8 Um Olhar Sobre A Colonização Da Fronteira Sul
8 Um Olhar Sobre A Colonização Da Fronteira Sul
8 Um Olhar Sobre A Colonização Da Fronteira Sul
1 A título de contextualização
*
Professor Adjunto da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Campus Chapecó. Doutor em
História pela UFSC.
1*
Nos nomes de povos e respectivos gentílicos, neste texto foi adotada a grafia dicionarizada em língua
portuguesa (Dicionários Houaiss e Aurélio entre outros) e flexões correspondentes: caingangue(s),
xoclengue(s), guarani(s)... (Nota da revisão)
2
Sobre o tema dos povos indígenas ver o capítulo de autoria de Jaisson Teixeira Lino.
3
Cfe. <http://elpais.com/especiales/2014/planeta-futuro/mapa-de-migraciones/>. Acesso em: 03 mar. 2014.
4
NODARI, Eunice Sueli. A renegociação da etnicidade no oeste de Santa Catarina (1917-1954). Porto
Alegre: PUCRS, 1999. Tese de Doutorado em História.
8
HÖRMEYER, Joseph. O Rio Grande do Sul de 1850. Porto Alegre. DC Luzzatto; Eduni-Sul, 1986. p.
85. Tradução de Heinrich A. W. Bunse (1. ed. Koblenz, 1854).
9
LIMA, Ruy Cirne. Pequena história territorial do Brasil. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura,
1990. p. 64-65 e 67.
10
PENNACCHI, Antonio. Canale Mussolini. Milano: Ristampa, 2010, p. 9. Tradução livre do autor. O
texto original é: Per la fame. Siamo venuti giù per la fame. E perché se no? Se non era per la fame
restavamo là. Quello era il paese nostro. Perché dovevamo venire qui? Lì eravamo sempre stati e
li stavano tutti i nostri parenti. Conoscevamo ogni ruga del posto e ogni pensiero dei vicini. Ogni
pianta. Ogni canale. Chi ce lo faceva fare a venire fino qua?
Fonte: BERNARDI, A. Nanetto Pipetta. Porto Alegre: EST; Caxias do Sul: EDUCS, 1988. p. 16.
3.1 Alemães
3.2 Italianos
13
Assim como outros grupos de imigrantes, os alemães ocuparam inicialmente áreas específicas, mas em
migrações sequentes se espalharam por diversas áreas dos três estados sulinos, bem como para outras
áreas do interior brasileiro e centros urbanos.
14
RICHTER, Klaus. A Sociedade Colonizadora Hanseática de 1897 e a colonização no interior de
Joinville e Blumenau. Florianópolis: UFSC; Blumenau: FURB, 1986. p. 13-17.
15
Atualmente vários municípios catarinenses apresentam marcante presença de teuto-brasileiros, entre eles:
Blumenau, Joinville, Jaraguá do Sul, Pomerode, Piratuba, Peritiba, Ipira, Ipumirim, Arabutã, Itapiranga,
Palmitos, São Carlos.
3.3 Poloneses
Sobre a imigração polonesa no Rio Grande do Sul, Gritti19 salienta que ela
iniciou em 1875, mas se tornou mais expressiva na última década do século
XIX, sendo conhecida como a “febre imigratória brasileira”, responsável pela
entrada de aproximadamente 63.000 poloneses. A maior intensidade da corren-
te imigratória polonesa coincide com a Revolução Federalista (1892-1895) que
provocou queda no fluxo imigratório. O mesmo foi retomado em 1907 e nova-
mente interrompido no período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mes-
mo assim os poloneses marcaram presença, com maior ou menor intensidade,
em praticamente todo o estado gaúcho, em especial nas colônias Guarani, Ijuí
e Erechim. Quando os imigrantes poloneses entraram no Rio Grande do Sul,
o estado era comandado pelo Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), de-
fensor dos ideais positivistas, o que contribuiu para a emergência do precon-
ceito em relação aos imigrantes poloneses e seus descendentes. Para os positi-
vistas, na hierarquia das nações, a Polônia está abaixo da Alemanha e da Itália,
por exemplo, fazendo com que eles fossem vistos como inferiores aos italianos
e aos alemães, preconceito que ainda hoje se faz presente. Entre as razões que
motivavam a emigração polonesa está a dominação da Polônia pelos austría-
cos, alemães e russos, sendo que muitos imigrantes eram registrados aqui como
sendo dessas nacionalidades: eram “poloneses sem pátria”. No estado tiveram
condições precárias de assentamento, com lotes pequenos, de aproximadamente
12 hectares. Diante de tais condições reagiram de forma mais contundente que
os demais, o que contribuiu para ressaltar o preconceito, especialmente quando
comparados aos demais imigrantes.
Ainda segundo Gritti, em Santa Catarina os poloneses foram instalados na
Colônia Príncipe Dom Pedro (Brusque) a partir de 1869, de onde também mi-
graram na sequência para o Paraná, motivados pelas dificuldades de subsis-
tência e de acomodação nos lotes a eles destinados. Estabeleceram-se em terras
19
GRITTI, Isabel Rosa. Imigração e colonização polonesa no Rio Grande do Sul: a emergência do pre-
conceito. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2004.
