Seminário - III A Política Da Lingua Na Era Vargas
Seminário - III A Política Da Lingua Na Era Vargas
Seminário - III A Política Da Lingua Na Era Vargas
1. INTRODUÇÃO
Nosso estudo tem como objetivo incluir relatos de descendentes de imigrantes que vivenciaram
esse período destrutivo da construção de uma nova cultura onde os conhecimentos trazidos pelos
imigrantes, foram proibidos de se manifestar. Pontualmente nesta pesquisa, abordaremos a cultura
alemã, entrelaçados com a cultura nativa. O abandono forçado das lembranças materiais e imateriais
que ficaram somente na memória durante a política linguística, mas que posteriormente, com o
passar dos anos, foi retomada de certa forma.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Campanha de nacionalização
A difusão da língua nacional, imposta por Vargas, refletiu-se nas escolas, sendo a
escola um aparelho ideológico do Estado usado para reproduzir a língua portuguesa e
silenciar outras, como a alemã. A interdição da língua alemã na escola, tanto como língua de
instrução quanto familiar, resultou na repressão da língua alemã pelos professores, muitos
deles falantes das línguas de imigração, mas forçados a reprimir o alemão.
na escola não anulou a língua dos sujeitos, mas sim a constituiu como parte de sua
identidade (Ronsani, 2015, p. 54-8).
Após o termino da proibição do uso das línguas estrangeiras, o sentimento era de que tudo
voltaria a ser como antes, mas os imigrantes voltaram ao isolamento devido ao medo causado pelo
trauma da guerra e vergonha pela maneira como soava seu português.
Dessa forma Spinassé (2008) ainda relata:
A nova geração aprende assim a sua língua materna: é alemão, mas também tem
características do português. Esses falantes, que são tidos como “alemães” por não
falarem bem o português e terem ascendência e sotaque germânicos, percebem que
também não falam a língua do indivíduo que vem da Alemanha, e que muitas
palavras são empréstimos do português. Tendo identidade híbrida (teuto-brasileira),
mas sendo tratados como “estrangeiros” pelas duas sociedades as quais acham
pertencer, os próprios falantes agem de preconceito linguísticos com sua língua
materna – daí os conceitos “alemão errado” e “língua misturada”.
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Realizamos uma pesquisa com 6 pessoas dentre eles, familiares e/ou conhecidos, para sabermos
mais informações de como era o convívio e a sua comunicação durante o governo de Getúlio
Vargas.
6 pessoas responderam que de alguma forma seus familiares sofreram algum tipo de
perseguição;
0 pessoas responderam que não houve nenhuma perseguição;
0 pessoas optaram por não responder.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Concluímos mediante aos relatos, que a vida não era fácil para os imigrantes, principalmente
para aqueles que não sabiam falar a língua portuguesa, esta que na época, era imposta e ensinada
nas escolas como língua principal. Muitos imigrantes, principalmente os idosos, eram os que tinham
mais dificuldade. Dentre as conversas, os nossos bisavós contavam histórias sobre o dia a dia e as
dificuldades, pois não sabiam falar o português, e naquela época haviam os soldados, um tipo de
polícia, vigiavam as casas da região, alguns faziam vista grossa com idosos, pois eles comiam nas
casas das pessoas que vigiavam, alguns idosos quando vinham as rondas, eram escondidos.
Nesse momento, ficavam na casa somente os que falavam em língua portuguesa. E os que eram
pegos falando alemão ou outra língua estrangeira (italiano ou japonês) era dado óleo de motor para
beber, e diziam que isso era para limpar a língua e aprender a falar o português. Muitos tiveram que
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mudar seus nomes, outros recebiam muitas palavras ofensivas e xingamentos. Livros, literaturas,
documentos foram queimadas, pois não podia circular nada que fosse de outra língua. Ou seja,
muita perseguição aconteceu, e podemos ver que de várias maneiras possíveis. E isso tudo que
aconteceu foi uma perda inestimável para a nossa cultura alemã.
4. REFERÊNCIAS
BOLOGNINI, C. Z.; PAYER, M. O. Línguas de imigrantes. Cienc. Cult. vol.57 no.2 São
Paulo Apr./June 2005.
CAMPOS, C. M. A política da língua na era Vargas: proibição do falar alemão e resistências
no sul do Brasil. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/135324 . Acesso
em: 06 dez. 2023.
SPINASSÉ, K. P. Duas faces do ensino alemão como língua estrangeira no Brasil.
Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/187489 . Acesso em: 06 dez. 2023.
SPINASSÉ, K. P. Os imigrantes alemães e seus descendentes no Brasil: A língua como fator
identitário e inclusivo. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/20697 . Acesso em:
06 dez. 2023.