Teologia Pastoral
Teologia Pastoral
Teologia Pastoral
FICHA CATALOGRÁFICA
CDD:23.ed. 230.06
Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
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AUTOR
Prof. Esp. Erison de Moraes Valério
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, Aluno (a)! Bem-vindo (a)!
Bons Estudos!
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
Fundamentos da Teologia Pastoral
UNIDADE 2
Vocação e Qualificação Pastoral
UNIDADE 3
Práticas Pastorais
UNIDADE 4
A Teologia Pastoral, a Psicologia e o
Aconselhamento
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Professor Especialista Erison de Moraes Valério
TEOLOGIA PASTORAL
FUNDAMENTOS DA
Objetivos da Aprendizagem
UNIDADE
● Conceito e prolegômenos.
Plano de Estudos
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INTRODUÇÃO
Olá, tudo bem? Bem-vindo a nossa primeira unidade de estudo!
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TÓPICO
CONCEITO E
PROLEGÔMENOS
A teologia pastoral é a ciência que trata dos rudimentos bíblicos para o exercício do
labor pastoral, assim como das relações do sacerdócio (seja padre ou pastor) quanto ao
trabalho na igreja, família, sociedade, etc. Em suma, trata-se de uma especificidade na
teologia que se ocupa com as atividades pastorais teóricas e práticas. Deriva-se da palavra
grega poimen, cujo é pastor. Em sua amplitude, a poimenica refere-se ao trabalho pastoral
de modo geral.
Em contrapartida, a outras disciplinas teológicas, o estudo científico da teologia
pastoral foi muito discutido durante a história, e ainda possui atenção especial nos dias
atuais. Para iniciar o tratamento desta disciplina teológica, devemos primeiramente buscar
sua definição, elucidando o que ela pretende, sua finalidade, os meios de atuação, etc.
Conforme Ramos (2011) afirma em sua obra Teologia Pastoral, o estudo da teologia
pastoral é complexo, “[...] tanto pela evolução que esse tema vem sofrendo dentro dos estudos
teológicos desde seus primórdios, há pouco mais de dois séculos, bem como o grande número
de conotações que o termo “pastoral” tem em nossa língua. (RAMOS, 1995, p. 5)
A abordagem sobre teologia pastoral é ampla e demanda um estudo pormenorizado
de suas perspectivas. Como definição pode abranger duas linhas de pensamento; a
teologia pastoral como atividade prática e a teologia pastoral como atividade específica que
busca a compreensão das atividades no âmbito eclesial. Neste segundo ponto de vista,
Szentmártoni (1999) afirma:
“A pastoral pode ser definida como reflexão teológica sobre o conjunto das atividades
com as quais a igreja se realiza, com a finalidade de definir como essas atividades
deveriam ser desenvolvidas, levando em consideração a natureza da igreja e sua
situação atual e a do mundo.” (SZENTMÁRTONI, 1999, p. 11).
Podemos fazer uma primeira aproximação do termo e dizer que comumente usamos
para nos referir ao prático na Igreja, ao trabalho que se realiza concretamente
dentro dela. Neste caso, as diferentes ações eclesiais seriam campos diferentes da
pastoral. (RAMOS, 1995, p. 5).
Portanto, não é possível abordar a teologia pastoral com uma perspectiva que adote
a esfera de atuação na igreja, em detrimento de somente um estudo científico teológico.
Além disso, não há prática séria e consistente, que não tenha o estudo como um
dos elementos componentes do seu processo. (RAMOS, 1995). Nossa abordagem nesta
disciplina acontecerá no pensamento do teórico com o prático, do reflexivo para as ações
operacionais da atividade, essenciais em toda atuação da teologia pastoral.
2
TÓPICO
A TEOLOGIA
PASTORAL E O ESTUDO
ACADÊMICO
A história da teologia pastoral e sua autonomia como disciplina científica possui suas
origens relativamente há pouco tempo. Apesar disso, existem escritos teológicos com a
preocupação Pastoral desde o início do cristianismo. Segundo Balsan (2018):
3
TÓPICO
FUNDAMENTOS
BÍBLICOS DA
TEOLOGIA PASTORAL
“Então disse o Senhor: Com efeito tenho visto a aflição do meu povo, que está no
Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheço
os seus sofrimentos; e desci para o livrar da mão dos egípcios, e para o fazer subir
daquela terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel;
[...]” (BÍBLIA, Êxodo 3.7-8, ARA, 1994).
O povo teve uma experiência pessoal no deserto de um Deus próximo, que entende
seu sofrimento, quando desceu no deserto. “[...] “Certamente tenho observado a opressão
e a miséria sobre meu povo no Egito, tenho ouvido seu clamor, por causa dos seus feitores,
e sei o quanto estão padecendo.” (BÍBLIA, Êxodo 3.7, ARA, 1994).
Apesar de caminhar com seu povo, as pegadas de Deus não eram físicas, portanto,
ninguém via seu rastro. Os seus líderes eram quem pastoreavam o povo, em diversas
situações, sob sua condução divina. Vejamos Salmos 77.21: “Guiaste o teu povo como a
um rebanho pela mão de Moisés e de Arão.”
Durante a Monarquia de Israel, que se encontrava ameaçada pelo exílio babilônico e
a destruição de Jerusalém, o profeta Ezequiel descreve a figura de um pastor e messias:
“Darei às minhas ovelhas um Pastor, um rei que será como o meu servo Davi, para ser o
seu único pastor. Ele cuidará do meu rebanho e será o seu líder.” (BÍBLIA, Ezequiel 34.23
ARA, 1994).
Ele seria a resposta aos maus pastores que enganavam e faziam o povo de Israel se
desviar dos caminhos de Iahweh.
