Aula 4 - Unidade II

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UNIDADE II

Didática Fundamental

Profa. Dra. Talita Silva


5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

5.1 Rumo a ciclos de aprendizagem


 Evidentemente que a progressão na perspectiva de ciclos
requer novo saber/fazer, baseada em novas
representações da aprendizagem, da diferenciação dos
ciclos e da própria progressão.
 Assim sendo, os ciclos, segundo Perrenoud (2000), só
evoluirão se os professores conseguirem inventar
dispositivos de acompanhamento das progressões
durante anos seguidos.

Fonte: https://www.amazon.com.br/Os-
Ciclos-Aprendizagem-Combater-
Fracasso-ebook/dp/B019HITGC8
5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

Haydt (2001) nos responde que na educação e no ensino há vários níveis de planejamento:
 planejamento de um sistema educacional – é feito em âmbito nacional, estadual e
municipal e consiste na definição de prioridades e metas para o aperfeiçoamento do sistema
educacional, estabelecimento de formas de atuação e cálculos dos custos necessários à
realização das metas.
 planejamento geral das atividades de uma escola – é o processo de tomada de decisão
sobre os objetivos a serem atingidos e a previsão das ações, tanto pedagógicas como
administrativas a serem executadas por toda a equipe escolar. Deve ser participativo
(professores, funcionários, pais e alunos). O resultado desse tipo de planejamento é o
plano escolar ou projeto político-pedagógico.
 planejamento de currículo – é a previsão dos diversos
componentes curriculares que serão desenvolvidos ao longo
do curso, com a definição dos objetivos gerais e a previsão
dos conteúdos programados de cada componente.
5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

 planejamento didático ou de ensino é a previsão das ações e procedimentos que o


professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discentes e das
experiências de aprendizagem, com o propósito de atingir os objetivos educacionais
estabelecidos. Neste, nos interessa sobretudo o planejamento de aula, quando o
professor especifica e operacionaliza os procedimentos diários.

 Para Libâneo (1994), os planos devem ser como um guia de orientação e devem apresentar
uma ordem sequencial, objetividade, coerência, flexibilidade.
5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

5.2 Conteúdos curriculares e procedimentos de ensino

Haydt (2001) explica que a ordenação dos conteúdos é feita em dois planos:
1. no plano temporal, dispondo os conteúdos ao longo das séries (organização vertical
do currículo);
2. no plano de uma mesma série, fazendo a relação de uma área com a outra (organização
horizontal do currículo).

5.2.1 A aprendizagem de conteúdos factuais, conceituais,


procedimentais e atitudinais
 De acordo com Zabala (1998) e pelos princípios
construtivistas, “aprendizagem é a construção pessoal
que o aluno realiza com a ajuda que recebe de
outras pessoas”.
5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

Para que ocorra tal aprendizagem há que se refletir sobre as atividades e os conteúdos nesse
processo. Ou seja:
1. As atividades permitem ao professor conhecer os conhecimentos prévios dos alunos?
2. Os conteúdos são significativos e funcionais para o aluno?
3. São adequados para o nível de desenvolvimento dos alunos?
4. São desafios acessíveis para os alunos?
5. Provocam conflito cognoscitivo e atividade mental no aluno que o faça relacionar conteúdos
novos aos prévios?
6. São motivadores?
7. Estimulam a autoestima e o autoconceito?
8. Ajudam o aluno a aprender a aprender?
5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

CONTEÚDOS CARACTERÍSTICAS

FACTUAIS Memorização

CONCEITUAIS ou Compreender os conceitos e


PRINCÍPIOS princípios em pauta

PROCEDIMENTAIS Ações/prática

Referentes a valores, normas


ATITUDINAIS
e atitudes, reflexão
5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

 A avaliação deve ser encarada como um instrumento a mais no trabalho do professor


com o aluno. Deve subsidiar sua prática docente, sobre a necessidade de refazer
procedimentos, revendo-os ou ajustando-os para o processo de ensino e aprendizagem
individual ou de grupo.
 E ela também deverá servir ao aluno. Servirá para que ele perceba suas dificuldades em
relação ao conteúdo trabalhado, mas também para que reconheça tudo que foi assimilado,
compreendido e construído. O aluno faz um investimento na escola e deve conhecer suas
perdas e ganhos.
 Na avaliação inicial, o professor poderá fazer essa investigação, obtendo informações
que servirão de base para a estruturação de sua programação.
 É importante também um acompanhamento avaliativo, para
que se modifiquem instrumentos ou procedimentos que
estão sendo utilizados, para que se reforcem ou esclareçam
conteúdos que estão sendo vistos.
5. Aprendizagem: Ciclos, planejamento, objetivos, conteúdos e avaliação

 Uma avaliação final possibilitará ao professor identificar objetivos alcançados e


organizar-se a respeito de novas propostas e metas. Ao aluno servirá como reflexão e
estímulo para novas aprendizagens.

