Paleografia, Diplomática, Cronologia(s)
Paleografia, Diplomática, Cronologia(s)
Paleografia, Diplomática, Cronologia(s)
48751/CAM-2018-10134
DESTAQUE
Agosto de 1975. Era o «verão quente». Mas a verdade é que aquela semana de meados do mês em que pela
primeira vez trabalhei no Arquivo Municipal de Lisboa (AML) apresentou dias algo nublados e com temperaturas
mais primaveris do que estivais.
Quem recorde tais tempos – bem como as duas décadas subsequentes – sabe bem que a sala de leitura do AML se
situava nas traseiras do piso 0 do edifício principal da Câmara Municipal de Lisboa (CML). O recinto compreendia
toda a largura do mesmo. Ao centro, uma enorme mesa de leitura, quase elíptica, e rodeada de enormes cadeiras
de assento em palhinha. Não eram propriamente incómodas. Mas existia um problema de diferenças de nível:
tais cadeiras eram algo baixas, por comparação com a superfície da mesa. Acresce que, em cima desta, estavam
colocadas altas estantes de leitura, como que para repouso dos códices / volumes medievos ou modernos.
Resultado: quem trabalhava tinha que ler de pé os folios manuscritos, para depois se sentar e registar nas fichas
ou nos dossiers aquilo que a sua mente trouxera dos suportes pergamináceos. Enfim uma alternância de posições
e uma permanência de movimentos para cima / para baixo, entre a leitura e a escrita, não eram propriamente
um modelo de conforto…
De qualquer modo, guardo boas recordações dos anos em que regularmente trabalhei no AML (1975 / ca. 1986).
Começava por ter um horário com pés e cabeça: das 9.00 às 17.30 horas, com intervalo para almoço das 12.30 as
14 horas. Não sendo o Arquivo, ao tempo, muito frequentado, jamais se colocava o problema do esgotamento da
lotação, por contraste com os míseros 20 lugares – ainda por cima algo apertados – da sala de leitura da Torre
do Tombo (TT), ao tempo ainda em São Bento. Por outro lado, quem por 15 / 30 minutos abandonasse o lugar,
hipoteticamente para tomar um café no exterior2, não perdia o direito ao mesmo, contrariamente à referida TT;
por maioria de razão, quem se ausentasse para almoçar reencontrava no regresso o seu lugar tal / qual. A sala,
bem alta, tinha ainda uma galeria com estantes guardando muitas das existências.
1
Préface. In BALARD, Michel, ed. – L’Histoire médiévale en France: bilan et perspectives. Paris: Seuil, 1991. p. 8; veja-se no mesmo volume o trabalho de
GUYOTJEANNIN, Olivier [et al.] – Sciences auxiliaires de l’histoire médiévale. In BALARD, Michel, ed. – L’Histoire médiévale en France: bilan et perspectives.
Paris: Seuil, 1991. p. 471-499.
2
Já que não havia ao tempo qualquer cafetaria pública no interior daquele casarão…
11
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Armando Luís de Carvalho Homem
Acrescentarei a simpatia dos funcionários múltiplos que conheci: ainda me lembro, na Direção, da Dr.ª Lia
Ferreira do Amaral (1914-1999), bem como da sua sucessora, Dr.ª Manuela (com apelido que não recordo); o
mesmo direi do pessoal que conduzia à grande mesa as requisições dos leitores. Estes, como já se disse, não eram
numerosos: historiadores, nenhum; candidatos a tal, bem poucos. Encontravam-se lá, sobretudo, arquitetos ou
futuros arquitetos, na mira da consulta de projetos de construção. Também deste ponto de vista o contraste não
podia ser maior relativamente à TT.
O recinto não era somente Arquivo histórico mas também Arquivo corrente da Câmara. Assim, nas costas dos
leitores instalados na grande mesa estavam colocadas escrivaninhas de média dimensão, utilizadas pelos
agentes do Arquivo comum. Mas apesar das movimentações e de algumas conversas, não se verificava qualquer
ambiente de efetiva perturbação auditiva para os leitores, situação bem diferente da testemunhada para décadas
anteriores por nomes como os de A. H. de Oliveira Marques (1933-2007) ou de Eduardo Borges Nunes (1924-
2008), por exemplo.