Através do profeta Jeremias, Deus anuncia que virá um rei que atuará com inteligência
e exercerá a justiça sobre a terra: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi
um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a
justiça na terra.” (BÍBLIA, Jeremias 23.5 ARA, 1994).
No Novo Testamento, Cristo aparece interpretando sua história e sua missão desde o
ambiente religioso-cultural de sua cidade e compreendendo também a partir da terminologia
pastoral sua própria obra. Em seu ministério, Cristo atuava direcionando o rebanho sem
pastor para conhecer o caminho de volta, conforme o relato dos evangelistas Mateus e
Marcos: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e
errantes, como ovelhas que não têm pastor.” (BÍBLIA, Mateus 9.36, ARA, 1994). “E Jesus,
ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como
ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.” (BÍBLIA, Marcos
6.34, ARA, 1994).
Segundo o relato de João, Cristo se identifica como o Bom Pastor, que dá sua vida
pelas ovelhas: “Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco
das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Mas o que entra pela
porta é o pastor das ovelhas.” (BÍBLIA, João 10.1-2, ARA, 1994).
Segundo Balsan (2018):
Os pastores dos rebanhos que usavam o mesmo abrigo eram conhecidos do por-
teiro e, portanto, ele lhes abria a porta assim que precisassem. Porém, enquanto os
pastores entravam pela porta, os ladrões entraram pelos fundos, justamente para
não serem vistos pelo vigia. (BALSAN, 2018, p, 73).
A parábola do Bom Pastor relata a cura de um cego de nascença, que após apresentar-se
na sinagoga curado e professando sua fé em Jesus Cristo, posteriormente é expulso daquele
local. A passagem do Evangelho de João capítulo 9, apresenta um paradoxo na narrativa:
A aplicação dessa interpretação nos conduz à reflexão de que, aqueles que desejam
pastorear as ovelhas de Cristo sem passar pela porta do aprisco, são comparados a pastores
não autênticos, mas ladrões e assaltantes.
Para exercer a função Pastoral, é preciso, antes, processar a fé em Jesus Cristo, o
Filho Unigênito de Deus, e ser iluminado por Ele. (BALSAN, 2018).
Juntamente com a afirmação bíblica de Jesus como bom pastor, percebemos o
universalismo de seu rebanho. “As ovelhas que não são do rebanho judeu, ou seja, os
gentios, também pertencem a Ele e devem ser acrescentados ao rebanho, para que haja
um só rebanho e um só pastor.” (RAMOS, 1995, p. 21).
Em outra passagem do Evangelho de João, no capítulo 10, nos versículos de 2 a
5, Jesus Cristo se intitula como o bom pastor e se apresenta como a porta. Depois disso
ocorre a comparação entre o bom pastor, que dá a vida pelas ovelhas e o ladrão, que
abandonam e deixam o rebanho à própria sorte diante das ameaças.
O relacionamento de Jesus o Bom Pastor com as suas ovelhas é semelhante ao Deus
Pai e o Filho, segundo o relato de João 10.14-15 (Bíblia, ARA, 1994): “Eu sou o bom pastor;
conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu
conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.”
Na carta aos Efésios, Paulo registra Jesus Cristo, como o cabeça da igreja, que lidera
e pastoreia. Vejamos a passagem de Efésios 1.22: “E pôs todas as coisas debaixo dos pés
e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja,” (Bíblia, Efésios 1.22, ARA, 1994).
MacArthur (1998, p. 58) afirma que o presbítero é “[...] um título que destaca a
direção administrativa e espiritual da igreja.” Vamos verificar algumas passagens bíblicas
que trazem a palavra grega presbyteros:
● Pastor (poimen), possui alguns derivados na língua grega, que são poinmê e
poimnion, que significa “rebanho”. Outra expressão grega encontrada é o poimanô
cuja tradução é “pastorear”. Segundo Lopes e Lopes:
No grego clássico, poimên (pastor) era título de honra aplicado a soberanos, líde-
res, governantes e comandantes dos exércitos gregos chegou até o apóstolo Paulo,
que emprega palavras denotando o privilégio e a honra dos que exercem o ministé-
rio pastoral na igreja de Cristo. (LOPES e LOPES, 2011, p. 57).
» Efésios 4:11,12: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vis-
tas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para
a edificação do corpo de Cristo.” (BíBLIA, ARA, 1994).
» 1 Pedro 5:2,3: “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por cons-
trangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ga-
nância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.” (Bíblia, ARA, 1994).
● Pregador (gr. kerux), conforme afirma MacArthur (1998, p. 58), “[...] indica a
proclamação pública do Evangelho e ensino do rebanho.” Paulo quando escreve a segunda
carta a Timóteo deixa claro esta função: “[...] do qual fui constituído pregador, apóstolo e
mestre.” (BÍBLIA, 2 Timóteo 1.11, ARA, 1994). Semelhantemente com a primeira carta
ao discípulo: “Para isto fui designado pregador e apóstolo (afirmo a verdade, não minto),
mestre dos gentios na fé e na verdade.” (BÍBLIA, 1 Timóteo 2:7, ARA, 1994).
Os termos ancião e bispo são sinônimos em Atos 20.17 e Tito 15-7. Os títulos de
presbítero, bispo e pastor são também sinônimos em 1 Pedro 5.1-2. A função de li-
derança dos presbíteros é também evidente na atividade pastoral de Tiago 5.14. [...]
Em 1 Timóteo 5 17 e Hebreus 13.7, os termos mestre e pregador estão associados.
Efésios 4.1 relaciona pastores com professores, como ocorre em 1 Timóteo 5:17 e
Hebreus 13:7. (MACARTHUR, 1998, p. 59)
Fonte: CARRARA, P. S. Presbítero: discípulo do Senhor e pastor do rebanho. Petrópolis, Vozes, 2019.
