Resumo Politicas Publicas de Saúde p1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8

RESUMO POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE P1

Módulo I - Políticas públicas de saúde


 A compressão sobre o processo saúde doença: a percepção desse processo impacta diretamente na construção de
políticas públicas de saúde, além disso também impacta no cotidiano da população (como nos comunicamos, como nos
comportamos, quais decisões tomamos tudo isso tem a ver com o conceito saúde e doença), impacta também nos
profissionais de saúde na atuação, o processo de cuidado que eles tem desenvolvido é impactado pela percepção que
eles tem no processo saúde doença, esse conceito também impacta na criação e implementação de saúde pública,
precisamos entender o que é saúde o que é doença e a partir disso constrói se saúde pública.
POLÍTICAS PUBLICAS: "Conjunto das diretrizes e referenciais ético- legais adotados pelo Estado para fazer frente a um problema
que a sociedade apresenta" (é uma resposta do estado ou dos entes às necessidades da sociedade)
São decisões de caráter geral e as políticas públicas devem buscar visibilidade para a população das propostas e o trabalho está
sendo desenvolvido pelos entes públicos, essa política também busca orientar no planejamento de ações que serão executadas.
Passa por fases e processos e é planejada e implementada com respostas às necessidades apresentadas pela sociedade (vem
desde a concepção do processo saúde-doença, o que é saúde, o que é doença, como pode ser trazido isso para a sociedade,
quais os problemas que a sociedade está apresentando que precisam ser sanados). É constituída a partir de demandas e projetos
dos atores sociais.
(Ator social: coletivo de pessoas ou, no seu extremo, uma personalidade que participa de determinada situação, tem
organização minimamente estável, é capaz de intervir nessa situação e tem um projeto. - O ator social é aquele que vai trazer
para os órgãos públicos a demanda da política social)
Requer uma agenda elaborada a partir de negociações para a definição de prioridades.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE: "Resposta social de uma organização (como estado) diante das condições de saúde dos
indivíduos e das populações e seus determinantes, bem como em relação à produção, distribuição, gestão e regulação de bens
e serviços que afetam a saúde humana e o ambiente."
- Refletem a compreensão sobre o processo saúde e doença naquele momento - a política pública é influenciada pelos fatores
históricos, no contexto no qual está sendo desenvolvido (naquele momento: o que é saúde e o que é doença, naquele momento:
o que é propriedade para a população, naquele momento: qual demanda social de mais necessidade)
Ex.: Doença de rico x Doença de pobre - houve uma época em que se pensava em políticas públicas para ricos e para pobres, as
pessoas mais pobres tinham uma condição de saneamento pior, desenvolviam doenças gastrointestinais e precisava de uma
política para elas, hoje a gente sabe que existe uma mudança do perfil populacional, um exemplo disso é o número de mortes
por violência é um fator comum na classe mais pobre mas que afeta todas as classes, então esse indicador impacta na política
de saúde como um todo, não tem mais separação.
- Refletem o perfil epidemiológico da população naquele momento
Ex.: aumento significativo de incidência de doenças crônicas
-> deve ser voltada para as necessidades dos indivíduos e das coletividades.
-> deve considerar os múltiplos determinantes do processo saúde-doença.
-> deve ser acessível a todo cidadão.
-> operar de modo articulado, sujeito aos mesmos princípios e diretrizes.
-> deve viabilizar a integralidade dos cuidados com saúde e oferecer serviços de boa qualidade.
-> contar com o processo decisório participativo e submeter-se ao controle dos sujeitos sociais.
MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: representação de um conjunto de relações e variáveis que produz e
condiciona o estado de saúde e doença de uma população. Impactam: Na percepção dos pacientes sobre a doença e forma
como lidam com a prevenção ou o tratamento; Na concepções trazidas pelos profissionais de Saúde que interferem no seu
processo de trabalho.
O que é ter saúde ou estar doente?
