Protocolo Pré Natal
Protocolo Pré Natal
Protocolo Pré Natal
Ribeirão Preto
Dezembro/2022
SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE
Departamento de Planejamento em Saúde
Coordenadoria de Assistência Integral à Saúde da Mulher
Ribeirão Preto
Dezembro/2022
© 2022 Secretaria Municipal da Saúde
Todos os direitos reservados são permitidos a reprodução parcial ou total desta obra, desde
que citada à fonte e que não tenha fins comerciais. Venda proibida. A responsabilidade pelos
direitos autorais de textos e imagens desta obra é da equipe responsável pela
autoria/elaboração, da Coordenadoria de Assistência Integral à Saúde da Mulher (CAISM),
Gabinete do Secretário da Saúde e Departamento de Planejamento em Saúde. O documento
poderá ser acessado na íntegra pelo site da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto no link:
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/dps/caism
Autoria/Elaboração
Amanda Agostinho
Estagiária do Curso de Graduação em Enfermagem – EERP
Apreciação/revisão
Versões anteriores
Autoria/Elaboração
Coordenadora do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
Dra. Suzi Volpato Fábio
Equipe Técnica
Enfª Fátima Aparecida De Bonifácio Heck - Equipe Técnica
Enfª Rita de Cássia Canesin D. Costa – Equipe Técnica
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma geral: diabetes na gestação. Ribeirão Preto, São Paulo, 2022. ............ 65
Figura 2 – Fluxograma Diabetes Mellitus Gestacional . Ribeirão Preto, São Paulo, 2022. .... 66
Figura 3 – Fluxograma Diabetes Mellitus prévio e/ou diagnosticado na gestação. Ribeirão
Preto, São Paulo, 2022.............................................................................................................. 67
Figura 4 – Fluxograma Manejo de condições clínicas da tireoide. Ribeirão Preto, São
Paulo.2022. ............................................................................................................................... 77
Figura 5 – Fluxograma Manejo de condições clínicas da tireoide: hipertireoidismo. Ribeirão
Preto, São Paulo. 2022.............................................................................................................. 79
Figura 6 – Fluxograma Diagnóstico de Hepatite B em gestante. Ribeirão Preto, São Paulo.
2022. ......................................................................................................................................... 87
Figura 7 – Fluxograma Diagnóstico de Hepatite B em parceiro gestante. Ribeirão Preto, São
Paulo. 2022. .............................................................................................................................. 88
Figura 8 – Fluxograma Diagnóstico para hepatite C em gestante. Ribeirão Preto, São Paulo.
2022. ......................................................................................................................................... 90
Figura 9 - Fluxograma Diagnóstico para hepatite C em parceiro de gestante. Ribeirão Preto,
São Paulo. 2022. ....................................................................................................................... 91
Figura 10 – Fluxograma: Manejo de sífilis em gestante com Teste Rápido Reagente. Ribeirão
Preto, São Paulo. 2022............................................................................................................ 966
Figura 11 – Fluxograma Manejo de sífilis em gestante com Teste Rápido Não Reagente.
Ribeirão Preto, São Paulo. 2022. .............................................................................................. 97
Figura 12 – Fluxograma Manejo de sífilis em parceiro de gestante – parceiro presente na
primeira consulta da gestante. Ribeirão Preto, São Paulo, 2022. ............................................. 98
Figura 13 – Fluxograma Manejo de sífilis em parceiro de gestante – parceiro ausente na
primeira consulta da gestante. Ribeirão Preto, São Paulo, 2022. ........................................... 989
Figura 14 – Fluxograma Diagnóstico de HIV em gestante. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
................................................................................................................................................ 101
Figura 15 – Fluxograma Diagnóstico de HIV em parceiro de gestante. Ribeirão Preto, São
Paulo. 2022. ............................................................................................................................ 102
LISTA DE QUADROS
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 12
1. O PAPEL DA EQUIPE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO PRÉ-NATAL E
SUAS ATRIBUIÇÕES ...................................................................................................... 13
1.1 ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DOS PROFISSIONAIS...................................... 14
1.1.1 Auxiliar Administrativo (Recepção) ............................................................................. 14
1.1.2 Agente Comunitário de Saúde ...................................................................................... 14
1.1.3 Auxiliar/Técnico(a) de enfermagem ............................................................................. 15
1.1.4 Enfermeiro .................................................................................................................... 16
1.1.5 Médico .......................................................................................................................... 17
1.1.6 Atribuições comuns ao médico e enfermeiro ............................................................... 18
1.1.7 Atribuições comuns da Equipe de Saúde Bucal (Cirurgião Dentista, Auxiliar de Saúde
Bucal e Técnico de Higiene Dental) ......................................................................................... 19
1.1.8 Cirurgião Dentista ......................................................................................................... 19
1.1.9 Técnico de Higiene Dental (THD)................................................................................ 20
2 DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ ................................................................................... 21
3 SEGUIMENTO DE PRÉ-NATAL ................................................................................... 24
4 EXAMES DE PRÉ-NATAL ............................................................................................. 35
4.1 TIPAGEM SANGUÍNEA / FATOR RH E COOMBS INDIRETO ...................... 37
4.2 HEMOGRAMA .......................................................................................................... 40
4.3 ELETROFORESE DE HEMOGLOBINA............................................................... 41
4.4 GLICEMIA ................................................................................................................. 42
4.5 URINA E UROCULTURA ........................................................................................ 44
4.6 PARASITOLÓGICO DE FEZES ............................................................................. 46
4.7 TOXOPLASMOSE..................................................................................................... 46
4.8 TSH .............................................................................................................................. 50
4.9 COLETA DE CITOLOGIA NA GESTAÇÃO ........................................................ 51
5 ENCAMINHAMENTO AO AMBULATÓRIO DE GRAVIDEZ DE RISCO
INTERMEDIÁRIO ........................................................................................................... 53
6 ENCAMINHAMENTO AO AMBULATÓRIO DE GRAVIDEZ DE ALTO RISCO . 55
7 PRINCIPAIS PATOLOGIAS NA GESTAÇÃO ..................................................... 58
7.1 DIABETES MELLITUS ............................................................................................ 58
7.1.1 Tratamento não farmacológico ..................................................................................... 60
7.1.2 Seguimento das pacientes diabéticas ............................................................................ 61
7.1.3 Tratamento medicamentoso .......................................................................................... 63
7.1.4 Cuidados no puerpério .................................................................................................. 63
7.2 SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO .............................................. 67
7.2.1 Hipertensão Arterial Crônica (HAC) ............................................................................ 68
7.2.2 Hipertensão Arterial Gestacional .................................................................................. 69
7.2.3 Pré-Eclâmpsia ............................................................................................................... 69
7.2.4 Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica .............................................. 70
7.2.5 Seguimento materno e fetal .......................................................................................... 70
7.2.6 Tratamento medicamentoso .......................................................................................... 71
7.2.7 Manejo das urgências hipertensivas, pré-eclâmpsia e eclâmpsia ................................. 72
7.2.8 Cuidados no puerpério .................................................................................................. 75
7.3 TIREOIDOPATIA NA GESTAÇÃO ....................................................................... 76
7.3.1 Hipotireoidismo ............................................................................................................ 76
7.3.2 Hipertireoidismo ........................................................................................................... 78
