26-Texto Do Artigo-194-1-10-20230701
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RESUMO
Proteger e embelezar são as missões principais de um revestimento. Para embelezar basta
colorir, mas para proteger são necessários detalhes a mais. A proteção depende do que
ficará depositado do revestimento depois do mesmo aplicado sobre um substrato, e a
principal matéria prima que fica no filme de proteção de uma tinta é a Resina. Ao se falar
em resina, é necessário que se fale do seu próprio conceito, e para se chegar a isso, é
necessário se ter uma visão desde o que é a Resina em si, até chegar a suas inúmeras
importâncias para qualquer revestimento. Estudando cada uma das relevâncias de uma
resina em um revestimento será possível se chegar no objetivo central desse estudo: a
importância de uma resina dentro de um revestimento aquoso automotivo. Como suporte
ao objetivo do trabalho faz-se necessário ter uma atenção voltada para dois dos aspectos
mais importantes nesse caso: um breve estudo sobre polímeros e a classificação das
resinas; com a atenção nesses dois aspectos e em outros, como por exemplo, o mecanismo
pelo qual cada resina reage durante e depois da polimerização, será possível identificar a
resina mais adequada para ser utilizada mediante a finalidade de uso. Será possível
analisar por exemplo o porquê de se ter mais de um tipo de resina dentro de um
revestimento, e caso não tenha as resinas essenciais, o que poderá ser acarretado com a
falta de apenas uma. Um estudo como esse pode proporcionar base para novos
desenvolvimentos de revestimentos automotivos, além de fornecer em um único
documento informações extremamente relevantes reunidas como contribuição científica
para a classe acadêmica.
2
O Estudo da Importância das Resinas em Tintas Automotivas Base Água.
ABSTRACT
Protecting and beautifying are the main missions of a coating. To beautify it is enough to
color it, but to protect it, more details are needed. Protection depends on what will be
deposited from the coating after it is applied on a substrate, and the main raw material
that remains in the protective film of a paint is Resin. When talking about resin, it is
necessary to talk about its own concept, and to reach that, it is necessary to have a vision
from what resin itself is, until reaching its countless importance for any coating. Studying
each of the relevance of a resin in a coating, it will be possible to reach the main objective
of this study: the importance of a resin within an automotive aqueous coating. To support
the objective of the work, it is necessary to pay attention to two of the most important
aspects in this case: a brief study on polymers and the classification of resins; with
attention to these two aspects and others, such as the mechanism by which each resin
reacts during and after polymerization, it will be possible to identify the most suitable
resin to be used according to the purpose of use. It will be possible to analyze, for
example, why there is more than one type of resin inside a coating, and if you do not have
the essential resins, which can be caused by the lack of only one. A study like this can
provide the basis for new developments in automotive coatings, as well as providing in a
single document extremely relevant information gathered as a scientific contribution to
the academic class.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente em praticamente todas as superfícies dos materiais há aplicação de
tinta, ou tecnicamente: revestimento. A tinta pode ser compreendida como uma
composição, em sua grande maioria, líquida e viscosa (podendo ser em pó também),
constituída basicamente de resinas, solventes, pigmentos e aditivos. Quando depositada
sobre a superfície de um substrato, ela tem as funções básicas de proteger – com uma
película de medida em micrômetros (µm) – e embelezar, já que ao se falar de camadas
mais externas de proteção, as películas de revestimento podem ser tingidas (FAZENDA,
2009).
Assim como a tinta, as matérias primas que a compõem também têm as suas
particularidades composicionais, cada componente da tinta desempenha um papel único
e importante. A resina fornece propriedades como resistência mecânica e anticorrosiva,
além de ser responsável por indicar a aplicação e o desempenho do revestimento
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Criadas na pré-história, as tintas eram constituídas de sangue, argila, terra, plantas,
pedras e ossos moídos (ABRAFATI, 2021). Com o passar do tempo a utilidade da tinta
foi deixando de ser apenas para registro histórico em cavernas, e foi passando a ter a
finalidade também de decoração, como por exemplo decorar tumbas, edificações reais e
ornamentação de objetos sagrados entre as diversas culturas e religiões do mundo; até se
chegar em tinta para escrever e posteriormente na pintura de quadros, atividade essa que
por séculos se demonstrou lucrativa e exclusiva às classes sociais privilegiadas. Diante
de tantas mudanças ao longo do tempo, e diante das revoluções sociais e tecnológicas nos
últimos séculos, é possível perceber uma busca incansável por melhorias e avanços
tecnológicos em tudo que se faz, e não foi diferente com a tinta. Partindo da necessidade
de se registrar marcos históricos, de se escrever, de retratar algo ou alguém em uma tela,
de se decorar aquilo que se preze; chegou-se nos últimos dois séculos se precisando
preservar aquilo que se fazia.
