000912723
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FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99006 – DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO
Matrícula: 00172081
Matrícula: 00172081
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
Àquele que me permitiu começar e terminar essa jornada, Deus, que com amor e
carinho me fortaleceu e me cercou de pessoas especiais que me ajudaram a passar pelos
momentos de dificuldades e de vitórias. Lembrando as palavras do salmista:
Por fim, agradeço à minha família que me apoiou durante toda essa caminhada, em
especial aos meus pais, Geraldo e Marina e a meu irmão Marcelo. Também agradeço a meu
professor orientador, Renar João Bender pelas dicas, sugestões e apoio.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................8
2. CRIAÇÃO DAS CEASAS DO BRASIL...............................................................................8
3. CEASA/RS..............................................................................................................................9
4. ESTUDO E IMPORTÂNCIA SOBRE O IMPOSTO ICMS................................................12
4.1 CRITÉRIOS QUE REGEM O CÁLCULO E DISTRIBUIÇÃO DO ICMS.................13
4.1.1 VARIÁVEIS UTILIZADAS NO CÁLCULO DO ICMS E FÓRMULAS............14
5. ATIVIDADES REALIZADAS.............................................................................................16
5.1 ESTUDO SOBRE ICMS................................................................................................17
5.2 COTAÇÃO.....................................................................................................................21
5.3 CONJUNTURA.............................................................................................................23
5.4 CONTROLE DE SALDO..............................................................................................24
5.4.1 DECLARAÇÃO DE PRODUÇÃO E INTENÇÃO DE CULTIVO......................24
5.5 TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS – GRAU BRIX........................................25
6. DISCUSSÃO........................................................................................................................27
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................28
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................30
1. INTRODUÇÃO
Este local foi escolhido para realização do estágio pela grande quantidade de produtos
comercializados, bem como para proporcionar experiências que complementam a formação
acadêmica. O Engenheiro Agrônomo pode atuar dentro de centros urbanos na comercialização e
análise de formação de preços.
Outro objetivo, além de demonstrar a importância da CEASA/RS na circulação e
distribuição de alimentos, foi o de elaborar uma forma de mensuração da participação da
CEASA/RS no retorno do ICMS para os municípios de origem de produtos alimentícios que são
comercializados no complexo.
A construção dos Centros de Abastecimento S/A (CEASAs) surgiu a partir década 70,
durante o governo militar. O objetivo era reduzir o comércio de rua, o que já causava transtornos ao
trânsito dos centros urbanos da época (Figuras 1 e 2), bem como modernizar as técnicas e
equipamentos utilizados no comércio.
8
3. CEASA/RS
A Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (CEASA/RS) teve suas obras iniciadas
em 1971, sendo concluída e com atividades de comercialização iniciadas em 25 setembro de 1973 e
inaugurada oficialmente em 8 março de 1974(ABRACEN, 2011), através da transferência do antigo
Mercado da Praia de Belas (Figuras 1 e 2) para o local atual (Figura 4). Durante todo o período dos
PNDs do governo militar apresentou excelente infra-estrutura, mão de obra qualificada e bem
treinada e uma das melhores tecnologias para a época.
Fonte: Setor Divisão Técnica, CEASA/RS Fonte: Setor Divisão Técnica, CEASA/RS
Segundo dados do site da CEASA/RS a área total é de 42 ha, 73.000 m² de área construída,
sendo 1 estacionamento com capacidade para 10.000 veículos, Centro de Utilidade Pública (CUP) o
qual possui excelente infra-estrutura como restaurantes, bancos, telecentros, escritório da
EMATER/RS além de posto médico e policial e vídeo monitoramento em todo o complexo (Figura
3).
9
Figura 3: Vista aérea da CEASA/RS
Para a atividade comercial, a CEASA conta com 10 pavilhões destinados aos atacadistas
totalizando 400 lojas, Galpão Não Permanente (GNP) com 994 módulos, Pavilhão da Melancia
(PM) com 5 estruturas, todas estas para comercialização. Também possui 15 galpões para depósito e
desdobramento, pavilhão dos carregadores autônomos com 800 vagas e uma central de lavagens de
caixas plásticas projetada para processar a limpeza de aproximadamente 600.000 caixas/dia (esta
não está em operação até o presente trabalho). A organização estrutural do complexo (setorização)
pode ser observada na Figura 4 abaixo.