7.4 ANEMIA FALCIFORME ......................................................................................... 79
7.5 SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDE (SAF) ............................................................... 80
7.5.1 Profilaxia e tratamento .................................................................................................. 82
7.6 RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO INTRA ÚTERO ............................................ 82
7.6.1 Restrição de crescimento precoce (< 32 semanas) ....................................................... 83
7.6.2 Restrição de crescimento tardia (> 32 semanas) ........................................................... 84
7.7 HEMORRAGIA PÓS PARTO .................................................................................. 84
7.8 HEPATITE B e C ....................................................................................................... 85
7.8.1 Hepatite B ..................................................................................................................... 85
7.8.2 Hepatite C ..................................................................................................................... 89
7.9 SÍFILIS ........................................................................................................................ 91
7.10 HIV/AIDS .................................................................................................................... 99
8 URGÊNCIA/EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA ............................................................. 103
9 CONSTRUINDO O PLANO DE PARTO ..................................................................... 105
10 PUERPÉRIO .................................................................................................................... 106
11 PRÉ-NATAL DO PARCEIRO ....................................................................................... 108
11.1 Fluxo na Unidade ...................................................................................................... 108
ANEXO A – PROTOCOLO REGIONAL DE PROFILAXIA DA PRÉ-ECLÂMPSIA
NA ATENÇÃO BÁSICA................................................................................................. 113
ANEXO B – RECOMENDAÇÕES PARA CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL
SEGUNDO O AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND
GYNECOLOGISTS, 2022 .............................................................................................. 114
ANEXO C – RECOMENDAÇÕES PARA AFERIÇÃO ADEQUADA DA PRESSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA ............................................................................................... 115
ANEXO D – MODELO DE RECEITA DE PENICILINA BENZATINA 4.800.000 116
ANEXO E – MODELO DE RECEITA DE PENICILINA RECEITA DE
PENICILINA BENZATINA 2.400.000 .......................................................................... 117
ANEXO F – MODELO DE RECEITA COM MEDICAMENTOS DO PROTOCOLO
PRÉ-NATAL .................................................................................................................... 118
........................................................................................................................................... 118
........................................................................................................................................... 118
ANEXO G – SUGESTÕES DE TEMAS PARA GRUPOS DE GESTANTE ............ 119
ANEXO H – PLANILHA DE CONTROLE DE SÍFILIS............................................ 120
ANEXO I – PLANILHA DE PRÉ-NATAL DO PARCEIRO ..................................... 121
ANEXO J – PLANO DE PARTO .................................................................................. 122
12
APRESENTAÇÃO
1.1.4 Enfermeiro
⁃ Utilizar algum instrumento (ex: planilha excel, livro...) para monitoramento das
gestantes da unidade: adesão às consutas, realização de exames e tratamentos
prescritos, comorbidades, encaminhamento à especialidades;
⁃ Avaliar a situação vacinal e aplicar (atualizar) as vacinas conforme calendário vacinal
vigente, quando necessário;
⁃ Realizar Exame Clínico das Mamas (ECM) em todas as gestantes e Exame Especular
Inspecional (EEI), quando necessário;
⁃ Supervisionar a realização de busca ativa das gestantes faltosas pelos agentes
comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem;
⁃ Acompanhar as gestantes em situação de vulnerabilidade por meio de visitas
domiciliares, quando necessário;
⁃ Monitoramento das consultas de pré-natal de alto risco, atentando-se para as faltas
da paciente, busca ativa e sensibilização da importância do comparecimento;
⁃ Articular plano de cuidado à gestante juntamente com a equipe, considerando fatores
de risco e vulnerabilidades.
1.1.5 Médico
Bem Querer” ;
⁃ Orientar as gestantes e a equipe, quanto aos fatores de risco, vulnerabilidades e sinais de
alerta;
⁃ Desenvolver atividades educativas, individuais e em grupos;
⁃ Orientar as gestantes sobre periodicidade das consultas e auxiliar na busca ativa de
faltosas;
⁃ Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal quando
necessário;
⁃ Acompanhar o processo de aleitamento materno;
⁃ Orientar o casal sobre planejamento reprodutivo, quando necessário.
Adequar o meio bucal e realizar o controle de placa, cujas práticas constituem boas
condutas odontológicas preventivas e podem ser indicadas, garantindo conforto a
gestante e a continuidade do tratamento após a gravidez;
Atender as intercorrências/urgências odontológicas observando os cuidados indicados
em cada período da gravidez e encaminhar a gestante para os níveis de referência de
maior complexidade, caso necessário.
Adequar o meio bucal e realizar o controle de placa, cujas práticas constituem boas
condutas odontológicas preventivas e podem ser indicadas, garantindo conforto a
gestante e a continuidade do tratamento após a gravidez.
21
2 DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ
Quadro 1 - Exames indicados para o diagnóstico de gravidez conforme período de atraso menstrual, Ribeirão
Preto, São Paulo, 2022
Atraso
Condutas Responsabilidade
menstrual
Médico
Teste Imunológico de Gravidez (TIG) também conhecido como
ou
Teste Rápido de Gravidez (realizado com uma amostra de urina).
Enfermeiro
Se teste negativo repetir após 7 dias. Técnico de enfermagem
≥ 7 dias
(A leitura e emissão de
Obs: O BHCG sanguineo é realizado em algumas situações laudo são de
especiais, como seguimento de mola hidatiforme, solicitado através responsabilidade do
de e-mail para o complexo regulador com jusitificativa. enfermeiro ou médico)
Sinais de presunção:
⁃ Atraso menstrual;
Sinais de probabilidade:
Quadro 2 - Recomendações diante do Teste de Gravidez não reagente, Ribeirão Preto, 2022.
Recomendação Responsabilidade
⁃ Proceder à consulta de enfermagem;
3 SEGUIMENTO DE PRÉ-NATAL
Investigar
ISTs; tratamento anterior para sífilis; data e resultado da última citologia; número
de parcerias sexuais nos últimos 12 meses; atividade sexual
Antecedentes (ativa/regular/irregular); apresenta queixas álgicas ou sangramento durante ou
ginecológicos e sexuais após as relações; desejo de participar do planejamento familiar durante a gestação
conforme critérios da Lei Nº 9.263 de 12 de janeiro de 1996 (se duas ou mais
cesáreas anteriores).
Recomendação
Médico
CID: Z34.
Enfermeiro
CIAP: W78
⁃ Parceria;
Convidar
⁃ Apoio social se for o caso.
Gerar ficha
Obrigatório em todas as consultas.
e-SUS
- Preencher SISVAN;
SISVAN
- Orientação nutricional.
Quadro 4– Primeira consulta de pré-natal – Enfermeiros/Médicos – Exame Físico, Ribeirão Preto, 2022.
Avaliar Descrição
⁃ Aferição de Sinais Vitais (pulso, pressão arterial (Técnica para aferir PA ver
Anexo C), frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura axilar (quando
necessário), SPO2; glicemia capilar (para gestantes diabéticas).
⁃ Inspeção e palpação de crânio, face, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, cavidade oral;
Cabeça e pescoço ⁃ Inspeção e palpação da tireoide;
⁃ Linfonodos.
Inspeção e palpação
⁃ Pele: cor de pele, áreas com coloração alterada; temperatura; umidade; turgor;
Pele e anexos vascularização ou hematomas; lesões (local, tamanho, exsudato, leito da lesão,
margem e pele perilesional);
⁃ Cabelo e unhas.
Avaliar Descrição
- Inspeção, palpação, mensuração e ausculta obstétrica.
Mensuração da Altura Uterina
⁃ Tem como objetivo avaliar a evolução gestacional, permitindo saber à idade da gravidez;
acompanhar o crescimento fetal, assim como suspeitar de gemelaridade e de excesso de
líquido amniótico (polidrâmnio).
Abdome
Palpação obstétrica
⁃ Para identificação da situação e apresentação fetal (polo cefálico, pélvico e dorso fetal)
e acompanhamento da altura uterina;
⁃ Em torno das 36 ª semana, recomenda-se a determinação da apresentação fetal
(podendo ser: cefálica, pélvica ou transversa (côrmica)).
Avaliar Descrição
Manobra de Leopold
Avaliar Descrição
Dinâmica Uterina
Intervenções Recomendações
⁃ Revisão da ficha pré-natal;
⁃ Avaliação dos resultados dos exames, bem como solicitação de outros previstos para
a idade gestacional (atenção especial para testagens sorológicas: trimestrais ou mensais,
se tratamento de sífilis na gravidez).
Quadro 6– Diagnósticos e intervenções de enfermagem possíveis, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Diagnósticos de
Intervenções
Enfermagem (possíveis)
⁃ Orientar hábitos de alimentação fracionada, evitando longos
períodos de jejum;
⁃ Orientar alimentos sólidos no primeiro período do dia com
mastigações lentas;
Náuseas
⁃ Evitar líquidos durante a refeição;
⁃ Evitar alimentos gordurosos, condimentados, doces com grande
concentração de açucar;
⁃ orientar aumento de consumo de alimentos ricos em proteínas.