dispersão coloidal. A micela pode ser compreendida como uma estrutura globular
constituída de uma porção de moléculas apolares e polares ao mesmo tempo, sendo
denominada então como anfipática. O termo coloidal se dá pelo fato de que em uma
emulsão, se vê a olho nu uma fase apenas, entretanto a nível microscópico há separação
de fases. A Figura 2 abaixo mostra a estrutura de uma micela, no âmbito de formulação
de tinta base água, haverá substâncias que atuarão dentro e fora da micela (FAZENDA,
2009).
2.3 POLIMERIZAÇÃO
2.3.1 Polímeros e polimerização
Monômeros têm baixo peso molecular, porém juntos e através de ligações
covalentes, eles podem gerar macromoléculas de alto peso molecular denominadas
polímeros. O processo de ligação desses monômeros se chama reação de polimerização
(FAZENDA, 2009). Na Figura 3 é possível visualizar um exemplo de reação de
polimerização.
Fonte: Síntese e Modificação de Polímeros, UDESC Joinville – Prof. Dr. Sérgio Henrique
Pezzin
2.3.2 Definições
Para se aprofundar no estudo das resinas, é preciso definir algumas terminologias:
• Monômero: pequenas unidades químicas que ao se conectarem por ligações
covalentes formam unidades repetitivas, constituindo assim uma cadeia
polimérica;
• Polimerização: reação química que ocorre entre os monômeros para a formação
do polímero;
• Dímero: união de dois monômeros, por exemplo a sacarose, que é o resultado da
ligação de uma molécula de glucose e uma de frutose; o mesmo conceito se
estende para o trímero, quando três monômeros, iguais ou não, se combinam;
• Oligômero: um polímero de baixo peso molecular, isso porque a quantidade de
unidades repetitivas ainda é baixa, ou seja, de 5 a 15 unidades aproximadamente;
em revestimentos os oligômeros são bem utilizados para agir como reticulante ao
polímero base, podendo resultar em um sistema polimérico com estrutura
3 ANÁLISE DE RESULTADOS
3.1 RESINA ACRÍLICA
3.1.1 Introdução
Fabricados pela primeira vez em 1927 na Alemanha pela Rhöm & Haas, os
polímeros acrílicos e metacrílicos tiveram estudos debruçados sobre si através da tese de
doutorado de Rhöm em 1901 (FAZENDA, 2009). Dessa forma através de estudos foi
possível concluir que as resinas acrílicas são provenientes de reações de polimerização e
copolimerização de monômeros acrílicos, ou seja, elas são formadas a partir de ligações
covalentes entre monômeros derivados dos ácidos acrílicos e metacrílicos
(SANTARELLI, 2018).
Abaixo na Figura 6 é possível visualizar um monômero acrílico:
3.1.2 Preparação
Alguns dos processos de preparação da resina acrílica, resultam da obtenção de
ácidos acrílico e metacrílico, e há também aqueles processos os quais resultam na
obtenção de ésteres diretamente (FAZENDA, 2009). O uso por exemplo do estireno na
preparação, proporciona à resina maior resistência às intempéries e à hidrólise, além de
fornecer mais brilho e retenção do pigmento do revestimento, sendo assim mais cobiçada
para aplicações externas (SANTARELLI, 2018).
Essa alta resistência às intempéries se dá também pela alta quantidade de ligações
carbono-carbono durante o processo de polimerização da resina, além das estruturas das
3.1.3 Reações
O ácido acrílico (Figura 8) é também chamado de acrilato, o qual se dá: pela
reação entre óxido de etileno e ácido cianídrico (reação exotérmica, ocorrendo sob
catalisadores básicos a temperaturas que variam entre 55°C e 60°C), esterificação direta
(produzindo acrilatos de metila e de etila, além da acrilonitrila), carbonilação do acetileno
(constituindo-se de duas formas distintas: usando níquel-tetracarbonila e direta do
acetileno catalisada por Ni2+) e oxidação do propileno, via acroleína (FAZENDA, 2009).
3.1.4 Exemplos
As resinas acrílicas termoplásticas são um exemplo de utilização em
revestimentos de repintura automotiva e equipamentos eletrônicos, devido a sua
capacidade de secagem sem que haja mudança na natureza química da mesma, isso
porque é baseada no homopolímero polimetacrilato de metila, formando um polímero de
alta dureza e excelente resistência à intempérie (FAZENDA, 2009).
