Lucas - Restaurando Os Valores Perdidos

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RESTAURANDO OS VALORES PERDIDOS

INTRODUÇÃO: A paz de Cristo para todos os irmãos e irmãs! Peço, por


gentileza, que os irmãos abram as suas Bíblias no evangelho de Lucas, capítulo 15.
Nós iremos efetuar a leitura do versículo 8 e o versículo 9. Este texto será a base do
nosso sermão. Na versão Almeida Revista e Corrigida está assim escrito:

Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e
varre a casa, e busca com diligência até a achar? E, achando-a, convoca as amigas e
vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida.

O evangelho de Lucas é um evangelho diferente. Ele dá um destaque especial


àquelas pessoas que a sociedade desprezava. Lucas mostra que Jesus veio para
buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19:10). Isso incluía publicanos,
pecadores, pobres, ricos, judeus, samaritanos, gentios, homens, mulheres, etc.
Um dos capítulos-chave deste evangelho é o 15. Nele, Jesus conta três
parábolas que expressam as mesmas verdades, através de figuras diferentes.
Todas elas falam do amor de Deus pelos perdidos. Em todos os casos, sem
exceção, os que estavam perdidos eram considerados preciosos. Procurá-los não
era perda de tempo. Valia-se a pena. Hoje, nós iremos destacar uma destas
parábolas: a da dracma perdida. Talvez, esta, seja a mais simples das três. É um
simples acontecimento doméstico, e quando somos postos diante dele, somos
discretamente convidados à reflexão sobre alguns aspectos da vida em família. 1
A mulher da parábola tinha dez valiosas moedas e perdeu uma delas. Mas,
não é só moedas que podem ser perdidas dentro de casa. Existem outras perdas
muito mais perigosas. Elas podem afetar diretamente as bases da família. Por
exemplo, a perda do diálogo, do respeito, do interesse e atenção pelo outro, do
carinho e do toque, a falta de cuidado, o companheirismo, o temor a Deus, etc. O
que fazer quando a família perde valores assim? A parábola da dracma perdida, nos
faz pensar em pelo menos três virtudes que devem ser buscadas por nós, para
recuperarmos valores perdidos dentro do lar. A primeira delas é a seguinte:

1. NA BUSCA DOS VALORES PERDIDOS, PRECISAMOS DE PERCEPÇÃO.

Vamos ler novamente o início da parábola: Ou qual a mulher que, tendo dez
dracmas, se perder uma dracma... (Lc 15:8a). Observe o nome da moeda perdida?
“Dracma”. A dracma era uma moeda grega, e assim como o denário romano, era o
salário pago por um dia de serviço a um trabalhador. Diferente da situação atual, as
moedas eram escassas na Palestina, onde grande parte do comércio era feito,
ainda, à base de troca.2 No caso em questão, da parábola contada por Jesus, estas
dez moedas podem representar a poupança de uma mulher pobre. Uma economia
juntada com muito esforço. Talvez, já de muitos anos, “destinadas a sustentá-la
numa época de necessidade”.3
Alguns também sugerem que, estas moedas poderiam ser parte de um
ornamento ou, então, estavam sendo juntadas para esse fim. Todavia, se o que a
mulher perdeu foi uma moeda que estava sendo poupada, ou parte de um enfeite,
não é o mais importante para nós. O fato é: perder essa moeda significou muito para
ela, pois, do contrário, ela não despenderia tantos esforços para tentar encontrá-la.
1
Cardoso (2000:31).
2
Pfeiffer; Harrison (1984:155).
3
Comentário do Novo Testamento (2009:421).
2

