Resumo Os Pré-Socráticos
Resumo Os Pré-Socráticos
Resumo Os Pré-Socráticos
Anaxímenes (524-588 a.c) discípulo de Anaximandro. Ele concordava que a origem de todas
as coisas era o indeterminado, mas recusou-se a atribuir a essa indeterminação o caráter de
arché. Para Anaxímenes, a substância primordial não poderia ser um elemento situado fora
dos limites da observação e da experiência sensível, como o ápeiron de Anaximandro.
Em discordância com aspectos do pensamento dos dois mestres anteriores, mas buscando
uma síntese entre eles, Anaxímenes incorporou argumentos de ambos e propôs o ar como
princípio de todas as coisas: “como nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos,
assim também todo o cosmo sopro e ar o mantém.
Ele considerou o fato de que o ar, quase inobservável, é um elemento mais sutil que a
água, mas que ao mesmo tempo nos anima, nos dá vida, como testemunha a nossa
respiração. Infinito e ilimitado, penetrando todos os vazios do universo, o ar constituiria uma
arché menos indeterminada que o ápeiron. Também seria um princípio ativo, gerador de
movimento, como nos ventos.
Segundo Anaxímenes, pelos processos de rarefação e condensação se formariam os
outros elementos-que para os antigos eram a terra, água e o fogo, além do próprio ar-e, a
partir destes, todos demais. A Terra, seria o estado mais condensado (isto é , de menor
volume) do ar, enquanto o fogo seria o mais rarefeito (de maior volume). Nascido do ar e
movido por ele, o cosmos seria uma espécie de respiração gigante.
ILHA DE SAMOS (situada na costa jônica, não distante de Mileto)
Pitágoras (490-570 a.c)é um profundo estudioso da matemática. Para ele, a origem
está nos números.
Conta-se que, para chegar a tese, primeiro teria percebido que à harmonia dos acordes
musicais correspondiam certas proporções aritméticas. Supôs, então, que as mesmas relações
se encontrariam na natureza. Unindo essa suposição aos seus conhecimentos de
astronomia-com os quais podia, por exemplo, calcular antecipadamente o deslocamento dos
astros -, concebeu a ideia de um cosmos harmônico, regido por relações matemáticas.
Se para pitágoras “ tudo é número”, isso quer dizer que o princípio fundamental (arché)
seria a estrutura numérica, matemática, da realidade derivam problemas como finito e
infinito, par e ímpar, unidade e multiplicidade, reta curva, círculo e quadrado etc…
Observe que, com Pitágoras, pela primeira vez na história da filosofia ocidental se
introduzia, na explicação da realidade, um elemento mais formal, fundado na ordem e na
medida. (Um elemento formal é aquele que considera as relações entre os termos de uma
operação).
Há, portanto, um monismo em Pitágoras quando ele diz que tudo é número. No entanto
sua doutrina sobre a origem do mundo nos leva a pensar em uma concepção dualista da
realidade, pois afirma que o mundo surgiu de um ápeiron (o indeterminado) determinado pelo
limite-princípio este que instaura o múltiplo, mas mantém a unidade e a ordem universal. O
limite operaria como um deus ou seria o próprio Deus.
Apaixonados pela matemática, os pitagóricos aliaram aos números concepções não
apenas filosóficas, mas também místicas, desenvolvendo uma visão espiritual da existência.
Por isso, propuseram e praticaram um estilo de vida baseado na crença de que a alma é
prisioneira do corpo e que se libera com a morte. Poderia, então, reencarnar-se em uma forma
de existência mais elevada, dependendo do grau de crescimento e de virtude que a pessoa
tivesse alcançado. Assim, para os pitagóricos, o principal propósito da existência humana
seria o de purificar a alma e elevar suas virtudes.
As doutrinas pitagóricas tiveram grande influência sobre Platão e o platonismo.
Recordemos, por último, que se atribui a Pitágoras o uso da palavra filosofia pela primeira
vez.
Heráclito de Éfeso (475-535 a.c) Observa que a realidade é dinâmica e que a vida está em
constante transformação. Mas, diferente dos milésios- que buscam na mudança aquilo que
permanece-,decidiu concentrar-se em sua reflexão sobre o que muda. Assim, o filósofo dizia
que tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser.
“Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sobre ti.”