O pastoreio de Jesus revela, uma dimensão social que os evangelistas transcreveram com a figura do
rebanho, em um plano mais restrito, mas de forma mais ampla, na figura do Reino de Deus. Esta expressão
é fundamental para o entendimento da missão de Jesus enquanto pastor na leitura dos Evangelhos, uma
vez que, ocorrem sessenta e oito vezes em dez livros do Novo Testamento.
Fonte: SILVA, S. A. Jesus, o bom pastor, enquanto fundamento e modelo da ação pastoral em vista da
formação do Reino de Deus. Revista Eletrônica Espaço Teológico. Vol. 8, n. 14, jul/dez, 2014, p. 242-261.
Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/reveleteo/article/view/21564/15813. Acesso em: 15
maio de 2023.
Este artigo tem como objetivo discorrer sobre os desafios da articulação entre
pastoral enquanto práxis em diálogo com a teologia pastoral na sua forma acadêmica. Essa
articulação que se chama dialética torna-se mais desafiadora devido às polarizações pelas
quais passa a sociedade hodierna.
Fonte: MAMENDE, J. F. Os desafios da pastoralidade: tensão e dialética entre teologia e pastoral. Belo
Horizonte: Annales FAJE, v. 4, n. 2, 2019. https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/annales/article/
view/4302/4336. Acesso em 12 maio. 2023.
LIVRO
Título: Introdução à teologia pastoral
Autor: Mihály Szentmártoni
Editora: Edições Loyola
Sinopse: A teologia pastoral pode ser definida como reflexão
teológica sobre o conjunto das atividades com as quais a Igreja
se realiza, como a ciência teológica da ação, da cooperação
ministerial da Igreja com o plano da salvação. O propósito
deste livro é oferecer aos professores e estudantes de teologia
uma introdução aos que se encontram pela primeira vez com a
teologia pastoral e mostrar os principais temas desse ramo da
teologia.
FILME/VÍDEO
Título: Teologia e Ministério Pastoral | Jonas Madureira, Hélder
Cardin e Sandro Baggio
Ano: 2016
Sinopse: Neste bate-papo, Jonas Madureira, Hélder Cardin e
Sandro Baggio discutem a relação da teologia com o ministério
pastoral, bem como a responsabilidade do pastor perante a
cultura.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=d_lejVY-
Son0
VOCAÇÃO E
QUALIFICAÇÃO
PASTORAL
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Plano de Estudos
• A Vocação Pastoral
• O caráter do vocacionado ao ofício pastoral.
• A Ética pastoral
• O cuidado com o cuidador
Objetivos da Aprendizagem
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1
TÓPICO
VOCAÇÃO PASTORAL
Eles são voluntários, mas não vocacionados. Entraram pelos portais do ministério
por influências externas, e não por um chamado interno e eficaz do Espírito Santo.
Foram motivados pela sedução do status ministerial ou foram movidos pelo glamour
da liderança pastoral, mas jamais foram separados por Deus para esse mister.
(LOPES, 2008, p. 15).
2
TÓPICO
O CARÁTER DO
VOCACIONADO AO
OFÍCIO PASTORAL
3
TÓPICO
A ÉTICA PASTORAL
Com certeza você já deve ter ouvido a expressão: “aquela pessoa não agiu de forma
ética”, ou “esse não é o padrão ético esperado por alguém com essa responsabilidade”.
Pois bem, esses são exemplos cotidianos de como o conceito de ética é aplicado. A partir
disso, estudaremos a ética como conceito e como ela se aplica à prática pastoral.
A palavra ética origina-se da palavra grega ethos, que remete a costume, hábito de agir
ou índole. O significado aproxima-se da palavra da moral, de origem no latim mos e moris, ou
seja, que se refere às normas que apresentam o comportamento esperado (PEB, 2017).
A ética, em seu uso popular, pode ser entendida “[...] como princípios de conduta
que orientam a ação de uma pessoa ou grupo” (PEB, 2017, p. 36).
Quando nos referimos a ética e moral, é necessária uma contextualização de
valores, lugares e origens, para entender os padrões de certo e errado. Neste caso, estamos
tratando de valores bíblico-teológicos no que diz respeito a conduta e atividade pastoral.
Pelo caráter e o amadurecimento do indivíduo, espera-se que suas ações sejam
condizentes com o padrão ético estabelecido pelas Escrituras. Ele produzirá pelo que ele
mesmo se tornou. Portanto, no tópico anterior tratamos dos valores e princípios condizen-
tes à pessoa e sua integridade, agora, veremos como consequência, suas ações com base
na ética produzidas por ele.
Em diversos momentos da história do Cristianismo, os modelos éticos bíblicos
sofreram abruptamente relativizações, inclusive na atualidade. Em alguns momentos
ocorre até o esmigalhamento da verdade bíblica, fragilizando doutrinas e tradições e em
detrimento a outros costumes.
A derrocada abrupta de modelos éticos e morais, elaborados ao longo do
Cristianismo, levanta dúvidas profundas em relação aos rumos da atualidade. O desafio
é reconhecer os valores éticos e morais das Escrituras em relação a pastoralidade, que
possam preencher essa lacuna.
O iracundo (gr. orgilon), se refere a raiva ou ira. Faz referência a uma pessoa que
possui um frequente desequilíbrio de humor.
