Resumo Os Pré-Socráticos

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OS PRÉ-SOCRÁTICOS

Pré-socráticos - Definição Termo que


designa, na história da filosofia, os primeiros
filósofos gregos anteriores a Sócrates, também
denominados fisiólogos por se ocuparem com o
conhecimento do mundo natural (physis).
Uma boa parte desses pensadores foram, antes
de tudo, cosmólogos. E vários deles trabalharam
em um sentido reducionista, isto é, tentaram
encontrar uma substância única, ou força exclusiva,
ou princípio básico capaz de ser apresentado como
o elemento efetivamente real e primordial do
cosmos. A filosofia dos Pré-socráticos (Filósofos
da Natureza) voltava o seu pensamento para a
origem (racional) do mundo, do cosmos. Ou seja,
estes filósofos dedicavam-se às questões cosmológicas, buscando a arché (o princípio
fundamental de todas as coisas). De seus escritos quase tudo se perdeu, restando apenas
poucos fragmentos.

PENSADORES DE MILETO (A cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da


Ásia Menor (região hoje pertencente ao território da Turquia) Os filósofos que pertencem a
essa cidade são: Tales, Anaximandro, Anaxímenes.
Tales de Mileto (546-623 a.c) é tido como o pensador que deu início à indagação racional
sobre o universo. Inspirando-se provavelmente em concepções egípcias, acrescidas de suas
próprias observações de corpos hídricos- como rios e mares-, bem como da vida animal e
vegetal, ele dizia: “ tudo é água”.
Assim para Tales, a água por permanecer basicamente a mesma em todas as
transformações dos corpos, apesar de assumir diferentes estados (sólido, líquido e
gasoso)seria a arché, a substância primordial, a origem única de todas as coisas, presente em
tudo o que existe.
Como princípio vital, a água está contida em todos os seres, de tal maneira que tudo seria
animado por ela. Isso quer dizer que tudo teria alma ( psyché) e, ao mesmo tempo, tudo seria
também divino (cheio de deuses), pois não haveria separação entre o sagrado e o mundano. O
universo seria uno e homogêneo.
Tales pela primeira vez explica a multiplicidade da realidade de maneira sintética e simples,
empregando um elemento natural e concreto, visível para todos.
Era também a primeira concepção monista da filosofia, pois considera que tudo o que
existe pode ser reduzido a um princípio único ou realidade fundamental.
Anaximandro.
Outro filósofo de Mileto, Anaximandro (547-610 a.c), discípulo de Tales, procurou
aprofundar as concepções do mestre sobre a origem única de todas as coisas e resolver os
problemas que Tales lançava.
Ele buscou em meio aos diversos elementos observáveis e determinados no mundo natural -
especialmente os tradicionais pares de contrários que se “devoram entre si”(água, terra, ar e
fogo),- mas não lhe foi possível identificar entre eles o princípio único e primordial de todos
os seres.
Anaximandro pensou, então, que deveria haver alguma substância diferente, ilimitada, e
que dela nascem o céu e todos os mundos nele contidos. Foi assim que o filósofo chegou a
conclusão de que arché é algo que transcende os limites do observável, ou seja, que não se
situa em uma realidade ao alcance dos sentidos, como a água. Por isso, denominou-a ápeiron,
termo grego que significa “o indeterminado”, o “infinito” no tempo.
O ápeiron seria a “massa geradora” dos seres e do cosmo, contendo em si todos os
elementos opostos. Segundo sua explicação , por diversos processos naturais de diferenciação
entre contrários ( ex: frio e calor) e de evaporação teriam surgido o céu e a terra, bem como
os animais, em sucessão evolutiva que faz lembrar a bem posterior teoria da evolução das
espécies ( do século XIX).
O cosmos, para anaximandro, se manteria por compensações cíclicas entre os contrários
(as sucessivas estações do ano) até ser reabsorvido no ápeiron e recriado novamente a partir
deste. Isso significa que ele concebeu um cosmo dinâmico, mas limitado no tempo (que é
cíclico), e que tem sua origem e seu fim no ápeiron, o qual é o infinito.
Desse modo, temos certo retorno a algumas concepções relativas aos deuses primordiais
(ao caos mítico, por exemplo), porém sem voltar diretamente a eles e com maior grau de
observação conceitual e justificação lógica.