10
Figura 4: Mapa da Setorização da CEASA/RS.
11
(leguminosas, hortaliças, frutas, pescados, carnes, cocos, castanhas, nozes e ovos) e dos dados
publicados pelo IBGE, conforme Tabela 2 abaixo:
Esta mesma lei, também determina que 25% seja repassado aos municípios, para que cada
um possa também direcionar seus investimentos para áreas de maior interesse e urgência. Esta lei
federal é considerada como uma definição geral sobre a cobrança deste imposto.
Cada Unidade da Federação possui sua legislação própria que rege os critérios de
distribuição desta parcela do ICMS aos municípios, de forma que cada um receba de acordo com o
que contribuiu para o desenvolvimento de todo o Estado. Isto significa que cada Estado pode
utilizar diferentes critérios para calcular o IPM (Índice de Participação dos Municípios).
12
No Rio Grande do Sul as disposições sobre o rateio dos valores distribuídos e seus
parâmetros são descritos na Lei nº 11.038 de 14 de novembro de 1997. Os dados utilizados na
fórmula de cálculo de ICMS para determinação do repasse aos municípios são a relação entre valor
adicionado, população, área, n° propriedades rurais, produtividade primária, relação inversa ao
valor adicionado fiscal "per capita" e pontuação no Projeto Parceria dos municípios com o Estado.
Cada variável possui pesos diferentes para efeito de cálculo conforme será abordado
posteriormente.
O ICMS é considerado um imposto seletivo pelo fato de atribuir diferentes alíquotas aos
produtos sujeitos à circulação e à prestação de serviços, sendo que os considerados de maior
utilidade ou necessidade por parte da população recebem menores taxas, como o caso dos alimentos
destinados à cesta básica que apresentam a taxa de 12%. O cálculo é feito de acordo com o valor
total da operação como circulação de mercadorias, preço de algum serviço de transporte e de
comunicação(Cruz & Roos, 2012).
O critério utilizado para a distribuição do ICMS aos municípios (rateio justo) é chamado
Índice de Participação dos Municípios (IPM) e é calculado conforme a Lei Complementar Nº 63, de
11 de janeiro de 1990 e Lei Estadual nº 11.038 de 14 de novembro de 1997. Considera a
participação econômica, sendo que municípios que geram mais riqueza ao Estado, ou seja,
contribuíram mais ao desenvolvimento Regional, apresentam maiores retornos de ICMS.
O IPM para o Estado do Rio Grande do Sul é calculado a partir de parâmetros fornecidos
por Órgãos Oficiais, conforme disposto na Lei nº 11.038, acima mencionada. Abaixo Tabela 3
informando o peso de cada variável utilizada no cálculo:
Tabela 3: Pesos das variáveis no cálculo do IPM para o Estado do Rio Grande do Sul.
Parâmetro Peso (%)
Valor Adicionado (VA) 75
Área (A) 7
População (P) 7
Número de propriedades rurais 5
Produtividade primária 3,5
Relação inversa ao valor adicionado fiscal "per capita" 2
Pontuação no Projeto Parceria 0,5
Fonte: Site da SEFAZ/RS
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4.1.1 VARIÁVEIS UTILIZADAS NO CÁLCULO DO ICMS E FÓRMULAS
VALOR ADICIONADO
É calculado com base na relação entre o valor adicionado nas operações relativas à
circulação de mercadorias e nas prestações de serviços realizadas em cada município e o valor
adicionado total no Estado.
Para o cálculo é feito o somatório do valor das mercadorias que saíram do município com o
valor das prestações de serviços descontando-se o valor das mercadorias de entrada (o mesmo
cálculo para o VA do Estado).
Segundo SANTOS (2003), o VA da fórmula serve como recompensador aos municípios que
geram riqueza, enquanto as outras variáveis da fórmula servem para equalizar a distribuição do
ICMS. Logo, municípios que não obtiveram grande VA acabam recebendo um acréscimo no ICMS
retornado, enquanto os que apresentaram grande VA recebem uma pequena redução. Isto tem o
objetivo de servir, por exemplo, como uma forma de investimento à região sul do Estado do RS,
que recebe poucos recursos pelo pequeno VA, mas recebe aumento no IPM tendo em vista a grande
área de alguns desses municípios.