Saber

Inteligência

Conhecimento

Informação

Fatos
Ideias
Sensibilidade

Fonte: adaptado de: Barreto (2006, p. 5).


6. A pedagogia dos projetos

6.1 Projetos – do significado às vantagens

Trabalhar assim é trabalhar com projetos? Se um projeto é a realização de um ato de projetar,


de sonhar etc., como coordenadores pedagógicos ou professores podem “sonhar” ou “tomar
para si” as necessidades dos alunos (executores do projeto)?
Quais são as nossas intenções com este tipo de trabalho?
Quais os motivos?
O que se espera que alunos e professores façam?
Quais objetivos querem alcançar?
6. A pedagogia dos projetos

6.2 Trabalho procedimental


 Um projeto é do aluno e do professor e ambos opinam e delineiam a sua trajetória.

6.3 O conhecimento como rede de significados


 O conhecimento como rede de significados tem sido a concepção mais adotada
recentemente pelos educadores pela sua possibilidade de rompimento com a linearidade do
conhecimento transformando-o em ramificação, como numa rede.
Interatividade

Associe as tipologias de conteúdos da coluna A de acordo com as características de


aprendizagens da coluna B:
Coluna A Coluna B
1. Conteúdos factuais ( ) referentes aos valores, normas e crenças
2. Conteúdos conceituais ( ) informações que precisam de memorização
3. Conteúdos procedimentais ( ) ações para um determinado objetivo
4. Conteúdos atitudinais ( ) a construção de um conceito

A sequência correta é:
a) 1, 2, 3, 4.
b) 4, 3, 2, 1.
c) 4, 1, 3, 2.
d) 3, 4, 2, 1.
e) 1, 2, 4, 3.
Resposta

Associe as tipologias de conteúdos da coluna A de acordo com as características de


aprendizagens da coluna B:
Coluna A Coluna B
1. Conteúdos factuais (4) referentes aos valores, normas e crenças
2. Conteúdos conceituais (1) informações que precisam de memorização
3. Conteúdos procedimentais (3) ações para um determinado objetivo
4. Conteúdos atitudinais (2) a construção de um conceito

A sequência correta é:
a) 1, 2, 3, 4.
b) 4, 3, 2, 1.
c) 4, 1, 3, 2.
d) 3, 4, 2, 1.
e) 1, 2, 4, 3.
6. A pedagogia dos projetos

6.4 Projeto e autonomia


 Essa autonomia poderá desenvolver no aluno a capacidade de, no futuro,
continuar aprendendo.
6.5 Projetos e o espectro de competências
 O trabalho com projetos dá a possibilidade para o aluno lidar com as dificuldades no que se
refere ao seu espectro de inteligências, bem como expandir a(s) sua(s) melhor(es) área(s)
desse mesmo espectro no desenvolvimento de ações e procedimentos.
6.6 Etapas, papéis e atores de um projeto
1. Nome
2. Definição do objetivo [para quê?]
3. Fundamentos [qual sua relevância]
4. Metas [quando]
5. Recursos [quais]
6. Cronograma [quando]
7. Avaliação
6. A pedagogia dos projetos

6.7 A profissão docente e a pedagogia da diversidade


 Em primeiro lugar discutiremos a qualidade e a competência na profissão docente, em
seguida as dimensões dessa competência como condições que permeiam o processo
ensino-aprendizagem.

Mas e a qualidade na educação?


Silva, citada por Rios (2002, p. 79), define que “competências são capacidades de
natureza cognitiva, socioafetiva e psicomotora que se expressam, de forma articulada, em
ações profissionais, influindo, de forma significativa, na obtenção de resultados distintivos
de qualidade”.
6. A pedagogia dos projetos

 É possível se falar em competência específica do professor? Sim, se levarmos em


consideração saberes a ensinar e domínio de saberes para ensinar. É tarefa da escola
desenvolver capacidades, habilidades e isso se realiza pela socialização dos
conhecimentos, dos múltiplos saberes.

