E-Book - 3 Passos para A Redenção - Editora Molokai

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Na Praça de São Pedro, prestes a iniciar o Angelus

do domingo de 18 de Março de 2012, Papa Bento XVI


evoca Santo Agostinho para ressaltar a importância e o
significado do sacramento da confissão:

“Santo Agostinho comenta: «O médico, na medida


das suas possibilidades, vem para curar o doente. Se al-
guém não seguir as prescrições do médico, arruina-se
sozinho. O Salvador veio ao mundo... Se tu não quiseres
ser salvo por ele, julgar-te-ás sozinho» (Sobre o Evan-
gelho de João, 12, 12: PL 35, 1190). Portanto, se é infinito
o amor misericordioso de Deus, que chegou a ponto de
dar o seu único Filho em resgate pela nossa vida, grande
é inclusive a nossa responsabilidade: com efeito, cada
um deve reconhecer que está enfermo, para poder ser
curado; cada um deve confessar o próprio pecado, para
que o perdão de Deus, já conferido na Cruz, possa ter
efeito no seu coração e na sua vida.

Quando Jesus diz ao leproso, “sê purificado”, há mui-


to mais do que a cura da enfermidade física. Segundo
a antiga lei judaica, o leproso era expulso da sociedade

. 2.
e condenado a uma espécie de morte civil e religio-
sa. Deste modo, ao sermos interpelados com o milagre
do leproso, temos o símbolo do pecado, a verdadeira
impureza do coração, aquilo que nos afasta de Deus,
remediado: os pecados que cometemos afastam-nos de
Deus e, se não forem humildemente confessados na mi-
sericórdia divina, chegam até a causar a morte da alma.
Este milagre assume então um grande valor simbólico.
Jesus, como profetizara Isaías, é o Servo do Senhor que
“levava sobre si as nossas enfermidades, carregava as
nossas dores (Is 53, 4).” Continua Bento:

Santo Agostinho escreve ainda: «Deus condena os


teus pecados; e se também tu os condenares, unir-te-ás
a Deus... Quando começa a desagradar-te aquilo que
fizeste, então têm início as tuas boas obras, porque con-
denas as tuas obras más. As obras boas têm início com
o reconhecimento das obras más» (Ibid., 13: PL 35, 1191).
Às vezes o homem gosta mais das trevas do que da luz,
porque está apegado aos seus pecados. Mas só abrindo-
-se à luz, só confessando sinceramente as suas culpas a
Deus, encontrará a paz verdadeira, a alegria autêntica.
Então, é importante aproximar-se com regularidade do
Sacramento da Penitência, em particular na Quaresma,
para receber o perdão do Senhor e intensificar o nosso
caminho de conversão.” [Discurso do ngelus, 15 de Fe-
vereiro de 2009 - Bento XVI]

. 3.
Examinai-vos a vós mesmos, e vede
se estais na fé (2 Cor 13,5)
O pecador, imerso na prática do pecado, muitas ve-
zes se torna insensível à gravidade de suas ações. Este
é o fluxo do ato cotidiano quando temos cultivado o
hábito de olharmo-nos com seriedade e cautela. Quan-
do mantemos engessados a capacidade de diagnosticar
nossas falhas, percebê-las como tal e, finalmente, de nos
arrepender para convergirmos ao Caminho.

Estes são os Passos Para a Redenção que o próprio


Cristo nos ensinou: a Verdade, a Justiça e a Caridade.
Vistas, a este propósito, como o encontro de nossa uni-
dade perdida, a partir do pecado original, possível ape-
nas por meio do Exame de Consciência.

Uma vez que o Catolicismo torna-se, num primei-


ro momento, parte amorfa da cultura, manifestando-se
como um mero costume, perdendo sua essência para
qualquer justificativa de convívio social e, em seguida,
ao conquistar certos holofotes, volta à tona como uma
imagem caricata a serviço de um moralismo de fachada,
é urgente que sejamos insistentes em dizer que só há
um modo de ser católico - o modo de Cristo.

Que isso quer dizer?