Fórmula:
VA = (((Valor comercializado fora município + prestação serviços) – (Valor comercializado para dentro município)) / (VA do Estado) x 75%)
ÁREA
Calculada pela relação entre a área do município e a área do Estado em km². Existem alguns
detalhes sobre diferentes pesos como áreas de preservação ambiental, terras indígenas e inundadas
por barragens, o que não interferirá neste presente trabalho. Estes dados são disponibilizados pela
Divisão de Geografia e Cartografia da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio.
Fórmula:
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Área = (Área do município/Área do Estado) x 7%
POPULAÇÃO
Fórmula:
Fórmula:
PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA
Fórmula:
Fórmula:
15
PONTUAÇÃO PROJETO PARCERIA
Fórmula:
Projeto parceria = (Pontuação do programa PIT município / (Pontuação do programa PIT Estado) x 0,5%
FÓRMULA SIMPLIFICADA
IPM = (VA x 75%) + (Área x 7%) + (População x 7%) + (N° Produtores x 5%) + (Prod. Primária x 3,5%) + ((VA/capita) x 2%) + (Projeto Parceria x 0,5%)
5. ATIVIDADES REALIZADAS
O setor de trabalho deste estágio foi o Setor de Análise e Informações, o qual utiliza os
dados digitados das notas fiscais após a entrada de um veículo com carga no complexo pelo Setor
de Digitação e Conferência.
Todos os dados que são transmitidos para o sistema informatizado da CEASA são usados
para algum tipo de análise estatística, sendo alguns de utilização interna e outros divulgados no site
da CEASA bem como enviados ao sistema PROHORT, conforme abaixo:
- Evolução da Comercialização;
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- Evolução das Quantidades e Preços Médios;
- Perfil comportamental dos 15 principais produtos (de 2001 até o presente trabalho)
- Conjuntura;
É possível fazer uma estimativa sobre o volume total de ICMS gerado pela CEASA aos
municípios multiplicando-se a quantidade em kg total vendida pelo preço médio dos produtos e pela
alíquota básica para alimentos (12%), os quais são componentes da cesta básica.
Porém, esta forma de cálculo torna todas as informações muito gerais e não considera as
diferenças de cobrança de impostos sobre cada tipo de alimento comercializado na CEASA. Logo,
para uma correta avaliação da contribuição de cada produto ou município é necessário definir a sua
participação no IPM dos municípios e ICMS que retornaram ao município, não apenas o ICMS
gerado na CEASA.
Fórmula simplificada
IPM = (VA x 75%) + (Área x 7%) + (População x 7%) + (N° Produtores x 5%) + (Prod. Primária x 3,5%) + ((VA/cap) x 2%) + (Projeto Parceria x 0,5%)
Para o cálculo, os dados são transmitidos pelas prefeituras, pessoas jurídicas, IBGE, INCRA
entre outros são enviados à SEFAZ/RS que é responsável pelo processamento das informações de
retorno de ICMS aos municípios.
17
de ICMS.
Todavia, mediante a utilização desta fórmula sobre o cálculo de IPM e de alguns dados
divulgados no site da Secretaria da Fazenda, pode-se calcular apenas a participação da CEASA/RS
através da variável Valor Adicionado (VA), a qual possui um peso de 75% do total do IPM.
Podemos detalhar essa variável separando a participação da CEASA e temos a seguinte fórmula:
Variável:
VA = (((Valor comercializado fora município + prestação serviços) – (Valor comercializado p/ dentro município)) / (VA do Estado) x 75%)
Detalhamento:
VA = (((VA CEASA + VA Outros comercializados fora município + prestação serviços) – (VA p/ dentro município)) / VA do Estado) x 75%
Sendo:
Existem municípios que dependem grandemente dos recursos gerados pela comercialização
de seus produtos hortigranjeiros, tanto nos volumes diretos dos produtos como na arrecadação de
impostos, transporte entre outros pelo fato de serem quase que exclusivamente agrícolas. Este fato
valoriza a importância da CEASA/RS, pois é responsável por abastecer 38% da demanda alimentar
do Estado, conforme já abordado.
Assim foi criada uma base de cálculos que poderá ser utilizada pela CEASA como fonte de
dados para a instituições de ensino e pesquisa, para estatísticas internas, bem como servir de
argumentação para maiores investimentos por parte do governo estadual e municipal que dela se
beneficiam.