4 Contextualizando a migração
20
Cfe. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_polonesa_no_Brasil>. Acesso em: 15
out. 2013.
21
D’EÇA, Othon. Aos espanhóis confinantes. Florianópolis: FCC, Fundação Banco do Brasil, UFSC,
1992. p. 102-103.
22
Sobre o assunto ver: CEOM. A viagem de 1929: oeste de Santa Catarina: documentos e leituras. Cha-
pecó: Argos, 2005. Nesse livro estão reproduzidos os fac-similares de Arthur Ferreira da Costa, O Oeste
Catharinense: visões e sugestões de um excursionista e de José Arthur Boiteux, O Oeste Catharinense:
de Florianópolis a Dionísio Cerqueira. Ver também a obra: D’EÇA, Othon. Aos espanhóis confinantes.
Florianópolis: FCC, Fundação Banco do Brasil, UFSC, 1992.
23
D’EÇA. Othon. Aos espanhóis confinantes. Florianópolis: FCC, Fundação Banco do Brasil, UFSC,
1992. p. 37 e 84.
24
MARTINS, Romário. História do Paraná. Curitiba: Travessa dos Editores, 1995. p. 196-197.
27
BREVES, Wenseslau de Souza. O Chapecó que eu conheci. Revista do Instituto Histórico e Geográfico
de Santa Catarina, n. 6, 1985, p. 25-26. Grifos no original.
28
Referindo-se aos caboclos Breves (p. 22) dizia, ainda: Se retirarmos certas ferramentas que usavam, foi-
ces, machados, facões; alguns animais domésticos, cavalos, porcos, galinhas; os vestuários e utensílios
que podiam adquirir e o uso do fumo e do fósforo, a vida desses caboclos se assemelharia bastante à
dos índios do litoral nordestino, como foram encontrados por ocasião do descobrimento.
29
Sobre essa questão, de disputa entre diferentes grupos, sugere-se a leitura da Introdução (p. 19-50) do
livro de ELIAS, Norbert; SCOTSON, J. L. Os estabelecidos e os Outsiders: sociologia das relações de
poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
30
Nesse período se verificou o fenômeno conhecido por êxodo rural, em que muitos agricultores deixa-
ram suas terras em busca de oportunidades nas cidades ou porque foram pressionados por dívidas e di-
ficuldades de subsistência. A população rural que nos anos 1940 era de aproximadamente 70% caiu
para 30% em 1970.
32
VEIGA, José Eli da. Cidades imaginárias: O Brasil é menos urbano do que se calcula. Campinas:
Editores Associados, 2002. p. 70-71 e 126.
Considerações finais
Referências
BERNARDI, Aquiles. Nanetto Pipetta. Trad. de A. V. Stawinki e M. A. Tcacenco. Porto Alegre; Ca-
xias do Sul: EST/EDUCS, 1988.
BREVES, Wenseslau de Souza. O Chapecó que eu conheci. Revista do Instituto Histórico e Geo-
gráfico de Santa Catarina, n. 6, 1985.
CABRAL, Oswaldo R. História de Santa Catarina. 3. ed. Florianópolis: Lunardelli, 1987.
CEOM. A viagem de 1929: oeste de Santa Catarina: documentos e leituras. Chapecó: Argos, 2005.
CHAUI, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Perseu Abramo, 2000.
D’EÇA, Othon. Aos espanhóis confinantes. Florianópolis: FCC, Fundação Banco do Brasil, UFSC,
1992. p. 102-103.
DE BONI, Luis. A.; COSTA, Rovílio. Os Italianos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EST;
Caxias do Sul: EDUCS, 1983.
; . Os italianos do Rio Grande do Sul. 4. ed. (rev. e atual.). Porto Alegre: EST, 2011.
ELIAS, Norbert; SCOTSON, J. L. Os estabelecidos e os Outsiders: sociologia das relações de po-
der a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
FORTINI, Archymedes. O 75º Aniversário da Colonização Italiana no Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: Sulina, 1950.
FRANCO, Jr., Hilário. Cocanha: a história de um país imaginário. São Paulo: Companhia das Le-
tras, 1998.
GRITTI, Isabel Rosa. Imigração e colonização polonesa no Rio Grande do Sul: a emergência do
preconceito. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2004.
GROSSELLI, Renzo M. Vencer ou morrer. Florianópolis: UFSC, 1987.
HÖRMEYER, Joseph. O Rio Grande do Sul de 1850. Tradução de Heinrich A. W. Bunse. Porto
Alegre. DC Luzzatto; Eduni-Sul, 1986. (1. ed. Koblenz, 1854).
http://elpais.com/especiales/2014/planeta-futuro/mapa-de-migraciones/. Acesso em: 03 mar. 2014.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_polonesa_no_Brasil. Acesso em: 15 out. 2013.
LENHARO, Alcir. A sacralização da política. Campinas: Papirus, 1986.
LIMA, Ruy Cirne. Pequena história territorial do Brasil. São Paulo: Secretaria de Estado da Cul-
tura, 1990.
MARTINS, Romário. História do Paraná. Curitiba: Travessa dos Editores, 1995.
NODARI, Eunice Sueli. A renegociação da etnicidade no oeste de Santa Catarina (1917-1954).
Porto Alegre: PUCRS, 1999. Tese de Doutorado em História.
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