Prêmio Maria Filina - Resumo Expandido

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OS JOGOS E MODELOS DIDÁTICOS COMO INSTRUMENTOS NO

ENSINO DE CIÊNCIAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DO ESPÍRITO


SANTO

Laira Laíse Almeida Santos1


MILANEZ, Camilla Rozindo Dias2
MATSUMOTO, Silvia Tamie3

Introdução

O ensino de ciências e biologia tem se mostrado um verdadeiro desafio para os professores


em sala de aula, principalmente, devido à dificuldade de fazer o aluno entender a linguagem
científica de maneira clara. Se por um lado, há a necessidade de apresentar ao aluno o
conteúdo prescrito nas diretrizes curriculares, por outro, muitos professores se restringem à
utilização dos livros didáticos como única ferramenta de ensino. Isso faz com que o caráter do
ensino se torne pouco motivador para o aluno, já que essa metodologia de ensino não costuma
desafiar, motivar e estimular o pensamento crítico do educando (CARABETTA, 2010).

As práticas pedagógicas são extremamente importantes para que os docentes obtenham bons
resultados (SCHEID, 2016), e os conteúdos de ciências abordados em sala de aula,
frequentemente, são vistos pelo aluno como uma prática de decorar nomes, conceitos e
esquemas, considerados muitas vezes como complexos e abstratos (GIANOTTO & DINIZ,
2010). Assim, a inserção de metodologias lúdicas no ensino de ciências tem como objetivo
tornar o ensino mais atrativo ao aluno, permitindo ao educando exercitar o senso crítico sobre
os conhecimentos adquiridos (MARTINS et al., 2018).

Frente a esse cenário, a utilização de jogos e modelos didáticos tem se mostrado uma
ferramenta de apoio pedagógico de extrema importância, uma vez que estes funcionam como
instrumentos mediadores e facilitadores no processo de aprendizado e memorização dos
conteúdos escolares, tornando as aulas mais motivadoras e participativas (CAMPOS et al.,
2003; ZUANON et al., 2010; MELO et al., 2017). Além disso, o valor da utilização de jogos
no processo de aprendizado também se expressa no estímulo de fomentar competências

1 Graduanda de Ciências Biológicas (UFES)


2 Doutora em Ciências Biológicas (Botânica). Professora Associada I do Departamento de Ciências
Biológicas/CCHN/UFES.
3 Doutora em Genética. Professora Associada IV do Departamento de Ciências Biológicas/CCHN/UFES
múltiplas do aluno, como motivar o trabalho em equipe, além das relações de competição,
superação e liderança (MARTINS et al., 2018).

Frente ao exposto, o presente trabalho buscou executar uma metodologia capaz de auxiliar os
professores de instituições públicas de ensino do Espírito Santo, por meio da utilização de
jogos e modelos didáticos sobre o conteúdo de biologia celular usualmente trabalhado nas
disciplinas de ciências e biologia.

Aplicação dos modelos e jogos didáticos

A execução do projeto foi possível após a realização de reuniões prévias com coordenadores e
professores de algumas instituições públicas de ensino. A metodologia foi aplicada no período
de uma aula, com duração de 50 minutos, no horário usual da disciplina, com a presença do
professor em sala.

Os modelos didáticos utilizados em sala de aula demonstravam a estrutura básica de uma


célula animal, com as organelas representadas em diferentes cores e texturas para que os
alunos pudessem visualizar melhor os conceitos relacionados ao conteúdo de biologia celular.

Foram utilizados dois jogos didáticos: Escalada Celular e Batalha Celular. No Escalada
Celular o aluno tinha a possibilidade de avançar no jogo, subindo os degraus de uma escada
de acordo com a quantidade de acertos que ele alcançava. O segundo jogo, Batalha Celular,
manteve o princípio pergunta e resposta, por meio de cartas; ao acertar a questão, o aluno
tinha a possibilidade de tentar afundar um navio do time adversário, semelhante ao clássico
jogo Batalha Naval, no qual foi inspirado. As cartas de ambos os jogos contemplavam a
temática abordada.