Para a realização dos cálculos foi elaborada uma planilha de cálculo digital nos softwares
Office e LibreOffice, utilizando como base o dado de ICMS Total retornado por município, Valor
Adicionado total do Estado, IPM dos municípios, Valor Adicionado CEASA (VAC). A partir destes
18
foram calculados o IPM CEASA (IPMC) e ICMS CEASA (ICMSC), com as respectivas siglas
propostas entre parênteses.
O ano utilizado para estudo foi 2011, pelo fato de que nem todos os dados utilizados no
cálculo do IPM CEASA e ICMS CEASA estavam disponíveis no site da SEFAZ/RS para o ano de
2012, provavelmente por ainda estarem sendo processados e divulgados em 2013 no momento da
realização deste trabalho.
A Tabela 4 abaixo está em ordem de participação dos quinze municípios que mais dependem
do imposto gerado na CEASA/RS, onde pode-se observar que o município de maior dependência é
Dom Pedro de Alcântara, apresentando mais de 10 % de sua arrecadação de ICMS originário do
complexo, com valor acima de 100.000,00 R$.
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Considerando os dados sobre a Produção Agrícola Municipal, IBGE (2011), é possível
observar que o foco agrícola de Dom Pedro de Alcântara é a produção de bananas, com uma área de
750 hectares, seguido por arroz com 227 ha, com participação de culturas menores que não
ultrapassam 25 ha individualmente, como amendoim, mandioca, cana-de-açúcar, feijão entre outras.
Também pelo fato do produto de maior comercialização na CEASA/RS por este município
ser a banana, fica evidente a dependência financeira do município, do ponto de vista agrícola para
duas grandes culturas. É visível também a importância desta Central de Abastecimento no
escoamento das mercadorias e geração de recursos e impostos a Dom Pedro de Alcântara.
A Tabela 5 abaixo está em ordem de volume retornado ao município (quinze municípios que
mais recebem retorno do imposto pelo complexo), sendo que Caxias do Sul chega próximo a
1.000.000,00 R$. Embora esta cidade receba mais de 200 milhões de reais de ICMS retornado total,
este valor originário desta Central de Abastecimento é um importante recurso para investimentos ao
município.
Tabela 5: Demonstrativo dos 15 municípios de maior retorno de ICMS pela CEASA/RS.
MUNICÍPIO IPM IPM CEASA ICMS Total (R$) ICMS CEASA(R$) % CEASA
20
Ao analisar essas informações é necessário considerar que nem todos os produtos agrícolas
de um município são comercializados na CEASA/RS. Caxias do Sul por exemplo destina grande
parte de sua produção vitícola à produção de vinhos, pêssego, pera, entre outros, os quais são
comercializados em outros locais além do complexo.
Também é necessário observar que esta é uma cidade com grande representação de
indústrias e serviços à sua economia, porém não diminuindo a importância da agricultura no
desenvolvimento da região.
Outro exemplo é Porto Alegre, que recebe de 11 % a 12 % do ICMS total distribuído aos
municípios, sendo a capital do Estado e centralizando a distribuição de riquezas, e por depender
economicamente do setor de serviços e indústrias. Neste caso a CEASA/RS apresentou pequena
representação no retorno de ICMS, porém deve-se levar em conta que grande parte das zonas
agrícolas do município comercializa em feiras na cidade e em pequenos mercados.
Assim, a determinação da variável IPM CEASA e ICMS CEASA permite uma série de
estudos além dos que foram abordados neste trabalho, como avaliação de um município específico
ao longo do tempo. Também é possível analisar a ampliação ou redução de produção, de culturas e
de área em diferentes anos, porém inicialmente estas informações corroboram a importância deste
complexo como gerador e distribuidor de renda.