. 5.
Podemos resumir em uma única palavra: CONVER-
SÃO. Mas encerrar o assunto de forma tão sucinta se-
ria correr um grande risco. O homem, mais do que
nunca acostumado com a superficialidade, tornou-se
incapaz de meditar sozinho sobre a verdade das coisas.
Entre suas causas está o fato de que nossos referenciais
se esvaziaram. Outro fato é que nossa capacidade ima-
ginativa, ou abstrata, carece de extensão. Como, então,
entender a verdade do que se é CONVERSÃO?

“Três coisas são necessárias para a salvação do ho-


mem: saber o que deve crer, saber o que deve desejar,
saber o que deve fazer”
— Santo Tomás de Aquino

É preciso que sejas “homem de Deus”, homem de


vida interior, homem de oração e de sacrifício. — O teu
apostolado deve ser uma superabundância da tua vida
“para dentro”.
— São Josemaría Escrivá

Em breve busca pelo termo, achamos facilmente a


referência ao retorno. Compreender como se dá este
retorno na prática, é outra história. Muitos interpre-
tam este retorno como um processo lento e gradual. O
processo da santidade, apesar de verdadeiro, é apenas o
segundo passo da conversão, aquele que é endereçado
para o fim último de excelência cristã, tal como a vida

. 6.
dos grandes santos. Entender a conversão primeira ou
exclusivamente neste sentido é um grande erro. Como
está nas Sagradas Escrituras: “Muitos serão chamados,
mas poucos são os escolhidos.” (Mt 22, 14). No sentido
próprio da palavra, conversão é, antes de qualquer coi-
sa, um ato iminente e total.

Uma imagem esclarecedora é pensarmos na famosa


“conversão à direita”, quando estamos em uma estra-
da. Nosso objetivo é chegar em X e devemos pegar a
próxima saída - devemos virar à direita ou seguiremos
reto na mesma estrada. Não há um meio-termo entre
a estrada a que estamos nos dirigindo e a saída que de-
vemos convergir. Se erramos a entrada e continuamos
na estrada, nós simplesmente não convertemos. Mante-
mo-nos exatamente no mesmo caminho que estávamos
antes.

Deste modo é a conversão católica: ou se converte, e


portanto, odeia e se arrepende de seus pecados, e isso
implica, necessariamente, uma mudança de vida ime-
diata, ou não converte-se, apenas finge, engana-se a si
mesmo de que converteu-se, mas no íntimo dos nossos
corações a vida segue a mesma.

As escrituras nos dizem “arrependei-vos e crede”. Es-


tes elementos não estão separados, como nos esclarece
Santo Tomás de Aquino, estão intimamente ligados -

. 7.
Prima conversio fit per fidem - “convertei-vos, isto é,
crede!”

Deste modo fica claro que o ato de conversão dá-se


na consciência do indivíduo, crer é arrepender-se, ar-
repender-se é crer. Crer em quê? Na palavra do Pai. É
apenas quando este movimento inicial, dado na mente
e no coração do homem, ganha forma e peso interior é
que tornamo-nos Cristãos, e seu reflexo necessário é a
manifestação profunda da Verdade em nossos atos.

Outro erro comum é associar a conversão a um senti-


mento efêmero. De modo algum. O sentimento, eviden-
te, pode fluir de dentro de nós, e muitas vezes fluirá, de
fato. Imprescindível é compreender que este sentir deve
ser acidental, quer dizer, ele deve ocorrer por causa da
conversão. Sentir algo não é critério para perceber-se
cristão. É uma graça que recebemos.

Como sabemos que nos convertemos?

Uma vez que converter-se não é um sentimento, mas


uma escolha consciente em Crer e Arrepende-se, esta-
mos falando de um ato de vontade. A vontade de afir-
mar “não desejo mais pecar” manifestada no exercício
do autodomínio - que por sua vez é impossível sem o
exame de consciência (ambos, sempre com a graça de
Deus, evidentemente).

. 8.
É certo que para deixar de cometer pecados não nos
basta essa afirmação, tão pouco o aceite pacífico de
nossa fraqueza é suficiente. É por isso que o homem
que se converte, ainda que volte a cair, cairá contra sua
vontade.