Rios (2002) sintetiza suas discussões a respeito de qualidade e competência de docentes,


destacando que:
 competência e qualidade se relacionam, pois uma ação competente deve possuir
boas qualidades;
 uma prática docente competente se constrói, é um processo;
 o que se qualifica como bom tem caráter cultural e histórico,
sendo necessária uma atitude crítica.
6. A pedagogia dos projetos

 A dimensão técnica: capacidade de lidar com os conteúdos – conceitos, comportamentos e


atitudes – e a habilidade de construí-los e reconstruí-los com os alunos.
 A dimensão técnica como a ação com poiésis, ou seja, com a presença de uma dimensão
também poética que garante a imaginação criadora desta ação, que traz como componentes
desta habilidade técnica especial a sensibilidade mais a razão.
 A dimensão estética: presença da percepção sensível da realidade.
 O termo sensível é utilizado pela autora como uma apreensão consciente ligada à
intelectualidade, ou seja, palpável também cientificamente falando.
 Assim, “a dimensão estética da competência docente está
intimamente ligada à criatividade e à ação de afetar o
maior número possível de alunos pela ação técnica (no
sentido tratado acima) e criativa do professor” (Machado;
Nagy, 2011).
6. A pedagogia dos projetos

 As dimensões ética e política – são as dimensões ética e política da competência


docente, podemos entender a necessidade do profissional de resguardar moralmente ou
eticamente os indivíduos/atores do cenário ensino-aprendizagem, tanto os alunos quanto a si
próprio. Para tal, sua competência política deverá envolvê-lo na participação das criações,
discussões e entendimentos das regras que garantam a ética na sua profissão, bem como o
exercício de direitos e deveres. Quadro 1
Na técnica... ...o homem garante a sua sobrevivência material.
Na estética... ...o homem garante a sua sobrevivência sensível.
...o homem garante a orientação em direção de um bem coletivo pela também
Na ética...
garantia do seu “resguardo” interior na discussão/reflexão da moral.
...o homem garante/confere sentido à sua existência na relação com o outro pela
Na política...
participação na construção coletiva da sociedade.
Quadro 2
Homem Homem
-técnica (poiésis + práxis) cada um dos homens possui (no
-estética (sensibilidade “afetada”) espaço intra-homem) as dimensões
-ética (reflexão sobre a moral) técnica, estética e ética.
No espaço entre os homens existe a política (participação na construção
coletiva da sociedade)
Fonte: Adaptado de: Machado; Nagy (2011, p. 69-70).
6. A pedagogia dos projetos

A preocupação com um reconhecimento da necessidade do convívio com as diferenças tem


sido formalizada através de várias situações que envolvem ou envolveram discussões em torno
de educação como direito do ser humano. Podemos citar:
 Declaração dos Direitos Humanos (1948);
 Conferência Mundial sobre Educação para Todos (em Joantien, Tailândia);
 Declaração Mundial de Educação para Todos;
 Declaração de Salamanca (na Espanha);
 Plano Decenal (Brasil: 1993/2003).
6. A pedagogia dos projetos

Todas as discussões travam-se em torno das diferenças de:

classe capacidade
gênero idade raça/etnia
social intelectual

interesses entre
os alunos

chave do aprimoramento do ensino


e do sucesso na aprendizagem
6. A pedagogia dos projetos

“[...] como sermos todos ricos, brancos, homens, jovens, interessados e capacitados
intelectualmente para as situações de aprendizagens escolares?
 Impossível. Somos diferentes, diversos, dessemelhantes etc. E é justamente isso que nos
propicia atuar, criar, inovar, deixar nossas e exclusivamente nossas marcas nas ações
praticadas, nas relações travadas e, o que nos interessa diretamente como educadores, nas
aprendizagens efetivamente realizadas” (Machado; Nagy, 2011, p. 71).

 Falemos então sobre igualdade. Ser igual é ser humano.