Quadro 7– Informações importantes para o seguimento do Pré-natal na APS, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
IMPORTANTE
• A gestante deverá ser encaminhada via Hygia com 32 semanas de IG para o Projeto
Nascer (assim ela estará na maternidade com 36 semanas);
Ambulatório do CRSMRP-Mater pelos telefones (16) 39628208 ou (16) 39628245 para agendar
nas seguintes situações:
A gestante deverá trazer no dia da realização do exame uma solicitação do exame ou guia de
referência solicitando avaliação da vitalidade fetal.
4 EXAMES DE PRÉ-NATAL
Periodicidade
Primeira consulta Terceiro
Segundo
Exame Pré-Natal Trimestre
Trimestre
Primeiro Trimestre (27sem a 40/41
(14 sem a 26 sem 6 dias)
(0 a 13 sem e 6 dias) sem)
Glicemia em jejum X - X
Tipagem sanguínea ABO e
Fator Rh
X - -
(gestante que nunca realizou
pelo Lab Municipal)
Parasitológico de Fezes uma
X - -
amostra
Eletroforese de hemoglobina
(gestante que nunca X - -
realizou)
Urina Rotina e cultura X - X
X
X
Ultrassonografia (Ideal entre 11 a 14 X
(Entre 30 e 34
Obstétrica** sem para avaliação de (Entre 20 e 24 semanas)
semanas)
Translucência Nucal)
GTT 75g (Teste de
Tolerância a Glicose)
X
(Não realizar em paciente - -
(Entre 24 e 28 semanas)
com diagnóstico prévio de
DM e pós bariátrica)
36
Anti – HIV X X
(Identificar na requisição – (Máximo de 12 semanas (Entre 28 e 32
-
suspeita clínica que se trata de intervalo do primeiro semanas)
de gestante) exame)
Sífilis TP X
X
(Identificar na requisição – (Máximo de 12 semanas
- (Entre 28 e 32
suspeita clínica que se trata de intervalo do primeiro
semanas)
de gestante) exame)
X
Toxoplasmose IgG e IgM (se suscetível*, máximo
(Identificar na requisição – X
- de 12 semanas de
(se suscetível)
suspeita clínica que se trata intervalo do primeiro
de gestante) exame)
* Solicitar o kit Pré-Natal somente na primeira consulta, posteriormente solicitar os exames separadamente e
apontar na suspeita clínica Pré-Natal ou Gestante.
**Dados essenciais para solicitação de ultrassonografia obstétrica (médico/enfermeiro): DUM/IG;
Peso; Paridade; intercorrências obstétricas; comorbidades; e o nº Cross.
Quadro 9– Informações importantes em relação aos exames do Pré-natal na APS, Ribeirão Preto, São Paulo,
2022.
IMPORTANTE
Em relação à coleta de amostras laboratoriais:
⁃ O pacote de Pré-Natal disponível para solicitação no sistema Hygia, deve ser solicitado somente na
primeira consulta;
⁃ A coleta das sorologias convencionais deve ser priorizada, e se possível coletadas no momento da
solicitação;
⁃ Priorizar o agendamento da coleta dos exames solicitados no Pré-Natal (primeiro dia útil de coleta);
⁃ Após 12 semanas o ultrassom já pode ser por via transabdominal, portanto selecionar "Ultrassom
Obstétrico";
⁃ Peso;
⁃ Paridade;
⁃ Intercorrências obstétricas;
⁃ Comorbidades;
⁃ Nº do Cross.
As condutas frente aos resultados de exames estão demonstradas nos quadros 10 a 20.
A prescrição do tratamento medicamentoso é atribuição exclusiva do profissional médico,
exceto nos casos de teste rápido para sífilis reagente, quando o enfermeiro poderá prescrever e
administrar a penicilina benzatina.
atravessar a barreira placentária. O anticorpo anti D irá aderir à membrana do eritrócito Rh+,
levando à hemólise e causando anemia fetal.
Para evitar tal fenômeno, é prescrita a imunoglobulina anti D, para a gestante Rh
negativa com parceiro Rh positivo ou cuja tipagem sanguínea é desconhecida.
Para gestantes Rh negativo é imperativa a solicitação do exame de Coombs Indireto,
com repetição mensal se resultado for negativo. O Coombs Indireto avalia a presença de
anticorpos anti-fator Rh no sangue da mãe.
No caso de Coombs Indireto negativo, recomenda-se a profilaxia com a
imunoglobulina anti D na 28ª semana de gestação, no pós-parto e após eventos que cursam
com risco de sensibilização, como sangramento vaginal e aborto, nesse caso deverá ser
aplicada no máximo após 72 h do evento e no pós-parto somente se o recém-nascido (RN) for
Rh positivo.
Após a realização da imunoglobulina, não solicitar Coombs Indireto, pois, na maioria
dos casos, vai estar positivo (FEBRASGO, 2020).
Quadro 10– Condutas frente aos resultados de exames de triagem sanguínea e fator RH, Ribeirão Preto, São
Paulo, 2022.
Quadro 11– Condutas frente aos resultados de exames de Coombs indireto, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
fator RH se
gestação anterior
- Encaminhar paciente para o PNAR (MEFE);
com hidropsia fetal)
- Coombs Indireto positivo - Caso a reatividade for de anticorpos diterentes de anti D
é necessário prescrever a imunoglobulina anti D.
(https://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/assistencia-farmaceutica/protocolos-
e-normas-tecnicas-estaduais/relacao-de-medicamentos-e-produtos-nutricionais-de-protocolos-
e-normas-tecnicas-estaduais/medicamento/20_imunoantirh_gestantes_v5.pdf)
4.2 HEMOGRAMA
Quadro 12- Condutas frente aos resultados de exames de hemoglobina, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Fonte: Brasil, Ministério da Saúde, Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres, 2016.
Quadro 13- Condutas frente aos resultados de exames de eletroforese de hemoglobina, Ribeirão Preto, São
Paulo, 2022.
4.4 GLICEMIA
O aumento dos níveis séricos de glicemia é uma condição metabólica conhecida como
Diabetes Mellitus (DM), que também pode cursar com deficiência de insulina.
A Sociedade Brasileira de Diabetes estima que 13 milhões de brasileiros sejam
acometidos com essa doença. Considerando que sua prevalência na gestação seja de 18%,
pode-se dizer que aproximadamente 400 mil gestantes terão algum tipo de diabetes.
O rastreio para o diagnóstico de DM e Diabetes Mellitus gestacional (DMG) consiste
em realizar um exame de glicemia de jejum (GJ) na primeira consulta de pré-natal
(preferencialmente até 20ª sem). Se a GJ estiver normal (< 92 mg/dL) deve-se realizar o
exame de teste oral de tolerância à glicose com ingesta de sobrecarga de 75 gramas de
dextrosol (TOTG/GTT 75) entre a 24ª e 28ª semana de gestação. Quando a paciente inicia o
pré-natal tardiamente, o TOTG/GTT 75 deverá ser realizado o mais precoce possível.
O exame TOTG/GTT 75 não deve ser realizado em pacientes com diagnóstico prévio
de diabetes (tipo 1, 2 ou DMG diagnosticada na glicemia de jejum do primeiro trimestre) e em
pacientes pós bariátrica.
No caso do TOTG/GTT 75, o diagnóstico de DMG se dá por um ou mais valores
alterados no ciclo (Brasil, 2017):
• GJ ≥ 92 mg/dl e ≤ 125 mg/dl;
• Após 60 minutos da sobrecarga ≥ 180 mg/dl;
• Após 120 minutos da sobrecarga ≥ 153 mg/dl e ≤ 199 mg/dl.
Para o diagnóstico de Diabetes diagnosticado na gestação (Overt Diabetes) os
valores serão:
• GJ ≥ 126 mg/dl (Glicemia de Jejum da primeira consulta ou glicemia de
jejum no TOTG/GTT 75);
• Após 120 minutos da sobrecarga ≥ 200 mg/dl.