Infelizmente, a maioria das pessoas que se dizem con-


vertidas não tem coragem de afirmar que “não desejam
mais pecar”. Ao contrário, no fundo de sua alma ainda
emana a disposição complacente com o erro. Em lugar
do “crede” pensam “basta que me arrependa depois”.
Não basta! Não basta pois Deus sabe exatamente o que
se passa em seu coração. Deve-se se arrepender hoje,
agora. Tua vida, todos os segundos que a compõem,
deve ter como pano de fundo o ódio ao pecado - é daí,
inclusive, que emanarão as forças para construir uma
reta vida e seguir o caminho da conversão tal como fa-
lávamos no início.

Enquanto nossos joelhos permanecerem mais eretos


que dobrados, nós não nos convertemos. E parte im-
portantíssima para que tenhamos a humildade de nos
curvarmos é o Exame de Consciência. Não aquele exame
engessado na fila da confissão ou, menos inadequado,
na noite anterior à missa. O cristão realmente conver-
tido faz do autoexame uma prática diária e recorrente,
tem já em sua estrutura mental os critérios revelados
como conselheiro diário. Mas até que estejamos pre-

. 9.
parados para enxergar a vida pela lente divina devemos,
se possível todas as noites, meditar sobre nossas falhas,
dispormo-nos a, no dia seguinte, evitá-las com todas as
nossas forças pedindo a graça que apenas um coração
puro de pecado é capaz de receber.

“Se não viveres segundo aquilo em que acreditas, aca-


barás a acreditar naquilo que vives.”

— Fulton Sheen

. 10 .
“Vá e não peques mais” (Jo 8, 11)
O reconhecimento da culpa tem uma finalidade e não
pode ser confundido com a indevida martirização do
pecador. Se por um lado devemos, sim, reconhecer nos-
sos pecados, nossa fraqueza e nossa insuficiência, não
podemos nos permitir que paremos aí, como se nos
bastasse a chaga sem a cicatriz. A cicatriz é a misericór-
dia, e este olhar é fundamental para um bom exame e a
conquista duradoura dos efeitos da confissão:

No exame de consciência, a pessoa se concentra me-


nos em seu próprio pecado do que na Misericórdia de
Deus — assim como os feridos se concentram menos
em suas lesões do que no poder do médico que enfaixa
e cura seus ferimentos. O exame de consciência não é
complexo porque é feito à luz da justiça de Deus. O
eu não é a medida, nem é a fonte da esperança. Toda
debilidade e fraqueza humanas são vistas na irradiação
da infinita bondade de Deus, e nunca uma só falta está
separada do conhecimento da Divina Misericórdia. O
exame de consciência retrata o pecado, não como a vio-
lação de lei, mas como o rompimento de um relaciona-
mento. Desenvolve tristeza, não porque um código foi
violado, mas porque o amor foi ferido.

— Venerável Fulton Sheen, em A Paz da Alma

. 12 .
Fulton Sheen, ao nos orientar que nos concentremos
mais na cura que em nossos pecado, nos entrega o antí-
doto contra as garras do puritanismo que desvia nosso
olhar da justiça e da misericórdia. O puritano, curvan-
do-se a si mesmo, é seduzido pelo próprio ego, motiva-
do ora por suas supostas virtudes, ora por um intenso
sentimento de culpa quanto a sua insuficiência. Talvez
seja interessante nos debruçarmos brevemente acerca
das duas naturezas do puritano.

A primeira origina-se naqueles fracos corações que,


fingindo-se fortes, enganam-se a si mesmos quanto à
sua conversão. Estes corações buscam um retrato do
“reto agir pelo reto agir” e têm uma vida católica bu-
rocrática, artificializada, cujos atos refletem a Verdade
apenas superficialmente - como um vitral sujo atingido
pela luz: de fora vê-se a claridade, ainda que opaca, mas
por dentro não há um único raio adentrando a Igreja.

A segunda natureza do puritanismo é aquela vinda de


um coração menos oneroso, mas ainda bastante deso-
rientado, em que, percebendo-se miserável, não aceita
sua própria condição de criatura imperfeita e faz do
autoexame, da confissão e das penitências mais um
martírio psicológico do que uma cura espiritual, esque-
cendo-se da razão pela qual Jesus veio até nós: dar-nos
a chance do perdão, pagando por nós os pecados que
cometemos.