Juntarei a isto o relativo bom estado de conservação de pergaminhos e registos. Ou seja, a relativa penitência de
pecador por que se passava ao tempo na TT pura e simplesmente não existia aqui.
E, depois, os critérios de arrumação das espécies tinham uma lógica que era mesmo lógica3, circunstância nada
rebarbativa para um então aprendiz de historiador (e, por maioria de razão, de diplomatista). Os códices, a ordem
de lançamento das espécies (se se tratasse de um registo de receção), ou a ordem de colagem (para ulterior
encadernação) de pergaminhos originais dirigidos ao concelho, tudo isso apresentava uma situação de estar tudo
no sítio devido.
E afinal o que é que eu procurava no AML naqueles anos dos decénios de 70 e 80? A Idade Média? As instituições?
Os oficiais? Os diplomas? Ou, por outras palavras, os séculos XIV-XV ou a documentação respetiva ali conservada?
O questionamento pode passar por pouco pertinente. Mas atente-se por essa Europa fora:
• Que relação de arrumação entre o Ensino Superior das Histórias Medieval e Moderna e o das Ciências de
Incidência Histórica que com elas estejam em estreita correlação?
• Olhemos para o país vizinho: incluir a Paleografia, a Diplomática ou a Codicologia, por exemplo, nos
departamentos atinentes às épocas em causa?
• Ou criar – e ainda aí com diferentes tipos de articulação – departamentos ou áreas de Ciências e Técnicas
Historiográficas, onde também tenham lugar a Epigrafia, a Crítica Textual, a História da Cultura Escrita, a
Língua e a Linguística Latina and so on, sendo que uma tal situação força uma por vezes difícil convivência
entre historiadores lato sensu e gente de formação filológica?4
No nosso País, a situação que mais se aproxima das Ciências e Técnicas Historiográficas de algumas universidades
espanholas é a da Universidade de Coimbra(UC). Com efeito, o Departamento de História5 possui, no elenco
dos seus Institutos6, um especificamente de Paleografia e Diplomática, fundado em 1975 por Avelino de Jesus
3
MARQUES, A. H. de Oliveira – Ensaios de historiografia portuguesa. Lisboa: Palas, 1998. p. 202-206.
4
O que é nomeadamente pouco cómodo se tais filólogos forem de formacão classicista. Uma solução conservadora, esta última? Por alguma razão um
marxista metodológico como José Luis Martín Rodríguez (1937-2004) sempre se opôs a que na U. Salamanca houvesse as ditas Ciências e Técnicas Histo-
riográficas, autonomamente em relacão à História Medieval: «Nós, medievistas, é que temos que ensinar Paleografia, essencialmente visando a intelecção e a
transcrição dos diplomas medievos» (testemunho de Ángel Vaca Lorenzo, no Outono de 2012). É evidente que a unanimidade não é assim possível em tal
matéria…
5
Hoje de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes.
6
Instituições hoje semi-desativadas.
12
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PALEOGRAFIA, DIPLOMÁTICA, CRONOLOGIA(S)…
da Costa (1908-2000)7. Tudo muito bem, sendo que foi este Instituto que passou a reeditar, a partir de então, o
Álbum de Paleografia do mestre-fundador (a 1.ª ed. remontava a 1966) e outros seus trabalhos dos anos 80 e
90; acolheu e catalogou os espólios legados pelos lentes Isaías da Rosa Pereira (1919-1997), da Universidade
de Lisboa (UL)8, e António Vasco Poiares Baptista (n. 1927), um lente-dermatologista da Faculdade de Medicina
/ UC, interessado em temas históricos e genealógicos; expôs e também catalogou a Colecção Esfragística
da FL/UC; e homenageou, pouco depois da sua morte, a figura emblemática do Doutor Avelino9. Mas o dito
Instituto não esgota, na FL/UC, o campo de atividades que temos de momento em atenção. Isto porque os
Institutos de História Económica e Social10 e de História e Teoria das Ideias11 tiveram / têm medievalistas cujo
