobreza,
Modelo dos operários,
Honra da vida de família,
Guarda das virgens,
Sustentáculo das famílias,
Alívio dos miseráveis,
Esperança dos doentes,
Patrono dos moribundos,
Terror dos demônios,
Protetor da Santa Igreja,

V – Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,


R – Perdoai-nos, Senhor.

V – Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,


R – Atendei-nos, Senhor.

V – Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,


R – Tende piedade de nós.

V – Ele constituiu-o senhor da sua casa.


R – E fê-lo príncipe de todos os seus bens.

Oremos: Ó Deus, que por inefável providência Vos dignastes


escolher a São José por esposo de vossa Mãe Santíssima, concedei-nos,
Vo-lo pedimos, que mereçamos ter por intercessor no Céu, aquele que
veneramos na Terra como protetor. Vós que viveis e reinais por todos os
séculos dos séculos. Amém.

Consagração a São José

Ó glorioso São José, que Deus escolheu para pai adotivo de Jesus, para
esposo puríssimo da Virgem Maria e chefe da Sagrada Família, e que o
Sumo Pontífice declarou Padroeiro e Protetor da Igreja Católica
Apostólica Romana, fundada por Jesus Cristo, eu recorro a vós neste
momento e imploro, com a maior confiança, o vosso poderoso auxílio
para toda a Igreja militante.
Protegei especialmente, com o vosso amor verdadeiramente paternal,
o Vigário de Cristo e todos os bispos e sacerdotes, unidos à Santa Sé de
Pedro.
Defendei os que trabalham pela salvação das almas, entre as
angústias e tribulações desta vida, e fazei que todos os povos da Terra se
sujeitem docilmente à Igreja, que é o meio de salvação necessário para
todos.
Dignai-vos também, meu querido São José, aceitar a consagração
que vos faço de mim mesmo. Eu me ofereço todo(a) a vós, para que
sejais sempre o meu pai, o meu protetor e o meu guia no caminho da
salvação. Alcançai-me uma grande pureza de coração e um amor ardente
à vida interior.
Fazei que, seguindo o vosso exemplo, todas as minhas obras sejam
dirigidas para a maior glória de Deus, em união com o Coração Divino
de Jesus, com o Coração Imaculado de Maria, e convosco. Amém.
Consagração a Nossa Senhora

Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo(a) a vós, e, em


prova da minha devoção para convosco, vos consagro neste dia e para
sempre, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e
inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou vosso(a), ó
incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como coisa e propriedade
vossa. Lembrai-vos que vos pertenço, terna Mãe, Senhora nossa. Ah,
guardai-me e defendei-me como coisa própria vossa.

SALMOS PARA O COMBATE ESPIRITUAL


A seguir, incluo alguns salmos que são importantes no tema da defesa
espiritual, divididos segundo dois propósitos.

Salmos para que Deus livre a pessoa de um ataque, de uma situação


que a aprisiona ou de uma perseguição

Salmo 7
Javé, o justo juiz

1. Lamentação. De Davi. Ele a cantou para Javé, a propósito de Cuch, o


benjaminita.
2. Javé, meu Deus, eu me abrigo em ti! Salva-me dos meus
perseguidores todos! Liberta-me!
3. Que não me apanhem, como um leão, e me estraçalhem, e ninguém
me liberte!
4. Javé, meu Deus, se eu fiz alguma coisa... se cometi alguma injustiça,
5. se paguei com o mal a quem me fez o bem, se poupei sem razão a
quem me oprimiu,
6. que o inimigo me persiga e alcance! Que me pisoteie vivo por terra
e aperte o meu ventre contra a poeira!
7. Levanta-te, Javé, com tua ira! Ergue-te contra o abuso dos meus
opressores! Acorda, meu Deus! Decreta um julgamento!
8. Que a assembleia dos povos te cerque; assenta-te sobre ela, no mais
alto.
9. Javé é o juiz dos povos. – Julga-me, Javé, conforme a minha justiça,
e segundo a minha inocência.
10. Põe fim à maldade dos injustos e apoia o justo, pois tu sondas
corações e rins, ó Deus justo!
11. Quem me protege é Deus, que salva os corações retos.
12. Deus é um justo juiz. Deus ameaça a cada dia.
13. Se não se convertem, ele afia a espada, estica o arco e aponta;
14. prepara suas armas que matam, aponta suas flechas de fogo.
15. Vejam: o injusto concebeu a injustiça, está prenhe de ganância e dá
à luz a mentira.
16. Ele cava e aprofunda um buraco, e acaba caindo na cova que fez!
17. Sua ganância se volta contra ele, sua violência lhe recai na cabeça!
18. Eu agradeço a Javé por sua justiça, e canto ao nome de Javé
Altíssimo.