Anaxímenes (524-588 a.c) discípulo de Anaximandro. Ele concordava que a origem de todas
as coisas era o indeterminado, mas recusou-se a atribuir a essa indeterminação o caráter de
arché. Para Anaxímenes, a substância primordial não poderia ser um elemento situado fora
dos limites da observação e da experiência sensível, como o ápeiron de Anaximandro.
Em discordância com aspectos do pensamento dos dois mestres anteriores, mas buscando
uma síntese entre eles, Anaxímenes incorporou argumentos de ambos e propôs o ar como
princípio de todas as coisas: “como nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos,
assim também todo o cosmo sopro e ar o mantém.
Ele considerou o fato de que o ar, quase inobservável, é um elemento mais sutil que a
água, mas que ao mesmo tempo nos anima, nos dá vida, como testemunha a nossa
respiração. Infinito e ilimitado, penetrando todos os vazios do universo, o ar constituiria uma
arché menos indeterminada que o ápeiron. Também seria um princípio ativo, gerador de
movimento, como nos ventos.
Segundo Anaxímenes, pelos processos de rarefação e condensação se formariam os
outros elementos-que para os antigos eram a terra, água e o fogo, além do próprio ar-e, a
partir destes, todos demais. A Terra, seria o estado mais condensado (isto é , de menor
volume) do ar, enquanto o fogo seria o mais rarefeito (de maior volume). Nascido do ar e
movido por ele, o cosmos seria uma espécie de respiração gigante.
ILHA DE SAMOS (situada na costa jônica, não distante de Mileto)
Pitágoras (490-570 a.c)é um profundo estudioso da matemática. Para ele, a origem
está nos números.
Conta-se que, para chegar a tese, primeiro teria percebido que à harmonia dos acordes
musicais correspondiam certas proporções aritméticas. Supôs, então, que as mesmas relações
se encontrariam na natureza. Unindo essa suposição aos seus conhecimentos de
astronomia-com os quais podia, por exemplo, calcular antecipadamente o deslocamento dos
astros -, concebeu a ideia de um cosmos harmônico, regido por relações matemáticas.
Se para pitágoras “ tudo é número”, isso quer dizer que o princípio fundamental (arché)
seria a estrutura numérica, matemática, da realidade derivam problemas como finito e
infinito, par e ímpar, unidade e multiplicidade, reta curva, círculo e quadrado etc…
Observe que, com Pitágoras, pela primeira vez na história da filosofia ocidental se
introduzia, na explicação da realidade, um elemento mais formal, fundado na ordem e na
medida. (Um elemento formal é aquele que considera as relações entre os termos de uma
operação).
Há, portanto, um monismo em Pitágoras quando ele diz que tudo é número. No entanto
sua doutrina sobre a origem do mundo nos leva a pensar em uma concepção dualista da
realidade, pois afirma que o mundo surgiu de um ápeiron (o indeterminado) determinado pelo
limite-princípio este que instaura o múltiplo, mas mantém a unidade e a ordem universal. O
limite operaria como um deus ou seria o próprio Deus.
Apaixonados pela matemática, os pitagóricos aliaram aos números concepções não
apenas filosóficas, mas também místicas, desenvolvendo uma visão espiritual da existência.
Por isso, propuseram e praticaram um estilo de vida baseado na crença de que a alma é
prisioneira do corpo e que se libera com a morte. Poderia, então, reencarnar-se em uma forma
de existência mais elevada, dependendo do grau de crescimento e de virtude que a pessoa
tivesse alcançado. Assim, para os pitagóricos, o principal propósito da existência humana
seria o de purificar a alma e elevar suas virtudes.
As doutrinas pitagóricas tiveram grande influência sobre Platão e o platonismo.
Recordemos, por último, que se atribui a Pitágoras o uso da palavra filosofia pela primeira
vez.