43
Quadro 14 - Condutas frente aos resultados de exames de glicemia, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Exame Normal:
⁃ Se exames anteriores normais: ausência de diabetes;
Teste de tolerância à ⁃ Orientar medidas de prevenção primária (hábitos
glicose ⁃ Jejum: < 92mg/dl; saudáveis como alimentação e atividade física
jejum, 1 h e 2 h após
⁃ Orientar medidas de prevenção primária (hábitos
saudáveis como alimentação e atividade física
sobrecarga com 75g de
Diagnóstico de DMG (1 ou mais regular);
dextrosol
valores alterados):
⁃ Iniciar perfil glicêmico, com 4 medidas diárias
(jejum, 2 horas pós café, 2 horas após almoço e 2
24 – 28 semanas ⁃ Jejum: ≥ 92mg/dl e ≤ 125 mg/dl;
horas após jantar)
⁃ Após 1 hora: ≥ 180 mg/dl
⁃ Encaminhar ao Pré-Natal de Risco Intermediário
⁃ Após 2 horas: ≥ 153 mg/dl e ≤ ou para o Alto Risco – de acordo com o
199 mg/dl fluxograma 2.
⁃ (Consultar Capítulo 7.1 Diabetes)
44
Diagnóstico de DM
(Overt Diabetes):
⁃ Referenciar ao Alto Risco – fluxograma (ENDOB)
⁃ Jejum: ≥ 126mg/dl;
Quadro 15- Condutas frente aos resultados de exames de urina e urocultura, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
⁃ Hematúria: presença
acima de ⁃ Hematúria sem ITU: passar por avaliação médica e, caso
10.000 células por ml necessário, referir ao AR ou internação de urgência.
ou de três a cinco
hemácias por campo.
⁃ Traços de proteinúria: repetir em 15 dias, caso se
mantenha, solicitar proteinúria de 24 horas;
⁃ Proteinúria: alterado
⁃ Proteinúria maciça: Solicitar proteinúria de 24 horas
> 10 mg/dl.
e se necessário referenciar a gestante ao Pré-natal de
Alto Risco (HIG).
⁃ Presença de outros
⁃ não necessitam de condutas especiais.
elementos
Fonte: Brasil, Ministério da Saúde, Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres, 2016 /
Bonomi, Lobato, Silva, Martins (2018).
46
A gestação causa na mulher alterações no sistema imunológico que causam uma maior
suscetibilidade a infecções parasitárias, o que pode acarretar anemia grave (BONOMI;
LOBATO; SILVA; MARTINS, 2018).
O exame parasitológico é recomendado a todas as gestantes na primeira consulta de
pré-natal e em qualquer fase da gestação caso a mulher apresente sintomas gastrointestinais.
Quadro 16- Condutas frente aos resultados de exames parasitológicos de fezes, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Parasitológico
⁃ Não é recomendado o tratamento durante o
de fezes
primeiro trimestre da gestação;
- Positivo: conforme ⁃ Enterobius vermicularis: Nitazoxanida – 1
descrição de parasitas comprimido de 12/12 horas 3 dias;
⁃ Giardia: Metronidazol 250 mg – 1 comprimido
de 8/8 horas 5 dias
4.7 TOXOPLASMOSE
A toxoplasmose quando contraída na gestação pode ser transmitida para o feto através
da passagem transplacentária causando malformação. Na maioria das vezes é assintomática
nos adultos. A transmissão para o feto e o seu acometimento dependerá da idade gestacional
em que a gestante foi infectada pelo toxoplasma, e da resposta imunológica materna.
A transmissão da toxoplasmose para o feto é mais fácil de acontecer no terceiro
trimestre gestacional devido à maior permeabilidade da barreira placentária, porém é no
primeiro trimestre que ocorre mais as malformações fetais.
O exame de toxoplasmose consiste na pesquisa e dosagem dos anticorpos IgG e IgM
produzidos pela mãe ao se infectar pelo parasita. Os anticorpos IgM aparecem duas semanas
47
após a infecção, e o IgG atinge o pico em seis semanas e permanece positivo. Recomenda-se
realizar o exame na primeira consulta de pré-natal e repetir no segundo e terceiro trimestre se
a gestante for susceptível (não ultrapassar 12 semanas de intervalo entre as medidas). No caso
do IgG reagente e IgM negativo podemos dizer que a paciente é imune, nesse caso não
necessita repetir o exame.
Gestantes suscetíveis são aquelas cujo exame mostra tanto o IgG quanto o IgM não
reagentes, essas devem ser orientadas como evitar a infecção na gravidez (BONOMI;
LOBATO; SILVA; MARTINS, 2018).
As orientações são:
• Não ingerir carnes cruas ou malcozidas;
• Lavar frutas, verduras e legumes adequadamente e deixar de molho em
hipoclorito (3 gotas para 1 litro);
• Lavar bem as mãos após manipular carnes cruas;
• Lavar bem a faca e utensílios utilizados para cortar carne, logo após o uso;
• Evitar contato com fezes de gatos: cuidado ao limpar as caixas de areia;
• Evitar ou lavar bem as mãos após o contato com terra e areia;
• Não alimentar os gatos com carne crua e lavar bem o local onde ele faz suas
necessidades.
O tratamento da toxoplasmose é realizado na gestante com espiramicina, antibiótico
do grupo dos macrolídeos, que atravessa a barreira placentária, e atinge altas concentrações no
tecido placentário, diminuindo o risco de transmissão vertical entre 60 e 70%.
A partir da 16ª semana de gestação faz-se necessário realizar tratamento para o feto,
para isso utiliza-se o Esquema Tríplice (sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico). Esses
medicamentos atravessam a placenta e atingem elevadas concentrações nos tecidos fetais,
diminuindo o risco de alterações fetais em até 70% (BRASIL, 2022).
As condutas frente aos possíveis resultados de toxo IgG e IgM estão descritos nos
quadros 17 a 19
48
Quadro 17- Condutas frente aos resultados de exames de toxoplasmose IgM e IgG não reagente e IgG reagente e
IgM não reagente , Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Exames/Resultados Condutas
Fonte: Brasil, Ministério da Saúde, Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres, 2016.
Quadro 18- Condutas frente aos resultados de exames de toxoplasmose IgM reagente e IgG não reagente,
Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Exames/Resultados Condutas
- Se IG < 16 sem:
- Mantém a espiramicina 500 mg ;
IgM reagente
- Encaminhar para o Alto Risco (MIGO).
IgG não reagente ou
Indeterminado:
- Se IG ≥ 16 sem:
- Prescrever Esquema Triplice –
⁃ Doença recente
Pirimetamina 50 mg/dia (1 comprimido de 25 mg de 12/12 horas),
- Falso positivo:
- Suspende espiramicina;
- Conduta de gestante susceptivel
Quadro 19- Condutas frente aos resultados de exames de toxoplasmose IgM e IgG reagente, Ribeirão Preto, São
Paulo, 2022.
Exames/Resultados Condutas
- Doença prévia;
⁃ Doença recente ou
- Paciente Imune;
prévia à gestação.
- Não repetir exame.
Obs: a Espiramicina e o esquema tríplice são adquiridos na farmácia da unidade de saúde de referência
mediante a notificação epidemiológica e o número do SINAN.
4.8 TSH
Quadro 20- Critérios para a solicitação de TSH na gestação, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022 .
Quadro 21- Recomendações para coleta de citologia na gestação, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Coleta de
Período recomendado Indicação
exame
⁃ Gestantes com mais de 25 anos que
nunca coletaram citologia ou que
⁃ De preferência no 1º trimestre;
estão há mais de 3 anos sem coleta;
⁃ Não há contraindicação ser coletado ao
⁃ Gestantes com vínculo fragilizado ao
longo do período gestacional;
serviço de saúde de referência e/ou
Citologia ⁃ Realizar exame ginecológico, com ou sem
não aderentes ao programa de
coleta colpocitólógica, para avaliar presença
rastreamento;
de lesões e/ou leucorreias, de preferência no
⁃ Oportunidade para investigação de
1º trimestre ou até 27 semanas de gestação.
Infecções Sexualmente Transmissíveis
(ISTs) e alterações citopatológicos.
Quadro 22- Conduta frente à citologia alterada na gestação, Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Adenocarcinoma
⁃ Hemoglobina Glicosilada;
⁃ Colesterol Total;
Diabetes Mellitus Gestacional
⁃ HDL;
Gestantes que não se enquadram no Ambulatório ⁃ LDL;
de Gravidez de Alto Risco, poderão ser ⁃ Triglicérides;
agendadas no Risco Intermediário para ⁃ Perfil Glicêmico ambulatorial (uso de glicosímetro
programação de seguimento nutricional. com múltiplas aferições diárias em jejum e pós-prandial
ou, se indisponibilidade do método, com glicemia de
jejum + pós-prandial uma vez por semana).