Salmo 23 (22)
Deus hospeda o perseguido

1. Salmo. De Davi. Javé é o meu pastor. Nada me falta.


2. Em verdes pastagens me faz repousar; para fontes tranquilas me
conduz,
3. e restaura minhas forças. Ele me guia por bons caminhos, por causa
do seu nome.
4. Embora eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei,
pois junto a mim estás; teu bastão e teu cajado me deixam
tranquilo.
5. Diante de mim preparas a mesa, à frente dos meus opressores;
unges minha cabeça com óleo, e minha taça transborda.
6. Sim, felicidade e amor me acompanham todos os dias da minha
vida. Minha morada é a casa de Javé, por dias sem fim.

Salmo 35 (34)
Deus restaura a honra do inocente

1. De Davi. Javé, acusa meus acusadores, combate os que me


combatem!
2. Toma a armadura e o escudo e levanta-te em meu socorro!
3. Maneja a espada e o machado contra os meus per­seguidores! Dize à
minha alma: “Eu sou a tua sal­vação!”
4. Fiquem envergonhados e arruinados os que buscam tirar-me a
vida! Voltem-se para trás e sejam confundidos os que planejam o
mal contra mim!
5. Sejam como palha frente ao vento, quando o anjo de Javé os
empurrar!
6. Que o caminho deles seja escuro e deslizante, quando o anjo de Javé
os perseguir!
7. Sem motivo estenderam a sua rede contra mim, e abriram para
mim uma cova.
8. Caia sobre eles um desastre imprevisto! Sejam apanhados na rede
que estenderam, caiam eles dentro da cova!
9. Minha alma exultará em Javé, e se alegrará com a sua salvação.
10. Todo o meu ser dirá: “Javé, quem é igual a ti para livrar o fraco do
mais forte, e o pobre e indigente do seu explorador?”
11. Levantaram-se testemunhas falsas e me interrogaram sobre o que
nem sei.
12. Pagaram o mal pelo bem e me deixaram desampa­rado.
13. Quanto a mim, quando eles estavam doentes, eu me vestia com
pano de saco, me humilhava com jejum e por dentro repetia a
minha oração.
14. Como por um amigo, um irmão, eu ia e vinha, cabisbaixo e triste,
como de luto por minha mãe.
15. E quando eu tropecei, eles se alegraram, se reuniram contra mim e
me atacaram de surpresa. Dilaceravam-me sem parar,
16. cruelmente zombavam de mim, rangendo os dentes de ódio.
17. Javé, quando verás isso? Defende minha vida diante dos que rugem;
defende desses leõezinhos o meu único bem.
18. Eu te agradecerei na grande assembleia, eu te louvarei entre a
multidão do povo.
19. Que não se alegrem à minha custa meus inimigos traidores. Que
não pisquem os olhos aqueles que me odeiam sem motivo!
20. Pois eles nunca falam de paz: contra os pacíficos da terra eles
planejam calúnias.
21. Escancaram contra mim a sua boca, dizendo com desprezo: “Nós o
vimos com nossos olhos!”
22. Viste isso, Javé! Não te cales! Javé, não fiques longe de mim!
23. Desperta! Levanta-te pelo meu direito, por minha causa, meu
Senhor e meu Deus!
24. Julga-me segundo a tua justiça, Javé, meu Deus. Que eles não se
alegrem à minha custa!
25. Que não pensem: “Viva a nossa garganta!” Que não digam: “Nós o
engolimos!”
26. Fiquem envergonhados e frustrados os que se alegram com a
minha desgraça! Fiquem cobertos de vergonha e confusão os que se
engrandecem à minha custa.
27. Cantem e fiquem alegres os que desejam a minha justiça, e repitam
sempre: “Javé é grande! Ele deseja a paz para o seu servo!”
28. E a minha língua proclamará a tua justiça, e o dia todo o teu louvor!
Salmo 71 (70)
Ó Deus, quem é igual a ti?