 DIREITOS
 DIGNIDADE

 O espaço educacional como ensino-aprendizagem efetivo e,


principalmente, como exemplo de “convivência”, de
“cooperação”, de “coletividade”.
6. A pedagogia dos projetos

 A pedagogia das diferenças compactua com ações que abortem o preconceito no sentido
mesmo de “pré-conceito”,

“[...] nas escolas, por exemplo, é constatado quando se trata de alunos que apresentam
alguma dificuldade de aprendizagem por serem ou estarem deficientes ou por alguma razão
relativa ao campo psicossocial, emocional ou por dezenas de outras causas que interferem no
ato de aprender” (Santos, 2005, p. 33).
Interatividade

A respeito da pedagogia de projetos:


I. Visa à ressignificação do espaço escolar, transformando em um espaço vivo de interações
aberto ao real e às suas múltiplas dimensões.
II. Tem como foco organizar a construção dos conhecimentos de forma coletiva, entre alunos
e professores.
III. Traz uma nova perspectiva para entendermos o processo de ensino/aprendizagem.
IV. O aluno aprende ao pesquisar, ao produzir, ao indagar, permitindo reconstruir e criar novos
elementos do conhecimento.

São corretas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
Resposta

A respeito da pedagogia de projetos:


I. Visa à ressignificação do espaço escolar, transformando em um espaço vivo de interações
aberto ao real e às suas múltiplas dimensões.
II. Tem como foco organizar a construção dos conhecimentos de forma coletiva, entre alunos
e professores.
III. Traz uma nova perspectiva para entendermos o processo de ensino/aprendizagem.
IV. O aluno aprende ao pesquisar, ao produzir, ao indagar, permitindo reconstruir e criar novos
elementos do conhecimento.

São corretas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
6. A pedagogia dos projetos

 MULTICULTURALIDADE – refere-se a uma presença e convivência de diferentes culturas


em um mesmo espaço, o que não é, no entanto, algo natural e espontâneo.
 Já a INTERCULTURALIDADE é um conceito que amplia essa convivência de diversas
culturas num mesmo espaço, mas com a construção de relações com as quais se aprende e
se ensina. Como uma miscigenação que cria e recria novas formas de “com-vivência” entre
as pessoas.
Pensar em alguns princípios básicos e objetivos de uma
educação que tenha respeito às diferentes culturas ou que “tire
proveito” interculturalmente dessas diferenças:
 proporcionar condições para a igualdade de oportunidades
educativas (no acesso e no sucesso);
 valorizar a diversidade e respeitar a diferença;
 eliminar os preconceitos, estereótipos ou qualquer outra forma
de discriminação;
 encontrar o máximo de valores comuns;
 cultivar atitudes interculturais;
6. A pedagogia dos projetos

 favorecer o desenvolvimento de uma identidade cultural aberta e flexível;


 potencializar a convivência e a cooperação entre alunos e pessoas culturalmente diferentes,
dentro e fora da escola.

6.8 A atuação transformadora do professor

Fonte: https://m.media- Fonte: https://m.media-


amazon.com/images/I/61dLUsUVOdL._SL1200_.jpg amazon.com/images/I/71LrMjEi23L._SL1500_.jpg
6. A pedagogia dos projetos

Mas o que é fracasso escolar?


 Historicamente analisado de diferentes maneiras, o fracasso escolar já foi visto como um
patrimônio genético, ou seja, quase como um dom herdado com o nascimento.
 No final da década de 1970, estudos de sociologia em educação trazem novas explicações
para o fracasso escolar. Esses estudos apontam as desigualdades (biológicas, psicológicas,
socioeconômicas e culturais) transformadas em desigualdades escolares.

Para tal entendimento, há que se denunciar a escola como reprodutora de desigualdades


sociais. Como?
1. Há diferenças educacionais nas diferentes escolas.
2. Há diferenças na própria sala de aula.
3. Há atitudes para os menos favorecidos que acentuam
as diferenças.
6. A pedagogia dos projetos

Na pedagogia das diferenças na sala de aula:


 o aluno é o centro do processo;
 o professor é um orientador ou uma fonte de recursos e de apoio;
 há uma regulação baseada em princípios de correntes construtivistas e interacionistas;
 o ensino é voltado para as competências e o trabalho com projetos, pesquisas e
situações-problema.

