2021 LanaMontezanodaSilva
2021 LanaMontezanodaSilva
2021 LanaMontezanodaSilva
BRASÍLIA/DF
2021
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE – FACE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA
4
AGRADECIMENTOS
7
RESUMO
O setor público vem adotando cada vez mais a inovação para superar os desafios
enfrentados e proporcionar melhorias nos serviços ofertados em atendimento à uma
sociedade cada vez mais exigente. Para isso precisam desenvolver e fortalecer suas
competências organizacionais, das equipes e dos indivíduos. Em função disto, esta
pesquisa objetivou validar um modelo multinível de competências para inovação no
setor público brasileiro, a partir da proposição de um modelo teórico, identificação e
apresentação de evidências das competências organizacionais, de equipes e
individuais necessárias para inovação, bem como da validação da relação entre as
competências nos diferentes níveis. A pesquisa é caracterizada como teórico-
empírica, de natureza exploratória-descritiva, com recorte transversal e abordagem
mista. No estudo qualitativo foram adotados três procedimentos de coleta de dados:
identificação de sete documentos institucionais com informações alinhadas ao objetivo
da pesquisa, 27 entrevistas e três grupos focais virtuais com profissionais que atuam
com inovação no setor público, selecionados com amostragem por julgamento. As
análises documentais e de conteúdo categorial temática foram adotadas para
consolidar estes dados, os quais foram submetidos à validação de conteúdo e
semântica com um especialista na temática. Para abordagem quantitativa foi aplicado
um questionário eletrônico com 674 participantes, e utilizadas estatísticas descritivas
(frequência, média e desvio padrão), inferencial (correlação), e multivariada (análise
fatorial exploratória e regressão logística). Foram definidas nove competências
organizacionais, 18 competências de equipe e 32 competências individuais para
inovação no setor público. Foram constatadas evidências de validade de conteúdo,
semântica, fatorial (três fatores agrupados por nível de competência com 77,35% de
variância explicada) e de consistência interna (alpha de cronbach de 0,992). Foram
testadas quatro hipóteses da relação entre as competências nos diferentes níveis,
sendo que há fortes correlações significativas entre os níveis. A presença de cada
nível de competência é explicada pela presença dos outros níveis, com bons índices
de ajuste da qualidade dos modelos, os quais apresentaram variâncias explicadas
entre 56,9% e 69,4%, além de casos classificados corretamente entre 90,4% e 90,9%.
Os resultados permitiram a validação do modelo multinível de competências para
inovação no setor público, contribuindo com avanços na definição de antecedentes
para inovação, estabelecimento de competências nos três níveis de análise com
evidências de validade. Além disso, contribui com subsídios para que as organizações
públicas realizem diagnósticos e ações de desenvolvimento dessas competências a
melhoria da prestação dos serviços públicos.
Palavras-chaves: Competências, inovação, setor público, modelo multinível.
ABSTRACT
The public sector has been increasingly adopting innovation to overcome the
challenges faced and provide improvements in the services offered in response to an
increasingly demanding society. To accomplish this, they need to develop and
strengthen their organizational, team and individual competences. As a result, this
research aimed to validate a multilevel model of competencies for innovation in the
8
Brazilian public sector, based on the proposition of a theoretical model, identification
and presentation of evidence of the organizational, team and individual competencies
needed for innovation, as well as the validation of the relationship between skills at
different levels. The research is characterized as theoretical-empirical, exploratory-
descriptive in nature, with a cross-sectional approach and a mixed approach. In the
qualitative study, three data collection procedures were adopted: identification of seven
institutional documents with information aligned with the research objective, 27
interviews and three virtual focus groups with professionals who work with innovation
in the public sector, selected with sampling by judgment. Documentary and thematic
categorical content analyzes were adopted to consolidate these data, which were
submitted to content and semantics validation with a specialist in the subject. For
quantitative approach, an electronic questionnaire with 674 participants was applied,
and descriptive statistics (frequency, mean and standard deviation), inferential
(correlation), and multivariate (exploratory factor analysis and logistic regression) were
used. Nine organizational competences, 18 team competences and 32 individual
competences for innovation in the public sector were defined. Evidence of content
validity, semantics, factorial (three factors grouped by level of competence with 77.35%
of explained variance) and internal consistency (0.992 Cronbach’s alpha) were found.
Four hypotheses of the relationship between competences at different levels were
tested, with strong significant correlations between levels. The presence of each level
of competence is explained by the presence of the other levels, with good indexes of
adjustment of the quality of the models, which presented explained variances between
56.9% and 69.4%, in addition to cases correctly classified between 90.4% and 90.9%.
The results allowed the validation of the multilevel model of competencies for
innovation in the public sector, contributing to advances in defining antecedents for
innovation, establishing competencies in the three levels of analysis with evidence of
validity. Moreover, it contributes with subsidies for public organizations to carry out
diagnoses and actions to develop these competencies to improve the provision of
public services.
Keywords: Competences, innovation, public sector, multilevel model.
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15
10
Apêndice 3 – Formulário eletrônico de validação do roteiro de entrevista
semiestruturada .................................................................................................. 201
Apêndice 4 – Modelo de e-mail convidando especialistas para validação do roteiro
de entrevistas ..................................................................................................... 225
Apêndice 5 – Roteiro de entrevista validado e utilizado na coleta de dados ....... 226
Apêndice 6 – Informações complementares aos entrevistados (Glossário de termos
técnicos) ............................................................................................................. 230
Apêndice 7 – Modelo de e-mail convite para participar da entrevista .................. 232
Apêndice 8 – Modelo de mensagem do whatsapp de convite para participar da
entrevista ............................................................................................................ 233
Apêndice 9 – Modelo de e-mail de confirmação do agendamento da entrevista . 234
Apêndice 10 – Roteiro do Grupo focal ................................................................ 235
Apresentação da pesquisa sobre competências para inovação no setor público
brasileiro ............................................................................................................. 235
Apêndice 11 – Formulário eletrônico da participação no grupo focal .................. 240
Apêndice 12 – Apresentação utilizada no grupo focal ......................................... 250
Apêndice 13 – Questionário eletrônico aplicado – Competências para inovação no
setor público ....................................................................................................... 255
Apêndice 14 – Formulário eletrônico de interesse na apresentação dos resultados
da pesquisa de competências para inovação no setor público............................ 288
Apêndice 15 – Modelos de materiais de divulgações da pesquisa (questionário
eletrônico) ........................................................................................................... 289
Apêndice 16 – Exemplos de divulgações em redes sociais pela pesquisadora,
parceiros e voluntários ........................................................................................ 292
11
LISTA DE FIGURAS
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 13. Relação das variáveis criadas no banco de dados para testes de regressão
................................................................................................................................. 89
Tabela 14. Hipóteses para teste com a técnica estatística e variáveis utilizadas ..... 90
Tabela 17. Consolidação das competências de equipe para inovação no setor público
............................................................................................................................... 114
Tabela 19. Consolidação das competências individuais para inovação no setor público
............................................................................................................................... 131
13
Tabela 20. Relação das competências individuais por dimensão do modelo de
inovação GESPUBLIN ........................................................................................... 153
Tabela 21. Vinculação das competências nos diferentes níveis por conteúdo ....... 161
Tabela 23. Cargas fatoriais dos itens por fator ....................................................... 166
Tabela 26. Estatísticas descritivas dos itens e níveis de competências ................. 171
Tabela 27. Teste de correlação de Spearman dos níveis de competências ........... 173
Tabela 33. Índices de ajuste e equação dos modelos testados para presença das
competências em relação aos itens ....................................................................... 179
14
1. INTRODUÇÃO
16
Gökkaya e Özbağ (2015) indicaram que há necessidade de estudos que
investiguem a relação entre as competências organizacionais essenciais e a inovação,
e principalmente que mensurem o impacto da competência na inovação. Também foi
apontada a necessidade de estudos que relacionem os diferentes níveis de análise
associados à geração da inovação (Araújo, Silva & Brandão, 2015; Bos-Nehles,
Renkema & Janssen, 2017; Podmetina, Soderquist, Petraite & Teplov, 2018), uma vez
que a inovação só será possível se os colaboradores fizerem parte da geração e
implementação das ideais. Neste sentido, há recomendações de investigações de
antecedentes nos três níveis para inovação (Vries, Tummers & Bekkers, 2018), que
contemplem as diferentes atividades do processo de inovar (Sucupira, Saab, Demo &
Bermejo, 2019), de estudos multiníveis de competências / comportamento /
desempenho inovador dos indivíduos para geração e gestão da inovação (Bos-
Nehles, Renkema & Janssen, 2017; Brandão & Bruno-Faria, 2013; Seeck & Diehl,
2016; Ubeda, Santos, & Nagano, 2017), inclusive para o contexto público (Audenaert
et al., 2016; Valladares, Vasconsellos & Serio, 2014; Wipulanusat et al., 2020).
A modelagem de competências é um meio de se estabelecer o grupo de
competências necessárias para o desempenho bem sucedido no contexto de trabalho,
permitindo o alinhamento com a estratégia organizacional, o foco e clareza nas
funções do profissional e maior integração entre os sistemas de gestão de pessoas
(Campion, Schepker, Campion, & Sanchez, 2019; Chouhan & Srivastava, 2014;
Skorková, 2016; Stevens, 2012). Com isso, torna-se uma ferramenta essencial para
cumprimento da missão institucional, principalmente em contextos de mudanças e
necessidades de adaptações das organizações, mas esta prática tem sido
negligenciada (Stevens, 2012).
Em agenda de pesquisa proposta pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2015), tem-se a recomendação de se
estabelecer um modelo de competências necessárias aos servidores e às lideranças
para propiciar a inovação nas organizações públicas. Getha-Taylor, Blackmar e Borry
(2016) corroboram a necessidade de estabelecer um modelo de competências aos
servidores públicos considerando as necessidades para os próximos 10 anos. No
contexto brasileiro, Cavalcante, Goellner e Magalhães (2019) recomendam
investigações acerca de perfis dos profissionais e equipes que atuam com inovação
para melhorias na gestão e políticas públicas.
17
No entanto, além de propor modelos de competências para inovação, estes
precisam ser baseados em evidências empíricas, de modo a avançar nesta lacuna
identificada por Pawlowski, Fries e Smyrnaiou (2018) e por Podmetina et al. (2018).
Buscou-se verificar a existência de produções científicas que tivessem
avançado nas agendas indicadas acima, por meio de pesquisa nas bases científicas
Periódico CAPES, SPELL, Web of Science, Taylor & Francis Online, Wiley Online
Library, sem recorte temporal, com uso das palavras chaves competências, inovação
e setor público, tanto em português quanto traduções em inglês. No entanto, não foi
identificado nenhum artigo específico de modelo multinível de competências para
inovação no contexto público, reforçando a lacuna existente. Mesmo estudos que
abordassem pelo menos um nível de análise, foram identificados apenas sete, sendo
quatro no nível organizacional, um nos níveis organizacional e individual, e dois no
nível individual, além de avanço na modelagem de competências apenas no nível do
indivíduo pela OCDE (2017a), a Inglaterra (NESTA, 2019) e o Chile (OCDE, 2017b).
Devido à ausência de estudos multiníveis, e carência de estudos que
estabeleça as competências para inovação, com pelo menos um dos níveis de
análise, inclusive indicada em proposta de agenda da OCDE (2015), tem-se a
pergunta desta pesquisa de quais as competências, nos diferentes níveis de análise,
são necessárias para a inovação em organizações públicas no Brasil?
Sendo assim, esta pesquisa tem como objetivo geral desenvolver e validar um
modelo multinível de competências para inovação no setor público brasileiro. Para
tanto, os objetivos específicos são:
• Propor modelo conceitual de competências para inovação em
organizações públicas do Brasil, considerando os diferentes níveis de
análise e as dimensões de modelos de inovação para este contexto.
• Identificar as competências necessárias, nos diferentes níveis de
análise, para inovação no setor público brasileiro.
• Apresentar evidências de validade das competências necessárias, nos
diferentes níveis de análise, para inovação no setor público.
• Validar a relação entre as competências nos diferentes níveis de análise
para inovação no setor público.
Com isso, busca-se avançar nas pesquisas de identificação de antecedentes
para inovação no setor público brasileiro, na modelagem de competências (Campion
18
et al., 2019) com adoção de abordagem multinível das competências (Brandão,
Puentes-Palacios & Borges-Andrade, 2008; Montezano, Medeiros, Isidro-Filho, &
Petry, 2019), além de propiciar a concepção de um modelo de competências
(organizacionais, de equipe e individuais) específico para inovação no contexto das
organizações públicas brasileiras, e com evidências de validade estatísticas
confirmando a ocorrência do fenômeno multinível, bem como da relação de predição
dos diferentes níveis para a presença de outro nível.
Além da contribuição acadêmica dos avanços indicados acima, esta pesquisa
também contribuirá com a definição das competências necessárias para subsidiar as
ações de gestão por competências e da gestão inovadora nas organizações públicas,
de modo a propiciar condições para as melhorias do serviço público decorrentes da
inovação.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Esta parte contém o arcabouço teórico utilizado para compreensão dos temas
relacionados à pesquisa, e que subsidiaram tanto a proposta de modelo teórico de
investigação, como também contribuirão para o desenvolvimento da pesquisa e
discussão dos resultados. Para tanto, o capítulo está estruturado em duas partes: (i)
inovação no setor público, e (ii) modelagem de competências.
A primeira parte se faz necessária por se tratar do contexto aplicado do modelo
a ser desenvolvido, e contém a apresentação de aspectos conceituais e de modelos
de inovação no setor público. A segunda parte também aborda aspectos conceituais
para delimitação do que é considerado um modelo de competências, além de conter
relatos de estudos que abordem a articulação entre competências e inovação no
contexto específico da pesquisa.
Tabela 1
Referência Definição
Refere-se às melhorias significativas de eficiência, eficácia e qualidade
Albury (2005) nos resultados decorrentes de criação e implementação de novos
processos, produtos, serviços e métodos de trabalho.
Mulgan (2007) Refere-se a adoção de novas ideias úteis para criar valor público.
20
Referência Definição
Refere-se a inovação de serviços, a qual é um meio para uma finalidade
da transformação de algo para um valor público, mediante um
Sørensen (2016)
desenvolvimento intencional, a partir das condições de formulação e
implementação de novas ideias para solução de problemas públicos.
Laboratorio de Gobierno Refere-se a novas ideias que são úteis para as pessoas e que geram
(2018) valor público decorrente de sua implementação.
Fonte: Elaboração própria, com base nas referências
22
comportamento inovador (Miao et al., 2018). Para Wipulanusat et al. (2020), em
pesquisa no setor público Australiano, o líder precisa ter a competência de liderança
transformacional e de consideração para inspirar e incentivar os profissionais frente
aos desafios e alcance dos objetivos estabelecidos, além de fornecer apoio aos
subordinados, sendo que esta competência irá influenciar no desenvolvimento da
cultura inovadora, na inovação da equipe e na criatividade dos indivíduos.
Rahman e Ismail (2018) indicam que, além da liderança, a inovação é
decorrente de uma cultura inovadora, de mecanismos de recompensa e do
desenvolvimento de líderes e servidores nas competências necessárias para
inovarem. Gahan et al. (2020) complementam que as práticas de gestão de pessoas
contribuem como capacidades para a inovação.
Vries, Tummers e Bekkers (2018) realizaram uma meta-análise sobre a difusão
e adoção da inovação no setor público, ressaltando que existem especificidades dos
antecedentes que influenciam cada uma das etapas do processo de inovação. Os
autores corroboram quanto ao papel da liderança como um dos antecedentes
organizacionais da inovação, e complementaram consolidando outros aspectos,
como: a disponibilidade de recursos financeiros, de pessoal e de tecnologia da
informação; o treinamento e o suporte aos colaboradores. Já os antecedentes
individuais foram a atitude em relação à inovação, as competências dos profissionais,
as características da personalidade, a percepção de pressão pelos pares quanto à
adoção, e os aspectos demográficos dos indivíduos, como por exemplo o nível
educacional.
Além das capacidades tecnológicas, Hashim et al. (2020) identificaram que a
capacidade de marketing utilizadas para obtenção de apoio e compromisso das partes
interessadas, e a capacidade de equipe são antecedentes do sucesso da inovação no
setor público da Malásia, em que a inovação deve ser contemplada no planejamento
estratégico organizacional para alinhamento com a alta administração. Além disso, os
autores indicam que a abrangência da tomada de decisão, direcionamento da gestão
da equipe, orientação para solução do cliente e integração externa com potenciais
usuários dos serviços públicos durante o desenvolvimento da inovação atuarem como
variáveis moderadoras dos resultados da inovação.
Resende Júnior, Guimarães e Bilhim (2013) desenvolveram uma escala de
orientação para inovação composta por 19 itens, agrupados em dois fatores, os quais
23
podem ser associados à capacidade de inovação: (i) ambiente de estimulo à
aprendizagem relacionado ao suporte e orientação da liderança e das práticas de
gestão de pessoas que viabilizem e incentivem a participação em processos de
aprendizagem, além de permitir autonomia para realizarem inovações; (ii) gestão de
competências e monitoramento do ambiente externo, a qual se refere à busca de
práticas do ambiente externo que possam contribuir com inovações na organização,
além de ações para desenvolver e absorver competências necessárias aos
profissionais da organização, clientes e fornecedores nas demandas atuais e futuras.
Em um contexto mais amplo dos ecossistemas de inovação, Spinosa, Schlemm
e Reis (2015) afirmam que resultados que não foram bem-sucedidos de implantação
dos ecossistemas poderiam ser evitados se houvesse iniciativas estratégicas na
organização para fomentar a cultura de inovação. De modo mais amplo, o Brasil tem
adotado a estratégia de desenvolver e implantar ecossistemas de inovação com vistas
ao desenvolvimento socioeconômico, conforme recomenda a Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas ainda é considerado como
inovador ineficiente, de acordo com o Índice Global de Inovação (Spinosa, Schlemm
& Reis, 2015). No entanto, os autores relatam alguns desafios que ainda precisam ser
enfrentados para a implantação efetiva do ecossistema de inovação, tais como:
fomentar cultura de inovação, considerando as dependências do contexto, e
desenvolver competências de gestão da inovação.
Demircioglu e Audretsch (2018) propuseram um modelo de condições para
inovações complexas no setor público, contemplando o comportamento inovador no
nível individual; a cooperação no nível de grupo; qualidade da liderança da alta
administração e o clima de inovação no nível organizacional; e a colaboração para
inovar e o trabalho em um ambiente complexo no nível do ambiente organizacional. A
colaboração com fontes externas, comportamento inovador e criatividade
apresentaram efeitos positivos significativos no desenvolvimento de inovações
complexas, enquanto a liderança não possui influência significativa. A adoção da
inovação na organização é influenciada significativamente pelo comportamento
inovador, cooperação das equipes, o trabalho no ambiente complexo, clima de
inovação e pela liderança organizacional. Identificou-se, ainda, que as variáveis
controle de tamanho da organização, local de trabalho, experiência e escolaridade
não foram determinantes para o desenvolvimento das inovações complexas.
24
Moussa, McMurray e Muenjohn (2018) propuseram um modelo conceitual dos
fatores que influenciam a inovação no setor público composto por três aspectos:
barreiras para inovação, comportamento da liderança e aspectos do ambiente / clima
organizacional. Dentre as barreiras, os autores apontam alguns fatores essenciais
que precisam ser superados para viabilizar a adoção da inovação, tais como: falta de
treinamento, falta de competências para resolução de problemas e para gestão de
riscos e de mudança, e estilo de liderança ineficaz. Cinar, Trott e Simms (2018), em
revisão da literatura sobre barreiras do processo de inovar no setor público, também
constataram a falta de competências, além da falta de apoio, de recursos disponíveis
(financeiro, tempo e infraestrutura de TI), de estrutura e cultura organizacional rígidas,
e aspectos legais e regulamentares comprometendo a inovação. Os autores
apresentam que as barreiras ocorrem principalmente durante a etapa de
implementação da inovação.
Li (2019) indica que a inovação no setor público é uma iniciativa colaborativa
dentro de uma rede. Em função desta premissa, o autor apresenta seis estratégias
que as organizações públicas precisam adotar para estimular a inovação, sendo elas:
(i) participar como parceiro e colaborar com redes de inovação, compartilhando
experiências conhecimentos e recursos, contribuindo com a promoção e difusão da
inovação; (ii) reestruturar características institucionais das redes de inovação para
influenciar os processos de inovação na organização; (iii) gerenciamento de
interações para contribuir com um ambiente propício de estímulo à expressão de
ideias de forma estruturada para gerar aprendizagem transformadora; (iv) patrocinar
os recursos necessários, tais como financeiros e de conhecimento, ao estímulo do
surgimento, implementação e difusão da inovação; (v) estabelecer visões nos atores
envolvidos na rede de inovação para direcionamento de esforços ao alcance de
melhores resultados da inovação; (vi) mediar o envolvimento de diferentes atores no
desenvolvimento da inovação, tais como usuários, organizações voluntárias,
empreendedores.
Em pesquisa realizada no Brasil, dentre os indutores para inovação no setor
público, Santos, Sano e Souza (2019) identificaram seis antecedentes organizacionais
na literatura, sendo eles: cultura inovadora, disponibilidade de recursos, trabalho em
equipe, liderança proativa, desenvolvimento de pessoas e competências, e incentivos
e recompensas. Além disso, ao analisar os prêmios de inovação de casos rurais no
25
setor público, identificaram três antecedentes organizacionais similares ao da
literatura (disponibilidade de recursos, trabalho em equipe, cultura organizacional) e
quatro novos antecedentes (parcerias, accountability, metodologias adequadas e
profissionais capacitados). No estudo empírico, os autores identificaram ainda
antecedentes individuais, tendo como barreira para inovação a resistência e a
escassez de habilidades dos profissionais e, como indutores, o comprometimento e a
criatividade.
Cavalcante, Goellner e Magalhães (2019) identificaram a relevância de
componentes para cultura da inovação, sendo eles: equipes multidisciplinares,
liderança pró-inovação, engajamento e participação da equipe, prática de cocriação e
coprodução, incentivos à prática inovadora, eventos de aprendizagem, gestão do
conhecimento, prototipagem e projeto-piloto, demonstração de resultados (avaliação),
e espaço físico para criatividade.
Percebe-se que existem diferentes aspectos que influenciam a inovação no
setor público, e que eles ocorrem em diferentes níveis organizacionais, como a cultura
organizacional no nível macro, trabalho em equipe no nível meso e os profissionais
capacitados no nível micro. Esta visão multinível da inovação é corroborada por
Endresen (2013), ao indicar que a inovação em uma organização é decorrente da
interação entre processos nos diferentes níveis. Um exemplo desta relação é
apontado por Audenaert et al. (2016) ao indicar que práticas organizacionais de
gestão de pessoas, como a de gestão de desempenho, influencia o comportamento
inovador individual em organizações públicas da Bélgica.
Pôde-se observar nesta seção que a literatura aponta aspectos relacionados a
competências como premissa para gerar a inovação no setor público, reforçando a
necessidade de ter clareza da definição de quais são estas competências para que
possam ser identificadas e desenvolvidas nas organizações de modo a propiciar
condições para inovação no contexto público. Sendo assim, a próxima seção
apresentará modelos de inovação no setor público, e em seguida apresenta-se a
compreensão de modelagem de competências, tanto de aspectos conceituais quanto
das relatadas em estudos específicos para gerar inovação.
26
2.1.2 Modelos de inovação no setor público
27
organizacional, o papel da liderança, a estruturação dos processos e as competências
dentro da organização para inovarem.
A OCDE (2015) explicita que o ambiente de inovação no setor público
contempla quatro níveis de análise: o indivíduo inovador, a organização que inova, a
administração pública e a sociedade para quem é gerada a inovação. A representação
deste ambiente coloca o indivíduo no centro. Dentro deste contexto, propôs um
modelo de inovação que contempla quatro agrupamentos temáticos de fatores
organizacionais que influenciam a inovação, sendo eles: pessoas, conhecimento,
maneiras para trabalhar, e regras e processos para inovação.
Na América Latina, tem-se a experiência do Governo Chileno que estabelece
cinco princípios para inovação: foco nas pessoas, enfoque sistêmico, cocriação,
experimentação e foco na experiência (Laboratorio de Gobierno, 2018). Esses
princípios norteiam o modelo de inovação adotado pelo Laboratório de Governo do
Chile com oito fases: exploração institucional, descobrimento, definição, geração de
ideias, seleção de conceitos, prototipação e teste, pilotagem e avaliação, e adoção e
uso em escala. A Tabela 2 apresenta os resultados esperados em cada uma das fases
do modelo de inovação do Chile (Laboratorio de Gobierno, 2018).
Tabela 2
Fases Resultados
- Definir o problema ou oportunidade para inovação.
Exploração institucional
- Definir a equipe de trabalho e a responsabilidade de cada um.
28
Fases Resultados
Adoção e uso em escala - Implementação da solução para o universo de usuários.
Fonte: Laboratorio de Gobierno (2018).
Tabela 3
Trata de variáveis
Objetivos da inovação
contextuais (organizacionais)
Indutores da inovação
Ambiente da inovação ou individuais relativas a
Facilitadores da inovação
condições para gerar ou
Barreiras da inovação
limitar a inovação.
Geração de ideias
Seleção de ideias
Trata do ciclo do processo
Atividades de inovação Implementação de ideias
de inovação.
Difusão de ideais
29
Dimensão Definição Elementos constituintes
Resultados organizacionais
Trata dos efeitos (ex: clima, imagem e
consequentes da inovação, desempenho organizacional)
Resultados da Inovação
sejam eles diretos ou Resultados dos serviços
indiretos. públicos (ex: qualidade da
entrega, satisfação).
Fonte: Isidro (2018)
Isidro (2018) elenca as práticas de gestão para cada uma das dimensões de
inovação, as quais podem servir como subsídio para o estabelecimento das
competências para inovação. Por fim, o autor propõe que o desenvolvimento de
pessoas e competências para a inovação e o reconhecimento e valorização de
esforços de inovação são alguns dos eixos estruturantes do ecossistema de inovação
no setor público, no qual reforça a necessidade de desenvolver e certificar as pessoas
e equipes em competências necessárias para inovação em organizações públicas por
meio de Escolas, Escritórios, Laboratórios, Observatórios e Prêmios de Inovação.
31
desempenho do profissional para o alcance dos objetivos estratégicos da
organização, a qual contempla a descrição dos comportamentos observáveis e
mensuráveis. Como principal vantagem, a clareza ao profissional dos
comportamentos esperados por ele na execução do trabalho, além de ser fundamental
para a adoção da gestão de pessoas por competências, por ser a base de referência
para as práticas.