-> MODELO MÁGICO RELIGIOSO: as doenças e agravos que não podem ser entendidos como resultado direto das atividades
cotidianas - quedas, corte e lesões obtidas durante as caçadas - eram explicados pela ação sobrenatural de deuses ou de
demônios e espíritos malignos. Mobilizados por um inimigo.
- Dominante entre os povos da antiguidade.
- Foi responsável pela manutenção da coesão social pelo desenvolvimento inicial da prática média.
- Exerce muita influência nas formas de pensar a saúde e a doença na sociedade contemporânea.
Observamos um forte enraizamento histórico nas mais diferentes culturas, expresso pelo o uso disseminado de chás, pelo
recurso às rezas, benzeduras, simpatias, oferendas e ritos de purificação, presentes nas diversas crenças e religiões (católica,
evangélica, espírita, candomblecista, dentre outras).
MODELO UNICAUSAL: Modelo simples; Baseado na existência de apenas uma causa para um agravo ou doença.

- É muito utilizada para descrever as doenças infecciosas, pois permitiu o sucesso na prevenção de diversas doenças.
- O vetor pode ser necessário para fechar o ciclo de transmissão entre agente e o susceptível.
- O agente pode ser de natureza: biológica, genética, química, física, psíquica e psicossocial.
MODELO BIOMÉDICO: Tem lógica unicausal, também designada como lógica linear, procurando identificar uma causa a qual,
por determinação mecânica, unidirecional e progressiva, explicaria o fenômeno do adoecer, direcionando a explicação a se
tornar universal.
-Caracterizado pela ênfase nos aspectos biológicos, individuais e pela abordagem mecanicista.
- O corpo é visto por partes, fragmentado em sistemas (separado) órgãos, tecidos e células.
- Estruturado um conhecimento cada vez mais especializado.
- Os esforços concentravam-se no diagnóstico e cura da doença (ex.: Se o problema está no fígado, eu vou olha o fígado,
identificar a doença e pensar na cura) - esse modelo explicativo não está preocupado com o que causou a doença, com quais os
fatores que impactaram que tem risco de acometimento, a intenção é olhar para doença, olhar para o diagnóstico e para cura.
- Conselho de saúde era negligenciado ou secundarizado e o indivíduo deixou de ser o centro da atenção médica. A partir disso
olha para o foco
Nesse modelo a doença é definida como desajuste ou falta de mecanismos de adaptação do organismo ao meio ou ainda como
a presença de perturbações causadoras de desarranjos na função de um órgão, sistema ou organismo. Nessa perspectiva, as
doenças são definidas pela ação de agentes patogênicos e o agente etiológico será entendido sempre como o causador de toda
doença
MODELO MULTICAUSAL: Considera múltiplas determinações para explicar o processo saúde e doença.
Após a segunda guerra mundial:
Teve uma transição epidemiológica - diminuição da importância das doenças infecto-parasitárias comparadas às doenças
crônico-degenerativas. O perfil epidemiológico da população mudou e isso requereu uma mudança no modelo explicativo do
processo saúde-doença. Várias abordagens foram propostas para compreender o processo saúde-doença como síntese de
múltiplas determinações, dentre elas o modelo ecológico, também conhecido como modelo da história natural das doenças.
MODELO ECOLOGICO OU MODELO HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA: Os dois principais modelos ecológicos são a tríade
ecológica (agente, hospedeiro e meio ambiente) e a dupla ecológica (hospedeiro e meio ambiente)
Diferença: a dupla tem ausência do agente que está presente na tríade e a ampliação do conceito de ambiente e hospedeiro.
Na dupla ecológica podem ser considerados inúmeros fatores do hospedeiro (estilo de vida, herança genética, anatomia,
fisiologia etc.) e do ambiente (saneamento, presença de vetores, disponibilidade de serviços de saúde, moradia etc.) como
causadores da doença, dentro de um processo interativo, no qual tais fatores exercem influência entre si.