⁃ Creatinina;
⁃ TGO;
Hipertensão Arterial Crônica ⁃ Bilirrubinas;
⁃ Relação proteína-creatinina em amostra isolada de
Gestantes que não se enquadram no Ambulatório
urina ou Proteinúria 24 horas;
de Gravidez de Alto Risco, poderão ser
⁃ Ácido úrico;
agendadas APN – RI já com profilaxia para pré-
⁃ Desidrogenase láctica;
eclâmpsia instituída.
⁃ Gama-GT;
⁃ Eletrocardiograma;
⁃ Fundo de olho.
54
Anemia moderada
Fonte: Elaborado pelas autoras, baseado em Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão
Preto (2019).
*Além dos exames obrigatórios, deverão ser informados os seguintes dados para encaminhamento: DUM/IG;
Peso; Altura; IMC; Paridade; intercorrências obstétricas; comorbidades; uso de medicamentos; BCF/MF; Altura
Uterina; nº do Cross.
IMPORTANTE
O encaminhamento deverá ser realizado pelo sistema Hygia selecionando o item Pré
Natal de Risco.
O encaminhamento ao Ambulatório de Pré-Natal de Alto Risco (PNAR) deve ser
realizado exclusivamente pelo profissional médico e obedecendo aos critérios descritos no
quadro 24, conforme os protocolos de encaminhamento do Hospital das Clínicas de Ribeirão
Preto (disponíveis nos links):
Quadro 24– Critérios de elegibilidade para encaminhamento ao Ambulatório de Pré-natal de Alto Risco,
Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
hipertireoidismo);
⁃ Doenças hematológicas (inclusive doença falciforme e talassemia);
⁃ Doenças neurológicas (como epilepsia);
⁃ Doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses);
⁃ Alterações genéticas maternas;
⁃ Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar;
⁃ Ginecopatias (malformação uterina, tumores anexiais e outras);
⁃ Portadoras de doenças infecciosas crônicas como: hepatites B ou C, HIV/Aids;
⁃ Portadoras de lesões condilomatosas disseminadas e/ou volumosas com até 34 sem;
⁃ Hanseníase;
⁃ Tuberculose;
⁃ Anemia grave (hemoglobina < 8g/dL);
⁃ Isoimunização Rh;
⁃ Qualquer patologia clínica que necessite de acompanhamento especializado;
⁃ Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente se for de causa
desconhecida;
⁃ Abortamento habitual (duas ou mais perdas precoces consecutivas);
⁃ História prévia de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou
perinatal (interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome HELLP,
eclâmpsia, internação da mãe em UTI).
Quadro 25- Fatores de risco para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus na gestação. Ribeirão Preto, São
Paulo, 2022.
Nos casos de DMG, diagnosticados no segundo trimestre, é mais comum que ocorram
repercussões associadas ao crescimento, vitalidade fetal e volume de líquido amniótico. Em
59
Quadro 26- Níveis glicêmicos para os diagnósticos de diabetes em gestantes. Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Nas pacientes em uso de insulina o ideal é realizar o perfil glicêmico com seis medidas
(jejum, pós-café, antes do almoço, pós-almoço, antes do jantar, pós- jantar).
Para o auto monitoramento da glicemia, a gestante é contemplada com glicosímetro e
tiras de glicemia, distribuídas conforme o uso. Para isso o médico(a) deverá prescrever o
perfil glicêmico e com a receita em mãos a farmácia da unidade de saúde de referência libera
62
Figura 1 - Fluxograma geral: diabetes na gestação. Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Figura 2 – Fluxograma Diabetes Mellitus Gestacional . Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
Figura 3 – Fluxograma Diabetes Mellitus prévio e/ou diagnosticado na gestação. Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
• Hipertensão Gestacional;
• Hipertensão Arterial Crônica com Pré-Eclâmpsia Sobreposta.
Quando há aumento na pressão sistólica em 30 mmHg e/ou na pressão diastólica em
15 mmHg na gestação, mantendo valores menores que 140/90 mmHg, pode-se descartar o
diagnóstico de hipertensão gestacional. Nesse caso, recomenda-se consultas mais frequentes,
controle do nível pressórico e avaliação dos exames laboratoriais (Brasil, 2012).
7.2.3 Pré-Eclâmpsia
A pré-eclâmpsia é uma doença específica da gestação, diagnosticada pela presença de
hipertensão arterial associada à proteinúria, ou lesões de órgãos alvo, que se manifesta em
gestante previamente normotensa, após a 20ª semana de gestação.
Para o diagnóstico de pré-eclâmpsia são necessárias duas medidas de pressão arterial
com a sistólica ≥ 140 mmHg e/ou a diastólica ≥ 90 mmHg com intervalo mínimo de quatro
70
horas ou duas aferições ≥ 160 mmHg na sistólica e/ou a diastólica ≥ 110 mmHg, porém com
intervalo de quinze minutos entre elas.
A proteinúria na pré-eclâmpsia pode ser medida através da pesquisa de proteína na
urina de 24 horas, como também na relação proteína/creatinina em uma amostra isolada de
urina.
Os valores de referência para o diagnóstico de pré-eclâmpsia são:
• Proteinúria de 24 horas: > 300 mg/24 horas;
• Relação proteína/creatinina em urina isolada: > 0,3.
Na ausência da proteinúria podemos fazer o diagnóstico através das lesões de órgãos
alvo como função renal alterada (creatinina > 1,1); plaquetopenia, (devido à lesão vascular
que ativa a cascata de coagulação consumindo as plaquetas, com resultado <100.000);
disfunção hepática (TGO > 70 U/L); sintomas do sistema nervoso central (turvação visual,
escotomas, cefaleia e convulsão); edema agudo de pulmão ou restrição de crescimento fetal
por insuficiência placentária. Quando o órgão alvo lesionado é o sistema nervoso central,
resultando na convulsão, denomina-se eclampsia.
A síndrome HELLP caracteriza-se pela alteração laboratorial constituída pela
plaquetopenia, aumento das enzimas hepáticas e a hemólise por aumento de bilirrubina.
A pré-eclâmpsia é classificada como precoce quando o diagnóstico for realizado antes
da 34ª semana e tardia quando é após esse período. Quanto mais cedo a pré-eclâmpsia se
instalar mais severo vai ser a manifestação do quadro clínico, as lesões de órgãos alvos e a
severidade do comprometimento fetal.
Drogas hipotensoras
Fonte: Adaptado pelas autoras, baseado em Febrasgo 2021, 1º Congresso Brasileiro de Hipertensão na Gravidez,
2021/ Rede Brasileira de Estudos sobre Gravidez e Korkes, et al, 2018
Cuidados ao sulfatar:
• Monitorar a cada 5 minutos;
• Diurese tem que estar acima de 25 ml/hora;
• Frequência respiratória acima de 12 IPM;
• Monitorar reflexo patelar;
• Nível de consciência;
• Sinais vitais (PA, FC, sat);
75
A fisiologia da gravidez causa alterações na tireoide, o que faz com que aumente as
proteínas que ligam os hormônios tireoidianos (TBG) aos hormônios da tireoide,
principalmente o T4 total. Esse aumento é mais pronunciado a partir do segundo trimestre.
Na rotina de pré-natal de baixo risco não se faz necessário solicitar o TSH para todas
as gestantes, o rastreio é recomendado quando:
• História de hipotireoidismo ou hipertireoidismo;
• Presença de bócio ou sintomas sugestivos de doenças da tireoide;
• Diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 1 ou outra doença auto imune;
• História obstétrica de abortos de repetição, prematuridade ou infertilidade;
• Obesidade mórbida;
• História familiar para tireoidopatia;
• Idade > 30 anos. (FEBRASGO, 2021)
7.3.1 Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é a patologia mais comum da tireoide e normalmente trata-se de
disfunção primária da glândula tireoide, a doença mais comum que causa a sua destruição é a
tireoidite de Hashimoto.