 Segundo Perrenoud, citado por André (2002, p. 19),


diferenciar o ensino “é organizar as interações e atividades de
modo que cada aluno se defronte constantemente com
situações didáticas que lhe sejam as mais fecundas”. Portanto,
faz-se necessário entender que ensino diferenciado não é
ensino individualizado, ou seja, um “método” para cada um
dos alunos, mas sim ações com acompanhamento e
recursos individualizados.
6. A pedagogia dos projetos

 A pedagogia das diferenças na sala de aula:

Além da avaliação formativa e da observação dos alunos, que são o


“suporte” do professor consciente das diferenças em sala de aula, é
necessário que sua formação profissional esteja em ação e reflexão
constantes, junto de toda a equipe escolar e no trabalho coletivo (Machado;
Nagy, 2011, p. 79).
 Ensino Fundamental: André (2002) trabalharam com o objetivo
de rever e analisar práticas avaliativas na sala de aula. Darsie
sugeriu o diário reflexivo como instrumento de avaliação e de
investigação didática e outros teóricos contribuíram com a
pesquisa por meio de ideias de avaliação: como processo de
sustentação de aprendizagem do aluno; como função
diagnóstica para a qual se deva ter um “olhar positivo”; como
formativa no sentido de atendimento às diferenças e repúdio
ao fracasso escolar, a prática da avaliação formativa.
6. A pedagogia dos projetos

O estudo de André e Darsie foi dividido em dois módulos:


 1º – estudo com as professoras sobre o tema avaliação, a partir de textos e resultados de
pesquisas, sendo introduzido um diário como instrumento de reflexão.

O grupo de professoras destacou:


 A aprendizagem é um processo e cabe ao professor organizar atividades de ensino capazes
de desencadear, reforçar e acompanhar esse processo, colaborando com ele. Escolhas são
feitas, sendo necessária uma tomada de consciência da eficácia de seu ensino e sua
reorganização tendo em vista o sucesso da aprendizagem.
 A tomada de consciência se faz acompanhando o processo de
aprendizagem - avanços e dificuldades dos alunos são
critérios para investigar os resultados do ensino.
 A avaliação propicia uma coleta de informações sobre a
organização e efetividade do ensino.
6. A pedagogia dos projetos

 Abordagem do tema avaliação e investigação didática exigem: conhecimento dos processos


de aprendizagem dos alunos com o objetivo de reorganizar atividades de ensino ajustando-
as à aprendizagem; acompanhamento do processo de aprendizagem dos alunos (avaliação)
e monitoração de seu ensino (investigação didática).
 Avaliação permite dupla retroalimentação indicando: ao aluno sucessos e dificuldades
durante a sua aprendizagem e permitindo-lhe a construção/reconstrução do conhecimento e,
ao professor, como se desenvolve o processo de aprendizagem e, portanto, de ensino,
explicitando os aspectos bem-sucedidos e os que precisam ser modificados.
 Avaliação – dinâmica – impulsionadora da aprendizagem do aluno e promotora da melhoria
do ensino.
6. A pedagogia dos projetos

Do segundo módulo do seu estudo, pelo acompanhamento dos projetos elaborados


pelas professoras, e tendo o diário reflexivo dos alunos como instrumento de avaliação e
de investigação didática, as autoras e as professoras destacaram:

 Utilização de diários pelas crianças após cada aula, para o registro de sua aprendizagem.

O acompanhamento desses diários desencadeia reflexões e mudanças nas práticas das


professoras, ou seja, serve de referência para a investigação de seu ensino. Somente com
boas atividades o aluno aprende?

 Foram percebidas dificuldades dos alunos em relação à


ortografia e a utilização dos diários acabou por ajudá-los no
sentido de sanarem estas dificuldades.

 Os diários podem revelar atitudes e posturas do professor


durante a aula: humor, mais ou menos paciência etc.
6. A pedagogia dos projetos

E o erro? Como encará-lo numa abordagem pedagógica diferenciada?


O erro pode ser utilizado de maneira construtiva no processo ensino-aprendizagem. Encará-lo
dessa forma aponta um novo olhar sobre o mesmo, passando ele a ser visto como:
 indicador que permite buscar um caminho personalizado para atender às necessidades do
educando – tratamento das diferenças;
 questionamentos sobre o ensino;
 identificação de obstáculos para o aprendizado;
 estratégia didática para uma avaliação formativa.
6. A pedagogia dos projetos

 A produção do estatuto do erro reforça mitos e preconceitos em relação ao sucesso/fracasso


escolar do aluno, favorecendo alguns e desfavorecendo outros.