As resinas acrílicas termoconvertíveis são outro exemplo, este que é bastante
utilizado em revestimento automotivo base água, isso porque oferece: maiores sólidos de
aplicação, solventes mais baratos, excelente aspecto ao revestimento curado e alta
resistência química e a solventes (FAZENDA, 2009).
3.2.2 Preparação
Como visto anteriormente, as resinas poliuretânicas são formadas pela reação
entre o grupo isocianato e hidroxilas, e durante essa reação pode ser formada ureia oriunda
da reação com diamina conforme a Figura 10. Como reação secundária é formado o
diisocianato que ao reagir com água pode elevar os grupamentos ureia, entretanto esses
grupamentos precisam ser evitados pois quanto maior a incidência deles menor será o
peso molecular do poliuretano, diminuindo a performance do polímero, a não ser que se
deseje um polímero com alto teor de poliureia. A preparação total do poliuretano envolve
reações em etapas, podendo ser definida basicamente como uma reação aleatória de duas
3.2.3 Reações
Sabe-se que o grupo isocianato reage com compostos que tenham um ou mais
hidrogênios reativos, ou seja, o átomo de carbono com carga parcial positiva do isocianato
é atacado pelo átomo com par de elétrons livres do hidrogênio ativo, enquanto o
hidrogênio por sua vez se liga ao átomo de nitrogênio por ser mais básico no sistema,
conforme é possível visualizar na Figura 11 (FAZENDA, 2009).
ocorrerá, assim sendo, uma forma de acelerar a reação é ter substituintes que tornam o
grupo isocianato mais positivo (FAZENDA, 2009).
Os substituintes que tornam o grupo isocianato mais positivo (tornando-o mais
reativo) são aqueles que tem o efeito indutivo -Is, ou seja, os que atraem os elétrons, além
de que a posição deles também interferem, estando na posição meta o efeito indutivo -Is
é mais intenso do que na posição orto por exemplo na temperatura ambiente, conforme a
temperatura sobe, menos diferença tem na velocidade da reação (a 170°C a diferença é
quase nula). E para finalizar, os catalisadores têm efeito direto na velocidade da reação,
a qual varia de acordo com os agentes doadores de hidrogênio; alguns exemplos de
famílias de catalisadores são: íons metálicos, aminas terciárias e compostos
organometálicos (FAZENDA, 2009).
3.2.4 Exemplos
Alguns exemplos de resinas poliuretânicas são: óleos uretanizados e alquídicas
uretanizadas (Tipo 1), poliuretanos de cura pela umidade (Tipo 2), poliuretanos
bloqueados (Tipo 3), poliuretanos bicomponentes catalisados (Tipo 4) e poliuretanos
bicomponentes do tipo poliol (Tipo 5).
3.3.2 Preparação
A resina poliéster é polimerizada mediante adição de peróxido de hidrogênio e
utilização de acetona para controle da tensão superficial, evitando bolhas durante a
polimerização. As matérias primas que podem ser envolvidas na preparação das resinas
poliésteres são: poliácidos (anidrido ftálico, ácido isoftálico, anidrido maleico, ácido
3.3.3 Reações
Como dito anteriormente, o processo de preparação da resina poliéster se
assemelha ao da alquídica, mas sem o ácido graxo, dessa forma as reações envolvidas
também se assemelha, excluindo o processo “ácidos graxo”; sendo assim as reações dos
processos envolvidas englobam o processo: aclcoólise (reação de transesterificação) e
acidólise (reação de poliesterificação que ocorre entre 260°C e 270°C); algumas reações
secundárias podem ocorrer, como o caso de esterificação e reação de adição –
polimerização térmica (FAZENDA, 2009).
3.3.4 Exemplos
Em revestimentos base água para pintura automotiva é imprescindível o uso de poliéster,
aumentando a capacidade do revestimento de resistência mecânica, além de ter um papel
fundamental no cross-link com acrílicas e melaminas (FAZENDA, 2009).
3.4.2 Preparação
Pertencendo ao grupo das resinas amínicas, as melaminas são um resultado de
reação de amina com formaldeído, seguido por polimerização por condensação dos
grupos metilol (hidroximetila). As matérias primas normalmente utilizadas na preparação
dessa resina são: formaldeído, ureia, melamina (sólido branco cristalino e insolúvel em
água), benzoguanamina e álcoois (metanol, n-butanol e isobutanol) (FAZENDA, 2009).