. 13 .
Por isso, não podemos esquecer que no sacramen-
to da penitência testemunhamos a misericórdia divina,
temos nossas almas purificadas e temos a chance de
nos tornarmos santuários da luz Divina. Ao ajoelhar-
mo-nos honestamente diante do confessor, o penitente
não apenas recebe o perdão divino, mas também encon-
tra fortaleza para resistir às tentações futuras por meio
das graças que são concebidas pelo perdão.

Este sacramento é um tesouro inestimável, e é


uma pena imaginar que haja um único cristão viven-
ciando este momento sem o devido cuidado. Por isso,
abaixo seguem algumas informações importantes para
fazermos uma boa confissão, assegurando-nos de sua
validade:

a) Deve ser verdadeiro ou interno, originando-se do


coração e não apenas da boca para fora;
b) Deve ser sobrenatural, vindo de motivos sobrena-
turais, como o medo do pecado, o reconhecimento de
que merecemos o inferno e perdemos o céu, e o reco-
nhecimento de que ofendemos a infinita bondade de
Deus;
c) Deve ser supremo, ou seja, devemos nos entristecer
mais com a ofensa a Deus do que com outro mal;
d) Deve ser universal, ou seja, deve abranger todos os
pecados, de modo que não haja pecado que não detes-

. 14 .
temos mais do que qualquer outro mal;
e) Deve ser confiante, inseparável da esperança de
perdão.
f) Deve estar verdadeiramente determinado a não
mais cometer os pecados que confessou.

Os homens ouviram Deus dizer que Ele perdoaria os


pecados; viram-no conferir esse poder aos seus Apósto-
los até o fim dos tempos. Ele foi visto com tanta fre-
quência conduzindo tudo com o amor e o perdão que
é difícil escolher um episódio ilustrativo. Um dos mais
comoventes com certeza foi aquele em que perdoou a
mulher apanhada no pecado (cf. Jo 8, 3-11).

— Fulton Sheen, em O Eterno Galileu

. 15 .
As escrituras dizem que a caridade
vem do coração puro (Tm 1,5)
A Missa é o ápice da nossa fé, o momento em que
somos convidados a nos unir ao grande sacrifício de
amor de Jesus Cristo na cruz. Assim como Abel, Sa-
lomão e Melquisedeque ofereceram sacrifícios a Deus
em um ato de profunda devoção, nós também somos
chamados a oferecer a Deus o nosso coração em amor
e gratidão.

No entanto, o sacrifício supremo de amor foi o de


Jesus na cruz, onde Ele deu sua vida por nós para nos
salvar do pecado e da morte eterna. Na Missa, esse
mesmo sacrifício é renovado. Quando o sacerdote con-
sagra o pão e o vinho, eles se tornam o corpo e o san-
gue de Cristo, e somos convidados a comungar desse
grande mistério de amor, é como se estivessemos nós,
aos pés de Cristo, na cruz.

Participar da Missa não é apenas um dever burocráti-


co religioso, como os Fariseus tornaram o sacrifício. Ao
participarmos preparados para a comunhão, a missa é
a grande resposta de amor humano ao amor de Deus.
É um momento de profunda intimidade com Cristo,
em que podemos experimentar sua presença de maneira
tangível. Ao receber a Eucaristia, estamos nos unindo

. 17 .
a Ele em amor e gratidão, prometendo amá-Lo e servi-
-Lo com todo o nosso ser.

Não há escapatória da Cruz, nem mesmo a negando


como fizeram os fariseus; nem mesmo vendendo Cristo
como fez Judas; nem mesmo O crucificando como os
algozes fizeram. Todos nós a vemos, quer ao abraçá-la
na salvação ou ao fugir dela rumo à miséria.

— Fulton Sheen, em O Calvário e a Missa

Quando nossa conversão é firmemente decretada


passamos a compreender o tamanho do amor de Deus,
neste momento é natural que nossa vontade de amá-Lo
aumente exponencialmente, tomando parte de toda
nossa existência. Cada ato nosso passa, pouco a pouco,
a ser reproduzido em virtude de Cristo, e a comunhão
é o grande ápice desta retribuição amorosa.