A tríade ecológica é modelo bastante conhecido e também muito utilizado para representar as doenças infecciosas.

O conjunto de processos interativos que compreendem a inter-relação do agente etiológico, do susceptível e do meio ambiente,
passando desde as variações ambientais/biológicas, que criam um estímulo patógeno, até a resposta do susceptível a este
agente, e que pode levar o indivíduo a doença, a invalidez, a recuperação ou a morte. É um modelo de prevenção.
- Valorização da noção de prevenção de doenças (vai ver o que pode ser feito para prevenir essa doença, fazer o modelo antes
do adoecimento ou período pré-patogênico e ver o adoecimento que é o período patogênico e o desfecho o que vai acontecer
a partir de quando o paciente desenvolveu essa doença)
- Conhecimento epidemiológico ganha novo método para delineamento sistemático da prevenção e controle de doença nas
populações.
* Vertente epidemiológica ou período pré-patógeno: A patologia ainda não está manifesta; Os determinantes intrínsecos ao
sujeito estruturam disposições ao adoecimento; É influenciado por fatores: sociais ambientais e próprias do susceptível; Esse
período etiológico está também designado no nível de atenção primária, porque podemos atuar com ações de prevenção,
promovendo a saúde (com educação, por exemplo) e protegendo especificamente a saúde (por exemplo, com vacinas)

* Vertente patológica ou período patógeno (o susceptível está desenvolvendo a doença). Iniciam-se as primeiras alterações no
estado de normalidade; Perturbações bioquímicas em nível celular; Distúrbios na forma e função de órgãos e sistemas; Pode
evoluir para defeito permanente (sequela), cronicidade, morte ou cura.
* Desenlace (o que vai acontecer, como vai evoluir, vai evoluir para morte ou para invalidez ou para cura)
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE E DA DOENÇA:
- Estrutura social como modeladora dos processos de produção da saúde ou doença;
- Noção de causalidade é substituída pela noção de determinação (além da estrutura social ser vista como a causa ela é um das
determinantes que leva ao processo saúde e doença);
-As condições ligadas à estrutura social é considerada na explicação de saúde e da doença
MODELO DE PRODUÇÃO SOCIAL DA SAÚDE: Esse modelo tem como principal fundamento a busca por explicações sociais (não
biológicas) para a ocorrência e a manutenção de doenças na sociedade, pois procura identificar a epidemiologia social das
doenças, considera as diferentes dimensões da vida envolvidas nesse processo, como aspectos históricos, econômicos, sociais,
culturais, biológicos, ambientais e psicológicos que configuram uma determinada realidade sanitária. Dentre os vários modelos
propostos para a compreensão dos determinantes sociais na saúde, podemos destacar o Modelo de Dahlgren e Whitehead
Influência em camadas

Se quisermos combater as iniquidades de saúde, devemos conhecer melhor as condições de vida e de trabalho dos diversos
grupos da população. Precisamos, ainda, saber estabelecer as relações dessas condições de vida e de trabalho, por um lado,
com determinantes mais gerais da sociedade e, por outro, com determinantes mais específicos, próprios dos indivíduos que
compõem esses grupos
Módulo II - Evolução histórica das políticas de saúde
 Antropologia da saúde: a antropologia como ciência é compreendida como âmbito de saber que procura conhecer
cientificamente a pessoa humana na sua totalidade.
- Nasce a partir do movimento sanitário
- Vem se desenvolvendo em um ambiente pluridisciplinar juntamente com várias disciplinas que configuram o campo de saúde
- Tem se consolidado como elemento disciplinar estratégico das análises de saúde.
É deixar de olhar somente para o campo biológico e olhar para tudo que impacta esse processo saúde-doença. O doente é um
personagem social. Diversos aspectos relacionados ao processo de saúde e doença, nortearão o modo como a sociedade e a
gestão se comportam, impactando no modo assistencial oferecido. Esses determinantes se relacionam entre si na saúde pública.