1. Javé, eu me abrigo em ti: que eu nunca fique envergonhado!


2. Salva-me, por tua justiça! Liberta-me! Inclina depressa o teu ouvido
para mim!
3. Sejas tu a minha rocha de refúgio, a fortaleza onde eu me salve, pois
o meu rochedo e fortaleza és tu!
4. Meu Deus, liberta-me da mão do injusto, do punho do criminoso e
do violento;
5. pois tu, Senhor, és a minha esperança e a minha confiança, desde a
minha juventude.
6. Já no ventre materno eu me apoiava em ti, e no seio materno tu me
sustentavas. Eu sempre confiei em ti.
7. Muitos olhavam para mim como para um prodígio, porque eras tu
o meu abrigo seguro.
8. Minha boca está cheia do teu louvor e do teu esplendor o dia todo.
9. Não me rejeites agora que estou na velhice, não me abandones
quando me faltam as forças,
10. porque meus inimigos falam de mim, juntos planejam os que
espreitam minha vida:
11. “Deus o abandonou. Podem persegui-lo e agarrá-lo, que ninguém o
salvará!”
12. Ó Deus, não fiques longe de mim! Meu Deus, vem depressa me
socorrer.
13. Fiquem envergonhados e arruinados aqueles que perseguem a
minha vida. Fiquem cobertos de ultraje e desonra os que buscam o
mal contra mim.
14. Quanto a mim, fico a esperar, continuando o teu louvor.
15. Minha boca vai contar a tua justiça, e o dia todo a tua salvação.
16. Contarei as tuas proezas, Senhor Javé, vou narrar a tua vitória, toda
tua!
17. Ó Deus, tu me instruíste desde a minha juventude, e até hoje eu
anuncio as tuas maravilhas.
18. Agora que estou velho e de cabelos brancos, não me abandones, ó
Deus, até que eu descreva o teu braço à geração futura,
19. tuas proezas e tuas sublimes vitórias, as façanhas que realizaste. Ó
Deus, quem é igual a ti?
20. Tu me fizeste passar por angústias profundas e numerosas.
Agora voltarás para dar-me a vida, e me farás subir da terra
profunda.
21. Aumentarás a minha grandeza, e de novo me consolarás.
22. Quanto a mim, vou celebrar-te com a harpa, por tua fidelidade,
meu Deus! Vou tocar cítara em tua honra, ó Santo de Israel.
23. Meus lábios te aclamarão, e também minha alma, que resgataste.
24. Minha língua o dia todo repetirá a tua justiça, pois ficaram
envergonhados e confundidos aqueles que buscavam o mal contra
mim!

