DF Mootcourt 2023

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PORTO

MOOT COURT DE DIREITOS FUNDAMENTAIS


Mark Florenz contra Zemlândia

Ana Luísa Avides Moreira Moura e Sá


Mariana Barbosa Dias Gaspar

Faculdade de Direito | Escola do Porto 2023


Dezembro de 2023
Introdução e Contextualização

No dia 1 de setembro de 2023, Mark apresentou um pedido ao Tribunal Europeu dos


Direitos Humanos contra o estado Zemlandês, alegando a violação do seu direito à
liberdade de expressão (artigo n.º 10 da CEDH) e da proibição de discriminação presente
no artigo 14º da convenção, tendo em conta o artigo n.º 10.

Primeiramente, é necessário analisar se a queixa apresentada ao TEDH é ou não


admissível. Nos termos do artigo 34º CEDH, o Tribunal pode receber petições de qualquer
pessoa singular, assim, Mark Florenz intentou uma queixa contra o Estado Zemlandês,
que é um Estado-Membro do Conselho da Europa que ratificou todos os principais
tratados do Conselho da Europa e das Nações Unidas em matérias de direitos humanos,
tal como todos os protocolos adicionais á convenção. No entanto, de acordo com o artigo
n.º 36 da CEDH e o artigo n. º44 n. º3 do regulamento do TEDH, o presidente do Tribunal
pode convidar qualquer outra pessoa interessada que não o autor da petição a apresentar
observações escritas. Deste modo, como tal não se sucedeu, a junção do grupo de
estudantes à queixa apresentada por Mark não é válida.

Nos termos do artigo 35 nº1 CEDH, juntamente com o Protocolo 15, o primeiro requisito
de admissibilidade que uma queixa ao TEDH deve apresentar é o esgotamento de todas
as vias de recurso. Mark intentou ao Tribunal de Zerapolis uma ação por difamação contra
a Universidade, alegando a violação do seu direito à liberdade de expressão, tal como,
discriminação contra ele, pelo facto de expressar as suas opiniões (9 janeiro de 2023). O
tribunal recusou o pedido fazendo-o pedir recurso a 29 de janeiro de 2023. O Tribunal
Regional (12 de abril de 2023) deferiu o pedido de indemnização do requerente, contudo,
o Supremo Tribunal no dia 14 de julho anulou a sentença do Tribunal Regional
(Universidade intentou recurso em 30 de abril de 2023) e considerou que Mark não foi
objeto de qualquer tipo de discriminização.

Os prazos para intentar recurso foram respeitados e as decisões do Supremo Tribunal são
definitivas e não são suscetíveis de recurso. Por outro lado, o prazo do artigo 35ºnº1
também foi respeitado, visto que Mark intentou a queixa ao TEDH no dia 1 setembro de
2023 e a data da decisão interna definitiva foi no dia 14 de julho de 2023.

Nos termos do artigo 35º, nº2 CEDH, o tribunal não conhecera qualquer petição
individual formulada em aplicação do disposto no artigo 34ºCEDH, se tal petição for
anónima, o que não se sucede, pois, foi Mark quem a apresentou. É também exigido que

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a petição não seja idêntica a uma anterior já examinada pelo tribunal ou já submetida a
outra instância internacional de inquérito ou de decisão e não contiver factos novos.

A petição é admissível uma vez que não se preenche nenhum dos requisitos de
inadmissibilidade do artigo 35º nº3: a petição é compatível com o disposto na Convenção,
não é manifestamente mal fundamentada ou com caracter abusivo e Mark sofreu prejuízos
significativos na sua reputação.

O Tribunal (artigo 23º CEDH) interpreta a convenção à luz do princípio fair balance entre
o interesse geral da comunidade e a proteção dos direitos fundamentais individuais.

Mark alega que os seus direitos consagrados no artigo nº 10 da CEDH e no artigo nº 14


da CEDH conjugado com o artigo nº10 da CEDH foram violados.