Para que possamos nos preparar para a Missa com


reverência e devoção, reconhecendo a grandeza do sa-
crifício prestes a se desdobrar diante de nós, para que
possamos nos aproximar do altar com corações con-
tritos e abertos, prontos para receber o amor de Deus,
preparemo-nos para examinar nossa vida, nos arrepen-
dermos dos nossos pecados e nos unirmos ao Filho, em
glória ao Pai, com as graças do Espirito Santo.

. 18 .
EXAME DE CONSCIÊNCIA
extraído do devocionário rumo à santidade

. 19 .
1. Amar a Deus sobre todas as coisas.
Se quis penetrar os mistérios da Fé com demasiada
curiosidade.
Se se demorou voluntariamente em alguma dúvida con-
tra a Fé.
Se zombou de coisas santas ou gracejou com elas.
Se se serviu de palavras da Sagrada Escritura para brin-
cadeiras.
Se falou sem respeito de Deus, dos Santos, ou com le-
viandade ou escárnio dos ministros do Senhor, das Ce-
rimônias da Igreja ou de outras coisas sagradas.
Se se deixou levar pelo desânimo nas aflições, securas
ou dificuldades; se alimentou pensamentos de tristeza;
se, por desconfiança do socorro divino, abandonou o
cuidado do adiantamento espiritual.
Se tem contado unicamente com as próprias for-
ças para o cumprimento de seus deveres, negligen-
ciando implorar o auxílio de Deus.
Se teve pouco cuidado em evitar os pecados ve-
niais, por presunção da misericórdia divina.
Se não tem amado a Deus de todo o coração e
acima de todas as coisas, fazendo pouco caso das
faltas pequenas, ou conservando uma afeição des-
regrada por alguma criatura.
Se tem descuidado de fazer de tempos em tempos
atos de fé, esperança e caridade.
Se tem sido negligente em preparar-se para a san-

. 20 .
ta Comunhão, e se se tem apresentado a ela com
um espírito indevoto e pouco recolhido.
Se tem ido se confessar sem nenhum sentimen-
to de contrição e de firme propósito, tranquili-
zando-se porque não tinha senão faltas leves para
acusar.
Se escondeu em Confissão algum pecado ou se
procurou falsas atenuantes para diminuir a gravi-
dade de sua culpa.
Se deixou de cumprir em todo ou em parte a Peni-
tência imposta pelo confessor, e qual foi a causa.
Se, estando na Missa, tem tido voluntariamente distra-
ções, especificando se foram numerosas, prolongadas, e
se era em domingo ou dia de festa.
Se, na igreja, ou em outros lugares santos, tem cometido
irreverências com risadas, palavras inúteis, olhares para
um lado e outro, posição pouco conveniente.
Se se descuidou em dirigir a intenção, em suas principais
ações, à glória de Deus, e se as tem feito sem reflexão,
sem nenhum motivo sobrenatural.
Se se tem esforçado em não reconhecer os desígnios de
Deus sobre si, com receio de ser obrigado a segui-los.
Se tem feito o bem por respeito humano ou se, pelo
contrário, pelo mesmo motivo, deixou de cumprir o seu
dever.
Se tem criticado os sermões dos pregadores, e se os nem
julgado por seu próprio espírito, aderindo-se mais aos
ornamentos da verdade do que à própria verdade.

. 21 .
2. Pecados contra o próximo
Se tem sido negligente em repelir os pensamentos de
suspeita ou juízo temerário.
Se tem tido aversão ou ódio de outrem, e se não fez es-
forços para dissipar este sentimento mau ou para amar
as pessoas que naturalmente desagradam.
Se tem julgado fácil e temerariamente os outros que têm
aversão por si, e acreditado que tal era a razão do seu
proceder para consigo.
Se se tem entretido voluntariamente ou por negligência
em sentimentos de rancor contra aqueles que o ofende-
ram.
Se teve desejos de vingança contra alguém, e se formou
a resolução de pô-los em execução.
Se tem censurado injustamente ou sem necessidade a
conduta do seu próximo, se se tem queixado dos pe-
quenos desgostos que recebeu dele, sobretudo se foi em
público.
Se a seu próximo tem dado repreensões amargas ou in-
justas, se lhe tem dito palavras ásperas ou sequer inju-
riosas.
Se só ou diante de outras pessoas tem-lhe dado sinais de
desprezo, se tem zombado dele em sua ausência, e se o
fez mesmo em sua presença.
Se fez algum mexerico, perturbando assim a boa harmo-
nia entre os outros, e por que motivo.
Se deu escândalo e como.