Existem diferentes abordagens conceituais na literatura acerca de
competências, o que remete a um problema de clareza conceitual, pois os
pesquisadores misturam ou sobrepõem os conceitos de competências com recursos,
capacidades dinâmicas, de absorção o que remete a uma complexidade do papel das
competências nos sistemas de inovação (Borrás & Edquist, 2015; Gökkaya & Özbağ,
2015). E ainda, percebe-se uma confusão quanto ao nível de análise das
competências nos estudos como organizacional, de equipe ou individual.
Inicialmente, faz-se necessário compreender que a competência também é um
constructo multinível que ocorre nos níveis organizacional, de equipe e individual e
são interdependentes (Carbone, Tonet, Bruno & Silva, 2016). Esta composição nos
diferentes níveis de análise parte do isoformismo, devido ao pressuposto de
similaridades e interdependência dos conteúdos nos níveis (Brandão, Puentes-
Palacios & Borges-Andrade, 2008). Um exemplo que corrobora a ligação entre os
níveis é apresentado no estudo de Merrit e Kelleey (2018) ao relatarem que as
competências individuais e organizacionais influenciam a colaboração eficaz das
equipes.
No nível macro, Prahalad e Hamel (1990) indicam que as competências
organizacionais se referem aos atributos da organização para o alcance dos seus
objetivos estratégicos. Ubeda e Santos (2008) afirmam que definição adequada das
competências organizacionais proporcionam a definição dos processos fundamentais
e produtos a serem ofertados pela organização, além de propiciar a definição das
competências individuais necessárias, as quais passam a subsidiar o
desenvolvimento de pessoas para o alcance da estratégia organizacional. Tem-se
ainda, que as competências organizacionais representam a capacidade de
mobilização, integração e transferência de conhecimentos e recursos (humanos e
processos) para gerar inovações (Stefanuto et al., 2015). A capacidade dinâmica das
32
organizações é uma forma de conceituar as competências organizacionais (Butler &
Ferlie, 2020).
Existem dois tipos de competências organizacionais – as básicas, relativas ao
funcionamento da organização, e as essenciais que se referem ao domínio específico
da organização (Carbone et al., 2016). Para resolver o problema conceitual, Gökkaya
e Özbağ (2015) definem que as competências essenciais são específicas,
constituídas ao longo do tempo, vinculadas ao objetivo de agregar valor ao cliente
final. Para tanto, a organização utiliza-se de recursos e capacidades exclusivas.
Existem três determinantes relacionados às competências organizacionais de modo a
distingui-las dos recursos e capacidades, sendo eles: singularidade, inimitabilidade e
extensibilidade das competências para serem consideradas como organizacionais e
essenciais (Gökkaya & Özbağ, 2015; Prahalad & Hamel, 1990).
Em relação ao nível meso, Zaraffian (2001) indica que as competências
coletivas são resultantes das interações sociais do grupo, o que representa mais do
que a soma das competências individuais. Para Silva e Ruas (2016), as competências
coletivas se referem aos processos de interação dos atributos da competência para
gerar um desempenho superior. Para tanto, consideram como atributos a recorrência
e continuidade dos processos de interação dos indivíduos da equipe que são
consolidados em configurações coletivas, como a linguagem compartilhada, o
engajamento subjetivo, e a memória coletiva. Os autores afirmam sobre a escassez
de experiências empíricas que investiguem as competências coletivas.
No nível micro também há pulverização da compreensão conceitual de
competências individuais, inclusive com a restrição como apenas um conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes, em vez do entendimento mais avançado
relacionando aos comportamentos para entrega de resultados e alcance da estratégia
(Nakata & Souza, 2012). Bartram (2005) adota a definição de competências como um
conjunto de comportamentos que são instrumentos para entrega de resultados
desejados. A competência individual pode ser definida como comportamentos
específicos de pessoas para alcance de resultados e desempenho superior em um
cargo ou função de trabalho específicos (Chouhan & Srivastava, 2014). Em
complemento, após analisar diversas definições, os autores concluem que as
competências se referem a características subjacentes dos indivíduos que os levam
a demonstrar comportamento. No caso desta pesquisa, a competência para inovação
33
no nível do indivíduo pode ser considerada como o comportamento para inovação, ou
comportamento inovador individual como também é utilizado na literatura (Bysted &
Hansen, 2013; Mutonyi, Slatten, & Lien, 2020).
Outra característica das competências é que podem ser tanto situacionais,
dependentes do contexto específico em que precisam ser demonstradas, quanto
universais, ou seja, são necessárias independente do contexto, conforme
demonstração para o caso de competências colaborativas no setor público realizada
por Getha-Taylor, Blackmar e Borry (2016). Este estudo diverge da proposta de
Stevens (2012) ao afirmar que um modelo de competências não poderia ser aplicado
em diferentes contextos organizacionais. No entanto, as competências podem ser as
mesmas em diferentes contextos, desde que para a mesma finalidade, como descrito
em Montezano, Petry e Isidro (2020) ao identificar relação de 39 competências
gerenciais comuns na literatura e em diferentes sites de organizações públicas.
Guimarães (2000) afirma que as competências possuem natureza dinâmica, o
que remete a necessidade de revisão constante delas para que a organização possa
alcançar seus objetivos. O líder deve ser capaz de gerenciar as competências
organizacionais, de equipe e individuais, as redes sociais, a aprendizagem e a
inovação. Com isso, os modelos de competências também podem ser considerados
dinâmicos e devem acompanhar as mudanças do ambiente e do trabalho, inclusive
para atender necessidades futuras da gestão pública (Getha-Taylor, Blackmar &
Borry, 2016).
Nesta seção evidenciam-se as competências como um fenômeno multinível, e
aponta a necessidade de estabelecer modelos das competências para que haja a
clareza do que é esperado e precisa ser desenvolvido. Apesar de a literatura remeter
aos modelos de competências apenas em nível individual, no escopo desta pesquisa
o modelo é ampliado para os demais níveis, tendo em vista o aspecto multinível
evidenciado. A seguir são apresentados estudos que destacam a contribuição das
competências para proporcionar a inovação, bem como pesquisas que identificaram
tais competências em algum dos níveis de análise.
34
2.2.2 Articulação entre competências e inovação no setor público
35
para o desenvolvimento das competências do usuário e de suporte para utilização do
novo sistema. No Tribunal estudado, havia carência de ações próprias para contribuir
com os advogados na utilização do novo sistema, e que os mesmos aprenderam sem
auxílio do órgão público, mas sim de modo independente ou com apoio da OAB
(Teixeira & Rêgo, 2017).
Ribeiro, Soares, Abranches e Ziviani (2018) afirmam que existe uma articulação
simultânea entre competências e inovação, uma vez que as competências promovem
inovações, a partir das que estão disponíveis e que são desenvolvidas, assim como a
inovação gerada requer o desenvolvimento de competências organizacionais e
individuais que não existiam antes e que precisam ser desenvolvidas por meio de
processos sistemáticos de treinamento e aprendizagem para implantação da
inovação.
O desempenho inovador depende do aprendizado organizacional e individual
das competências decorrente da capacidade de se adaptar ao contexto interno e
externo. Em função disso, tem-se a dificuldade de se estabelecer uma lista completa
e fechada de competências necessárias para gerar a inovação, pois cada organização
precisará de competências específicas relacionadas ao seu contexto de atuação, além
de dependerem das suas dimensões organizacionais e culturais (Borrás & Edquist,
2015), mas pode ser possível estabelecer algumas relacionadas à capacidade de
gerar soluções inovadoras. Os autores especificam que há necessidade de identificar
e desenvolver competências internas que são da própria organização e as externas
que são ativos de atores externos que podem ser absorvidos para serem
internalizadas pela organização. No entanto, foram identificadas deficiências nos
sistemas de inovação do governo em relação à educação, treinamento e
competências, o que remete à necessidade de reflexão e adequações da construção
de competências para as políticas de inovação, sendo elas: insuficiência de
competências dos profissionais, lacuna temporal entre as necessidades de
competências em curto prazo e o tempo longo para serem desenvolvidas, além de
desequilíbrios entre as fontes internas e externas das competências (Borrás &
Edquist, 2015).
Uma das primeiras classificações de tipologias de competências para inovação
foi proposta por Djellal e Gallouj (2005), os quais indicaram que podem ser técnicas e
científicas, relacionais, criativas e operacionais.
36
Para identificar as competências para inovação no contexto do setor público,
foi realizada pesquisa na literatura, por meio de combinações das palavras chaves
“competência”, “inovação”, “modelo” e “setor público” nas bases de dados do
Periódico Capes, SPELL, Web of Science, Taylor & Francis Online, Wiley Online
Library sem restrição temporal, conforme instrumento de diretrizes de busca
disponível no Apêndice 1. Inicialmente, partiu-se da premissa de buscar apenas
modelos multiníveis de competências para inovação, aplicados em organizações
públicas, mas não foi identificado nenhum artigo na busca realizada.
Com isso, realizou-se pesquisas em documentos institucionais dos países que
possuem modelos de inovação no setor público, sendo identificados três casos: geral
da OCDE (2017a), do Chile (OCDE, 2017b) e do Reino Unido (NESTA, 2019). Além
disso, buscou-se artigos que continham indicação de competências necessárias para
inovação em pelo menos um dos níveis de competências (organizacional, equipe e
individual), mesmo que não tenham sido consolidados como um modelo específico,
sendo possível identificar sete estudos, dos quais quatro abordam competências
organizacionais (Buta & Isidro-Filho, 2016; Butler & Ferlie, 2020; Freire, Santos &
Costa, 2016; Stefanuto et al., 2015); um trata de competências individuais e
organizacionais (Ubeda & Santos, 2008), e dois de competências individuais
(Lapuente & Suzuki, 2020; Moussa, McMurray & Muenjohn, 2018).
Ressalta-se que como resultados da busca na produção científica, foi possível
analisar artigos que tinham como objetivo identificar competências necessárias aos
servidores públicos para o desempenho do trabalho, em diferentes áreas de atuação,
sendo que dentre as verificadas, a denominada “inovação” apareceu para os
servidores de modo geral (Chan, 2005) ou para os gestores (Freitas & Odelius, 2018).
Para Chan (2005), a competência de inovação se refere a ter iniciativa e promover
novas ideias. Isso reforça a necessidade de o servidor público precisar ser inovador,
mas os estudos tratam de forma geral como uma competência única e não como um
modelo que possui um conjunto de competências para a inovação.
Desta forma, buscou-se pesquisas que apresentassem uma relação de
competências necessárias para a inovação para contribuir diretamente com o alcance
dos objetivos da pesquisa. Sendo assim, a seguir, serão apresentados resultados de
estudos que identificaram competências no nível organizacional, seguido dos estudos
com relatos no nível individual, até apresentar os exemplos de modelos de
37
competências de outros países. Por fim, apresenta-se uma consolidação das
competências identificadas nos diferentes estudos.
No nível organizacional, Stefanuto et al. (2015), ao estudarem o contexto de
desenvolvimento de software, indicaram que é preciso definir competências
complementares às tecnológicas para propiciar a inovação tecnológica. Isso remente
ao fato de que, para inovar, é preciso ter competências específicas no tema
relacionado, no caso dele, competências tecnológicas, além de outras competências
que denominaram de correlatas para aumento da capacidade inovativa. A partir disso,
estabeleceram quatro competências organizacionais para gerar inovações
tecnológicas: desenvolvimento tecnológico, gestão de tecnologia, gestão de negócios,
melhoria contínua, sendo vinculada à capacidade de apoiar e potencializar as outras
três, por meio da gestão de pessoas, processos e conhecimentos. No estudo, os
autores desenvolveram uma metodologia de certificação de software, a partir de uma
demanda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, na qual a formação de
competências é uma das variáveis consideradas para garantir o resultado de inovação
tecnológica na organização, e constataram que há uma dependência direta entre as
competências e a maturidade de inovação.
Freire, Santos e Costa (2016) propuseram como competências inovativas para
uma empresa pública a competência tecnológica no agronegócio para oferta de
soluções tecnológicas e pesquisas relacionadas ao negócio. Esta competência foi
definida como a capacidade de adaptação e desenvolvimento de tecnologia
competitiva inovadora (Freire, Santos & Costa, 2016). Os autores indicam que para
que a organização tenha competência inovadora, faz-se necessário o envolvimento
de equipes multidisciplinares com conhecimentos especializados nas suas áreas de
atuação para gerar um novo produto.
No contexto do judiciário, Buta e Isidro-Filho (2016) constataram que
modificações nas competências proporcionaram inovações incrementais e de
melhoria nos serviços de assistência jurídica de uma organização pública, além de
identificarem que as competências organizacionais que tiveram inovação para
melhoria da prestação de serviços à sociedade vão além das específicas relacionadas
ao Direito, mas também das relativas ao atendimento ao público, à interação com
outros órgãos para solução de problemas às pessoas carentes e a mutirões e
conciliações extrajudiciais. Com isso, percebe-se que para gerar inovação é
38
necessário que as organizações públicas possuam competências além das técnicas
vinculadas ao serviço prestado, mas que sejam voltadas para gerar inovações na
prestação do serviço, com foco na solução de problemas para sociedade.
Butler e Ferlie (2020) identificaram quatro competências organizacionais para
inovação no setor público do Reino Unido, sendo elas a cocriação do conhecimento,
o teste do conhecimento, a transformação (metamorfose) e a difusão da inovação.
Para tanto, os autores reforçam que para estas capacidades serem realizadas de
forma efetiva requerem a participação das equipes durantes o processo de inovação,
com profissionais qualificados.
No único estudo que contemplou dois níveis de competências, Ubeda e Santos
(2008) relacionam quatro competências organizacionais relacionadas à capacidade
interna da organização ao negócio, ao desenvolvimento do negócio, à
sustentabilidade do negócio, e à diminuição dos desequilíbrios ambientais do negócio.
Além disso, os autores apresentam 10 competências humanas para inovação em
institutos públicos de pesquisa: criatividade; foco em resultados e soluções;
planejamento do futuro; comprometimento; atendimento ao cliente, respeitando os
princípios da qualidade total; liderança orientada à gestão do conhecimento; busca de
parcerias; colaboração; busca de rigor científico; e trabalho em equipe.
No caso de estudos que abordam o nível individual, Moussa, McMurray e
Muenjohn (2018) propõem uma relação de comportamentos que o líder precisa ter
para proporcionar a inovação no setor público: promoção da autoconsciência e
autodesenvolvimento; realista, otimista, confiável, persistente, imparcial, atencioso,
honesto, solução de problemas, tomada de decisão, comprometimento, capacidade
de inspirar sua equipe, coordenação eficaz, comunicação persuasiva, resiliência,
cortesia e respeito, visão estratégica, gestão de conflitos, capacidade de delegar,
empoderamento.
Lapuente e Sukuzi (2020) investigaram as diferenças de gênero nas atitudes
inovadoras no setor público, constando que existe diferença estatística significativa de
que as mulheres são mais propensas ao foco de fazer algo útil para a sociedade, e a
disposição para desafiar o status quo e para correr riscos. Além disso, apesar de as
mulheres terem maiores médias da motivação para alcançar resultados e da abertura
a novas ideias, estas diferenças não foram significativas em relação às médias dos
homens.
39
Jones (2017) argumenta que as competências digitais são essenciais para os
profissionais do setor público fornecerem e aperfeiçoarem a prestação dos serviços à
sociedade no desenvolvimento de inovações, inclusive de competências para
tratamento de dados com uso de abordagens qualitativas e quantitativas para
previsões e subsídio da tomada de decisão baseada em evidências. Cavalcante,
Goellner e Magalhães (2019) identificaram que a criatividade é um dos principais
fatores para o surgimento e trabalho em Laboratórios de Inovação no setor público.
A OCDE (2017a) propôs um modelo de seis competências necessárias para
inovar no setor público, sendo elas: (i) iteração para o desenvolvimento de políticas,
produtos e serviços; (ii) fluência em dados, no sentido de permitir a adequada tomada
de decisões; (iii) foco no usuário para solução e atendimento das necessidades do
cidadão na prestação do serviço público; (iv) curiosidade na busca e experimentação
de novas ideia e formas de trabalhar; (v) capacidade narrativa para construir suporte
na mudança organizacional; e (vi) insurgência no sentido de desafiar situações e atuar
com parceiros incomuns. Neste caso, ressaltam que não é necessário que um
indivíduo tenha todas as competências, mas pelo menos algumas para contribuir com
uma etapa da inovação. A Figura 1 ilustra o modelo de competências proposto pela
OCDE, traduzido para o português (OCDE, 2018).
Figura 1
40
Em relatório da OCDE (2017b), acerca das competências para inovação no
setor público chileno, há indicação da necessidade da capacidade de uso de
ferramentas e metodologias específicas, bem como de habilidades sociais
relacionadas aos comportamentos para inovação. Além disso, indicam que o modelo
de competências adotado contempla as seis áreas propostas pelo framework da
OCDE (2017a), e exemplificam algumas competências necessárias, como as
capacidades de: descobrir os desafios com uso do serviço público sob a perspectiva
dos usuários e partes interessadas; projetar soluções alinhadas à missão e ao
contexto da organização pública; testar ideias; trabalhar e gerenciar equipes
multidisciplinares; reagir em contexto de mudança; gerenciar projetos; e avaliar o
impacto da inovação. Pode-se perceber que estes exemplos estão relacionados a
diferentes dimensões da inovação.
Já o NESTA (2019) propôs um framework de competências para inovação no
setor público, de modo a permitir que as equipes de servidores públicos possam
resolver os problemas complexos que o governo enfrenta por meio de experiências.
O modelo parte da premissa de que as equipes precisam ser compostas pelas
diversas competências, mas que não é necessário que um indivíduo tenha todas elas.
Neste sentido, entende-se que as competências propostas pelos modelos são para o
nível do indivíduo. O modelo é composto por três categorias de competências: (i)
trabalho conjunto, contendo o engajamento do cidadão e das partes interessadas,
facilitação criativa, construção de interação entre as partes, mediação de divergência
das partes; (ii) aceleração da aprendizagem, relacionada à perspicácia para o futuro,
prototipagem e iteração para aperfeiçoamento, alfabetização de dados e evidência,
pensamento sistêmico, alfabetização tecnológica; e (iii) liderança para mudança
relativa à política e consciência burocrática, aspectos financeiros da mudança,
intraempreendedorismo, demonstração dos valores, narrativa e defesa da história.
Cada uma destas competências possui descrição de comportamentos, além de serem
indicadas atitudes que contribuam com a inovação, tais como agilidade, empatia,
resiliência, imaginação, foco dos resultados, coragem, curiosidade, reflexividade,
orientação para ação.
De modo a consolidar as competências identificadas na pesquisa da literatura,
tem-se nas Tabelas 4 e 5, a consolidação das competências organizacionais e as
individuais identificadas, respectivamente, com a indicação das referências e o
41
quantitativo total destas por competência. Ressalta-se que, como as competências
organizacionais são consideradas como as capacidades dinâmicas para inovação no
setor público (Butler & Ferlie, 2020), além dos estudos relatados nesta seção, a Tabela
4 contempla estudos que propuseram as capacidades para inovar no setor público. Já
na Tabela 5 são apresentadas as competências dos dois artigos da literatura, das
experiências dos modelos internacionais, bem como de artigos que tenham indicado
pelo menos uma competência necessária para inovação no setor público.
Ao analisar a Tabela 4, percebe-se que em todos os estudos há indicação da
necessidade de competências organizacionais vinculadas ao próprio negócio da
organização pública. Além disso, Stefanuto et al. (2015) complementa com
competências internas da organização para a gestão de pessoas, processos e
conhecimentos, enquanto os estudos de Ubeda e Santos (2008) e Buta e Isidro-Filho
(2016) trazem a contribuição da necessidade de competências organizacionais com
foco para o ambiente externo.
42
Tabela 4
Competências Ubeda e Stefanuto et Buta e Isidro- Freire et al. Isidro Hashim et Butler e
Total
organizacionais Santos (2008) al. (2015) Filho (2016) (2016) (2018) al. (2020) Ferlie (2020)
Atendimento ao público X 1
Capacidade interna da
X 1
organização ao negócio
Cocriação X X 2
Competências do negócio X X 2
Competências / capacidades
X X X X 4
tecnológicas
Desenvolvimento do negócio X 1
Desenvolvimento
X 1
tecnológico
Difusão da inovação X 1
Diminuição dos
desequilíbrios ambientais do X 1
negócio
Flexibilidade organizacional X 1
Gestão de pessoas,
X 1
processos e conhecimento
Gestão de negócios X 1
Gestão de tecnologia X 1
Intenção estratégica para
X 1
inovação
Interação com outros órgãos
públicos para solução de X 1
problemas
Liderança para inovação X 1
Melhoria contínua X 1
43
Competências Ubeda e Stefanuto et Buta e Isidro- Freire et al. Isidro Hashim et Butler e
Total
organizacionais Santos (2008) al. (2015) Filho (2016) (2016) (2018) al. (2020) Ferlie (2020)
Pessoas para inovação X 1
Projetos para inovação X 1
Sustentabilidade do negócio X 1
Teste do conhecimento X 1
Transformação
X 1
(metamorfose)
Fonte: Elaboração própria com base nas referências.
Tabela 5
44
Ubeda e Moussa, Cavalcante Lapuente e
OCDE OCDE Jones NESTA
Competências individuais Santos McMurray e et al. Sukuzi Total
(2017a) (2017b) (2017) (2019)
(2008) Muenjohn (2018) (2019) (2020)
Capacidade de descobrir os
X 1
desafios
Capacidade de gerenciar
X 1
projetos
Capacidade de inspirar a
X 1
equipe
Capacidade de reagir em
X 1
contexto de mudança
Capacidade narrativa X X X 3
Colaboração X 1
Competências digitais X 1
Comprometimento X X 2
Comunicação persuasiva X 1
Confiável X 1
Coordenação eficaz X 1
Cortesia e respeito X 1
Criatividade X X 2
Curiosidade X X 2
Disposição para desafiar o
X 1
status quo
Disposição para correr risco X 1
Empoderamento X 1
Facilitação criativa X 1
Fluência em dados X X X X 4
Foco em resultados e
X 1
soluções
Foco no usuário X X X 2
45
Ubeda e Moussa, Cavalcante Lapuente e
OCDE OCDE Jones NESTA
Competências individuais Santos McMurray e et al. Sukuzi Total
(2017a) (2017b) (2017) (2019)
(2008) Muenjohn (2018) (2019) (2020)
Gerenciamento de equipes
X 1
multidisciplinares
Gestão de conflitos X 1
Honesto X 1
Imparcial X 1
Insurgência X X 2
Intraempreendedorismo X 1
Iteração X X 2
Liderança X X X 3
Motivação ao alcance de
X 1
resultados
Otimista X 1
Pensamento sistêmico X 1
Persistente X 1
Planejamento do futuro X 1
Promoção da
autoconsciência e X 1
autodesenvolvimento
Realista X 1
Resiliência X 1
Solução de problemas X X 2
Testar ideias X 1
Tomada de decisão X 1
Trabalho conjunto com
cidadãos e partes X 1
interessadas
Trabalho em equipe X X 2
46
Ubeda e Moussa, Cavalcante Lapuente e
OCDE OCDE Jones NESTA
Competências individuais Santos McMurray e et al. Sukuzi Total
(2017a) (2017b) (2017) (2019)
(2008) Muenjohn (2018) (2019) (2020)
Visão estratégica X 1
Fonte: Elaboração própria com base nas referências.
47
Foram relacionadas 53 competências individuais, considerando os conceitos
adotados pelas referências utilizadas e que, para esta pesquisa, precisará ser
avaliada a possibilidade de utilização alinhada ao conceito de competências
individuais a ser adotado. Da lista, 11 competências foram comuns em pelo menos
dois estudos, sendo elas: capacidade narrativa, comprometimento, criatividade,
curiosidade, fluência em dados, foco no usuário, insurgência, iteração, liderança,
solução de problemas e trabalho em equipe. Ressalta-se que, nos casos comuns,
apenas as referências da OCDE (2017a; 2017b) não foram contabilizadas, uma vez
que o modelo chileno (OCDE, 2017b) foi elaborado com base no modelo da OCDE
(2017a).
Com isso, percebe-se pouca similaridade entre os estudos e focos distintos na
definição das competências individuais para inovação, tanto sob o aspecto conceitual,
ao apresentar características do indivíduo como competência (ex: otimista, confiável),
como na abrangência do processo de inovação, em que alguns direcionam para
atividades específicas da inovação (ex: testar ideias) e outros são mais genéricos
(pensamento sistêmico).
Observa-se, também, que foi identificada a Liderança tanto como competência
de nível individual (Ubeda & Santos, 2008) como organizacional (Isidro, 2018). No
nível individual, a liderança de gestores públicos pode influenciar a cocriação,
estimular a criatividade, o gerenciamento dos conflitos de interesse e a promoção e
superação de barreiras para colaboração das pessoas para criar valor público por
meio da inovação colaborativa (Crosby, Hart, & Torfing, 2016).
Com base nas Tabelas 4 e 5, percebe-se a fragilidade na definição das
competências para inovação nos níveis organizacional e individual, além da ausência
de estudos quanto à definição das competências de equipe. Isso reforça a
necessidade de realizar pesquisa para a definição das competências necessárias para
a inovação no setor público.
Buscou-se também estudos correlatos a competências que tratam de
comportamento inovador no setor público, como em Bysted e Hansen (2013) que
adaptaram uma escala de comportamento inovador para aplicar em organizações
públicas e privadas, a qual continha 6 itens, com cargas fatoriais de 0,830 até 0,913 e
alfa de cronbach de 0,942. Os comportamentos referem-se à criação de novas ideias,
realização do trabalho de novas formas, uso de ideias para gerar soluções aos
48
problemas, uso das ideias para aplicações úteis, introdução de ideias de modo
sistemático no ambiente de trabalho, e teste de ideias de forma ativa. Outro estudo
que aborda um comportamento para inovação no setor público foi realizado por Jordan
(2014) ao definir a inovação como um processo de pesquisa. Neste estudo, a autora
indica a necessidade de comportamentos éticos para evitar prejuízos durante o
desenvolvimento, experimentação e implementação da inovação.
O comportamento inovador no setor público é influenciado significativamente
pela liderança e orientação à aprendizagem individual no local de trabalho (Mutonyi,
Slatten, & Lien, 2020). Ademais, o apoio social em colaborar com a equipe e a
proatividade também foram identificados como preditores do comportamento inovador
no setor público (Suseno et al., 2019).