currículo científico inclui também estudos de Diplomática aplicada e de edição de fontes12. O que não deixa
de constituir uma apreciável ambiguidade… De qualquer modo, a escola de Coimbra tem vindo a não deixar os
pergaminhos por mãos alheias, didaticizando a Paleografia, a História da Escrita, a Codicologia, a Sigilografia13
e a Diplomática geral, e fazendo desenvolver, aos níveis do ensino, dos estudos críticos e das edições de textos,
as velhas e novas Diplomáticas especiais: régia (Rui de Azevedo14, Avelino de Jesus da Costa15, Maria Helena
da Cruz Coelho16, Maria José Azevedo Santos17, Leontina Ventura / António Resende de Oliveira18, Maria Rosa
Ferreira Marreiros19), municipal e urbana (Maria Helena da Cruz Coelho20, Maria Alegria Fernandes Marques21),
pontifical (Avelino de Jesus da Costa, Maria Teresa N. Veloso, Maria Alegria F. Marques22), episcopal (Maria
Helena Coelho, Maria do Rosário Morujão23), monacal (Saul António Gomes24, Maria José Azevedo Santos25,
Maria Alegria Fernandes Marques26, Leontina Ventura27, Maria do Rosário Morujão28, Maria Amélia Campos29),
notarial (Maria Helena Coelho, Saul António Gomes), ‘parlamentar’30 (Maria Helena Coelho)31. Ou seja, a Escola
7
Para além do fundador, pertenceram / pertencem a este Instituto nomes como os de Salvador Dias Arnaut (1913-1995), Maria Helena da Cruz Coelho,
Maria José Azevedo Santos, Saul António Gomes e Maria do Rosário Barbosa Morujão.
8
Onde ensinou Diplomática, História das Instituições e História da Inquisição em Portugal, entre outras unidades curriculares.
9
Note-se que este Mestre foi o primeiro membro português da Commission Internationale de Diplomatique [CID] (1965 ss.), logo se lhe seguindo Isaías
da Rosa Pereira; depois, e a partir de 1990, Maria Helena Coelho, o autor destas linhas (de 1990 a 2016, ano em que renunciou), Maria Cristina Almeida e
Cunha, Saul António Gomes e Maria do Rosário Morujão. Também no Comité International de Paléographie Latine a FL/UC possui Mestres seus, v.g. Maria
José Azevedo Santos.
10
A que pertenceram / pertencem Maria Helena da Cruz Coelho, Maria Alegria Fernandes Marques, Leontina Domingos Ventura, Maria Teresa Nobre Velo-
so e Maria Rosa Ferreira Marreiros. E não se esqueça a proto-História deste Instituto nas obras de Pierre David (?-?) e de Rui de Azevedo (1889-?).
11
A que pertenceram / pertencem José Sebastião da Silva Dias (1916-1994), Manuel Augusto Rodrigues (1937-2016), José Antunes e João Gouveia Mon-
teiro.
12
Vejam-se os nomes cits. nas duas nn. anteriores.
13
Saul António Gomes, Maria do Rosário Morujão.
14
Maxime os alvores da Chancelaria (do período condal a Afonso II).
15
Continuidade aos trabalhos do anterior e visões de conjunto dos registos da nossa Chancelaria, até ao segundo quartel de Quatrocentos.
16
Maxime registos de Chancelaria, no seu conjunto e na sua evolução, itinerários régios.
17
Pioneirismo de Afonso II nos registos de Chancelaria.
18
Ed. da Chancelaria de Afonso III.
19
Em curso a ed. da Chancelaria de D. Dinis.
20
Forais velhos e novos, capítulos especiais de concelhos em Cortes.
21
Forais velhos.
22
Bulário endereçado a alguns dos nossos primeiros monarcas.
23
Esta última no que tange a Sé de Coimbra, a sua Chancelaria, os seus atos diplomatísticos e os seus oficiais da escrita.
24
Maxime Santa Cruz de Coimbra.
25
Monaquismo cisterciense.
26
Idem.
27
A ed., há já quase 30 anos, do Livro Santo, de Santa Cruz de Coimbra (VENTURA, Leontina; FARIA, Ana Santiago, ed. – Livro santo, de Santa Cruz: cartulá-
rio do século XII. Coimbra: INIC, 1990.).
28
Maxime Santa Maria de Celas.
29
Colegiada de Santa Justa.
Como por certo bem gostaria de dizer Armindo de Sousa (1942-1998), insigne estudioso das nossas Cortes, a que costumava chamar «o Parlamento
30
medieval português».
31
Capítulos especiais em Cortes (v. supra, n. 20).