. 22 .
m exame de consciência

Se, por maus exemplos, conselhos ou críticas, desviou


alguém da prática da virtude.
Se aconselhou a alguém que se vingasse ou fizesse algum
outro mal.
Se por adulação aprovou o mal que em consciência sabia
não ser bem.
Se enganou o próximo, assegurando-lhe que uma coisa,
na realidade proibida, era boa ou lícita.
Se tem mentido ou exagerado em suas palavras, e por
que motivo: Por divertimento? Para prestar um serviço?
Para prejudicar?

3. Pecados contra si mesmo


Se teve pensamentos de orgulho, considerando-se mais
que os outros, é se por suas palavras e maneiras tem
dado alguns sinais desta boa opinião de si mesmo.
Se tem ouvido os louvores com prazer, ou se se tem re-
voltado interiormente contra as humilhações e repreen-
sões merecidas.
Se se tem demorado, voluntariamente, em pensamentos
de vaidade, pensando com complacência em suas qua-
lidades pessoais, verdadeiras ou supostas, em seus su-
cessos e, geralmente, em tudo o que pode lisonjear o
amor-próprio.
Se falou com vaidade de si ou dos seus merecimentos,
verdadeiros ou supostos.
Se se tem demorado voluntariamente em pensamentos

. 23 .
impuros; se leu, propositadamente e com malícia, algu-
ma coisa impura; se, com complacência, deu atenção a
conversas livres; se cometeu faltas contra o pudor.
Se tem sido muito aferrado ao seu próprio juízo, se sus-
tentou sua opinião com altivez ou contrariou com per-
tinácia os sentimentos do próximo.
Se teve vergonha de aparecer em público em companhia
de seus pais ou de pessoas de condição humilde.
Se não reprimiu imediatamente os ímpetos de cólera ou
impaciência.
Se cometeu atos de gula, bebendo ou comendo em ex-
cesso, por pura sensualidade, ou fora das refeições, sem
necessidade.
Se comeu, por sensualidade, coisas contrárias à saúde
ou, em tempo de jejum, coisas proibidas pelas leis da
Igreja.
Se por preguiça não se levantou à hora devida.
Se por comodidade deixou de cumprir deveres do seu
estado.

Primeiro Mandamento
Se tem omitido frequentemente suas orações cotidianas
por negligência.
Se se tem voluntariamente distraído em suas orações.
Se consentiu deliberadamente em dúvidas contra a Fé.
Se tem propositadamente deixado de ouvir a Palavra de
Deus.

. 24 .
Se tem guardado ou lido livros ou escritos hostis à reli-
gião.
Se tem falado contra a religião ou deixado de defendê-la
quando era seu dever.
Se tem criticado pessoas ou práticas eclesiásticas, ou
consentido que outros o fizessem em sua presença.
Se se tem deixado levar pelo desânimo.
Se tem murmurado contra as disposições da Divina Pro-
vidência.
Se tem seguido práticas supersticiosas, por convicção ou
por leviandade.
Se tem assistido a reuniões de espiritismo ou pedido e
usado remédios aconselhados pelos espíritas. Quantas
vezes?

Segundo Mandamento
Se tem pronunciado, por ira ou por leviandade, o nome
de Deus ou dos Santos.
Se tem o costume de proferir nomes santos sem justa
razão.
Se tem jurado falso.
Se tem jurado sem necessidade.
Se tem proferido maldições ou imprecações contra al-
guém, abusando ao mesmo tempo dos nomes de Deus
ou dos Santos.
Se tem travado conversas injuriosas a Deus, aos Santos e
às coisas sagradas (blasfêmias). Quantas vezes?

. 25 .
Terceiro Mandamento
Se tem faltado à Missa nos domingos e festas de guarda.
Por que motivo?
Se por sua culpa chegou tarde à Missa ou se se retirou
antes de ela ter acabado.
Se assistiu à Missa sem atenção.
Se se comportou mal na igreja.
Se tem trabalhado nos domingos e dias santos, sem para
isso ter necessidade.
Se obrigou outros a trabalhar. Durante quanto tempo?
Quantas vezes?