Não dado ao vinho (gr. paroinon) significa literalmente “estar ao lado do vinho”. Essa
expressão repete-se em 1 Timóteo 3.3 e novamente Tito 2.3, dando a ideia de sobriedade
e alerta ao exercer suas funções. A análise de MacArthur (1998, p. 119) nos acrescenta:
“as pessoas dos tempos bíblicos tomavam sérias precauções para não produzir um vinho
embriagante. Hoje é diferente. O vinho é retirado diretamente da fruta e fermentado de
propósito.” O sentido ético do texto é que o vocacionado a pastoralidade, não deveria ser
um beberrão ou ter qualquer associação a dissolução da bebida alcoólica.
Não espancador, se refere a pessoas que se valem “das mãos” para resolverem
suas questões. No contexto da passagem isso era comum, talvez em nossos dias isso seja
uma exceção. Porém, não é incomum a utilização de meios sutis, inclusive de vingança.
(MACARTHUR, 1998). Cabe ao líder a resolução pacífica de conflitos em qualquer instância.
Por fim, a última característica é “não cobiçoso de torpe ganância”. Na língua grega
a expressão tem a composição de duas palavras: aischros, que significa vergonhoso e,
kerdos que aponta para o lucro pessoal. Não se refere ao salário destinado ao ofício, “[...]
mas descreve alguém que não se importa com a maneira pela qual junta dinheiro. Falta-lhe
integridade e honestidade” (MACARTHUR, 1998, p. 122).
No que diz respeito à ética na teologia pastoral, existem diversos assuntos que
se estendem a questões que são tratadas na sociologia, na medicina, na psicologia,
antropologia, entre outros. A questão a ser analisada é: “como esses assuntos devem ser
tratados na dinâmica da ética pastoral? Como lidar biblicamente com assuntos que possam
divergir do princípio bíblico? Como me posicionar em relação ao aborto? Além da dissolução
da família, as drogas, política, etc.?
O líder vocacionado ao ministério pastoral procura a base escriturística para seus
pressupostos, detendo os princípios de um verdadeiro seguidor de Cristo. Porém, necessita
entender que vive numa sociedade, onde muitas vezes a tolerância é ignorada. Desta forma,
o pastor deve analisar as diversas perspectivas existentes, mantendo firmes seus alicerces
e princípios, tendo em mente que, esta posição não lhe concede ser juiz e executor. “Cabe
a nós nos manter bem informados a respeito desses assuntos para sabermos orientar,
conversar, debater e ajudar ao próximo” (MARTINS, 2019, p. 95).
4
TÓPICO
O CUIDADO COM O
CUIDADOR
Como foi abordado anteriormente, o Bom Pastor Jesus Cristo é o exemplo para o
exercício do ministério pastoral. Ele cuidava porque se importava com o ser humano e suas
mazelas oriundas do pecado. Em sua trajetória aqui na terra Ele esteve junto com os mais
improváveis, na via contrária daquilo que a sociedade judaica e romana tinha como para-
digma moral. Seu olhar era para as ovelhas que andavam desgarradas sem pastor, onde
o Evangelho de Mateus registra precisamente essa condição: “E, vendo as multidões, teve
grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que
não têm pastor” (BÍBLIA, Mateus 9:36, ARA, 1993). Foi um ministério de sofrimento, dores,
privação, perseguição, repúdio e por fim, o sacrifício expiatório.
O Salvador garantiu que aqueles que seguissem seus passos não teriam uma vida
de glamour:
“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como
as serpentes e simples como as pombas. Acautelai-vos dos homens; porque eles
vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; e por minha
causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de
testemunho, a eles e aos gentios. [...] ‘e sereis odiados de todos por causa do meu
nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo’.” (BÍBLIA, Mateus 10.
16-18; 22, ARA, 1994).
Podemos então apontar que o pastor detém o poder, mas a igreja determina o tem-
po de trabalho e dedicação do pastor à congregação, e com base em depoimentos,
experiência e observação, o tempo que o pastor deve oferecer, é toda sua vida. E,
ao não cuidar de sua saúde física, mental e emocional, ele é sensível para adquirir
em um momento de sua vida no exercício do ministério, a síndrome de burnout e
outras doenças psicossomáticas, como stress e depressão. (PESSOA, 2020, p. 76-
77).
O vídeo do “Simpósio Suicídio de Pastores”, do médico psiquiatra Ismael sobrinho. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=pwJDPe5ShL4&t=2449s
O sermão do Monte é a grande abertura daquilo que Jesus quer comunicar, ponto a ponto, sobre a lei régia,
a perfeita lei da liberdade, sobre a palavra que está plantada em nós. A palavra bem-aventurança pode ser
interpretada como as alegrias do céu ou uma declaração de felicidade. Havia dois públicos para quem Jesus
estava falando: para os discípulos (seus seguidores) e para o povo.
“O que a igreja precisa hoje não é de mais ou melhores mecanismos, nem de nova organização ou mais e
novos métodos. A igreja precisa de homens a quem o Espírito Santo possa usar, homens de oração, homens
poderosos em oração. O Espírito Santo não flui através de métodos, mas através de homens. Ele não vem
sobre mecanismos, mas sobre homens. Ele não unge planos, mas homens, e homens de oração!” (E. M
Bounds, citado por LOPES, 2008, p. 74).
Fonte: EBERT, C. O Sofrimento Pastoral. Revista Psicoteologia. Canoas: Edição n.º 58, 2.º semestre de
2016. Disponibilizado pela autora no link: https://www.clariceebert.com.br/single-post/2017/08/05/o-sofrimen-
to-pastoral. Acesso em 03 Jul 2023.
LIVRO
Título: O sofrimento do pastor: Um mal silencioso enfrentado
por Paulo e por pastores ainda hoje
Autor: João Rainer Buhr
Editora: Editora Esperança
Sinopse: Aquele sorriso sempre aberto, o olhar de empatia
pronto a atender a todos, escondia algo terrível, com o que o
pastor não conseguiu lidar. Este livro corajosamente aborda
este mal que aflige hoje os pastores, da mesma maneira que
afligia o apóstolo Paulo em seu tempo. Paulo sofreu, mas deixou
registradas as atitudes que o protegiam em meio às tribulações
da vida, e que ainda hoje podem servir de exemplo e motivação
a todos os cristãos.