Salmo 91 (90)
O justo confia em Deus

1. Você, que habita ao amparo do Altíssimo e vive à sombra do


Onipotente,
2. diga a Javé: “Meu refúgio, minha fortaleza, meu Deus, eu confio em
ti!”
3. Ele livrará você do laço do caçador e da peste destruidora.
4. Ele o cobrirá com suas penas, e debaixo de suas asas você se
refugiará. O braço dele é escudo e armadura.
5. Você não temerá o terror da noite, nem a flecha que voa de dia,
6. nem a epidemia que caminha nas trevas, nem a peste que devasta
ao meio-dia.
7. Caiam mil ao seu lado e dez mil à sua direita, a você nada atingirá.
8. Basta que você olhe com seus próprios olhos, para ver o salário dos
injustos,
9. porque você fez de Javé o seu refúgio e tomou o Altíssimo como
defensor.
10. A desgraça jamais o atingirá, e praga nenhuma vai chegar à sua
tenda,
11. pois ele ordenou aos seus anjos que guardem você em seus
caminhos.
12. Eles o levarão nas mãos, para que seu pé não tropece numa pedra.
13. Você caminhará sobre cobras e víboras, e pisará leões e dragões.
14. “Eu o livrarei, porque a mim se apegou. Eu o protegerei, pois
conhece o meu nome.
Ele me invocará, e eu responderei.
15. Na angústia estarei com ele. Eu o livrarei e glorifi­carei.
16. Vou saciá-lo de longos dias e lhe farei ver a minha salvação.”

Salmo 141 (140)


A tentação do justo

1. Salmo. De Davi. Javé, eu te chamo, socorre-me depressa! Ouve a


minha voz quando eu clamo para ti!
2. Suba a minha prece como incenso à tua presença, minhas mãos
erguidas como oferta vespertina!
3. Javé, coloca em minha boca uma guarda, uma sentinela à porta dos
meus lábios.
4. Impede meu coração de se inclinar para o mal, de cometer crimes
junto com os malfeitores. Não vou participar de seus banquetes!
5. Que o justo me bata, que o bom me corrija. Que o óleo do injusto
não me perfume a cabeça, pois eu iria me comprometer com suas
maldades.
6. Seus chefes caíram, despencando-se, embora ouvissem as minhas
palavras amáveis.
7. Como pedra de moinho, rebentada por terra, nossos ossos estão
espalhados junto à boca do túmulo.
8. Para ti, Javé, eu elevo os meus olhos, eu me refugio em ti, não me
deixes indefeso.
9. Guarda-me das armadilhas que prepararam para mim, e das ciladas
dos malfeitores.
10. Caiam os injustos em suas próprias redes, enquanto eu escapo, em
liberdade!

Salmo 142 (141)


A persistência do justo

1. Poema. De Davi. Quando estava na caverna. Prece.


2. Gritando para Javé, eu imploro! Gritando para Javé, eu suplico!
3. Derramo à frente dele o meu lamento, diante dele exponho a minha
angústia,
4. enquanto o meu alento desfalece. Tu, porém, conheces o meu
caminho, e foi no caminho por onde eu ando que eles me
prepararam uma armadilha.
5. Olha para a direita e vê: ninguém mais me reconhece, nenhum
lugar de refúgio, ninguém que olhe por mim!
6. Eu grito para ti, Javé, e digo: “Tu és o meu refúgio, a minha parte na
terra da vida.”
7. Presta atenção ao meu clamor, pois já estou esgotado. Livra-me dos
meus perseguidores, pois são mais fortes do que eu!
8. Faze-me sair da minha prisão, para que eu agradeça ao teu nome!
Os justos se ajuntarão ao meu redor, por causa do bem que tu me
fizeste.

