Umbu Cajapdf
Umbu Cajapdf
Umbu Cajapdf
Spondias bahiensis
Umbu-cajá
Rychardson Rocha de Araújo1, Emanuelle Dias dos Santos2, Diego Bispo dos Santos Farias1,
Eurico Eduardo Pinto de Lemos3, Ricardo Elesbão Alves4
FAMÍLIA: Anacardiaceae.
1
Eng. Agrônomo. Universidade Federal de Sergipe
2
Eng. Agrônoma. Profissional Autônoma
3
Eng. Agrônomo. Universidade Federal de Alagoas Mapa de distribuição geográfica da
4
Eng. Agrônomo. Embrapa Agroindústria Tropical espécie. Fonte: Flora do Brasil.
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Plantas para o Futuro - Região Nordeste
A boa aceitação e procura pela polpa processada e congelada do umbu-cajá tem des-
pertado uma gama de estudos voltados à utilização desta planta para a indústria, ava-
liando-se características físicas e químicas dos frutos (Ritzinger et al., 2008; Lima, 2012),
estabilidade física, química e microbiológica da polpa congelada (Santos et al., 2013), com-
posição de cor e carotenoides de diferentes clones e caracterização e inativação de enzimas
degradantes (Silva; Koblitz, 2010).
Entretanto, a maior parte da produção desta fruta ainda é originária de pequenos po-
mares em chácaras e quintais, e não de plantios comerciais organizados, acarretando uma
produção muito pequena para uma fruta de tão grande potencial econômico (Carvalho et al.,
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Capítulo 5 - Alimentícias
2008; Ferreira et al., 2009; Fonseca et al., 2010; Mamede et al., 2013; Santos et al., 2013).
Spondias bahiensis
Atualmente apenas espécies mais conhecidas de Spondias como umbu (S. tuberosa) e cajá
(S. mombin) possuem pomares comerciais na região Nordeste. Todavia, pelo seu potencial
econômico, o umbu-cajá (S. bahiensis) vem sendo utilizado isoladamente ou em misturas de
polpas congeladas com as espécies anteriores, e seu cultivo tende a se expandir rapidamen-
te. Algumas iniciativas no sentido de selecionar, multiplicar e disseminar clones superiores
de S. bahiensis entre algumas comunidades rurais do semiárido tem servido para tornar esta
espécie uma fonte de renda extra aos produtores (Soares-Filho; Ritzinger, 2006; Carvalho et
al., 2008; Ritzinger et al., 2008; Santana et al., 2011a,b; Fonseca; Oliveira, 2012; Santos et
al., 2012; Romano et al., 2013).
Entretanto, apesar dos avanços nas pesquisa, ainda não existem cultivares estabele-
cidas e recomendadas para cultivo comercial do umbu-cajá. Todavia, coletas e avaliações
morfoagronômicas de vários acessos realizados pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, per-
mitiram estabelecer indicações preliminares de clones com elevado teor de açúcar e baixa
acidez, com aptidão para o consumo in natura (acessos ‘Esperança’ e ‘Princesa’) e clones
com boa coloração e acidez mais elevada para o processamento industrial (‘Santa Bárbara’,
‘Suprema’ e ‘Tendas’).
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Plantas para o Futuro - Região Nordeste
A capacidade produtiva de frutos da espécie ainda não foi devidamente estimada, uma
vez que não existem pomares comerciais estabelecidos, mas sabe-se que algumas plantas
conseguem produzir cerca de 300kg de frutos por safra. Por ser uma espécie rústica, os prin-
cipais tratos culturais recomendados são aqueles empregados para várias outras espécies le-
nhosas frutíferas, inclusive para auxiliar o seu estabelecimento, crescimento e manutenção,
tais como: podas de formação e limpeza, capinas, adubação de fundação e de cobertura.
FIGURA 2 - Spondias bahiensis: Destaque para a boa produção de frutos. Foto: Nordeste Rural
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Capítulo 5 - Alimentícias
Spondias bahiensis
FIGURA 3 - Frutos maduros de Spondias bahiensis. Foto: Vitoria Hortifruti
umbuzeiro parece ser uma alternativa interessante para aumentar a resistência das plantas
às condições do semiárido sem irrigação (Ritzinger et al., 2008). A enxertia do tipo garfagem
de topo em fenda cheia, a mesma utilizada para o umbuzeiro e para a cajazeira, parece ser
também um método adequado para a propagação desta espécie.
O mais importante estudo agronômico realizado com a espécie foi conduzido por
Machado et al. (2015), que diferenciou morfológica e molecularmente a espécie S. bahiensis
e refutou a hipótese de tratar-se de um híbrido entre umbu (Spondias tuberosa) e cajá
(Spondias mombin) e, desta forma, permitindo a classificação como uma nova espécie
brasileira: Spondias bahiensis P. Carvalho, Van den Berg e M. Machado.
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Plantas para o Futuro - Região Nordeste
dioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), que vem prospectando em 24 municípios baianos
vários acessos desde o ano 2000, sendo a maior quantidade de acessos oriundos da região
semiárida. Existem estudos em andamento sobre a produção e qualidade dos frutos dos
indivíduos cultivados, visando a detecção de genótipos superiores em relação a caracteres
morfoagronômicos (Santana et al., 2011a,b).
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Capítulo 5 - Alimentícias
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