Considerando a relevância das competências para propiciar a inovação no
setor público, conforme indicado em diversos estudos (Aagaard & Andersen, 2014;
Bos-Nehles, Renkema & Janssen, 2017; Borrás & Edquist, 2015; Djellal, Gallouj, &
Miles, 2013; Fedato, Sznitowski e Karolczak, 2018; Ferreira, Tete, Isidro-Filho &
Sousa, 2015; Gökkaya & Özbağ, 2015; Podmetina et al., 2018; Ribeiro et al., 2018;
Seeck & Diehl, 2016; Ubeda & Santos, 2008) e a baixa produção científica de
pesquisas que investigaram as competências necessárias à inovação neste contexto,
buscou-se também artigos que tratam de perfis gerais do profissional inovador,
independente do contexto que trabalham, e de competências organizacionais para
inovação de empresas, os quais são relatados a seguir.
Dyer, Gregersen e Cristensen (2009) realizaram uma pesquisa para identificar
quais as características que diferenciam os profissionais que realmente são
inovadores. Os autores identificaram cinco competências relacionadas à capacidade
de associação, conectando questões aparentemente não associadas para solução de
problemas; questionamento; observação, experimentação, por meio de testes de
protótipos; e de networking.
Tartari et al. (2014) constataram lacuna de estudos que estabelecessem o perfil
de um profissional inovador para atuar em qualquer organização que tenha interesse
em inovar, e a partir de uma revisão bibliográfica, identificaram as seguintes
características necessárias ao colaborador de uma organização que deseja ter
equipes inovadoras: criatividade, empreendedorismo, capacidade de trabalhar em
conjunto, habilidades com tecnologias, capacidade de resolver problemas,
49
flexibilidade, autoconfiança e motivação. Aliás, os autores indicam que, para cada
etapa do processo de inovação, serão necessárias competências distintas, o que pode
implicar na necessidade de equipes com competências complementares para a
inovação, desde a criação e desenvolvimento da ideia, até sua implementação. Os
autores afirmam que as pessoas são determinantes no processo de inovação, pois
sem elas, nenhuma das outras condições por si só pode gerar a inovação se não tiver
as pessoas para criá-la e colocá-la em prática.
Seeck e Diehl (2016) reforçam que podem ser necessárias diferentes práticas
de gestão de pessoas para as diferentes fases do processo de inovação, além de
indicar que determinadas características do colaborador podem ser necessárias
também a diferentes etapas do processo, como a criatividade e a autonomia para a
geração das ideias.
Marin-Garcia et al. (2016), ao constatarem a relevância das pessoas para a
inovação, e a carência de modelos que permitam analisar o comportamento inovador,
propuseram um Framework para o desenvolvimento e avaliação de competências em
inovação (FINCODA – Framework for Innovation Competencies Development and
Assessment), constituído de três dimensões: criatividade, pensamento crítico e
intraempreendedorismo, sendo que este contempla competências de iniciativa,
trabalho em equipe e networking. Os autores indicam que o FINCODA faz parte de
um projeto europeu para que as pessoas possam se autoavaliar nas competências
para inovação em qualquer contexto de trabalho ou mesmo por recém-formados.
Indicaram que o projeto estava em fase de validação de instrumento com os itens
vinculados a cada uma das competências, além de que possuem intenção de
materializar o modelo como uma ferramenta de diagnóstico de competências para
contribuir com as organizações na identificação de profissionais inovadores.
Ao investigar as competências individuais em duas empresas, Ubeda et al.
(2017) consolidaram uma lista, a partir de pesquisa na literatura, sendo elas:
conhecimento prospectivo, conhecimento técnico, conhecimento para diagnóstico,
geração de ideias, experiências e perspectivas, gestão do desempenho, visão
integrada, utilização de informações técnicas, comunicação eficaz, liderança, trabalho
em equipe, e participação. Também propuseram descrições das competências, tais
como: “Trabalho em equipe – compartilhar conhecimentos com a equipe de trabalho”;
“Participação – Participar de decisões importantes nos projetos de pesquisa” (Ubeda
50
et a., 2017, p. 598). Os autores afirmaram que as competências individuais são
essenciais para a gestão da inovação, sendo que esta será viabilizada por um
conjunto de práticas de gestão de pessoas que proporcionem o desenvolvimento das
competências individuais. Os autores afirmam que a gestão da inovação e as
competências individuais possuem uma relação dinâmica e recíproca.
Outro estudo identificado que propõe um modelo de competências voltado para
inovação foi realizado por Podmetina et al. (2018), em que os autores realizaram a
modelagem de competências para os processos organizacionais da inovação aberta,
devido à carência de estudos que contemplem modelos para inovação, além de
reforçarem a necessidade da modelagem empiricamente fundamentada para apoiar
o desenvolvimento das pessoas orientados para inovação. Com isso, os autores
relataram a elaboração do modelo empírico, partindo de um teórico, elaborado com
base em revisão da literatura, para posterior aplicação de instrumento de validação
em que os respondentes deveriam indicar a importância de cada competência para
proporcionar a inovação aberta.
Ao final, Podmetina et al. (2018) consolidaram um modelo composto por 28
competências individuais necessárias à inovação aberta, com proposta de escala de
mensuração aplicável em organizações de diferentes tamanhos, tipos de negócios e
localizações geográficas na Europa, mas os autores indicam que características
regionais dos países podem influenciar o desenvolvimento do perfil de competências
para inovação. Dentre as 28 competências, as consideradas como mais importantes
foram: capacidade de networking, comunicação, trabalho em equipe multifuncional,
resolução de problemas, mindset do negócio e de tecnologia, compartilhamento de
conhecimento, criatividade, adaptabilidade e pensamento estratégico, liderança
empreendedora, tolerância a falhas. As competências foram agrupadas em quatro
categorias: autogestão, gestão interpessoal, gerenciamento de projetos,
gerenciamento de conteúdo. Além disso, o modelo compreende três níveis: as
funções da inovação aberta, as áreas de especialização e as competências
individuais.
No contexto de inovação social, Castro-Spila (2018) propuseram quatro
competências-chave para os profissionais das diferentes organizações que participam
deste tipo de inovação, sejam públicas, privadas ou sociais. As competências
relacionais para estruturar as relações de cooperação entre os grupos para a
51
inovação. As competências heurísticas servem para interpretação e solução de
problemas, incluindo a capacidade de identificar barreiras e facilitadores da inovação
social, de modo a permitir a concepção de soluções viáveis e transformadoras. As
competências epistêmicas contribuem para conceituação e codificação da inovação
na implementação de modelos participativos decorrentes de conhecimentos
científicos, sociais e institucionais, permitindo avaliar o impacto em diferentes
aspectos (econômico, social, institucional) e níveis (micro, meso e macro). Por fim,
tem-se as competências experimentais para prototipagem das inovações sociais,
considerando a capacidade de testar hipóteses, realizar experimentos para coletar
dados que contribuam para encontrar a solução do problema.
No nível organizacional, Baraldi et al. (2016) identificaram cinco competências
organizacionais de empresas inovadoras vinculadas ao Instituto Paulista de
Excelência da Gestão e da Fundação Nacional da Qualidade, sendo elas: liderança e
intenção estratégica que direcionam e proporcionam o ambiente para inovar; meio
inovador interno contemplando aspectos de uma liderança mobilizadora, modelo de
gestão, cultura inovadora e relações internas informais; pessoas com perfil para
cumprir o seu papel na inovação; processos de inovação, referindo-se ao
gerenciamento das etapas para inovar, além da disponibilidade de recursos ao
processo; e resultados que precisam ser mensurados, acompanhados, além de
avaliar seus impactos. Os autores verificaram a influência positiva nas competências
do meio inovador, pessoas e processos na competência de resultado.
Em complemento aos estudos que trataram de competências para inovação,
ao analisar os itens propostos por Resende Júnior e Guimarães (2013), na escala de
orientação para inovação, apesar de não representarem competências propriamente
ditas para inovação, os mesmos referem-se às práticas que a organização precisa
realizar para ser inovadora, as quais poderão ser utilizadas como subsídio para a
definição de competências para inovação, ao abordar aspectos, por exemplo,
relacionados à resolução de problemas nas equipes, à adoção de novos métodos de
trabalho, com base em experiências em outras organizações e a proposições de
sugestões de melhorias no trabalho.
Ao analisar as práticas de gestão para inovação propostas por Valladares,
Vasconsellos e Serio (2014), observa-se que existe uma diferença entre o nível em
que elas devem acontecer, sendo algumas capacidades dos indivíduos e outras das
52
equipes. Tem-se ainda, sob a ótica conceitual de competências, que algumas das
práticas remetem a comportamentos, tais como na liderança transformadora ao
indicar a necessidade de habilidade de comunicação dos gestores, de assumir risco,
de estimular a geração de ideias na sua equipe, dentre outras. Sendo assim, a relação
destas práticas poderá ser útil para o estabelecimento de competências coletivas e
individuais para inovação a serem adaptadas ao contexto do setor público.
3. MÉTODO
53
necessários para testar a relevância das competências para inovação no setor
público.
Foi realizada a abordagem metodológica qualitativa e quantitativa, de modo a
permitir a utilização de técnicas para compreensão e aprofundamento das
informações necessárias à proposição e à validação do modelo, a partir da síntese de
resultados gerados com dados verbalizados e numéricos (Shaughnessy, Zechmeister
& Zechmeister, 2012).
O uso desta abordagem mista acarretou a necessidade de adotar triangulação
de dados com diferentes perspectivas para analisar o fenômeno (Flick, 2009; Flick,
2013), com diferentes técnicas e fontes (humanas e documentais) para coleta e
análise de dados, de modo a não limitar a uma única perspectiva (Tuzzo & Braga,
2016), além da possibilidade de complementação para gerar resultados com mais
qualidade (Zappellini & Feuerschütte, 2015). Desta forma, foi utilizada a estratégia
exploratória sequencial de triangulação, a qual consiste na coleta inicial de dados
qualitativos para explorar o fenômeno, seguida da quantitativa para agregar aos
qualitativos, permitindo maior robustez na compreensão e interpretação dos
resultados (Creswell, 2007).
A estratégia para o alcance dos objetivos foi o uso da pesquisa bibliográfica
para proposição teórica do modelo e o método de levantamento para os objetivos
relacionados à pesquisa empírica, em função da necessidade de coletar a percepção
das pessoas a respeito do fenômeno estudado (Shaughnessy, Zechmeister &
Zechmeister, 2012).
54
temática de inovação e servidores públicos ou outros atores que participem de um dos
cinco componentes da estrutura da dinâmica do ecossistema de inovação no setor
público, proposto por Isidro (2018), sendo eles: Escolas de inovação, Prêmios de
inovação, Escritórios de inovação, Laboratórios de inovação, e Observatórios de
inovação. Como cada um destes componentes participa de uma etapa do processo
de inovação, para acessar as pessoas envolvidas com a implementação das
inovações, buscou-se profissionais que participaram de laboratórios e redes de
inovação no setor público, bem como que atuam nas iniciativas premiadas, como por
exemplo pelo Concurso Inovação na Gestão Pública Federal (CIGPF), promovido pela
Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) desde 1996 (Camões, Severo &
Cavalcante, 2017).
Para o alcance do terceiro e do quarto objetivos específicos, além deste
público, ampliou-se para qualquer pessoa que já tenha recebido prestação de serviço
público, de modo a permitir percepções dos diferentes atores envolvidos na inovação,
inclusive os usuários das inovações.
55
amostragem, indicação do público-alvo específico e técnicas de coleta e análise dos
dados a ser adotada para o alcance de cada um dos objetivos específicos da
pesquisa. Em seguida, descreve-se de forma mais detalhada como foram os
procedimentos e a amostra obtida.
56
Tabela 6
Objetivo específico Abordagem Método Coleta de Dados Público-alvo Amostragem Análise de Dados
Propor modelo conceitual de
competências para inovação
Artigos científicos sobre
em organizações públicas do
inovação, inovação no setor
Brasil, considerando os Pesquisa Análise da
Qualitativa Artigos científicos público, modelagem de Sem recorte temporal
diferentes níveis de análise e bibliográfica Literatura
competências, articulação de
as dimensões de modelos de
competências e inovação
inovação para este contexto
(objetivo específico 1).
Pesquisa - Sites institucionais vinculados Análise
Qualitativa Documentos Não se aplica
documental a inovação no setor público documental
- Pesquisadores especialistas Amostragem não
Identificar as competências Análise de
no tema de inovação probabilística por
necessárias, nos diferentes Qualitativa Levantamento Entrevista individual conteúdo
- Servidores públicos que atuam julgamento e por bola
níveis de análise, para categorial temática
em iniciativas de inovação de neve.
inovação no setor público
- Servidores públicos que atuam
brasileiro (objetivo específico
em iniciativas de inovação Amostragem não Análise de
2).
Qualitativa Levantamento Grupo focal - Profissionais que atuam em probabilística por conteúdo
iniciativas de inovação no setor julgamento. categorial temática
público
- Especialistas em Amostragem não
Validação
Qualitativa Levantamento Entrevista individual competências e inovação no probabilística por
simultânea
Apresentar evidências de setor público julgamento.
validade das competências Questionário de
- Profissionais que atuam com
necessárias, nos diferentes percepção da
inovação no setor público
níveis de análise, para demonstração das Amostragem não Estatística
- Profissionais que atuam com
inovação no setor público Quantitativa Levantamento competências probabilística por descritiva e
inovação de modo geral
(objetivo específico 3). desejáveis para conveniência. multivariada
- Cidadão que recebe os
inovação no setor
serviços públicos.
público.
Questionário de
- Profissionais que atuam com
Validar a relação entre as percepção da
inovação no setor público Estatística
competências nos diferentes demonstração das Amostragem não
- Profissionais que atuam com descritiva,
níveis de análise para Quantitativa Levantamento competências probabilística por
inovação de modo geral inferencial e
inovação no setor público desejáveis para conveniência.
- Cidadão que recebe os multivariada
(objetivo específico 4). inovação no setor
serviços públicos.
público.
57
3.3.1. Objetivo específico “Identificar as competências necessárias, nos diferentes
níveis de análise, para inovação no setor público brasileiro”
58
Tabela 7
3.3.1.2 Entrevistas
60
Para responder este formulário, por amostragem não probabilística por
julgamento, foram selecionados 15 especialistas que estudem ou atuem com
competências ou inovação no setor público, os quais foram identificados pela rede de
contatos vinculada ao Laboratório de Inovação e Estratégia em Governo
(LineGOV/UnB), além de autores das referências utilizadas no referencial teórico,
permitindo a identificação dos seus contatos disponíveis nas suas respectivas
publicações. Sendo assim, em 10 de fevereiro de 2020 foram encaminhados e-mails
aos especialistas, conforme exemplo disponível no Apêndice 4, solicitando a
participação até o dia 21 do mesmo mês. No entanto, a etapa de retorno dos
especialistas ocorreu até o dia 6 de março de 2020, obtendo participação de 9
pessoas, ou seja, uma taxa de 60% de retorno dos especialistas.
O perfil dos participantes na etapa de validação do roteiro de entrevistas é
composto por cinco do sexo masculino e quatro do feminino. Quanto ao nível de
escolaridade, um possui mestrado, quatro com doutorado e quatro com pós-
doutorado. O tempo médio de experiência em pesquisa foi de 15,4 anos (DP = 6,6;
Min = 8; Máx = 25), e as áreas temáticas de atuação de sete são competências,
inovação e setor público; de um é competência e setor público; e de um especialista
é sobre inovação e setor público, confirmando a adequação do perfil necessário para
realizarem a validação do instrumento.
No que diz respeito à avaliação do conteúdo das questões (alinhamento ao
objetivo e aderência ao constructo), em sete delas houve a indicação dos nove
especialistas com adequação de alta a plena; em sete questões oito avaliaram de alta
a plena, e em uma questão sete marcaram como alta a plena adequação. A Tabela 8
apresenta a consolidação das avaliações realizadas pelos especialistas em relação
aos critérios (frequência do grau de adequação) e o total de comentários com
sugestões ou reflexões para melhoria da questão, bem como indica as providências
tomadas ao aperfeiçoamento da versão final do roteiro de entrevista. Ressalta-se que,
apesar de terem boas avaliações e comentários bem pontuais, buscou-se aperfeiçoar
todas as questões considerando os comentários realizados pelos especialistas, em
especial nas questões que tiveram critérios que tivessem sido avaliados com baixa ou
média adequação
61
Tabela 8
Consolidação da avaliação dos especialistas acerca das questões do roteiro de entrevista proposto
62
Critérios avaliados (frequência)
Grau de Qtd.
Grau de
aderência Grau de Grau de expectativa comentários
Questões alinhamento Providências realizadas
ao clareza da qualitativa da (sugestões/
ao objetivo
construto pergunta resposta reflexões)
da pesquisa
investigado
6 – plena 6 – plena 6 – plena - Inclusão da referência equipe de trabalho, conforme
5ª
adequação adequação adequação 4 – plena adequação sugestão na questão anterior.
Questão 2
3 – alta 3 – alta 3 – alta 5 – alta adequação - Exclusão da segunda vez que aparece o verbo
(CE)
adequação adequação adequação considerar para não ficar repetitivo.
- Padronização da denominação de equipe de
6 – plena 5 – plena 5 – plena trabalho em todas as perguntas deste bloco.
adequação adequação adequação 3 – plena adequação - Inclusão da palavra necessárias para remeter tanto
6ª
1 – alta 2 – alta 1 – alta 4 – alta adequação ao que tem quanto ao que precisa ter (desenvolver).
Questão 4
adequação adequação adequação 3 – média - Inclusão no glossário da definição de ambiente de
(CE)
2 – média 2 – média 3 – média adequação inovação.
adequação adequação adequação - Inclusão do contexto em organização pública
conforme foi proposto por avaliador em outra questão.
- Padronização da denominação de equipe de
6 – plena 5 – plena trabalho em todas as perguntas deste bloco.
6 – plena
adequação adequação 5 – plena adequação - Inclusão no glossário da definição de capacidade de
7ª adequação
2 – alta 3 – alta 3 – alta adequação inovação.
Questão 3 – alta 5
adequação adequação 1 – média - Foi excluída a primeira pergunta do bloco.
(CE) adequação
1 – baixa 1 – média adequação - Foi adaptada da sugestão de um dos avaliadores, e
adequação adequação inclusão da palavra necessárias para padronizar com
a pergunta de cima.
- Padronização da denominação de equipe de
trabalho em todas as perguntas deste bloco.
- Padronização das questões com a inclusão da
8 – plena 8 – plena 8 – plena 7 – plena adequação
8ª palavra necessárias e do contexto em organizações
adequação adequação adequação 1 – alta adequação
Questão 4 públicas.
1 – alta 1 – alta 1 – baixa 1 – média
(CE) - O início foi modificado para evitar o cansaço do
adequação adequação adequação adequação
início das questões sempre com a mesma palavra.
- Inclusão no glossário da definição de atividades de
inovação.
63
Critérios avaliados (frequência)
Grau de Qtd.
Grau de
aderência Grau de Grau de expectativa comentários
Questões alinhamento Providências realizadas
ao clareza da qualitativa da (sugestões/
ao objetivo
construto pergunta resposta reflexões)
da pesquisa
investigado
- Padronização da denominação de equipe de
6 – plena 6 – plena 5 – plena
trabalho em todas as perguntas deste bloco.
adequação adequação adequação 4 – plena adequação
9ª - Padronização das questões com a inclusão da
2 – alta 2 – alta 2 – alta 3 – alta adequação
Questão 5 palavra necessárias e do contexto em organizações
adequação adequação adequação 2 – média
(CE) públicas.
1 – média 1 – média 2 – média adequação
- Inclusão no glossário da definição de resultados de
adequação adequação adequação
inovação.
13ª
7 – plena 7 – plena 4 – plena 5 – plena adequação - Padronização das questões para indivíduo inovador
Questão 5
adequação adequação adequação 2 – alta adequação e colocar sempre o contexto do setor público.
(CI)
64
Critérios avaliados (frequência)
Grau de Qtd.
Grau de
aderência Grau de Grau de expectativa comentários
Questões alinhamento Providências realizadas
ao clareza da qualitativa da (sugestões/
ao objetivo
construto pergunta resposta reflexões)
da pesquisa
investigado
1 – alta 1 – alta 1 – alta 2 – média
adequação adequação adequação adequação
1 – baixa 1 – média 3 – média
adequação adequação adequação
1 – baixa
adequação
4 – plena
7 – plena 7 – plena adequação 4 – plena adequação - Padronização das questões para indivíduo inovador
14ª
adequação adequação 3 – alta 3 – alta adequação e colocar sempre o contexto do setor público.
Questão 6
2 – alta 2 – alta adequação 1 – média - Inclusão no glossário do significado de capacidade
(CI)
adequação adequação 1 – média adequação de inovação.
adequação
6 – plena 6 – plena 4 – plena
adequação adequação adequação 3 – plena adequação - Padronização das questões para indivíduo inovador
15ª
2 – alta 2 – alta 2 – alta 3 – alta adequação e colocar sempre o contexto do setor público.
Questão 4
adequação adequação adequação 3 – média - Inclusão no glossário do significado de resultado de
(CI)
1 – média 1 – média 3 – média adequação inovação.
adequação adequação adequação
Nota: (CO) – questão de competência organizacional; (CE) – questão de competência de equipe; (CI) – questão de competência individual.
65
Os comentários dos especialistas realizados nas questões permitiram também
a melhoria do roteiro, ao apresentar feedbacks a respeito da pesquisa, sugestões de
novas redações para a questão, análises dos grupos de questões para identificação
das competências em um determinado nível de análise, além de questionamentos
para reflexão e aperfeiçoamento da pergunta. Para efeitos de exemplificações,
seguem alguns comentários realizados sobre as questões:
• “entendi! agora vc monitorará as características da equipe inovadora.”
(Especialista 9).
• “Sugestão de redação: Na sua opinião, quais as características de uma
equipe de trabalho em organização pública com capacidade para gerar
inovação.” (especialista 8).
• “Depois de ler as seis perguntas, sugiro retirar a primeira dessa página,
acredito que a resposta que você deseja obter com ela, vai obter com as
outras e as outras 5 perguntas estão mais claras. Sugiro também colocar
essa pergunta 6 logo após a pergunta de gerir o ambiente de inovação
e deixar as duas como 5 e 6 (no final do bloco das equipes).”
(especialista 6).
• “Qualquer indivíduo ou um servidor público?” (especialista 3).
66
• “Caso o público-alvo não seja composto de especialistas, é sempre
desejável explicitar definições de termos e expressões. Por exemplo, o
que é competência (é o conceito do CHAVE? Se sim, exemplificar), o
que é indivíduo inovador, etc..Para que o respondente saiba
exatamente o que está sendo perguntado. Acredito que será uma
pesquisa muito bem-vinda no cenário do setor público. Parabéns pelo
tema escolhido!” (Especialista 2)
• “Lana, pense em deixar mais clara a expressão inovação, o que de fato
quer com a utilização dela em vários momentos. Acredito que isso é
bem importante.” (Especialista 3)
67
O público-alvo das entrevistas foi tanto de pesquisadores especialistas sobre o
tema como de servidores públicos que atuem em iniciativas de inovação no setor
público, de modo a contemplar a visão de profissionais com conhecimento oriundas
da produção científica e de pesquisas que conduzem, como da realidade prática do
dia a dia da inovação.
Devido à necessidade do conhecimento e/ou experiência específica na
temática, a identificação de possíveis candidatos foi intencional (amostragem não
probabilística por julgamento), de modo a envolver profissionais com experiência
prática em inovação, conforme recomendado por Campion et al. (2019) para
modelagem de competências. Sendo assim, para identificar possíveis especialistas
foi realizado levantamento de autores que tenham sido utilizados no referencial
teórico, bem como de professores de programas de pós-graduação em administração
que pesquisassem sobre inovação no setor público, o que permitiu gerar uma lista de
12 especialistas para serem convidados a participar das entrevistas. A identificação
de profissionais ocorreu mediante levantamento de experiências que receberam
prêmios de inovação da ENAP (disponíveis no site da Escola), bem como de
organizações públicas com laboratório de inovação no Distrito Federal, em função da
intenção inicial de condução das entrevistas presencialmente, gerando uma lista inicial
de sete profissionais com experiência prática a serem convidados. Durante a
condução das entrevistas também foi solicitada indicação de contatos de profissionais
que tivessem o perfil para participar e contribuir com a pesquisa, independente da
cidade que residiam, em função da mudança decorrente do contexto de pandemia,
complementando a amostragem por bola de neve.
Foram encaminhados convites por e-mail (Apêndice 7) ou por whatsapp
(Apêndice 8), a depender do contato obtido. Nem todos os convidados aceitaram
participar das entrevistas por motivos de dificuldades de agenda durante a pandemia
do COVID-19 ou por considerar que não poderiam contribuir com a pesquisa em toda
sua abrangência. Aos que aceitavam participar da entrevista, encaminhava-se e-mail
com a confirmação do agendamento (Apêndice 9), juntamente com o roteiro de
entrevista (Apêndice 5) e as informações complementares do glossário (Apêndice 6).
Foram realizadas 27 de entrevistas, durante os meses de março a maio de
2020, em que a forma de coleta foi realizada de acordo com a preferência dos
participantes, sendo uma presencial e 26 de modo virtual. Da mesma forma, os
68
entrevistados optaram pela ferramenta que consideravam mais adequada, sendo
realizadas 13 pelo Meet do Google, 12 por Skype e uma pelo Microsoft Teams. No
caso da entrevista presencial houve o preenchimento do campo de participação
voluntária e autorização para gravar a entrevista, e nas virtuais após a concordância
do participante, iniciava-se a gravação e repetia-se a pergunta sobre participar
voluntariamente e autorizar a gravação, de modo a ter o registro da concordância do
entrevistado. A gravação das entrevistas totalizou em 24 horas, 23 minutos e 39
segundos, sendo em média de 54 minutos, e variaram de aproximadamente 29
minutos até 1 hora e 30 minutos. A Tabela 9 apresenta a consolidação do perfil dos
entrevistados.