Salmos para os que necessitam de justiça, de cura e libertação

Salmo 9
O pobre não ficará frustrado

1. Do mestre de canto. Para oboé e harpa. Salmo. De Davi.


2. Javé, eu te agradeço de todo o coração, proclamando todas as tuas
maravilhas!
3. Eu me alegro e exulto em ti, e toco ao teu nome, ó Altíssimo!
4. Meus inimigos voltam atrás, tropeçam e somem da tua presença.
5. Porque defendeste a minha causa e direito: sentaste em teu trono de
justo juiz.
6. Ameaçaste as nações, destruíste o injusto, para todo o sempre
apagaste o nome dele.
7. O inimigo acabou em ruínas para sempre, arrasaste as cidades, e a
lembrança dele sumiu.
8. Eis que Javé sentou-se para sempre, firmou o seu trono para o
julgamento.
9. Ele julga o mundo com justiça e governa os povos com retidão.
10. Que Javé seja fortaleza para o oprimido, fortaleza nos tempos de
angústia.
11. Em ti confiam os que conhecem o teu nome, pois não abandonas os
que te procuram, Javé.
12. Toquem para Javé, que habita em Sião; contem entre os povos as
suas façanhas:
13. ele vinga o sangue derramado, ele se lembra, e não se esquece
jamais do clamor dos pobres.
14. Piedade, Javé! Olha a minha aflição! Levanta-me das portas da
morte,
15. para que eu proclame os teus louvores, e exulte com a tua salvação
junto às portas da capital de Sião!
16. Os povos caíram na cova que fizeram, no laço que ocultaram
prenderam o pé.
17. Javé apareceu fazendo justiça, apanhou o injusto em sua manobra.
18. Que os injustos voltem ao túmulo, os povos todos que se esquecem
de Deus!
19. Pois o indigente não será esquecido para sempre, e a esperança dos
pobres jamais se frustrará.
20. Levanta-te, Javé, que o mortal não triunfe! Que os povos sejam
julgados na tua presença!
21. Infunde neles o medo, Javé: saibam os povos que são homens
mortais!

Salmo 37 (36)
A esperança depende da perseverança

1. De Davi. Não se irrite por causa dos maus, nem tenha inveja dos
injustos.
2. Eles são como erva: secam depressa, murcham logo como a relva.
3. Confie em Javé e pratique o bem, habite na terra e viva tranquilo.
4. Coloque em Javé o seu prazer, e ele dará o que seu coração deseja.
5. Entregue seu caminho a Javé, nele confie, e ele agirá.
6. Ele manifestará a justiça de você como o amanhecer e seu direito
como o meio-dia.
7. Descanse em Javé e nele espere, não se irrite com os que triunfam,
com o homem que usa de intrigas.
8. Deixe a ira, abandone o furor, não se irrite: você só faria o mal.
9. Porque os maus vão ser excluídos, e os que esperam em Javé
possuirão a terra.
10. Mais um pouco, e não haverá mais injusto; você buscará o lugar
deles, e não existirá.
11. Mas os pobres vão possuir a terra e deleitar-se com paz abundante.
12. O injusto faz intrigas contra o justo, e contra ele range os dentes.
13. Mas o Senhor ri às custas do injusto, pois vê que o dia dele vem
chegando.
14. Os injustos desembainham a espada e retesam o arco para matar o
pobre e o indigente, para assassinar o homem reto;
15. mas a espada lhes atravessará o coração, e seus arcos se quebrarão.
16. Vale mais o pouco do justo que a riqueza de muitos injustos,
17. porque os braços do injusto serão quebrados, enquanto o apoio dos
justos é Javé.
18. Javé conhece os dias dos íntegros, e a herança deles permanece para
sempre;
19. não se envergonharão nos dias da seca, e nos dias da fome ficarão
saciados.
20. Sim, os injustos vão perecer, os inimigos de Javé vão murchar como
a beleza dos prados, vão desfazer-se como fumaça.
21. O injusto toma emprestado e não devolve, mas o justo se
compadece e dá.
22. Os que ele abençoar possuirão a terra, e os que ele amaldiçoar serão
excluídos.
23. Javé garante os passos do homem, e se compraz com o caminho
dele.
24. Quando tropeça, não chega a cair, porque Javé o sustenta pela mão.
25. Fui jovem e já estou velho, mas nunca vi um justo abandonado,
nem sua descendência mendigando pão.
26. O dia todo ele se compadece e empresta, e sua descendência é uma
bênção.
27. Evite o mal e pratique o bem, e você terá uma casa para sempre,
28. porque Javé ama o direito e jamais abandona seus fiéis. Os
malfeitores serão para sempre destruídos, e a descendência dos
injustos será eliminada.
29. Os justos vão possuir a terra, e nela habitarão para sempre.
30. A boca do justo fala com sabedoria, e sua língua explica o direito,
31. pois ele tem no coração a lei do seu Deus, e seus passos nunca
vacilam.
32. O injusto espreita o justo e procura levá-lo à morte.
33. Javé, porém, não o entrega nas mãos do injusto e no julgamento
não deixa que o condene.
34. Espere em Javé e observe o seu caminho; ele exaltará você, para que
possua a terra, e você verá os injustos eliminados.
35. Eu vi um injusto cheio de poder, que prosperava como cedro
frondoso.
36. Voltei a passar, e não existia mais; procurei-o, e não foi encontrado.
37. Observe o íntegro, veja o homem direito: existe uma posteridade
para o homem pacífico.
38. Mas os transgressores serão todos destruídos, e a descendência dos
injustos será cortada.
39. A salvação dos justos vem de Javé, que é fortaleza para eles no
tempo da angústia.
40. Javé os ajuda e liberta; vai livrá-los dos injustos e salvá-los, porque
os justos nele se abrigam.