VÍDEO
Título: O Ministério Pastoral - Efésios 4.11-13 - Luiz Sayão
Ano: 2019.
Sinopse: A abordagem trata do servir no Reino de Deus através
da vocação pastoral. O professor, linguista e teólogo Luiz Sayão
proporciona uma reflexão com vistas a entender de acordo com
os princípios bíblicos o ministério pastoral.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ImsnqXbA4Fk
• A Teologia do cuidado
Plano de Estudos
junto a sociedade.
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humano.
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INTRODUÇÃO
Olá, tudo bem? Seja bem-vindo à nossa terceira unidade de estudo! A cada passo
que estudamos nos aprofundamos neste importante estudo teológico.
Na unidade anterior, estudamos os aspectos referentes à teologia pastoral sob a
perspectiva do vocacionado e seu exercício do ofício. Nesta unidade, aprenderemos acerca
do sofrimento por conta do pecado, além das dores e aflições do ser humano. Vivemos
uma realidade onde as aflições, doenças e as moléstias da alma têm se acentuado. Desta
maneira, o cuidado com os que sofrem requer mais atenção por parte da pastoralidade.
No tópico 1, veremos essa questão do sofrimento, suas origens e as concepções
do pecado nas mais diversas culturas e religiões. Essa questão importante traz à luz
uma realidade que necessita ser abordada pela comunidade acadêmica e eclesial. Como
lidamos com o sofrimento? Aliás, como o sofrimento tem alcançado proporções, no que se
refere às doenças da alma.
Em seguida, no tópico 2, seguimos com o estudo acerca das ações necessárias
por parte do vocacionado ao ofício pastoral, a saber a teologia do cuidado. Neste ponto,
aprenderemos sobre os parâmetros bíblicos que norteiam esse conceito de cuidado. Desde
os profetas até o Salvador, percebemos o cuidado do Altíssimo com a humanidade que
sofre por conta do pecado.
Por último, no tópico 3, abordaremos a questão das ações pastorais na sociedade.
Essa vertente teológica recente vem ganhando evidência há algumas décadas. A teologia
pública busca entender a atividade pastoral e da igreja mediante o contexto público. Deste
modo, como podemos avaliar a atuação do ministério e vocação pastoral mediante a esfera
pública? Veremos quais são as problemáticas e as soluções propostas pelos estudiosos.
Caro aluno, espero que esta unidade lhe proporcione um aprendizado de qualidade
em Teologia Pastoral.
Bons Estudos!
1
TÓPICO
O PECADO E O
SOFRIMENTO DO SER
HUMANO
A mais importante conexão foi interrompida. Tudo aquilo que ligava o homem a
Deus foi perdido no Jardim do Éden por conta do pecado de Adão e Eva. “[...] assim como
por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.” (BÍBLIA, Romanos 5.12,
ARA, 1994). Desta forma, tudo aquilo que foi criado com perfeição, os animais terrestres,
as aves, os peixes, o ser humano e toda a criação, foi atingido pelo pecado original.
O livro de Gênesis descreve o homem criado de forma direta pelo Criador, ou seja,
a mais bela obra da criação. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-
lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.” (Bíblia, Gênesis 2.7,
ARA, 1994).
O Imago Dei, termo utilizado durante a história da teologia para expressar a cria-
ção do homem a imagem e semelhança de Deus, representa a capacidade do homem ao
raciocínio, comunicação, autoconsciência, inteligência, emoções, perfeita espiritualidade e,
tudo mais que o difere dos animais. Era possuidor de perfeita comunhão com Deus pela
sua incorruptibilidade.
Com a desobediência no Éden o homem perdeu a condição perfeita de sua criação,
estando sujeito a morte. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não
comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Bíblia, Gênesis 2.17,
ARA, 1994) Concomitante, a essa nova realidade de finitude por conta da morte, outras
consequências recaíram ao homem:
A terra foi amaldiçoada: “[...] maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás
dela todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas
do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela
foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.” Gênesis 3.17-19.
“[...] de fato, toda a cabeça está em chagas, o coração tomado pelo sofrimento. Des-
de a planta dos pés até o alto da cabeça não existe nada são; somente machucadu-
ras, vergões e ferimentos sangrando que não foram limpos nem atados, tampouco
tratados com azeite.” (Bíblia, Isaías 1.5-6, KJA, 2012).
A harmonia em que viviam, graças à justiça original, ficou destruída; o domínio das
faculdades espirituais da alma sobre o corpo foi quebrado (280); a união do homem
e da mulher ficou sujeita a tensões (281); as suas relações serão marcadas pela
avidez e pelo domínio (282). A harmonia com a criação desfez-se: a criação visível
tornou-se, para o homem, estranha e hostil (283). Por causa do homem, a criação
ficou sujeita ‘à servidão da corrupção’. (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, s/p).
A questão que cabe a nossa atenção é: qual a visão da teologia pastoral e o seu
foco no sofrimento humano e sua complexidade? Qual a responsabilidade do vocacionado
ao ofício pastoral com o sofrimento humano?
2
TÓPICO
A TEOLOGIA DO
CUIDADO
Como substantivo, essa palavra, quando usada como símbolo, pode indicar
compaixão, amor, simpatia, afeição e misericórdia. Provavelmente esse uso do
termo desenvolveu-se através - da observação - que as emoções afetam os sentidos
físicos e o estado geral dos intestinos. Talvez a principal característica de Jesus
fosse a sua participação simpática nos sofrimentos da humanidade. (CHAMPLIM,
2002, p. 421).