Tabela 9
Variável Frequência
66,7% - Atuação prática
Tipo de público
33,3% - Especialistas
59,3% - Masculino
Sexo
40,7% - Feminino
74,1% - Casado
14,8% - Divorciado
Estado Civil
7,4% - Solteiro
3,7% - União estável
3,7% de 25 a 29 anos
22,2% de 35 a 39 anos
44,4% de 40 a 44 anos
Faixa etária 14,8% de 45 a 49 anos
7,4% de 50 a 54 anos
3,7% de 55 a 60 anos
3,7% maior que 60 anos
3,7% - Graduação/ Tecnólogo
29,6% - Especialização
Formação
22,2% - Mestrado
14,8% Doutorado
29,6% - Pós-doutorado
59,3% - Distrito Federal
14,8% - São Paulo
7,4% - Espírito Santo
7,4% - Rio de Janeiro
Estado de vínculo
7,4% - Rio Grande do Norte
profissional
3,7% - Santa Catarina
Obs: dois destes entrevistados estavam fora do Brasil no momento da
entrevista (um na Inglaterra e um em Costa Rica)
74,1% - Sim
Ocupação de função
25,9% - Não
de gestão
Média = 10,7
Tempo de experiência
Desvio Padrão = 7,8
com tema de inovação
Mínimo = 2
no setor público (em
Máximo = 35
anos)
Experiência em
92,6% - Sim
liderança de projetos
7,4% - Não
de inovação
Participação em
40,7% - Sim
projeto que ganhou
59,3% - Não
prêmio de inovação
70
As entrevistas foram transcritas para tratamento e análise dos dados. No
entanto, houve perda de palavras ou frases dos entrevistados, decorrentes de
problemas na qualidade da gravação do áudio provenientes de falhas do uso de
ferramentas virtuais para condução das entrevistas, tais como ruídos, som “picotado”,
ausência de som durante alguns segundos decorrente da qualidade da internet. Em
função disso, após finalizar as transcrições foi realizada a conferência do conteúdo
transcrito de todas as entrevistas, o que permitiu ajustes em palavras e frases. Ao total
o corpus foi de 141.923 palavras.
Cada entrevista foi codificada com uma numeração E”n”, na ordem cronológica
de realização, de modo a garantir o sigilo individual do participante, sendo que os
exemplos de relatos dos resultados utilizam este código.
Em seguida, realizou-se a análise de conteúdo categorial temática,
considerando as diretrizes de Bardin (2016) para análise de conteúdo categorial
temáticas em quatro etapas: preparação do material, pré-análise, exploração do
material, e tratamento e interpretação dos resultados obtidos. A conferência da
transcrição já foi utilizada como primeira leitura geral do corpus completo, permitindo
estabelecer a estratégia de preparação do material quanto à separação por pergunta
da entrevista e com a identificação do código da entrevista, agrupando as respostas
de todos os entrevistados, inclusive casos em que o entrevistado adiantava
comentários de questões posteriores ou retomava alguma questão.
Com o material preparado, foram criadas três planilhas, uma para cada nível
de análise da competência, e realizada leitura para identificação dos núcleos de
sentido dos relatos e inseridos em linhas diferentes com proposta inicial de tema
correspondente a cada núcleo, e a identificação do código da entrevista. As propostas
de temas emergiram da análise dos dados e da análise da literatura. Ressalta-se que
nesta etapa de enquadramento dos núcleos de sentido por nível, houve modificação
de relatos de um nível indicado durante a entrevista para outro, de modo a adequar a
aplicação do conceito de competência organizacional, de equipe e individual adotados
na tese. Estas modificações se fizeram necessárias devido a dificuldades dos
entrevistados em diferenciar o que era necessário principalmente entre o nível de
equipe e indivíduos, além dos próprios relatos de respostas de um determinado nível
conter palavras que remetiam a outro nível, como em caso de resposta de
competência de equipe com indicação de que a pessoa precisava ter determinado
71
comportamento; ou que a organização precisava realizar algumas práticas para que
o indivíduo pudesse inovar. Estas dificuldades podem ser confirmadas pelos seguintes
relatos: (i) Eu acho que são as mesmas, é muito difícil separar indivíduo de equipe
(E22); (ii) “É a mesma da equipe, não vejo diferença nenhuma não, pode repetir a da
equipe” (E15).
Nas competências de equipe e individuais também havia registro em coluna da
vinculação do relato às dimensões do modelo GESPUBLIN (Isidro, 2018), quando
possível, tendo em vista que as primeiras perguntas de cada bloco dos níveis das
competências não faziam vinculação a dimensão. Em alguns casos os entrevistados
indicavam que eram as mesmas competências para algumas dimensões, conforme
exemplificado nos relatos a seguir: (i) “As mesmas, eu não separo o que é gestão do
resultado. Quando eu olho o modelo do Isidro para mim ele é integrado” (E13); (ii)
“acho que sim são as mesmas de ambiente para a capacidade de inovação. No meu
entender elas variam um pouco na intensidade e tal, mas são as mesmas. Eu entendo
que funcionariam da mesma maneira” (E09). A continuidade da análise dos dados foi
realizada após a inclusão dos relatos coletados nos grupos focais, sendo detalhada
no próximo item.
Considerando que não foi possível obter saturação teórica nos dados coletados
durante a entrevista, além de complementar a coleta para triangulação dos dados, foi
definida a necessidade de realização de grupos focais.
Tendo em vista o contexto de pandemia do COVID-19 como um fator restritivo
para coleta de dados presenciais, durante as entrevistas foram realizadas consultas
sobre o conhecimento dos entrevistados de pessoas predispostas a participarem
virtualmente do grupo focal. Em função disso, foi planejado um primeiro grupo focal
com profissionais que atuam com inovação em uma empresa pública como teste piloto
desta forma de coleta de dados. A consulta sobre o interesse em participar do grupo
focal foi realizada em grupo de whatsapp exclusivo de profissionais que trabalham na
empresa, e as pessoas que demonstraram disposição para contribuir foram
convidadas para participar de um grupo específico do whatsapp para definição do
agendamento e da melhor ferramenta para condução do grupo.
72
Foi desenvolvido o roteiro do grupo focal, estruturado da seguinte forma: (i) a
apresentação da pesquisa, contendo a contextualização e objetivo, a definição da
agenda e link para participação pela ferramenta Microsoft Teams, a explicação da
programação do grupo focal, explicações sobre sigilo das informações; (ii) duas
questões para conhecer o participante (“quebra gelo”) e as questões a serem
discutidas, sendo duas de competências organizacionais, uma de competência de
equipe e uma de competência individual; e (iii) 14 questões do perfil do participante.
O roteiro do grupo focal, disponível no Apêndice 10, foi encaminhado previamente aos
participantes para conhecimento do que seria tratado no grupo.
Para o perfil, as 14 questões foram inseridas em formulário do Google Forms
para facilitar tanto o preenchimento pelos participantes quanto a consolidação dos
dados. E ainda, por se tratar de experiência piloto do uso do grupo focal virtual, foram
incluídas quatro perguntas abertas sobre a experiência da participação no grupo no
formato utilizado, de modo a permitir avaliar a viabilidade e oportunidades de
aperfeiçoamento da condução de outros grupos focais. O formulário utilizado está
disponível no Apêndice 11.
Como o grupo focal virtual piloto permitiu a coleta para complemento dos dados
da pesquisa, com abordagem qualitativa, buscou-se organizar mais dois grupos focais
com equipes de Laboratórios de inovação, sendo uma Estadual e outra Federal.
Sendo assim, foi agendado o segundo grupo focal, intermediado pela pessoa
responsável do Laboratório de Inovação do Governo Estadual. Já para o terceiro
grupo focal, como apenas duas pessoas poderiam participar do grupo, não sendo
quantitativo suficiente, foi realizado convite para identificação de voluntários em grupo
do whatsapp com profissionais interessados na temática de inovação no setor público
(IGOVnights), obtendo mais três pessoas interessadas, o que viabilizou o
agendamento do grupo focal, além de permitir a realização com grupo de pessoas de
diferentes organizações e experiências com inovação, conforme sugestão
apresentada por participante de grupos focais anteriores.
Desta forma, foram realizados três grupos focais para complemento da coleta
de dados qualitativos nos meses de abril, maio e junho de 2020. Da mesma forma, os
participantes autorizaram gravar o grupo focal, sendo registrado tanto pelo Microsoft
Teams quanto por gravador do celular e do notebook, totalizando em 5 horas, 23
73
minutos e 28 segundos. As gravações dos grupos focais também foram transcritas e
conferidas, totalizando um corpus com 34.704 palavras.
A condução dos grupos focais foi realizada em três momentos: (i) apresentação
dos participantes e pergunta da motivação em participar do grupo; (ii) apresentação
da pesquisa (Apêndice 12), contendo explicação da dinâmica do grupo,
contextualização, objetivos e aspectos conceituais da pesquisa, modelo teórico
proposto, e acordo para condução do grupo; (iii) discussão das questões do grupo.
No início do grupo, a apresentação da pesquisa foi enviada aos participantes, caso
necessitassem consultar durante o momento da discussão das questões. Ao final,
disponibilizava-se o link do formulário para coleta do perfil dos participantes e
avaliação da experiência vivenciada em grupo focal virtual.
Em função dos feedbacks obtidos no grupo focal piloto, houve alteração na
forma de condução dos demais grupos, que iniciou convidando os participantes para
responderem as questões em ordem alfabética, e no próprio piloto, a partir da terceira
questão, as pessoas eram convidadas aleatoriamente para dar oportunidade de todos
poderem falar primeiro ou por último. O perfil dos participantes nos grupos focais é
apresentado na Tabela 10.
Tabela 10
Variável Frequência
61,5% - Masculino
Sexo
38,5% - Feminino
46,2% - Casado
Estado Civil 7,7% - Divorciado
46,2% - Solteiro
7,7 % de 20 a 24 anos
15,4% de 25 a 29 anos
15,4% de 30 a 35 anos
Faixa etária
7,7% de 35 a 39 anos
38,5% de 40 a 44 anos
15,4% de 50 a 54 anos
15,4% - Graduação/ Tecnólogo
Formação
53,8% - Especialização
30,8% - Mestrado
61,5% - Distrito Federal
Estado
38,5% - Espírito Santo
74
Variável Frequência
38,5% - Servidor público
Vínculo com serviço 30,8% - Empregado público
público 23,1% - Trainee em gestão pública (sem vínculo)
7,7% - Prestador de serviço para organização pública
76,9% - Executivo
Esfera de Poder 7,7% - Autônimo
15,4% - Não se aplica
69,2% - Federal
Esfera do Governo
30,8% - Estadual
Ocupação de função 84,6% - Sim
de gestão 15,4% - Não
38,5% - Empresa pública
Tipo de organização 7,7% - Instituição de Ensino Superior
do ecossistema de 61,5% - Organização do serviço público
inovação que participa 7,7% - Terceiro setor
23,1% - Organização sem fins lucrativos
46,2% - pesquisador
23,1% - professor sobre o tema
Tipo de atuação
61,5% - desenvolve inovação
profissional com
38,5% gestor de equipe de inovação
inovação
53,8% - implementa inovação
7,7% - inovação para empreendedorismo e desenvolvimento
Tempo de experiência Média = 5,6
com tema de inovação Desvio Padrão = 6,6
no setor público (em Mínimo = 6 meses
anos) Máximo = 22
Experiência em
76,9% - Sim
liderança de projetos
23,1% - Não
de inovação
Participação em
38,5% - Sim
projeto que ganhou
61,5% - Não
prêmio de inovação
75
homogeneidade, pertinência, exclusão mútua, exaustividade, objetividade e fidelidade
propostos por Bardin (2016) durante a análise dos relatos para categorização. Foram
realizadas três rodadas de revisão de cada nível quanto aos referidos critérios,
levando em consideração também a revisão da literatura para adequação das
propostas de categorias temáticas dos relatos que passaram a ser o nome das
competências em cada nível. A partir deste refinamento, foram elaboradas propostas
de descrições de cada competência (categoria temática).
76
para demonstração das competências foi decorrente da consolidação dos dados
coletados ter permitido elaborar uma lista consistente das competências necessárias
para inovação nos níveis organizacional, de equipe e individual, considerando o
alinhamento ao conceito de cada uma.
A Tabela 11 apresenta as partes do questionário com informações sobre a
situação inicial enviada ao especialista e a versão validada, incluindo o detalhamento
das modificações realizadas em cada parte. A versão final foi inserida em formulário
do Google Forms, disponível no Apêndice 13.
77
Tabela 11
Parte do
Situação inicial Situação validada Modificações realizadas
questionário
78
Parte do
Situação inicial Situação validada Modificações realizadas
questionário
79
Parte do
Situação inicial Situação validada Modificações realizadas
questionário
80
Considerando as contribuições gerenciais da pesquisa, além de permitir que os
participantes pudessem refletir sobre a presença das competências para inovação em
organizações públicas, ao final do preenchimento (página de agradecimento pela
participação – Apêndice 13) havia convite para participar de apresentação dos
resultados da pesquisa e link para os interessados informarem os e-mails de contato,
de modo a não ter vínculo do e-mail com as respostas da pesquisa como mecanismo
de maior segurança para manutenção do sigilo do respondente. O formulário de
interesse nesta apresentação também foi elaborado no Google Forms e continha duas
perguntas – confirmação do interesse e solicitação do e-mail de contato para
divulgação aos interessados, conforme consta no Apêndice 14.
Ressalta-se que esta pesquisa não foi submetida ao Comitê de ética em
Pesquisa ou à Plataforma Brasil, em função da dispensa prevista na Resolução nº
510/2016 do Conselho Nacional de Saúde quanto a pesquisas consultivas de opinião
pública sem identificação dos sujeitos da amostra.
Foram elaborados materiais de divulgação da pesquisa em quatro modelos
diferentes (Apêndice 15): (i) mensagem de texto para divulgação em redes sociais
(Linkedin, Facebook e Instagram) e por e-mail aos profissionais que atuam em
organizações públicas; (ii) mensagem de texto adaptada para maior clareza que
profissionais de organizações públicas, privadas, terceiro setor e economia mista
poderiam responder a pesquisa e divulgação nas redes sociais e e-mail; (iii) imagem
de divulgação da pesquisa com logomarca de vinculação ao Laboratório de Inovação
e Estratégia em Governo – LineGov/UnB e texto convidando para participação e
disponibilização do link; (iv) imagem de divulgação da pesquisa com inclusão de
logomarca de parceiros apoiadores da pesquisa.
As estratégias de divulgação da pesquisa foram: publicação em redes sociais
da pesquisadora responsável e orientador (Linkedin, Facebook e Instagram), envio de
mensagem de whatsapp e e-mail aos contatos da pesquisadora que fossem públicos
da pesquisa. Como na mensagem de divulgação pedia apoio e replicar a divulgação
aos contatos, houve divulgação voluntária de pessoas pela técnica de bola de neve.
Buscou-se contatos da lista de laboratórios de inovação mapeados em publicação
pela ENAP (Sano, 2020), em experiências que receberam prêmio de inovação
disponível no site da ENAP, além de outros atores do ecossistema de inovação em
81
pesquisa no Google, Linkedin, e Instagram e de contatos disponibilizados por pessoas
que receberam a divulgação da pesquisa.
A partir destes contatos, foi possível realizar parcerias com Redes e
Laboratórios de Inovação no setor público para apoio na divulgação da pesquisa em
suas redes, em função dos responsáveis terem considerado a pesquisa relevante ao
ecossistema de inovação no contexto público, sendo eles: Conexão Inovação Pública
RJ (RJ), WeGOV (SC), GovFlix (RJ), IdeiaGOV (SP), GESTGOV (DF), LabGES
(Laboratório de Inovação na Gestão – ES) e Iris Lab (Laboratório de Inovação e Dados
– CE), além de acesso para participar de todos os grupos vinculados à Rede
InovaGOV do whatsapp para realizar a divulgação nos grupos e na página do
InovaGOV, por se tratar de um espaço para estímulo e viabilização da inovação no
setor público brasileiro (http://inova.gov.br/). O Apêndice 16 contém exemplo das
diferentes divulgações realizadas pela pesquisadora, orientador, parceiros e
voluntários.
Desta forma, a amostragem foi não probabilística por conveniência devido à
participação voluntária das pessoas. Em face da necessidade de utilização da Análise
Fatorial Exploratória para o alcance do objetivo de apresentar evidências de validade
estatísticas, considerando que o instrumento validado continha 59 itens de
competências, a amostra mínima necessária precisaria ser de 590 participantes,
conforme recomendação de 10 observações por item (Damasio, 2012; Hair Jr. et al,
2005b; Tabachnick & Fidell, 2013).
Durante o período de coleta dos dados, de 15 de dezembro de 2020 até 14 de
janeiro de 2021, 678 pessoas participaram da pesquisa. No entanto, quatro pessoas
não concordaram em preencher o questionário voluntariamente, após a leitura da
apresentação da pesquisa. Com isso, a amostra foi de 674 participantes voluntários,
superando a quantidade mínima necessária para realização dos testes estatísticos ao
alcance deste objetivo. Desta amostra, 120 pessoas indicaram interesse em participar
da apresentação dos resultados (17,8% da amostra da pesquisa) ao responder o link
do final da pesquisa (Apêndice 14). A Figura 2 apresenta a evolução do preenchimento
do questionário eletrônico pelos participantes voluntários, a qual foi utilizada para
controle e estabelecimento das estratégias de reforço da divulgação da pesquisa.
82
Figura 2
140
123
120
100
78
80
60 48 48
43
36
40
27 27 25 25 26
20 17 18 20
20 15 13 11 11 10
7 6 3 5
1 3 1 2 2 2 1
0
21/dez/20
26/dez/20
15/dez/20
16/dez/20
17/dez/20
18/dez/20
19/dez/20
20/dez/20
22/dez/20
23/dez/20
24/dez/20
25/dez/20
27/dez/20
28/dez/20
29/dez/20
30/dez/20
31/dez/20
08/jan/21
13/jan/21
01/jan/21
02/jan/21
03/jan/21
04/jan/21
05/jan/21
06/jan/21
07/jan/21
09/jan/21
10/jan/21
11/jan/21
12/jan/21
14/jan/21
Os dados foram exportados do Google Forms à planilha de Excel para
tratamento inicial (codificação das variáveis) e criação da variável da Região
correspondente ao Estado Brasileiro que reside preenchida no perfil. Em seguida a
planilha foi importada para o Statistical Package for the Social Sciences - SPSS
(versão 20) para consolidação dos dados e realização de testes estatísticos
necessários ao alcance do objetivo.
A primeira consolidação foi o perfil da amostra, com uso de estatísticas
descritivas de frequência. No que tange às variáveis sócio demográficas, a amostra é
caracterizada principalmente por pessoas do sexo masculino (59,1%); casadas / em
união estável (67,2%); com faixa etária entre 40 e 44 anos (21,4%); com mestrado
(33,1%), seguido de especialização (30,9%); e que residem na Região Centro-Oeste
do Brasil (45,0%), conforme detalhado na Tabela 12. Pode-se observar, nesta Tabela,
como principais características em relação às variáveis profissionais: 66% trabalham
em organização pública; 48,7% são servidores públicos; 24,8% atuam em Instituições
de Ensino; 19,1% tem mais de 30 anos de experiência em organização pública; 51%
não atuam como gestores no momento. A amostra contém representantes das três
esferas de Governo, sendo a maioria da Federa (57,3%); e de todos as esferas de
Poder, tendo como maioria do Executivo (55,3%). Com isso, também foi possível
83
avançar na realização de estudos sobre inovação em diferentes setores do governo,
conforme recomendado por Vries, Bekkers e Tummers (2016).
Tabela 12
Variável Frequência
Feminino – 39,9%
Sexo Masculino – 59,1%
Prefere não informar – 1,0%
Casado / em união estável – 67,2%
Divorciado – 8,6%
Estado Civil
Solteiro – 22,3%
Viúvo – 1,9%
de 16 a 19 anos – 1,5%
de 20 a 24 anos – 3,4%
de 25 a 29 anos – 4,9%
de 30 a 34 anos – 8,5%
de 35 a 39 anos – 12,9%
Faixa etária
de 40 a 44 anos – 21,4%
de 45 a 49 anos – 9,8%
de 50 a 54 anos – 11,3%
de 55 a 60 anos – 12,0%
maior que 60 anos – 14,4%
Ensino Médio – 3,3%
Graduação/ Tecnólogo – 13,1%
Escolaridade
Especialização – 30,9%
Completa
Mestrado – 33,1%
Doutorado – 16,3%
Pós-doutorado – 3,4%
Sul – 12,3%
Sudeste – 29,5%
Região do Estado
Centro-Oeste – 45,0%
que reside
Nordeste – 9,3%
Norte – 3,9%
Organização Pública – 66,0%
Organização Privada – 16,9%
Tipo de
Organização do Terceiro setor – 3,0%
organização que
Organização sem fins lucrativos – 2,7%
trabalha
Empresa de Economia Mista – 3,9%
Sem ocupação profissional no momento –7,6%
Consultoria Organizacional – 8,3%
Ramo de atuação Instituição de Ciência e Tecnologia – 10,5%
da organização Instituição de Ensino – 24,8%
que trabalha Instituição de Pesquisa e Desenvolvimento – 7,0%
Não atua nestes ramos – 49,4%
Servidor público – 48,7%
Empregado público – 9,8%
Vínculo com
Cargo de confiança (CC ou FC) sem vínculo em organização pública – 8,0%
organização
Prestador de serviço para organização pública (ex: consultoria, contrato de
pública
terceirização) – 8,0%
Trainee em gestão pública (sem vínculo) – 1,6%
84
Variável Frequência
Estagiário / jovem aprendiz em organização pública – 2,1%
Pesquisador para organização pública (sem vínculo) – 2,5%
Nenhum vínculo de trabalho ou pesquisa com organização – 19,3%
Federal – 57,3%
Esfera do Estadual / Distrital – 16,5%
Governo Municipal – 6,2%
Nenhum vínculo de trabalho ou pesquisa com organização pública – 20,0%
Atuação como
Sim – 49%
gestor (no
Não – 51%
momento)
Liderança de
Sim – 44,8%
equipe de
Não – 55,2%
inovação
Atuação em
alguma iniciativa Sim – 63,5%
de inovação no Não – 36,5%
setor público
Participação em
iniciativa que Sim – 18,1%
ganhou prêmio de Não – 81,9%
inovação
85
Variável Frequência
Pesquisador – 23,7%
Professor sobre o tema – 10,7%
Desenvolve / implanta inovação – 27,6%
Gestor de equipe de inovação – 21,8%
Atuação
Não atuo com inovação – 38,9%
profissional com
Outro – 4,0% (exemplos: tema de inovação nos TCCs; fornece suporte com
inovação (poderia
gestão de pessoas para incentivar a inovação; possui registros de propriedade
marcar mais de
intelectual; prospecção de inovações mercado; integrante de equipe de
uma opção)
inovação; prospecções tecnológicas; participa de grupo de trabalho sobre
inovações, fomento / financiamento de inovação; assessoria em sistema de
inovação; fomento de inovação na empresa; consultor de inovação, curioso
sobre o tema).
86
Figura 3
88
Tabela 13
Variável
Forma de cálculo Motivo da criação
criada
Média dos 9 itens de Competência Fator do nível organizacional
Média_CO
Organizacional (CO) (resultante da AFE)
89
Variável
Forma de cálculo Motivo da criação
criada
Criação da variável para verificar
se a sua presença influência no
Atuação
modelo. A separação foi
desenvolve / Sim – 1
necessária, tendo em vista que o
implanta Não – 0
respondente poderia marcar mais
inovação
de uma opção de atuação
profissional com inovação.
Tabela 14
VD = Presença_CO
VI = Presença_CE e Presença de
CI
2. As competências de equipe e
Regressão logística Obs: para testar esta hipótese
individuais predizem a presença
binária (método também foram realizados testes
de competências
stepwise) com as médias e itens de CE e CI
organizacionais
como Vis para verificar qual melhor
modelo explica a presença de CO.
VD = Presença_CE
VI = Presença_CO e Presença de
CI
3. As competências Obs: para testar esta hipótese, do
Regressão logística
organizacionais e individuais mesmo modo, foram realizados
binária (método
predizem a presença de testes com as médias e itens de
stepwise)
competências de equipe CO e CI, como Vis para verificar
qual melhor modelo explica a
presença de CE.
90
Hipótese Técnica estatística Varáveis utilizadas
VD = Presença_CI
VI = Presença_CE e Presença de
CO
4. As competências
Regressão logística Obs: para testar esta hipótese
organizacionais e de equipe
binária (método igualmente foram realizados testes
predizem a presença de
stepwise) com as médias e itens de CE e
competências individuais
CO, como Vis para verificar qual
melhor modelo explica a presença
de CI.
Para análise dos resultados dos testes de regressão logística foram gerados os
índices de qualidade de ajustes do modelo, tais como: comparação do valor de -2
likelihood (- 2LL) para verificar redução do logaritmo da verossimilhança, significância
do qui-quadrado, explicação do modelo do R2 de Nagelkerke, a significância das
variáveis independentes na equação, e o grau de classificação correta dos casos.
Para tanto, foram observadas as diretrizes de interpretação de Hair Jr. et al. (2005b).
A estimativa dos parâmetros da constante e de valores de Exp(B) também são
apresentados nos resultados para indicar o quanto a presença de cada variável
explica o modelo testado.
92
Optou-se por não realizar análise de equações estruturais, devido à
necessidade da Análise Fatorial Confirmatória prévia, a qual não foi possível em
função do tamanho da amostra. Por se tratar de um estudo exploratório, seguindo as
diretrizes da literatura de 10 observações por item, necessitando de pelo menos 590
respondentes para Análise Fatorial Exploratória, não seria possível dividir em duas
amostras aleatórias com tamanhos suficientes para cada tipo de Análise Fatorial
(Exploratória e Confirmatória).
93
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
95
Figura 4
Figura 5
98
Tabela 15
Presença de
Nível das
Fonte Competências / Requisitos de competências descrição da
Competências
competência
- Conhecimentos: novas tecnologias e seu potencial no setor público, design thinking, gerenciamento ágil
de projetos, gestão do conhecimento, business intelligence, empreendedorismo, metodologias de
inovação incremental e disruptiva, técnicas de facilitação e moderação de grupos, design estratégico,
Rede economia comportamental, visual thinking, design sprint, sprint U, gerenciamento tradicional de projetos.
InovaGov Individual - Habilidades: visão sistêmica, raciocínio criativo, comunicação, pensamento crítico, trabalho em equipe, Não
(2017) liderança, facilitação de atividades em grupo, diálogo, percepção contextual, mentoria, expressão visual,
coaching.
- Atitudes: Criatividade, cooperação, atitude investigativa, proatividade, respeito à opinião dos outros,
empatia, flexibilidade, foco em resultado, assertividade, resiliência, foco no bem comum, mediação.