A prática de correções coletivas:


 feita por alunos que dominam os conteúdos. Esses alunos são tratados como
“apresentadores” de formas corretas;
 a professora acompanha, julga e faz alguma retificação, se necessário;
 exposição de um modelo correto;
 participação pequena ou nula dos outros alunos;
 o professor não visualiza se todos constatam ou não
seus erros;
 não há discussão de possíveis erros, apenas substituição,
sem reflexão, por formas corretas;
 “institucionalização primitiva”: procedimento canônico.
6. A pedagogia dos projetos

Assim, é possível apresentar (não como “receitas”, mas como ponto de partida), para um
trabalho diferenciado com erros, algumas práticas:
 Funções distintas da avaliação: de controladora (rigor na comprovação) para formativa
(caráter orientador).
 No trabalho com uma classe numerosa: perceber as diferenças existentes no grupo, dando
atendimento especial ao aluno que erra. Estratégias de eleição de monitores por fila, ou da
adoção de painel informativo, podem contribuir com o professor que trabalha com uma
classe numerosa.
 Conhecer o pensamento do aluno a respeito de seus erros auxilia o professor a identificar
diferentes tipos de erros e a contribuir com a elevação da autoestima dos seus alunos.
 O conhecimento “informal” dado na oralidade também
contribui muito para o professor com percepção aguçada a
respeito das falas dos seus alunos.
Interatividade

Leia o excerto abaixo:


É uma característica que deveria permear qualquer metodologia de ensino. A __________
consiste em reconhecer que toda turma tem alunos diferentes e que é preciso orientar a ação
pedagógica levando isso em conta.

A pedagogia que melhor define a concepção é:


a) Pedagogia das diferenças.
b) Pedagogia de projetos.
c) Pedagogia da diversidade.
d) Pedagogia inclusiva.
e) Pedagogia igualitária.
Resposta

Leia o excerto abaixo:


É uma característica que deveria permear qualquer metodologia de ensino. A __________
consiste em reconhecer que toda turma tem alunos diferentes e que é preciso orientar a ação
pedagógica levando isso em conta.

A pedagogia que melhor define a concepção é:


a) Pedagogia das diferenças.
b) Pedagogia de projetos.
c) Pedagogia da diversidade.
d) Pedagogia inclusiva.
e) Pedagogia igualitária.
6. A pedagogia dos projetos

Uma nova atitude diante do erro?


 A avaliação é antidemocrática, ou seja, por intermédio de aferição de notas e conceitos
arbitrários. E o que se faz como isso? Pune-se o erro e “trata-se” sua ocorrência com reforço
através de tarefas repetitivas, abstratas etc.
 O erro, a avaliação e o fracasso escolar estão intimamente ligados e fornecem ao professor
que não tenha medo de encarar elementos fundamentais no tratamento das diferenças em
sala de aula.
 Neusa Banhara Ambrosetti também escreve um bonito texto
no livro Pedagogia das diferenças em sala de aula (André,
2002), intitulado O “EU” e o “NÓS”: trabalhando com a
diversidade em sala de aula. Sua principal abordagem é a de
que o trabalho com a diversidade em sala de aula é um
problema concreto para escolas e professores.
6. A pedagogia dos projetos

Mas que problemas são esses? Destaquemos alguns:


 Salas numerosas: estabelecimento de um aluno “padrão”, ignorando necessidades e
interesses individuais. Essa generalização pode levar a um agrupamento, que pode se
transformar em preconceito, podendo ser assumido pela própria escola.
 O trabalho com a heterogeneidade é apontado como uma tarefa difícil pela autora. As
próprias “didáticas” se referem a um aluno “médio”.
 Os professores enfrentam dificuldades como: diversidade de tarefas; solicitações e decisões
num tempo real, mas num contexto com diferentes universos e fortes componentes afetivos;
condições de trabalho inadequadas; falta de espaço para a reflexão do fazer docente.
 A organização curricular em ciclos é apontada como um
agravante se a escola não está preparada para lidar com a
diversidade, que se torna mais intensa com a eliminação da
reprovação ao final de cada série.
6. A pedagogia dos projetos