Heráclito também observou, como seus predecessores, a atuação dos opostos na natureza
(frio e calor,seco e úmido etc...), mas radicalizou essa observação, conferindo papel essencial
ao conflito em sua cosmologia. Desenvolveu, assim, uma visão da realidade profundamente
agonística (relativo a luta), pois para ele o fluxo constante da vida impulsionado justamente
pela luta de forças contrárias: a ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a
construção e a destruição, a justiça e a injustiça, o racional e o irracional,etc…
Daí sua famosa afirmação de que “a luta é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas”. É
pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. Por essa razão, Héráclito
imaginou que, se deveria haver um elemento primordial da natureza, este teria que ser o fogo,
o governando o constante movimento dos seres com chamas vivas e eternas.
Em suas palavras:
“Este mundo, que é o mesmo para todos, nenhum dos deuses ou dos homens o fez; mas foi
sempre, é e será um fogo eternamente vivo, que se acende com medida e se apaga com
medida.”(pré-socráticos,p.XXVIII)
A medida desse acender e apagar do fogo seria determinada pelo logos-o pensamento, a
razão-, que para Heráclito era a criadora e unificadora da tensões opostas, a razão-discursiva
do filósofo: “É sábio escutar não a mim, mas a meu discurso”. Desta forma, ele resgata a
unidade, mas uma unidade descortinada pela mente atenta, desperta,em vigília.
Pela importância que deu ao movimento, a escola heraclitiniana de pensamento é
chamada de mobilista. Apesar de não ter sido muito bem visto entre seus contemporâneos e
estudiosos posteriores, Héraclito é considerado um dos mais destacados filósofos
pré-socráticos e o primeiro grande representante do pensamento dialético.
Pensador de Eléia
Parmênides (470-510 a.c) Entendia que o equívoco das pessoas e dos demais pensadores
eram conceder demasiada importância aos dados fornecidos pelos sentidos. Embora também
percebesse pela via sensorial a mudança e o movimento no mundo. Parmênides achava
contraditório buscar a essência (a arché) naquilo que não é essencial, buscar a permanência
naquilo que não permanece (a mudança, o movimento) ou supor que aquilo que é permanente
pudesse converter-se em algo impermanente.
Assim, Parmênides optou por escutar o que lhe dizia a razão – e não os sentidos, que o faziam
sentir a mudança – proclamou que existe o ser e não é concebível sua não existência. Em suas
palavras: “O ser é o não ser não é”. Tentemos compreender melhor essa frase:
O ser é – a primeira oração expressa a ideia de que o ser é eternamente, pois o ser constitui,
para ele, a substância permanente das coisas. Portanto, o ser é de maneira imutável e imóvel,
e é o único que existe. O ser é a arché de parmênides, não identificada com nenhum elemento
natural, sensível, mas, ao mesmo tempo, equivalente a toda corporeidade, com tudo o que
existe, pois o ser é uno, pleno, contínuo e absoluto;
O não ser não é – a segunda oração traz a ideia de que o não ser não é, não tem ser,
substância, essência. Portanto é nada, não existe. Essa é uma conclusão lógica, pois se o ser
se identificaria com a mudança (o devir),pois mudar é justamente não ser mais aquilo que era,
nem ser ainda algo que é.
Em vista dessa formulação, Parmênides é considerado o primeiro filósofo a expor o princípio
de identidade (A=A) e de não contradição (se A =A, é impossível, ao mesmo tempo e na
mesma relação A= não A).
Em seu poema filosófico “Sobre a natureza”, Parmênides expôs que dois caminhos para a
compreensão da realidade têm sido trilhados. O primeiro é o da verdade, da razão, da
essência. O segundo é o da opinião, da aparência enganosa, que ele considerava a via de
Heráclito.
Quando a realidade é pensada pelo caminho da aparência, tudo se confunde em movimento,
pluralidade e devir. De acordo com Parmênides, essa via precisaria ser evitada para não
termos concluído que “o ser e o não ser são e não são a mesma coisa, o que seria um
contrassenso, uma formulação ilógica.
Considera-se que foi a partir dessa discussão sobre os contrários, sobre o ser e o não ser, que
se iniciaram as reflexões da lógica e da ontologia, quando esses dois campos de investigação
filosófica, ainda estavam intimamente relacionados.