Competências: (i) Compreende a importância da inovação para a sociedade, para o setor público e para
a Agência e o seu papel na construção de uma cultura de inovação institucional; (ii) Desenvolve propostas
de soluções inovadoras em processos, regulamentos, produtos ou serviços que criam valor para a
instituição e/ ou para a sociedade; (ii) Patrocina ações de inovação das equipes de trabalho, que levem
à resolução de problemas do setor; (iv) Avalia criticamente as propostas de solução para problemas do
setor e os resultados que podem ser obtidos; (v) Implementa projetos e processos internos de promoção
de soluções inovadoras com foco em resultados; (vi) Patrocina ações de inovação da instituição, por
meio de programas, projetos e eventos; (v) Orienta os diferentes gestores e setores da instituição quanto
à política e estratégia de inovação; (vi) Define, junto com o demandante, o desafio inicial que será Sim (apenas a
Narcizo abordado em oficina de inovação; (vii) Prepara, com atenção aos detalhes, oficina de ideação de acordo descrição sem o
Individual
(2017) com a abordagem do design thinking; (viii) Realiza oficina de inovação utilizando a abordagem do design nome
thinking e técnicas de facilitação; (ix) Registra os aprendizados obtidos na oficina de inovação, correspondente)
especialmente os referentes aos testes de protótipos.
Exemplos de conhecimentos: gestão do conhecimento; metodologias de pesquisa, análise de dados,
design thinking, design sprint, metodologias de inovação incremental e disruptiva, técnicas de facilitação
e moderação de grupos
Exemplos de habilidades: storytelling; busca de soluções, capacidade analítica, visão sistêmica, trabalho
em equipe; planejamento, ouvir atentamente, pesquisa de informações, pensamento crítico, julgamento
e tomada de decisão.
Exemplos de atitudes: cooperação; flexibilidade, foco em resultados, estabilidade emocional, empatia.
99
Presença de
Nível das
Fonte Competências / Requisitos de competências descrição da
Competências
competência
Ferrarezi e
Gestão e liderança para inovação; colaboração; experimentação; definição do problema; comunicação;
Lemos Individual Sim
e empatia.
(2018)
Neves Conhecimento e criatividade da equipe, utilização de métodos que permitem a interação, cocriação e
Junior e Não troca de conhecimento, além do envolvimento de todos os atores vinculados à política pública; gestão do
Não
Zanoni especificado conhecimento, transparência, horizontalidade, respeito às diferentes experiências, empatia para solução
(2018) de problemas.
Para o inovador: fazer perguntas sobre os outros e si mesmo; testar as coisas (experimentar); contar Não, mas
históricas; focar no problema a ser resolvido e não se apagar à sua própria ideia; continuar tentando e apresenta
Oliveira
Individual acreditar no poder da persistência; buscar referências (benchmarking). explicação do
(2018)
Para o líder: delegar poder aos outros, convidar os outliers valorizando a diversidade; não ser reativo contexto
(apreciar erros experimentais); apoiar os inovadores e compartilhar histórias de sucesso. aplicado.
Não Indica que os Laboratórios de Inovação no setor público procuram atuar com perfil colaborativo na busca
Sano (2020) Não
especificado de soluções aos problemas públicos, interagindo com a sociedade civil e setor empresarial.
@enapgovbr Resolução de problemas com base em dados, foco nos resultados para os cidadãos, mentalidade digital,
Individual Sim
(2020) comunicação, trabalho em equipe.
@inovajfpr
Individual Curiosidade, Iteração, fluência em dados, foco no usuário. Sim
(2020)
100
Percebe-se que as informações identificadas foram especificadas
essencialmente como individuais. Observa-se a utilização nos documentos de
conhecimentos, habilidades e atitudes, o que seriam os requisitos para demonstração
de tais competências (Brandão & Bahry, 2005), além de divergências conceituais de
competências individuais adotado na tese, tendo em vista terem denominado como
conhecimento, habilidade ou atitude o que seria considerado como competência pela
literatura (Nakata & Souza, 2012). Exemplificando, tem-se na Tabela 15 a criatividade
indicada como atitude e a liderança como habilidade (Rede InovaGOV, 2017) e que
foram identificadas como competências humanas para inovação no setor público por
Ubeda e Santos (2008). A análise dos documentos aponta para um dos desafios da
concepção de modelos de competências no que tange a diferentes interpretações do
conceito de competências na literatura como nas organizações públicas (Nakata &
Souza, 2012).
Assim como foi explicado no método que os relatos das entrevistas e grupos
focais necessitaram de reenquadramento no momento da consolidação da definição
das competências por nível, as informações coletadas nos documentos contribuíram
para tal consolidação, mas passaram pela mesma adequação aos conceitos adotados
na tese, inclusive de mudança de nível de análise das competências. Os resultados
da consolidação das entrevistas, grupos focais e pesquisa documental, bem como da
validação realizada com especialista são apresentadas a seguir.
Em relação às competências organizacionais, foram identificados 445 relatos
dos núcleos de sentido provenientes das entrevistas e grupos focais, agrupados em 9
categorias temáticas, as quais foram consideradas como o nome destas
competências. A Tabela 16 contém a consolidação da definição das competências
organizacionais contemplando o nome, descrição, exemplo de relato, e a quantidade
de entrevistados e de participantes de grupos focais que apresentaram falas durante
a coleta relativas aos núcleos de sentido que foram agrupadas para criação da
competência.
101
Tabela 16
Qtd.
Competência Qtd. Qtd.
Descrição Exemplo de relato participante
organizacional relatos entrev.
do GF
102
Qtd.
Competência Qtd. Qtd.
Descrição Exemplo de relato participante
organizacional relatos entrev.
do GF
Utilizar mecanismos de coleta e "mas o usuário também pode perceber indiretamente quando a
análise de informações sobre organização disponibiliza meios, disponibiliza... entrega efetivamente
necessidades e problemas serviços que solucionam problema, então quando a organização de
públicos da sociedade e internos alguma forma melhora a sua oferta de serviços ou de políticas
Geração de
da organização para subsidiar o públicas." (E11) 52 23 5P / 3GF
valor público
desenvolvimento de inovações "Então eu acho que a administração pública inovadora é aquela que
que proporcionem melhoria na é efetiva, aquela que consegue realmente entregar um serviço
oferta e prestação de serviços público de qualidade e de maneira a não gastar demais e satisfazer o
ou de políticas públicas. seu usuário final, principalmente o cidadão." (E24)
103
Qtd.
Competência Qtd. Qtd.
Descrição Exemplo de relato participante
organizacional relatos entrev.
do GF
"para você atender bem eu acho que primeiro você tem que ser bem
cuidado, ou seja, os times, as equipes na área pública, as pessoas,
os servidores, os empregados públicos precisam ser, vamos dizer
assim, bem capacitados, bem formados e aí entra essa questão
competência, porque quando você entra no serviço público você não
tem esse filtro, então entram pessoas que estudaram? Sim,
estudaram muito. Se prepararam? Se prepararam muito, mas eles
estão no serviço público, porque eles querem ter um salário estável,
uma carreira estável ou eles estão no serviço público porque eles
entendem que o papel deles é, de fato, servir ao público, encontrar
soluções. Então as práticas, para mim, é você ter formação,
capacitação e aprimorar o perfil das pessoas que vão oferecer
soluções para as pessoas. As pessoas que vão executar isso, que
Institucionalizar práticas de
vão pensar nisso, tem que ser pessoas preparadas, bem capacitadas
seleção, alocação,
Gestão de e uma cultura que favoreça isso, então você não ter um serviço
desenvolvimento, avaliação,
pessoas para público tão inchado, mas pessoas selecionadas que vão atuar na 88 25 13P / 3GF
reconhecimento e valorização
inovação necessidade que o país precisa. Então as práticas para mim são:
de competências de equipes e
essa formação, essa capacitação, essa seleção que averigue
indivíduos para inovação.
realmente os perfis com exercício de testes." (E27)
"No fundo é gerir pessoas, porque inovação se da por pessoas, elas
ativam a tecnologia e a tecnologia faz elas pensarem em coisas
diferentes e elas põe isso para fora. Então o que a gente está
falando aqui é muito gestão de pessoas, como que a gente gere as
pessoas nas suas diferenças e transforma isso em um potencial para
a equipe. Então gestão de pessoas eu brinco que disputa com TI
dentro do governo, se você tem uma pessoa muito problemática,
essa pessoa vai parar no RH da sua instituição, porque ninguém deu
conta. Então é complicado isso, então como que a gente gere as
pessoas para que elas produzam melhor possível? E com isso elas
vão inovar e com isso elas vão manter o que tem que ser mantido."
(GF3_P1)
104
Qtd.
Competência Qtd. Qtd.
Descrição Exemplo de relato participante
organizacional relatos entrev.
do GF
"E por último, projetos de inovação que está na fronteira, onde as
pessoas de fato atuando para construção de soluções para o
Adotar boas práticas de gestão
entendimento da realidade, para construção de soluções para
de projetos para inovação, de
mudança da realidade." (E23)
forma contínua e sustentável e
"Uma prática que gera valor para o cliente é o plano de continuidade
com uso de metodologias ágeis
dos projetos de inovação, porque ele tem dois efeitos colaterais: ele
e de design, de modo a permitir
desmoraliza a gente perante o cliente, ou seja, ele não gera, ele faz
Gestão de a ideação, experimentação e
o efeito contrário, o rebote, ele não gera valor, ele desmoraliza a
projetos para implementação da inovação com 38 16 9P / 3GF
gente ou ele gera frustração naquele profissional que tem o perfil de
inovação entregas parciais e rápidas, bem
inovação, um olhar solucionador, porque é muito frustrante quando
como a transformação de
você começa você gasta horas e mais horas de planejamento, de
"iniciativas" em "acabativas"
quebrar ali, de colocar na prancheta desenhando, pensando em
para a melhoria dos processos
todos os serviços, mobiliza pessoas e de repente: pow, por motivos
organizacionais e da prestação
quaisquer ou você é convidado a sair ou você é convidado a
dos serviços à sociedade.
promoção, aquela coisa se perde, então isso é um fator assim
decisivo para inovação gerar valor dentro da organização." (GF1_P1)
105
Qtd.
Competência Qtd. Qtd.
Descrição Exemplo de relato participante
organizacional relatos entrev.
do GF
"Então, eu gosto de olhar mais para os resultados alcançados. Esses
resultados podem ser em termos de eficiência, qualquer recurso
economizado para mim é um resultado de uma inovação ou eles
podem ter mais a ver com efetividade, alguma melhora que você
consegue em termos da entrega que aquele órgão público vai ter.
Então sei lá, se eu vou pensar numa escola, eu estou inovando e eu
consigo economizar recursos que eu vou utilizar de certa maneira,
Adotar boas práticas de gestão
isso é bom. Se eu começo a inovar de uma maneira que a nota dos
e processos da inovação e
alunos começa a ficar maior, para mim isso seria uma efetividade,
utilizar mecanismos de
querendo trazer um exemplo aqui. Então mais em termos de
mensuração e avaliação do
eficiência e efetividade." (E08)
esforço (durante o processo e
Gestão do "Então eu sou bem pragmático em relação a isso, eu adoro
dos resultados obtidos na
processo e inovação, mas para mim ela tem que ter resultado. Então se a
entrega final e de seus impactos 75 26 10 P/ 3GF
desempenho empresa tem resultado em termos de inovação, tem métricas de
para a organização e para
da inovação inovação e isso faz com que ela vá para frente em tempos de
sociedade, com base em
rentabilidade, diminuição de custo e satisfação para o meu cliente,
evidências, de modo a permitir
ok, ela é uma empresa pra mim inovadora. Então é nesse sentido
ações de aperfeiçoamento,
que eu acredito que uma empresa é inovadora. A gente vê vários
disseminação e premiação dos
exemplos aí no mercado em relação a isso, né? Hoje mesmo por
casos de sucesso.
exemplo, essa semana fez uma apresentação da comunicação
digital. É inovação? Sim. É um aplicativo que já está em
funcionamento onde o cliente pode tramitar processos digitais de
forma mais célere, mais barata, com mais eficiência, onde a empresa
vai diminuir os seus custos, então ok, isso é inovação para mim, aí
que eu acho que a gente tem que medir as empresa. Então essa é a
minha opinião, tá?" (GF1_P4)
106
Qtd.
Competência Qtd. Qtd.
Descrição Exemplo de relato participante
organizacional relatos entrev.
do GF
Institucionalizar a inovação no "E além disso, associado a isso, um sistema de comunicação, que é
planejamento estratégico, como que eu traduzo esta intenção, essas estratégias e essa
considerando-a como critério de intencionalidade como eu traduzo isso e comunico isso para todos os
priorização de projetos e empregados na organização e também para o ambiente externo.
alocação de recursos, de modo Então quando você fala o que a organização precisa para ser
a direcionar os esforços e ações inovadora, então é um conjunto de atributos e que esse conjunto faz
Intenção
para melhorias contínuas dos que realmente comunique para todos da organização que a inovação
estratégica 22 10 4P / 3GF
processos organizacionais e da é intenção e que se busca alcançar". (E05)
para inovação
prestação dos serviços públicos "Aqui no governo do Estado um incentivo muito forte do governador
para sociedade, inclusive por no discurso, no material de governo, no programa de governo desde
meio do uso de sistema de o projeto eleitoral, até dentro do programa de governo mesmo, na
comunicação que traduza a constituição do planejamento estratégico, na própria metodologia da
intencionalidade aos servidores definição dos projetos estruturante, prioritários, a inovação é um dos
públicos e cidadãos. critérios." (E14)
107
Qtd.
Competência Qtd. Qtd.
Descrição Exemplo de relato participante
organizacional relatos entrev.
do GF
"E também, mesmo tendo tudo isso, se você não tem uma liderança,
principalmente no setor público, o setor público é muito sensível às
lideranças, né? Então se você tem uma liderança que não incentive a
inovação, não é nem não incentivar, porque às vezes o incentivar é
da boca para fora só né: “ou, tem que inovar”, publica, faz
comunicação dizendo que inovação é importante, não, você tem que
Patrocinar e viabilizar ações ao inovar com ações, você tem que exigir inovação, você tem que
estímulo, desenvolvimento e cobrar todo dia: “como que está? Cada o novo serviço? Quando que
engajamento de diferentes vai implantar?”. As altas lideranças. Então quando você tem alta
Liderança para atores (ex: servidores da equipe liderança comprometida com inovação e aí você pergunta de
32 16 7P / 3GF
inovação e de outras áreas e parceiros práticas, então você vai ter que? Tem fóruns constantes de inovação
externos) para potencializar a envolvendo a alta liderança”, isso é uma prática que indica que você
inovação alinhada à estratégia tem apoio da liderança e aí todo o processo tende a funcionar
da organização. melhor." (E15)
"Então as práticas de inovação na minha concepção começam no
exemplo da liderança, então se você tem uma liderança que estimula
a inovação em uma empresa, ela vai. Se a gente tem patrocínio da
liderança para fazer a inovação, ela vai, agora se não tiver: herói, a
pessoa é herói e está querendo remar contra a correnteza".
(GF1_P4)
108
A competência organizacional que apresentou maior quantidade de relatos (88)
e foi mencionada por mais pessoas, 38 no total (25 entrevistados e 13 participantes
de três grupos focais), foi de Gestão de pessoas para Inovação, convergindo com a
proposta de Stefanuto et al. (2015) e Isidro (2018). Isso reforça a premissa de Seeck
e Diehl (2016) que a inovação é resultante das práticas de gestão de pessoas, além
de estar alinhado à literatura quanto a considerar estas práticas como antecedentes,
determinantes ou impulsionadores da inovação (Audeneaert et al., 2019; Cavalcante
et al., 2019; Gahan et al., 2020; Maranhão & Teixeira, 2015; Rahman & Ismail, 2018;
Resende Júnior et al., 2013; Ribeiro et al., 2018; Santos et al., 2019; Valladares et al.,
2014; Vries et al., 2018), confirmando a relevância em gerir as pessoas para
proporcionar a inovação no setor público. Além disso, a adoção destas práticas poderá
contribuir para minimizar as barreiras à inovação apontadas em outras pesquisas,
como falta de treinamento e competências dos profissionais (Cinar et al., 2020;
Moussa et al., 2018; Santos et al., 2019).
A segunda competência organizacional mais mencionada com 75 relatos e por
36 pessoas (26 entrevistados e 10 participantes de três grupos focais) foi a de “Gestão
de processo e desempenho da inovação”, e não havia sido identificada em outras
pesquisas como competência organizacional constituída desta forma. No estudo de
Stefanuto et al. (2015) os autores indicam somente a gestão de processos, e o
desempenho é tratado como um resultante da inovação (Valladares et al., 2014) e não
como uma capacidade. No entanto, as práticas organizacionais relativas à
mensuração do esforço e dos resultados alcançados com a inovação são
fundamentais também para o estabelecimento de informações ao aperfeiçoamento do
processo e da inovação, além de permitir a verificação dos efeitos e impactos efetivos
na melhoria dos serviços e na sociedade, como ocorre no modelo de gestão inovadora
dos países nórdicos (Bloch, 2011) e na Inglaterra (Hughes et al., 2011).
Ao comparar com as capacidades do modelo GESPUBLIN (Isidro, 2018), a
competência organizacional de “Gestão de processos e desempenho da inovação”
contempla o conjunto de práticas organizacionais das dimensões de Atividades e
Resultados da inovação.
Em seguida, A “Flexibilidade organizacional”, proveniente de 53 relatos de 30
pessoas (19 entrevistados e 11 participantes de três grupos focais), também indicada
como capacidade da organização para inovar por Isidro (2018) permite o uso de
109
práticas em ambiente controlado para realização de testes de protótipos, como
apontado por Butler e Ferlie (2020), além de proporcionar maior autonomia e controles
flexíveis para maior celeridade de resposta frente às mudanças (Resende Júnior et
al., 2013; Valladares et al., 2014). Esta competência pode permitir a superação de
barreiras à inovação apontadas em estudos, como aversão ao risco (Santos et al.,
2019) e normativos (Cinar et al., 2020).
A “Geração de valor público”, com 52 relatos de 23 entrevistados e cinco
participantes de três grupos focais, está diretamente ligada com a definição conceitual
de inovação voltada para agregar valor público à sociedade (Laboratorio de Gobierno,
2018; Mulgan, 2007; Sorensen, 2016). As práticas desta competência organizacional
estão voltadas para mecanismos de compreensão dos problemas e necessidades dos
usuários.
A competência de “Suporte organizacional para inovação” com 46 relatos de
21 pessoas (16 entrevistados e 5 participantes de GF) foi a única competência
organizacional que não foi mencionada nos três grupos focais. Esta capacidade
contempla a oferta de condições para inovação com agrupamento de diferentes
recursos a serem disponibilizados (tecnológicos, financeiros, materiais e de
infraestrutura), além da concepção de modelo de gestão voltado para inovação,
conforme indicado na literatura como capacidades ou antecedentes da inovação
(Hashim et al., 2020; Li, 2019; Valladares et al., 2014; Vries et al., 2018).
A Cocriação / coprodução emergiu de 39 relatos de 11 entrevistados e 11
participantes dos três grupos focais, e remete a práticas organizacionais da
mobilização de diferentes atores internos e externos para construção em conjunto da
definição e solução dos problemas públicos, alinhado ao que foi proposto por Isidro
(2018) e Butler e Ferlie (2020). Esta competência contempla o desenvolvimento de
inovações com a colaboração de atores externos, sendo considerada um forte
condicionante para atividades de inovações complexas (Demircioglu & Audretsch,
2018) Além disso, a cocriação / coprodução é um dos componentes que a organização
precisa para viabilizar a cultura da inovação (Cavalcante et al., 2019).
A “Gestão de projetos para inovação”, oriunda de 38 relatos de 16 entrevistados
e nove participantes dos três grupos focais, é uma competência na qual a organização
busca e utiliza melhores práticas de projetos para realização das etapas da inovação,
de modo a permitir que as ideias selecionadas para melhorias dos processos e dos
110
serviços prestados sejam efetivamente implementadas, a partir de ações planejadas
e acompanhadas. Na literatura, esta competência é denominada de capacidade para
inovar por Isidro (2018) e Valladares et al. (2014).
A competência “Liderança para inovação” decorrente de 32 relatos de 23
pessoas (16 entrevistados e sete participantes dos três grupos focais) refere-se ao
patrocínio e viabilização de ações ao estímulo da inovação para envolvimento de
diferentes atores, sejam internos ou externos. No nível organizacional, esta
competência também foi apontada como capacidade por Isidro (2018) e Valladares et
al. (2014), mas apesar de ser um dos principais fatores que impulsionam a inovação,
a abordagem da literatura remete mais ao nível do indivíduo (Moussa et al., 2018;
Vries et al., 2018).
A competência organizacional de “Intenção estratégica para inovação” teve
menor quantidade de relatos na coleta de dados (22) por 14 pessoas (10 entrevistados
e 4 participantes de três grupos focais). Tal competência trata da institucionalização
da organização no seu planejamento estratégico quanto ao foco da adoção da
inovação, além da disseminação deste direcionamento estratégico às equipes e áreas
para internalização como cultura organizacional voltada à inovação. Neste sentido,
pode-se associar à capacidade de marketing proposta por Hashim et al. (2020) no
sentido de realizar ações de comunicação para obtenção do apoio e envolvimento das
partes interessadas. A “Intenção estratégica para inovação” permitirá o
estabelecimento de visões nos atores envolvidos para direcionar ações de melhorias
dos resultados da inovação, conforme apontado por Li (2019). Além disso, da mesma
forma, Isidro (2018) e Valladares et al. (2014) a indicam como uma capacidade para
inovar.
Considerando que o GESPUBLIN (Isidro, 2018) foi o modelo de gestão pública
inovadora do Brasil utilizado como referência para coleta de dados, os resultados das
competências organizacionais desta pesquisa confirmaram seis das sete capacidades
de inovação (Liderança, Intenção estratégia, Pessoas, Projetos, Cocriação e
Flexibilidade organizacional), ampliou o escopo da sétima capacidade do modelo de
“Tecnologia para inovação” para “Suporte organizacional para inovação”, a qual
contempla além de recursos tecnológicos, outros tipos de recursos (financeiros,
materiais, infraestrutura, modelo de gestão). Além disso, o resultado permitiu a
111
identificação de mais duas competências organizacionais (capacidades), sendo elas:
“Gestão do processo e desempenho da inovação” e “Geração de valor público”.
Ao comparar as competências organizacionais necessárias para inovar no
contexto público com as do contexto privado, tem-se similaridades com o estudo de
Baraldi et al. (2016), tendo em vista que as cinco competências identificada pelos
autores também constam no modelo proposta por esta pesquisa. Este é um indício de
que as competências para inovação no nível organizacional possuem similaridades
em contextos distintos, podendo ser caracterizadas como universais para a função de
uma gestão da inovação. O que difere nos resultados das pesquisas é o fato de que
no setor público foram identificadas competências para gestão de projetos, cocriação
e flexibilidade organizacional, as quais poderiam ser consideradas como contextuais
no contexto público.
Do ponto de vista de triangulação dos dados, observa-se que a condução das
entrevistas e grupos focais permitiram a identificação de todas as competências
organizacionais.
No nível das competências de equipe para inovação, foram coletados 434
relatos em núcleos de sentidos nas coletas de fonte primária (entrevistas e grupos
focais, os quais foram agrupados em 18 competências validadas e relacionadas na
Tabela 17, incluindo as respectivas descrições, exemplos de relatos oriundos das
diferentes fontes de coleta de dados, quantidade de relatos das fontes primárias,
quantidade de entrevistados e participantes dos grupos focais que forneceram
informações durante a coleta relacionadas à competência definida. Além disso, a
Tabela 17 também contém a quantidade de documentos da pesquisa documental (PD)
com informação correspondente à respectiva competência, mesmo sendo indicada
em outro nível de análise.
Como havia questões de identificação das competências de equipe para as
dimensões da inovação do modelo GESPUBLIN de Isidro (2018), consolidou-se o
quantitativo de relatos sobre as competências identificadas correspondentes às
dimensões, na medida do possível em que os entrevistados ou participantes dos
grupos focais conseguiram responder por dimensão, e até mesmo por atividade do
processo de inovação. Quando não houve resposta vinculada à dimensão, o relato foi
enquadrado como geral para o nível da competência de equipe. A Tabela 18
112
apresenta esta consolidação, a qual foi utilizada em conjunto para análise e discussão
das competências de equipe identificadas na Tabela 17.
113
Tabela 17
114
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
115
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
116
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
117
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
118
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
119
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
120
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
121
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
"Olha, boa pergunta, que eu acho que tem que ter primeiro
uma combinação de perfis, porque isso eu aprendi muito no
laboratório, às vezes é doloroso você pedir para pessoas
que tem dificuldade nisso, e elas ficam super mal. Você
precisa combinar mais gente que tenha a capacidade de
sonhar, gente que tem mais a capacidade de executar, que
conheça sobre aquele problema, e só nesse ambiente que
tem várias visões sobre uma situação e várias competências
Desenvolver a inovação a partir da combinadas é que a gente vai conseguir gerar boas ideias."
complementariedade da (E16)
combinação de diferentes perfis "Eu acho que todo mundo aí, eu vejo a equipe com a visão
profissionais de pessoas na da floresta, então seja para a hora do brainstorming, seja
7P /
Multiprofissionalidade equipe, permitindo a diversidade para implementação, eu acho que tem que ter lá o cara que 51 19 0
3GF
de óticas sobre as situações é o teórico, é o pensador, o cara que contribui com as
tratadas, para trabalharem em ideias, temos até o filósofo, e tem que ter também o prático,
conjunto, com respeito, no alcance o pragmático, o cara que bota a mão na massa, mas todos
de objetivos comuns. fazem, não acho que seja bom essa diferenciação, é botar
os caras mais práticos para implementação e os pensadores
para o brainstorming, não acho que seja bom isso, inclusive
na história da inovação a gente tem vários casos onde
essas combinações ocorreram e funcionaram melhor. Então
eu acredito muito nisso, então tem que ter esse grupo
muldisciplinar vai... e é importante a formação deste grupo
para ter diversos perfis para não ter só teórico, só artista,
então é uma combinação aí." (E24)
122
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
123
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
124
Competência de Qtd. Qtd. Qtd. Qtd
Descrição Exemplo de relato
equipe relatos entrev. GF PD
125
Tabela 18
Total
Competências de equipe Geral A C P P(G) P(S) P(I) P(D) R
Processo
Cocriação 3 3 2 1 5 0 0 0 6 1
Colaboração 26 20 17 7 8 3 4 2 24 4
Ideação 1 1 0 1 10 3 1 0 15 0
Diagnóstico e prognóstico 4 7 3 1 1 4 2 2 10 2
Estratégia de comunicação 0 0 0 2 0 0 6 14 22 8
Experimentação 7 2 3 0 2 4 4 0 10 2
Flexibilidade 1 5 1 1 0 1 1 0 3 0
Gestão de conflitos 1 2 0 0 0 0 1 0 1 0
Gestão de projetos 2 1 6 2 0 2 9 0 13 2
Gestão do conhecimento 0 0 3 1 0 0 0 4 5 3
126
Total
Competências de equipe Geral A C P P(G) P(S) P(I) P(D) R
Processo
Multiprofissionalidade 11 17 15 6 5 0 2 0 13 1
Pesquisa 0 2 4 0 1 0 0 0 1 5
Seleção de ideias 0 0 0 1 0 6 0 0 7 0
Solução de problemas 6 7 5 4 6 1 1 0 12 0
Total 64 83 71 34 40 26 38 27 165 74
% em relação ao total de relatos 14,7% 19,1% 16,4% 7,8% 9,2% 6% 8,8% 6,2% 38% 17,1%
Nota: Legenda – A (Ambiente de inovação); C (Capacidade de inovação); P (Processo de Inovação / Atividade de inovação); P(G) (Atividade de Geração de
ideias do Processo); P(S) (Atividade de seleção de ideias do Processo); P(I) (Atividade de implantação do Processo); P(D) (Atividade de difusão do Processo);
R (Resultado)
127
No nível meso das competências, os resultados apresentam avanços
substanciais na literatura, tendo em vista a ausência de pesquisas científicas que
contemplassem este nível de análise.