Salmo 70 (69)
Deus defende os pobres

1. Do mestre de canto. De Davi. Para comemoração.


2. Ó Deus, por favor, liberta-me! Javé, vem depressa me socorrer.
3. Fiquem envergonhados e confundidos aqueles que buscam perder a
minha vida! Recuem e fiquem envergonhados, os que tramam a
minha desgraça!
4. Retirem-se, cheios de vergonha, os que se riem de mim.
5. Exultem e alegrem-se contigo todos os que te buscam. Os que
amam a tua salvação repitam sempre: “Deus é grande!”
6. Quanto a mim, sou pobre e indigente. Ó Deus, vem depressa! Tu és
o meu auxílio e salvação. Javé, não demores!
Conclusão
A pós a leitura deste livro, tenho certeza de que você estará mais
atento aos seres – de carne e osso ou espirituais – que desejam
influenciar negativamente sua mente e sua alma, criando dificuldades e
problemas de toda sorte. Ser vigilante é um bom começo, mas não é o
suficiente para afastar as mais diversas ameaças.
Conhecer a teoria é, sem dúvida, importante, mas o que pode criar
um cinturão de defesa ao redor de você e de sua família é a prática, não
de um exercício ou instrumento isolado, mas do sistema de defesa
espiritual que proponho aqui. Por isso, recomendo a você que se utilize
do maior número possível de armas expostas neste livro.
Ninguém aprende uma nova habilidade da noite para o dia. Com a
defesa espiritual, não é diferente. Vivemos em uma época em que o ser
humano busca satisfação e prazer imediatos. Quando demora um pouco
mais do que gostaria para encontrar gratificação por algo que fez ou
deixou de fazer, viu ou ouviu, seja em que ramo do conhecimento for,
abandona por completo a atividade ou empreitada. Com a defesa
espiritual isso não funciona. Não há aqui prazer ou gratificação
instantânea, como se costuma encontrar em vídeos do TikTok e fotos do
Instagram.
Sem trabalho duro, sua defesa espiritual e psíquica será débil, e você
será presa fácil para o maligno. Então, aconselho você a ser persistente e
constante no uso das técnicas. A paciência é essencial. Com o tempo e a
prática, virá a expertise. Os resultados positivos dos sacramentais,
orações e devoções talvez até surjam de imediato, pois a graça de Deus
tudo pode, mas prefiro apostar no longo prazo.
O combate espiritual e psíquico não se resume a uma única batalha.
Livrar-se de uma ameaça ou um ataque é um processo, que envolve,
portanto, diversos atos. É uma luta constante e incessante. Por isso,
dividi o livro em capítulos com armas distintas, para que você possa, de
acordo com sua necessidade, fazer uma consulta rápida e aplicá-las de
imediato, afastando ou contendo o avanço do inimigo.
Enfim, o que você tem em mãos é um manual de defesa espiritual e
psíquica que será consultado e aplicado muitas vezes na vida. Para que
todos entendam o que estou falando: no momento em que escrevo este
livro, tenho trinta anos de missão junto ao povo de Deus e até hoje
enfrento essas provações diariamente. As práticas aqui propostas me
salvaram inúmeras vezes!
Assim, espero que você se torne um exímio lutador ou lutadora nos
campos espiritual e psíquico. Dedique parte do seu dia a executar o que
leu neste livro. Tenha uma rotina de auto-observação e oração,
cumprindo o que Jesus ordenou: vigiai e orai! Seja o pilar forte dentro de
sua família e de seus grupos de oração.
Que Deus nos proteja sempre!
Sobre o autor
PEDRO SIQUEIRA é escritor, advogado e professor de Direito. Ele
conduz um grupo de orações católico centrado na devoção mariana do
rosário, em que transmite revelações do Espírito Santo e mensagens de
Nossa Senhora, santos e anjos. Em 2008, numa visita ao Santuário de
Fátima, em Portugal, recebeu uma mensagem de Nossa Senhora. Ela
dizia que Pedro deveria escrever sobre suas experiências místicas como
uma forma de ajudar as pessoas no caminho da espiritualidade.

