Aula 1 - TCE - Thaisa Fasollo
Aula 1 - TCE - Thaisa Fasollo
Aula 1 - TCE - Thaisa Fasollo
Introdução:
- Atender como politraumatizado é obrigação de qualquer médico, e não especificamente do neurocirurgião.
Observação: se uma pessoa, sem fatores de risco, jovem, não faz uso de medicações antiplaquetárias, anticoagulantes, cai (da
sua própria altura) e bate a cabeça, consideramos um trauma de baixa energia cinética, na qual não trará grandes
consequências (na maior parte das vezes), no máximo uma cefaleia, não tendo indicação de se fazer algo. A situação mais
crítica é no paciente politraumatizado, uma vez que o politraumatismo engloba o TCE. O TCE é apenas uma parte do
atendimento do paciente politraumatizado.
- ABCDE do trauma (ATLS)
A: abrir/avaliar via aérea e estabilizar coluna cervical
B: checar respiração
C: circulação
D: avaliação neurológica (Glasgow): Nível de consciência – escala de coma de Glasgow; pupilas; exame neurológico
dinâmico e resumido.
E: exposição de outras lesões
Observação: o D compreende um exame neurológico rápido e simplificado, que envolve: (1) escala de coma de Glasglow (ECG),
que é feita para obter uma informação rápida sobre o nível de consciência APENAS, não serve para ver se a pessoa apresenta
algum déficit, se está instável ou estável, etc. (2) avaliação pupilar; (3) exame neurológico dinâmico e resumido para obter a
resposta necessária naquele momento. Exemplo: paciente com ECG = 13, sem alteração pupilar e não movimenta membros
inferiores – com essas informações o médico consegue entender claramente como é o estado clínico do paciente em questão.
- A ECG foi desenvolvida por uma enfermeira afim de verificar nível de consciência em situações emergenciais. Nela é avaliado
a melhor resposta motora, melhor resposta verbal e melhor resposta ocular.
- CUIDADO: paciente paraplégico (não movimenta MMII) que você pede para levantar a perna, ele irá levantar? NÃO. Significa
então que ele está com a resposta motora = 1 (pior resposta)? NÃO, se ele mexe membros superiores ele está obedecendo
comandos, ele só não mexe as pernas pois não consegue.
Observação: estímulo doloroso
Anisocoria:
- Na avaliação pupilar, quando a pupila está midriática (dilatada bilateralmente não fotoreagente) o prognóstico do paciente é
péssimo, provavelmente ele está entrando ou já está em morte encefálica. Outro dado muito importante é quando o paciente
está em anisocoria (uma pupila está maior que a outra), isto é a mesma coisa que um paciente que está em coma pedindo para
o médico salvar sua vida. A anisocoria “diz”: - Eu vou morrer, então faça alguma coisa, porque provavelmente eu não duro
muito tempo e vou entrar em morte encefálica também.
- Por que acontece essa anisocoria? Imagine um hematoma ou qualquer outra lesão (edema cerebral, sangramento
intraparenquimatoso, tumores compressores) eles comprimem o lobo temporal e fazem uma herniação de uncus, causando
desvio de linha média com herniação de uncus. E o que isso tem de relação com a anisocoria? TUDO. O uncus está muito
próximo do nervo oculomotor (terceiro nervo), que sai do mesencéfalo. Logo, o paciente que está anisocórico significa que
essa herniação de uncus, está comprimindo o terceiro nervo, que é um sinal indireto de compressão do mesencéfalo. E o que
TCE – classificação:
- Todo trauma é classificado em baixo, médio ou alto risco.
- Uma queda da própria altura é considerada um trauma de baixo risco por exemplo, já se o paciente capotou com o carro,
está com ECG = 8, ou seja, em coma, com algum traumatismo penetrante no crânio é um trauma de alto risco.
- No trauma de baixo risco o exame neurológico é normal, não há concussão, paciente não tem intoxicação por nenhuma droga,
sintomas leves, como cefaleia. O que significa ser de baixo risco? Que o paciente não precisa ficar internado em observação,
eventualmente não precisa nem fazer TC; basta tranquilizar o paciente e a família e deixa-lo em observação em casa.
- De moderado pra alto é um paciente que necessita de muita atenção, porque pode rebaixar ou já está gravemente
comprometido neurologicamente.
Fraturas de crânio: A
- Fraturas de base de crânio:
Fraturas geralmente estáveis, não precisam de cirurgia para corrigir essas fraturas
Sinais do guaxinim (A) e sinal da batalha (B)
Complicações: mais comumente fístula liquórica – fratura da base, por exemplo, da fossa
anterior do crânio, essa fratura do crânio lacera a dura-máter, e através desse trajeto da B
dura-máter começa a fistulizar líquor. Outra complicação é lesão de nervos cranianos.