O hipotireoidismo nas mulheres pode ser causa de infertilidade. Os sintomas dessa
tireoidopatia inclui fadiga, intolerância ao frio, perda de cabelo, aumento de peso e pele seca,
dos quais confunde-se com os sintomas normais da gestação. As consequências do
hipotireoidismo para a gravidez incluem maior risco de abortamento, natimortos, trabalho de
parto prematuro, pré-eclâmpsia e anomalias congênitas.
O TSH e o T4 livre são usados para os diagnósticos das doenças da tireoide. No
hipotireoidismo o T4 livre estará diminuído e o TSH aumentado, se o anticorpo
antiperoxidase (anti-TPO) estiver presente pode ser indício da doença de Hashimoto.
O tratamento é feito com levotiroxina sódica com tomada única diária, de manhã e em
jejum, orientar que deve permanecer meia hora de jejum depois da ingestão do medicamento.
Inicia-se o tratamento com uma dose de 50 a 100 mcg/dia, podendo ser prescrito 1
mcg/Kg/dia e se necessário, ajustar 25 mcg a cada duas semanas. Depois que o
hipotireoidismo estiver controlado (objetivo é manter o TSH < 2,5 um/L), a dosagem de T4
livre e de TSH deve ser repetida mensalmente.
77
Figura 4 – Fluxograma Manejo de condições clínicas da tireoide. Ribeirão Preto, São Paulo.2022.
Obs: O anti-TPO é solicitado via Hygia (exames regulados) e o complexo regulador fará a
avaliação e liberação após análise dos critérios (gestante com história prévia de abortamento
de repetição e o valor do TSH).
78
7.3.2 Hipertireoidismo
Hipertireoidismo é o aumento da síntese e consequentemente da circulação dos
hormônios tireoidianos e tem como causa a doença de Graves (mais comum), a tireoidite
subaguda, bócio multinodular ou pode ser transitório, secundário a hiperêmese gravídica ou
gravidez múltipla. O transitório ocorre mais no primeiro trimestre gestacional.
O quadro clínico do hipertireoismo inclui taquicardia, irritabilidade, tremores,
sudorese, pele quente entre outros. Se não tratado pode trazer consequências sérias para a mãe
e o feto, como abortamento, trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e restrição de
crescimento fetal. Os anticorpos que estimulam a produção do TSH atravessam a barreira
transplacentária e podem causar estados de estimulação no feto.
O quadro clínico costuma se intensificar no primeiro trimestre, devido ao estímulo
pelo hCG (hormônio com estrutura semelhante ao TSH). Na maioria das vezes os sintomas
aliviam no segundo e terceiro trimestre, em consequência da elevação da globulina ligadora
de tiroxina (TBG), que apresenta efeito imunossupressor.
No hipertireoidismo o T4 livre estará aumentado e o TSH diminuído (<0,1 mUI/L).
O tratamento do hipertireoidismo na gestação é feito com o Metimazol (MMI) e
Propiltiouracil (PTU), sendo esse a primeira escolha no primeiro trimestre e o MMI no
segundo e terceiro. Apesar de atravessarem a barreira transplacentária podendo acarretar
consequências danosas para o feto, como hipotireoidismo e malformações, seu benefício
suplanta o risco. Sendo assim recomenda-se usar a menor dose possível para que o nível de
T4 livre esteja no limite superior de normalidade. A dose de PTU normalmente é de 50 a
100mg 8/8h e o MMI de 10/15mg/dia (uma ou duas tomadas/dia). Caso a gestante permaneça
com tremores e/ou taquicardia pode ser prescrito o metoprolol (25 a 50 mg/dia) ou
propranolol (60 a 80 mg/dia) (FEBRASGO, 2021; KORKES, et al, 2019).
79
Figura 5 – Fluxograma Manejo de condições clínicas da tireoide: hipertireoidismo. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
Os parceiros das gestantes com anemia falciforme e traço falciforme, deverão realizar
a eletroforese de hemoglobina (exame via hygia, com regulação e liberação pelo complexo
regulador) para aconselhamento genético na APS.
O quadro clínico caracteriza-se por uma anemia crônica, onde a Hb normalmente está
entre 6 e 9, e os fenômenos vaso-oclusivos, o que denomina-se crise de falcização, causando
intensa algia muscular ou em outros órgãos. Os eventos trombóticos podem ocasionar
acidentes vasculares, septicemia, síndrome torácica aguda, sequestro esplênico, insuficiência
renal, retinopatia e hipertensão pulmonar.
Nas crises de falcização geralmente a paciente necessita de internação com hidratação
e analgésicos como a morfina e prevenção de eventos tromboembólicos com heparina.
A gestante com anemia falciforme deverá ser encaminhada para o Alto Risco devido a
alta probabilidade de ocorrência de parto prematuro, pré-eclâmpsia, RCIU, placenta prévia,
descolamento prematuro de placenta. Importante ressaltar que não se deve prescrever
suplementação de sulfato ferroso para essas pacientes (FEBRASGO, 2021).
Quadro 28- Critérios clínicos para a solicitação dos anticorpos antifosfolípedes. Ribeirão Preto, São Paulo, 2022.
A restrição de crescimento intra útero (RCIU) é a condição em que o feto, por razões
genéticas ou externas, não atinge seu potencial de crescimento. O diagnóstico é feito através
83
do ultrassom obstétrico, quando o peso fetal estimado é inferior ao percentil 10 para a idade
gestacional, porém a altura uterina menor do que a esperada já é indicativa de restrição.
A RCIU é uma frequente causa de morbidade e mortalidade perinatal, chegando a
aumentar em 8 vezes a probabilidade de mortalidade quando o peso fetal for inferior ao
percentil 10. Pode trazer várias consequências na vida adulta, como maior incidência de
obesidade, hipertensão arterial, diabetes, entre outros.
As causas de RCIU podem ser maternas, fetais ou placentárias. Entre as causas fetais
temos as cromossomopatias, síndromes genéticas e as malformações. As síndromes
hipertensivas, o diabetes mellitus, as infecções como sífilis, rubéola, toxoplasmose,
tabagismo, uso de álcool, são as principais causas maternas e as placentárias incluem placenta
prévia, inserção velamentosa de cordão e artéria umbilical única.
A RCIU classifica-se em precoce e tardia, tendo como limite a idade gestacional de 32
semanas.
As consequências da restrição são as alterações da vitalidade fetal e prematuridade e o
prognóstico depende da idade gestacional e da velocidade das alterações do perfil biofísico.
Após o diagnóstico de RCIU recomenda-se realizar o Doppler de artéria umbilical,
cujo valores anormais sugere insuficiência placentária. Deve-se avaliar também a resposta
fetal à hipoxemia e a existência de redistribuição do fluxo sanguíneo para órgãos essenciais
(centralização), causando uma vasodilatação na artéria cerebral média (índice de pulsatilidade
menor que o percentil 5 para a IG). O feto pode evoluir para uma vasoconstricção periférica,
aumento da pressão diastólica final nos ventrículos e redução do fluxo sanguíneo no território
venoso (alteração do ducto venoso).
A gestante com diagnóstico de RCIU deve ser encaminhada para pré-natal de alto
risco, realizando ultrassom obstétrico com doppler a cada 14 dias e corticoterapia no caso de
resolução antes de 34 semanas (FEBRASGO, 2018).
• Critérios Combinados: Combinação de pelo menos 1 dos critérios maiores com pelo
menos 1 dos critérios menores fecha diagnóstico:
✓ Critérios maiores:
Circunferência abdominal abaixo do Percentil 10 (CA < P10)
Peso Fetal Estimado abaixo do Percentil 10 (PFE < P10)
✓ Critérios menores:
Doppler: IP das umbilicais acima do percentil 95 (IP AUmb > P95)
Doppler: IP médio das uterinas acima do percentil 95 (IP AUt > P95)
7.8 HEPATITE B e C
7.8.1 Hepatite B
pelo HBV, em 85 a 90% dos adultos, apresenta cura espontânea em 6 meses, mas, 20 a 30%
dos infectados cronicamente podem evoluir com cirrose e carcinoma hepatocelular. Na
infecção perinatal, os filhos de mães replicantes (HBeAG reagente) evoluem com cronicidade
em 90% dos casos. Quando a infecção materna se dá no terceiro trimestre a probabilidade de
infectar o feto é maior do que no início da gestação.