Quarto Mandamento
Se faltou ao respeito a seus pais ou superiores. Se chegou
a maltratá-los por palavras ou ações. Se lhes desejou o
mal. Se falou mal deles.
Se de propósito lhes causou tristeza, ou se deliberada-
mente os ofendeu. Se lhes faltou à obediência em maté-
ria grave.
Se cometeu faltas de caridade contra seus irmãos ou ou-
tros parentes.

Quinto Mandamento
Se tem injuriado o próximo.
Se se tem irado contra alguém.

. 26 .
Se ofendeu propositadamente o próximo.
Se procurou ter rixas com os outros.
Se guarda ódio de alguém. Há quanto tempo?
Se entretém sentimentos de rancor e malquerença contra
alguém.
Se desejou mal a alguém.
Se chegou a fazer mal ao próximo, prejudicando sua saú-
de.
Se desejou a morte para alguém.
Se desejou a morte para si mesmo.
Se prejudicou propositadamente a própria saúde, por
desânimo, por desejo de morrer, por capricho ou para
subtrair-se às suas obrigações.
Se deixou faltar a seus doentes o trato necessário.
Se maltratou animais por gosto, por ira ou para se dis-
trair.
Se deu escândalo ao próximo. Ou se foi a causa de ele
pecar. Quantas vezes?
Se cometeu excessos na comida e bebida. Quantas vezes?
Se tem o vício de se embriagar.

Sexto e Nono Mandamentos


Se se tem demorado voluntariamente em pensamentos e
imaginações impuras.
Se tem desejado ver ou fazer coisas desonestas.
Se tem mantido conversas obscenas.
Se tem assistido a elas por gosto.

. 27 .
Se cantou ou escutou músicas sensuais.
Se as tem ensinado a outros.
Se tem lido livros ou escritos impuros.
Se tem olhado coisas desonestas com má intenção, por
curiosidade ou simplesmente por falta de vigilância.
Se tem tomado parte em divertimentos perigosos à pu-
reza: danças, filmes, programas de TV ou internet.
Se tem praticado ações impuras. Só ou com outros?
Se tem permitido que outros fizessem tais coisas consi-
go. Se tem circunstâncias especiais a acusar com relação
a estes pecados.
Na dúvida se alguma coisa é contra a virtude da pureza,
peça ao confessor que lhe dê os esclarecimentos neces-
sários.

Sétimo e Décimo Mandamentos


Se tem tirado alguma coisa a outrem. Era objeto de va-
lor?
Se tem tirado coisas de pouco valor por diversas vezes.
Se tem retido injustamente objetos achados.
Se tem causado dano ao próximo por engano, fraude ou
mau conselho. Um dano notável?
Se tem feito mal o trabalho a que está obrigado.
Se tem danificado por malícia a propriedade alheia. Por
negligência culpável? Os prejuízos foram consideráveis?
Se tem o desejo de furtar ou de danificar os bens de
outrem.

. 28 .
Se tem tido inveja.
Se tem saldado as suas contas e dívidas.
Se pagou aos seus empregados o salário justo.
Se retém bens que possui injustamente.
Oitavo Mandamento
Se tem mentido.
Causou dano a alguém com suas mentiras?
Tem divulgado sem necessidade as faltas e defeitos se-
cretos do próximo?
Se tem exagerado os pecados verdadeiros dele.
Tem-lhe atribuído faltas supostas? Tem resultado daí um
prejuízo notável para a reputação, para a fortuna do pró-
ximo?
Se tem permitido que outros falassem mal do próximo.
Tem escutado com gosto tais conversas?
Se tem semeado discórdia entre amigos por mexericos.
Tem tido suspeitas injustas ou juízos temerários?
Tem violado segredos de ofício? Segredos que lhe foram
confiados?
Resultaram da sua indiscrição prejuízos para o próximo,
quer na sua fortuna, quer na sua reputação?

Os Sete Pecados Capitais


Tem sido orgulhoso e vaidoso?
Tem-se demorado deliberadamente em pensamentos de
orgulho e de complacência em si mesmo?
Se tem sido teimoso e arrogante.