3.4.3 Reações
Durante o processo de obtenção da resina melamínica, as reações ocorrem
basicamente em três etapas: hidroxi-metilação – quando as aminas se tornam compostos
capazes de se polimerizar favorecida com o aumento do pH –, condensação – etapa a qual
a polimerização ocorre mediante o aumento da temperatura – e eterificação – etapa em
que a polimerização se encerra sob a queda do pH e da temperatura (FAZENDA, 2009).
3.4.4 Exemplos
Um exemplo de melamina é a resina para sistemas aquosos e de alto sólidos,
desenvolvida inicialmente para a indústria têxtil e posteriormente modificada para
utilização em tintas, como por exemplo a tetrametilolmelamina e a hexametilolmelamina.
Há também as resinas melamínicas do tipo oligomérico, como por exemplo a
hexametoximetilmelamina, desenvolvidas para atender os sistemas termoconvertíveis,
tanto para base aquosa quanto para altos sólidos (FAZENDA, 2009).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo das pesquisas realizadas foi possível verificar alguns pontos importantes
sobre revestimentos, como por exemplo em relação a sua composição, falando
especificamente de um Basecoat automotivo base água: ele é composto por resinas,
aditivos, solventes (incluindo a água deionizada) e pigmentos; os últimos três se
relacionam, ou seja, incorporam-se com a resina, logo tem sua respectiva relevância na
ação protetiva do revestimento.
Entretanto as resinas desempenham o papel mais importante, pois no momento da
reticulação (cura), reagem entre si formando a película protetora. Um Basecoat com boa
ação de resistência mecânica e a intempéries tem em média pelo menos de três a quatro
tipos de resinas: a resina acrílica fornece o brilho e ajuda a deixar o filme mais duro
(auxiliando na resistência mecânica), a poliéster deixa o filme mais flexível e incorporada
com a acrílica forma o balanço ideal entre o flexível e o duro para ao mesmo tempo
absorver o impacto e não deixar o filme se quebrar por inteiro, a melamina – com um
balanço ideal entre uma mais e outra menos reativa – auxilia na ligação ideal com a
poliéster para uma excelente resistência aos raios ultravioleta e umidade; para o caso de
um revestimento com a necessidade de uma maior resistência mecânica e contra ações de
intempéries, se recomenda a utilização de resina poliuretânica, pois ao se reticular
desbloqueando o isocianato nela, as resinas se ligarão com mais eficiência formando uma
estrutura bem mais difícil de se quebrar, deixando o filme muito mais resistente.
Analisando as funções que cada resina desempenha dentro do revestimento, é
possível concluir que sem a resina, não seria possível ter um revestimento com a função
protetiva a qual ele desempenha, ou seja, sem a resina não há revestimento; além disso,
sem um balanço estequiométrico ideal não é possível se ter um revestimento com uma
performance efetiva, esta que depende da finalidade a qual ele é proposto.
Falando especificamente de um revestimento automotivo base água (Basecoat):
sem a resina acrílica ele perderá principalmente a sua dureza, sem a resina poliéster o
mesmo perderá a flexibilidade do filme prejudicando a resistência mecânica, sem a
melamina o revestimento perderá o brilho e a resistência mecânica (além do fato de que
sem o balanço ideal entre uma mais e outra menos reativa, o filme perde as características
de reticulação prejudicando também a resistência a intempéries); é possível que se tenha
um revestimento de boa performance sem a resina poliuretânica, mas depende da
necessidade do consumidor (mediante norma de cada montadora), pois se ele precisar que
se tenha uma alta resistência mecânica e a intempéries, é recomendado que se utilize ela.
Além do balanço ideal entre as resinas, um ponto extremamente importante também é o
processo de síntese das resinas, caso uma resina, seja ela qual for, não apresente o grupo
funcional bem definido ou alguma alteração de viscosidade e/ou sólidos, pode acarretar
os mesmos problemas que se não as tivesse dentro do sistema.
Devido ao fato da resina poliuretânica ser muito custosa, mesmo tendo um alto
desempenho, as fabricantes de resinas e tintas vêm buscando cada vez mais, além de um
balanço mais ideal entre as outras resinas - para se ter a mesma performance que um
revestimento com poliuretano, desenvolvê-las com tecnologia mais avançada para
alcançar a performance desejada; dessa forma, se busca cada vez mais baratear as resinas
e ao mesmo tempo melhorar sua performance para propriedades importantes como a
resistência mecânica e a intempéries.
REFERÊNCIAS
MACHADO, Fabricio; LIMA, Enrique L.; PINTO, José Carlos. Uma Revisão Sobre os
Processos de Polimerização em Suspensão. Polímeros, vol.17, No. 2. São Carlos,
abril/junho 2007.