Essa moeda, fosse o que fosse, era valiosa para essa mulher! Aliás, é assim mesmo
que diz a tradução da Bíblia Viva do versículo 8: Uma mulher tem dez valiosas
moedas de prata e perde uma delas.
Pois bem, com isso em mente, isto é, com a consciência de que o que se
perdeu era valioso, caminhemos. Leiamos novamente o texto. Atente para a
expressão “se perder”: ... qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma
(grifo nosso). A expressão “se perder”, sugere que a mulher sabia que havia perdido
algo. Ela não estava varrendo sua casa e, por coincidência, encontrou uma moeda
perdida. Ela tinha consciência de que havia perdido algo valioso e saiu à sua
procura; acendeu a candeia e começou a varrer a casa. Esse é o primeiro princípio a
ser considerado por quem quer restaurar valores perdidos dentro do lar: é preciso
percepção na busca.
O primeiro passo rumo à resolução do problema é a identificação do
problema. É o reconhecimento do problema. Neste quesito temos de concordar que
as mulheres são campeãs! Elas são muito mais perceptivas do que os homens, sem
dúvida. Elas são as que percebem primeiro quando está faltando algo dentro de
casa, algo que está atrapalhando o desenvolvimento da família. “A maioria das
mulheres se antecipa aos maridos no acompanhamento da vida e da necessidade
dos filhos. Igualmente, não hesitam em procurar ajuda de pastores e conselheiros.
Parecem estar sempre interessadas em ampliar o bem estar da família”. 4
Apesar de serem mais perceptivas, é bom que se diga que, quando o assunto
é recuperar valores perdidos dentro da família, a responsabilidades é de todos e não
somente das mulheres. Quanto tempo sua família passa conversando? Qual foi a
última vez que vocês sentaram para fazer uma avaliação, um balanço da vida em
família? Isso é muito importante. Perceba que, na parábola, a moeda é perdida, ela
não se perde sozinha. Alguém se descuidou. Alguém perdeu. Os valores dentro do
lar também são assim. Eles são perdidos. Eles são, pouco a pouco, deixados de
lado. Às vezes, nem nos damos conta que os perdemos. Por isso, é importante a
percepção para descobrir o que se perdeu. Se as coisas não andam bem em sua
casa, ore ao Senhor pedindo sabedoria para que ele lhe mostre onde melhorar.
Enfim, a primeira virtude a ser buscada é a percepção. Mas, não é só ela. Há
uma segunda virtude a ser buscada, para recuperarmos valores perdidos, que é:

2. PRECISAMOS DE DISPOSIÇÃO NA BUSCA DOS VALORES PERDIDOS.

Uma pessoa disposta é uma pessoa pronta para o que der e vier. É uma
pessoa que não tem medo de “arregaçar as mangas” para o trabalho. É uma pessoa
para qual não existe “tempo ruim”. Quando quer resolver alguma coisa se doa por
completo. No caso de restaurar valores perdidos dentro da família, esta virtude é
indispensável. Sem ela, dificilmente, os problemas irão ser solucionados e os
valores perdidos recuperados. Uma coisa é perceber, a outra é agir. Uma coisa é
identificar o problema, a outra, é tratar do problema. Contudo, apesar de diferentes,
uma ação depende da outra. Como procurar algo que a pessoa não sabe que
perdeu? Primeiro identifica-se e depois procura mudança.
Aqui está o grande desafio. Tem muita gente que é até boa na hora de
identificar, mas é péssima na hora de agir para estancar o problema. O que a mulher
da parábola contada por Jesus fez, ao perceber que faltava uma das moedas?
Vamos ao texto: ...se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e
busca com diligência até a achar? (Lc 15:8). Ele procurou diligentemente! A mulher
4
Cardoso (2000:31).
3

