Vaidade

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“vaidade”

“O verdadeiro Òrìsá – nikise não escolhe o tecido bonito, o laço bem feito, a ferramenta
e a boa goma, jamais tenciona a fama, o exagero vaidoso, o balé viciado no pé de dança.
Orixá não faz vitrine e nem disputa modelos emplumados, Orixá trás a energia que
arrepia e emociona, confeccionado pelo pureza de seu encanto.

Em primeiro lugar vaidade na nossa língua portuguesa: Vaidade, segundo o


dicionário, é a qualidade daquilo que é vão (fútil, insignificante, que só existe na
fantasia, falso, ilusório e inútil), pode ser também um desejo imoderado de atrair a
admiração; presunção,auto reconhecimento.
A vaidade é definida, entre outras coisas, como o excessivo desejo por merecer a
admiração dos outros. Os dicionários dizem ainda que o vaidoso é presunçoso
(convencido), orgulho excessivo, arrogância e fútil (sem seriedade).

Quantas vezes nos deparamos com algumas pessoas sonhando com o Òrìsá - nikise
ricamente vestido, bailando no salão lotado, como vemos por ai , vaidade suprema sem
maldade que aflora e povoa os pensamentos de muitos .
Será que Òrìsá - nikise é pura vaidade ? Será que temos uma disputa interna dentro de
cada Ilé, ou dentro de nós mesmos ? o ilá ou ponto mais bonito, qual rosto mais se
modifica, quem recebe mais elogios dos visitantes e dos mais velhos ? Qual o médium
Melhor,o iniciado melhor, enfim ...
Uma Disputa de Egos , Vaidades que não leva a lugar nenhum .
É uma questão de foro intimo?

Para piorar, o médium ainda entra no terreiro querendo ser reconhecido, o outro tem de
acreditar na palavra dele, todos tem de gostar dele, ele tem que agradar.
Se não e reconhecido, fica deprimo, se isola-se e se vitimiza, todos tem de se retratar
com ele, ama-lo. E as atitudes dele?

Pura, Vaidade que não leva a lugar nenhum.

Esquece-se, que, quem tem de ser reconhecido é Òrìsá – nikise. O sagrado e não eles.
Será que estamos praticando religião ou campeonato de vaidade?

Olho pessoas ostentando seus belos fios de contas, os turbantes ,suas belas roupas , as
vozes se alteram e os gestos ficam mais largos, será isso mesmo ou eu viajo demais na
mente das pessoas?
Onde será que tudo isso irá nos levar ?
Passo olhando por todas essas coisas e quando vejo a humildade do Òrìsá, saindo do
fundo do barracão no fim do xire com os pés descalços, sinalizando a beleza com
humildade. E o médium não muda, não acorda, não ouve... Preciso decifrar isto ou ficou
claro ?

Não me cabe insinuar que Òrìsá – nikise não é beleza /riqueza. É Rico e não faz questão
de muitas coisas que vemos por aí, paramentas extravagantes, roupas mais que
luxuosas, egos inflados, língua afiada. Precisamos sim nos desvencilhar da vaidade
interior. Cuidar de nossas atitudes exacerbadas dentro do culto.

Vejo a geração de internautas ávidos por conhecimentos e com material disponível, um


leque vasto de informações sobre nosso culto sem ao menos procurar saber o que é certo
o que é errado , na busca desenfreada por sabedoria pulando etapas importantes dentro
de sua vida religiosa . Creio que o inicio de uma ‘iniciação’ passa pelo chamado "jardim
de infância", o tempo de aprender, ouvindo, se calando, varrendo, limpando, servindo,
aproveitando para observar a tradição de uma casa de Òrìsá – nikise, vigiando e
domando as nossas próprias vaidades.
Os momentos de silêncio são sublimes, poucos sabem aproveitar. Os ensinamentos
sobre vários assuntos, não tem o mesmo peso para muitas pessoas, enquanto uns querem
por que querem saber sobre as coisas e acabam se esquecendo da essência do próprio
Òrìsá – nikise.

Caboclo Cobra Coral – 08/10/2023

O aprendizado no Candomblé se dá exclusivamente pela vivência, participação em


seus rituais, e pelos ensinamentos passados. De um modo geral, as pessoas não
pedem para ingressar no candomblé: são convocadas. Em alguns casos, a mãe de
santo, ao jogar búzios, recebe a mensagem de que aquele indivíduo precisa participar
da religião. Porém o jeito mais comum desse recado ser dado é quando o cidadão
“bola no santo”.