Com mais de 450 mil exemplares vendidos, ele é autor de Todo mundo
tem um anjo da guarda, Você pode falar com Deus e Viagens místicas,
além de uma série de ficção (Senhora das águas, Senhora dos ares e
Senhora do sol), todos da Editora Sextante.
Pedro Siqueira
@pedrosiqueira.oficial
/pedrosiqueira.1971
CONHEÇA OUTROS LIVROS DO AUTOR

Todo mundo tem um anjo da guarda

Os anjos da guarda são presentes de Deus para todas as pessoas, sem


exceção. Essa é a verdade que Pedro Siqueira quer transmitir para nós.
Muitas vezes esquecidos, ignorados ou até desacreditados, nossos
protetores ainda são um mistério para a maioria dos fiéis.
Em seu novo livro, Pedro abre esse universo aos leitores. Partindo de
uma visão geral das criaturas celestes, ele explica que é possível ver
nossos anjos da guarda e até saber seus nomes. Além disso, mostra como
podemos nos comunicar com eles para estreitar os laços com Deus.
Dirigindo terços para milhares de fiéis, com visões espirituais intensas,‐ ­
Pedro tem uma extensa bagagem de experiências próprias e relatos que
lhe dão embasamento suficiente para tratar de um assunto
frequentemente insondável.
Por meio de diversos casos, Todo mundo tem um anjo da guarda tira
as principais dúvidas sobre o tema e oferece um conhecimento
fundamental para quem almeja uma vida espiritual mais profunda.
Você pode falar com Deus

Desde criança, Pedro Siqueira tinha visões místicas. Com o tempo, seu
dom se transformou em missão: ser um instrumento de ligação entre as
pessoas e o mundo espiritual e ajudá-las a desenvolver sua fé através de
mensagens de santos, anjos e de Nossa Senhora. Ele começou a dividir
os ensinamentos que recebia com pequenos grupos de oração. Aos
poucos, esse círculo foi crescendo e, hoje, Pedro dirige a oração do terço
para milhares de fiéis.
Com este livro, ele amplia ainda mais o alcance de sua mensagem e
leva ao leitor as orientações mais importantes para quem deseja estreitar
sua relação com Deus por meio da oração.
Muitas pessoas que creem em Deus não têm o hábito de rezar, mas
Pedro mostra que a prece precisa fazer parte do nosso dia a dia. Seus
poderes são surpreendentes: ela acalma corações e transforma a
realidade.
Neste livro, ele ensina como devemos rezar para estabelecer um
canal de comunicação direto e verdadeiro com Deus. E nos aponta o
caminho para uma vida espiritual plena e feliz, dedicada ao Senhor e a
serviço do próximo.
A partir de fascinantes histórias reais, Pedro nos faz ver que as coisas
vindas do Altíssimo são impressionantes e imprevisíveis. E que, quando
rezamos com fé e acreditamos na Providência divina, milagres podem
acontecer em nossas vidas.
CONHEÇA OS LIVROS DE PEDRO SIQUEIRA

NÃO FICÇÃO
Defesa espiritual
Viagens místicas
Todo mundo tem um anjo da guarda
Você pode falar com Deus

FICÇÃO
Senhora das águas
Senhora dos ares
Senhora do sol

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