Tais como: condições de vida, condições de habitação, ambiente de trabalho e higiene.
Ocorre principalmente em populações vulneráveis. É necessária a implementação de políticas que promovam mudanças de
comportamento.
INTEGRAÇÃO CULTURAL: é uma abordagem acerca de concepções culturais afim de evitar deficiências de comunicação e de
cumprimento de tratamento. Para que possa ser oferecido a sociedade serviço de saúde de qualidade precisa ser considerado
quais fatores culturais esse paciente traz (qual minha comunicação com ele, o que esses fatores, percepções e olhar da cultura
que ele traz impacta no seu processo de saúde e doença).
Exemplo de problemas relacionados a cultura: problemas relacionados a sexualidade e outros aspectos clínicos, pode ser
negligenciado na população feminina por desconforto para abordar tais assuntos. Outro fator é a religião, pode atuar auxiliando
no processo de enfrentamento de determinadas doenças, situações mais críticas, em culturas e religiões mais restritas pode
prejudicar o tratamento.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL:
PRIMEIRA REPÚBLICA 1889-1930
Cenário geral: O país é governado por oligarquias dos Estados mais ricos SP, MG, RJ, nessa época tem a predominância da cultura
do café; 1888 ocorre a abolição da escravatura gerando a crise de mão de obra de correntes migratórias, migrantes vindo
principalmente da Itália, Espanha e Portugal. Foi observado no cenário da saúde: falta de políticas sociais e de saúde
pertinentes, agravamento das condições sociais como a chegada da nova mão de obra e surgimento de epidemias de febre
amarela e peste bubônica dentre outros. *1890 - 1900: médicos higienistas receberam incentivos e cargos para controlar as
epidemias, mesmo assim mantém-se a política de desigualdade e uma situação caótica de saúde.
MODELO ASSISTENCIAL CAMPANHISTA: trazia consigo a ideia de que a mobilização dirigida para finalidades específicas poderia
obter vitórias expressivas contra as doenças, a concentração de recursos aliada aos conhecimentos técnicos e científicos era
entendida como capaz de promover a erradicação ou controle definitivo da doença alvo. *Foram criados e implementados
serviços e programas de saúde pública em nível nacional.
O sanitarismo campanhista está ligado ao modelo econômico agroexportador, exigia o sistema de saúde política de saneamento
dos espaços de circulação das mercadorias exportáveis e erradicação ou, controle das doenças que poderiam afetar a
exportação.
A frente da diretoria geral de saúde pública esteve Oswaldo Cruz que organizou e implementou instituições públicas de higiene
e saúde no Brasil, esse paralelo adotou o modelo das campanhas sanitárias destinado a combater as epidemias urbanas e mais
tarde as endemias rurais, foi instituído o sentido militar das campanhas.

 REVOLTA DA VACINA: a população se revolta contra o sentido militar


imputado a campanha da vacina, o estopim da revolta foi a divulgação da
legislação que regulamentava a obrigatoriedade da vacina em 1904, diante
da revolta o governo revoga a obrigatoriedade e propõe outras formas de
estimular a adesão as medidas de saúde pública.

ASSISTÊNCIA MÉDICA: a população mais pobre buscava atendimento filantrópico através de hospitais mantidos pela igreja e
recorria a medicina caseira que levou ao surgimento de movimentos urbanos. *A partir disso surge a Lei Elói Chaves (1923) que
institui as caixas de aposentadorias e pensões CAP e um novo regulamento para o departamento nacional de saúde pública que
visava a extensão dos serviços de saneamento Urbano e rural além de higiene industrial e materno-infantil.