Para uma melhor execução das atividades, as turmas foram divididas em grupos e dentro dos
grupos os alunos se dividiram em duas equipes, assim, além de exercitar o espírito
competitivo, eles puderam compartilhar seu conhecimento com os próprios colegas. Grupos
de 6 a 8 alunos permitiram uma interação mais direta com os jogos e modelos didáticos. O
contato com os modelos possibilitou aos educandos revisar a matéria que já tinha sido
explanada pelo professor em sala de aula, já a exposição aos jogos, induziu ludicamente ao
exercício do conhecimento adquirido para que os alunos pudessem superar os obstáculos e
vencer as partidas, internalizando a temática abordada.
Após a aplicação dos modelos e jogos didáticos, um questionário foi aplicado com o objetivo
de avaliar os efeitos da utilização desses recursos como mediadores no ensino dos conteúdos
trabalhados em sala de aula, sob a perspectiva do aluno.

Resultados e discussão

Foram analisados 189 questionários, aplicados aos alunos de nove turmas, de oitavos e nonos
anos, em três escolas públicas de Ensino Fundamental, no município de Serra, Espírito Santo,
no período de julho a novembro de 2019. Após a análise dos questionários fornecidos aos
alunos, foram obtidos os seguintes resultados: 97% dos alunos assinalou que gostaria que os
jogos de ciências fossem utilizados mais vezes em sala de aula, indicando que esta prática
pedagógica é motivacional e desperta o interesse dos alunos, podendo facilitar o processo de
ensino e a troca de saberes entre educador e educando (CAMPOS et al., 2003; CASTOLDI &
POLINARSKI, 2009; ZUANON et al., 2010;). Além disso, 96,1% dos alunos afirmou que a
utilização dos jogos didáticos tinha ajudado no processo de memorização do conteúdo e
93,7% assinalou que a utilização dos jogos ajudou no aprendizado da matéria, demonstrando
um efeito positivo e facilitador para a aprendizagem do conteúdo de biologia celular ensinado
em sala de aula, o que otimiza o ensino (MARTINS et al., 2018; SANTANA & SANTOS,
2019).

Conclusão

Com base nos resultados obtidos, concluímos que a execução deste trabalho, por meio da
utilização de jogos e modelos didáticos, demonstrou-se uma importante ferramenta para o
processo de aprendizado do aluno na área de biologia celular, contribuindo, portanto, para o
ensino de ciências em escolas públicas do Espírito Santo.

Referências

CAMPOS, L. M. L.; BORTOLO, T. M.; FELÍCIO, A. K. C. A produção de jogos didáticos


para o ensino de ciências e biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem.
Caderno dos núcleos de Ensino, v. 47, p. 47-60, 2003.

CASTOLDI, Rafael; POLINARSKI, Celso Aparecido. A Utilização de Recursos Didático-


Pedagógicos na Motivação da Aprendizagem. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e
Tecnologia, p. 684-692, 2009.
GIANOTTO, Dulcinéia Ester Pagani; DINIZ, Renato Eugênio da Silva. Formação inicial de
professores de Biologia: a metodologia colaborativa mediada pelo computador e a
aprendizagem para a docência. Ciência & Educação, v. 16, n. 3, p. 631-648, 2010.

MARTINS, Ian de Oliveira; COELHO, Edvar Junior Roncetti; ROCHA, Lívia Dorsch;
MATSUMOTO, Silvia Tamie. “A viagem ao núcleo da célula”: Um jogo didático para o
ensino de Biologia Celular no Ensino Médio. In: ARAÚJO, Michell Predruzzi Mendes;
CORTES, Viviana Borges (Orgs). O ensino de Ciências e Biologia em uma perspectiva
crítica. São Carlos: Pedro e João Editores, 2018.

MELO, Ana Carolina Ataides; ÁVILA, Thiago Medeiros; SANTOS, Daniel Medina Corrêa.
Utilização de jogos didáticos no ensino de ciências: Um relato de caso. Ciência Atual:
Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário São José, [s. l.], v. 9, n. 1, p. 1-14,
2017.

SANTANA, Juliane Maria de; SANTOS, Caique Barbosa dos. O Uso de Modelos Didáticos
de Células Eucarióticas como instrumentos facilitadores nas aulas de Citologia do
Ensino Fundamental. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, v. 13, ed. 45, p.
155-166, 2019.

SCHEID, Neusa Maria John. Os desafios da docência em ciências naturais no século XXI.
Rev. Fac. Cienc. Tecnol., n. 40, p. 277-309. 2016.

ZUANON, Átima Clemente Alves; DINIZ, Raphael Hermano Santos; NASCIMENTO,


Luiziane Helena do. Construção de jogos didáticos para o ensino de Biologia: um recurso
para integração dos alunos à prática docente. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e
Tecnologia, v. 3, ed. 3, p. 49-59, 2010.

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