 O desenvolvimento do trabalho em ciclos está relacionado ao contexto sociopolítico e às


formas organizacionais que delimitam as decisões e as condições de trabalho, porém há de
se considerar as práticas cotidianas dos docentes (muitas vezes antagônicas);
 a percepção do aluno como uma pessoa e percepção dos alunos de si mesmos
como sujeitos;
 quando o compromisso com a aprendizagem torna-se coletivo, por intermédio desse projeto
comum, as finalidades, os significados e o papel de cada um se tornam mais claros.
É importantíssimo que destaquemos a aprendizagem como
processo de reflexão para, somente assim, conseguirmos partir
para uma possibilidade pedagógica de diversidade. Como o
professor pode fazer da aprendizagem um processo de
reflexão? Observações verificadas nesse sentido na pesquisa:
 professora estimulando a reflexão sobre esse processo,
tanto individualmente quanto coletivamente, por exemplo, o
que já se sabe e o que ainda não se sabe;
6. A pedagogia dos projetos

 procedimentos verificados quando da proposta de realização de tarefa: análise feita


coletivamente, estímulo à reflexão de cada criança sobre o seu próprio caminho, diálogo e
colaboração entre as crianças;
 a avaliação é contínua e, quando realizada formalmente, estimula a autoavaliação que dá
pistas à professora. Após a correção, a devolutiva é individual, questionando os erros e
destacando os acertos;
 a avaliação é fonte de reflexão e de ampliação sobre o conhecimento. Conceitos de
desenvolvimento real e zona de desenvolvimento proximal;
 as atividades realizadas pela professora, ao provocar a
reflexão dos alunos sobre os próprios processos de
aprendizagem, favorecem uma conscientização vital no
processo de aprendizagem e desenvolvimento;
 a reflexão sobre o próprio processo de conhecimento
(metacognição) dá aos alunos a possibilidade de controlá-lo e
dirigi-lo, desenvolvendo-se assim uma autonomia que se
estende além dos bancos escolares.
6. A pedagogia dos projetos

 O último capítulo do livro Pedagogia das diferenças na sala de aula (André, 2002), escrito por
Maria Regina Guarnieri, trata exatamente do que expõe seu título “O professor iniciante e o
trabalho com as diferenças dos alunos”. Para tal, a autora nos apresenta dados da sua
pesquisa desenvolvida no doutorado sobre o professor em início de carreira, focalizando
aspectos do processo de construção da profissão com base em seu exercício.
 Focalizou-se inicialmente o que o “choque da realidade” provocava no agir e pensar da
professora que estava fortemente influenciada pelo ambiente escolar, nem sempre
enxergando o próprio trabalho.
 O movimento de distanciamento de algumas situações desse
contexto e a sua aproximação com as questões da sala de
aula foram ocorrendo à medida que a professora foi
detectando diferenças de concepções, atitudes, valores, tanto
no âmbito das situações oriundas do ambiente de trabalho
quanto das situações da sala de aula.
6. A pedagogia dos projetos

 Quando fez um balanço de seu primeiro ano de carreira, seu trabalho foi considerado
positivo pelos colegas, porém sentia que o mesmo estava “amarrado” aos das outras
colegas, deixando-a insegura e confusa, pois não concordava plenamente com elas.
 A influência negativa das colegas (no que se refere às suas próprias concepções) foi um dos
problemas mais preocupantes para a professora e seu descontentamento se revelava na
expectativa de realizar um trabalho diferenciado. Um desejo que refletia a necessidade de
diferenciar-se de seus pares.
6. A pedagogia dos projetos

Sobre a professora iniciante da pesquisa, foram considerados alguns desses aspectos:

 Ao focalizar a atenção no que ocorria no interior da sala de aula, identificou as dificuldades


que possuía, provocando angústia e desejo de mudança.
 Os primeiros problemas identificados foram: organização e execução de atividades distintas
para grupos diferenciados de alunos.
 Mostrou uma característica inesperada: trabalhar separadamente com os que possuíam
maior dificuldade. Geralmente, o professor iniciante não consegue identificar as dificuldades
dos alunos e prestar ajuda individual para consecução das atividades.
 Um avanço em seu desenvolvimento profissional foi
identificado quando estabeleceu uma relação entre a prática
pedagógica desenvolvida e a aprendizagem dos alunos, isso
foi verificado ao avaliar seu trabalho com base nas atividades
realizadas com êxito pelas crianças.
6. A pedagogia dos projetos