ERA VARGAS 1930 - 1945
Cenário Geral: a situação política é marcada pela crise do café no cenário Mundial, no Brasil institui-se o estado novo e Getúlio
Vargas assume o poder, esse período é marcado por uma atuação populista e autoritária voltada para a população urbana e
empregada. No contexto da saúde observa-se a criação do ministério da educação e saúde, uniformização da estrutura dos
departamentos estaduais de saúde, atuação voltada para condições sanitárias mínimas que favoreceram a infraestrutura
necessária para suportar o contingente migratório, tem a criação do serviço especial de saúde pública SESP com atuação voltada
para as áreas não cobertas pelos serviços tradicionais (1942), relativo avanço da atenção à saúde pelo interior, criação dos
institutos de aposentadorias e pensões IAPs.
PERIODO DE REDEMOCRATIZAÇÃO 1945-1964
Cenário Geral: grandes manifestações populares contra a ditadura resultou na desistência de Getúlio Vargas (1945), em 1946
houve a elaboração de uma constituição democrática de inspiração liberal, sob o argumento de combate ao comunismo e
corrupção e em virtude do contexto mundial de transição a ditadura militar e imposta a partir da revolta de 64, em 1953 teve
a criação do ministério de saúde, cabia a ele a menor fração do ministério da educação e saúde, também ocorre crescimento do
setor privado através da doação e empréstimos pelo governo.
MODELO ASSISTENCIAL PRIVATISTA: surgiu na década de 20 e expandiu-se na década de 40 e serviu como um embrião para o
modelo liberal privatista que se acentuou após 1964, buscou atender a necessidade de assistência dos trabalhadores urbanos e
industriais, mudou a lógica assistencial agora o foco não era mais sanear os espaços mas cuidar dos corpos dos trabalhadores a
fim de manter sua capacidade produtiva, o estado foi caracterizado como financiador do sistema e o setor privado nacional
tornou-se o maior prestador de serviços de assistência médica.
GOVERNO MILITAR 1964-1980
Cenário Geral: Em 31 de março de 1964 um golpe de Estado liderado pelos chefes às forças armadas dá um fim ao governo
Vargas, período caracterizado por: intensa concentração de renda e empobrecimento da população e suspensão da participação
dos representantes dos empregados e empregadores nos institutos de aposentadorias e pensões, 1966: ocorreu a fusão das
IAPs e criação do instituto nacional de previdência social INPS, 1974: ocorre a criação do ministério da previdência e assistência
social, impactando na saúde com a criação do fundo de apoio ao desenvolvimento social FAS, é uma estratégia de ação do
estado na área social ao apoiar financeiramente o desenvolvimento de projetos do setor público nas áreas: saúde, trabalho,
saneamento, previdência educação e assistência social.
No cenário de saúde observa-se que esse período é caracterizado por aumento da mortalidade e da morbidade da população,
o quadro epidemiológico evidenciava a coexistência de doença infecto-contagiosa e doença crônica-degenerativa (ex.: Doença
de chagas, esquistossomose e malária), o ministério da saúde reduz as verbas destinadas à saúde pública, as políticas de
planejamento reforçaram a privatização dos serviços médicos através da compra de serviços pela previdência, privilégio da
saúde como elemento individual e não como fenômeno coletivo (a saúde não é vista como um todo), ensino médico
desvinculado da realidade sanitária da saúde e focado na especialização, relação médico-paciente e serviço de saúde população
autoritária, mercantilizada e tecnificada. Esse cenário de insatisfação de regressão levou ao surgimento do MOVIMENTO
SANITÁRIO. Observa-se ainda que os INPS enfrentaram a grave crise financeira, foi criado o instituto nacional de assistência
médica da previdência social INAMPS que se responsabilizaria pela prestação de assistência médica individual aos trabalhadores
urbanos e rurais, ocorre a criação da central de medicamentos (CEME) com o objetivo de proporcionar o acesso à população de
baixa renda os medicamentos e regular a produção e distribuição estatais.
DECADAS DE 80 E 90
Cenário Geral: observa-se a falência do modelo econômico do regime militar, com descontrole infracionário, a sociedade
mobilizava-se exigindo liberdade, democracia e eleição direta do Presidente da República, em 1990 o presidente Fernando Collor
de Mello tomou posse e adotou a política neoliberal que no campo de saúde refletia na queda de qualidade do sistema público.