da parábola era assim: disposta, pronta para recuperar o que foi perdido. Não
perdeu tempo. Neste caso, em especial, era preciso mesmo muita disposição. Você
sabe como eram as casas de pessoas pobres na Palestina?
“A casa de uma pessoa pobre, como essa mulher, geralmente era bem
pequena. Tinha o piso de terra e não tinha janelas, ou se as tinha eram bem
pequenas”.5 Tente visualizar uma casa pequena e sem janelas. A única luz era a
que entrava pela porta. A iluminação dentro dessa casa era precária. Era uma casa
bem escura, mesmo durante o dia. Daí a importância de acender uma candeia (Lc
15:8b). Esta candeia, mui provavelmente, era uma pequena lamparina de levar a
mão, mantida a óleo, que emitia pouca luz, mas que era de grande ajuda num
momento como esse.6 Além da candeia, o texto também diz que ela varre a casa (Lc
15:8c). A vassoura era importante porque pó do chão de terra batida poderia
facilmente ocultar a moeda, isso para não dizer das pedras e das fendas a que o
chão estava sujeito.
Mesmo com toda essa dificuldade, ela põe a “mão na massa” e começa sua
procura, afinal, algo de valor havia sido perdido. Ela varre cada canto da casa. Cada
gretinha. Nenhum lugar foge aos seus olhos. Tira móvel do lugar, coloca móvel no
lugar, etc. Lamparina numa mão e vassoura na outra. Ela é incansável. E procura...
Procura... Procura... Pois bem, nós estudamos a pouco que é preciso percepção. Só
busca valores perdidos quem entende que perdeu valores. Se você se examinou e
sentiu-se em falta é hora de agir. Você acha importante em um lar em que não há
mais respeito, buscar novamente essa virtude?
Você acha importante em um lar em que não há mais compreensão mútua,
que aja empenho para recuperá-la? E o que falar do diálogo? Da delicadeza no
trato? Esses valores precisam ser recuperados nos lares em que foram perdidos,
pois são valiosíssimos para a boa convivência familiar! Para consegui-los
novamente é preciso disposição. Eles não voltam da noite para o dia. Eles foram
perdidos lentamente e são, igualmente, recuperados de forma gradual. Mas, é
preciso empenho! Por isso, empenhe-se! Será que já não chegou o momento de
começar a procurar estas virtudes novamente? Disponha-se! Comesse colocando-
se imediatamente de joelhos, em oração, diante do trono de Deus!
Até agora vimos duas virtudes que são necessárias, na busca de valores
perdidos: a percepção e a disposição. Vamos agora a ultima virtude:

3. PRECISAMOS DE INSISTÊNCIA NA BUSCA DOS VALORES PERDIDOS.

Vamos ler novamente as últimas duas palavras do versículo 8, capítulo 15.


Elas falam sobre até que ponto a mulher estava disposta a insistir, em busca do que
perdera. O texto diz: se perder ...não busca até encontrá-la? (grifo nosso). Veja que
é uma pergunta. Era óbvio para quem ouviu pergunta que a personagem da história
agiria dessa maneira. Ela procuraria o valor perdido até encontrá-lo! O que isso nos
ensina? Que esta mulher não estava disposta iniciar uma busca e parar no meio do
caminho, na primeira barreira. O ensino aqui é claro. Ela iria procurar até encontrar.
A idéia é de insistência na busca. Esta é a nossa terceira lição com este texto. Para
se restaurar os valores perdidos dentro da família é preciso insistência.
Insistência para não desistir. Insistência para não esmorecer. Insistência para
ir até o final. Insistência para atravessar um caminho cheio de espinhos, com a
certeza de que vale a pena insistir porque no final as coisas podem ser melhores. Ao
5
Hendriksen (2003:291).
6
Keener (2004:241).
4

que parece, a insistência parece ser uma qualidade bem presente nas mulheres,
talvez, até mais do que nos homens. Na Bíblia encontramos vários exemplos de
mulheres persistentes, assim como essa mulher da parábola. Dalila foi uma dessas,
pena que para o mal. O texto bíblico diz: E ela continuou a perguntar isso todos os
dias. Sansão ficou tão cansado com a insistência dela, que já não agüentava mais.
E acabou lhe contando a verdade (Jz 16:16-17a – NTLH).
Outra mulher persistente, foi a profetiza Ana, e, essa, fazendo uma coisa boa.
O texto bíblico diz: Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns
e orações (Lc 2:37b – grifo nosso). Jesus também contou uma parábola sobre uma
mulher persistente. Era uma viúva. Ela morava numa cidade onde havia um juiz que
não temia a Deus e nem respeitava os homens. Todos os dias essa mulher o
impotunava com um pedido: Faze-me justiça contra o meu adversário (Lc 18:3b).
Por algum tempo ele não quis atende-la. Entretanto, chegou um momento que não
deu mais. De tanto ela insistir, ele a ouviu. Com esta parábola, Jesus concluiu: Deus
não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, mesmo que
pareça demorado em responder-lhes? (Lc 18:7). Que incentivo a insistência!
Pessoas insistentes vão longe. Por isso, insista na busca da restauração dos
valores perdidos. Se você já sabe os valores que foram perdidos em sua casa; se
você já conseguiu identificá-los (O princípio da percepção); se você já colocou a
“mão na massa”, isto é, está trabalhando para recuperá-los (O princípio da
disposição), então vá em frente. Muitos são os que chegam nessa fase e desistem:
“Ah! Não dá mais! Meu marido não muda mesmo; meus filhos vão ser sempre
assim...”. Até conseguem iniciar a busca, mas na primeira dificuldade jogam tudo
para o alto. Deixam de lutar. É preciso insistência!
Não desista do seu filho! Não desista do seu casamento! Não desista da sua
família! Quanta gente parou de insistir? Quanta gente cansou de buscar? Quanta
gente entregou os pontos? Não seja você mais um. Assim como a mulher da
parábola buscou a moeda até encontrá-la; procure o respeito perdido dentro do lar
até encontrá-lo! Procure a comunhão perdida dentro do lar até encontrá-la! Procure
o temor a Deus, perdido dentro do lar, até encontrá-lo! Procure a delicadeza no trato,
perdido dentro do lar, até encontrá-la! Procure o companheirismo, perdido dentro do
lar, até encontrá-lo! Insista, Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a
quem bate, abrir-se-lhe-á (Mt 7:8).