Liberdade de expressão

O artigo nº10 nº1 da Convenção refere que o direito à liberdade de expressão é garantido
a qualquer um “sem que possa haver ingerência de quaisquer autoridades publicas e sem
considerações de fronteiras”. No mesmo artigo, o nº2 prescreve que “o exercício desta
liberdade (…) pode ser submetido a certas formalidades, condições, restrições ou
sanções.” O direito à liberdade de expressão não é um direito ilimitado ou absoluto,
contudo, a restrição tem de ter um fundamento sério e razoável no caso concreto.

O cancelamento das palestras não é aceitável, uma vez que o reitor tem responsabilidade
total nos conflitos que surgiram entre os alunos, já que agiu em nome da universidade a
estabelecer um contrato com Florenz. A universidade tinha o dever de manter a ordem
pública e de promover que ambos os grupos expressassem as suas opiniões pacificamente.
A responsabilidade não é de Mark, sendo que o mesmo não deve ser prejudicado pela
falta de medidas atempadas para evitar a violência.

O reitor declarou que a presença de Florenz era suscetível de incitar a mais violência, no
entanto, o argumento utilizado pelo reitor não garante o cumprimento de um ambiente de
ordem na Universidade, uma vez que o reitor ao restringir a liberdade de expressão de
Mark está apenas a satisfazer uma parte dos alunos. Da mesma forma que poderia ocorrer
um conflito nas palestras, também pode ocorrer uma revolta por parte dos apoiantes de
Mark pelo cancelamento das apresentações.

A medida do reitor não está de acordo com o princípio da proporcionalidade, porque não
é necessária nem adequada. Na verdade, existem outras medidas que poderiam ter sido
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aplicadas, como por exemplo: a presença de seguranças nas palestras e a possibilidade de
deixar ao critério dos alunos se marcam ou não presença nas apresentações de Mark.

Proibição da Discriminação

Neste presente caso, o artigo nº 14 da CEDH está conjugado com o artigo nº 10 da CEDH.
Cada pessoa tem o direito e liberdade de exprimir as suas opiniões políticas ou outras,
sem qualquer distinção/discriminação. O artigo nº 25 da Constituição da Zemlândia
estipula que a arte e a ciência, a investigação e o ensino são livres e que o seu
desenvolvimento são uma obrigação do Estado.

Após o anúncio que Mark ia discursar na Universidade, alguns alunos mostraram-se


descontentes, levando o reitor a fazer um discurso de encorajador para os alunos
refletirem criticamente sobre os discursos de Florenz, com um espírito científico. Além
disso, o diretor não quis retirar o convite, porque considerava que a liberdade académica
e a liberdade de expressão tinham um lugar histórico na universidade. Assim, entende-se
que o diretor, inicialmente, estava de acordo com o artigo nº 25 da Constituição da
Zemlândia.

No seguimento do conflito entre os alunos, o reitor cancelou as palestras de Mark numa


declaração pública partilhada no site da Universidade, invocando a necessidade de
proteger a saúde, a vida e a moral dos estudantes, bem como a reputação e os bens da
Universidade. Além disso, o reitor afirmou, ainda, que as opiniões do requerente eram
discriminatórias, baseadas no ódio e não apoiadas pela ciência.

Este discurso, além de ser discriminatório, é controverso ao seu discurso inicial, podendo
ser desconsiderado, na medida em que, o reitor quando convidou Mark, já estava ciente
sobre os temas polémicos que Florenz apresentava nos seus discursos. A imagem de
Florenz ficou denigrida, na situação presente, afetando a sua reputação, causando danos
na sua carreira profissional.

Conclusão

Aquilo que pretendemos para Florenz é uma indeminização pelos danos não pecuniários
sofridos, devido a violação do princípio da liberdade de expressão e da proibição da
discriminação, que causaram humilhação, stress, a perda de rendimento de duas
conferências, a imagem profissional denegrida e danos futuros na sua vida profissional.

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