5.2 COTAÇÃO
O boletim diário de preços no atacado (cotação) consiste de um serviço prestado pelo setor,
onde é feita pesquisa de preço junto a todos os tipos de comerciantes da CEASA(atacadistas e
produtores), análise e armazenamento dos valores utilizados na compra/venda dos produtos. É
realizada coleta dos preços mais baixo, mais alto e o mais comum e estes são lançados no sistema
interno conforme Figura 5. A cotação é divulgada no site da CEASA/RS (Figura 6) e é utilizada por
todos os grupos que compõem a sociedade como:
- Empresas de licitação, com o objetivo de enquadrar seus projetos da forma mais econômica para a
distribuição de alimentos para escolas, presídios etc;
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vendendo abaixo ou acima dos preços dos concorrentes;
- Vendedores pertencentes a grupos de vizinhança, para fiscalizar os preços de venda dos seus
produtos quando a comercialização é feita por um parceiro do grupo;
- PROHORT, responsável por alimentar seu banco de dados e gerar um histórico de todas as
CEASAs do Brasil; através dos dados econômicos gerados determina os investimentos feitos a todo
o setor de comércio hortícola;
- ICMS, o repasse aos municípios é baseado no preço mais comum dos produtos. Importante forma
de arrecadação para alguns locais, principalmente os intimamente ligados a agricultura, pouco
industrializados e com pequena representação do setor de serviços em sua arrecadação.
22
Figura 6: Informação de cotação de produtos, disponíveis no site da CEASA/RS.
Um fato interessante é que a CEASA/RS não comercializa nem estabelece os preços das
mercadorias, ou seja, toda a flutuação dos valores monetários é estabelecida e regulada pela oferta e
demanda do mercado, aumento ou redução de safra, maior ou menor procura dos compradores e a
própria concorrência entre os vendedores.
Isto têm o objetivo de proporcionar o menor preço ao comprador, porém mantendo um preço
justo que permita lucro ao comerciante, sendo portanto a formação do preço uma interação
complexa dos fatores de comercialização independentemente da atuação da CEASA/RS.
5.3 CONJUNTURA
Quando algum produto apresenta essa variação é feita uma análise conjuntural para explicar
o motivo desta diferença (conjunto de fatores que podem acarretar a mudança de preço). Alguns
exemplos são períodos de seca ou altas temperaturas reduzindo a qualidade e disponibilidade de um
23
alimento, aumentando seu preço, ou a diminuição de venda de produtos que são produzidos no Rio
Grande do Sul e comercializadas em outros Estados, acarretando queda do preço em nosso Estado.
Também quando o setor recebe alguma notícia de problemas climáticos (chuva em excesso,
granizo, seca, geada, quebras de safra ou de safras acima do esperado) é feito um levantamento
junto aos comerciantes do GNP sobre estragos, boas colheitas e possibilidade de aumento ou
redução nos preços para os próximos dias.
Este tipo de serviço tem o objetivo de orientar a sociedade e cientistas econômicos sobre as
variações nos produtos de consumo pela população, estabelecer histórico nos preços e suas
variações ao longo do tempo além de apontar indiretamente problemas climáticos e deficiências
produtivas do setor hortícola.
Quando constata-se que um produtor vendeu maior quantidade de produtos (dados da nota
fiscal) que a produção informada no parecer técnico da Intenção de Cultivo, é realizada uma análise
para saber o motivo do ocorrido. Alguns problemas que podem ocorrer são mal preenchimento da
nota fiscal, da declaração de cultivo, safra melhor que esperada ou compra indevida de produtos de
fonte externa à lavoura do comerciante para comercialização dentro do GNP. Podem ser agendadas
visitas técnicas às áreas cultivadas e multas podem ser aplicadas quando for constatada alguma
irregularidade.
A Declaração de Produção e Intenção de Cultivo é uma ficha que deve ser preenchida pela
Emater (preferencialmente) ou outro responsável técnico e deve constar dos dados do produtor,
24
como localização, área de sua propriedade, dos tipos de produtos que serão cultivados, variedade,
tipo de cultivo bem como expectativa de produção e rendimento em kg/ha. Para isto a lavoura deve
ser inspecionada antes da colheita pela entidade técnica responsável e a produção é então estimada.
Este documento é assinado pelo produtor, o qual autoriza a visita pelos técnicos da CEASA
em sua área cultivada em caso de necessidade, Emater ou responsável técnico e Sindicato Rural ao
qual o produtor pertence.
25
Figura 7: Uso do refratômetro para determinação do Teor de Sólidos Totais em quivi.
26
6. DISCUSSÃO
Estas informações acabam sendo subutilizadas, quando poderiam ser úteis para analisar a
migração de culturas em diferentes regiões do Estado, avaliação da flutuação dos preços ao longo
dos meses (safra e entressafra) e anos, aumento de produtividade devido ao avanço do
conhecimento sobre tratos culturais, maquinário que ocorreram nos últimos anos no país entre
outros.