No cenário de saúde, em 1980 foi lançado o prev-saúde durante a VII CNS, mas foi rejeitado por ser muito "progressista"
propunha a hierarquização das formas de atendimento e que a atenção primária se configurasse como porta de entrada de
serviço, como alternativa foi apresentado o conselho nacional de administração de saúde previdenciária CONASP que
apresentou o plano de reorientação da assistência à saúde no âmbito de previdência social - plano CONASP.
NO PLANO CONASP: propôs o reforço a organização da assistência médica, a priorização das ações primárias com ênfase na
assistência ambulatorial, a integração das instituições nos três níveis federais, municipais e estaduais, a utilização plena da
capacidade de produção e a participação complementar da iniciativa privada.
A partir do plano CONASP o governo assumiu a crítica ao modelo de saúde providenciaria e deu início ao processo de mudança
na medicina privada e mercantil, ele apresenta o PLANO DE AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE (AIS) como uma estratégia
governamental que contemplava interesses municipais estaduais e propunha o estabelecimento de convênios como o ministério
da providência e assistência social. As ações integradas de saúde são transformadas no sistema unificado e descentralizado de
saúde SUDS que representou o modelo de transição para o sistema único de Saúde SUS, o SUS foi criado pela constituição de
1988 e regulamentado dois anos depois pelas leis no 8080/90 e 8142/90
O SUS é constituído pelo conjunto de ações e serviços de Saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais
e municipais e complementarmente por iniciativa privada que se vincula ao sistema.
Em 1986 acontece VIII conferência nacional de saúde, o relatório das conferências serviu de base para as negociações na
assembleia nacional constituinte, em 1988 a assembleia nacional constituinte aprovou a nova constituição brasileira incluindo
pela primeira vez uma seção sobre a saúde. O presidente Fernando Collor adiou a convocação da IX conferência nacional de
saúde bem como a regulamentação da Lei orgânica de saúde (Lei 8080) que foi aprovada com vetos, os vetos foram negociados
e parcialmente recuperados na lei no 8142, em 1991 é criada a comissão de interjestores de tripartite CIT, composta pelo
ministério de saúde, secretaria de saúde estaduais e municipais e comissão de interjestores bipartite CIB composta pelas
secretarias de saúde estaduais e municipais.
REFORMA SANITÁRIO: iniciou-se nos primeiros anos da ditadura militar, nasceu dos movimentos sociais: popular, sindical,
estudantil, profissionais de saúde e acadêmico. Foi parcialmente incorporado pelo estado a partir da constituição de 1988, em
seu braço acadêmico contou com a associação brasileira de pós-graduação em saúde coletiva (ABRASCO) e com o centro
brasileiro da saúde (CEBES). Nos anos 80 apresentava-se como forte reação às políticas de saúde implementadas, emergindo
como uma alternativa concreta para a reformulação no sistema de saúde, criticava o modelo hospitalocentrico, propunha a
ênfase em cuidados primários e a prioridade do setor público e objetivou lutar pelo direito universal e equânime da saúde.
A reforma sanitário representou um marco na trajetória de saúde pública brasileira e atuou como um divisor de águas para a
construção de um novo momento na história das políticas sociais do país.
As ideias propostas da reforma sanitária eram influenciadas pelo marco conceitual: movimento preventista que trazia as ideias
da medicina integral, medicina preventiva e de medicina comunitária (países latino-americanos) e medicina social (Europa).
Difundia um novo paradigma científico com a introdução das disciplinas sociais na análise do processo saúde-doença trazendo
conceitos como: determinação social da doença e organização social da prática médica.
VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE: aconteceu em 1986 com ampla participação de trabalhadores, governo, usuários e
parte dos prestadores de serviços de saúde, foi discutida a saúde de forma ampliada tendo como propostas centrais: conceito
ampliado de saúde, participação popular, reconhecimento da saúde como direito, constituição e ampliação de ornamento da
saúde e criação do SUS.