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Armando Luís de Carvalho Homem
paleo-diplomatística de Coimbra bem que tem sabido desenvolver-se em termos de «paradigma» Robert-
Henri Bautier (1921-2010), chartiste e eminente diplomatista francês32, que igualmente praticou a História
económica (rural, urbana, comercial, monetária) ou a História da Historiografia medievalista.
Na Universidade de Lisboa, o que há a apontar pode dizer-se que remonta a 1958 e ao assumir da Direção do Centro
de Estudos Históricos (anexo à Faculdade de Letras) por Virgínia Rau (1907-1973) e ao receber da regência de
Paleografia e Diplomática por Oliveira Marques (de 1957 a 1964). No âmbito do dito Centro, procedeu-se a todo
um programa de pesquisas, incluindo a edição ou o roteiro de fontes (veja-se neste último caso o Itinerário de D.
Dinis, coord. e prefaciado por Virgínia Rau [1962])33; e viria a projetar-se e a lançar-se uma Revista: Do Tempo e
da História (5 vols. publicados, 1965-1972).
Na disciplina de Paleografia e Diplomática, Oliveira Marques viria a produzir um primeiro ensaio de um Álbum
(1960)34. A cadeira em causa passaria, anos decorridos, para as mãos de Eduardo Alexandre Borges Nunes; que
logo pensou em aumentar e diversificar, respetivamente, o número e o tipo de diplomas a ser objeto de leitura e
transcrição em aula35, como em preparar uma edição definitiva de um Álbum, o que se concretizaria em 196936. Ao
mesmo tempo que ia produzindo mais trabalhos, não raro edições de fontes, por vezes em colaboração com autores
como Virgínia Rau ou Martim de Albuquerque37. Também ele alvo, tal como António Cruz, de um «saneamento»
de 5 anos (1974-1979), no regresso prestou provas públicas de concurso para professor catedrático38 e retomou
a regência de Paleografia. Tentou então criar um mestrado na área, o que se concretizou em 198439. Entre as
teses defendidas, análises de grafias, estudos de Diplomática aplicada, monografias de cartórios tabeliónicos,
edições diplomáticas, críticas de textos documentais and so on.
Borges Nunes aposentou-se em 1993 e o mestrado teve uma primeira interrupção (ainda que se tenham defendido
teses das edições anteriores até 1996); iria recomeçar em 1997/1998, quando já estavam marcadas (para 1997,
abril) as provas de doutoramento de Bernardo Sá-Nogueira e António J. R. Guerra, ambas bem-sucedidas. Mas
a morte súbita do segundo no outono do mesmo ano impediu a retoma. Viria esta já nos alvores do presente
século, e tem-se mantido, ainda que com alguma irregularidade nos últimos anos; destaque entretanto para o
doutoramento na área de Susana Tavares Pedro (tese: O género diplomático "notícia" na documentação medieval
portuguesa séculos X-XIII). De salientar também a colaboração na parte escolar e em júris deste mestrado de
diversos filólogos, v.g. Ivo Castro ou João Dionísio; para além da presença, como professores visitantes, de Maria
Helena da Cruz Coelho ou do autor das presentes linhas (anos letivos de 2003/2004 e 2007/2008).
A Universidade do Porto (UP) apresentou-se durante algum tempo como relativamente incaracterística nesta
matéria. E, quando surgiu (1962/63), tal não parecia imaginável: integrava o primitivo Corpo Docente o nome de
António Cruz40, anteriormente diretor, sucessivamente, do Arquivo Municipal e da Biblioteca Pública Municipal da
cidade e era possuidor, já então, de Obra respeitável. Obra que, aliás, cedo ampliaria, com a tese de doutoramento
32
Presidiu à CID nos anos 80 e parte dos 90.
33
Veja-se a relação das publicações da contra-capa do Vol. V (1972) da Revista Do Tempo e da História.
34
GOMES, Saul António – Paleografia e Diplomática na obra de A. H. de Oliveira Marques. In HOMEM, Armando Luís de Carvalho; COELHO, Maria Helena
da Cruz, coord. – Na jubilação universitária de Oliveira Marques. Coimbra: Minerva, 2003: 45-56, com reprodução da capa do dito Álbum a p. 48.
35
Passando a incluir, por exemplo, documentação notarial.