27
Estas informações históricas da CEASA/RS poderiam no mínimo ser utilizadas como
indicadoras das mudanças que ocorreram na agricultura ao longo dos anos, e portanto servir para
realização de projeções futuras em novas políticas públicas voltadas para o meio rural.
Este banco de dados também poderia ser utilizado conjuntamente com os dados de outras
instituições como EMATER, Secretaria da Agricultura (estadual e municipal) e prefeituras para
elaboração de políticas públicas com foco nas áreas de maior interesse e urgência dos produtores e
do meio rural.
Do ponto de vista do ICMS, se considerarmos que os recursos arrecadados devem ser
aplicados em infraestrutura (como estradas, energia, educação, saúde entre outros), fica evidente a
falta de valorização do meio rural por parte dos órgãos públicos.
Nesse aspecto observa-se falta de estradas asfaltadas e acesso à internet, água e ensino de
baixa qualidade, bem como investimentos precários em saúde, cultura e saneamento entre outros.
Estes fatores se mais valorizados pelos órgãos públicos no meio rural, acarretariam maior qualidade
de vida da população, e manteriam essas populações no campo, produzindo alimentos e outros
serviços.
No ano de 2011, o Estado do RS isentou o pagamento de ICMS da agricultura familiar
participante do Programa de Alimentação Escolar. Este é um exemplo de estímulo à agricultura,
embora ainda seja uma medida aquém do que seria considerada investimento (afinal é apenas a
isenção do imposto).
Mais especificamente, analisando o potencial do ICMS como estimulador das atividades
agropecuárias, observa-se a carência de assistência técnica e de divulgação das políticas já
existentes (como crédito facilitado, distribuição de adubos, calcário, sementes entre outros pelas
prefeituras), ou seja, mesmo quando há o interesse em incentivar esse setor da economia há falta
recursos humanos e de informação, e consequentemente pouca adesão pelos agricultores.
Os investimentos no setor agrícola deveriam ser proporcionais à sua participação no ICMS e
PIB (regional e nacional). Pensando-se no IPM, seria interessante analisar a criação de um “IPM
municipal” (como critério de distribuição dentro do município), permitindo maior aporte de
recursos à agricultura.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
28
técnico como base para seu diálogo com os funcionários da CEASA/RS e clientes, garantindo o
bom funcionamento das atividades desta Central de Abastecimento.
A tabela de cálculo sobre a contribuição de ICMS da CEASA para os municípios pode ser
utilizada para alimentar e subsidiar medidas de apoio ao complexo, é também uma rica fonte de
dados para instituições públicas, privadas e de pesquisa. Pode-se fazer com que no futuro parte
desse ICMS gerado fique na própria CEASA/RS para financiar e manter parte de suas atividades.
Por fim, todo o aprendizado sobre a dinâmica de mercado se tornou uma vivência prática
daquilo que foi adquirido ao longo do curso de Agronomia. Para a formação do Engenheiro
Agrônomo é um importante local de trabalho e carente desta importante profissão, a qual é
qualificada para desenvolver as atividades de fiscalização e análise dos dados gerados por esta
Central de Abastecimento.
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRACEN. Manual Operacional das CEASAS do Brasil. AD2 Editora. 239p. Belo Horizonte,
MG, 2011.
BRASIL. Lei Complementar Nº 63.11 de janeiro de 1990. Dispõe sobre critérios e prazos de
crédito das parcelas do produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e de
transferências por estes recebidas, pertencentes aos Municípios, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, p. 873, Brasília, DF. 12 de janeiro de 1990.
CRUZ, Verônica Rosa Lucion da; ROOS, Cristiane Augusta. ICMS e o Simples Nacional - O
Reflexo do Recolhimento de Diferencial de Aliquotas nas Empresas Optantes pelo Simples
Nacional. Revista Eletrônica de Contabilidade, Santa Maria, RS, v. 6, n.1, p 56-67 jan-jun, 2012.
NETO, Alfredo Meneghetti. Os Desafios das Finanças Públicas Gaúchas. PUCRS, Programa de
Pós-Graduação em Economia. Porto Alegre/RS, abril de 2012.
RIO GRANDE DO SUL. Lei nº 11.038 de 14 de novembro de 1997. Dispõe sobre a parcela do
produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)
30
pertencente aos municípios. Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS 14
nov. 1997.
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