 O seu olhar também estava atento às dificuldades apresentadas pelas crianças. Diante da
identificação das dificuldades mais pontuais, procurou saná-las adotando alguns
procedimentos que demonstraram seu comprometimento com a aprendizagem dos alunos.
 No mesmo estudo, a professora constatou que a concepção de si mesma a revelava uma
pessoa insegura, ansiosa, sem iniciativa, rígida, que não admitia errar. Essas características
pessoais pareciam impedi-la de arriscar-se no sentido de promover alterações em seu
trabalho, contribuindo para a manutenção de atividades pouco atraentes para os alunos. No
entanto, as características favoráveis à profissão, isto é, calma, paciência e bom humor,
permitiam a ela ter um bom relacionamento em sala de aula e um clima adequado para a
execução das tarefas.
6. A pedagogia dos projetos

“Há pistas no processo de aprender e ensinar. Este é um processo que vai se


consolidando no exercício profissional, ou seja, a prática docente fornece pistas
fundamentais para a construção da função docente. Tal construção ocorre à medida
que o professor vai efetivando a articulação entre o conhecimento teórico-
acadêmico e os dados do contexto escolar e da prática docente por meio de
reflexão. Somente nesse movimento reflexivo é que os conhecimentos acerca da
profissão docente podem ir sendo construídos e, ao mesmo tempo, permitindo o
tornar-se professor” (Machado; Nagy, 2011, p. 91).
6. A pedagogia dos projetos

 Terezinha Azeredo Rios, no seu livro Compreender e ensinar: por uma docência da melhor
qualidade, trata do conceito de felicidadania.

Assim, para Rios (2002), construir a felicidadania na ação docente é:


1. reconhecer o outro;
2. tomar como referência o bem coletivo;
3. envolver-se na elaboração e desenvolvimento de um projeto coletivo de trabalho;
4. instalar na escola e na aula uma instância de comunicação criativa;
5. criar espaço, no cotidiano da relação pedagógica, para a afetividade e a alegria;
6. lutar pela criação e pelo aperfeiçoamento constante de
condições viabilizadoras do trabalho de boa qualidade.
Interatividade

Avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.


I. A escola nunca é neutra, mas sempre ideológica e politicamente comprometida. Em cada
momento histórico, está vinculada a ideias, a conceitos e a valores. Portanto, é uma
expressão e uma resposta à sociedade na qual está inserida
PORQUE
II. em uma pedagogia crítica, a didática deve manter um equilíbrio entre teoria e prática, de
modo que o aluno construa para si o conhecimento, estabelecendo uma série de micro e
de macrorrelações, entre as diversas partes do conteúdo e com o contexto social
mais amplo.
Em relação às asserções, é correto afirmar que:
a) As duas são falsas.
b) A primeira é falsa e a segunda é verdadeira.
c) A primeira é verdadeira e a segunda é falsa.
d) As duas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
e) As duas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a
primeira.
Fonte: IFNMG/2012 - Adaptada
Resposta

Avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.


I. A escola nunca é neutra, mas sempre ideológica e politicamente comprometida. Em cada
momento histórico, está vinculada a ideias, a conceitos e a valores. Portanto, é uma
expressão e uma resposta à sociedade na qual está inserida
PORQUE
II. em uma pedagogia crítica, a didática deve manter um equilíbrio entre teoria e prática, de
modo que o aluno construa para si o conhecimento, estabelecendo uma série de micro e
de macrorrelações, entre as diversas partes do conteúdo e com o contexto social
mais amplo.
Em relação às asserções, é correto afirmar que:
a) As duas são falsas.
b) A primeira é falsa e a segunda é verdadeira.
c) A primeira é verdadeira e a segunda é falsa.
d) As duas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
e) As duas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a
primeira.
Fonte: IFNMG/2012 - Adaptada
Referências

 ANDRÉ, M. (org.). Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas: Papirus, 2002.
 COLL, C. (org.). O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.
 HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2001.
 LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
 MACHADO, S. M.; NAGY, A. C. B. Didática fundamental. São Paulo: Editora Sol, 2011.
 NOGUEIRA, N. R. Pedagogia dos projetos: etapas, papéis e atores. São Paulo: Érica, 2005.
 PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
 PERRENOUD, P. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso
escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.
 RIOS, T. A. Compreender e ensinar: por uma docência da
melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2002.
 SANTOS, M. S. Pedagogia da diversidade. São Paulo:
Mennon, 2005.
Referências

 VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de didática. Campinas: Papirus, 2006.


 VEIGA, I. P. A. (org.). Repensando a didática. Campinas: Papirus, 2003.
 ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul
Ltda., 1998.
ATÉ A PRÓXIMA!

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