36
NUNES, Eduardo Alexandre Borges – Álbum de Paleografia portuguesa. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Faculdade de Letras, 1969.
O trabalho de maior fôlego que com este elaboraria foi a edição das Ordenações del-Rei Dom Duarte. (ALBUQUERQUE, Martim de; NUNES, Eduardo
37
Borges – Ordenações del-rei Dom Duarte. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988)
38
Juntamente com Francisco de Sales Loureiro (1919-2000). Foram dos últimos concursos desta natureza a nível nacional, já que em Dezembro seguinte
entrou em vigor o primeiro Estatuto da Carreira Docente Universitária, que os transformaria em concursos documentais.
39
Primeiros diplomados em 1968 e 1969: Bernardo Sá-Nogueira, António Joaquim Ribeiro Guerra (1945-1997) e Isabel Cid. No primitivo Corpo Docente,
e para além do fundador, Isaías da Rosa Pereira, Manuel C. Díaz y Díaz (1924-2008), Aires Augusto Nascimento, Pedro Barbosa ou Armando L. de Carvalho
Homem.
40
António Augusto Ferreira da Cruz (1911-1989).
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PALEOGRAFIA, DIPLOMÁTICA, CRONOLOGIA(S)…
sobre o scriptorium medievo de Santa Cruz de Coimbra (1964) e a tese de concurso para professor extraordinário
sobre a vida económica e social da Urbe nas vésperas de Alcácer-Quibir (1968). Primeiro doutorado da FL/UP,
primeiro professor catedrático da mesma (e do respetivo 4.º Grupo) e primeiro Diretor não interino da Escola
(1970-1974), António Cruz iria ter, no entanto, um interregno na sua carreira, nos cinco anos imediatamente
subsequentes a 1974. Um «saneamento», como se dizia na época. Resultado: ensinou longamente Paleografia,
trabalhou investigativamente em Diplomática e em Codicologia, produziu bibliografia41 – por vezes de caráter
didático, v.g., nos anos 60, duas edições provisórias de um Álbum de reproduções de manuscritos, para apoio às
aulas; mas a sua Obra na área em questão fica-se pelo signo do inacabado, do interrompido, do provisório: jamais
saiu uma edição definitiva do Álbum; e o livro de 1987 é trabalho de fim de vida, com tudo o que tal expressão
possa querer dizer. A vida e a instituição bem que foram madrastas para quem tanto fez por diversos dos seus
melhores alunos…
António Cruz teve um sucessor (José Marques, que se lhe seguiu na regência de Paleografia, 1976-197942 e
1981-2003), mas não verdadeiramente um herdeiro; e já vamos ver porquê. J. Marques fora aluno de Avelino
de Jesus da Costa nos Seminários de Braga (ca. 1950). E com ele voltou a contactar em tal situação cerca de um
quarto de século decorrido, quando, já licenciado pela FL/UP, foi cursar como futuro Bibliotecário-Arquivista na
FL/UC. O seu Mestre de então e de agora, já membro da CID, trabalhava na adaptação à língua e à documentação
portuguesas dos critérios de transcrição e edição documental em vigor na dita CID. E já ensinava segundo tais
parâmetros43. Resultado: José Marques converteu-se às «normas do Avelino», deixando o que aprendera no Porto
com António Cruz44. A cronologia do período 1974-1981 não poderia ter sido mais favorável aos desideratos que
estavam em causa; vejamos:
• 1962-1974: regência de António Cruz, inicialmente sozinho, a partir de 1966 com o apoio, nas aulas
práticas, de José Vieira de Carvalho (1937-2002) e em 1973/1974 com a participação, igualmente nas
práticas, de José Marques, ao tempo monitor;
• 1978-1979: regência de Humberto Baquero Moreno (1935-2015), com José Viriato Capela nas aulas
práticas;
• 1979-1981: regência de António Cruz, com Armindo de Sousa nas aulas práticas;
• 1981 ss.: jubilado António Cruz45, regência de J. Marques, sozinho até 1987, com Cristina Cunha nas aulas
práticas a partir de então; nos finais da década de 90, com Cristina Cunha em dispensa de serviço pré-
-doutoral (<1999), Luís Carlos Amaral passa ocasionalmente pelas aulas práticas.