A competência de equipe de “Colaboração” foi a mais abordada na coleta de
dados primários com 83 relatos por 34 pessoas, sendo 24 entrevistados e 10
participantes de três grupos focais, assim como foi a competência mais identificada
na pesquisa documental (4 documentos), apesar de terem abordado como nível
individual nestes dados secundários. A recorrência de fontes que indicaram a
necessidade desta competência remete a relevância da colaboração entre as pessoas
para gerar valor público com a inovação, conforme apontado por Crosby et al. (2016)
e Wipulanusat et al. (2017). A vinculação desta competência com as dimensões do
modelo GESPUPLIN resultou em equilíbrio de relatos indicando a sua necessidade
principalmente para o Processo de inovação, possivelmente pelo fato da necessidade
de construção colaborativa da geração e seleção das ideias, bem como para sua
implementação.
Tendo em vista que a competência de “Colaboração” remete ao
desenvolvimento das demandas com a interação e contribuições dos participantes da
equipe, ela também é associada ao trabalho de equipe que é apontado como
antecedente para inovação (Aagaard & Andersen, 2014; Santos et al., 2019). Ao
comparar com a literatura, esta competência foi apontada como necessária para
inovar, no entanto constando no nível individual e sendo denominada de colaboração
ou trabalho em equipe (Marin-Garcia et al., 2016; Podmetina et al., 2018; Tartari et al.,
2014; Ubeda & Santos, 2008; Ubeda et al., 2017).
A competência de “Gestão de resultados e impactos” foi a segunda maior
recorrência (62 relatos) apontada como necessária para as equipes de inovação por
20 entrevistados e dois participantes de um grupo focal. Ela compreende o
estabelecimento do modelo de avaliação dos resultados e impactos da inovação para
acompanhar e traçar caminhos de correção e melhorias da inovação. Esta
competência foi indicada principalmente para a Dimensão de Resultados do modelo
GESPUBLIN (Isidro, 2018).
A “Multiprofissionalidade” foi a terceira mais relatada (51 relatos) por 26
pessoas (19 entrevistados e sete participantes de três grupos focais) e contempla a
complementariedade do desenvolvimento da inovação, a partir da combinação de
128
profissionais com diferentes perfis ao alcance de objetivos comuns. No contexto
público Chileno também é indicada a necessidade de equipes multidisciplinares para
a inovação (OCDE, 2017b), assim como no contexto para inovação aberta (Podmetina
et al., 2018).
Dentre as competências de equipe propostas nesta pesquisa, observou-se
alinhamento com a literatura no sentido de serem competências para inovação, mas
foram enquadradas pelos autores ao nível individual, tais como: Experimentação
(Castro-Spilla, 2018; Tartari et al., 2014) e Gestão de projetos (Podmetina et al., 2018).
Também há alinhamento com estudos específicos ao setor público, como a Gestão
de projetos e Gestão de conflitos (OCDE, 2017b), Tomada de decisão (Moussa et al.,
2018), além da Experimentação que pode ser associada à competência de Testar
ideias do modelo de competências Chileno (OCDE, 2017b).
Metade das competências de equipe foram indicadas como necessárias para
todas as dimensões do modelo GESPUBLIN (Isidro, 2018), e a outra metade para
pelo menos duas dimensões. Todas as competências de equipe foram indicadas
como necessárias para a Dimensão de Processos (Atividades), enquanto as
dimensões de Ambiente e Capacidade tiveram vinculação com 14 competências e a
dimensão de Resultados com 10 competências.
Apesar de ser um estudo exploratório, com as limitações decorrentes do
enquadramento de relatos que não faziam relação direta a alguma dimensão, pelos
resultados da coleta qualitativa pode-se inferir que as diferentes competências de
equipe podem contribuir com a gestão pública inovadora, atuando como variáveis
antecedentes que influenciam mais de uma dimensão, inclusive por se tratar de um
modelo integrado, as competências de equipe podem ser necessárias e com poderes
explicativos distintos, a depender da situação. Com isso, pode-se considerar que os
resultados apontam para caracterização das competências de equipe como
situacionais, assim como Getha-Taylor et al. (2016) constatou no caso de
competências colaborativas no contexto público.
No nível individual das competências, houve 852 relatos de núcleos de sentido
que geraram 32 categorias temáticas denominadas como as competências individuais
para inovação no setor público, elencadas na Tabela 19, com as respectivas
descrições, exemplos e quantidade de relatos, além dos quantitativos de participantes
129
das coletas primárias que forneceram as informações correspondentes, e de
documentos com conteúdos relacionados à competência individual.
130
Tabela 19
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Análise crítica é uma competência
fundamental para essa finalidade que você
está perguntando, mas eu acho que inclusive
se você for ver o modelo de administração
pública europeu, eu tenho um artigo que fala
das competências requeridas para o setor
Analisar reflexivamente os fatos, público nessa década que se inicia, a análise
a partir de critérios de precisão, crítica é uma dessas competências
relevância e significância das requeridas para o empregado público na
informações disponíveis, Europa. Isso é avaliado no modelo de
verificando a possibilidade de competências dele, e a análise crítica no
2P /
Análise crítica outras soluções, impactos, sentido de você conseguir decompor uma 8 5 2
2GF
cenários, necessidades de questão, então análise crítica." (E13)
informações complementares, "Para ele selecionar ideias? Bom, primeiro ele
com vistas à busca da solução tem que ter a capacidade de análise crítica
mais adequada para situação para conseguir descartar de cara as ideias
apresentada. que não servem para nada, as ideias
incoerentes, as ideias que não tem lógica,
então ele tem que ter essa capacidade de
análise crítica e da mesma forma que eu falei
anteriormente." (E19)
“Pensamento crítico” (PD – Rede InovaGOV,
2017)
131
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Normalmente, quando a gente pensa,
Analisar o contexto do ambiente
pensando no ambiente, ele tem que ter uma
interno e externo (pontos fortes e
boa leitura do ambiente, construção de
fracos, desafios e oportunidades,
cenário, se municiar de muita informação do
indutores, barreiras e
ambiente, quem são os atores principais,
facilitadores), e estabelecer 0P /
Análise de cenários quem são as barreiras, quem são os pontos 30 15 0
diferentes caminhos e suas OGF
de incentivo, de apoio, quando você pensa no
consequências como subsídio à
ecossistema de inovação." (E03)
definição de ações que
"Uma análise do cenário, do ambiente, da
viabilizem a gestão da inovação
cultura da empresa, tem que ter essa
na organização pública.
capacidade." (E21)
"Ele tem uma noção mínima de aspectos de
equipe que tem, dos recursos humanos que
tenha, dos recursos financeiros possíveis. De
Analisar as ideias, projetos e
que mais? Dos aspectos técnicos que
protótipos quanto à viabilidade
envolve a equipe, para saber se aquela ideia
técnica, tecnológica,
pode realmente ser selecionada, se ela vai ter
orçamentário-financeira,
um bom resultado na implementação." (E03)
organizacional, logísticos e
"Aí é importante a avaliação das ideias no
Análise de operacionais, além da 0P /
sentido de identificar aquelas ideias que 12 9 0
viabilidade aplicabilidade, possíveis OGF
tenham viabilidade técnica, viabilidade
resultados e alinhamento à
financeira ou orçamentária, viabilidade
estratégia organizacional e à
organizacional, basicamente as ideias a
solução de problemas existentes
serem selecionadas devem ter a viabilidade
que permitam a melhoria da
por meio destas três dimensões avaliadas
prestação dos serviços públicos.
para garantir que elas tenham alta
probabilidade de sucesso. Então a viabilidade
técnica, a organizacional e financeira." (E11)
132
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"se prepare para isso e o outro é: estude, se
prepare tecnicamente, entenda métodos,
entenda ferramentas, estuda como isso
funciona, vai procurar saber em outras
organizações públicas ou privadas como os
Utilizar diferentes estratégias de servidores têm feito isso." (E09)
aprendizagens formais e "De se atualizar sempre. Eu não quero que as
informais para se desenvolver pessoas leiam livros científicos de inovação o
constantemente em tempo todo, não é isso. Não penso que isso,
competências técnicas do tema leiam qualquer coisa. Não fiquem na rede
da inovação a ser implementada, social, não que eu não fique, eu fico bastante
Aprendizagem de modo a manter-se atualizado na rede social, mas vai buscar coisas novas, 5P /
56 20 0
contínua na sua expertise, bem como tem um livro que eu estava para ler há muito 2GF
competências comportamentais, tempo, mas estava com uma preguiça que é
de metodologias e ferramentas o Mindset. Todo mundo fala deste livro, daí
de inovação, e de tecnologias da eu falei que eu tinha que ler aquele livro. E
informação para contribuir de meu Deus, eu já era deste jeito, e você já
forma mais efetiva com a começa a se identificar, já começa a querer,
inovação. então eu acho que se atualizar sempre,
buscar e não se acomodar. Não ser uma
pessoa acomodada com mais dificuldades
que a gente tem no serviço público, porque
se não a gente vai continuar do mesmo jeito."
(E22)
133
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"eu acho que autogestão também é muito
importante para quem está tocando
implementação, eu preciso ser capaz de auto
gerenciar as minhas atividades, as minhas
entregas, que dizer, eu não só preciso ser
capaz de me auto gerenciar." (E23)
Gerenciar a execução das
"Aí entra uma competência individual, o
demandas que lhe forem
indivíduo do futuro vai ter que se
atribuídas, além de estabelecer
autogerenciar, uma competência que ele vai
outras atividades que considerar
precisar ter por não ter um chefe, e eles vão
necessárias, com disciplina,
ter desempenhos excelentes mesmo sem um
agilidade, praticidade e
chefe. Deu para você entender? Eu achei 5P /
Autogerenciamento comprometimento, observando o 18 10 0
super importante compartilhar pelo seu 2GF
cumprimento das metas, prazos,
trabalho, já que você tem a ideia de difundir,
prioridade, disponibilidade de
quem sabe isso chegue nas mãos de
tempo e a qualidade do trabalho,
pessoas com influência para aprofundar em
com vistas a realização efetiva
cima do que você vai compartilhar do seu
das entregas sob sua
estudo e isso possa gerar essa necessidade,
responsabilidade.
para que as pessoas tenham este
autogerenciamento para poder trabalhar em
equipes de alta performance, eu entendi
desta forma, porque para você se
autogerenciar, você vai gerar times de alta
performance, por isso." (E27)
134
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"A gente não pode ficar se apegando com as
coisas que a gente constrói, a gente é setor
público, tem que compartilhar mesmo, é meio
(...) isso está no mundo, “ah, mas eu não sei
se...Está resolvendo problema das pessoas?
tá. Está sendo bom? Tá. Pô... eles
implementaram uma solução para
atendimento remoto do COVID lá no Ceará
usando o whatsapp, eles aplicaram
linguagem simples em todos os protocolos,
Compartilhar conhecimentos e
isso é demais, é espetacular! “ah, não isso
experiências, por meio de
eles pegaram da gente – NÃO! Dane-se! Que
diferentes estratégias de
legal que eles aplicaram isso! Pô, eu tô
disseminação ou ações
chegando nas pessoas com uma linguagem
aprendizagens, de modo a
que elas entendem, isso é um espetáculo!
contribuir com o processo de
Parece que tem um lance assim de desapego
Compartilhamento inovação da própria organização
nas ideias nesse processo de difusão e tem 0P /
de conhecimentos e do ecossistema de inovação 10 6 1
uma coisa bem de um lance de generosidade OGF
e experiências como um todo, tanto para
de entender o teu papel no gerador público,
proporcionar aprendizagens
quer implementar tá aí. Cara eu tô te dando
acerca da gestão da inovação no
isso aqui, meu, vai lá e que legal vai ajudar
setor público, como contribuir
no seu problema, massa! Enfim, é o que me
com o desenvolvimento e
vem na cabeça assim." (E17)
implantação de inovações por
"Se chega uma pessoa aqui no laboratório
outras organizações.
para perguntar isso, a gente tenta mostrar, a
gente tem artigos, vídeos para mostrar o que
é inovação, a gente faz miniconferências,
bastante informativos, a gente recebe muitas
visitas de outros órgãos para mostrar o que a
gente está fazendo. Gente que quer inovar
em seus órgãos também vem visitar a gente
para saber como é, então é isso." (E20)
“troca de conhecimento” (PD – Neves Júnior
& Zanoni, 2018).
135
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Comunicação, saber comunicar bem, eu
acho que comunicação seria o ponto chave.
Comunicar bem, pelo meio certo, com o
público certo, no tempo certo, tudo isso dai,
Expressar as ideias de forma essa cadeia de comunicação eu acho que
clara, efetiva e com empatia, para difundir é fundamental. A gente ter muita
utilizando linguagem e meio clareza nisso aí." (E09)
(oral, escrita, visual) mais "E outra que eu acho fundamental também é,
adequadas ao público-alvo, eu coloquei algumas aqui, tá? Comunicação 7P /
Comunicação 75 23 3
contribuindo para interação que o [nome de participante no Grupo] tinha 2GF
positiva e compreensão das comentado, a comunicação é um fator
pessoas acerca do conteúdo preponderante, nos Estados Unidos a gente
transmitido durante o processo tem a oratória como uma grade curricular
de inovação. para os estudantes e que eu acho que no
Brasil deveria existir, então se as pessoas
não conseguem se comunicar, não
conseguem expressar a sua ideia. (GF1_P4)
“Comunicação” (PD - @enapgovbr, 2020)
"Você só inova com criatividade, ela é uma
competência fundamental." (E10)
"São muito criativos e que tem muitas ideias
Propor novos insighs acerca das esse tipo de situação acontece, a própria
situações, tanto originais quanto criatividade que é outra questão importante,
adaptados de outros contextos assim, não dá para dizer que as pessoas não
para a realidade da organização, são criativas, mas tem gente mais criativa 4P /
Criatividade 39 15 2
de modo a contribuir com a (risos). Tem gente que sei lá, investe mais 2GF
solução dos problemas e nisso, solta mais a sua mente, se permite
viabilização das oportunidades voar um pouco mais e outros estão mais
por meio da inovação. travados, então eu acho que é importante ter
pessoas com essa capacidade de se soltar
um pouco mais." (E19)
“criatividade” (PD – Rede InovaGOV, 2017)
136
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"As competências de um profissional para
gerar ideias... Eu acho que ele precisa ser
uma pessoa curiosa, uma pessoa que tem
interesse também em buscar algo novo, que
procure fazer mudanças nas suas rotinas,
são coisas que podem contribuir para
melhorar essa, para favorecer a geração de
insights. Seriam esses pontos." (E12)
Identificar novas informações,
"Talvez também a curiosidade também vai
ideias e formas de trabalhar que 4P /
Curiosidade ser um papel muito importante dentro dos 27 11 3
possam subsidiar a proposição 2GF
processos, porque você tem de fato que ser
de soluções inovadoras.
curioso e tentar entender o motivo daquilo
que está sendo realizado e talvez entendendo
de fato as premissas e a importância daquilo,
talvez você consiga enxergar melhorias para
desenvolvimento tanto do processo, quanto
do resultado." (GF2_P1)
“curiosidade” (PD - @inovajfpr, 2020)
137
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"E aí abrindo isso tem de novo a capacidade
de escuta ativa, a capacidade de estruturar
estas conversas, de fazer com base em
perguntas, das interações positivas." (E17)
Ouvir atentamente os diferentes
"O segundo seria a escuta ativa, a pessoa
atores envolvidos no processo
praticar a escuta ativa, porque quando você
de inovação, estabelecendo um
junta um monte de especialistas ou pessoas
diálogo eficiente para
com iniciativas, entendeu, a galera tem mania 4P /
Escuta ativa compreensão e interpretação 15 6 0
de achar que é o dono da verdade e ninguém 2GF
das informações fornecidas, seja
deixa o outro falar, interrompe o outro, não
de forma verbal ou não, com
escuta a resposta, então a escuta ativa é
vistas ao desenvolvimento da
bastante importante no ambiente ou na
inovação.
equipe, nem sei como você vai classificar
isso, sorte que não sou eu que vou... (risos)."
(GF3_P3)
138
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Implementação é o envolvimento, a
responsabilidade, a discricionariedade e a
flexibilidade, ela poder adaptar no processo
de implementação. Nem sempre o que é
idealizado e selecionado, na hora que
implementa de vez em quando tem que voltar
um passo atrás para dar dois à frente. Então
Adaptar-se rapidamente às essa flexibilidade tem que estar bem na
situações, a partir da cabeça do inovador, de quem tá à frente, seja
compreensão das diferentes o gestor, seja o burocrata lá de rua que tá
Flexibilidade perspectivas e desprendimento tentando inovar. Tem que saber que ele pode 6P /
30 14 2
comportamental de preconcepções, mudando rever." (E03) 3GF
condições ou obstáculos "Abertura para não estar certo, não estar tão
inesperados para viabilizar a apegado as suas ideias, não é fácil esse
inovação. processo, mas assim, eu acho que é isso,
essa abertura para estar repensando, estar
refletindo e esse desapego, o desapego
consciente, o desapego construtivo. Eu acho
que ficou muito abstrato, mas eu não
consegui fazer melhor aí." (GF3_P1)
“Flexibilidade” (PD – Narcizo, 2017)
139
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Tem pessoas que são os sistematizadores
lidam muito bem com dados, com dados
qualitativos, trabalha muito com dado
qualitativo. Dado qualitativo eu estou falando
num nível assim, “ah, não, laboratório
trabalhar com dados, não sei o que, quanti,
tem que tratar. Não peraí, eu tô fazendo uma
Elaborar e aplicar instrumentos
reunião, eu estou com duas ou três pessoas,
de coleta de dados qualitativos
tratar aquele processo como uma coleta de
e/ou quantitativos, tratar,
dados, organizar isso como uma ata e ao final
consolidar a analisar os dados
dar encaminhamento.” Tem gente não sabe
com uso de métodos, técnicas,
lidar com dado qualitativo básico, cara! Se 2P /
Fluência em dados ferramentas e recursos 28 13 2
todos soubessem tratar dados qualitativos 1GF
adequados às necessidades das
como é feito aqui, a gente estaria em outro
etapas da inovação, além de
nível no governo. E essas pessoas
sintetizar os dados para
conseguem lidar muito bem com o dado
subsidiar a tomada de decisão
qualitativo, tem gente que sabe e manja de
baseada em evidências.
quanti lá também, mas não são todos. E é
bom ter gente que manje de quanti também."
(E17)
"Eu acho que uma outra competência é
alfabetização em dados, conhecer e saber
como trabalhar dados é relevante." (GF2_P4)
“Fluência em dados” (PD - @inovajfpr, 2020)
140
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Geralmente ali as experiências que são
semifinalistas, finalistas, ou mesmo as que
ganham prêmio de inovação, têm uma às
vezes têm uma característica muito forte, que
é saber claramente o ter clareza do resultado
a ser alcançado e, sobretudo, do real impacto
e efeito daquela ação pra organização em
geral e para o público-alvo em particular
entendeu, ou seja, você tem uma clareza
Desenvolver as atividades sob
entre a ação que você tá conduzindo que não
sua responsabilidade com senso
é uma inovação pela inovação, ou seja, a
de urgência, agilidade e
inovação ela tá diretamente relacionada ao
qualidade na geração das
resultado que você quer alcançar que é uma
entregas parciais e finais que
coisa que ou é coisa qualitativa ou é uma
agreguem valor aos usuários da
coisa quantitativamente melhor que você
Foco em inovação, a partir da clareza do 5P /
consegue ofertar na atualidade então tem 64 24 4
resultados resultado a ser alcançado e seus 2GF
uma clareza de propósito e mais do que isso
impactos para organização e
tem uma clareza nesse propósito de qual é o
público-alvo da inovação, além
real impacto e efeito daquela ação pra
da busca contínua no
organização ou pro público-alvo dela." (E06)
desenvolvimento do seu trabalho
"Aquela pessoa que quer sempre melhorar,
para geração de melhores
fazer o melhor, dar uma resposta mais
resultados.
positiva, que faça algo melhor pelo outro, não
sei que nome daria para isso. Mas acho que
é isso, aquela pessoa que consegue olhar
para o problema, quer encontrar uma
resposta diferente, porque ela quer fazer
melhor. Não sei se tem um nome para isso
(risos)." (E19)
“foco nos resultados para o cidadão” (PD -
@enapgovbr, 2020)
141
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"insurgência eu acho que é importante, então
questionar o status quo, saber fazer isso, não
é você ser um rebelde sem causa, mas é
você construir um ambiente favorável para
que as pessoas ouçam o seu
Questionar constantemente questionamento: “cara, olha só, não faz o
sobre a maneira usual de fazer menor sentido isso que a gente está
as coisas, tanto no próprio fazendo”, “ah, mas é feito há 10 anos”, “tudo
trabalho, no processo de bem, mas será que a gente não pode pensar
inovação e nas soluções que diferente? Olha aqui como que o outro fez,
estão sendo desenvolvidas, será que a gente não pode se apropriar
4P /
Insurgência apresentando críticas disso? Tentar adaptar e mudar aqui para a 35 15 0
2GF
construtivas e buscando nossa realidade?" (E09)
informações diferenciadas e "O inquieto, essa inquietude, que faz a gente
parceiros incomuns para propor nunca se acomodar com o jeito que as coisas
novas formas que contribuam são feitas, rebelde com causa, eu acho que
para melhorias no processo e na essa insurgência, essa rebeldia faz parte e é
inovação. fundamental. Quando a gente seleciona, os
três que participam dessa entrevista são
trainees pela Vetor Brasil, então a gente
sempre procura essas características e a
rebeldia, a insurgência é uma delas, esse
espírito, essa inquietação eterna." (GF2_P4)
142
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"A gente diz que consegue trabalhar sob
pressão, mas uma pessoa que vê, não é
pressão, porque não é isso, mas assim,
muitas vezes em determinados, por exemplo,
quantas pessoas agora não estão
trabalhando sob pressão para inovar para
gerar uma vacina para o COVID? Para ver
que combinação de medicamentos vai estar
atuando? Nós não temos tempo de fazer um
experimento, nós não temos tempo, porque
as pessoas estão falecendo, infelizmente,
então assim, você precisa também ter...
Porque é uma inovação você também gerar,
é uma inovação na área da saúde você gerar
Manter as emoções sob controle
um medicamento, uma combinação de
diante de diversidades e do
medicamentos, ou uma vacina, ou... “Ah, mas
trabalho sob pressão, estando
a vacina todo mundo já...”, não, mas agora
aberto a críticas construtivas
Inteligência desenvolver isso para identificar qual é o 6P /
para refletir positivamente e 20 10 1
emocional anticorpo que vai ter que ser combatido com 3GF
aprender com a experiência,
o COVID e etc. As pessoas estão trabalhando
além de evitar conflitos
provavelmente em uma pressão que elas não
desnecessários com as pessoas
trabalhariam em outras lógica, entendeu? “A
durante o processo de inovação.
gente precisa desenvolver, porque tem essa
doença, então vamos desenvolver”, então eu
acho que trabalhar sob pressão." (E01)
"A outra que também o [nome do participante
do grupo] comentou eu tinha anotado aqui,
até tinha anotado como educação, mas para
mim ela evolui para a questão da inteligência
emocional. A inteligência emocional chega a
ser uma ciência (risos), porque para você se
relacionar existe toda uma técnica para se
relacionar e para você fazer inovação com
grupos de inovação tem que ter inteligência
emocional." (GF1_P4)
“estabilidade emocional” (PD – Narcizo, 2017)
143
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
Desenvolver a inovação de
forma cíclica, retroalimentando o
processo com base em
"Eu acho que a capacidade de iteração, você
resultados parciais dos testes
conseguir ir e voltar." (E09)
para refinamento dos protótipos
"Com certeza na execução do seu projeto 1P / 1
Iteração de forma ágil e incremental para 6 5 1
você já deve ter visto as competências da GF
gerar tanto a primeira versão da
OCDE, então é aquilo tá? (iteração)" (E18)
inovação a ser lançada, como
“Iteração” (PD - @inovajfpr, 2020)
também versões posteriores
atualizadas, a partir da análise
dos resultados obtidos.
144
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Bom, isso vai depender do papel que ele
exerce na inovação – se ele é líder, então ele
basicamente como líder ou gestor, ele deve
ser responsável pela efetiva condução da
capacidade daqueles elementos da liderança,
da estratégia, de viabilizar recursos em
termos de projetos, tecnologia, incentivar as
pessoas para participarem da inovação,
mobilizarem seus conhecimentos em prol da
inovação, como também prover meios para
avaliação dos resultados da inovação e
permitir que a inovação seja difundida." (E11)
Proporcionar condições "Eu acho que a liderança tem um papel muito
necessárias ao processo de importante para essa capacidade de propiciar
inovação, por meio de um ambiente de inovação para equipe,
viabilização de recursos porque se a gente reconhece que a liderança
necessários, além do estímulo, é uma liderança motivadora e que trabalha de
5P /
Liderança orientação, direcionamento e fato todos esses insumos, todos esses 47 21 4
2GF
valorização das pessoas e atributos que as meninas já falaram, faz com
equipes dentro de um ambiente que o ambiente de trabalho e toda a
flexível, participativo e colaboratividade flua de uma maneira fluida
construtivo na geração dos (risos). É até engraçado, porque até eu já
resultados almejados estive em alguns ambientes onde a liderança
era muito controladora, então a gente sentia
que de fato o controle ao extremo não
propicia um ambiente de colaboração, então
se eu não consigo ter de certa forma uma
autonomia, se eu não consigo trabalhar essa
curiosidade que a Fran mencionou, eu não
consigo de fato desenvolver competências
para conseguir inovar ali dentro da equipe.