3
TÓPICO
A ATIVIDADE PASTORAL E A
SOCIEDADE
“[...] o pastor é uma figura pública que não deve fazer nada para o próprio bene-
fício, que não deve falar com o objetivo de atrair atenção para si, mas para longe
de si — ao contrário da maioria das celebridades contemporâneas. O pastor deve
apresentar alegações de verdade com o objetivo de ganhar as pessoas não para
sua maneira de pensar, mas para a maneira de pensar de Deus. O pastor tem de
se realizar não pelo crescimento de sua posição social, mas, se for necessário, pela
diminuição dela. (VANHOOZER, 2016, p. 38).
No século XVI A.D, mesmo sendo estrangeiro, Calvino desempenhou uma enorme
influência pública em Genebra. Na Alemanha, Dietrich Bonhoeffer “[...] foi um dos principais
líderes da Igreja Confessante, que se opunha ao nazismo e que, sob a orientação de Barth,
elaborou a Declaração de Barmen, de 1934, cujos signatários se recusavam a submeter a
Palavra de Deus ao controle nazista” (AL TRUESDALE ORG. 2021, p. 136).
Com base nesses testemunhos, a teologia deve cumprir seu diálogo entre a Palavra
de Deus contida nas Escrituras e o mundo alvo do amor de Deus. Desta forma, através da
iluminação do Espírito Santo acontece a comunicação da mensagem às pessoas nos mais
diversos ambientes (seja cristão ou não).
Portanto, uma das tarefas de incumbência ao vocacionado ao pastoreio no âmbito
público, é expor a Palavra de Deus, nas mais diversas situações. Pode ser no altar da
igreja, no hospital, atuando como capelão e levando consolo aos enfermos, em grupos
domiciliares, nas empresas, como educador social, na política e em qualquer outra ocasião.
De acordo com Kevin J. Vanhoozer (2016, p. 97) “à medida que o mundo das Escrituras
é esclarecido, o mundo do ouvinte também é esclarecido [...].” O apóstolo Paulo instrui
Timóteo a expor a Palavra de Deus quando diz: “prega a Palavra, insiste a tempo e fora
CUNHA, Carlos Alberto Motta. Teologia Pública e o conceito de “fronteira” no pensamento de Paul Tilli-
ch. Atualidade Teológica. PUC/Rio, Ano XVI nº 40, janeiro a abril/2012. Disponível em: https://www.maxwell.
vrac.puc-rio.br/21638/21638.PDF
SINNER, Rudolf von. Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço. Perspectiva Teológica, Belo Horizon-
te, Ano 44, Número 122, p. 11-28, Jan/Abr 2012. Disponível em: https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/
perspectiva/article/view/1589/1939
VANHOOZER, Kevin J. O pastor como teólogo público: recuperando uma visão perdida. Tradução de Már-
cio L. Redondo. São Paulo: Vida Nova, 2016.
VOLF, Miroslav. Uma fé pública: como o cristão pode contribuir para o bem comum. São Paulo: Mundo
Cristão, 2018.
“O primeiro compromisso do pastor não é com a obra de Deus, mas com o Deus da obra. Relacionamento
com Deus precede trabalho para Deus. O primeiro chamado do pastor é para andar com Deus e, como
resultado dessa caminhada, ele deve fazer a obra de Deus.”
Fonte: RUTHES, Vanessa R.M.; ESPERANDIO, Mary R. G. O cuidado espiritual e a busca da integrali-
dade do ser humano: reflexões a partir da teologia de Dietrich Bonhoeffer. Estudos Teológicos, [S. l.],
v. 59, n. 1, p. 241–255, 2021. Disponível em: http://revistas.est.edu.br/index.php/ET/article/view/640. Acesso
em: 13 jul. 2023.
LIVRO
Título: O Pastor aprovado
Autor: Richard Baxter
Editora: PES
Sinopse: Richard Baxter escreveu esse livro no século XVII, mas
o seu alcance e repercussão foi tão grande que é relevante na
atualidade. Seu conteúdo é um clássico da teologia pastoral,
como James M. Houston diz no prefácio da obra: “A influência
de O pastor aprovado tem sido realmente duradoura e podero-
sa na vida da Igreja, desde os dias de Baxter”. Isso é perceptível
por Baxter ter sido um homem marcado por sua piedade e
serviço pastoral.
VÍDEO
Título: Teologia Pública
Ano: 2019
Sinopse: O vídeo apresenta um debate acerca da relevância
da teologia na sociedade e os conceitos da teologia no
âmbito público. O vídeo apresenta o ponto de vista de vários
profissionais que tratam do assunto.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4Ost1oFw-
DeI
Objetivos da Aprendizagem
A TEOLOGIA
• O Aconselhamento pastoral.
Plano de Estudos
UNIDADE
na prática, pastoral.
Teologia Pastoral.
4
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INTRODUÇÃO
Olá! Seja bem-vinda à quarta unidade de estudos em Teologia Pastoral. Que
bom que você chegou até aqui! Esta é a última unidade neste assunto essencial para sua
formação teológica.
A Teologia abrange um estudo que se divide em diversas possibilidades
acadêmicas e práticas. A preparação é fundamental para o exercício prático em qualquer
esfera profissional, quanto mais na vocação pastoral. Por isso, estudaremos dois assuntos
importantes para uma atuação pastoral eficaz.