A partir dessa conferência foram provados os principais pontos na carta Magna de 1988 foram: o direito universal à saúde, a
saúde como um dever do Estado, a constituição do SUS integrando todos os serviços públicos em uma rede, a preservação dos
princípios aprovados pela VIII conferência, a participação do setor privado do SUS de forma contemplar e a proibição da
comercialização de sangue e seus derivados.
Módulo III - Legislação do SUS e seus mecanismos de implantação
Princípios e diretrizes: constituem as regras pétreas do SUS
Princípios: base filosófica, cognitiva e ideológica do SUS.
Diretrizes: forma, estratégias e os meios de organização do sistema para sua concretização.
CONCEITO E PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS:
No SUS nós temos os princípios (universalidade, equidade e integralidade)
do SUS e as diretrizes ou princípios organizativos do SUS (participação
popular, regionalização e hierarquização descentralização e comando
único)
Esses três princípios vão ser a base de todo o sistema, eles vão ter que
nortear e orientar todas as ações executadas no âmbito do SUS todas as
políticas implementadas no âmbito do SUS e a realização do serviço
propriamente dito. Já as diretrizes os princípios organizativos do SUS vão
dizer como implementar isto na prática.
PRINCÍPIOS DA UNIVERSALIDADE: O SUS é um direito universal - Direito a saúde: a todos os cidadãos, acesso sem discriminação
- igualdade de acesso, não restrito apenas para aqueles que trabalham formalmente ou que contribuem diretamente para algum
tipo de seguro saúde.
PRINCIPIOS DA INTEGRALIDADE: a integralidade pode apresentar diversos sentidos: crítica à separação existente entre ações
preventivas e curativas, crítica da atenção à saúde como algo exclusivamente biológico, conceito ampliado de saúde - diversas
dimensões que determinam a produção da saúde e da doença, política de saúde voltada para que as necessidades de grupos
específicos e integradas com outras políticas de saúde, formação dos profissionais de saúde e organização integradora dos
conhecimentos e das práticas de trabalho como eixo norteador do processo educativo.

PRINCIPIO DA EQUIDADE: é necessário devido as injustiças sociais e


econômicas que levam a desigualdade no acesso, na gestão na produção de
serviço de saúde.
Tratar desigualmente o desigual - desafio: definir critérios para eleger princípios
de distribuição, classificar pessoas ou populações e estabelecer estratégias de
distinção.

DIRETRIZES:
Descentralização: corresponde a distribuição da esfera federal para a estadual e municipal de: poder político, responsabilidades
e recursos. A legislação do SUS e suas normas operacionais definem: as atribuições comuns de cada ente federativo, o papel e
as responsabilidades de cada esfera do governo na organização e operacionalização do SUS.
Regionalização: busca distribuir de forma mais racionalizada e equânime os recursos assistenciais no território. É a organização
do sistema voltado para a noção de território, onde se determinam critérios que vão nortear as ações e serviços de uma região:
perfis populacionais, indicadores epidemiológicos e condições de vida e suporte social. Quanto mais perto o sistema estiver:
maior sua capacidade de identificar as necessidades da população e melhor a forma de gestão do acesso aos serviços de saúde.
Hierarquização: propõe ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e estabelecer fluxos assistenciais entre os serviços. A
racionalização deve ser norteada pela hierarquização dos níveis de complexidade requeridos pelas necessidades de saúde das
pessoas.
Participação da comunidade: é assegurada pela constituição federal, é regulada pela lei número 8142/90, dispositivos
permanentes de formulação e acompanhamento das políticas no interior do sistema de saúde. É executada mediante: a
participação dos segmentos sociais organizados nas conferências e nos conselhos de saúde nas três esferas de governo e através
da participação em colegiados de gestão nos serviços de saúde.