Então eu acredito que a liderança tem um
papel fundamental dentro desse processo de
capacidade." (GF2_P1)
“Liderança” (PD – Rede InovaGOV, 2017)
145
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"E que as vezes o resultado da inovação
pode te dar um feedback para repensar a
Apurar e avaliar os resultados e própria inovação. Então assim, a inovação
impactos obtidos, com base no gerou um determinado resultado que mostra
modelo de avaliação definido que o nosso problema era outro. Aí a pessoa
pela equipe, propondo ações volta atrás, né. Então ter esse
Mensuração e
que contribuam para o alcance comportamento de reconhecimento do
avaliação de 3P /
ou superação do que havia sido aprendizado, de que a inovação é um 28 12 0
resultados e 1GF
estabelecido, de modo a processo, eu acho fundamental." (E02)
impactos
subsidiar a retroalimentação da "Na implementação, monitorar, aí tem os
melhoria do processo de aspectos técnicos se a gente pensar em
inovação e do novo produto / geração de dado, geração de evidências, de
serviço desenvolvido. que eu posso mensurar os resultados se
realmente o processo de implementação
mudou alguma coisa." (E03)
" Às vezes é saber contar uma história, às
vezes é uma pessoa que já tem facilidade
mesmo para conversar e etc., e consegue
Contar histórias para explicar a propagar as ideias e no final trazer adesão
inovação, apresentando para essa inciativa." (E08)
informações direcionadas aos "Até porque o inovador precisa ser um
interesses dos diferentes contador de história e você não conta história
2P /
Narrativa públicos para viabilizar o seu sem saber um monte de história, em fazer 13 9 1
1GF
envolvimento, a partir do conexões, porque não basta contar uma
entendimento e identificação que história, você tem que contar aquela história e
levem a tomada de decisão da fazer conexão com a vida real, com o
adoção da inovação. problema que você quer resolver na vida real,
porque a história envolve as pessoas para as
pessoas comprarem aquela sua ideia." (E15)
“Storytelling” (Narcizo, 2017)
146
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
Argumentar com pessoas da
"Habilidade negocial, eu acho que é uma
equipe e demais atores envolvidos
habilidade que vale dinheiro, vale cargo, vale
na inovação (dentro ou fora da
tempo na Esplanada, tem que ter capacidade
organização), construindo
de negociação, porque os recursos são
consenso para o fechamento de 1P / 1
Negociação escassos, as pessoas são escassas, dinheiro é 13 8 0
acordos justos e satisfatórias entre GF
muito, mas gente é pouco. Então habilidade
as partes no que tange à
negocial eu acho que é algo que está valendo
mobilização de recursos
muito." (E04)
necessários à viabilização da
"saber de negociação." (E18)
inovação.
"Então, aí entra de novo a questão das redes, e
é interessante que no governo, a inovação em
governo ela passa muito por rede, as pessoas
perguntam muito umas para as outras o que
elas estão fazendo, o que deu certo e o que não
deu certo, e é muito interessante porque a
gente está vivendo o processo, quando a gente
Construir e manter relações em começou a se legitimar e ter uma posição
redes internas e externas com dentro do conjunto dos laboratórios de inovação
pessoas que possam contribuir no Brasil, você começa a perceber que a rede
com objetivos comuns, no que vai além da burocracia instituída, você pode
tange ao suporte e processo de constituir redes com outros níveis federativos,
inovação da organização, a partir com pessoas que estão entrando e saindo do 5P /
Networking 43 15 0
da troca de informações, governo, estão se movimentando dentro do 2GF
experiências, aprendizados e até governo, tem comissionados que pulam entre
mesmo de disponibilização de governos, e a difusão ela é... " (E17)
outros recursos (financeiros, "[...] qual que ele considerava o fator mais
tecnológicos, técnicos, pessoas, importante para ter sucesso dentro da atuação
infraestrutura). como profissional e ele falou justamente essa
questão de criar relações e de buscar contatos,
né? A questão do networking e eu considero
também que para inovação a competência mais
importante no ambiente de inovação é essa: a
competência de você desenvolver relações e
trocar informações com pessoas do seu
ambiente de inovação." (GF2_P2)
147
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Proatividade me parece importante, não ser
aquela pessoa que fica esperando que tudo
caia do céu, ou que venha já preparado pelos
seus supervisores – Olha, faça isso, faça
aquilo... não seja um mero repetidor ou um
Antecipar-se a situações de mero executor de tarefas rotineiras, digamos
potenciais problemas e que seja capaz de ouvir estas demandas e
oportunidades para propor e agir problemas, de ouvir as críticas também." 4P /
Proatividade 34 13 1
em ações que potencializem a (E07) 3GF
melhoria do processo de "Eu acho que está muito pelo o que eu falei,
inovação da organização. eu acho que é iniciativa, proatividade, então
isso eu enquadro como proatividade, eu acho
que a proatividade é muito importante, além
claro, dependendo de como o ambiente
recebeu essa proatividade." (E26)
“Proatividade” (PD – Rede InovaGOV, 2017)
"Já começa daí, utilização de design thinking,
várias outras ferramentas que são
Executar ações nas etapas do fundamentais a esse processo, porque eu
processo de inovação, com uso acho que elas ajudam e outras ferramentas,
de ferramentas e metodologias eu acho que você pode pensar dinâmicas e
Processo e para contribuir em diferentes etc. para gerar esse processo." (E01)
1P /
ferramentas para situações com eficácia e "Entender o processo de inovação acho 40 21 2
1GF
inovação polivalência, a partir de importante, quais são as etapas e como
conhecimentos específicos de funciona para não pular etapas, e entender
gestão da inovação no setor de onde vem as ideias e até onde elas vão
público. parar." (E20)
“Metodologias de inovação incremental e
disruptiva” (PD – Narcizo, 2017)
148
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"[...] mas também contribuindo para em
termos de relacionamento interpessoal."
(E11)
Relacionar-se com os diferentes "Primeiro: o bom relacionamento interpessoal
atores envolvidos na inovação entre as pessoas, isso é fato, isso é o
Relacionamento com cortesia, respeito, tolerância primordial. Eu tenho que ter o poder de... eu 2P /
10 4 0
interpessoal e urbanidade, visando um clima tenho que ter uma boa relação interpessoal, 1GF
de harmonia entre as pessoas né? Minha presença tem que ser agradável,
durante o processo de inovação. então esse comportamento interpessoal é
muito bom para as pessoas que inovam,
porque ela vai ter que enfrentar barreiras."
(GF1_P3)
149
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Além de dinheiro, recurso e apoio que não é
competência... Exatamente, considerando
que tem tudo isso, eu acho que resiliência é
uma coisa importante, persistência, porque
eu acho que as barreiras no serviço público,
elas são inimagináveis, são de toda ordem,
desde as resistências de toda natureza,
desde aquele pensamento negativo do não
vai dar certo, desde do boicote, puxar o
tapete do colega, porque vai aparecer mais
do que eu, então eu acho que toda a sorte de
problemas vai acontecer ao longo do
processo de implementação. Então eu acho
Recuperar-se rapidamente que a resiliência e a persistência são duas
diante dos contratempos, caraterísticas aqui que não podem faltar."
adversidades e frustrações, e (E19)
superar estas situações "[...] e resiliência, por incrível que pareça, eu 6P /
Resiliência 26 9 2
persistindo para viabilização do já falei isso, parece, não sei, no setor público 3GF
processo de inovação e gerar é sempre um desafio, a gente tem uma série
melhorias na prestação dos de barreiras e aí não é chorumela mesmo,
serviços à sociedade. mas eu acho que as próprias transições de
governo que são parte do jogo, eu acho que a
gente precisa ser mais resiliente para inovar
no público do que no privado, porque no
privado você está dando resultado, você dá
lucro, ninguém vai parar, no público nem
sempre é verdade, né? Então eu acho que a
resiliência é fundamental especialmente para
quem está no setor público há muito tempo,
não deixar a peteca cair, nos problemas, mas
buscar sempre seguir e o resultado."
(GF2_P4)
“Continuar tentando e acreditar no poder da
persistência” (PD – Oliveira, 2018)
150
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
"Porque se ela quer resolver o problema ela
vai atrás de como ela pode resolver o
problema, então ela não mede esforços para
Propor e participar da identificar caminhos para resolução do
implementação de alternativas problema, mesmo que ela não tenha. uma
viáveis para resolver os capacidade de resolução de problemas,
problemas, tanto de demandas porque também não adianta só buscar,
de criação de novos produtos ou buscar e não conseguir resolver, então é uma
Resolução de 2P/
serviços como das adversidades pessoa que resolve de fato os problemas." 42 21 3
problemas 2GF
durante o processo de inovação, (E19)
a partir da análise das situações "Eu acho que é a mesma coisa, ele precisa
e disponibilidade dos recursos, ter interesse em resolver o problema, ele
com vistas ao alcance de precisa conhecer o problema e interesse em
melhores resultados. resolver o problema." (E15)
“Resolução de problemas com base em
dados” (PD - @enapgovbr, 2020)
151
Competência
Descrição Exemplo de relato Qtd. relatos Qtd. entrev. Qtd. GF Qtd. PD
individual
Identificar o ambiente do
funcionamento da Organização e "Ter pensamento sistêmico. Também uma
do Governo (ex: cultura necessidade muito grande de ter essa
organizacional, processos competência de ligar coisas que às vezes são
organizacionais, normativos aleatórias ou parecem eventualmente
aplicáveis, relações de poder, aleatórias, que é pensamento sistêmico de
contexto político institucional, certa forma." (E23)
0P /
Visão sistêmica disponibilidade de recursos, "Nesse caso do indivíduo eu creio que é uma 24 15 2
OGF
fatores que influenciam a pessoa que conhece muito bem os processos
organização) para compreensão não só da área dela, mas como de vários
da gestão pública, e assim outros lugares da empresa ou no caso do
realizar conexões entre as setor público, da sociedade." (E27)
informações e a situação do “Visão sistêmica” (PD – Rede InovaGOV,
trabalho, contribuindo com o 2017)
processo de inovação.
152
Tabela 20
Dimensões do GESPUBLIN
Competência individual Geral Total
A C P P(G) P(S) P(I) P(D) R
Processo
Análise crítica 4 0 0 0 1 1 0 0 2 2
Análise de cenários 1 14 2 1 2 4 6 1 14 0
Análise de viabilidade 0 0 0 1 0 11 0 0 12 0
Aprendizagem contínua 17 8 18 4 13 4 5 0 26 2
Autogerenciamento 11 2 1 0 0 0 4 0 4 0
Fluência em dados 6 3 3 1 1 7 0 0 9 9
Compartilhamento de
2 1 2 0 0 0 0 5 5 0
conhecimentos e experiências
Comunicação 20 6 11 4 3 2 2 21 32 7
Criatividade 12 6 10 2 10 2 0 0 14 0
Curiosidade 8 6 10 3 3 0 0 0 6 0
Empreendedorismo público 4 0 0 0 0 0 0 1 1 0
Escuta ativa 8 2 3 1 2 1 2 0 6 0
Facilitação 2 2 1 0 6 6 0 2 14 0
Flexibilidade comportamental 15 3 2 3 4 3 4 0 14 0
Fluência digital 2 0 2 0 0 0 0 4 4 0
Foco em resultados 27 11 9 0 4 5 3 1 13 9
Insurgência 16 4 5 2 8 0 1 0 11 0
153
Dimensões do GESPUBLIN
Competência individual Geral Total
A C P P(G) P(S) P(I) P(D) R
Processo
Inteligência emocional 10 4 1 2 0 2 0 0 4 2
Iteração 1 1 4 1 0 0 0 0 1 0
Liderança 8 6 15 2 2 1 9 2 16 3
Mensuração e avaliação de
3 0 0 0 0 0 2 0 2 23
resultados e impactos
Narrativa 6 1 3 1 1 0 0 2 4 0
Negociação 3 2 2 1 1 2 0 2 6 0
Networking 12 4 6 1 0 0 9 9 19 2
Proatividade 11 9 10 1 5 4 3 1 14 0
Processo e ferramentas para
9 6 10 5 8 0 2 0 15 2
inovação
Relacionamento interpessoal 5 0 2 0 0 1 2 0 3 0
Resiliência 10 1 3 2 1 1 7 1 12 0
Resolução de problemas 22 9 5 0 3 0 4 1 8 0
Tolerância ao risco 7 1 4 0 1 0 2 0 3 0
Visão estratégica 1 3 4 0 0 2 1 0 3 2
Visão sistêmica 3 6 3 0 1 7 3 0 11 2
Total de relatos da dimensão 266 121 151 38 80 66 71 53 308 65
% em relação ao total 31,2% 14,2% 17,7% 4,5% 9,4% 7,7% 8,3% 6,2% 36,2% 7,6%
Nota: Legenda – A (Ambiente de inovação); C (Capacidade de inovação); P (Processo de Inovação / Atividade de inovação); P(G) (Atividade de Geração de
ideias do Processo); P(S) (Atividade de seleção de ideias do Processo); P(I) (Atividade de implantação do Processo); P(D) (Atividade de difusão do Processo);
R (Resultado)
154
Na perspectiva do nível individual, os resultados do modelo de competências
confirmaram a necessidade das seis indicadas pelo modelo da OCDE (2018) –
iteração, insurgência, narrativa, curiosidade, fluência em dados e o foco no usuário,
sendo que esta foi denominada de foco nos resultados por esta pesquisa. Isso pode
ser decorrente dos profissionais que atuam no setor público terem conhecimento da
versão do modelo da OCDE (2018), conforme relato do entrevistado 18 "Com certeza
na execução do seu projeto você já deve ter visto as competências da OCDE, então
é aquilo tá?”. No entanto, a tese complementa o modelo no nível individual com mais
26 competências para inovar no setor público.
Dentre as competências individuais, a “Comunicação” foi a mais comentada
pelos participantes, com 75 relatos de 30 pessoas (23 entrevistados e 7 participantes
de dois grupos focais), além de ter sido identificada em 3 documentos. Esta
competência se refere à transmissão de informações durante o processo de
comunicação de forma e meio adequados ao público-alvo para compreensão do
conteúdo. Os participantes reforçam a necessidade da clareza e empatia em se
comunicar com a própria equipe de inovação e demais partes interessadas. A
necessidade da comunicação para o comportamento inovador do indivíduo corrobora
resultados de pesquisas anteriores da literatura (Aagaard & Andersen, 2014; Moussa
et al., 2018; Podmetina et al., 2018; Ubeda et al., 2017; Valladares et al., 2014),
inclusive com empatia (NESTA, 2019).
O Foco em resultados foi a segunda competência oriunda de mais fontes de
informações (64 relatos de 24 entrevistados e 5 participantes de dois grupos focais;
quatro documentos institucionais) e está diretamente relacionada com a orientação do
servidor público em gerar resultados efetivos das demandas sob sua
responsabilidade, compreendendo o foco no usuário (OCDE, 2017a; OCDE, 2017b) e
na melhoria contínua do seu trabalho. Esta competência também foi relatada por
Ubeda e Santos (2008) e Lapuente e Suzuki (2020) no que tange à motivação ao
alcance dos resultados.
A aprendizagem contínua emergiu de 56 relatos provenientes de 25 pessoas
(20 entrevistados e 5 participantes de dois grupos focais) e diz respeito a busca pelo
profissional em se manter atualizado e de se desenvolver em novas competências
comportamentais, ferramentais e técnicas para contribuir com a inovação. Esta
necessidade corrobora com Moussa et al. (2018) no sentido da busca pela
155
autoconsciência e autodesenvolvimento do profissional durante o processo de inovar,
além da orientação para aceleração da aprendizagem (NESTA, 2019). Além disso, a
aprendizagem contínua está associada diretamente com uma premissa da inovação
que remete à capacidade de aprender coisas novas (Araújo et al., 2015; Borrás &
Edquist, 2015; Fedato et al., 2018; Li, 2019; Mutonyi et al., 2020).
A competência de Liderança foi a quarta mais comentada (47 relatos de 21
entrevistados e cinco participantes de dois grupos focais), além de constar em quatro
documentos institucionais é considerada essencial para a promoção da inovação
(Gahan, et al., 2020), inclusive no setor público pela literatura (Bloch, 2011;
Cavalcante et al., 2019; Moussa et al., 2018; Mutonyi et al., 2020; NESTA, 2019;
Rahman & Ismail, 2018; Santos et al, 2019; Ubeda & Santos, 2008; Vries et al., 2018;
Wipulanusat et al., 2020), tendo em vista a relevância do papel do líder no estímulo e
envolvimento das pessoas durante o processo, além do apoio para superar os
obstáculos.
Pode-se observar alinhamento com outros achados da literatura que apontam
características / competências dos indivíduos para o comportamento inovador no
próprio setor público como em outros contextos, conforme relacionado a seguir:
(i) No contexto público: Análise de cenários associada à necessidade de
soluções alinhadas ao contexto da organização (OCDE, 2017a);
Criatividade (Cavalcante et al., 2019; Crosby et al., 2016; Demircioglu &
Audretsch, 2018; Santos et al., 2019; Ubeda & Santos, 2008;
Wipulanusat et al., 2017); Curiosidade (NESTA, 2019; OCDE, 2017a;
OCDE, 2018); Empreendedorismo público (NESTA, 2019); Facilitação
(NESTA, 2019); Flexibilidade comportamental relacionada à abertura às
novas ideias (Lapuente & Suzuki, 2020) e à capacidade de reagir em
contexto de mudança (OCDE, 2017b); Fluência digital associada à
alfabetização digital (NESTA, 2019) e à competências digitais (Jones,
2017); Fluência em dados (Jones, 2017; NESTA, 2019; OCDE, 2017a;
OCDE, 2017b); Insurgência (OCDE, 2017a; OCDE, 2017b), também
relacionada à disposição para desafiar o status quo (Lapuente & Suzuki,
2020); Iteração (OCDE, 2017a; OCDE, 2017b); Mensuração e avaliação
de resultados e impactos correspondente à avaliação do impacto da
inovação no modelo Chileno (OCDE, 2017b); Narrativa (NESTA, 2019;
156
OCDE, 2017a; OCDE, 2017b); Proatividade (Chan, 2005; Suseno et al.,
2019); Resolução de problemas (OCDE, 2107b; Moussa et al., 2018);
Resiliência (Moussa et al., 2018); Resolução de problemas (Bysted &
Hansen, 2013; Moussa et al. 2018; OCDE, 2017b); Tolerância ao risco
(Lapuente & Suzuki, 2020); Visão estratégica (Moussa et al., 2018); e
Visão sistêmica (NESTA, 2019).
(ii) Em outros contextos: Análise crítica associada ao pensamento crítico
proposto por Marin-Garcia et al. (2016); Análise de cenário no sentido
de identificar barreiras e facilitadores da inovação para proposição de
soluções condizentes ao contexto (Castro-Spila, 2018)
Autogerenciamento (Podmetina et al., 2018); Compartilhamento de
conhecimentos e experiências (Podmetina et al., 2018; Ubeda et al.,
2017); Criatividade (Marin-Garcia et al., 2016; Podmetina et al., 2018;
Seeck & Diehl, 2016; Tartari et al., 2014); Empreendedorismo público
associado ao intraempreendorismo (Marin-Garcia et al., 2016);
Flexibilidade (Tartari et al., 2014); Fluência digital com as habilidades
tecnológicas (Podmetina et al., 2018; Tartari et al., 2014); Mensuração e
avaliação de resultados e impactos associada à gestão de desempenho
de Ubeda et al. (2017); Networking (Dryer et al., 2009; Marin-Garcia,
2016; Podmetina et al., 2018); Proatividade correspondendo à iniciativa
(Marin-Garcia et al., 2016); Resolução de problemas (Castro-Spila,
2018; Dryer et al., 2009; Podmetina et al., 2018; Tartari et al., 2014);
Tolerância ao risco (Podmetina et al., 2018; Valladares et al., 2014); e
Visão estratégica (Podmetina et al., 2018), Visão sistêmica relacionada
à visão integrada de processos de Ubeda et al. (2017).
Algumas associações entre as competências só foram possíveis, em função da
descrição apresentada pelos autores no artigo, como é o caso da relação de
“Compartilhamento de conhecimentos e experiência” desta pesquisa com a
competência individual denominada de Trabalho em equipe e descrita como
“compartilhar conhecimentos com a equipe de trabalho” (Ubeda et al., 2017, p. 598).
Isso reforça a necessidade de as pesquisas descreverem as competências para que
haja clareza do que foi denominado como competência, além de permitir a
comparação dos estudos.
157
Pode-se observar 14 competências que haviam sido identificados em estudos
no contexto público e em outros contextos, sete especificamente no contexto público,
5 apenas em outros contextos, e seis novas que não foram identificadas nos estudos
do referencial teórico (Análise de viabilidade, Escuta ativa, Inteligência emocional,
Negociação, Processo e ferramentas para inovação, Relacionamento interpessoal).
Este resultado corrobora a caracterização das competências proposta por Getha-
Taylor (2016) quanto à possibilidade de serem universais, tendo em vista sua
necessidade em contextos públicos ou não, e até em diferentes organizações públicas
devido ao perfil dos participantes da coleta primária. Como algumas competências
apareceram para contextos específicos, pode-se inferir que também podem ser
caracterizadas como contextuais. No entanto, a compreensão do termo contextual
proposta pelos autores e por Stevens (2012), considerando os resultados, poderia ser
extrapolada para o contexto não só da organização em si, mas para a finalidade da
demonstração da competência, passando a considerar estas caracterizações como
complementares, ou seja, que as competências identificadas são contextuais para
inovação e universais no sentido de ser necessária para qualquer organização do
setor público, independente da esfera de governo e de poder. A extrapolação da
universalidade para outros tipos de organizações não públicas poderia ser investigada
em outras pesquisas.
Da mesma forma que ocorreu nas competências de equipe, ao analisar as
competências individuais por dimensão do GESPUBLIN (Isidro, 2018), observa-se
que todas foram indicadas como necessárias para alguma das atividades do processo
de inovação, enquanto 28 foram para a dimensão de Capacidade, 26 para Ambiente
e 12 para Resultado. Neste nível de análise, apenas nove competências foram
indicadas para todas as dimensões. Este resultado corrobora com Aagaard e
Andersen (2014) e Vries et al. (2018) ao constatar que pode haver diferentes
antecedentes no nível individual para cada etapa do processo de inovação, e
complementa que esses também podem ser diferentes para as dimensões da gestão
inovadora. Apesar das diferenças identificadas de competências por dimensão, por se
tratar de um estudo exploratório e com as limitações metodológicas descritas
anteriormente, este é um resultado indicativo e que precisa ser aprofundado por meio
de grupos focais com profissionais que atuam com a temática, ou mesmo com
158
levantamento do grau do poder explicativo destas competências para cada dimensão
por meio de coleta e análise quantitativa.
Além disso, houve 25 relatos de 10 entrevistados e 2 participantes de um grupo
focal referentes à necessidade de um conjunto de competências técnicas específicas
ao tema da inovação, de modo a permitir a aplicação adequada do domínio técnico
especializado (princípios, procedimentos, requisitos, normatização) relativo à
especificidade do problema e da solução desenvolvida na inovação. A seguir são
apresentados relatos que exemplificam a indicação da necessidade deste tipo de
competência.
“É aquela pessoa que tem como características uma competência
técnica relativa a domínio técnico, digamos assim, à especificidade do
problema, ou seja, é alguém que conhece a natureza do problema, e
de conhecimento técnico importante.” (E11)
“aí na dimensão das atividades eu preciso de pessoas com
conhecimento técnico sobre os problemas que você está tratando.”
(E23)
“Bom, eu acho que, como eu acabei de frisar, primeiro temos que ter
uns mais especializados e técnicos na área de negócios, na área
específica onde está ocorrendo essa inovação, se você está na área
de gestão de pessoas, você tem que ter uma pessoa especializada em
gestão de pessoas, se você está na área de controle você tem que ter
pessoas especializadas na área de controle.” (E24)
159
e principalmente ser destemido em relação às questões burocráticas
“(E22)
Além da divergência de opiniões quanto à necessidade, o próprio relato de E13
indica que na verdade seriam necessários conhecimentos e que eles seriam
requisitos. De acordo com a literatura, um conhecimento é um requisito para a
demonstração das competências, mas não é uma competência propriamente dita
(Brandão & Bahry, 2005; Chouhan & Srivastava, 2014). Com isso, os resultados da
pesquisa contemplam uma proposta de competências individuais necessárias para
inovação, indo além das capacidades técnicas dos profissionais, de modo a permitir o
desenvolvimento destas competências, conforme recomendado por Aagaard e
Andersen (2014).
Com isso, foi possível estabelecer o modelo de competências para inovação, o
qual pode ser considerado uma ferramenta com uma linguagem comum do que é
esperado que os indivíduos (Chouhan & Srivastava, 2014), equipes e organizações
tenham para subsidiar ações de desenvolvimento e manutenção destas competências
(Stevens, 2012) para a melhoria da prestação dos serviços públicos, por meio da
inovação.
Em relação à triangulação dos dados, a coleta primária demonstrou
alinhamento entre as diferentes técnicas utilizadas para a identificação das
competências organizacionais, mas não foi possível obter informações deste nível em
pesquisas documentais. No caso das competências de equipe e individuais, o uso da
triangulação com coletas de diferentes fontes (humanas e documentais) contribuiu
para identificar alinhamentos entre os dados primários e secundários, além de
complementos em achados na coleta das entrevistas, devido a maior profundidade
que esta técnica permite durante a obtenção dos dados. Nas competências de equipe,
a entrevista permitiu identificar cinco competências que não haviam sido apontadas
durante os grupos focais (Ideação, Pesquisa, Planejamento do trabalho, Seleção de
ideias / projetos, e Tomada de decisão colaborativa).
Como as competências individuais tiveram maior quantidade de informações
das fontes de coleta, foi possível identificar que: as entrevistas subsidiaram a
identificação de todas as competências; os grupos focais permitiram a identificação
de 25 competências, sendo que 10 delas não constavam na pesquisa documental; a
pesquisa documental contribuiu para a definição de 20 competências, sendo que 5
não foram relatadas nos grupos focais. Tem-se que duas competências foram
160
identificadas apenas durante as entrevistas (Análise de cenários e Análise de
viabilidade). Estes resultados confirmam a relevância do uso de triangulação nas
pesquisas para não limitar a fonte dos dados de uma única perspectiva (Tuzzo &
Braga, 2016) e permitir o complemento para maior completude da compreensão do
fenômeno (Flick, 2013; Zappellini & Feuerschütte, 2015).
A partir dos resultados analisados da coleta qualitativa, pode-se demonstrar
empiricamente a relação da proposta teórica apresentada na Figura 5, no que diz
respeito a relacionar estas competências de equipe e individuais com as dimensões
do Ambiente, Capacidade, Processo (Atividade) e Resultados de Gestão pública
inovadora no Brasil – GESPUBLIN (Isidro, 2018).