O rastreio da hepatite B consiste na pesquisa do antígeno HBsAg na primeira consulta
(kit Pre-Natal). É recomendado no momento do parto se paciente sem testagem no pré-natal.
Pacientes já sabidamente portadoras de hepatite B ou com diagnóstico realizado no
pré-natal (HBsAg ≥ 5) devem ser encaminhadas para o ambulatório de alto risco (MIGO). Se
o HBsAg for reagente, mas com título < 5 (próximo ao cut-off), deve-se encaminhar a
gestante para realização do HBV-DNA no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) do
seu distrito de residência para rápida elucidação diagnóstica, preenchendo a Ficha
Complementar HBV-DNA. Caso o HBV-DNA venha reagente encaminhar para o Alto Risco
(MIGO), se o exame for negativo, trata-se de falso positivo, manter pré-natal em UBS e
orientar medidas de prevenção.
Lembrar sempre de notificar para a vigilância epidemiológica os casos de hepatites
virais e anotar o número do SINAN.
A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo
extremamente eficaz e segura. No Brasil, a vacina está disponível há mais de 20 anos e é
indicada para todas as gestantes negativas para a hepatite B, em 3 doses, podendo ser aplicada
em qualquer trimestre gestacional. A atualização vacinal deve ser feita após a gestante realizar
a coleta das sorologias, evitando resultados falso-positivos do HBsAg.
Até o momento, não há recomendação para mudança da via de parto em gestantes
portadoras de Hepatite B.
A amamentação está liberada após a imunoprofilaxia neonatal com
Imunoglobulina da hepatite B e a vacina até 12 horas após o nascimento. Sua eficácia
chega próxima 100% para mães não replicantes e 85-90% para mães replicantes.
87
Figura 6 – Fluxograma Diagnóstico de Hepatite B em gestante. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
Figura 7 – Fluxograma Diagnóstico de Hepatite B em parceiro gestante. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
Fonte
:
Elabo
rado
pelas
autora
s
(2022
).
89
7.8.2 Hepatite C
Figura 8 – Fluxograma Diagnóstico para hepatite C em gestante. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
Figura 9 - Fluxograma Diagnóstico para hepatite C em parceiro de gestante. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
7.9 SÍFILIS
A sífilis adquirida é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), causada por uma
bactéria gram-negativa do grupo espiroqueta, denominada Treponema pallidum. É
classificada clinicamente em: primária, secundária, latente - recente (< 1 ano de evolução) ou
tardia (> 1 ano de evolução) – e terciária.
A transmissão sexual ocorre especialmente nas fases primária e secundária da doença,
pelo contato com as lesões infectantes. A transmissão vertical (mãe-feto) geralmente é por via
transplacentária e pode ocorrer em qualquer período gestacional ou fase da doença materna,
sendo mais frequente no estágio recente, devido à grande replicação do treponema. A
transmissão direta do T. pallidum por meio do contato do bebê com o canal de parto é
92
não ultrapassar 12 semanas de intervalo entre a primeira e a segunda coleta, pois dessa forma
podemos detectar uma soroconversão precocemente, lembrar sempre de especificar que
paciente é gestante. No terceiro trimestre, deve ser coletada entre 28 e 32 semanas, para que
haja tempo hábil para o tratamento adequado, se necessário.
Caso a gestante apresente algum sintoma característico, história de exposição ou
abortamento sempre realizar testagem para sífilis e, caso apresente alguma vulnerabilidade,
sempre priorizar a testagem rápida, não perdendo oportunidade de diagnóstico e início de
tratamento. Vale ressaltar que na sífilis primária (cancro duro), a sensibilidade dos testes é
mais baixa e o tratamento deve ser realizado mesmo diante de VDRL não reagente.
Para o diagnóstico laboratorial é necessário um exame treponêmico associado a um
não treponêmico. Desde 2015 o município de Ribeirão Preto utiliza a abordagem reversa para
diagnosticar a sífilis: inicia-se a triagem com o teste treponêmico (Sífilis TP -
quimioluminescência), se reagente, o laboratório processa automaticamente o VDRL (teste
não treponêmico), caso o VDRL seja não reagente (resultados discordantes), um terceiro teste
é realizado na mesma amostra, o Teste Rápido (teste treponêmico), sendo todos os resultados
emitidos no mesmo laudo.
O VDRL, por ser titulável, deve ser o teste utilizado para o controle de cura dos
pacientes. Para as gestantes deve ser solicitado mensalmente e para o parceiro (e restante da
população) trimestralmente no primeiro ano após o diagnóstico. Espera-se uma queda de duas
diluições (ex.1/16 para 1/4) em até 6 meses para sífilis recente e em até 12 meses para tardia.
Vale ressaltar que, como são testes não automatizados, pode haver diferença entre leituras em
momentos diferentes e por observadores diferentes, assim variações de uma diluição (ex. 1/2
para 1/4) devem ser analisadas com cautela.
O tratamento deve ser realizado com Penicilina Benzatina, único antibiótico capaz de
atravessar a barreira transplacentária, tratando o feto. Em vigência de alergia à penicilina,
encaminhar via complexo regulador para o ambulatório de Alto Risco (MIGO), pois o
tratamento com drogas alternativas confirma o desfecho de sífilis congênita.
A gestante só será considerada adequadamente tratada se receber Penicilina Benzatina,
com posologia adequada à fase da infecção e início em até 30 dias antes do parto. O intervalo
entre as doses deve ser de SETE dias, sendo necessário reiniciar o tratamento em caso de
atraso. Ademais, o tratamento deve estar devidamente registrado no sistema Hygia
(dispensação na farmácia e procedimento de enfermagem – “ADMINISTRAÇÃO DE
MEDICAMENTOS POR VIA INTRAMUSCULAR” – 03.01.10.020-9;
“ADMINISTRAÇÃO DE PENICILINA PARA TRATAMENTO DE SÍFILIS” –
94
03.01.10.024-1) e as doses checadas na receita. Apesar do tratamento do parceiro não ser mais
um critério de adequação do tratamento materno, é fundamental o empenho para sua testagem
e tratamento devido ao risco de reinfecção da gestante.
Para ser considerado cicatriz sorológica a paciente deve apresentar tratamento de
sífilis comprovadamente registrado, ou no hygia ou na receita, não existe tratamento referido.
O tratamento recomendado para a gestante no Estado de São Paulo segue abaixo:
• Sífilis primária, secundária e latente recente (< 1 ano evolução):
Penicilina Benzatina 4,8 milhões UI IM (2 séries de 2,4 milhões com intervalo de
7dias);
• Sífilis latente tardia, terciária e tempo indeterminado: Penicilina
Benzatina 7,2 milhões UI IM (3 séries de 2,4 milhões com intervalo de 7dias);
• Gestante com Sífilis TP não reagente, porém com parceiro reagente
para sífilis, recomenda-se profilaxia para a gestante com Penicilina Benzatina 2,4
milhões UI IM (não necessita notificação da gestante nesse caso);
• Parceiros não reagentes para sífilis com gestante reagente, prescrever
dose profilática para o parceiro com Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI IM.
Em caso do Teste Rápido Reagente na primeira consulta do pré-natal a enfermeira
poderá prescrever Penicilina Benzatina 4.800.000 UI e a paciente deverá realizar a consulta
com o profissional médico em 7 dias, onde o tratamento será avaliado e poderá ter sua dose
completada com 7.200.000 UI. Caso o parceiro esteja presente nessa primeira consulta
recomenda-se realizar a coleta dos exames sorológicos de preferência no mesmo dia ou no
próximo dia útil e o enfermeiro poderá prescrever penicilina benzatina na dose de 2.400.000
UI e agendar a consulta médica em 7 dias para avaliação do exame e do tratamento.
Para o diagnóstico de sífilis congênita (SC) deve ser avaliado a adequação do
tratamento da sífilis na gestação, as alterações clínicas encontradas no recém-nascido, além do
resultado do VDRL do binômio.