SOU ABIAN.
O termo abian significa: “aquele que começa um novo caminho”. Ou seja, o abian é uma
pessoa que está começando um novo aprendizado, e uma nova vida espiritual. Esse é um
momento de suma importância, pois, é nesse período que aquele noviço ou recém
chegado tem contato com os já iniciados, passando a observar os vários comportamentos
e desempenhar também várias tarefas, sem exercer responsabilidades nos fundamentos
sigilosos da religião. Enquanto Abiã, a pessoa pode escolher se é realmente esse caminho
que deseja seguir em relação a religião, e esse período pode levar dias, meses e até
anos. Abian é toda pessoa que entra para a religião do Candomblé, depois de fazer uma
consulta com o sacerdote. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do orixá pedir a
iniciação. Só deixará de ser abian quando for iniciada, sendo então um yawo, ekede ou
ogã.

O Abian tem suas funções na casa relacionadas à limpeza e manutenção, salvo se for um
Abian antigo e de confiança poderá exercer outras funções designadas pelo sacerdote.
Essa fase é muito importante para se aprender vendo, ouvindo e observando. Lembre-se
que saber ouvir é a melhor maneira de aprender

A vivência no axé, a disciplina, a observação do comportamento dos mais velhos, ser


verdadeiro com seus sentimentos para com o Orixá, estar despojado de vaidades, e
entender que o mais importante não é fazer o santo, e sim saber o porquê de se iniciar
para o axé. Não há pressa para iniciação, pois Orixá entende e nos concede essa
oportunidade de aperfeiçoamento e adaptação, salvo as raras exceções. Ser um bom
Abian é estar se preparando para o futuro.

Tarefas e funções Yawo e abian

O Yawo ao chegar ao barracão, o procedimento correto é:


a) Amarrar um pano no peito (mulheres);
b) Ir direto para a cozinha beber um copo de água para esfriar o corpo da rua, sem fazer
paradas, não falar com ninguém para bater - papo e colocar a fofoca em dia;
e) Tomar a benção a TODOS os seus irmãos, sendo mais velhos e mais novos, de acordo
com a ordem iniciática.

O Yawo nunca fica de pé em frente ao Pai de Santo e sim agachado, com a cabeça baixa.
O Yawo nunca interrompe o Zelador quando estiver conversando com alguém.
Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa
ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem próximo a ele para dirigir
a palavra. Ai então disser AGÔ (Licença) e esperar ele dizer AGÔ YA. E de cabeça
baixa, falar com ele em tom de voz baixa.

O Yawo não deve passar pelo seu pai de santo com a cabeça erguida, e sim um pouco
curvado para frente.
O yawo só pode sentar em Apoti (Banquinho) mediante a autorização do seu Zelador.
(Somente raspados podem sentar em apoti)
yawo não deve impor seus desejos, nem mesmo entre os irmão de barco, seus desejos ou
vontades serão discutidos.
O yawo não deve faltar com educação e cortesia para com todos aqueles que nos batem a
porta, seja ele conhecido ou não.
O Yawo não deve tornar publico as coisas que delas participarem em caráter de segredo
na casa de santo.
O Yawo não deve menosprezar os outros e nem se colocar em falso pedestal de auto
suficiente, e sim ser humilde.
O YAWO nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no
barracão do alheio, deve-se sentar na mesma altura que o seu pai de santo.
Ele já passou por vários sacrifícios para estar sentado confortavelmente ali.
Você ainda está no meio do caminho
Yawo e abian não bebem nenhum líquido em copo de vidro dentro de seu barracão ou no
barracão do alheio. Deve-se esperar o bom e velho copinho de plástico ou então a
conhecida DILONGA, BAN ou CANEQUINHA DE ÁGHATA, como você preferir
chamar. Copo de vidro só quem tem direito é egbomi, ekede, ogan e zelador.

Terminou seu ajeum (comer)? Pegue seu pratinho e sua canequinha,e


lave.

Portanto, cada um deve se conscientizar e fazer a sua parte. Ficar


protelando, esperando que algum irmão de santo se encha da
bagunça e vá arrumar por você não tem cabimento. Cada um fazendo
um pouco fica mais fácil e rápido.

Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer e é servida


uma refeição, você sai atacando o ajeum na frente de seus
convidados? Acreditamos que não, né? Portanto, na casa de santo é
igual. Antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians
e yawos se servirem. Isso é mais que uma regra é etiqueta. E você
não vai querer ser um deselegante, não é? Lembre-se: Estão sempre
observando você..

Ficou cansado depois da festa? Nada de ir pegando sua bolsa e ir saindo de fininho. Lembre-se
da limpeza do barracão.

Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de ficar
fuxicaando e chamando de marmoteiro. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é. O
que pode parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo. Não é errado, é diferente de
sua casa. Além do mais,

comentários sempre são feitos depois. Vai que tem alguém conhecido escutando?

Ninguém tem mais ou menos santo que ninguém. Isso é regra. Sempre.

Respeito é bom e conserva os dentes. Portanto, deve-se pensar duas vezes antes de envolver
o pai de santo e irmãos mais velhos em determinadas brincadeiras de mau-gosto. Apelidos e
avacalhações são da porta do barracão pra fora.

Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa.


Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na realidade
pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não a ela própria. Portanto,todos devem trocar a
benção, mais velhos com mais novos e vice-versa.

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