SUS - DECRETO 7.508/2011
Regulamenta a lei número 8.080/90 para dispor sobre: organização do SUS, articulação interfederativa, planejamento da saúde
e assistência à saúde.
Região de saúde: espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de municípios limítrofes, delimitado a partir de
identidades culturais, econômicas e sociais e de rede de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados e tem a
finalidade de integrar a organização o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. É uma estratégia para facilitar
a organização do serviço do fluxo de pacientes através dos níveis de atenção conforme a necessidade que o paciente apresentar.
A organização dos serviços de saúde em regiões tem como objetivos: garantir o acesso resolutivo de qualidade à rede, efetivar
o processo de descentralização, com responsabilização compartilhada, favorecendo a ação solidária e cooperativa entre os entes
federados, reduzir as desigualdades loco-regionais por meio da conjuração interfederativa de recursos. Contrato organizativos
de ação pública COAP: principal produto gerado com a implantação dos dispositivos previstos no decreto, o objetivo é organizar
os fluxos e a oferta de serviços de saúde em uma região, traz uma série de avanços: monitoramento intenso das ações, foco em
resultados concretos, utilização de mecanismos de incentivo, dentre outros.
REDE DE ATENÇÃO A SAÚDE: conjunto de ações e serviços de Saúde articulados em níveis de complexidade crescente com a
finalidade de garantir a integralidade de assistência à saúde.
Integralidade de assistência de saúde: se inicia e se completa nas redes de atenção mediante referenciamento do usuário nos
níveis regional e interestadual conforme pactuado nas comissões interjestores, criação da RENAME - Relação Nacional de
Medicamentos, criação da RENASES - Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde e humanização do atendimento do usuário
que se torna determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas no COAP
CONTROLE SOCIAL E FINANCEIRO DO SUS: o financiamento do SUS está previsto na constituição que prevê fatores de
pagamento, percentuais a serem gastos em saúde e divisão e o repasse dos recursos entre as esferas de governo. A
regulamentação do financiamento foi realizada pela lei 8.080/90 e lei 8.142/90
Lei 8.080/90: define que os planos municipais de saúde são os instrumentos centrais de planejamento para definição e
implementação de todas as iniciativas do âmbito da Saúde.
Lei 8.142/90: trata dos condicionantes para recebimento de recursos federais e da participação da comunidade na gestão do
SUS, orienta a formação dos conselhos de saúde nos âmbitos nacional estadual e municipal.
Essa lei se dá a partir dos Conselho de saúde: órgão colegiados compostos por representantes do governo profissionais e
prestadores de serviços de saúde e usuários - atua na formação de estratégia e no controle da execução das políticas de saúde
nas instâncias correspondentes inclusive nos aspectos econômicos e financeiros e tem suas decisões homologadas pelo chefe
do poder executivo. (Os conselhos de saúde são compostos em 50% pelos usuários, e os outros 50% por trabalhadores da Saúde,
prestadores de serviço de saúde e representantes do governo.
CONSELHO MUNICIPAL DE SAUDE: apresenta-se como o espaço de prática da participação social no processo decisório das
políticas públicas de saúde, independente da convocação nacional os municípios podem e devem realizar suas conferências
visando: avaliar a saúde no município, propor diretrizes para a organização do sistema e das práticas de saúde e subsidiar a
construção do plano municipal de saúde.
COMISSÕES INTERGESTORAS: instâncias de representação, monitoramento e pactuação política e administrativa envolvendo
as três esferas do governo para: exercício de gestão compartilhada e participativa, definição de encargos sanitários de forma
compartilhada pelos gestores.
Comissão intergestores Tripartite (CIT): estabelece pactos entre representantes do ministério de saúde, de CONASS e do
CONASEMS.
Comissão intergestores Bipartites (CIB): estabelece pactos entre os municípios com a coordenação de gestão estadual.
Conselho nacional de secretarias municipais de saúde (CONASEMS) e conselho nacional de secretários de saúde (CONASS)

Você também pode gostar