No tópico inicial, vamos compreender as relações da Psicologia com a Teologia
Pastoral e a possibilidade de aliar seus princípios, na prática do aconselhamento de
pessoas que precisam de auxílio emocional. É um assunto que apresenta divergências
entre os estudiosos. Percebemos uma linha de pensamento que não vê problema nessa
associação, mas existem aqueles que motivam o aconselhamento exclusivamente bíblico.
Além disso, veremos um pouco da história da Psicologia e evolução nos seus estu-
dos e preceitos até se consolidar como uma ciência.
No segundo e último tópico, aprenderemos sobre o aconselhamento pastoral. Esta
abordagem trará luz às concepções que envolvem a prática, bem como, os fundamentos
bíblicos para seu exercício, a importância do aconselhamento no tratamento individual
dos problemas enfrentados nos mais diversos contextos e individualidades, o papel do
conselheiro e o que envolve sua atuação. Afinal, o aconselhamento pastoral compreende
uma importante prática da igreja desde a era apostólica até a atualidade.
É de extremo valor nos debruçarmos nesta temática. As maiores dificuldades
encontradas no ministério e no ofício pastoral se devem a esse fator: o despreparo. Portanto,
o conteúdo desta unidade se torna indispensável e vai além desta disciplina.
Desejo que você tenha uma excelente experiência de estudo nesta unidade.
Vamos lá!
1
TÓPICO
A RELAÇÃO ENTRE
A PSICOLOGIA E A
TEOLOGIA PASTORAL
“Alguns autores das áreas de saúde mental defenderam que a religião seria causa-
dora de patologias e neuroses. Por outro lado, as religiões, em particular o cristianis-
mo, se distanciaram dos profissionais das pesquisas sobre saúde mental.” (ISLEB,
2020, p. 57).
Adams (1972) ainda afirma que “[...] é possível adquirir toda a informação e
experiência de que precisa para tornar-se um conselheiro cristão competente e confiante
sem estudar psicologia” (ADAMS, 1972, p. 23-24).
Admitir os conceitos das ciências sociais sem antes analisar biblicamente seu
conteúdo, pode ocasionar problemas. Alguns aspectos podem apontar em direções
diferentes, inclusive fazendo oposição um ao outro.
De uma outra ótica, existem os estudiosos que defendem essa relação, dando
importância ao alinhamento com os princípios das Escrituras.
Para o Dr. Gary Collins, presidente da American Association of Christian Counselor,
Deus revelou a verdade sobre a criação do homem através da Bíblia, a Palavra revelada
ao homem,
Colllins (1984, p. 16) deixa uma pergunta interessante para quem aceita a Psicologia
como um grande auxílio para os conselheiros cristãos. “Como então atravessar o pântano de
técnicas, teorias, e termos técnicos para descobrir os pontos realmente úteis?” A resposta
é simples, e se refere a pessoas que sejam dedicadas em seguir a Cristo, habituadas
à literatura da psicologia e aconselhamento, treinadas neste campo e nos métodos de
pesquisa, e por fim, competentes como conselheiros (COLLINS, 1984).
Para Jamiel O. Lopes, pastor e mestre em Psicologia, “[...] não precisamos subs-
tituir o evangelho pelas teorias psicológicas. A Bíblia por si só é autossuficiente; porém,
demonizar a Psicologia, [...], é negar o valor da ciência” (LOPES, 2017, p. 12).
Para ele, não há necessidade de um processo de cristianização da Psicologia, nem
tão pouco considerá-la como algo “diabólico”, mas aprendermos o seu papel como ciência.
Os preceitos bíblicos são absolutos e eternos, pois é considerada a Palavra de Deus, o
Eterno. A Psicologia pode ser uma ferramenta de auxílio quando oferece ferramentas para
a compreensão de muitas situações (LOPES, 2017).
“Por meio da Psicologia, podemos compreender a nós mesmos e as pessoas com
quem nos relacionamos, pois ela faz com que enxerguemos nosso interior, fazendo-nos
compreender por que reagimos a uma determinada situação” (LOPES, 2017, p. 16).
2
TÓPICO
O ACONSELHAMENTO
PASTORAL
Jesus agiu desta forma com Nicodemos (Jo 3.1-21) com Zaqueu (Lc 19.1-10) com
o endemoniado gadareno (Mc 5.1-20), e a Pedro, que após sua tripla negação foi visitado
por Ele depois da ressurreição ordenou que “apascentasse suas ovelhas” (Jo 21.15-17).
O aconselhamento deve ter a livre aceitação da pessoa, quando ela procura pela
ajuda ou quando ela é procurada pelo conselheiro (pastor, padre ou líder na igreja). Porém,
no decorrer do aconselhamento, o tempo é estabelecido pela vontade e a livre escolha do
aconselhado. Conforme Cobianchi e Gomes (2018, p. 20), “sua duração é determinada
pela necessidade de chegar-se às fontes da angústia e pela resposta do aconselhado ao
processo.”
Auxiliar pessoas pode levar tempo e ser um processo complicado, e requer várias
técnicas para obter sucesso. Desse modo, iremos resumir algumas técnicas importantes
para o procedimento.
[...] uma eminente terapeuta Cristã, dizia a respeito do seu trabalho com essa téc-
nica: ‘Peço que o Espírito Santo controle cada músculo da minha face e cada uma
das minhas sensações’. De fato, metacomunicação é o método mais usado nesta
técnica. (FRIESEN, 2012, p. 147).
Isso implica em ser um conselheiro pastoral paciente, que não julga pelos seus
paradigmas de cultura e religião, mas conduz buscando o alinhamento com as Escrituras
no momento correto.
“Em nossa ação terapêutica e pastoral devemos ser sensíveis a todas as necessidades da pessoa, tanto
físicas, psicológicas, materiais e culturais e especialmente as necessidades espirituais. Essa sensibilidade
especial para a espiritualidade, contudo, não nos autoriza a querer impor as questões de fé sobre as
pessoas e, muito menos, a nossa forma particular de crer.”