Todos os nervos cranianos atravessam a estrutura craniana, o sétimo nervo por exemplo,
tem um grande trajeto dentro do osso petroso; essa fratura pode comprimir algum nervo
Contusões cerebrais:
- Sangramento ativo (hemorragia), causado por contusão cerebral, com compressão ventricular e
as estruturas estão sendo jogadas para o lado direito, logo mostrando um desvio da linha média.
- As contusões ocorrem geralmente nas “pontas do cérebro”, em especial nos lobos frontais e
temporais, ou ainda no lobo occipital.
- Geralmente as contusões não são cirúrgicas. Quando indicar cirurgia para contusões de crânio?
Quando há hipertensão intracraniana, devido um grande efeito de massas dessa contusão é
necessário drenar o sangue.
- Na maioria das vezes o paciente precisa ficar em
observação em UTI. Cuidado com pacientes
coagulopatas, em uso de medicações
antiplaquetárias ou anticoagulantes, uma vez que esses pacientes sangram
tardiamente, as vezes horas.
- Existem as lesões de golpe e contragolpe. As lesões de golpe são aquela no
local do trauma, já as por contra golpe são aquelas que ocorrem no sentido
oposto e mesma direção devido ao efeito do golpe.
Hemorragia cerebelar:
- Risco de hidrocefalia
Por exemplo, paciente sofreu uma queda, lesionou a fossa posterior e o cerebelo sangrou.
Observação: Sabe-se que as contusões cerebrais são, na maioria das vezes, não cirúrgicas, exceto,
quanto estas causam alguma complicação. Geralmente as hemorragias cerebelares possuem indicações
maiores, mesmo que o volume seja menor, pois um sangramento cerebelar pode ocasionar compressão
do quarto ventrículo, complicando com uma hidrocefalia obstrutiva, ou seja, tendem a ter uma
indicação cirúrgica mais frequente.
Em resumo: sangue no cerebelo possui ais indicação cirúrgica do que sangue no parênquima cerebral.
Extra (ATLS): Os hematomas subdurais são mais comuns que os hematomas epidurais ocorrendo em aproximadamente 30%
dos traumas cranioencefálicos graves. Eles ocorrem mais frequentemente por dilaceração de vasos superficiais pequenos ou
vasos ponte do córtex cerebral. Contrastando com a forma lenticular do hematoma epidural à TC, os hematomas subdurais
Hipertensão intracraniana:
- Geralmente está relacionado ao trauma cranioencefálico
- Doutrina de Monroe-Kellie
Explicação da imagem (segundo o artigo): A:
doutrina de Monro-Kellie sustenta que o volume
intracraniano total permanece constante. A:
estado fisiológico com pressão intracraniana
normal (PIC). Os principais componentes
intracranianos são cérebro (80%), sangue
arterial e venoso (10%) e líquido
cefalorraquidiano (LCR) (10%). O crânio é um
recipiente rígido, o volume intracraniano é
constante e os conteúdos intracranianos
normais são mostrados com PIC dentro da faixa
fisiológica (10 a 15 mmHg). B: massa
intracraniana com compensação (PIC normal).
Este paciente tem uma massa intracraniana
(lesão ocupante do espaço) de tamanho moderado. Como o volume intracraniano é constante, o volume crescente causado
pela massa é compensado por uma diminuição do conteúdo intracraniano. O volume venoso diminui com a saída do sangue
venoso da cavidade intracraniana para as veias jugulares. O volume do LCR diminui devido à saída do LCR através do forame
magno para o canal espinhal. O próprio cérebro é quase incompressível e, portanto, não ocorre nenhuma mudança significativa
em seu volume; nem há mudança no volume arterial. O volume intracraniano é constante e não há aumento líquido na PIC
(tamponamento de pressão). C: massa intracraniana com descompensação e elevação da PIC. A massa intracraniana é muito
maior, além da capacidade de tamponamento de pressão do sangue venoso e do LCR; há um aumento líquido no ICP.
Observação: (explicação do professor): Geralmente o assunto hipertensõ intracraniana esta relacionado ao trauma
cranioencefálico. É aquele paciente que necessitará de UTI e monitorização. A base de como maneja a pressão intracraniana é
a Doutrina de Monro-Kellie. Ele diz que a cavidade intracraniana é um espaço de volume fixo/contínuo (que normalmente não