Ou seja: uma incidenciazinha perversa da cronologia universitária…É evidente que os resultados práticos
acabaram por não ser maus; mas faltou alguma elegância em todo o processo…
41
V.g. CRUZ, António – Observações sobre o estudo da Paleografia em Portugal. Cale: Revista da Faculdade de Letras do Porto. I (1966), p. 173-233.
42
Entre 1979 e 1981 António Cruz voltou a reger – i.e., entre o termo do «saneamento» e a jubilação, com a colaboração de Armindo de Sousa nas aulas
práticas.
43
Veja-se entretanto COSTA, 1993.
44
Este praticava uma transcrição / transliteração um pouco na linha de Rui de Azevedo, na edição dos Documentos Medievais Portugueses (1958 ss.). Esta-
ria ainda medianamente próximo das normas de Eduardo Borges Nunes (na FL/UL) e mais tarde de Oliveira Marques (e colaboradores) na UNL.
45
Nunca se concretizou o convite que lhe chegou a ser dirigido para, uma vez separado do serviço, reger no nascente mestrado em História Medieval
(1983 ss.) as unidades curriculares de Crítica Textual e de Aperfeiçoamento Paleográfico.
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Armando Luís de Carvalho Homem
A Obra de J. Marques é bem extensa, incluindo estudos de fundo e edições de fontes relativas a instituições
eclesiásticas (a arquidiocese de Braga, os seus prelados e o seu cabido; mosteiros; fontes tais como tombos e
cartulários…), municípios, atas de vereação, povoamento do Noroeste e do Nordeste português…
A sua continuadora Maria Cristina Cunha, depois de uma breve passagem pela investigação sobre Ordens
Militares (para a tese de mestrado, apresentada em 1989), volta-se, uma vez ingressada na FL/UP como assistente
estagiária (1987), e em termos de investigação destinada à laurea maxima, para a Diplomática episcopal, e mais
concretamente para a Chancelaria da sede bracarense, objeto de uma tese defendida em 1999 e conhecendo um
prémio e uma edição impressa na Galiza poucos anos depois.
A sua discípula Maria João Oliveira e Silva trabalhará sobre Diplomática episcopal portuense (tese editada em
2013). Com gente mais jovem (como a referida no período anterior), e ainda André Evangelista Marques, Filipa
Lopes, Ricardo Seabra e a ocasional passagem do já mais velho Luís Carlos Amaral ou do historiador da Filosofia
Medieval José Francisco Meirinhos, preparam-se nesta área ou concretizam-se edições de fontes relativas a Paço
de Sousa ou ao Livro da Mumadona 46.
De outra geração é também José Augusto Sottomayor-Pizarro. Discípulo de José Mattoso, doutorado em 1998
com uma tese sobre a nobreza dionisina, anos decorridos dar-nos-á um estudo biográfico sobre o Rei em causa.
E na última dúzia de anos tem vindo a editar as Inquirições do referido monarca47.
Na UP haverá finalmente que citar a área de investigação e de docência de Ordens Religioso-Militares, criada
por Luís Adão da Fonseca em finais dos anos 80, no âmbito do mestrado em História Medieval. Os múltiplos
estudantes que enveredaram por este rumo, alguns procederam também a edição de fontes, autonomamente ou
como apêndices. De entre os da primeira situação destaquem-se os editores do Livro dos Copos, considerado qual
máximo expoente memorial de S. Tiago e das Ordens Militares em geral: Luís Adão da Fonseca (dir. e prefácio),
Paula Pinto Costa (coord. do empreendimento), Cristina Pimenta, Isabel Morgado Silva e Joel Mata48.
Outras universidades, como a do Minho49, a de Évora50, a dos Açores51 e a Autónoma de Lisboa «Luís de Camões»52
deram-nos, na área em apreço, meros esforços individuais (ou pouco mais do que isso).
46
AMARAL, Luís Carlos; MARQUES, André Evangelista; MEIRINHOS, José, ed. – Livro de Mumadona: cartulário do Mosteiro de Guimarães. Lisboa: Acade-
mia das Ciências, 2016.