Fonte: https://www.luteranos.com.br/conteudo/aconselhamento-pastoral-psicologia-e-espiritualidade-i
LIVRO
Título: Aconselhamento cristão
Autor: Gary R. Collins
Editora: Vida Nova
Sinopse: Discute temas recentes de grande impacto no contex-
to de hoje, como distúrbios alimentares, maus tratos de idosos,
aborto, infertilidade, amargura e aconselhamento de pessoas
com AIDS; inclui histórias de casos concretos que ilustram os
problemas discutidos; tem novos capítulos sobre aconselha-
mento em grupo, início da idade adulta, violência (inclusive
doméstica), temas relacionados à gravidez, distúrbios mentais,
vícios e aconselhamento do próprio conselheiro.
VÍDEO
Título: Programa Vejam Só - Psicologia X Aconselhamento Pas-
toral
Ano: 2019.
Sinopse: Programa de entrevistas e debates apresentado pelo
Pastor Eber Cocareli, que utiliza a Bíblia como base da discus-
são teológica. Os temas são relevantes, atuais e polêmicos,
abordados de maneira coerente e séria, buscando respostas
para a pergunta do dia com a ajuda do repórter Eliezer Pereira.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=U8MVZoD-
J6kE
BÍBLIA. Português. Website Bíblia online. Versão ARA. 1994. (não paginado).
BÍBLIA. Português. Website Bíblia online. Versão ARA. 1994. (não paginado). Disponível
em: https://www.bibliaonline.com.br/ara. Acesso em: 5 Maio 2023.
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em:https://www.bibliaonline.com.br/ara. Acesso em: 15 maio. 2023.
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78
BÍBLIA. Português. Website Bíblia Português. Versão KJVA. 2012. (não paginado). Dis-
ponível em: https://bibliaportugues.com/kja/. Acesso em: 13 Maio 2023.
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ponível em: https://bibliaportugues.com/kja/. Acesso em: 10 Maio 2023.
BÍBLIA. Português. Website Bíblia Português. Versão KJVA. 2012. (não paginado). Dis-
ponível em: https://bibliaportugues.com/kja/. Acesso em: 12 maio. 2023.
BÍBLIA. Português. Website Bíblia Português. Versão KJVA. 2012. (não paginado). Dis-
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79
COLLINS, G. R. Aconselhamento Cristão. São Paulo: Vida Nova, 1984.
EBERT, C. O Sofrimento Pastoral. Revista Psicoteologia. Canoas: Edição n.º 58, 2.º se-
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bert.com.br/single-post/2017/08/05/o-sofrimento-pastoral. Acesso em 03 Jul 2023.
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MILDENBERG, Emerson. Teologia, ministério e vocação pastoral. Revista Terra & Cul-
tura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, [S.l.], v. 38, n. 75, p. 215-233, nov. 2022.
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vel em:https://repositorio.pucsp.br/jspui/bitstream/handle/23445/4/Jimmy%20Barbosa%20
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SINNER, Rudolf von. Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço. Perspectiva Teoló-
gica, Belo Horizonte, Ano 44, Número 122, p. 11-28, Jan/Abr 2012. https://www.faje.edu.br/
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VANHOOZER, Kevin J. O pastor como teólogo público: recuperando uma visão perdi-
da. Tradução de Márcio L. Redondo. São Paulo: Vida Nova, 2016.
81
CONCLUSÃO GERAL
Nesta disciplina, examinamos os pontos essenciais que norteiam o conhecimento da
Teologia Pastoral. Diferenciamos as etapas do conhecimento da disciplina de uma forma prática.
Primeiro, tratamos na Unidade 1, os conceitos e qual foco destina a teologia pastoral
na perspectiva de vários autores. Assim, na Unidade 2, podemos perceber como as etapas
históricas foram importantes para a evolução da temática como disciplina acadêmica. Dentro
desta realidade, entendemos como a ação pastoral acontece no Antigo Testamento. A obra
libertadora de Deus como pastor supremo, demonstra o cuidado pastoral em conduzir o
seu povo. Tudo isso culmina na obra do Bom Pastor Jesus Cristo, cujas bases contidas nos
Evangelhos norteiam a atividade da vocação pastoral no Novo Testamento.
A partir daí, podemos traçar em nossos estudos assuntos importantes como: a
vocação, as qualidades apresentadas nas Escrituras para aquele que exerce a ação de
pastorear e a ética requerida na prática. Tais abordagens nos levaram a compreender os
deveres, mas também em retermos nossa atenção a uma necessidade na atualidade: o
sofrimento pastoral. Tal assunto é atual e carece de atenção acadêmica e eclesial.
Por fim, nas duas últimas unidades avançamos ainda mais nas questões que
envolvem a prática pastoral. A atuação pastoral sucede em diversas frentes: pode ser em
relação à igreja, ao indivíduo e a sociedade, porém não deve perder o sentido bíblico-
teológico. Enfatizamos a questão do sofrimento humano e a teologia do cuidado como uma
abordagem pertinente para a atualidade, onde o crescente adoecimento e a desintegração
de valores são perceptíveis na sociedade.
Questões como o estudo da Teologia Pública, a relação da Psicologia e da Teologia;
e o Aconselhamento pastoral, são indispensáveis para futuros trabalhos que envolvem
nossa pesquisa e estudos.
Incentivo você a dar continuidade a esta importante jornada de conhecimento na
teologia pastoral. Adquira livros, leia artigos e busque especializações. Afinal, podemos
aprender ainda mais.
Desejo a você sucesso! Nos vemos numa próxima oportunidade.
82
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