Toda gestante com história de sífilis na gestação deve realizar VDRL no parto, bem
como seu RN. Quando a mãe não foi tratada ou foi inadequadamente tratada,
automaticamente o RN preenche critério de SC, devendo realizar os exames complementares
(hemograma, raio-x de ossos longos e líquor) e iniciar o tratamento indicado de acordo com
estes resultados. Se o título do VDRL do RN for 2 vezes maior que o materno, mesmo com a
mãe adequadamente tratada, também se confirma o diagnóstico de SC.
95
Todo RN deve ter seu seguimento ambulatorial garantido após à alta, mesmo que
tenha sido considerado apenas exposto à sífilis, esse agendamento é realizado pelo programa
Floresce uma Vida. O controle laboratorial é realizado com VDRL seriado (1, 3, 6, 12 meses)
até que se obtenha 2 exames consecutivos não reagentes, lembrando que testes treponêmicos
não devem ser utilizados para este fim, devido a passagem transplacentária destes anticorpos,
entretanto, após os 18 meses, um teste treponêmico reagente também confirma o diagnóstico
de SC.
96
Figura 10 – Fluxograma: Manejo de sífilis em gestante com Teste Rápido Reagente. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
Figura 11 – Fluxograma Manejo de sífilis em gestante com Teste Rápido Não Reagente. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
Figura 12 – Fluxograma Manejo de sífilis em parceiro de gestante – parceiro presente na primeira consulta da gestante.. Ribeirão
Preto, São Paulo, 2022.
Figura 13 – Fluxograma Manejo de sífilis em parceiro de gestante – parceiro ausente na primeira consulta da gestante.. Ribeirão
Preto, São Paulo, 2022.
7.10 HIV/AIDS
gestação segura, com menor risco de transmissão vertical do vírus. As gestantes com HIV têm
indicação de uso de antiretrovirais durante toda a gravidez e as vezes necessitam zidovudina
venosa durante o parto. A indicação da via de parto será obstétrica se a carga viral estiver <
1000 cópias/ml. A amamentação está contraindicada para as mulheres que vivem com
HIV/AIDS.
O rastreio do HIV é indicado na primeira consulta de pré-natal, e deve ser repetido
trimestralmente, especificando gestante na requisição, não devendo ultrapassar 12 semanas
entre a primeira e a segunda sorologia, e a terceira deve ocorrer até 32 semanas de idade
gestacional. Recomenda-se fortemente que em gestantes vulneráveis seja utilizado o teste
rápido.
Para o diagnóstico de HIV são necessários dois exames positivos, a sorologia anti-HIV
(Quimioluminescência) e o confirmatório (Imunoblot), que o laboratório processa
automaticamente quando o primeiro é reagente. Diante deste resultado, uma segunda amostra
de anti-HIV deve ser coletada para confirmação da positividade e conclusão do diagnóstico.
Quando o teste confirmatório (imunoblot) é não reagente ou indeterminado, essa amostra é
indeterminada para o HIV e a gestante deve ser encaminhada para o ginecologista do SAE
(Serviço de Atendimento Especializado) mais próximo da residência para realizar o exame de
carga viral HIV e definir o diagnóstico.
No caso de casais sorodiscordantes, cuja gestante é negativa para o HIV, esta também
deve ser encaminhada para o SAE (Serviço de Atendimento Especializado) mais próximo da
residência para avaliar início da PREP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV).
O pré-natal da gestante portadora de HIV/AIDS é realizado no alto risco do Hospital
das Clínicas (MIGO).
101
Figura 14 – Fluxograma Diagnóstico de HIV em gestante. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
Figura 15 – Fluxograma Diagnóstico de HIV em parceiro de gestante. Ribeirão Preto, São Paulo. 2022.
8 URGÊNCIA/EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA
Quadro 30- Sinais indicativos de regulação para serviços de Urgência/Emergência Obstétrica, Ribeirão Preto,
2022.
10 PUERPÉRIO
- Consulta do enfermeiro:
⁃ Conversar sobre o parto atendo-se às informações que forem necessárias (tipo de
parto, intercorrências, etc);
⁃ Identificar: estado geral, estado emocional (estar atento ao baby blues e depressão pós
parto), uso de medicações, características da loquiação (cor, odor, quantidade);
⁃ Episiorrafia ou ferida operatória: observar as condições e sinais de infecção puerperal;
⁃ Identificar intercorrências como sífilis congênita, monitorando o tratamento do
binômio e o seguimento de cura da gestante e do RN;
⁃ Avaliar o estado emocional da mulher;
⁃ Aferir os sinais vitais;
⁃ Avaliar as mamas (apojadura, ingurgitamento, traumas mamilares, apreensão
mamilo/areolar) através da observação da mamada e se necessário, realizar correções
da pega - utilizar protocolo da Coordenadoria de Aleitamento Materno;
⁃ Orientar sobre anticoncepção na lactação;
⁃ Orientar sobre direitos trabalhistas durante a lactação;
⁃ Realizar a consulta de enfermagem ao RN - utilizar protocolo da Coordenadoria da
Saúde da Criança;
⁃ Reforçar consulta agendada com o ginecologista. O pré-natal encerra-se somente após
este atendimento e caso a puérpera não compareça merecerá busca ativa;
107
- Visita Domiciliar:
Realizada pelo agente comunitário de saúde (ACS), auxiliar de enfermagem ou enfermeiro
(7 a 10 dias pós-parto):
Nas Unidades com agentes comunitários de saúde a visita domiciliar é realizada
rotineiramente. Nas demais Unidades a visita domiciliar ocorre para os casos identificados e
comunicados pela equipe de enfermagem do Programa Floresce uma Vida: partos prematuros,
intercorrências clínicas da mãe e/ou RN e dificuldades socioeconômicas. Assim, deve-se:
⁃ Identificar queixas, esclarecendo possíveis dúvidas;
⁃ Rever técnica de amamentação e cuidados com as mamas;
⁃ Esclarecer e sanar dúvidas com a puérpera e sua família sobre os cuidados com RN;
⁃ Conhecer o local onde o RN está acomodado e o ambiente familiar;
⁃ Identificar comportamento familiar frente à chegada do RN e rede de apoio para
acompanhamento da puérpera.
OBS1: Nos casos de dificuldade com amamentação vide protocolo e diretrizes de atendimento
em aleitamento materno da Coordenadoria de Aleitamento Materno (link:
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/pdf/saude10b202104.pdf).
OBS2: Nos casos de suspeita de mastite, providenciar atendimento prioritário com o médico e
com o enfermeiro para a puérpera, seguindo o protocolo e diretrizes de atendimento em
aleitamento materno da Coordenadoria de Aleitamento Materno (link:
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/pdf/saude10b202104.pdf).
11 PRÉ-NATAL DO PARCEIRO
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, E.K., et al. Guidelines of the American Thyroid Association for the
diagnosis and management of thyroid disease during pregnancy and the postpartum.
Thyroid 27, 2017.
KORKES, H.A, SOUSA FL, CUNHA FILHO EV, SASS N. Hipertensão Arterial Crônica.
Tratado Febrasgo, 2018.
MARCOLIN A.C., PRADO, C.A.C., MOISES, E.C.D., COSTA, F.S. Cálculo da Idade
Gestacional e Critérios para Diagnóstico de Restrição de Crescimento Intra-Útero.
MATER, 2020.
112
MARTINS AM, BRATI LP. Tratamento para o diabetes mellitus gestacional: uma
revisão de literatura. Femina, 2021;49 (4) :251-6.
A paciente deve:
• Estar na posição sentada, com as pernas descruzadas, com os pés apoiados no chão e
o dorso recostado na cadeira e relaxado;
• O braço deve estar na altura do coração, livre de roupas, apoiado, com a palma da
mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido;
• Em gestantes, a pressão arterial pode ser medida no braço esquerdo na posição de
decúbito lateral esquerdo em repouso, não devendo diferir da obtida na posição
sentada.
Aferição:
• O manguito deve ser de tamanho adequado a circunferência do braço (meio do
braço);
• Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu
reaparecimento corresponderá à PA sistólica.
• Palpe a artéria braquial na fossa cubital e coloque a campânula ou o diafragma do
estetoscópio sem compressão excessiva;
• A pressão sistólica será o primeiro som (fase I de Korotkoff), que é em geral fraco,
seguido de batidas regulares;
• A pressão diastólica será no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff).
Profissional:
N° Conselho Profissional:
CNS:
119