47
SOTTOMAYOR-PIZARRO, José Augusto, ed. – Inqvisitiones: inquirições gerais de D. Dinis, 1284 : a saecvlo octavo post christvm vsqve ad qvintvmdecimvm
ivssv academiae scientiarvm olisiponesis : edita . Nova série. Lisboa: Academia das Ciências, 2007. (Portugaliae Monumenta Historica: a saeculo octavo
post Christum usque ad quintum decimum; 3) e SOTTOMAYOR-PIZARRO, José Augusto, ed. – Inqvisitiones : inquirições gerais de D. Dinis 1288 : sentenças
de 1290 e execuções de 1291. 1ª ed., Nova série. Lisboa: Academia das Ciências. 2012. (Portugaliae Monumenta Historica. a saecvlo octavo post christvm
vsqve ad qvintvmdecimvm ivssv academiae scientiarvm olisiponesis ; 4).
48
V. nomeadamente FONSECA, Luís Adão da, dir. – Livro dos copos. Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 2006. vol. 1. (Militarium Ordinum Analecta.
Fontes para o Estudo das Ordens Religioso-Militares; 7).
49
Ainda que seja de salientar aqui o nome do modernista José Viriato Capela.
50
Pense-se no entanto em Hermínia Vasconcelos Vilar.
51
Destaque entretanto para Manuel Sílvio Conde.
Uma referência cabe aqui a Maria Isabel N. Miguéns de Carvalho Homem. Note-se que esta Instituição pertence ao Sector Privado e Cooperativo; no
52
mesmo sector, as Universidades Lusíada / Lisboa e Portucalense há muito que deixaram de incluir a História no elenco dos saberes professados.
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PALEOGRAFIA, DIPLOMÁTICA, CRONOLOGIA(S)…
Pelo que nos sobra a Universidade Nova de Lisboa (UNL), surgida em 1973. Cerca de dez anos mais tarde, criada
a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) e o Centro de Estudos Históricos (CEH), arranca, sob a égide
de Oliveira Marques, um ambicioso programa de edição de fontes (máxime registos da Chancelaria Régia e de
capítulos gerais e especiais de Cortes). Passados quase 35 anos, uma visita ao site do CEH-UNL53 mostra-nos um
acervo de publicações que compreende:
• Cortes portuguesas: de Afonso IV a D. Manuel, estão editados 11 tomos de capítulos gerais e especiais;
• Ordenações Manuelinas, primeira versão, ed. Valentim Fernandes (1512-1513): disponíveis os 5 livros, em
fac-símile coord. por João J. Alves Dias;
• Atlas Históricos: estão publicados um Atlas de Cidades Medievais Portuguesas (1990, ed. A. H. de Oliveira
Marques, Iria Gonçalves, Amélia Aguiar Andrade) e um Atlas Histórico de Portugal e do Ultramar português
(2003, por responsabilidade de A. H. de Oliveira Marques e João J. Alves Dias);
• Paisagens Rurais e Urbanas. Fontes, Metodologias, Problemáticas, com coord. de Iria Gonçalves; saíram já
(2005-2013), 5 volumes de Atas de reuniões científicas nesta área temática;
• Tombos da Ordem de Cristo: em ed. de Iria Gonçalves et al., estão já disponíveis (2003-2017) 8 tomos de
comendas da dita Ordem (sul do Tejo; Santa Maria de Abade de Neiva e São Vicente de Fragoso [concelho
de Barcelos]; Médio Tejo; vale do Mondego; Noroeste; Beira Interior Sul; Beira Interior Centro; Trás-os-
Montes e Alto Douro; e Lisboa, Alenquer e Sintra [1505]54);
• Ao Serviço da República e do Bem Comum. Os Vinte e Quatro dos Mesteres de Évora, paradigma
dos Vinte e Quatro da Covilhã (1535), ed. Ângela Beirante, 2014;
• Livro de notas de Lopo Vasques tabelião do julgado de Refojos de Riba de Ave (1458-1459, 1469),
ed. João J. Alves Dias, 2014;
• Maria, Catarina e Tantas Outras: Ensaio de Antroponímia Medieval, de Iria Gonçalves, 2013;
• Ordenações Manuelinas 500 anos depois: os dois primeiros sistemas (1512-1519), de João J. Alves
Dias, 2012;
• Cardeal D. Henrique: obra impressa (1512-1580), ed. João J. Alves Dias, 2012;
• Amato Lusitano e a sua obra: Séculos XVI e XVII, ed. João Alves Dias, 2011;
• Sob os auspícios de Clio. Jacques Le Quien de La Neufville e a Histoire Générale de Portugal (1700),
de Isabel M. R. Mendes Drumond Braga, 2010;
53
http://www2.fcsh.unl.pt/ceh/publicacoes.html [Consult. 11/12/2018].