CIDADE ÉFESO (Outra cidade jônica)

Heráclito de Éfeso (475-535 a.c) Observa que a realidade é dinâmica e que a vida está em
constante transformação. Mas, diferente dos milésios- que buscam na mudança aquilo que
permanece-,decidiu concentrar-se em sua reflexão sobre o que muda. Assim, o filósofo dizia
que tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser.
“Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sobre ti.”
Heráclito também observou, como seus predecessores, a atuação dos opostos na natureza
(frio e calor,seco e úmido etc...), mas radicalizou essa observação, conferindo papel essencial
ao conflito em sua cosmologia. Desenvolveu, assim, uma visão da realidade profundamente
agonística (relativo a luta), pois para ele o fluxo constante da vida impulsionado justamente
pela luta de forças contrárias: a ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a
construção e a destruição, a justiça e a injustiça, o racional e o irracional,etc…
Daí sua famosa afirmação de que “a luta é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas”. É
pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. Por essa razão, Héráclito
imaginou que, se deveria haver um elemento primordial da natureza, este teria que ser o fogo,
o governando o constante movimento dos seres com chamas vivas e eternas.
Em suas palavras:
“Este mundo, que é o mesmo para todos, nenhum dos deuses ou dos homens o fez; mas foi
sempre, é e será um fogo eternamente vivo, que se acende com medida e se apaga com
medida.”(pré-socráticos,p.XXVIII)
A medida desse acender e apagar do fogo seria determinada pelo logos-o pensamento, a
razão-, que para Heráclito era a criadora e unificadora da tensões opostas, a razão-discursiva
do filósofo: “É sábio escutar não a mim, mas a meu discurso”. Desta forma, ele resgata a
unidade, mas uma unidade descortinada pela mente atenta, desperta,em vigília.
Pela importância que deu ao movimento, a escola heraclitiniana de pensamento é
chamada de mobilista. Apesar de não ter sido muito bem visto entre seus contemporâneos e
estudiosos posteriores, Héraclito é considerado um dos mais destacados filósofos
pré-socráticos e o primeiro grande representante do pensamento dialético.
Pensador de Eléia
Parmênides (470-510 a.c) Entendia que o equívoco das pessoas e dos demais pensadores
eram conceder demasiada importância aos dados fornecidos pelos sentidos. Embora também
percebesse pela via sensorial a mudança e o movimento no mundo. Parmênides achava
contraditório buscar a essência (a arché) naquilo que não é essencial, buscar a permanência
naquilo que não permanece (a mudança, o movimento) ou supor que aquilo que é permanente
pudesse converter-se em algo impermanente.
Assim, Parmênides optou por escutar o que lhe dizia a razão – e não os sentidos, que o faziam
sentir a mudança – proclamou que existe o ser e não é concebível sua não existência. Em suas
palavras: “O ser é o não ser não é”. Tentemos compreender melhor essa frase:
O ser é – a primeira oração expressa a ideia de que o ser é eternamente, pois o ser constitui,
para ele, a substância permanente das coisas. Portanto, o ser é de maneira imutável e imóvel,
e é o único que existe. O ser é a arché de parmênides, não identificada com nenhum elemento
natural, sensível, mas, ao mesmo tempo, equivalente a toda corporeidade, com tudo o que
existe, pois o ser é uno, pleno, contínuo e absoluto;
O não ser não é – a segunda oração traz a ideia de que o não ser não é, não tem ser,
substância, essência. Portanto é nada, não existe. Essa é uma conclusão lógica, pois se o ser
se identificaria com a mudança (o devir),pois mudar é justamente não ser mais aquilo que era,
nem ser ainda algo que é.
Em vista dessa formulação, Parmênides é considerado o primeiro filósofo a expor o princípio
de identidade (A=A) e de não contradição (se A =A, é impossível, ao mesmo tempo e na
mesma relação A= não A).
Em seu poema filosófico “Sobre a natureza”, Parmênides expôs que dois caminhos para a
compreensão da realidade têm sido trilhados. O primeiro é o da verdade, da razão, da
essência. O segundo é o da opinião, da aparência enganosa, que ele considerava a via de
Heráclito.
Quando a realidade é pensada pelo caminho da aparência, tudo se confunde em movimento,
pluralidade e devir. De acordo com Parmênides, essa via precisaria ser evitada para não
termos concluído que “o ser e o não ser são e não são a mesma coisa, o que seria um
contrassenso, uma formulação ilógica.
Considera-se que foi a partir dessa discussão sobre os contrários, sobre o ser e o não ser, que
se iniciaram as reflexões da lógica e da ontologia, quando esses dois campos de investigação
filosófica, ainda estavam intimamente relacionados.

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