. 29 .
Se tem sido duro e sem caridade para com os pobres.
Se tem tido inveja.
Se tem-se alegrado com a infelicidade de outrem?
Se tem jejuado, nos dias de jejum propriamente dito.
Se tem observado a lei da abstinência nos dias prescritos
pela Igreja.
Tem faltado a seus deveres de estado, na qualidade de
esposo, pai ou mãe, superior ou súdito?
Que faltas cometeu no exercício de sua profissão?

Depois de ter feito com cuidado e recolhimento o


exame de consciência, medita, por alguns momentos,
em que perigo está quem cometeu um pecado mor-
tal: pode cair no inferno, lugar de eternos sofrimentos,
e ficar separado eternamente de Deus, sem esperança
de salvação. Pensa em Jesus sobre a Cruz, coberto de
chagas, abandonado de todos na Sua agonia, tudo isso
por causa do pecado mortal! Reflete na misericórdia
de Deus, que espera o pecador e o acolhe com carinho,
quando se converte; e depois reza com profundo senti-
mento de humildade, de confusão e de arrependimen-
to, o ato de contrição.

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PARA A CONTRIÇÃO

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Ato para Excitar a Contrição

Eis aqui, ó meu Deus, vosso filho pródigo que volta


contrito ao Vosso seio paternal! Que motivos de con-
fusão para mim, misericordioso Senhor e Pai amoroso,
ter-Vos tantas vezes ofendido, depois de Vos ter tantas
vezes prometido emendar-me! Como me atrevi a pecar
na Vossa presença, conhecendo quanto Vos desagrada
o pecado! Ó meu Deus e meu Pai, perdoai-me e não
me castigueis segundo o rigor da Vossa justiça; tende
piedade de mim, que já não sou digno de ser chamado
Vosso filho, e aceitai os anseios de um coração pesaroso
de Vos ter ofendido e disposto a amar-Vos para sempre.
Detesto, Senhor, todos os meus pecados, que são mui-
tos e graves; porque com eles mereci as penas do infer-
no e ofendi a Vossa divina majestade, Vossa santidade e
Vossa bondade infinita. Amo-Vos sobre todas as coisas,
meu Deus, meu Pai, meu Salvador, e por amor de Vós
quero antes morrer do que Vos tomar a ofender.

Ato de Contrição Após o Exame de


Consciência
Meu Deus, profundamente humilhado e aniquilado
diante de vossa Majestade soberana, eu Vos peço humil-
demente perdão; detesto, de todo o meu coração, todos
os pecados que tenho cometido em toda a minha vida,

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mas particularmente depois da minha última Confis-
são, tanto aqueles de que me lembro, como todos os
de que não tenho memória nem conhecimento; eu os
detesto e deles me arrependo de todo o coração.

Ato de Contrição Após a Confissão


Senhor meu Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro,
Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem Sois,
sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as
coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor,
por Vos ter ofendido; pesa-me também por ter perdido
o Céu e merecido o inferno. Mas proponho firmemen-
te, com o auxílio de Vossa divina graça, e pela podero-
sa intercessão de Vossa Mãe Santíssima, emendar-me e
nunca mais Vos tomar a ofender. Espero alcançar o per-
dão de minhas culpas, por Vossa infinita misericórdia.
Amém.

Depois da Confissão
Quão suave Sois, Senhor, para os que Vos procuram!
Quão grandes são o Vosso amor e a Vossa bondade!
Confio que pelos merecimentos infinitos de Vosso pre-
ciosíssimo Sangue já perdoastes os meus pecados. Posso
contar-me entre Vossos filhos! Oh! Dia feliz da minha
vida! Oh! Momento afortunado! Não permitais, Pai de
misericórdia, que eu me esqueça jamais deste inefável

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benefício. Proponho firmemente evitar o pecado, para
nunca mais perder a Vossa graça; abençoai, Senhor, este
meu propósito e fortalecei-me, para que nunca mais
torne a cair. Ó Maria, minha Mãe, rogai por mim e am-
parai-me. Santos e Anjos do Céu, intercedei por mim.
Amém.

Depois desta oração, cumprir a penitência dada


pelo confessor.

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