54
Esta última publicação não está ainda recenseada no site do CES-UNL.
17
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Armando Luís de Carvalho Homem
• Missões Diplomáticas entre Portugal e o Magrebe no século XVIII. Os Relatos de Frei João de Sousa,
de Isabel M. R. Mendes Drumond Braga, 2008;
• A Morte na Região de Lisboa nos Princípios do Século XX, de Fernando Augusto de Figueiredo,
2006;
• Organização do Espaço e Gestão de Riquezas : Loures nos séculos XIV e XV, de José Augusto da
Cunha Freitas de Oliveira, 1999;
• e A Propriedade das Albergarias de Évora nos Finais da Idade Média, de Bernardo de Vasconcelos
e Sousa, 1990.
• Não sendo da responsabilidade do CEH-UNL, mencione-se ainda o Álbum de Paleografia (1987), elaborado
por João J. Alves Dias, A. H. de Oliveira Marques e Teresa F. Rodrigues.
Feito este percurso pelas edições do CEH-UNL ao longo de praticamente três décadas e meia (1984-2017),
importa fazer notar por um lado a pujança das edições de Chancelarias e atas de Cortes e, por outro, a diversidade
de publicações várias (fontes, estudos, atas de reuniões científicas…). Se a este comentário acrescentarmos a
profusão dos títulos, bem poderemos concluir que, cerca de doze anos depois de nos ter deixado, Oliveira
Marques vive !
* * *
Aproximamo-nos do final. Até que ponto o conteúdo deste número dos Cadernos do Arquivo Municipal é o espelho
das virtualidades e / ou das ambiguidades do panorama descrito?
Uma análise do conteúdo respetivo patenteia-nos trabalhos do domínio da Sigilografia [et alia] (Maria do Rosário
Morujão, Sandra Cunha Pires), da escrita e da legitimação dinástica (Ana Cristina Pereira da Silva Ferreira), da
análise de grafias (Jorge Ferreira Paulo), da tipologia das escritas, concretamente a manuelina (Maria Teresa
Pereira Coelho), da análise de marcas de água (Adriana Batista Ferreira Santos / Maria Beatriz de Castro Nunes
Lobato de Sousa / Maria Helena Lopes dos Reis Oliveira Nunes), da Diplomática notarial (Maria Cristina Cunha
/ Ricardo Seabra), da Diplomática judicial quinhentista (Jorge Veiga Testos) e da Associação Hispânica de
Historiadores do Papel (Maria del Carmen Hidalgo Brinquis); acrescem duas recensões críticas a obras de tomo
(José Subtil, José Augusto Sottomayor-Pizarro) e um texto de Miguel Soromenho.
O volume que tenho a honra de coordenar é o que é: um número de Revista, e não propriamente um tratado
de Ciências de Incidência Histórica na recente Historiografia portuguesa. Face ao panorama nacional que fomos
descrevendo (pouca gente, diversas universidades com escassa posição na área, não muita variedade de temas
cultivados…), o Nº 10 dos Cadernos do Arquivo Municipal acaba por ser, creio-o, uma amostragem significativa e
de valor do que se vai elaborando entre nós.
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PALEOGRAFIA, DIPLOMÁTICA, CRONOLOGIA(S)…
O AML está hoje bem longe da Casa onde o conheci a partir do ano de 1975. Apesar das precaridades do
atual edifício e seus acessos, os acervos têm outra organização, edita-se uma Revista com referees, há pessoal
competente e em maior número e há também, talvez acima de tudo, mais leitores e mais investigação. Mas não
esqueço o magno salão do edifício-sede da Câmara. Nem a tristeza que senti naquele primaveril fim-de-tarde do
Outono de 1996, quando soube que um incêndio estava a conduzir à retirada dos fundos do Arquivo. Até hoje…
Para sempre?
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antigo membro da Commission Internationale de Diplomatique (1990-2016).
https://orcid.org/0000-0001-9337-6995
HOMEM, Armando Luís de Carvalho – Paleografia, Diplomática, Cronologia(s)…. Cadernos do Arquivo Municipal.
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