CONCLUSÃO: A família é um projeto de Deus. Ele a planejou e deseja que ela dê


certo. Todavia, isso não é garantia de que os dias difíceis não chegarão para as
famílias. A Bíblia está repleta de exemplos de servos de Deus que enfrentaram
problemas em suas famílias: Rebeca enfrentou problemas com as suas noras (Gn
26:34-35; 27:46); José com seus irmãos (Gn 37:4); Davi com sua esposa (II Sm
6:16) e etc. Em todos esses casos os problemas eram os mais diversos. Ninguém
está livre de enfrentar problemas familiares. Agora, não fazer nada para que eles
sejam solucionados ou ao menos amenizados, que é o problema mais grave.
Muitos são os lares que estão ruindo e ninguém faz nada para que a situação
mude. O respeito, o companheirismo, o amor, o carinho, a paz, enfim, todas as
virtudes desejáveis e necessárias para uma boa convivência familiar, foram embora,
e ninguém faz nada para recuperá-las. Isso tem de mudar. Deus pode nos ajudar a
recuperar valores perdidos dentro das nossas famílias! Ele pode dar jeito! Ele é
poderoso para fazer infinitamente mais além daquilo que pedimos pensamos, ou
esperamos, segundo o seu poder, que em nós opera (Ef 3:20). Busque os valores
perdidos dentro do seu lar com percepção, disposição e insistência.
5

O desfecho da parábola que estudamos hoje é fantástico! Depois que a


mulher encontra o que estava perdido: ...reúne as amigas e vizinhas, dizendo:
Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido (Lc 15:9). O texto
começa com aflição, por causa da perda, mas termina com júbilo e alegria por causa
da retorno daquilo que se havia perdido. Meu irmão e minha irmã, Deus pode fazer
isso em sua casa! Firme um compromisso diante dele hoje de que você vai começar
a pensar sobre valores perdidos; de que você está disposto a trabalhar para
recuperar valores perdidos; de que você vai insistir na busca do que se perdeu.
Quem sabe daqui muito pouco tempo você não estará celebrando o Senhor pela
vitória da sua família. Que assim seja!

BIBLIOGRAFIA

CARDOSO, Amauri Munguba. Em busca do que se perdeu (in) Revista Ultimato.


Viçosa, MG: Ultimato, Ed. 265, Jul/Ago de 2000.

Comentário do Novo Testamento: Aplicação Pessoal. Vol. 1, Rio de Janeiro: CPAD,


2009.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Lucas. Vol. 2, São Paulo:


Cultura Cristã, 2003.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento. Belo Horizonte, MG:
Editora Atos, 2004.

MORRIS, Leon L. Lucas: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo
Cristão, 1983.

PFEIFFER, Charles F.; HARRISON, Everet F. Comentário Bíblico Moody. Vol. 4,


São Paulo: IBR, 1984.

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