Em complemento, considerando as descrições das competências, propõe-se
na Tabela 21 uma vinculação das competências entre os diferentes níveis por
conteúdo, as quais podem subsidiar futuras investigações para testes de predição.
Tabela 21
Análise de cenários
Análise crítica
Criatividade
Diagnóstico e Prognóstico Curiosidade
Geração de valor ao usuário
Solução de problemas Empreendedorismo público
Foco em resultados
Proatividade
Resolução de problemas
Aprendizagem contínua
Autogerenciamento
Gestão de conflitos
Compartilhamento de
Gestão de pessoas para Gestão do conhecimento
conhecimentos e
inovação Multiprofissionalidade
experiências
Planejamento do trabalho
Inteligência emocional
Relacionamento interpessoal
Experimentação
Gestão de projetos para Gestão de projetos Análise de viabilidade
inovação Ideação Resiliência
Seleção de ideias / projetos
161
Competência organizacional Competência de equipe Competência individual
Comunicação
Fluência digital
Fluência em dados
Estratégias de Insurgência
comunicação Iteração
Gestão do processo e
Gestão de resultados e Mensuração e avaliação de
desempenho da inovação
impactos resultados e impactos
Pesquisa Processo e ferramentas para
inovação
Tolerância ao risco
Visão sistêmica
Intenção estratégica para
Sem correspondência Visão estratégica
inovação
Colaboração Liderança
Liderança para inovação Tomada de decisão Narrativa
colaborativa Negociação
Suporte organizacional para Mobilização do
Networking
inovação ecossistema de inovação
Tabela 22
163
Autovalores Iniciais Extração de somas das cargas quadradas
Componente % de % de
Total % Acum. Total % Acum.
Variância Variância
164
Autovalores Iniciais Extração de somas das cargas quadradas
Componente % de % de
Total % Acum. Total % Acum.
Variância Variância
Figura 6
165
Com isso, realizou-se a AFE testando a extração de três fatores pelo método
de fatoração dos eixos principais (rotação promax), a qual agrupou os itens por nível
de análise das competências (organizacional, equipe e individual), conforme Tabela
23, com cargas fatoriais entre 0,343 e 0,970, obtendo valores de carga superiores ao
mínimo necessário de 0,32 indicado por Tabachnick e Fidell (2013). Pode-se observar
no resultado que os itens definidos previamente aos níveis individual e organizacional
foram enquadrados em apenas um dos fatores gerados nos resultados. No caso do
nível da equipe, 14 itens apresentaram cargas fatoriais tanto para o fator deste nível,
como do nível organizacional, inclusive sete itens com maiores cargas para o nível da
organização. Esse resultado pode ser decorrente do fato das competências de equipe
representarem um grupo de pessoas e esta interação entre elas contribuir para gerar
resultados mais diretos para a organização. No entanto, optou-se por enquadrar os
itens previamente estabelecidos como competências de equipe de acordo com o
alinhamento conceitual adotado na tese para o fator três do nível de equipe, tendo em
vista que também possuem cargas aceitáveis e alinhamento teórico para tanto.
Tabela 23
Fatores
Itens das competências
1 - CI 2 - CO 3 - CE
CI25_Proatividade 0,970
CI29_Resolução_problemas 0,927
CI31_Visão_estratégica 0,910
CI9_Curiosidade 0,902
CI17_Insurgência 0,894
CI8_Criatividade 0,873
CI20_Liderança 0,872
CI32_Visão_sistêmica 0,861
CI13_Flexibilidade_comportamental 0,860
CI27_Relacionamento_interpessoal 0,855
CI16_Foco_resultados 0,848
CI28_Resiliência 0,846
166
Fatores
Itens das competências
1 - CI 2 - CO 3 - CE
CI24_Networking 0,837
CI7_Comunicação 0,835
CI11_Escuta_ativa 0,830
CI23_Negociação 0,818
CI10_Empreendedorismo_público 0,816
CI18_Inteligência_emocional 0,814
CI5_Autogerenciamento 0,811
CI30_Tolerância_risco 0,798
CI6_Compartilhamento_conhecimentos_experiências 0,778
CI14_Fluência_digital 0,760
CI4_Aprendizagem_contínua 0,759
CI19_Iteração 0,759
CI22_Narrativa 0,741
CI12_Facilitação 0,740
CI15_Fluência_dados 0,733
CI26_Processo_ferramentas_inovação 0,706
CI1_Análise_crítica 0,706
CI2_Análise_cenários 0,688
CI21_Mensuração_avaliação_resultados_impactos 0,666
CI3_Análise_viabilidade 0,631
CO5_Gestão_projetos_inovação 0,894
CO4_Gestão_pessoas_inovação 0,880
CO6_Gestão_processo_desempenho_inovação 0,874
CO7_Intenção_estratégica_inovação 0,857
CO8_Liderança_inovação 0,855
CO1_Cocriação_coprodução 0,836
167
Fatores
Itens das competências
1 - CI 2 - CO 3 - CE
CE16_Seleção_ideias_projetos 0,618
CE18_Tomada_decisão_colaborativa 0,598
CE15_Planejamento_trabalho_equipe 0,590
CE17_Solução_problemas 0,550
Nota:
Método de extração: Fatoração dos eixos principais
Método de rotação: Promax com Normalização Kaiser.
Tabela 24
Fator 1 2 3
1 1,000 0,727 0,738
168
Fator 1 2 3
2 0,727 1,000 0,733
3 0,738 0,733 1,000
Nota:
Método de extração: Fatoração dos eixos principais
Método de rotação: Promax com Normalização Kaiser.
Para os três níveis, testados com seus respectivos itens pelo método de Análise
de Componentes Principais, foi identificada a possibilidade de um fator pela tabela de
variância explicada com autovalor superior a um e de dois fatores pelo screet plot.
Sendo assim, realizou-se a fatoração pelos eixos principais com um e dois fatores. Os
resultados para dois fatores testados separadamente para os três níveis
apresentaram correlações muito altas entre os subfatores (CO – 0,857; CE – 0,848;
CI – 0,862), agrupamento e separação de itens com baixa coerência de conteúdo,
manutenção de variância explicada com autovalor suficiente para apenas um fator,
além de cargas fatoriais menores do que os resultados com o teste unifatorial. Sendo
assim, optou-se por manter os níveis sem subfatores.
Com vistas a maior confiabilidade dos resultados, calculou-se o alpha de
cronbach de cada fator e da escala como um todo, obtendo resultados superiores a
0,96, considerada uma excelente consistência interna. A Tabela 25 contém os valores
dos intervalos das cargas fatoriais, alpha de cronbach e variância explicada do
modelo. Ressalta-se que o instrumento pode ser aplicado como um todo ou as
subescalas de cada nível, em função das evidências de validade apresentadas na
Tabela 25.
Tabela 25
e seus níveis
169
Intervalo dos valores das cargas
fatoriais
Nível da Número Alpha de Variância
Fatores 1ª ordem Fatores 2ª
competência de itens Cronbach explicada
(escala completa ordem
com 3 fatores) (unifatoriais)
Competência
Entre 0,829 e Entre 0,851 e
organizacional 9 0,967 79,17%
0,945 0,904
para inovação
Competência de
Entre 0,343 e Entre 0,842 e
equipe para 18 0,983 77,87%
0,618 0,894
inovação
Competência
Entre 0,631 e Entre 0,822 e
individual para 32 0,990 75,86%
0,970 0,906
inovação
170
Tabela 26
Em relação à dispersão dos dados, apesar de ter sido relatado resultados dos
pressupostos estatísticos quanto à heterocedasticidade dos dados, os coeficientes de
variação apresentaram alta dispersão em 24 itens de competências (8 de CO; 15 de
CE e 1 de CI) e de média dispersão nos demais 35 itens (1 de CO; 3 de CE; e 31 de
CI), além das variáveis correspondentes aos níveis de competências.
172
A primeira hipótese testada foi se existe relação significativa entre as
competências organizacionais, de equipe e individuais. Os resultados, conforme
consta na Tabela 27, apontam forte correlação significativa entre os níveis de
competência, a um nível de significância de 1%, sendo que a maior correlação foi
entre as competências organizacionais e as de equipe com um coeficiente de 0,874,
seguida da relação entre competência de equipe e individual com coeficiente de 0,822,
e da competência organizacional com a individual com coeficiente de 0,739. Isso
indica a existência da relação entre as competências nos diferentes conforme
apontado por Brandão et al. (2008).
Tabela 27
173
mais um bom índice de ajuste do modelo testado. O teste de Wald foi significativo
(sig=0).
O modelo resultante é apresentado na Tabela 28, no qual se pode observar
que a presença das competências de equipe aumenta a probabilidade
significativamente (sig=0) da presença da competência organizacional em 35,1 vezes,
enquanto a presença da competência individual aumenta significativamente (sig=0,28)
em 20,31 vezes a ocorrência da presença de CO.
Tabela 28
95% C.I.for
B S.E. Wald df Sig. Exp(B) EXP(B)
Lower Upper
174
foram dicotomizadas. Apesar de o modelo testado ter apresentado bons índices de
ajustamento (-2LL inicial = 707,018; -2LL com VIs = 329,792; teste de Wald
significativo; Nagelkerke R2 = 66,0%; teste de Hosmer e Lemeshow não significativo
a 0,612; classificação dos casos corretos em 78,2%), a presença da média de CI na
equação do modelo não foi significativa (sig=0,664). Isso pode indicar que a presença
da competência organizacional em relação às competências de equipe e individuais
juntas no modelo, pode acontecer com valores das médias das individuais superiores
a 6 (valor inicial da presença da CI) e diferentes do valor da média geral de CI (M=7,80;
DP = 1,853).
Buscou-se investigar se a média de CE e CI isoladas influenciam a presença
da competência organizacional, e nos dois casos foram identificados bons índices de
ajustes do modelo, conforme descrito na Tabela 29.
Tabela 29
Modelos separados
Índices de ajuste e equação
Média de CE Média de CI
Inicial – 707,018 Inicial – 707,018
-2LL
Com Vis – 329,980 Com Vis – 468,277
Teste de Wald Sig = 0 Sig = 0
Nagelkerke R2 65,90% 45,90%
Hosmer e Lemeshow Sig = 0,604 Sig = 0,938
Classificação dos casos corretos 90,20% 85,80%
Presença de CO = 0,01 + 3,52 Presença de CO = 0,04 +
Equação
da Média de CE (sig=0) 2,52 da Média de CI (sig=0)
175
possível mediação da competência de equipe nas organizacionais e individuais, em
função de ter diminuído a magnitude da relação entre CO e CI (Vieria, 2009).
Da mesma forma, a terceira hipótese relativa à presença da competência de
equipe (VD) foi testada inicialmente com as variáveis independentes da presença da
competência organizacional e da individual. O parâmetro estimado derivados da
amostra diminuiu do modelo inicial (-2LL = 704,455) para o modelo com as VIs (-2LL
= 301,942); o índice de Hosmer e Lemeshow não foi significativo (sig= 0,251) e o
coeficiente de Wald foi significativo (sig=0). Tem-se ainda que o modelo testado
classifica corretamente 90,90% dos casos, além de que a presença das variáveis
independentes na equação do modelo foi significativa (sig=0), conforme Tabela 30.
Estes resultados indicam qualidade do ajuste do modelo da presença da competência
de equipe com as dos níveis organizacional e individual, o qual possui uma variação
explicada de 69,4% pelo teste de Nagelkerke R 2.
Tabela 30
95% C.I.for
B S.E. Wald df Sig. Exp(B) EXP(B)
Lower Upper
176
de Merrit e Kelley (2018) ao indicar que uma competência de nível da equipe pode ser
influenciada por competências nos níveis da organização e do indivíduo.
A presença das competências de equipe também pode ser explicada pela
probabilidade de ocorrência da média de competências organizacionais com Exp(B)
de 2,66 (sig=0) e da média das competências individuais com Exp(B) de 2,94 (Sig=0)
e uma constante igual a zero. Este modelo é classificado corretamente em 93,5% dos
casos e com variância explicada de 76,3% (Nigelkerke R2) e possui bons índices de
qualidade de ajuste do modelo: índice de Hosmer e Lemeshow não significativo
(sig=0,233); coeficiente de Wald significativo (sig=0); diminuição do valor de -2LL de
704,455 no modelo inicial para 244,594. Este modelo usando as médias possui maior
“variação” explicada e melhor percentual de classificação correta dos casos da
presença de competência de equipe, indicando que quanto mais próximos os valores
estiverem das médias das competências individuais e organizacionais, maior será a
probabilidade da presença das competências no nível de equipe.
A última hipótese testada da relação da presença da competência individual
com uso da regressão logística também apresentou bons índices de qualidade de
ajuste do modelo. A entrada das variáveis independentes da presença das
competências organizacional e de equipe no modelo da variável dependente da
presença da competência individual acarretou redução do logaritmo da
verossimilhança (-2LL inicial = 533,552 / -2LL final = 277,772). Não há diferença
estatisticamente significativa entre os valores observados e estimados pelo Teste de
Hosmer e Lemeshow (sig=0,438). O modelo testado classifica corretamente 90,70%
dos casos, apresenta um poder explicativo de 57,70% (Nagelkerke R2) e a presença
das variáveis foi significativa, conforme Tabela 31.
Tabela 31
95% C.I.for
B S.E. Wald df Sig. Exp(B) EXP(B)
Lower Upper
177
Step Presença_CO 0,836 0,381 4,814 1 0,028 2,306 1,093 4,865
1a Constant -0,462 0,190 5,951 1 0,015 0,630
Tabela 32
Modelos separados
Índices de ajuste e equação
Média de CO Média de CE
Inicial – 533,552 Inicial – 533,552
-2LL
Com Vis – 337,652 Com Vis – 276,402
Teste de Wald Sig = 0 Sig = 0
Nagelkerke R2 46,1% 58%
Hosmer e Lemeshow Sig = 0,613 Sig = 0,032
Classificação dos casos corretos 89,3% 90,40%
178
Modelos separados
Índices de ajuste e equação
Média de CO Média de CE
Presença de CI = 0,52 + 2,16 Presença de CI = 0,11 + 2,81
Equação
da Média de CO (sig=0) da Média de CE (sig=0)
Por fim, realizou-se simulação dos possíveis itens de competências dos outros
dois níveis em relação a presença de um nível específico, com vistas a identificar
quais poderiam contribuir com maior predição da presença do nível da competência.
A Tabela 33 apresenta os resultados, após diversas tentativas de testes de modelos
com índices de ajuste de qualidade, e contribui com a confirmação da relação entre
os três níveis de competências, tendo em vistas que os modelos gerados da presença
de um nível podem ser explicados pela demonstração de determinadas competências
nos outros dois níveis de análise.
Tabela 33
Índices de ajuste e equação dos modelos testados para presença das competências
Índices de ajuste e
Presença de CO Presença de CE Presença de CI
equação
Presença de CE = 0 +
Presença de CO = 0 +
1,36 CO1 (sig=0,002) Presença de CI =
1,61 CE4 (sig=0) + 1,61
+ 1,40 CO6 0,006 + 1,30 CO1
CE9 (sig=0) + 1,51 CE13
Equação (sig=0,001) + 1,46 (sig=0,001) + 1,66
(sig=0) + 0,75 CI20
CO8 (sig=0) + 1,34 CE3 (sig=0) + 1,43
(sig=0,005) + 1,51 CI30
CI10 (sig=0,005) + CE18 (sig=0)
(sig=0)
1,95 CI19 (sig=0)
180
(i) Relação de predição entre nível individual e de equipe: quanto maior a
ocorrência da competência de colaboração (CE2) aumentará em 2,31
vezes a probabilidade da presença da competência individual com uma
constante de 0,29 e com bons índices de ajuste (redução da razão do
logaritmo da verossimilhança do modelo inicial para o final; teste de
Hosner e Lemeshow não significativo a 0,143; 89,6% dos casos
classificados corretamente) e explicação do modelo (Nagelkerke R2 de
50,6%). Este resultado indica que quando as equipes trabalham de
forma colaborativa, aumenta a chance de os indivíduos demonstrarem
suas competências individuais para contribuir com o trabalho da equipe.
(ii) Relação da predição entre nível organizacional e individual: as
competências organizacionais de Gestão de pessoas para inovação
(CO4) e da Liderança para inovação (CO8) predizem significativamente
(sig=0) a presença das competências individuais com um Exp(B) de 1,33
e 1,46, respectivamente, além da constante de 0,114, com bons índices
de ajuste do modelo (redução do valor de -2LL do modelo inicial para o
final; teste de Hosner e Lemeshow não significativo a 0,335; e 88% dos
casos classificados corretamente) e explicação do modelo (Nagelkerke
R2 de 42,1%).
Com isso, tem-se que todas as hipóteses foram confirmadas, conforme consta
na Tabela 34 a consolidação das hipóteses testadas com a descrição sucinta de um
dos resultados que corrobora a comprovação da respectiva hipótese.
Tabela 34
181
Hipótese Descrição sucinta do resultado do teste Decisão
182
5. CONCLUSÕES
184
pode haver competências indicadas nas Tabelas 3 e 4 com nomes diferentes dos
identificados na pesquisa da tese, mas que poderiam ter algum conteúdo similar. A
ausência de estudos que abordassem os três níveis de análise ou do nível de equipe
das competências para inovação também limitou a discussão dos resultados de forma
mais ampla, inclusive com uso de abordagens quantitativas para comparação dos
resultados de predição do modelo. A realização de testes de predição foi restringida à
presença das competências em cada nível, alinhada aos objetivos propostos e,
também, à ausência de uso de variável que mensurasse o grau de inovação das
organizações públicas, suas equipes e indivíduos para identificar o quanto as
competências para inovação contribuem para desempenhos da inovação nos três
níveis.
Por se tratar de um estudo exploratório, a pesquisa identificou pontos que ainda
carecem de investigações para o campo de competências para inovação no setor
público. Sendo assim, recomenda-se como agenda de futuras investigações, os
seguintes itens:
(i) Complementar a definição do modelo de competências para inovação
no setor público, detalhando as práticas organizacionais e indicadores
de comportamento relacionados a cada uma das competências
definidas.
(ii) Investigar os itens de competências dos diferentes níveis que predizem
um determinado nível de competência para inovação.
(iii) Investigar a predição dos itens de diferentes níveis na presença de cada
item de competência de outro nível.
(iv) Investigar a influência entre competências de níveis diferentes e com
conteúdos relacionados (ex: Flexibilidade Organizacional, Flexibilidade
da equipe e Flexibilidade comportamental).
(v) Investigar a predição das competências para inovação por nível
juntamente com variáveis de perfil sociodemográficas e profissionais.
(vi) Investigar quais competências para inovação predizem variáveis
categóricas, como das equipes que ganharam prêmio de inovação.
(vii) Verificar se há diferenças significativas da percepção da demonstração
das competências por perfil do respondente (ex: esfera de poder, esfera
organizacional, vínculo com organização pública, tipo de ator do
185
ecossistema de inovação, atuação profissional em inovação, entre
outros).
(viii) Investigar a relação entre o grau de inovação das organizações, equipes
e indivíduos com as competências para inovação disponíveis em cada
um dos níveis.
(ix) Testar empiricamente o modelo multinível de competências para
inovação no setor público em outros países, de modo a: buscar
evidências de validade externa; comparar a disponibilidade das
competências nos diferentes países; e verificar quais competências
discriminam a inovação no setor público de cada país.
186
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197
APÊNDICES
198
Apêndice 2 – Proposta de roteiro de entrevista semiestruturada
Esta entrevista faz parte da pesquisa para elaboração da tese de doutorado sobre modelo
de competências para inovação no setor público brasileiro, da aluna Lana Montezano,
vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da UnB, sob orientação do
Prof. Dr. Antonio Isidro.
Em respeito aos critérios éticos de pesquisa científica, ressaltamos que os dados serão
utilizados de forma agrupada para identificação das competências que irão compor um
questionário a ser aplicado com os servidores públicos. Sendo assim, não será feita a
identificação do entrevistado em momento nenhum, mantendo o sigilo das informações
individuais.
Os dados desta pesquisa são confidenciais e serão utilizados exclusivamente para fins
acadêmicos.
199
QUESTÕES SEMI ESTRUTURADAS
200
Apêndice 3 – Formulário eletrônico de validação do roteiro de entrevista
semiestruturada
201
202
203
204
205
206
207
208
209
210
211
212
213
214
215
216
217
218
219
220
221
222
223
224
Apêndice 4 – Modelo de e-mail convidando especialistas para validação do
roteiro de entrevistas
225
Apêndice 5 – Roteiro de entrevista validado e utilizado na coleta de dados
Esta entrevista faz parte da pesquisa para elaboração da tese de doutorado sobre modelo
de competências para inovação no setor público brasileiro, da aluna Lana Montezano,
vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da UnB, sob orientação do
Prof. Dr. Antonio Isidro.
Em respeito aos critérios éticos de pesquisa científica, ressaltamos que os dados serão
utilizados de forma agrupada para identificação das competências que irão compor um
questionário a ser aplicado com os servidores públicos. Sendo assim, não será feita a
identificação do entrevistado em momento nenhum, mantendo o sigilo das informações
individuais.
Os dados desta pesquisa são confidenciais e serão utilizados exclusivamente para fins
acadêmicos.
Eu, _________________________________________________________________, da
organização ________________________________________________________ li e
entendi as informações relativas a pesquisa acadêmica de Lana Montezano e aceito
voluntariamente participar dela como entrevistado, bem como autorizo a gravação da
entrevista.
226
QUESTÕES SEMI ESTRUTURADAS
4. Como os usuários dos serviços públicos reconhecem uma equipe de trabalho inovadora?
5. Na sua opinião, quais as características necessárias para uma equipe de trabalho, em
organização pública, gerir o ambiente de inovação?
6. Na sua opinião, quais as características necessárias de uma equipe de trabalho em
organização pública com capacidade de inovação?
7. Poderia descrever as características necessárias que uma equipe de trabalho, em organização
pública, precisa ter para executar as diferentes atividades de inovação (gerar, selecionar,
implementar e difundir ideias)?
8. Poderia descrever as características necessárias que uma equipe de trabalho, em organização
pública, precisa ter para gerir os resultados de inovação)?
9. Na sua percepção, como os usuários dos serviços públicos reconhecem um indivíduo como
inovador?
10. Na sua percepção, quais os comportamentos necessários que um indivíduo que trabalha no
setor público precisa ter para contribuir com o ambiente de inovação?
11. Na sua opinião, quais os comportamentos necessários que um indivíduo que trabalha no setor
público precisa ter para contribuir com a capacidade de inovação da organização?
12. Descreva os comportamentos necessários que um indivíduo, que trabalha no setor público,
deve possuir para ser capaz de executar as diferentes atividades de inovação.
13. Na sua opinião, quais os comportamentos necessários que um indivíduo que trabalha no setor
público precisa ter para gerir os resultados da inovação?
14. (Questão complementar realizada durante a coleta de dados) – Que dicas daria para um
indivíduo que trabalha no setor público para que possa se desenvolver e se tornar um
profissional inovador? Quais conteúdos precisaria aprender e quais comportamentos ele
precisaria se desenvolver?
227
PERFIL DO RESPONDENTE DA ENTREVISTA
228
( ) pesquisador
( ) professor sobre o tema
Tipo de atuação profissional ( ) desenvolve inovação
com inovação ( ) gestor de equipe de inovação
( ) implementa inovação
( ) outro: _______________________
Tempo de experiência com
tema de inovação no setor
público (em anos)
Liderou projetos de inovação ( ) Sim ( ) Não
Participou de projeto que
( ) Sim ( ) Não
ganhou prêmio de inovação
229
Apêndice 6 – Informações complementares aos entrevistados (Glossário de
termos técnicos)
Prezado Entrevistado,
230
REFERÊNCIAS
Isidro, A. (2018). Gestão Pública Inovadora: um guia para a inovação no setor público.
Curitiba: CRV.
Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard
Business Review, 68(3), 79-93.
Silva, F. M., & Ruas, R. L. (2016). Competências coletivas: considerações acerca de
sua formação e desenvolvimento. Revista Eletrônica de Administração, 22(1), 252-
278.
Sørensen, E. (2016). Political innovations: innovations in political institutions,
processes and outputs. Public Management Review, 1-19. DOI:
10.1080/14719037.2016.1200661.
231
Apêndice 7 – Modelo de e-mail convite para participar da entrevista
232
Apêndice 8 – Modelo de mensagem do whatsapp de convite para participar da
entrevista
233
Apêndice 9 – Modelo de e-mail de confirmação do agendamento da entrevista
234
Apêndice 10 – Roteiro do Grupo focal
236
QUESTÕES DO GRUPO FOCAL
CONHECENDO PARTICIPANTES
1. Qual nome?
2. O que motivou a participar do grupo focal?
237
PERFIL DO PARTICIPANTE
239
Apêndice 11 – Formulário eletrônico da participação no grupo focal
240
241
242
243
244
245
246
247
248
249
Apêndice 12 – Apresentação utilizada no grupo focal
250
251
252
253
254
Apêndice 13 – Questionário eletrônico aplicado – Competências para inovação
no setor público
255
256
257
258
259
260
261
262
263
264
265
266
267
268
269
270
271
272
273
274
275
276
277
278
279
280
281
282
283
284
285
286
287
Apêndice 14 – Formulário eletrônico de interesse na apresentação dos
resultados da pesquisa de competências para inovação no setor público
288
Apêndice 15 – Modelos de materiais de divulgações da pesquisa (questionário
eletrônico)
289
Desta forma, você poderá refletir a respeito de quais delas estão disponíveis nas
organizações públicas ou precisam ser desenvolvidas para gerar serviços que
agreguem valor à sociedade!
Ah, peço a gentileza de compartilhar esta mensagem com seus contatos para
usarmos nossas redes na construção colaborativa da definição das competências
para inovação, além de compartilhar com mais pessoas a oportunidade de
conhecerem as competências e poderem refletir também sobre necessidades de
desenvolvimento das competências!
Conto contigo!
Lana Montezano
Doutoranda em Administração – PPGA/UnB
Pesquisadora do Laboratório de Inovação e Estratégia em governo - UnB
290
Participe da pesquisa sobre competências para inovação no setor público pelo link -
https://forms.gle/6Q8iYHN1X2VDwLko6
291
Apêndice 16 – Exemplos de divulgações em redes sociais pela pesquisadora,
parceiros e voluntários
RESPONSÁVEIS PELA PESQUISA
292
293
294
PARCEIROS
295
296
297
298
299
VOLUNTÁRIOS
300
301
302